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Dificuldades de Aprendizagem na Educação Infantil

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UNIVERSIDADE PAULISTA 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 
CURSO DE PEDAGOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A DIFICULDADE DE APRESENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
UMA ANÁLISE SOBRE A MEDICALIZAÇÃO ESCOLAR 
 
 
 
 
 
BARROSO, ROSELI FERREIRA RA: 1823721 
COSTA, ROSANGELA PIMENTEL DA RA: 1832709 
OLIVEIRA, HELENA RODRIGUÊS DE RA: 1842525 
OLIVEIRA, LUCIMAURA TRINDADE DE RA: 1827654 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CHAPADA DOS GUIMARÃES-MT 
2020
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE PAULISTA 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 
CURSO DE PEDAGOGIA 
 
BARROSO, ROSELI FERREIRA RA: 1823721 
COSTA, ROSANGELA PIMENTEL DA RA: 1832709 
OLIVEIRA, HELENA RODRIGUÊS DE RA: 1842525 
OLIVEIRA, LUCIMAURA TRINDADE DE RA: 1827654 
 
 
 
 
 
 
A DIFICULDADE DE APRESENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
UMA ANÁLISE SOBRE A MEDICALIZAÇÃO ESCOLAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CHAPADA DOS GUIMARÃES-MT 
2020 
Trabalho monográfico – curso de graduação – 
licenciatura em pedagogia, apresentado à 
comissão julgadora da Unip EAD sob orientação 
da professora Celina Ulrich Fernandes 
Nascimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
Dificuldade de Aprendizagem : Uma Análise Sobre a Medicalização Es-
colar / Rosângela Pimentel da Costa...[et al.]. - 2020. 
....44 f. 
 
....Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) apresentado ao curso 
de Pedagogia da Universidade Paulista, Chapada dos Guimarães MT, 
2020. 
 
....Orientador: Prof. CELINA ULRICH FERNANDES NASCIMENTO. 
 
....1. A Aprendizagem no Contexto Escolar. 2. Aspectos Afetivos e So-
ciais do Processo de Ensino. 3. As Dificuldades de Aprendizagem. I. 
Pimentel da Costa, Rosângela. II. ULRICH FERNANDES NASCI-
MENTO, CELINA (orientador). 
Elaborada de forma automática pelo sistema da UNIP com as informações fornecidas pelo(a) autor(a). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quero dedicar esta monografia ao Tutor 
Evandro Gonçalves da Costa, cuja dedicação 
e paciência serviram como pilares de 
sutentação para conclusão deste trabalho. 
Gratidão por tudo. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço a Deus, a Ele toda honra e toda glória, nos momentos mais difíceis 
sei que me carregou no colo, e sentimentos de esperança e fé nunca me faltaram. 
Gratidão por eu ter o meu caminho abençoado, agradeço por todas as bênçãos, 
sem sua força nada teria sentido. 
A minha família que de perto acompanhou todos os meus desafios e dificulda-
des para que eu pudesse estar em uma universidade. Pelas orações, e por toda a 
paciência comigo no momentos fáceis e difíceis, por caminharem comigo nesses 
últimos anos, por toda torcida e cumplicidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Os motivos e fatores que levam a um baixo rendimento e até mesmo ao fracasso 
escolar são inúmeros e de diversas ordens, e seu estudo é importante para se enten-
der melhor a conjuntura atual do ensino. A docência passa por uma crise, na qual uma 
de suas causas é a dificuldade apresentada por um número crescente de alunos, di-
ficuldades de concentração e assimilação do conteúdo ministrado em sala de aula. É 
importante conseguir identificar e agir frente ás dificuldades de aprendizagem desde 
suas primeiras manifestações, assim, com alunos na faixa de 4 a 5 anos de idade é 
importante que tanto professores quanto familiares se atentem a quaisquer sinais de 
dificuldades para que possam então, trabalhar de forma adequada para superar estas 
dificuldades evitando que elas atrapalhem um longo período da vida escolar daquele 
aluno ou até mesmo toda a vida escolar e acadêmica. Pretendemos considerar neste 
contexto, que nem toda dificuldade de aprendizagem se caracteriza como um trans-
torno e necessita de medicação, frisando que as dificuldades de aprendizagem têm 
origens distintas e deve-se considerar o contexto no qual o aluno se insere. Enfatiza-
remos também a visão de docentes, família e sociedade sobre os alunos que cujo 
rendimento escolar se mostra insatisfatório, e por isso são percebidos como portado-
res de problemas neurobiológicos com dificuldades de aprendizagem, que destoam 
dos padrões considerados compatíveis com o que é esperado pelo docente e escola. 
Palavras-chave: Educação. Aprendizagem. Dificuldades. Fatores. Fracasso escolar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
 
 
The reasons and factors that lead to low performance and even school failure are 
numerous and of different orders, and their study is important to better understand the 
current teaching situation. Teaching is undergoing a crisis, in which one of its causes 
is the difficulty presented by an increasing number of students, difficulties in 
concentration and assimilation of the content taught in the classroom. It is important to 
be able to identify and act in the face of learning difficulties since their first 
manifestations, so with students aged 4 to 5 years of age it is important that both 
teachers and family members pay attention to any signs of difficulties so that they can 
then work adequate way to overcome these difficulties avoiding that they disturb a long 
period of school life of that student or even the whole school and academic life. We 
intend to consider in this context that not all learning difficulties are characterized as a 
disorder and need medication, emphasizing that learning difficulties have different 
origins and the context in which the student is inserted should be considered. We will 
also emphasize the view of teachers, family and society about students whose school 
performance is unsatisfactory, which is why they are perceived as having 
neurobiological problems with learning difficulties, which differ from the standards 
considered compatible with what is expected by the teacher and school. 
 
Keywords: Education. Learning. Difficulties. Factors. School failure. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO..........................................................................................8 
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..........................................................12 
 1.1 .APRENDIZAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR...........................13 
 1.2. ASPECTOS AFETIVOS E SOCIAIS DO PROCESSO DE ENSINO E 
APRENDIZAGEM....................................................................................14 
 1.3. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM........................................14 
2. MÉTODO.............................................................................................26 
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO...................................................................27 
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................39 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
INTRODUÇÃO 
A dificuldade de aprendizagem não é um fenômeno recente entre os alunos, 
apesar disso, nunca houve um contingente tão grande de alunos que apresentam al-
guma dificuldade como na época contemporânea. Frente a esta realidade, cabe aos 
educadores buscarem formas e métodos que possam suprir as deficiências de apren-
dizagem, propiciando o entendimento, assimilação do conteúdo, motivação e inte-
resse do aluno em aprender. 
No processo de ensino e aprendizagem, comumente os discentes apresentam 
dificuldades escolares, que por vezes são interpretadas de diferentes formas pelos 
docentes e equipe técnica da escola. Discursos que tendem a culpabilizar as crianças 
pelo possível insucesso escolar, podem estar instalados no interior das salas de aula. 
O tema dificuldade de aprendizagem está atualmente nas pautas de reuniões 
pedagógicas, em diversas instituiçõesde ensino, os professores enfrentam o pro-
blema ano a ano, sempre têm em sua sala uma ou mais crianças com algum tipo de 
dificuldade e são chamadas de hiperativas, e o problema precisa ser resolvido ou 
mesmo amenizado, o aluno com dificuldade precisa acompanhar a turma. É preciso 
também encontrar o real problema, é um distúrbio? Um déficit? Ou é apenas uma 
dificuldade em ser como os colegas de classe? 
Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) se trata de uma de-
sordem neurobiológica que consiste na dificuldade de conseguir manter um foco ade-
quado na realização de atividades, controlar seus níveis de atividade cognitiva e tam-
bém a dificuldade no controle de comportamentos, tornando a pessoa impulsiva. Esta 
desordem acaba se manifestando nos indivíduos através de comportamentos mal 
adaptados e que não condizem com o esperado para a idade, levando o indivíduo a 
ter prejuízos em diferentes áreas (ANDRADE et al., 2011). 
Estima-se que a prevalência de TDAH na população seja de 4 a 12% em crian-
ças da faixa etária de seis a doze anos de ambos os sexos. Quando o indivíduo não 
realiza um tratamento, seus sintomas acabam resultando em mau desempenho em 
atividades escolares que levam a uma baixa autoestima e problemas em suas rela-
ções sociais (ANDRADE et al., 2011). 
 
9 
 
Porém, esse transtorno nem sempre é compreendido plenamente pelos profis-
sionais da educação, é usado para as crianças que apresentam comportamento agi-
tado, para dificuldades ou problemas de aprendizagem, sempre a partir da suspeita 
de alguma disfunção neurológica. Segundo Andrade et al. (2011), no Brasil o conhe-
cimento a respeito do transtorno é insuficiente, pois apenas uma pequena parcela da 
população geral (cerca de 9%) já ouviu alguma informação sobre o problema, e grande 
parte dos profissionais ligados à área da saúde e educação relacionam o TDAHI à 
ausência dos pais; entretanto, os estudos realizados indicam que é um transtorno 
neurobiológico e genético. No caso do termo dificuldade ou problema de aprendiza-
gem encontramos na literatura explicações que igualam os conceitos, com explica-
ções a partir de aspectos perceptivos ou afetivos. 
Ao se deparar com o aluno que apresenta dificuldade em acompanhar o rendi-
mento e aprendizado geral da classe, o professor relata à Coordenação da escola os 
episódios que comprovam sua suspeita, para que os pais sejam chamados para uma 
orientação, que normalmente é encaminhado para uma avaliação com um Psicope-
dagogo, a fim de diagnosticar o problema e então definir um tratamento ou acompa-
nhamento por um profissional da área. 
No contexto escolar, quando a criança apresentar tais dificuldades deve ser 
tratada, diagnosticada e acompanhada por um profissional, a fim de que esse aluno 
possa acompanhar as atividades regulares da sala de aula que frequenta, mostrando 
os resultados esperados por todos. 
No entanto, o não conhecimento mais aprofundado dos problemas e dificulda-
des de aprendizagem, bem como do TDAHI leva o professor a repetir o procedimento 
sempre que encontra um aluno assim, sem, contudo, analisar mais detalhadamente 
as características familiares, o ambiente em que vive, a socialização com os outros 
colegas e demais aspectos relacionados à criança, e que podem influenciar direta-
mente em seu comportamento e aprendizagem dentro da sala, muitas vezes, talvez 
sem a necessidade de encaminhamento profissional. 
De maneira muito generalizada, tal dificuldade de aprender é vista como uma 
deficiência, uma limitação sofrida pela criança, sendo então repassada aos pais a ne-
cessidade de acompanhamento de profissionais específicos, como psicopedagogos, 
fonoaudiólogos ou terapeutas ocupacionais. 
 
