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E-book SBM 2017 1

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MASTOLOGIA: DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO
1
CAP. 
EDITORES
Fábio Bagnoli
Professor Instrutor Doutor da Faculdade de Ciências Médicas Santa Casa de São Paulo
Assistente do Setor de Mastologia da Santa Casa de São Paulo 
Membro das Comissões do TEMA e Oncoplastia da SBM (2017-2019)
Secretário da SBMSP (2017-2019)
Fabrício Palermo Brenelli
Coordenador da Divisão de Mastologia do Hospital BP: A Beneficência Portuguesa de São Paulo
Mastologista da Divisão de Oncologia Mamária da Unicamp.
Responsável pelo Serviço de Reconstrução Mamária
Coordenador Científico do Instituto de Mama de Campinas (IMAMA)
José Luiz Pedrini 
Mestre e Doutor em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Ciências
da Saúde de Porto Alegre. 
Chefe do serviço de Mastologia dos Hospitais Nossa Senhora da Conceição e Ernesto Dorneles 
Presidente do Conselho do Grupo da mama Conceição
Ruffo de Freitas Júnior
Professor Associado da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás. Médico titular 
do Hospital Araújo Jorge da Associação de Combate ao Câncer em Goiás – ACCG, Goiânia, Goiás
Vilmar Marques de Oliveira
Professor Adjunto Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Chefe do Setor de Mastologia da Santa Casa de São Paulo
Vice Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (2017-2019)
FÁBIO BAGNOLI
FABRÍCIO PALERMO BRENELLI
JOSÉ LUIZ PEDRINI
RUFFO DE FREITAS JÚNIOR
VILMAR MARQUES DE OLIVEIRA
Goiânia - Goiás 
Conexão Propaganda e Editora
2017
MASTOLOGIA
DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO
PREFÁCIO
É com enorme prazer que escrevo o prefácio deste e-book elaborado pela SBM em prol de todos os 
associados. Do diagnóstico ao tratamento vem ao encontro do desejo da Mastologia Nacional em busca de 
uma orientação rápida e qualificada, escrito por importantes referências da nossa especialidade.
A praticidade e objetividade foram o que mais me chamou a atenção. Nosso especialista tem hoje 
uma ótima opção de recurso para auxilia-lo na resolução da maioria das dúvidas. Importante ressaltar 
que este e-book foi elaborado na gestão de nosso Amigo Ruffo de Freitas Jr. e está sendo lançado na atual 
gestão do também Amigo Antônio Frasson, mostrando a integração que a Mastologia precisa vivenciar 
porque afinal de contas a Mastologia é para Todos e nosso principal objetivo é você Mastologista.
Boa leitura
Carlos Alberto Ruiz
Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (2011-2013)
EXPEDIENTE
PROJETO GRÁFICO, DIAGRAMAÇÃO E PUBLICAÇÃO: 
CONEXÃO PROPAGANDA E EDITORA LTDA
M423
Mastologia : do diagnóstico ao tratamento [livro eletrônico] / 
 Fábio Bagnoli ... [et al.]. – Goiânia : Conexão Propaganda e Editora, 2017.
 648 p. : il ; ePUB
 Bibliografia
 ISBN: 978-85-68764-06-0
 1. Mastologia. 2. Mastologia – diagnósticos.
 3. Mastologia - tratamento. I. Bagnoli, Fábio.
 CDU 618.19
Índice para catálogo sistemático 
1 Mastologia.................................................................618.19
A elaboração do EBOOK seguiu o uso da medicina baseada em 
evidência para categorização dos trabalhos citados nos capítulos (grau 
de recomendação e força de evidência), utilizando-se a classificação 
proposta pela Associação Médica Brasileira (AMB, http://www.amb.org.
br) transcrita abaixo:
A: Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência 
(meta-análises ou ensaios clínicos randomizados); 
B. Estudos experimentais ou observacionais de menos consistência 
(outros ensaios clínicos não-randomizados ou estudos observacionais 
ou estudos caso-controle);
C. Relatos ou séries de casos (estudos não-controlados); 
D. Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, 
estudos fisiológicos ou modelos animais.
NÍVEIS DE EVIDÊNCIAS
ÍNDICE
CAPÍTULO 1 | EXAME FÍSICO E RASTREAMENTO CLÍNICO .....................................................................................................13
CAPÍTULO 2 | RASTREAMENTO IMAGINOLÓGICO ........................................................................................................................19
CAPÍTULO 3 | DIAGNÓSTICO MAMOGRÁFICO ................................................................................................................................25
CAPÍTULO 4 | ULTRASSONOGRAFIA MAMÁRIA ..............................................................................................................................41
CAPÍTULO 5 | DIAGNÓSTICO DA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA...............................................................................................55
CAPÍTULO 6 | BIÓPSIAS AMBULATORIAIS: PUNÇÃO ASPIRATIVA POR AGULHA FINA,
POR AGULHA GROSSA E BIÓPSIA ASSISTIDA A VÁCUO .............................................................................65
CAPÍTULO 7 | LOCALIZAÇÃO DE LESÕES NÃO PALPÁVEIS .....................................................................................................75
CAPÍTULO 8 | ESTADIAMENTO CLÍNICO DE METÁSTASES ANTES DO TRATAMENTO PRIMÁRIO ................ 87
CAPÍTULO 9 | TUMORES BENIGNOS .....................................................................................................................................................95
CAPÍTULO 10 | MASTALGIA .......................................................................................................................................................................101
CAPÍTULO 11 | DESCARGA PAPILAR ....................................................................................................................................................109
CAPÍTULO 12 | MALFORMAÇÕES E ALTERAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO ................................................................115
CAPÍTULO 13 | MALFORMAÇÕES E ALTERAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO 2 (GINECOMASTIA) .....................127
CAPÍTULO 14 | GALACTORRÉIA..............................................................................................................................................................131
CAPÍTULO 15 | MASTITES (GESTACIONAL, PERIAREOLAR RECIDIVANTE, INCOMUNS).......................................141
CAPÍTULO 16 | ANATOMIA PATOLÓGICA DAS LESÕES PRECURSORAS ..........................................................................161
CAPÍTULO 17 | HIPERPLASIA DUCTAL ATÍPICA E HIPERPLASIA LOBULAR ATÍPICA ..............................................167
CAPÍTULO 18 | CARCINOMA DUCTAL IN SITU: DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO ............................................171
CAPÍTULO 19 | CARCINOMA LOBULAR IN SITU ...........................................................................................................................177
CAPÍTULO 20 | EPIDEMIOLOGIA ............................................................................................................................................................189
CAPÍTULO 21 | IDENTIFICAÇÃO DE PACIENTES DE ALTO RISCO (ESPORÁDICO E HEREDITÁRIO) ...............199
CAPÍTULO 22 | SÍNDROMES DE PREDISPOSIÇÃO HEREDITÁRIA AO CÂNCER DE MAMA ....................................217
CAPÍTULO 23 | MANEJO CLÍNICO E MEDICAMENTOSO DAS PACIENTES DE ALTO
RISCO ESPORÁDICO E HEREDITÁRIO ............................................................................................................237
