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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PROFESSOR POLYDORO ERNANI DE SÃO THIAGO SERVIÇO DE TERAPIA INTENSIVA PROTOCOLO CLÍNICO – CRITÉRIOS DE ADMISSÃO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA AGOSTO / 2016 Realizado por: Elizabeth Buss Lunardelli – CRM-SC 15.797 METODOLOGIA DE BUSCA DE LITERATURA: Por tratar-se de um tema administrativo particular de cada instituição, há pouca literatura médica disponível a respeito do assunto. Todavia uma atualização recente do guideline da Sociedade Americana de Terapia Intensiva (SCCM) orienta que cada instituição elabore suas próprias Políticas de Admissão e Alta da Unidade de Terapia Intensiva baseadas nas necessidades dos pacientes atendidos e nas características da UTI (tamanho e oferecimento de terapias específicas). INTRODUÇÃO A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Universitário (HU-UFSC) é uma UTI geral, clínica e cirúrgica, voltada para o atendimento de alta complexidade do paciente gravemente enfermo em diversas áreas, como Clínica Médica, Cirurgia Geral, Cirurgia do Aparelho Digestivo, Cirurgia Vascular, Onco-hematologia, Neurocirurgia (cirurgia de epilepsia), Nefrologia, Urologia, Ginecologia e Obstetrícia. Alguns dos procedimentos cirúrgicos realizados no HU-UFSC que demandam cuidados de UTI são as cirurgias endovasculares, cirurgia bariátrica, cirurgias oncológicas, neurocirurgia para tratamento da epilepsia refratária e o transplante hepático. JUSTIFICATIVA A escassez de leitos de UTI associada à quantidade de recursos tecnológicos oferecidos e aos elevados custos do paciente crítico exigem que o profissional médico saiba realizar a triagem e admitir os pacientes com maior probabilidade de se beneficiar dos cuidados oferecidos em uma UTI. LIMITAÇÕES ENCONTRADAS NA UTI DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO A UTI do HU – UFSC está estruturada e equipada com dispositivos de alta tecnologia para o monitoramento e tratamento do paciente crítico, contando com ventiladores mecânicos, monitores multiparâmetros de última geração, aparelho de ultrassonografia portátil, marcapasso transcutâneo e transvenoso, dentre outros. Entretanto, por não haver serviços para atendimento de alta complexidade de ortopedia, neurocirurgia, cirurgia cardíaca ou cardiovascular ou hemodinâmica cardiológica intervencionista, deve-se evitar a admissão de pacientes com as necessidades anteriormente citadas. CRITÉRIOS DE ADMISSÃO NA UTI QUEM E QUANDO ADMITIR Pacientes com quadro clínico agudo ou crônico agudizado reversível que se beneficiem de monitorização e tratamento intensivos, que não o poderiam receber na enfermaria. Estes pacientes geralmente apresentam falência da função de um ou mais órgãos e devem ser admitidos antes da lesão estar instalada em caráter de irreversibilidade. Importante mencionar que idade ou pontuação elevada no cálculo de escore de gravidade, isoladamente, não são fatores para contraindicar a admissão em UTI. Levar em consideração sempre o diagnóstico do paciente, idade, gravidade da doença, comorbidades, reserva fisiológica, prognóstico, disponibilidade de tratamento adequado, resposta às medidas empregadas até o momento, parada cardiorrespiratória recente, diretivas antecipadas e a vontade do próprio paciente. MODELO DE PRIORIDADES Prioridade 1: Criticamente doentes, instáveis, necessitando de monitorização e tratamento intensivos que não podem ser oferecidos fora da UTI. Entre os suportes necessários estão incluídos o ventilatório, hemodinâmico (uso de drogas vasoativas) etc. Pacientes em Prioridade 1 geralmente não possuem limites a terapêutica a ser recebida. Exemplos: politraumatizados, insuficiência