10 
 
Pensar em uma educação baseada na visão integral dos discentes é ir de en-
contro aos discursos atuais com enfoque medicalizante. O tema do presente estudo é 
a visão dos docentes acerca das dificuldades de aprendizagem e os estigmas que 
subjazem as estruturas do fenômeno em si. Evidenciá-los revela como professoras 
(es) do 1° e 2° ano da educação básica classificam as dificuldades escolares identifi-
cadas em sala de aula, destacando-se nelas se esta classificação se baseia na visão 
dos indivíduos de forma integral ou fragmentada/reducionista. 
 É necessário verificar de que maneira os docentes atuam diante das dificuldades 
de aprendizagem que surgem no âmbito da educação infantil, identificando se a con-
duta adotada contribui ou não, e como, para o caráter patologizante das dificuldades 
de aprendizagem. 
 As dificuldades de aprendizagem estão presentes em muitos ambientes escola-
res, em várias realidades familiares e muitas vezes dificultam o desempenho escolar 
das crianças, principalmente se não forem trabalhadas de maneira adequada. 
 Diferentes aspectos podem estar relacionados à dificuldade de aprendizagem, 
fatores genéticos, pedagógicos, familiares, psicoemocionais, socioculturais e instituci-
onais influenciam diretamente na aprendizagem escolar, sendo necessário ainda, 
compreender a concepção da instituição sobre o que ela entende como dificuldades 
no processo de aprendizagem, quais as expectativas e parâmetros de mensuração 
que a instituição adota para emitir seus diagnósticos. 
 As dificuldades de aprendizagem por vezes são pontuadas quando um aluno 
apresenta um perfil de funcionalidade discrepante do esperado pela instituição para 
sua faixa etária e nível escolar. Podem ser percebidas nas funções referentes a con-
centração, leitura, escrita e percepção. 
A presente investigação se faz necessária, pois, muitas vezes o diagnóstico ou 
hipótese carrega consigo o imaginário de inevitável fracasso e insucesso escolar, fa-
zendo com que muitos docentes adotem concepções e posturas de enfoque patologi-
zante para com os alunos, reforçando discursos e abordagens com enfoque medica-
lizante no espaço escolar, sem buscar alternativas para trabalhar as potencialidades 
dos discentes. 
 
11 
 
CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
1.1 A APRENDIZAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR 
 
 
A escola ainda é o caminho que pode levar o cidadão a mudar de vida, para 
isto torna-se por finalidade ter em suas primícias a promoção do ensino. Segundo 
Hernandez (1998), a finalidade do ensino é promover, nos alunos, a compreensão dos 
problemas que investigam e ser capaz de ir além da informação dada, reconhecer as 
diferentes versões de um fato, e assim buscar explicações ou propor hipótese sobre 
as consequências dessa pluralidade de pontos de vista. 
Na escola, o ensino se faz de forma dialógica com aprendizagem, ao qual este 
processo caminha lado a lado, realizando um intercambio constante entre quem en-
sina e quem aprende. Para muitos docentes, segundo Lakomy (2014), a aprendiza-
gem pode ser interpretada com a manifestação exterior e os resultados gerados por 
elas em si mesmo. Mas, o professor não compreende de forma adequada ou em sua 
totalidade o que se passa de fato no interior do sujeito quando ele aprende, a exemplo, 
pode se sustentar em alguns teóricos, a aprendizagem ocorre pela repetição e a imi-
tação, ou ainda, pelo comportamento observável e mensurável, ou pelo processo de 
construção do conhecimento, a todos direcionando a aprendizagem. A certeza que se 
tem é que todos têm capacidade de aprender. 
A escola tem um papel fundamental na sociedade: fazer homens de bem e que 
mostrem cidadania uns pelos outros. Ela deva cumprir o máximo para o aprendizado 
do aluno e quais habilidades ele vai adquirir neste contexto escolar. 
Para tal desenvolvimento, Bzuneck (2009) faz uma abordagem sobre o proces-
samento de informação. Ele explica como funcionam os tipos de memórias e suas 
limitações e como devem ser armazenadas, de forma que o novo conhecimento seja 
organizado e pode ser recuperado caso seja ou quando for necessário. Isso explica o 
déficit de atenção de alguns alunosquando estão em situação de aprendizagem. 
Boruchovitch (2004) reconsidera o conceito da autorregulação da aprendiza-
gem. Segundo ela, pesquisas apontam que os atrasos no desenvolvimento de conhe-
cimento que cada um tem dos seus próprios processos estão relacionados ao baixo 
desempenho escolar, que se inicia na infância e tem destaque no ensino fundamental. 
 
12 
 
Ela incentiva práticas de estratégias motivacionais que promovam este desenvolvi-
mento, colocando a responsabilidade pelo aprendizado no próprio aluno ou estudante. 
Independente de qual seja a situação que uma instituição de ensino se encon-
tra, é perceptível a necessidade ou auxílio de um profissional de psicologia, cujo ob-
jetivo é atender e orientar alunos, professores e educadores, nos casos mais proble-
máticos e graves. Percebemos claramente o aumento de “crianças-problema” nas es-
colas, que necessitam de atendimento e cuidados especializados. 
Sendo assim, a psicologia deve assumir seu lugar como um dos embasamen-
tos da educação e da prática pedagógica, possibilitando para a compreensão dos fa-
tores presentes no processo educativo a partir de intervenções teóricas "fortes", com 
garantia de estabelecimento de relação indissolúvel entre teoria e prática pedagógica 
cotidiana. 
 
 
 
1.2 ASPECTOS AFETIVOS E SOCIAIS DO PROCESSO DE ENSINO E 
APRENDIZAGEM 
 
 
Ao falar em aspectos sociais e afetivos envolvidos na aprendizagem, é impor-
tante pensar que o ser humano é um ser social, e suas relações influenciam o pro-
cesso de ensino-aprendizagem, nesse sentido, destaca as relações que o aluno tem 
com o professor, e o papel da família no ensino. 
A família tem função fundamental no desenvolvimento humano, sendo atual-
mente difícil definir qual o papel de cada uma das instituições. A família tem a função 
de dar a criança as primeiras noções de sociabilidade, educação, sendo considerada 
a primeira forma de intuição que um indivíduo faz parte, e o seu papel mais importante 
é proteger a criança em desenvolvimento (SILVA,2009). 
A escola, é um ambiente que propicia diversos conhecidos, como regras, co-
nhecimento de saberes, sociabilidade e desenvolvimento cognitivo. O ambiente esco-
lar possibilita o desenvolvimento global do indivíduo. É um ambiente que possibilita o 
desenvolvimento das noções de sociabilidade e a criação de laços afetivos, já que na 
escola o indivíduo convive com uma grande diversidade de pessoas. Ou seja, de 
 
13 
 
forma geral, pode-se pensar na escola como um ambiente preparatório para a socie-
dade. A escola reflete as mudanças da sociedade, e uma das suas funções é preparar 
alunos, pais e professores para as constantes mudanças atuais, de forma que seja 
possível viver em um mundo globalizado, que sofre constantes modificações e exige 
cada vez mais dos indivíduos Dessa forma, família e escola deve formar uma parceria 
no que se refere ao processo de aprendizagem (DESSEN, POLONIA,2007). 
O professor foi assumindo diversos papéis no decorrer das décadas, pois se 
antes ele era visto como um sábio, profissional que gerava grande respeito, atual-
mente há uma grande desvalorização do professor. Atualmente inúmeras situações 
vivenciadas pelo professor geram um desajuste e desconforto no profissional. Um dos 
motivos é o acesso fácil a todo o tipo de informação, pois se antes o professor era 
sinônimo de sabedoria, e detentor de conhecimento, atualmente, é fácil para qualquer 
pessoa obter informações na internet por exemplo (SOUZA, 2011) 
O professor deve sempre ser o mediador do conhecimento e provocar o aluno 
a descobrir seus questionamentos vendo a realidade como objeto de estudo para que 
tenham o conhecimento compartilhado, identificando as diferentes formações criando 
vínculos no processo educativo. Muitas mudanças ocorreram no processo de ensino 
aprendizagem, foram necessárias para acompanhar a evolução do ser humano (NO-
GUEIRA, 2015). 
 
 
1.3 AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 
 
 
Para Barbosa (2015), aprender se trata de um processo amplo que está pre-
sente na vida de todos os indivíduos desde o nascimento, determinado pela matura-
ção biológica e psicológica de cada um. A aprendizagem se trata de uma construção 
realizada através de processos mentais que resultam em um novo conhecimento; 
neste sentido, é importante salientar que a aprendizagem tem grande relação com as 
relações sociais, pois é através delas que ocorre aprendizagem. 
Aprender algo novo significa que o indivíduo poderá pensar de forma diferente, 
conseguir realizar novas experiências ou então ressignificar o conhecimento já obtido. 
 