CAPÍTULO 24 | CIRURGIA REDUTORA DE RISCO EM PACIENTES DE ALTO RISCO
HEREDITÁRIO E ESPORÁDICO .............................................................................................................................249
CAPÍTULO 25 | ANATOMIA PATOLÓGICA DO CARCINOMA MAMÁRIO .............................................................................255
CAPÍTULO 26 | ESTADIAMENTO PATOLÓGICO DO CARCINOMA MAMÁRIO ................................................................269
CAPÍTULO 27 | PERFIL GENÉTICO / BIOMOLECULAR DO CARCINOMA MAMÁRIO .................................................277
CAPÍTULO 28 | TRATAMENTO CIRÚRGICO CONSERVADOR CLÁSSICO DA MAMA ...................................................287CAPÍTULO 29 | CIRURGIA ONCOPLÁSTICA NO TRATAMENTO CONSERVADOR
– RETALHOS GLANDULARES ................................................................................................................................299
CAPÍTULO 30 | CIRURGIA ONCOPLÁSTICA NO TRATAMENTO CONSERVADOR
– RETALHOS LOCO-REGIONAIS NÃO MAMÁRIOS ....................................................................................309
CAPÍTULO 31 | ABORDAGEM CIRÚRGICA DA AXILA ...................................................................................................................317
CAPÍTULO 32 | MASTECTOMIA ..............................................................................................................................................................323
CAPÍTULO 33 | MASTECTOMIA PRESERVADORA DE PELE E DO COMPLEXO AREOLO-PAPILAR ...................329
CAPÍTULO 34 | RECONSTRUÇÃO MAMÁRIA COM EXPANSORES DE TECIDOS ..........................................................339
CAPÍTULO 35 | RECONSTRUÇÃO MAMÁRIA COM PRÓTESES, EXPANSORES E MATRIZ
DÉRMICA ACELULAR ..................................................................................................................................................355
CAPÍTULO 36 | RECONSTRUÇÃO MAMÁRIA COM RETALHO MIOCUTÂNEO TRANSVERSO
DO RETO ABDOMINAL (TRAM) .............................................................................................................................365
CAPÍTULO 37 | RECONSTRUÇÃO COM RETALHO DO MÚSCULO LATÍSSIMO DO DORSO ...................................383
CAPÍTULO 38 | RECONSTRUÇÃO MAMÁRIA COM RETALHOS MICROCIRÚRGICOS .................................................391
CAPÍTULO 39 | TRATAMENTO CIRÚRGICO DA PACIENTE METASTÁTICA ......................................................................397
CAPÍTULO 40 | LIPOENXERTIA ...............................................................................................................................................................411
CAPÍTULO 41 | RECONSTRUÇÃO DO COMPLEXO ARÉOLO-PAPILAR ..............................................................................419
CAPÍTULO 42 | FISIOPATOLOGIA E MANEJO DA CONTRATURA CAPSULAR .................................................................429
CAPÍTULO 43 | MANEJO CIRÚRGICO DAS COMPLICAÇÕES OPERATÓRIAS .................................................................439
CAPÍTULO 44 | COBERTURAS ESPECIAIS NAS COMPLICAÇÕES PÓS CIRÚRGICAS DAS MAMAS ....................445
CAPÍTULO 45 | QUIMIOTERAPIA NEOADJUVANTE .....................................................................................................................453
CAPÍTULO 46 | TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO ADJUVANTE DO CÂNCER DE MAMA ........................................479
CAPÍTULO 47 | TERAPIA ALVO EM HER2 POSITIVO - NEO E ADJUVANTE .....................................................................489
CAPÍTULO 48 | HORMONIOTERAPIA NEO E ADJUVANTE .......................................................................................................497
CAPÍTULO 49 | NOVAS TERAPIAS ALVO ............................................................................................................................................507
CAPÍTULO 50 | MANEJO DA PACIENTE METASTÁTICA ..............................................................................................................519
CAPÍTULO 51 | CUIDADOS PALIATIVOS ............................................................................................................................................525
CAPÍTULO 52 | RADIOTERAPIA ..............................................................................................................................................................541
CAPÍTULO 53 | RADIOTERAPIA HIPOFRACIONADA NO CÂNCER DE MAMA ...............................................................549
CAPÍTULO 54 | RADIOTERAPIA DAS LESÕES METASTÁTICAS .............................................................................................557
CAPÍTULO 55 | DOENÇA DE PAGET .....................................................................................................................................................565
CAPÍTULO 56 | CARCINOMA OCULTO DE MAMA .........................................................................................................................571
CAPÍTULO 57 | CARCINOMA INFLAMATÓRIO DA MAMA ........................................................................................................579
CAPÍTULO 58 | CÂNCER DE MAMA MASCULINO .........................................................................................................................589
CAPÍTULO 59 | CÂNCER DE MAMA E GESTAÇÃO ..........................................................................................................................597
CAPÍTULO 60 | REABILITAÇÃO FÍSICA NO CÂNCER DE MAMA ...........................................................................................609
CAPÍTULO 61 | MANEJO DOS SINTOMAS CLIMATÉRICOS APÓS O TRATAMENTO DO CÂNCER DE MAMA .....623
CAPÍTULO 62 | SEGUIMENTO DAS PACIENTES TRATADAS DE CÂNCER DE MAMA .................................................629
CAPÍTULO 63 | PÓS-TRATAMENTO DO CÂNCER DE MAMA ....................................................................................................637
CAPÍTULO 64 | ASPECTOS PSICOLÓGICOS DAS PACIENTES TRATADAS POR CÂNCER DE MAMA .................641
RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO 
DAS DOENÇAS MAMÁRIAS
 1
EXAME FÍSICO E 
RASTREAMENTO CLÍNICO
MONICA TRAVASSOS 
Pós Graduada em Oncologia Clínica pelo Hospital Gafree Guinle
Tesoureira geral e secretária geral da AMB (2011-2016)
Assessora da presidência SBM (2017-2019)
LUCIANA NAIRA 
Fellow pelo IEO
Chefe do serviço de Mastologia hospital Português
MILENA ISSA
Chefe do serviço de Mastologia do hospital do Servidor do Estado RJ
Palavras Chave: 
 Exame físico, mamas
CAP. 01 MASTOLOGIA: DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO
14
INTRODUÇÃO
O Brasil, a partir da década de 60, começou 
controlar mais as doenças infectocontagiosas, assim 
como a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade. 
Com a industrialização, iniciada neste mesmo pe-
ríodo, a mulher, aumentou sua estimativa media 
de vida, se inserindo, mais no mercado de traba-
lho, modificando alguns hábitos, como a primeira 
gestação, alimentação e acumulo de afazeres, entre 
eles os domésticos, levando por muitas vezes, retar-
do em consultas medicas de rotina. Concomitante-
mente notou-se uma curva ascendente do Câncer 
De Mama(CM).