respiratória aguda, choque hemodinâmico. Prioridade 2: Estes pacientes requerem monitorização intensiva e podem potencialmente demandar intervenção imediata. Geralmente não há limitação terapêutica estipulada para estes pacientes. Exemplos: pacientes com doenças crônicas agudizadas. Prioridade 3: Estes pacientes instáveis são doentes críticos, porém a probabilidade de recuperação é reduzida devido à doença de base ou gravidade da doença atual. Eles podem se beneficiar da terapia intensiva para aliviar o quadro agudo, mas pode haver algum grau de limitação de esforços. Exemplos: choque séptico em paciente com neoplasia maligna metastática. Prioridade 4: São pacientes que geralmente não têm indicação de admissão em UTI. Os casos devem ser analisados individualmente e em algumas situações pode ocorrer a internação. Eles podem ser classificados em duas categorias: A. Pouco ou nenhum benefício em receber cuidados intensivos devido à baixa complexidade de sua condição (estão muito bem para beneficiar de cuidados intensivos). Exemplos: cirurgia vascular periférica, cetoacidose diabética estável. B. Pacientes em condições terminais e irreversíveis em morte iminente (muito graves para se beneficiar da UTI). Exemplos: estado vegetativo persistente, diretivas antecipadas. MODELO DE PARÂMETROS OBJETIVOS Sinais vitais: • Frequência cardíaca < 40 ou > 150 bpm; • PAs < 80 mmHg ou 20 mmHg abaixo do normal para o paciente; • PAm < 60 mmHg; • PAd > 120 mmHg; • FR > 35 irpm. Parâmetros laboratoriais (diagnóstico recente): • Na sérico < 110 mEq/L ou > 170 mEq/L; • K sérico < 2,0 mEq/L ou > 7,0 mEq/L; • PaO2 < 50 mmHg; • pH < 7,1 ou > 7,7; • Glicose sérica > 800 mg/dL; • Ca total sérico > 15 mg/dL; • Nível tóxico de droga ou substância em paciente instável hemodinamicamente ou com comprometimento neurológico. Exames de imagem (Rx, USG, TC – diagnóstico recente): • Hemorragia vascular cerebral, contusão, HSA com alteração de estado mental ou sinais focais; • Ruptura de intestinos, bexiga, fígado, varizes esofagianas ou uterina com instabilidade hemodinâmica; • Aneurisma dissecante da aorta. Eletrocardiograma: • Infarto do miocárdio com arritmias complexas, instabilidade hemodinâmica ou falência cardíaca congestiva; • Taquicardia ventricular sustentada ou fibrilação ventricular; • Bloqueio atrioventricular total com instabilidade hemodinâmica. Achados de exame físico (início agudo): • Pupilas anisocóricas em paciente inconsciente; • Queimaduras corporais > 10% da superfície corporal; • Anúria; • Obstrução de vias aéreas; • Coma ou convulsões contínuas; • Cianose; • Tamponamento cardíaco. REFERÊNCIAS NATES, Joseph L. et al. ICU Admission, Discharge, and Triage Guidelines. Critical Care Medicine, [s.l.], v. 44, n. 8, p.1553-1602, ago. 2016. Ovid Technologies (Wolters Kluwer Health). http://dx.doi.org/10.1097/ccm.0000000000001856. SOCIETY OF CRITICAL CARE MEDICINE. Guidelines for ICU Admission, Discharge, and Triage. Critical Care Medicine, Si, v. 3, n. 27, p.633-638, mar. 1999. CALDEIRA, Vanessa Maria Horta et al. Critérios para admissão de pacientes na unidade de terapia IntensIiva e Mortalidade. Rev Assoc Med Bras, Si, v. 5, n. 56, p.528-534, jan. 2010. SMITH, Gary; NIELSEN, Mick. ABC of intensive care: Criteria for admission. Bmj, Si, v. 318, n. 1, p.1544-1547, jun. 1999. CARDONA-MORRELL, Magnolia; HILLMAN, Ken. Development of a tool for defining and identifying the dying patient in hospital: Criteria for Screening and Triaging to Appropriate aLternative care (CriSTAL). Bmj Supportive & Palliative Care, [s.l.], v. 5, n. 1, p.78-90, 5 jan. 2015. BMJ. http://dx.doi.org/10.1136/bmjspcare-2014-000770.
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