14 
 
Por se tratar de um processo bastante complexo, Gómez e Terán (2009 apud BAR-
BOSA, 2015) acreditam que nenhum ser humano está livre de apresentar bloqueios 
no processo de aprendizagem; isso significa que a aprendizagem nem sempre ocorre 
facilmente, de forma natural. 
O processo de aprendizagem está presente em várias etapas da vida dos indi-
víduos, sendo que cada pessoa possui uma forma única de compreender o mundo e 
selecionar informações, para em seguida transformá-las em conhecimento. Para 
Graça (2003) a aprendizagem é gradual, isto é, vamos aprendendo pouco a pouco, 
durante toda a vida. 
Mano (2015) destaca que em linhas gerais, pode-se dizer que a aprendizagem 
diz respeito ao processamento das informações que recebemos, por meio de trans-
missão social, em áreas específicas do cérebro com a finalidade de construir conhe-
cimentos específicos sobre temáticas distintas as quais fazem parte de nossos inte-
resses e da realidade que vivemos. 
Este processo de aprendizagem possibilita uma transformação na vida dos in-
divíduos, conforme pontua Barbosa (2015), durante a aprendizagem os sujeitos pas-
sam por uma transformação e se tornam um novo sujeito. Visto que a aprendizagem 
é um processo pelo qual as competências, habilidades, conhecimentos, comporta-
mento ou valores do sujeito são adquiridos ou modificados de acordo com as experi-
ências vividas por ele, sejam resultados do seu estudo, formação, do raciocínio ou da 
observação de uma situação. 
Segundo Chiarello (2019), vários fatores requerem atenção especial dos pro-
fissionais envolvidos, pois é por meio de atividades da mesma natureza como, por 
exemplo, decodificar sons e letras, que se iniciam os primeiros passos para o reco-
nhecimento de diversos problemas, onde além das dificuldades de aprendizagem, 
constantemente são detectados transtornos que interferem diretamente no processo 
de aprendizagem. 
Chiarello (2019) destaca que a aprendizagem é o resultado de uma organiza-
ção dos esquemas mentais desenvolvidos em diferentes estágios com influência do 
 
15 
 
ambiente, assimilação dos valores culturais e demais aspectos funcionais, conceitu-
ada como a capacidade de compreender, conhecer e observar as informações obti-
das. 
Nas fases iniciais do período de escolarização muitas vezes surgem situações 
referentes às dificuldades de aprendizagem, crianças que não conseguem acompa-
nhar o processo educacional, apresentando um desempenho abaixo do esperado, tais 
aspectos podem passar por uma análise patologizante dentro das instituições de en-
sino. 
Conforme destacado por Chiarello (2019), as dificuldades surgem a partir de 
obstáculos encontrados no processo de ensino-aprendizagem causados pelos fatores 
externos, metodologias inapropriadas, conflitos pessoais e diferenças culturais. 
Para alguns autores, a dificuldade de aprendizagem é compreendida como um 
problema de ordem neurológica que afeta o cérebro, alterando a capacidade de en-
tender, recordar ou comunicar informações. Isso significa que a dificuldade de apren-
dizagem é normalmente compreendida como um problema de ordem neurológica, en-
tretanto, existem outras compreensões a respeito de sua origem. Acredita-se também, 
que o TDAHI tenha relação com diversos fatores, podendo ocorrer devido a um pro-
blema fisiológico,um grande estresse vivenciado, falta de estímulo, problemas de au-
toestima, entre outros (BARBOSA, 2015). 
Nesta ótica, a dificuldade de aprendizagem vai além de um transtorno neuroló-
gico, compreendendo também aspectos psicológicos, biológicos e ambientais, o que 
a torna um problema mais complexo. É preciso observar constantemente a forma 
como as crianças lidam com determinadas situações, observando suas reações de 
forma a sempre auxiliá-la a elaborar suas emoções e sentimentos na ocorrência de 
situações que possam ser traumáticas. A falta de elaboração de situações como di-
vórcio, morte de parentes, brigas, pode ocasionar problemas de autoestima, ansie-
dade e o indivíduo pode apresentar dificuldades para vivenciar determinadas situa-
ções futuras (BARBOSA, 2015). 
A ocorrência de dificuldades de aprendizagem pode se justificar pelo atraso no 
desenvolvimento de alguma parte do cérebro, de acordo com alguns estudiosos; é 
 
16 
 
relevante considerar este aspecto, especialmente se for considerar as diferenças en-
tre cada indivíduo, ninguém é totalmente semelhante a outra pessoa, ainda que sigam 
determinados padrões (BARBOSA, 2015). 
As dificuldades de aprendizagem são normalmente relacionadas a problemas 
que afetam o desempenho acadêmico, em diversos aspectos, e sua causa é multifa-
torial. Este problema pode muitas vezes ser mascarado nos primeiros anos escolares, 
pois algumas crianças não apresentam nenhum tipo de problema; é importante que 
os profissionais que lidam com esta criança, especialmente os professores saibam 
identificar qualquer tipo de sinal, para que consiga alertar os pais e juntos, traçarem o 
melhor planejamento para lidar com qualquer possível problema (TORRES; SOARES; 
CONCEIÇÃO, 2016). 
Muitos estudos indicam que a dificuldade de aprendizagem ocorre por diversos 
fatores e tem muitas formas de manifestação; desta forma, é possível encontrar, den-
tro do conceito de dificuldade de aprendizagem, alunos com problemas situacionais 
de aprendizagem, problemas comportamentais, emocionais, de comunicação e físico 
(TORRES; SOARES; CONCEIÇÃO, 2016). 
Para Ferreira (2015) a maioria dos estudantes passa por dificuldades de apren-
dizagem em várias fases durante os anos escolares. Na verdade, ter dificuldade com 
matéria nova é uma parte normal do processo de aprendizagem e gera benefícios aos 
estudantes. O esforço e a concentração adicionais necessários para completar tarefas 
desafiadoras, podem reforçar as habilidades de resolução de problemas e aumentar 
a compreensão e manter o foco necessário para melhorar a memória em longo prazo. 
Machado (1992), destaca que o que encontramos na nossa realidade, são cri-
anças que mostram dificuldades para aprender, quando submetidas a situações de 
ensino onde outras crianças aprendem, e, consequentemente, que experenciam su-
cessivos insucessos acadêmicos os quais podem acarretar-lhes outros problemas, 
bem como preocupações aos pais e professores e até mesmo encaminhamento para 
tratamento psicológico. 
 
17 
 
Ainda segundo a autora, é facilmente comprovada a existência de uma enorme 
porcentagem de casos clínicos, relativos a crianças com dificuldades de aprendiza-
gem, na maioria dos serviços de atendimento psicológico existentes. O rótulo, dificul-
dades de aprendizagem, cabe, então, a meu ver, a uma diversidade de casos associ-
ados com fracasso escolar sendo o ponto mais importante a ser ressaltado, a neces-
sidade de consideração de cada criança em particular numa análise aprofundada de 
suas condições e necessidades. 
As dificuldades de aprendizagem, podem muitas vezes comprometer o desem-
penho dos alunos, pois muitas vezes, não são trabalhadas de forma adequada, no 
espaço escolar. Dificuldades de aprendizagem tem relação com bloqueios e dificulda-
des no processo natural de aprendizagem, e tem grande importância na vida destes 
alunos pois um aluno que não consegue atingir um desempenho satisfatório na escola 
carrega um peso muito grande que se origina da frustração por não conseguir alcançar 
resultados semelhantes aos de outros alunos, ou resultados esperados dele, associ-
ado a um sentimento de desvalorização que pode levar ao desenvolvimento de preju-
ízos na formação de sua personalidade (VIEIRA, 2011). 
Para Machado (1992), qualquer que seja a causa da dificuldade de aprendiza-
gem de forma geral, a criança que falha em conseguir acompanhar o sistema instru-
cional rotineiro, desenvolvido em sala de aula, é passível de adquirir sentimentos e 
cognições negativas sobre as atividades escolares. Os sentimentos podem incluir 
medo, frustração, raiva, atitudes negativas perante si mesma e a escola, levando a 
comportamentos de passividade, apatia, agressão, comportamentos as vezes muito 
distantes de outros exibidos pela mesma criança, em outras situações de vida diária. 
Algumas crianças, mesmo com indicativo de baixo rendimento, não conseguem 
encontrar na escola subsídios e apoio para transpor as dificuldades encontradas, não 
ocorrendo a adaptação dos métodos pedagógicos com a realidade dos educandos. 
Quando um transtorno de aprendizagem não é corretamente diagnosticado e 
tratado, as chances de o indivíduo desenvolver outros distúrbios em comorbidade com 
o já existente aumentam drasticamente, podendo levar a pessoa ao uso de drogas, 
furtos, transtorno alimentar, entre outros. Estas comorbidades surgem como um efeito 
da baixa autoestima causada pelo insucesso das relações interpessoais no ambiente 
 