O EXAME FÍSICO(EF) ou exame clini-
co das mamas, é o exame realizado por médi-
cos, bem treinados com a estrutura mamaria. 
É sabido que o CM leva em media cerca de 8 a 10 
anos para atingir 10mm (1cm), fase esta conhecida 
como pré-clínica, onde muitos tumores, ainda não 
são palpáveis, e de certa forma, impacta na forma 
de tratamento do CM.
Para um exame físico bem feito e com o pro-
posito de diagnosticar tumores nesta fase, deverá 
ser minucioso, o que demanda tempo, experiência e 
conhecimento das principais alterações mamarias. 
A visita ao mastologista, não se caracteriza 
somente pela palpação e inspeção, mas requer um 
bom dialogo com a paciente.
Neste momento, o dialogo funciona como um 
treinamento, por muitas vezes orientador de metas edu-
cacionais, desmitificando duvidas e conceitos retrógra-
dos, que dificultam o controle da saúde das mamas.
No Brasil, com o precário sistema de saúde, 
que não conta com um programa de rastreamento 
eficaz, pois a imagem é muito mal distribuída, esta 
propedêutica, torna-se cada vez mais apropriada, 
para a nossa realidade.
Na verdade, o EF, auxiliará, quais estudos adi-
cionais deverão ser utilizados para aquele determi-
nado caso, personalizando a forma de abordagem. 
O AUTOEXAME, que seria um exame de auto co-
nhecimento das mamas, realizado pelas próprias 
mulheres, apesar de cientificamente, não ter um 
impacto real na mortalidade, pode, em alguns ca-sos, detectar o CM, em fase inicial, devendo ser 
incentivado, e, mostrar que ao ser detectada algu-
ma alteração, o mastologista deve ser procurado. 
Metodologicamente, o EF, divide-se em três partes, 
a saber: Anamnese ,Inspeção e Palpação
ANAMNESE
Consiste no primeiro contato verbal para ob-
tenção de informações dirigidas, da semiologia ma-
maria.
Devera saber, Historia fisiológica com a idade 
da menarca, ciclos menstruais, paridade, aleitamen-
to, menopausa, historia familiar para CM e outros can-
ceres, com a idade da probanda, historia pregressa de 
cirurgias mamarias, com seus diagnósticos, hábitos 
alimentares e atividades físicas, estabelecendo com 
a paciente um contato de confiança e tranquilizador. 
Visto que muitas, já chegam a consulta com grande 
temor do CM. 
INSPEÇÃO
A inspeção dar-se-á de duas maneiras: estáti-
ca e dinâmica.
A inspeção estática é realizada com a paciente 
em pé ou sentada, desnuda na porção torácica, num 
local bem iluminado, e com os braços relaxados ao 
longo do corpo, será observado tamanho, coloração, 
contorno, simetrização das mamas e do complexo 
aréolo-papilar, abaulamentos ou retrações de pele. 
A inspeção dinâmica é a continuação do procedi-
mento anterior, aonde pede-se para a paciente ele-
var os braços e contrair uma mão contra a outra, 
atrás da nuca, verificando o aparecimento de retra-
ções e ou abaulamentos, colocar logo após as mãos 
no quadril, e observar se existe alguma alteração. 
A inspeção visual, independente parece não contri-
buir para detecção precoce do CM, poucos estudos 
avaliam esta contribuição.
No entanto um estudo canadense de 1982,re-
porta apenas 4% de casos de CM detectados na 
ispeçõ(1% retração cutânea, ou de papila e 3% de 
alteração areolo-papilar).
PALPAÇÃO
A terceira parte do EF, é sem sombra de dúvi-
das, a fase mais importante da propedêutica clínica 
na mastologia.
São levadas as seguintes considerações: as di-
mensões, forma, contornos, superfície, consistência 
e sensibilidade do tecido mamário.
MASTOLOGIA: DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO
15
CAP. 01
A palpação, propriamente dita, far-se-á com uma 
ou as duas mãos, utilizando as polpas digitais, em movi-
mentos rotatórios, e não as pontas dos dedos, para evitar 
um eventual deslocamento ou mesmo deixar de palpar 
um nódulo, que deverá começar superiormente na re-
gião da clavícula, inferiormente até o limite inferior das 
costelas, medialmente o esterno e lateralmente a linha 
média axilar. Fazendo uma pressão, sem exercer descon-
forto para paciente, avaliando criteriosamente todos os 
quatro quadrantes e a região medial. A Paciente deverá 
estar sentada e com os braços atrás da nuca, e, pos-
teriormente deitada com os braços também elevados. 
A abordagem clinica axilar, a paciente deverá per-
manecer sentada ao longo dos flancos e em ligeira 
abdução, e com um dos membros superiores apoia-
-se no antebraço do examinador e com a mao con-
tralateral, faz-se leve compressão, entre as mar-
gens dos músculos grande peitoral e grande dorsal. 
A expressão da papila é parte integrante do EF, poden-
do assim identificar as possíveis secreções, sua colora-
ção, se ducto único e se existe algum ponto de gatilho. 
A maior parte dos casos de CM se manifesta 
como uma formação nodular. Exemplificado num 
estudo do Instituto Nacional Tumores de Milão, 
com 2107 casos operados de CM, de 1987-1989, fo-
ram clinicamente observados como, Nódulo 1300 
casos(61,7%), Nódulo e retração cutânea 596 ca-
sos(28,3%), Nódulo e secreção 76 casos(3,6%), 
Retração cutânea 51 casos(2,4%), Alterações da 
papila 42 casos(2%), Secreção sanguinolenta 34 ca-
sos(1,6%), Linfoadenopatia axilar 8 casos(0,8%).
A densidade mamária irá influenciar, na sen-
sibilidade da detecção do CM, que esta intimamen-
te ligada a idade, status menopausal, utilização de 
hormônios e ao peso corporal, modificando a estru-
tura mamaria.
RASTREAMENTO CLÍNICO
O câncer de mama é o tipo de câncer que possui 
a maior incidência e a maior mortalidade na popula-
ção feminina em todo o mundo, tanto em países em 
desenvolvimento quanto em países desenvolvidos. 
Para o Brasil, em 2016, são esperados 57.960 casos 
novos de câncer de mama, sendo desses, apenas 
10% com diagnóstico de tumores até 2 cm. O risco 
estimado de câncer de mama é de 56,20 casos a 
cada 100 mil mulheres  (Inca – 2016)
Em 2012, a OMS publicou a Classificação para 
Tumores de Mama – 4ª edição, na qual reconhece 
mais de 20 subtipos diferentes da doença, explican-
do dessa forma, o comportamento heterogêneo com 
relação à clínica e à morfologia. (OMS). Devido essa 
heterogeneidade, sua história natural é bastante 
diversa, implicando assim, em diversas abordagens 
de prevenção e métodos de diagnósticos precoces. 