18 
 
escolar, a discriminação, as piadas e brincadeiras de outros alunos, e até mesmo por 
conta da forma que a família trata o indivíduo e seu problema (GOMES, 2012). 
Além disso, o não tratamento das dificuldades de aprendizagem tem relação 
com o desenvolvimento de comportamentos violentos no ambiente escolar, por se 
tratar de um indivíduo que acaba sendo marginalizado neste ambiente e não recebe 
a devida atenção; nesta situação, muitos alunos acabam emitindo respostas violentas, 
porém, é importante verificar que por trás de um comportamento violento ou explosivo 
pode haver uma situação de violência já vivenciada contra este indivíduo sendo esta 
manifestada por piadas, brincadeiras de mau gosto, entre outros (GOMES, 2012). 
Conforme destaca Mano (2015), os alunos são submetidos a uma imensa gama 
de conteúdos sobre os quais precisam pensar e refletir e, a partir disso, são capazes 
de construir suas próprias ideias. No entanto, sabe-se que nem todas as crianças 
apresentam o mesmo ritmo de aprendizado, ou ainda, muitas não alcançam os resul-
tados esperados para a série/ano que estão matriculados. 
A dificuldade de aprendizagem pode estar relacionada a diferentes fatores, 
como ao ambiente escolar e/ou social, aos métodos pedagógicos utilizados, a meto-
dologia adotada pelo professor/escola, a realidade social e familiar do aluno, dentre 
outros, e podem ser trabalhadas no ambiente escolar, porém dependerá da postura 
assumida pelo docente diante dela. 
Nos cabe diferenciar e compreender alguns conceitos acerca das dificuldades 
de aprendizagem, que muitas vezes acabam sendo confundidas com distúrbios de 
aprendizagem. De acordo com Osti (2012 apud BARBOSA, 2015) existe uma pe-
quena diferença entre distúrbio de aprendizagem e dificuldade de aprendizagem, o 
primeiro tem relação com um maior comprometimento neurológico e orgânico, en-
quanto que o segundo se relaciona mais com falta de motivação, uma má adaptação, 
entre outros fatores externos. O autor também afirma que um caso de dificuldade de 
aprendizagem que não for tratado adequadamente pode evoluir para um distúrbio de 
aprendizagem. 
É preciso considerar que o diagnóstico de dificuldade de aprendizagem deve 
ser feito por mais de um profissional, podendo se envolver pedagogo, psicólogo, psi-
copedagogo, médico, além de envolver também a família e a escola da criança. A 
 
19 
 
família tem papel primordial na vida estudantilda criança, não é possível fazer qual-
quer tipo de análise ou diagnóstico, sem antes conhecer melhor o ambiente em que 
vive o aluno, as emoções e laços afetivos que compartilha fora da escola. São as 
atitudes da família, professores e até dos psicopedagogos que farão a diferença na 
vida dos alunos que mostram algum tipo de dificuldade em aprender. 
Somente através de uma anamnese realizada com a família da criança, carac-
terizando a queixa apresentada pelo professor, fazendo um exame clínico que procure 
investigar possíveis disfunções neurológicas no sistema nervoso central, uma avalia-
ção psicopedagógica que identifique o nível e as condições de aprendizagem dessa 
criança e de um exame psicológico objetivando analisar características pessoais, pa-
tologias, é que será possível ter a certeza e comprovar uma dificuldade de aprendiza-
gem ou um distúrbio de aprendizagem (OSTI, 2012 apud BARBOSA, 2015, p. 15). 
Apesar disso, os adultos que lidam com a criança precisam estar atentos a 
quaisquer sinais que possam indicar a ocorrência de dificuldades de aprendizagem; 
estar sempre atento e observando o desenvolvimento da escrita, leitura e raciocínio 
da criança é uma das maneiras de detectar sinais de dificuldade. A identificação pre-
coce de problemas é importante porque evita que a criança passe muitos anos com 
dificuldades na escola antes de iniciar qualquer tratamento, iniciando o tratamento 
certo, a criança poderá passar por um processo de aprendizagem menos traumático 
(TORRES; SOARES; CONCEIÇÃO, 2016). 
Neste sentido, a escola tem papel muito importante no que diz respeito à aten-
ção ao processo de aprendizagem das crianças. De maneira muito generalizada, a 
dificuldade de aprender é relacionada a problemas familiares, tais como crianças ca-
rentes, subnutridas, criadas por parentes, enfim, problemas externos a escola, tirando 
dela a responsabilidade pelo fracasso escolar destas crianças. Tal visão tem mudado 
ao longo do tempo, pois a responsabilidade pela educação foi ampliada, até mesmo 
pela legislação brasileira, afirmando que tal papel agora é atribuído a família, a escola 
e a sociedade. 
No art. 205 da Constituição Federal de 1988 lemos: 
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e 
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da 
 
20 
 
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho 
(BRASIL, 1988). 
Sendo assim, não é mais possível para a escola ficar alheia a tais problemas, 
pois tem uma função social para a comunidade, deve acolher cada criança, pensar 
em seu bem-estar e prover soluções para tais problemas também. Analisar o desem-
penho da criança vai muito além de suas atividades e notas na escola, é preciso veri-
ficar o tipo de dificuldade, tentar métodos diferenciados para ensinar, proporcionar 
ambiente que estimule o aprendizado, e até mesmo os aspectos emocionais que está 
vivendo. É preciso conhecer a fundo o tema para identificar, no comportamento do 
aluno, as desordens manifestadas por algum tipo de dificuldade. 
Conforme o Comitê Nacional de Dificuldades de Aprendizagem (EUA): 
Dificuldade de Aprendizagem é um termo genérico que se refere a um grupo 
heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldades na aquisição e no uso da 
audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Essas desordens 
são intrínsecas aos sujeitos, devido a uma disfunção do sistema nervoso central, po-
dendo ocorrer apenas por um período na vida. 
De acordo com Torres, Soares e Conceição (2016), a escola tem papel muito 
importante no processo de descoberta e acompanhamento do problema pois são di-
versos profissionais que podem acompanhar o cotidiano e as mudanças apresentadas 
através do comportamento das crianças. Os autores indicam que é importante realizar 
investigações sobre atrasos no desenvolvimento, perda de interesse nas atividades 
propostas, desempenho abaixo do que o esperado, comportamento diferente e auto-
estima. 
Vemos assim que a dificuldade de aprendizagem pode ser passageira, e não 
indica que a criança possui alguma deficiência mental, como muitos acreditam. Nesse 
ponto observa-se que essas crianças enfrentam também o preconceito e o julgamento 
das outras crianças e muitas vezes, até mesmo da família. Percebe-se diante do ex-
posto que a avaliação do professor deve ser cautelosa, analisada detalhadamente, a 
fim de compreender a realidade vivida pela criança, tanto na escola como fora dela, 
buscando encontrar razões para as dificuldades que ela apresenta. 
 
21 
 
Encontramos dentro dos estudos e da literatura da Psicologia da Educação di-
versos tipos de dificuldades de aprendizagem, elencadas por diversos autores, como 
os distúrbios da linguagem e da fala; distúrbios de aprendizagem, da leitura e da es-
crita; distúrbios de aritmética; distúrbios psicomotores; distúrbios na saúde física e 
distúrbios de comportamento. Estudaremos com mais afinco o TDAHI - Transtorno 
do Déficit de Atenção com Hiperatividade, objeto deste estudo, para entender as dife-
renças entre as dificuldades de aprendizagem e do déficit de atenção, tão comumente 
citado nos ambientes escolares. 
 Conforme Chiarello (2019), avalia-se que as dificuldades de aprendizagem são 
de caráter provisório em distintas dimensões; social, pedagógica, afetiva, cognitiva e 
orgânica, vistas sempre pela ótica de várias causas, mas, deve-se também observar 
o interesse do aluno, caso esteja desatento. 
Segundo Drowet (2001), dificuldades de aprendizagem tornam-se diferentes 
dos distúrbios de aprendizagem, pois estes últimos são problemas de ordem neuroló-
gica, com perdas físicas, sensoriais, emocionais e intelectuais, enquanto as dificulda-
des de aprendizagem podem ocorrer em crianças que não apresentam nenhum des-
tes problemas citados, mas apresentaram algum atraso escolar, em alguma época da 
vida. 
Sobre esses entraves na diferenciação entre dificuldades e distúrbios de apren-
dizagem, Pelissari (2006) comenta que as crianças com dificuldades de aprendizagem 
não apresentam comprometimento físico, sensorial, intelectual ou emocional e por 
muitos anos, tais crianças têm sido estudadas, mal diagnosticadas ou maltratadas e 
as dificuldades que demonstram têm recebido várias nomeações: disfunção cerebral, 
lesão cerebral, distúrbio de aprendizagem ou problemas de aprendizagem. 
Assim, as dificuldades de aprendizagem são compreendidas como um aspecto 
que dificulta a construção do ser humano, quando presentes, a relação família-cri-
ança-escola é alterada, como mostra Silva (2011, p. 5): 
Frente a uma criança específica, em última análise, pode-se di-
zer que a escolha daquela escola, naquele momento, não foi 
adequada; a criança é normal; porém, não correspondem às ex-
pectativas da família, que escolheu a escola segundo suas ex-
 
22 
 
pectativas; a criança é normal, mas ainda imatura para a esco-
larização - a criança não é normal e precisa de uma atenção 
mais diferenciada! 
 
A autora ressalta ainda a importância de se compreender que a criança com 
dificuldades de aprendizagem nos anos iniciais da vida escolar geralmente não apre-
sentará sinais de suas dificuldades, visto que no jardim de infância o que mais se 
preconiza é o desenvolvimento social da criança, mais do que o aprendizado. Por 
conta disso, a criança se dará bem com as demais, e seus primeiros sinais de dificul-
dade irão aparecer somente mais adiante na vida escolar. 
Dentre as dificuldades de aprendizagens mais comuns, pode-se citar a dislexia, 
que se trata de um transtorno de aprendizagem da área da leitura, escrita e soletração; 
este se trata do distúrbio mais comumente observado nas salas de aula. A manifesta-
ção deste problema se dá pela dificuldade em diversas formas de linguagem, não tem 
relação com base na idade e outras dificuldades acadêmicas, não sãooriginadas de 
distúrbios de desenvolvimento geral e nem sensorial. A disgrafia é outra dificuldade 
de aprendizagem que pode ser observada nas salas de aula, consiste na alteração da 
escrita, relacionada com problemas perceptivos-motores, se manifesta por uma es-
crita com traços pouco preciso e que não podem ser adequadamente controlados, 
falta de pressão nos traços, traços muito fortes, grafismos não diferenciados, escrita 
desorganizada, realização incorreta de movimento de base. A discalculia é outro pro-
blema que se caracteriza como uma desordem neurológica que afeta especificamente 
a habilidade com números, podendo ser causada por déficit na percepção visual. In-
divíduos com discalculia normalmente não conseguem realizar operações matemáti-
cas, o problema atinge crianças e adultos (ALVES, 2007). 
Isso tudo demonstra a grande importância que existe no correto diagnóstico e 
tratamento para as dificuldades de aprendizagem, pois estas repercutem de forma 
significativa na vida destes alunos que se sentem marginalizados e excluídos no am-
biente escolar. Neste sentido, a avaliação psicopedagógica é extremamente necessá-
ria e importante para não apenas identificar o problema, mas abrir um espaço de aten-
ção para aquele aluno. 
O ambiente escolar influencia diretamente no desenvolvido escolar do aluno. 
 