 Enquanto o rastreamento mamográfico tem 
sua importância confirmada através da diminuição 
da mortalidade câncer-específica, controvérsias 
ainda existem em relação ao EF das mamas , nes-
se contexto dos programas de rastreio. Entretanto, 
de acordo com Canadian National Breast Screening 
Study (cnbss) , não houveram diferenças na sobrevi-
da em 13 e 25 anos, entre as mulheres submetidas 
ao rastreamento mamografico associada a exame 
clinico periódico, versos apenas exame clínico. 1-3. 
Críticas e considerações devem ser pontuadas em 
relação a publicação canadense: O exame clínico 
era realizado antes da seleção aleatória e deveriam 
estar “normais” para serem incluídas na randomiza-
ção do estudo. 4
Dados do programa de Rastreio de Ontario 
demonstraram que a mamografia e o exame clínico 
realizados com equipe de enfermagem treinada por 
especialistas, obtiveram maior sensibilidade com-
parado à apenas mamografia, porém com maior nú-
mero de falsos positivo5,6,7
A eficácia do EF não tem sido confirmada atra-
vés de ensaios clínicos bem desenhados e controla-
dos.8. Por esse motivo, os principais Guidelines (Ca-
nadian Task Force on Preventive Health Care9, U.S. 
Preventive Services Task Force8,10, American Cancer 
Society11, U.K. National Health Services12, e World 
Health Organization13 não recomendam o ECM. En-
tretanto, U.S. National Comprehensive Cancer Net-
work14, the American College of Obstetricians and 
Gynecologists15, e Memorial Sloan Kettering Cancer 
Center16 ainda mantém o EF associado ao rastreio. 
Consideram, dessa forma, uma opor-
tunidade de orientar e informar as mulhe-
res sobre suas mamas, a importância do diag-
nóstico precoce, orientações quanto fatores 
de risco e auto-conhecimento de seu corpo. 
É bem conhecido que nem todos os tumores são 
detectados através do rastreio mamografico e que 
CAP. 01 MASTOLOGIA: DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO
16
este não engloba todas as faixas etárias.11,12,14,16
Recentemente, L. Provencher et al17 publi-
cou um trabalho retrospectivo envolvendo 6.333 
mulheres diagnosticadas com CM entre 1999 e 
2010. Nesse artigo, um número significante de tu-
mores poderia não ter sido diagnosticados caso 
o EF não fosse realizado. Afirma que os tumores 
detectado apenas pelo EF eram mais agressivos e 
que o EF é de baixo custo, além de poder orien-
tar avaliações ultrassonográficas naquelas pacien-
tes onde a mamografia é negativa. Seus resultados 
foram 36.5% cânceres diagnosticados apenas por 
mamografia, 54.8% com Mamografia e EF e, em 
destaque, 8.7% diagnosticados apenas pelo EF. 
Nos anos 60, o estudo HIP confirmou que a combi-
nação de mamografia e EF por médico especialista 
levou redução na mortalidade de câncer de mama 
específica. 
Nesse estudo, a detecção em pacientes jo-
vens foi baixa e as doenças mais avançadas eram 
detectadas pelo EF.18,19 Deve-se lembrar que o 
CNBSS, um dos estudos mais importantes de ava-
liação do rastreio, previamente citado, não incluía 
um grupo para avaliar a eficácia o EF isolado.20 
Esse estudo comparou a combinação de mamogra-
fia associado a EF e autoexame versus EF e autoe-
xame. Não houve benefício nas mulheres jovens 
entre 40-49 anos.3 Nas faixas etárias entre 50 e 
59 anos, a associação do EF a mamografia e au-
toexamenão apresentou impacto na sobrevida.1 
 Em 2016, um estudo Japonês sugeriu que o 
EF deva ser associado a mamografia no rastreio, mas 
que poderia ser omitido nas mulheres com idade en-
tre 60 a 70 anos. Encontrou melhor sensibilidade e 
especificidade do EF na faixa etária de 40-50 anos.21 
 Outro estudo evidenciou que 13 % das 
mulheres com massa palpável ao EF e diagnós-
tico de CM tinham mamografia normal nos anos 
precedentes.22 Os tumores de intervalo geral-
mente apresentam características mais agres-
sivas23 e provavelmente, correspondiam a esses 
tumores detectados apenas ao EF , nesse estudo. 
 Nos países em desenvolvimento , o EF mui-
tas vezes é a única opção de rastreio oferecida , e 
dessa forma, pode-se detectar tumores em estadios 
menos avançados se o acesso ao profissional espe-
cialista for garantido.24 
Existem , portanto, dados de literatura que 
suportam e enfatizam a importância do EF no con-
texto atual. Por vezes, representa a única técnica 
que detecta o câncer de mama em determinadas 
pacientes, principalmente naquelas que não estão 
sob programas de rastreio. Deve-se salientar que a 
eficácia do EF depende de uma curva de aprendi-
zado, e que os mastologistas devem cada vez mais 
utiliza-lo, permitindo melhor acurácia. Importante 
também frisar que nas situações em que há alguma 
queixa clínica, o EF deve ser realizado antes de qual-
quer avaliação ou resultado de exames de imagem. 
 A literatura sugere que o EF constitua uma 
ferramenta de rastreio na população geral, e que 
deveria ser parte do rastreio oportunístico nas mu-
lheres assintomáticas mas sob Terapia Hormonal, 
alto risco , mamas densas, história familiar, muta-
das, lesões atípicas da mama e história pessoal de 
CM.25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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SA. Twenty five year follow-up for breast can-
cer incidence and mortality of the Canadian 
National Breast Screening Study: randomised 
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59 years. J Natl Cancer Inst 2000;92:1490–9.
3. Miller AB, To T, Baines CJ, Wall C. The Canadian 
National Breast Screening Study–1: breast can-
cer mortality after 11 to 16 years of follow-up. 
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5. Chiarelli AM, Majpruz V, Brown P, Theriault M, 
Shumak R, Mai V. The contribution of clinical 
breast examination to the accuracy of breast 
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CAP. 01
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2
RASTREAMENTO 
IMAGINOLÓGICO
Palavras Chave: 
 Mamografia, rastreamento, câncer de mama
ANASTASIO BERRETTINI JUNIOR
Professor Convidado de Mastologia da Universidade São Francisco – SP
Pós Graduando da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP
Fellow Instituto Europeu de Oncologia, Milano, Itália
CAP. 02 MASTOLOGIA: DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO
20
INTRODUÇÃO
Devido à sua prevalência, o câncer de mama 
determina um grande empenho da comunidade 
científica em definir as melhores condições de ras-
treamento e detecção da doença. 
 As decisões acerca deste assunto requerem 
avaliação de efetividade, os efeitos indesejados 
dos exames e as condições de riscos individuais. 
Segundo diretrizes da Organização Mundial 
de Saúde, o rastreamento é considerado efi-
caz quando atinge 70% da população alvo1(A). 
 A Rede Goiana de Pesquisa em Mastologia 
em associação com a Sociedade Brasileira de Mas-
tologia2(A) publicou uma pesquisa sobre o rastrea-
mento brasileiro no Sistema Único de Saúde, mos-
trando uma cobertura nacional de 24,8%. Quando 
estratificado por estados, encontrou-se a menor co-
bertura no estado do Pará (7,5%) e maior cobertura 
no estado de Santa Catarina (35,7%). Estes dados 
demonstram claramente a falta de políticas públi-
cas eficazes direcionadas ao rastreamento do cân-
cer de mama no Brasil, e as diferenças decobertu-
ra à saúde que um país de dimensões continentais 
como o nosso pode produzir.
MAMOGRAFIA 
Inúmeros exames foram testados na identi-
ficação de lesões suspeitas para câncer de mama, 
porém a mamografia se mostrou o mais eficiente na 
redução de mortalidade pela doença. Ela pode de-
tectar o câncer uma a quatro anos antes de se tor-
nar clinicamente evidente 3(A). Neste mesmo estudo 
epidemiológico americano com mais de 1.000.000 
mamografias realizadas entre 2004 e 2008 mostrou 
sensibilidade de 84,4% e especificidade de 90,8%, 
com taxa de recall de 9,4%3(A).
Mamografia analógica
A radiação da mamografia atravessa o tecido 
mamário e é convertida em luz por telas fluores-
centes. Esta luz provoca uma reação química na 
emulsão do filme que é processado e exibido como 
uma imagem em escala de cinza. Em uma mamo-
grafia analógica a imagem é capturada, exibida e 
arquivada para armazenamento em um filme4.
Mamografia digital
A mamografia digital é obtida por detectores 
digitais utilizados em substituição à tela de filme. 
Os detectores convertem os fótons de raios-x em 
um sinal eletrônico. Isso é alterado para um va-
lor digital com a ajuda de um conversor analógi-
co para digital. A imagem digital é processada e 
exibida como uma imagem em escala de cinza A 
imagem digital pode ser processada pelo compu-
tador e exibida em vários formatos. O sinal digital 
pode ser enviado eletronicamente para a estação 
de visualização e exibido em monitores de alta re-
solução ou impressos também em alta resolução. 
A mamografia digital tem muitas vantagens sobre a 
mamografia de tela de filme5(A):
• Maior resolução de contraste, especialmente 
em mamas densas.
• A manipulação da imagem após a captura 
permite a detecção de alterações sutis.
• O envio eletrônico da imagem. 
• A capacidade de armazenar imagens em uni-
dades ópticas para referência futura.
• Diminuição da dose média de radiação.
Ultrassonografia 
Dados acerca da eficácia e impacto da ultras-
sonografia no rastreamento do câncer de mama de-
monstram que não deve ser utilizado como método 
principal. Deve ser utilizada como exame adicional à 
mamografia e em mulheres com mamas densas6 (B).
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
Não existem evidências para utilização da 
ressonância no rastreamento de pacientes conside-
radas de baixo risco. Segundo o Colégio Americano 
de Radiologia, a ressonância deve ser utilizada as-
sociado à mamografia em rastreamento de mulhe-
res de alto risco 
Rastreamento em mulheres de baixo risco
A maior efetividade de um exame de ras-
treamento, demonstra-se quando se avalia a re-
dução de mortalidade global e não somente so-
bre mortalidade específica. Isto é muito difícil de 
se avaliar, devido a necessidade de uma ampla 
amostra. Porém quatro estudos suecos7(A) que 
avaliaram 247.000 pacientes durante um perío-
do de 15,8 meses, demonstraram risco relativo de 
MASTOLOGIA: DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO
21
CAP. 02
mortalidade global de 0,98 (95% CI 0,96-1,00). 
 Nove estudos clínicos controlados randomi-
zados avaliando mais de 650.000 mulheres, avalia-
ram o impacto da mamografia associada ou não ao 
exame clínico, com relação à mortalidade especí-
fica por câncer de mama. Mostraram efeito prote-
tor no intervalo de idade entre 40 e 69 anos3(A). 
 Metanálise publicada em 20128(A) compreen-
dendo estudos randomizados evidenciaram redução 
de risco de 20% na mortalidade por câncer de mama. 
Vale ressaltar que a maioria destes estudos foi rea-
lizada há vários anos, quando o tratamento para 
câncer de mama era menos efetivo que atualmente. 
 Em 2009 foi publicada uma revisão siste-
mática9(A) sobre rastreamento de câncer de mama 
incluindo oito estudos avaliando a qualidade da 
mamografia, com média de seguimento de 11 
anos, mostrando um risco relativo de mortalidade 
por câncer de mama de 0.85 (95% CI 0.75 – 0.96) 
em mulheres entre 39 e 49 anos de idade, 0.86 
(0.75 -0.99) na faixa etária entre 50 e 59 anos e 
0.68 (0.54-0.87) em mulheres entre 60 e 69 anos. 
 Vários outros estudos foram publica-
dos, corroborando as evidências de que a ma-
mografia diminui a mortalidade por câncer es-
pecífica em mulheres entre 40 e 69 anos10-11(A). 
 Um novo questionamento surgiu em 2014, 
quando foi publicado um estudo de seguimento 
de 25 anos de rastreamento para câncer de mama 
chamado Canadian National Breast Screening Stu-
dy3(A), que avaliou o impacto da mamografia na 
faixa etária entre 40/49anos e 50/59 anos, e não 
encontrou impacto na mortalidade por câncer de 
mama em mulheres que receberam mamografia. Na 
faixa etária entre 50 e 59 anos, as mulheres foram 
divididas em 2 grupos, que receberam mamografia 
associado à exame clínico das mamas com dura-
ção de 5 a 10 minutos, comparadas à outro grupo 
que recebeu exame clínico somente. Mulheres en-
tre 40 e 49 anos, foram divididas em mamografia 
somente ou exame clínico somente. No seguimento 
de 25 anos, o risco cumulativo de morte por cân-
cer de mama mostrou-se o mesmo entre o grupo 
de mamografia versus exame clínico (hazard ratio 
0.99, 95% CI 0.88-1.12). Este estudo se iniciou em 
1980 e as terapias adjuvantes foram oferecidas 
às mulheres diagnosticadas com câncer de mama. 
 Interessante avaliação foi publicada na No-
ruega 12(B), num estudo coorte, que avaliou o impac-
to da introdução da mamografia comparando com 
condutas multidisciplinares, em mulheres entre 50 
e 69 anos, vivendo em diferentes regiões do país. 