23 
 
Lane e Codo (1993) apontam que o meio escolar deve ser um lugar que propicie de-
terminadas condições que facilitem o crescimento, sem prejuízo dos contatos com o 
meio social externo. Há dois pressupostos de partida: O primeiro de que a escola tem 
como finalidade inerente a transmissão do saber e, portanto, requer-se a sala de aula, 
o professor, o material de ensino, enfim, o conjunto das condições que garantam o 
acesso aos conteúdos; O segundo de que a aprendizagem deve ser ativa e, para 
tanto, supõe-se um meio estimulante. 
É inegável que o ambiente e a postura da equipe pedagógica interferem na 
construção dos comportamentos sociais dos alunos, compreendemos a impossibili-
dade de entendermos o indivíduo sem considerá-lo como parte da sociedade cultural, 
econômica e política. 
 Por vezes, diante da investigação das dificuldades de aprendizagem, adota-se 
um discurso reducionista dos indivíduos baseado em aspectos padronizadores, dis-
cursos como “desenvolvimento escolar normal/anormal” podem ser utilizados, cate-
gorizando os discentes e interferindo no processo de ensino e aprendizagem. 
 Lemos (2014), nos traz os seguintes questionamentos sobre: mas o que é alto 
rendimento e performance normal? Quem define e como define o que é normal, o que 
é anormal, o que não é normal, o que é anormalidade? Quais critérios são usados 
para diagnosticar? Como operamos a ferramenta chamada diagnóstico? Como atuar 
por outras maneiras avaliativas que saiam da racionalidade da clínica biomédica e 
adaptativa? Que saberes são utilizados ou fragmentos de saberes na sustentação 
destes procedimentos tecnicistas? 
O desempenho escolar da criança precisa ser analisado com cautela, evitando 
discursos padronizados e patologizantes, que culpabiliza a criança pelo “fracasso” es-
colar, conforme destaca Guarido (2007) se por um lado, os profissionais da educação 
se veem destituídos de sua possibilidade de ação junto às crianças pela hegemonia 
do discurso das especialidades; por outro, ao assumir e validar os discursos médico-
psicológicos, a pedagogia não deixa de fazer a manutenção dessa mesma prática, 
desresponsabilizando a escola e culpabilizando as crianças e suas famílias por seus 
fracassos. 
 
24 
 
A escola tem papel preponderante nos encaminhamentos das intervenções, 
elaboração de estratégias e desenvolvimento de metodologia que contribua para a 
transposição das dificuldades escolares, focando nas potencialidades dos alunos e 
alunas e reconhecendo a importância de considerar os aspectos sociais dentro do 
espaço de aprendizagem. 
Em relação aos encaminhamentos dados pela escola frente às dificuldades de 
aprendizagem, Chiarello (2019), destaca como essenciais, tornar o material didático 
mais atraente com pequenas adaptações e ilustrações, separar informações, usar ma-
teriais concretos, promover jogos e atividades lúdicas. As avaliações devem ser fre-
quentes ou acumulativas, a linguagem dos enunciados deve ser composta por frases 
simples, produções textuais com número delimitado de linhas e retomada dos concei-
tos anteriormente estudados. 
Para Carara (2017), o professor utilizando-se dos recursos e de metodologias 
diversificadas se torna um mediador entre o objeto de conhecimento e a concretização 
real da aprendizagem, intervindo nas interações, exercendo fundamental importância 
no aprendizado e assim contribuir para a ocorrência de avanços que não seriam pos-
síveis espontaneamente. 
 Segundo ele, a figura do professor, que passa um período significativo do dia 
convivendo diretamente com os alunos, deve conhecer seus alunos e assumir um 
papel de referência para as crianças, ficando apto a identificar suas dificuldades e 
interferir de maneira positiva, de forma a promover situações favoráveis à aprendiza-
gem. O professor deve assumir o papel de facilitador dentro da escola, onde o aluno 
possa ser o protagonista dentro do processo de ensino aprendizado que deve ocorrer 
de forma integrada. 
 Diante das dificuldades de aprendizagem, diferentes estratégias podem ser ado-
tadas, Serra (2012) afirma que organizar as turmas para o trabalho em grupo, juntando 
alunos que aprendem com facilidade e alunos que apresentam dificuldades, também 
pode ser uma boa alternativa, pois as crianças e adolescentes falam a mesma língua 
e podem funcionar como professores particulares um dos outros. 
 
25 
 
CAPÍTULO II – MÉTODO 
O presente trabalho contará com o procedimento de metodologia de pesquisa 
bibliográfica, que se caracteriza pelo levantamento de referências teóricas já analisa-
das e publicadas, disponíveis ao público, podendo ser por meio escrito ou eletrônico 
considerando artigos científicos, revistas, livros, entre outros. Todo trabalho científico 
precisa ser realizado a partir de uma base construída pela pesquisa bibliográfica, pois 
é o que aproxima o pesquisador do tema buscado, permitindo que ele se situe sobre 
o que já foi pesquisado a respeito do assunto (GERHARDT; SILVEIRA, 2009). 
 Quanto à abordagem, a pesquisa pode ser considerada qualitativa, pois não 
se preocupa com uma representatividade numérica, mas sim, pela qualidade e pelo 
aprofundamento da compreensão do tema escolhido a partir da análise e o relacio-
namento de informações obtidas pela pesquisa bibliográfica e pelos dados laborato-
riais obtidos. Este método tem como objetivo evidenciar os motivos de determinadas 
afirmações, não se preocupando em expor dados matemáticos para comprovar sua 
teoria, mas sim, analisa-la de forma ampla. O objetivo deste tipo de pesquisa é for-
necer informações aprofundadas, permitindo que sejam produzidas novas informa-
ções a partir destas (GERHARDT; SILVEIRA, 2009). 
 
 
 
26 
 
CAPÍTULO III – ANÁLISE E DISCUSSÃO 
Segundo Lakomy (2014), a aprendizagem pode ser interpretada pela sua ma-
nifestação exterior e os resultados gerados por elas em si mesmo. Essa afirmação 
remete ao fato de que os resultados gerados deverão ser analisados e avaliados por 
um docente, que pode não compreender na totalidade como o processo de aprendi-
zado ocorre, conforme sustentam alguns teóricos a exemplo, quando ocorre pela re-
petição e a imitação, ou ainda por comportamento observável e mensurável, ou ainda 
pelo processo de construção do conhecimento, o que sabemos é que todos direcio-
nam para a aprendizagem e que todos têm a capacidade de aprender. 
Percebemos que o comportamento da criança, do aluno e do adolescente mu-
dou radicalmente de um século para outro. Vários aspectos negativos e positivos cul-
minaram para tal mudança.Um deles é o avanço das tecnologias. As crianças passam 
horas e mais horas na frente da Internet assistindo alguma coisa ou jogando, enquanto 
no século passado estariam brincando de várias coisas, em contato com outras crian-
ças e com o meio ambiente. 
Outros pesquisadores da área vão dizer que a sociedade moderna trouxe estas 
mudanças consigo. O professor que antes tinha facilidade em ensinar, hoje tem que 
buscar meios e recursos para motivar os alunos a estudar. Isso para o ensino é uma 
mudança bem significativa. 
Os alunos e jovens de hoje vivem em constante conflito com eles próprios, com 
seu mundo, não sabem ao certo o que querem ou desejam já que a sociedade atual 
oferece uma magnitude de atrativos, onde não tem a percepção de identificar o que 
será positivo ou negativo no seu estilo de vida. As prioridades começam a prevalecer 
segundo seus interesses, o que reflete no desejo para continuar a vida escolar. 
Percebe-se que há um declínio da educação nos últimos anos. Tanto alunos 
quanto professores têm sofrido no contexto escolar. Os alunos não têm mais interesse 
ou motivação para continuar os estudos por algum fator ou fatores que influenciam 
em sua vida, e por outro lado os professores que estão perdendo a paixão pela pro-
fissão, principalmente por causa da desvalorização. 
 
27 
 
Ambos precisam de algo sustentável que os incentivem a voltar ao processo 
de aprendizado. Professores, alunos e família precisam estar juntos e apoiando um 
ao outro para que o processo siga em frente e positivamente. 
Alguns fatores que podemos destacar para que o processo evolução são: 
1) As pessoas percebem o mundo que as cerca através da SENSAÇÃO, o 
nível mais básico e importante do comportamento. 
2) Você só tem consciência de tudo que acontece ao seu redor se tiver PER-
CEPÇÃO. 
3) A memória guarda fatos ou lembranças da vida que podem ser utilizadas ou 
recuperadas. A MEMORIZAÇÃO permite fazer a seleção dos momentos 
mais importantes de uma pessoa. 
4) No contexto escolar, uma das habilidades cognitivas mais importantes para 
o sucesso do aluno é a ATENÇÃO. Tudo que ele vai aprender, depende do 
grau de importância que ele dará para o aprendizado. 
5) Por fim, a MOTIVAÇÃO, a aceitação dele querer aprender algo ou não, por 
quanto tempo será isso e como ele vai usar a seu favor seja para qual con-
texto que ele estiver inserido: social, familiar, escolar, político, econômico 
etc. 
 