O programa de rastreamento norueguês iniciou-se 
em 1996 e expandiu-se geograficamente durante 
os 9 anos seguintes. Mulheres com idade entre 50 e 
69 anos receberam mamografia de triagem a cada 2 
anos. Foram compactadas as taxas de mortalidade 
por câncer de mama em quatro grupos: dois gru-
pos de mulheres que, de 1996 a 2005, viviam em 
municípios com triagem (grupo de triagem) ou sem 
triagem (grupo não examinador); dois grupos de 
comparação histórica que, de 1986 a 1995. Foram 
analisados dados de 40 075 mulheres com câncer 
de mama. A taxa de mortalidade foi reduzida em 7,2 
mortes/100 000 pessoas-ano no grupo de rastrea-
mento, em comparação com o grupo de rastreamento 
Figura 1: Metanálise de mortalidade por câncer de mama, após 13 anos de seguimento em estudos de rastreamento de câncer de mama. Adaptado de 
Independent UK Panel on Breast Cancer Screening.8
CAP. 02 MASTOLOGIA: DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO
22
histórico (0,72 CI 95% 0.63-0,81) e 4,8 mortes/100 
000 pessoas- anos no grupo não-rastreamento em 
comparação com o grupo histórico de não rastrea-
das (0,82 CI 95%, 0,71- 0,93; P <0,001 para ambas 
as comparações), para uma redução relativa da 
mortalidade de 10% no grupo rastreamento (p = 
0,13). Assim, a diferença na redução da mortalidade 
entre os grupos atuais e históricos que poderia ser 
atribuída apenas ao rastreamento foi de 2,4 mortes 
por 100 000 pessoas/ano, ou um terço da redução 
total de 7,2 mortes. Concluiu-se que a disponibili-
dade da mamografia foi associada à uma redução 
na taxa de óbito por câncer de mama, porém repre-
sentou apenas cerca de um terço da redução total. 
 Em 2014, a International Agency for Re-
search on Cancer (IARC)13(A), com representantes 
de 16 países, analisou as evidências de 20 es-
tudos coorte e 20 estudos caso-controle, acer-
ca do rastreamento do câncer de mama. Na faixa 
etária entre 50 e 69 anos, mulheres que realiza-
ram rastreamento mamográfico apresentaram re-
dução de 23% no risco de morte por câncer de 
mama. Os dados relacionados à faixa etária entre 
40 e 49 anos foram limitados e menos efetivos. 
Após esta breve discussão sobre os principais es-
tudos acerca do rastreamento do câncer de mama, 
algumas dúvidas ainda persistem: 
• Grande parte dos estudos randomizados 
foram conduzidos antes da disponibilidade de te-
rapias adjuvantes (tamoxifeno e inibidores de aro-
matase). Sendo assim, torna-se dúbio determinar se 
o responsável pela redução de 30% de moralidade 
por câncer desde a década de 90, seja o rastrea-
mento ou o impacto das terapias adjuvantes.• Se assumirmos que o rastreamento reduz a 
mortalidade por câncer de mama em 15% e que o 
over-diagnosis e over-treatment é de 30%, significa 
que, para cada 2000 mulheres convocadas para ras-
treamento ao longo de 10 anos, uma mulher será 
salva do câncer de mama e 10 mulheres saudáveis 
serão tratadas desnecessariamente. Além disso, 
mais de 200 mulheres terão sofrimento psicológi-
co importante, incluindo ansiedade e incerteza du-
rante anos devidos aos resultados falsos positivos. 
Devido aos avanços substanciais no tratamento e 
maior consciência do câncer de mama desde que 
os ensaios foram realizados, é provável que o efeito 
absoluto no rastreamento hoje seja menor do que 
nos ensaios. Estudos observacionais recentes mos-
tram mais over diagnosis que nos estudos antigos 
e impacto menor na redução de mortalidade por 
câncer de mama específico.
Mulheres de baixo risco entre 40 e 49 anos
No Brasil, assim como em outros países em 
desenvolvimento, apresentam incidência de cân-
cer de mama entre 40 e 49 anos maior, quan-
do comparados com países desenvolvidos2,14(B). 
 Associado a este fator, alguns estudos cor-
roboram a redução de mortalidade nesta faixa etá-
ria submetida à mamografia. Estudo publicado em 
200611 (A), avaliando o impacto do rastreamento em 
mulheres nesta faixa etária mostraram redução de 
mortalidade de 25%.
Trabalho sueco publicado em 201115(A) ava-
liando o rastreamento entre 40 e 49 anos, com se-
guimento de 16 anos, mostrou redução de mortali-
dade de 29% (figura 2), sendo que no grupo entre 
40 e 44 anos foi menor (18%) comparado ao grupo 
entre 45 e 49 anos (32%). 
Figura 2. Seguimento de 16 anos de rastreamento em mulheres entre 40 
e 49 anos, com taxa de mortalidade. A linha pontilhada mostra o grupo 
não rastreado, e a linha contínua mostra o grupo submetido à mamogra-
fia. Adaptado de HellquisT BN et al. Cancer 201115
MASTOLOGIA: DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO
23
CAP. 02
Mulheres de baixo risco abaixo de 40 anos
Não existe recomendação para rastreamento 
em mulheres de baixo risco. Primeiramente pelo ris-
co extremamente baixo de se diagnosticar câncer de 
mama nesta faixa etária. Associa-se a isso, a baixa 
acurácia deste exame em mulheres jovens, determi-
nando um elevado índice de recall, número elevado 
de imagens adicionais e exames complementares. 
Em uma revisão de 117.000 mulheres que realiza-
ram mamografia antes dos 40 anos, o valor preditivo 
positivo foi extremamente baixo, 1,3%16(A). 
Mulheres de baixo risco acima de 75 anos
Não existe consenso entre o limite da idade de 
rastreamento, nem o intervalo ideal, porém sabe-se 
que a idade é o principal fator de risco para desenvol-
vimento de câncer de mama, apresentando um cres-
cimento exponencial após os 60 anos. Ao se determi-
nar a indicação de rastreamento, deve-se considerar a 
expectativa de vida, as doenças associadas e os riscos 
de morte pelo câncer. Os danos potenciais do rastrea-
mento ocorrem relativamente cedo, enquanto os be-
nefícios tendem a ocorrer após 10 anos17(B).
Mulheres de alto risco
Pacientes consideradas de alto risco para 
desenvolvimento de câncer de mama, podem ser 
alocadas em três condutas clínicas: quimioprofi-
laxia, cirurgias redutoras de risco (discutidas em 
capítulos pertinentes) e rastreamento intensivo. 
Neste grupo de pacientes, a ressonância magnéti-
ca deve ser utilizada intercalada com a mamografia 
à mamografia, realizando cada exame em 6 meses 
com intervalo18(A), iniciando-se aos 30 anos de idade. 
Segundo o Colégio Americano de Radiologia, as in-
dicações de ressonância devem seguir as seguintes 
diretrizes19(A) (TABELA 1)
RECOMENDAÇÕES DE CONDUTA
Mulheres de baixo risco
Rastreamento anual entre 40 e 74 anos de 
idade, se possível, com mamografia com técnica di-
gital. Acima de 75 anos, deve-se considerar a expec-
tativa de vida.(A)
Ultrassonografia e ressonância devem ser 
exames complementares à mamografia.
Mulheres de alto risco
Iniciar mamografia, se possível digital, aos 
30 anos, realizando anualmente. Intercalar a cada 
6 meses com ressonância magnética. Em caso de 
impossibilidade de realizar ressonância, pode-se 
associar a ultrassonografia. 
Indicações de Ressonância
Magnética em mulheres de alto risco
Tabela1. Indicações de Ressonância Magnética em mulheres de alto ris-
co. Adaptado de Saslow D et al. CA Cancer J Clin 2007; 57:75.19
CAP. 02 MASTOLOGIA: DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO
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 3
DIAGNÓSTICO 
MAMOGRÁFICO
Palavras Chave: 
Mamografia, diagnóstico, neoplasia da mama
CLÉCIO ÊNIO MURTA DE LUCENA
Mestrado e Doutorado em Medicina pelaUFMG
Professor adjunto da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais
Chefe do serviço de mastologia da santa casa de Belo Horizonte-MG
ANNAMARIA MASSAHUD RODRIGUES DOS SANTOS
Mestre em Ciências da Saúde pelo Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais
Mastologista nos Hospitais Santa Casa de Belo Horizonte-MG e IPSEMG
Tesoureira da Sociedade Brasileira de Mastologia Regional Minas Gerais
CRISTOVÃO PINHEIRO DE BARROS
Mastologista do Hospital Governador Israel Pinheiro
Diretor de Defesa Profissional da Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional de Minas Gerais
Médico do Hospital Felício Rocho
ALEXANDRE DE ALMEIDA BARRA 
Mestre e Doutor em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais
Professor Associado de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Federal de Ouro Preto
Coordenador do Serviço de Mastologia do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais
CAP. 03 MASTOLOGIA: DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO
26
INTRODUÇÃO
Câncer de mama é o câncer mais comum na po-
pulação feminina em todo o mundo, representando 
um grande desafio para reversão de uma realidade 
desafiadora em países em desenvolvimento. Consi-
derada o mais importante método de rastreamento 
do câncer de mama, a Mamografia representa uma 
ferramenta fundamental para a avaliação e escla-
recimento de diversas anormalidades encontradas 
nas mamas dos pacientes e, sobretudo, para o ras-
treamento da mesma.
Relatos primordiais da mamografia convencio-
nal são reportados desde início do século passado 
quando Albert Salomon realizou exame radiológico 
de peça de mastectomia visibilizando-se sinais que 
corresponderiam às microcalcificações mamárias. 
Em 1930, Stafford Warren realizou a primeira ma-
mografia in vivo na incidência médio-lateral. Mas 
foi o radiologista uruguaio Raul Leborgne que em 
1950 descobriu a importância de um melhor posi-
cionamento mamário e a necessidade de compres-
são mamária para uma melhor qualidade de ima-
gem. Daí em diante os avanços tecnológicos foram 
crescentes e contínuos, até alcançarmos a realidade 
do exame que temos hoje.
A mamografia é um método radiológico conven-
cional, distinguindo-se, sobretudo, pela dose espe-
cífica e adaptada ao órgão de estudo a que se des-
tina, além dos posicionamentos próprios do mesmo, 
empregando-se um equipamento adaptado para a 
sua execução que chamamos de Mamógrafo. Des-
ta forma, o que buscamos analisar na mamografia 
é diferença de densidades entre as estruturas te-
ciduais avaliadas e, assim, distinguirmos anormali-
dades de estruturas anatômicas normais, variando-
-se entre as características corporais e fisiológicas 
de cada paciente. Diversos são os fatores que po-
dem interferir nas características radiológicas das 
mamas como: idade, constituição corporal, uso de 
hormônios da pós-menopausa, cirurgias mamárias 
prévias, história reprodutiva e lactacional, dentre 
outros. Basicamente a mamografia tem duas aplica-
ções predominantes: Mamografia de Rastreamento 
que é aquela utilizada nas mulheres assintomáti-
cas para identificação de sinais radiológicos que 
possam representar um câncer de mama, antes do 
mesmo apresentar-se clinicamente; e Mamografia 
Diagnóstica que é aquela empregada em pacientes 
com queixas mamárias e que utilizamos o método 
para fazermos um estudo radiológico das mamas, 
auxiliando na definição diagnóstica das mesmas.
ASPECTOS TÉCNICOS
De importância fundamental, a qualidade 
da mamografia é influenciada por um conjunto 
de fatores como equipamento, sistemas 
de registro e processamento das imagens, 
compressão mamária, posicionamento 
adequado, experiência profissional e interesse 
do imaginologista que interpreta o exame. 
Dessa forma, a acurácia da mamografia requer 
tanto fatores técnicos, aspectos constitucionais 
FIGURA 1: Mamografia com achados radiológicos inespecíficos, nas in-
cidências convencionais médio-lateral e crânio-caudal, revelando a pre-
sença de implantes mamários em topografia retro-peitoral.
MASTOLOGIA: DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO
27
CAP. 03
mamários, bem como as características 
radiológicas da expressão tumoral.
Do ponto de vista do posicionamento, 
atualmente são preconizados no mínimo 
duas incidências primárias para cada mama 
examinada: incidência cranio-caudal e a 
incidência médio lateral oblíqua. Outras 
incidências adicionais que podem ser 
acrescentadas são a compressão seletiva, 
a magnificação ou ampliação, manobra de 
Eklund, perfil verdadeiro, e as rotações laterais. 
Dentre essas, perfil verdadeiro e as manobras de 
rotação são pouco empregados. De particular 
interesse temos a magnificação, recomendada 
para estudo detalhado das microcalcificações, 
podendo também evidenciar pequenas 
áreas de distorção morfo-estrutural; e as 
compressões localizadas, recomendadas para 
detalhamento das assimetrias focais ou nas 
lesões nodulares. Em mulheres portadoras dos 
implantes mamários, tanto aqueles alocados 
em posição retroglandular quanto na posição 
retropeitoral (Figura 1), torna-se fundamental 
a realização da manobra de Eklund (Figura 
2) e a obtenção adicional de incidências 
complementares.
RASTREAMENTO:
O câncer de mama é a causa mais frequente-
mente de morte por câncer em mulheres em todo o 
mundo1(A), a segunda principal causa de morte por 
câncer em mulheres em países desenvolvidos1(A), 
e a principal causa de morte por câncer em baixo 
e médio países de renda, onde uma elevada pro-
porção de mulheres apresentam-se com doença 
avançada, o que leva a um prognóstico ruim. O ras-
treamento para o câncer da mama tem o objetivo 
reduzir a mortalidade por esse tipo de câncer, bem 
como a morbidade associada a estágios avançados 
da doença, através da detecção precoce em mulhe-
res assintomáticas2(B).
Rastrear vem de rastro, ou vestígio, e significa in-
vestigar, inquirir, indagar, seguir rasto ou pista3. O 
termo correspondente em inglês é screening e de-
riva de scieve, ou peneira4(B).