Ao mencionar fatores que influenciam a motivação de aprender no meio escolar 
não podemos deixar de citar a parte genética ou de herança. Cada um de nós carrega 
elementos hereditários que determinará quem seremos no futuro. Estes elementos 
estão em toda parte, pois determina o grau de sensibilidade dos órgãos aos estímulos, 
apresenta quais doenças familiares podem prejudicar o aprendizado, tais como de-
pressão, autismo, síndrome de down, insônia, asma, entre outros. Sem contar com 
fatores ambientais que podem prejudicar estar relação de aprendizagem. 
Um ponto muito importante para motivação a aprender no contexto de ensino 
é o papel da família. Que elementos devem ser levados em conta neste processo? O 
ambiente familiar torna-se centralizador de ordem psicológica particular, revelando o 
nível intelectual, a ponto de perceber quais os conhecimentos que este aluno adquiriu 
dos pais. 
 
28 
 
O primeiro contato acontece com mãe e o filho nos primeiros sinais de vida, 
ainda no feto. A criança tende a herdar os costumes genéticos dos pais. Toma por 
herança tudo que absorve. Se houver uma carência afetiva neste ambiente isso refle-
tira substancialmente na vida adulta desta criança, acarretando diversos pontos ne-
gativos, como a falta de interesse por conhecimento, problemas emocionais e até psi-
cológicos. 
Não se pode ignorar que, vive-se hoje a realidade de um mundo globalizado, 
onde a aceleração das tecnologias de informação e comunicação conectam cada vez 
mais as pessoas, e nesse contexto, surgem, consequentemente, mudanças no com-
portamento da sociedade, sendo que, dois dos aspectos mais importantes da vida 
social, a escola e a família, vêm passando por inúmeras transformações no processo 
histórico. 
Assim, as grandes mudanças ocorridas na sociedade nas últimas décadas fa-
zem com que as relações familiares estejam cada vez mais complexas, tendo em vista 
as inúmeras mudanças culturais, econômicas e políticas, que interferem na estrutura 
familiar e no ambiente escolar. (OSÓRIO, 1996). 
Sobre o assunto, Parolin (2008, p. 46) afirma acertadamente que “O grande 
desafio da humanidade diante das novas ciências, das novas tecnologias e dos novos 
conhecimentos é reorganizar valores, reformular a ética do ser humano, redimensio-
nando o valor do conhecimento”. 
De fato, a família possui papel fundamental para o desenvolvimento do sujeito 
e sua inserção no universo social. É principalmente da família a tarefa de socialização 
e desenvolvimento da subjetividade da criança. Ainda assim, o desenvolvimento das 
qualidades de humanidade não é realizado isoladamente pela família. 
A matriz para esse desenvolvimento encontra-se justamente na integração com 
a sociedade, a cultura, enfim, na união da identidade do indivíduo com a comunidade, 
a escola, etc. Segundo a lição de Ackerman (1986, p. 17): 
[...] o momento histórico em que nos encontramos, tem alterado 
a configuração da vida familiar e tem abalado os padrões estabe-
lecidos de Indivíduo, Família e Sociedade. […] Seres humanos e 
relações humanas foram lançados em um estado de turbulência, 
 
29 
 
enquanto a máquina cresce muito, à frente da sabedoria do ho-
mem sobre si mesmo. A redução do espaço e a intimidade for-
çada entre as pessoas vivendo em culturas em conflito exigem 
um novo entendimento, uma nova visão das relações do homem 
com o homem e do homem com a sociedade. 
Nesse contexto, alarga-se, de igual maneira, o desafio diante dos educadores 
e da escola em si. Percebe-se que este cenário de transformações sociais atinge tam-
bém o processo de ensino e aprendizagem, já que, a educação trata-se de um pro-
cesso contínuo que se desenvolve no âmbito social pela interação entre as pessoas. 
Assim, a escola tem papel central no desenvolvimento da criança. Levando em 
conta que, a aprendizagem é um processo individual, já que cada um apropria-se do 
conhecimento de maneira única, e ainda um processo que envolve pensamento, afeto, 
linguagem e ação, é certo que esses processos precisam estar em harmonia para que 
o sucesso seja obtido. (POLITY, 1998). 
Dessa maneira, para compreender e superar todas as normais alterações no 
processo de aprendizagem, deve-se considerar tanto as condições internas e cogniti-
vas, quanto as condições externas e as influências do ambiente. Fatores como lingua-
gem, inteligência, dinâmica familiar, afetividade, motivação e escolaridade, devem de-
senvolver-se de forma integrada para que o processo de aprendizagem se efetive. 
(ROGERS, 1988). 
Sabe-se que muitas das dificuldades que o aluno demonstra no ambiente es-
colar como desinteresse por determinadas atividades, tempo de atenção diminuído, 
falta de concentração, indisciplina, entre outros, podem estar associadas à baixa au-
toestima do estudante, e outros aspectos relacionados ao seu comportamento dentro 
de casa. (MARTINS, 2001). 
Segundo Santos & Rosso (2012, p.137), 
Dos cinco elementos do provável núcleo central, três destacam 
um déficit moral do aluno indisciplinado: ausência de limites, 
desrespeito e má educação. Os outros dois – desinteresse e fa-
mília ausente – funcionam com características explicativas 
desse defeito moral. Tais elementos denotam uma quebra da 
idealização dos professores quanto ao retrato do suposto aluno 
ideal, já que eles têm em sua frente alunos com carências mo-
rais, fora dos padrões idealizados. 
 
30 
 
A família, por sua vez, nem sempre é conhecedora dessas necessidades da 
criança ou mesmoda maneira mais apropriada de lidar com esses aspectos. Brilhante 
(2004) aponta que, muitas vezes, a família acaba delegando algumas obrigações do 
filho à escola e ao professor, eximindo-se de seu papel fundamental de parceria da 
instituição de ensino na educação da criança. 
Nesse sentido, a participação da família no processo de aprendizagem é de 
suma importância justamente pela necessidade de se esclarecer e instrumentalizar os 
familiares quanto às suas possibilidades em ajudar as crianças durante o complexo 
momento de construção da individualidade e de início da interação social. 
Conforme Martins (2001, p.28), “essa problemática gera nos pais sentimentos 
de angústia e ansiedade por se sentirem impossibilitados de lidar de maneira acertada 
com a situação”. Assim, acredita-se que um programa de intervenção familiar seja de 
fundamental importância para o desenvolvimento e aprendizagem da criança. 
De acordo com Polity (1998), um trabalho de orientação a pais desperta a sen-
sibilidade dos mesmos para a importância de sua participação na vida escolar dos 
filhos, incentivando que compartilhem em casa seus sentimentos, expectativas, a fim 
de conheçam também as necessidades da criança e das estratégias que facilitam o 
seu desenvolvimento. Assim: 
 
Através das experiências e relações interpessoais, a família pode 
promover o desenvolvimento intelectual, emocional e social da 
criança. Ela pode criar situações no dia-a-dia que estimularão es-
ses aspectos, desde que esteja desperta para isso. Além disso, a 
participação da criança nas atividades rotineiras do lar e a forma-
ção de hábitos também são importantes na aquisição dos requi-
sitos básicos para a aprendizagem, pois estimulam a organização 
interna e a habilidade para o ‘fazer’, de maneira geral (MARTU-
RANO, 1998, p. 25). 
 
Dessa maneira, educadores e pais desempenham papéis importantes no su-
cesso educacional de alunos. Os alunos precisam de uma experiência positiva de 
aprendizado para ter sucesso na escola, unificando apoio, motivação e instrução de 
 
31 
 
qualidade. Com as crescentes demandas da família, o apoio dos pais na educação 
dos alunos se estende para além dos muros da escola. 
Muitas famílias enfrentam problemas com horários e circunstâncias diversas 
durante a época dos filhos na escola, como falta de tempo devido à outras responsa-
bilidades, fazendo com que não haja um tempo para ser dedicado ao auxílio na edu-
cação dos seus filhos. 
Embora pareça que o envolvimento dos pais seja pesquisado, em muitos estu-
dos nacionais e estrangeiros ainda existe preocupação com o envolvimento dos pais 
e com o que constitui um envolvimento efetivo dos pais na educação de estudantes, 
pois ainda não é considerado efetivo como poderia, de fato, ser. 
Educadores, pais e membros da comunidade podem ter diferentes opiniões 
sobre práticas eficazes de auxílio no ensino estudantil e as maneiras pelas quais cada 
uma pode contribuir para o processo educacional. O envolvimento dos pais na educa-
ção dos alunos começa em casa, com estes proporcionando um ambiente seguro e 
saudável, experiências de aprendizado apropriadas, apoio e uma atitude positiva em 
relação à escola. Vários estudos indicam aumento do desempenho acadêmico com 
alunos que são incentivados pelos pais. 
Também é visto em diversos outros estudos que indicam que o envolvimento 
dos pais é mais eficaz quando visto como uma parceria entre eles e os professores. 
Ao examinar as percepções de pais e professores, estes devem ter uma melhor com-
preensão das práticas eficazes de envolvimento dos pais na promoção conquista do 
estudante. 
Inúmeros pesquisadores estudaram o envolvimento dos pais e seus efeitos no 
processo educacional ao longo dos anos. Foi identificada uma estrutura que contém 
seis fatores importantes com respeito ao envolvimento dos pais. Essa estrutura é ba-
seada em descobertas de muitos estudos sobre quais fatores são mais eficazes em 
relação à educação infantil. Esses fatores são os pais, a comunicação, o voluntariado, 
o aprendizado em casa, a tomada de decisões e a colaboração com a comunidade. 
 
32 
 
A parentalidade inclui todas as atividades que os pais realizam para criar crian-
ças felizes e saudáveis para se tornarem alunos capazes. Ao contrário dos professo-
res, cuja influência sobre a criança é relativamente limitada, os pais mantém um com-
promisso ao longo da vida com seus filhos. As atividades que apoiam esse tipo de 
envolvimento fornecem informações aos pais sobre o desenvolvimento, saúde, segu-
rança ou casa de seus filhos condições que podem apoiar a aprendizagem dos alunos. 
Dessa maneira, é possível perceber que há educação dos pais e outros cursos ou 
treinamento/programas de apoio à família para ajudar aquelas que tem problema de 
outros espectros como em saúde, entre outros, a fim de conseguir dar uma boa qua-
lidade de vida aos filhos. 
Família e escola se comunicam entre si de várias maneiras. As escolas enviam 
notas e folhetos sobre eventos importantes e atividades. Os pais dão aos professores 
informações sobre a saúde de seus filhos e história educacional. Dessa maneira, um 
site da escola é um modo adicional de comunicação com pais e famílias, podendo 
incluir reuniões com todos os pais pelo menos uma vez por ano, tradutores de idiomas 
para ajudar as famílias, conforme necessário, programação regular de avisos úteis, 
memorandos, telefonemas, boletins e outras comunicações – sendo essas sugestões 
que podem melhorar o dia-a-dia dos pais, estudantes e professores da instituição, 
haja vista que essa é um atitude deveras positiva. 
O voluntariado também é uma boa opção para auxiliar na melhora da relação 
entre pais e escola, pois este aplica-se ao recrutamento e organização de ajuda e 
suporte dos pais para os programas escolares e atividades dos alunos. Há três ma-
neiras básicas pelas quais os indivíduos são voluntários na educação: primeiro, eles 
podem ser voluntários em escola ou sala de aula, ajudando professores e administra-
dores como tutores ou assistentes; segundo, eles podem ser voluntários para a es-
cola; por exemplo, captação de recursos para um evento ou promoção de uma escola 
na comunidade; Por fim, eles podem se voluntariar como membro de uma platéia, 
participando de programas ou apresentações da escola. Sendo assim, esse programa 
de voluntariado da escola / sala de aula inclui diversos benefícios e intenções, como 
ajudar professores, administradores, alunos e outros pais que podem acabar sofrendo 
com esse mesmo problema. 
 
33 
 
Aprender em casa auxilia no fornecimento de ideias e informações aos pais 
sobre como eles podem melhor ajudar seus filhos na lição de casa e decisões e ativi-
dades curriculares. Os pais que ajudam seus filhos com as tarefas de casa ou os 
levam para um museu são exemplos desse tipo. 
Essas atividades produzem uma família que demonstra ter uma forte orienta-
ção para a escola e incentivam os outros pais a interagir com o currículo escolar Ati-
vidades para incentivar o aprendizado em casa fornecer aos pais informações sobre 
o que as crianças estão fazendo na sala de aula e como ajudá-los com a lição de 
casa. Sendo assim, informações para famílias sobre habilidades necessárias para os 
alunos de todas as disciplinas de cada série, informações sobre políticas de trabalhos 
de casa e como monitorar e discutir trabalhos escolares em casa, bem como partici-
pação da família no estabelecimento de metas dos alunos a cada ano e no planeja-
mento da faculdade ou do trabalho auxiliam nesse tipo de postura. 
A inclusão dos pais nas decisões da escola também é muito importante para 
desenvolver uma atitude voltada a preocupação com a educação. Os pais que parti-
cipam da escola apresentam filhos com melhores rendimentos escolares, seja partici-
pando da organização de eventos ou associação de pais / professores. Outras ativi-
dades de tomada de decisão incluemassumir papéis de liderança que envolvem a 
disseminação de informações para outros pais. Assim, é interessante que sejam cria-
dos conselhos ou comitês para liderança e participação dos pais, grupos de defesa 
independentes para fazer pedidos por reformas e melhorias nas escolas, redes para 
conectar todas as famílias aos representantes dos pais, entre outros. 
Busca-se, assim, colaborar com a comunidade no que tange à identificação e 
integração dos serviços e recursos das comunidades para apoiar e fortalecer escolas, 
estudantes e suas famílias. Espera-se que isso se dê a partir de informações para 
estudantes e famílias em geral sobre os mais diversos temas, como saúde comunitá-
ria, apoio cultural, recreativo, social e outros programas / serviços, informações sobre 
atividades comunitárias vinculadas a habilidades e talentos de aprendizado, entre ou-
tros aspectos que podem ser somados. 
Cada um desses fatores pode levar a vários resultados para estudantes, pais, 
criando novas práticas de ensino e melhorando o clima escolar. Além disso, cada fator 
 
34 
 
inclui muitas práticas diferentes de parceria. Por fim, cada fator coloca desafios de 
envolvimento familiar e escola e esses devem ser enfrentados. Sendo assim, é consi-
derado significativo para cada escola escolher quais fatores são considerados mais 
prováveis de ajudá-la a atingir suas metas para sucesso acadêmico e desenvolver um 
clima de aliança com os lares dos pais dos estudantes. 
Embora o foco principal desses seis fatores seja promover o desempenho aca-
dêmico, eles também contribuem para vários resultados para ambos os pais e profes-
sores. Por exemplo, pode-se presumir que os pais terão mais autoconfiança em seu 
papel de pais, mostrarão liderança na tomada de decisões e terão mais eficácia e 
produtividade comunicação com os filhos em relação ao trabalho escolar, e terão mais 
comunicação com outros pais na escola. 
Também é visto que os pais adquirem uma atitude mais positiva em relação à 
escola e seus funcionários e ganham mais confiança em ajudar seus filhos a dever de 
casa, por estar envolvido com sua educação. Além disso, eles são mais suscetíveis a 
obter apoio da escola e seu programa na comunidade e se tornar membros mais ati-
vos. Para os professores, os benefícios podem ser inúmeros, como uma melhor co-
municação com os pais, uma compreensão mais profunda da família de seus alunos 
e de sua situação, além de uma comunicação mais eficaz com os pais e comunidade 
em geral. 
As escolas se beneficiam do envolvimento dos pais por meio da melhoria do 
respeito dos alunos com os professores, mais apoio das famílias e maior desempenho 
acadêmico do aluno. Além disso, as escolas funcionam melhor quando os pais e a 
comunidade são participantes ativos e têm um senso de propriedade da escola. Por-
tanto, é seguro dizer que esses seis fatores beneficiam não apenas os alunos, mas 
também seus pais, professores e escolas. (CLARKE, 2007). 
Tornou-se constante a discussão de diferentes autores acerca da medicaliza-
ção da educação, muitos enfocando o caráter social deste processo, pontuando que 
profissionais por vezes desconsideram a realidade social infantil e se limitam à análise 
padronizadora e focada em resultados. 
Sobre o destaque acima, Guarido (2007) enfatiza que seria preciso resgatar e 
 
35 
 
exercer algo do domínio do ato educativo nas escolas sem que este tivesse antes que 
estar vinculado à observação de especialistas ou à orientação destes, permitindo que 
as crianças tivessem, ao menos, um pertencimento social não atravessado por suas 
denominações ou rotulações diagnósticas. Esta talvez seja uma das grandes possibi-
lidades que a Educação Inclusiva permite às crianças que estiveram, até então, fora 
da escola: estar na escola resgata um lugar social não conferido até pouco tempo 
atrás às crianças em grave sofrimento psíquico. 
Reforçando este aspecto, Fiore (2005) enfatiza que a escola, como um local 
privilegiado de observação do aparecimento do fenômeno da medicalização infantil e 
de investigação de sua relação com as exigências da contemporaneidade, nos ofe-
rece inúmeros recursos para pensar a produção desses sentidos, e pensar sobre me-
dicalização do corpo significa levar em conta os processos de subjetivação que nos 
atravessam. E isto parece se relacionar com o fato de enxergarmos no corpo a causa 
de todos os nossos problemas. Por que a subjetividade e seus modos de produção 
têm sido reduzidos à dimensão orgânica/biológica? Por que atualmente as dificulda-
des que o sujeito encontra na vida parecem estar localizadas primariamente no corpo? 
Lemos (2014) destaca que este processo de psiquiatrização da medicina e da 
educação, em que as noções de doença mental, transtorno e síndrome invadiram o 
debate, foi chamado de medicalização da vida. Sendo assim, tem sido cada vez mais 
comum nos depararmos com discursos medicalizantes e patologizantes no espaço 
escolar, com a ausência de intervenções e interpretações que considerem todos os 
aspectos que permeiam a vida dos educandos. 
Zucoloto (2007), pontua que medicalizar o fracasso escolar é interpretar que o 
desempenho escolar do aluno contraria aquilo que a instituição espera dele em termos 
de comportamento ou de rendimento e como sintoma de uma doença, localizada no 
indivíduo, cujas causas devem ser diagnosticadas. 
Corroborando às concepções de Zucoloto, Guarido (2007) enfatiza que o 
campo educativo esteja invadido pelos discursos técnicos, não é novidade. A cientifi-
cização dos discursos sobre a criança desde o início do século XX contribuiu não 
somente para a construção de um discurso pedagógico normalizador, mas também 
 
36 
 
para a validação de um saber sobre a criança no campo das especialidades: psicolo-
gia, fonoaudiologia, psicopedagogia, psiquiatria etc. Os encaminhamentos para espe-
cialistas feitos pelas equipes escolares e a psicologização do ensino têm sido bastante 
discutidos por diversos autores. 
Lemos (2014) aponta que o processo de medicalização é uma tentativa de ho-
mogeneizar padrões de aprendizagem e comportamentais. Cada vez mais há um pro-
cesso social e político de homogeneização da diversidade humana, o qual é estabe-
lecido com base em normas sociais, definindo o que é considerado adequado quanto 
a comportamentos e modos de aprender. Quando o sujeito não se ajusta a essas 
normas, ele é considerado desviante, levando-o, muitas vezes, a usar medicamentos 
prescritos por um especialista na tentativa de ‘eliminar o problema’ 
Collares e Moysés (2010) destacam que a medicalização das crianças e ado-
lescentes no âmbito da educação isenta da responsabilidade todas as outras instân-
cias implicadas, gerando retorno à culpabilização do estudante frente às expectativas 
dos adultos e da escola, quando o comportamento dele não está adequado aos pa-
drões exigidos. Ao se encontrar um suposto culpado, inocentam-se as demais instân-
cias envolvidas, o que dificulta a compreensão abrangente das relações que propiciam 
e mantêm o diagnóstico. 
Quando se opta pela medicalização de uma criança, por exemplo, com diag-
nóstico de TDAH, é importante considerar que Os fármacos podem apresentar diver-
sos efeitos na vida destes indivíduos, como por exemplo, efeitos positivos sobre a 
hiperatividade e a atenção podem resultam em melhoras no aspecto psicossocial, pro-
movendo mudanças e melhora na autoestima da criança e sua relação com o ambi-
ente externo; efeitos positivos na hiperatividade podem promover diminuição da pre-
valência de erros de execução das tarefas bem como auxiliar com a conduta disrup-
tiva, melhorando também a adaptação social; efeitos positivos na atividade motora 
melhoram o controle externo da criança; efeitos no aspecto cognitivo podem promover 
melhoras no processamento da linguagem, informação e na memória. Um dos aspec-
tos negativos de se adotar o tratamento medicamentoso é que a criançaacaba sendo 
rotulada por ser aquela que precisa tomar medicamentos com uma certa frequência, 
o que pode fazê-la se sentir diferente das demais; além disso, quaisquer sucessos ou 
insucessos no tratamento são atribuídos a efeitos dos medicamentos (COUTO; 
 
37 
 
MELO; GOMES, 2010). 
Dentro do campo escolar os rótulos e concepções que limitam os indivíduos 
podem dificultar o processo de aprendizagem destes, e isentar os profissionais da 
função de ensinar, uma vez que estes indivíduos, já estariam “fadados” ao fracasso, 
pois estão carregados de estereótipos e de uma visão limitadora de suas capacidades 
e potencialidades. 
Gomes (2017), aponta que no terreno da educação escolar, algumas análises 
superficiais reduzem a problemática do ensinar e do aprender a questões de natureza 
individual e biológica e a associação de problemas e dificuldades escolares enfrenta-
dos pelas crianças a disfunções neurológicas (dislexia, transtorno de déficit de aten-
ção, hiperatividade), têm demandado um tratamento que inclui a prescrição e admi-
nistração de medicamentos fartamente disponíveis no mercado farmacológico. 
Sobre o exposto acima, Guarido (2010), enfatiza que um número cada vez 
maior de crianças e adolescentes e, em idade cada vez mais precoce, é medicado de 
forma a tentar sanar sintomas das crianças, sem considerar o contexto no qual se 
apresentam; não levando em conta, também, as complexas manifestações singulares 
de cada sujeito. Assim, no lugar de considerar um psiquismo em estruturação, supõe-
se um déficit neurológico. 
Diante de certas concepções propagadas no âmbito escolar, muitos estudantes 
são encaminhados a serviços de atendimentos especializados, para verificação das 
possíveis causas “orgânicas”, que possam justificar seus fracassos escolares, nestes 
espaços por vezes não recebem nenhum tipo de resposta, o que pode causar uma 
sensação de desajustamento nestes indivíduos, por não se adaptarem ao espaço em 
que deveriam desfrutar de momentos de aprendizagem. 
Cabe ressaltar que a falta de uma compreensão integral dos indivíduos, muitas 
vezes retrata lacunas do processo de formação dos docentes, disciplinas curricula-
res que amplie o enfoque acerca de um olhar não medicalizante, possibilitaria grandes 
mudanças na atuação destes profissionais envolvidos no processo de ensino. 
 
38 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
É possível identificar, neste contexto, o importante papel que o professor possui 
no processo de ensino e aprendizagem dos alunos, especialmente aqueles que apre-
sentam dificuldades de aprendizagem e que, antes de buscar um caminho pela medi-
calização, é necessário identificar qual é realmente o problema e discutir sobre outras 
opções para lidar com ele. 
Ainda que seja o caso de a criança apresentar um diagnóstico real de algum 
transtorno que afete a sua capacidade de aprendizagem, é importante que os profes-
sores e familiares saibam como lidar, como contribuir com seu desenvolvimento pois 
cada aluno é único e tem suas capacidades e necessidades (independentemente das 
dificuldades ou transtornos) e isso precisa ser respeitado em sala de aula. 
Alunos com dificuldades e transtornos de aprendizagem não são incapazes de 
aprender, mas sim, são pessoas que, como as outras, possuem uma forma individual 
de lidar com seu próprio processo de educação e cognição; foi a partir de descobertas 
a respeito da plasticidade cerebral, janelas de oportunidade e outras teorias do de-
senvolvimento que foi possível observar que todas as pessoas aprendem de forma 
diferente, e isso é extremamente importante de ser considerado no processo educa-
cional, especialmente quando se trata de alunos com dificuldades de aprendizagem. 
Estes alunos não podem ser segregados dos demais por serem rotulados como difí-
ceis ou que não podem aprender, a segregação e a marginalização destes indivíduos 
podem causar efeitos devastadores na vida destes indivíduos, levando-os a práticas 
como o abuso de substâncias. 
É preciso que os professores e escolas tenham consciência de que as dificul-
dades de aprendizagem afetam o comportamento da criança e sua capacidade de 
aprender, portanto, precisam assumir a responsabilidade de organizar a estrutura das 
aulas e do ensino em geral, de forma que estes alunos sejam motivados e favorecidos 
a aprender. Para que isso seja possível, é preciso o trabalho em conjunto de diversos 
atores envolvidos com a educação que possam planejar e implementar diferentes téc-
nicas que possam favorecer o atendimento das necessidades destes alunos. 
O período escolar é o mais importante na formação do ser humano e do cida-
dão, portanto, estudos nesta área são essenciais para que sejam realizadas melhoras, 
 
39 
 
especialmente no que diz respeito aos alunos com problemas de aprendizagem. 
Desta forma, é importante que sejam realizados mais estudos a respeito dos transtor-
nos que afetam a educação e cognição dos alunos, pois, um tratamento adequado 
(que inclui a relação do professor e aluno) é o que permite que estas crianças e ado-
lescentes desenvolvam suas capacidades da melhor forma possível, bem como suas 
relações sociais, o que permite que se tornem adultos saudáveis e capazes de realizar 
e alcançar seus objetivos. 
É evidente a necessidade de se distinguir transtornos de dificuldades de apren-
dizagem, assim, o diagnóstico é uma etapa de extrema importância que exige uma 
dedicação tanto dos pais, como dos professores e dos profissionais envolvidos. O 
diagnóstico é um processo complexo pois precisam ser realizadas diversas entrevis-
tas e exames, e avaliar a criança ou adolescente não apenas no contexto escolar, 
mas também no contexto social e familiar. 
Ainda a respeito do diagnóstico, outros autores confirmam que no Brasil, existe 
um número muito elevado de crianças que são diagnosticadas com transtornos como 
o TDAH, que comumente causam dificuldades de aprendizagem, se relacionado com 
o número internacionalmente aceito de crianças que possuem, de fato, o transtorno 
na idade escolar. Isso se deve as características sociais e familiares e a forma como 
é compreendido o transtorno. O desconhecimento da sintomatologia e dos aspectos 
do transtorno e das dificuldades de aprendizagem contribuem para que crianças con-
tinuem sendo diagnosticadas com TDAH sendo que não apresentam realmente o pro-
blema. Professoras que se deparam com alunos que chegam em sala de aula com 
um diagnóstico de TDAH muitas vezes os descrevem como crianças tranquilas e ca-
pazes de realizar todas as atividades propostas na sala de aula, o que vai de encontro 
com a definição do transtorno (COUTINHO et al. 2009; COUTO; MELO; GOMES, 
2010; CORDEIRO; YAEGASHI; OLIVEIRA, 2018; GOMES, 2012). 
Assim, neste sentido, é essencial trabalhar desde a formação do professor com 
aspectos como a inclusão e a identificação de transtornos e problemas de aprendiza-
gem, a fim de que o professor possa fazer sua parte no processo educacional de forma 
a auxiliar estes alunos, não os segregando dos demais, ou fazendo com que se sintam 
desmotivados por não conseguirem acompanhar as atividades. Quando a escola e os 
docentes não estão preparados para uma educação inclusiva e a identificação das 
 
40 
 
necessidades de cada aluno, estes acabam sendo marginalizados, rotulados como 
aqueles que não conseguem aprender, o que acaba tendo efeitos devastadores na 
vida social, na autoestima e na motivação, podendo levar o um abuso de substâncias, 
abandono da escola, entre outros efeitos negativos. Associado a isso, ainda existe o 
perfil da sociedade de marginalizar aquelas pessoas que não são consideradas pro-
dutivas, o que contribui ainda mais para que estes alunos, no futuro, continuem sendo 
segregados e sofrendo com os efeitos de uma educação pouco inclusiva ou despre-
paro de professores. 
 
41 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ACKERMAN, N. Diagnóstico e tratamento das relações familiares.

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