Rastreamento é a realização de testes ou exa-
mes diagnósticos em populações ou pessoas assin-
tomáticas, com a finalidade de diagnóstico precoce 
(prevenção secundária) ou de identificação e con-
trole de riscos, tendo como objetivo final reduzir a 
morbidade e mortalidade da doença, agravo ou ris-
co rastreado4(B). O rastreio pode ser definido como 
a aplicação de testes de diagnósticos em pacientes 
assintomáticos com a finalidade de dividi-los em 
dois grupos: aqueles que têm uma condição que 
beneficiaria de intervenção precoce e aqueles que 
não5(B). O programa de rastreamento ideal consi-
dera as características do teste, as da doença e as 
da população estudada. Os critérios básicos foram 
descritos, em 1968, por Wilson e Jungner, e são os 
seguintes:
FIGURA 2: Manobra de Eklund em duas incidências (ML e CC).
CAP. 03 MASTOLOGIA: DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO
28
1. A doença deve representar um importante pro-
blema de saúde pública, relevante para a popu-
lação, levando em consideração os conceitos de 
magnitude, transcendência e vulnerabilidade;
2. A história natural da doença ou do problema clí-
nico deve ser bem conhecida;
3. Deve existir um estágio assintomático pré-clíni-
co bem definido, no qual a doença seja passível 
de diagnóstico;
4. O benefício da detecção e tratamento precoces, 
derivados do rastreamento, deve ser maior do 
que se a doença fosse tratada no momento ha-
bitual do diagnóstico;
5. Os exames que detectam a condição clínica de-
vem estar disponíveis, ser aceitáveis e com re-
sultados confiáveis;
6. O custo do rastreamento e do tratamento deve 
ser compatível com o orçamento destinado ao 
sistema de saúde como um todo;
7. O rastreamento deve ser um processo contínuo 
e sistemático.
Em relação à forma, o rastreamento pode ser opor-
tunístico, quando o indivíduo é captado pelo sistema 
ao procurar a assistência de saúde, ou organizado, 
nos casos em que ocorre de forma sistematizada e 
voltada para detecção precoce em uma população 
assintomática, com convocação da população alvo, 
para realizaçãodo teste, em intervalos regulares. 
O rastreamento organizado é geralmente realizado 
por instituições de saúde5(B). O rastreamento deve 
ser voluntário, ágil, evidenciar benefícios maiores do 
que os riscos e ser consentido mediante informações 
e orientações sobre o mesmo5(B).
Para análise dos benefícios das estratégias de 
rastreamento é necessário se identificar o impac-
to na redução da mortalidade e o impacto na di-
minuição da morbidade, por exemplo, através da 
redução da necessidade de mastectomias2(B),6(B). 
Por outro lado, a detecção do câncer de mama em 
mulheres assintomáticas pode levar a riscos, como 
por exemplo, diagnosticar um câncer que nem seria 
detectado naturalmente ao longo da vida da mu-
lher e nem estaria relacionado à sua causa de óbito, 
ou seja, um sobrediagnóstico (do inglês, overdiag-
nosis)6(B),7(B). Neste caso, o diagnóstico do câncer 
apenas transformaria a mulher em uma paciente 
com câncer, com todos os prejuízos físicos e psíqui-
cos disso, sem qualquer benefício. Além disso, outro 
risco do rastreamento é submeter mulheres assin-
tomáticas, que evidenciam alterações no exame de 
rastreamento, a reconvocações para novos exames 
de imagem, a acompanhamento, ou até mesmo a 
procedimentos invasivos. Ao final das reavaliações, 
por vezes, estas mulheres serão diagnosticadas 
como não tendo câncer de mama. Estes casos se re-
ferem a resultados falsos positivos de rastreamento 
de câncer8(B). No caso do câncer de mama, o impac-
to psicológico de ser reconvocada, após um exame 
de rastreamento, para nova avaliação (exame diag-
nóstico), tem sido relatado em vários estudos e se 
conclui que o exame de rastreamento falso positivo 
não causa ansiedade e aflição de um modo geral pe-
los procedimentos, mas apreensão relacionada es-
pecificamente à possibilidade do câncer. Entretanto, 
esse estresse é transitório e relativo ao tempo en-
tre a suspeita e a resolução com a comunicação de 
que o diagnóstico do câncer de mama foi excluído. 
O risco do exame falso positivo está diretamente 
associado à taxa de reconvocação, que por sua vez 
é influenciada pelo treinamento e experiência do 
radiologista, pela qualidade da imagem, por carac-
terísticas da mulher (densidade mamária, uso de te-
rapia hormonal, etc.) e por fatores relacionados ao 
rastreamento como, por exemplo, a dupla leitura da 
imagem8(B). Para se otimizar o balanço entre risco e 
benefício do exame de rastreamento é importante 
manter as taxas de falso-positivos baixas sem se 
perder a detecção das lesões malignas8(B).
A mamografia é o único teste de rastreamento 
que tem demonstrado redução da mortalidade re-
lacionada ao câncer de mama2(B),9(A). Não se suge-
re com isso que a mamografia seja a resposta para 
a prevenção primária ou para a cura do câncer de 
mama. Claramente a cura do câncer ou a prevenção 
segura são alvos a se almejar, mas ainda não são 
possibilidades sob a perspectiva atual. Neste cená-
rio, a mamografia pode salvar milhares de vidas10(C). 
Apenas tumores que crescem vagarosamente de 
forma a serem detectados durante os intervalos re-
gulares do teste diagnóstico, e que tem capacidade 
de metastatizar, são indicados para serem rastrea-
dos5(B). Todos os tipos de câncer exibem nuances 
MASTOLOGIA: DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO
29
CAP. 03
em sua história natural, desde lesões indolentes 
a agressivas, e a minoria é manejável por rastreio. 
Isto leva a um paradoxo em que os cânceres agres-
sivos, fatais, não serão detectados no rastreamento, 
enquanto que aqueles indolentes, lentos, com baixo 
risco de metástases, serão diagnosticados, e por ve-
zes sobrediagnosticados e sobretratados5(B).
O maior benefício do rastreamento mamográfico 
tem sido relacionado à redução da mortalidade por 
câncer de mama. Em 2002, com base em resultados 
de estudos randomizados e controlados, o Grupo 
de Trabalho The International Agency for Research 
on Cancer (IARC), da Organização Mundial de Saú-
de (OMS), concluiu que existia evidência suficiente 
para que a mamografia fosse considerada o único 
método eficaz da triagem na redução da mortalida-
de, por câncer de mama, para as mulheres 50 a 69 
anos de idade. Porém a evidencia era limitada para 
as mulheres de 40 a 49 anos de idade, e o rastre-
amento com mamografia para mulheres com me-
nos de 40 anos ou mais de 69 anos de idade, seria 
inadequado11(A). Em novembro de 2014, para atua-
lização das evidências, peritos de 16 países reuni-
ram-se novamente na IARC para avaliar os efeitos 
preventivos e adversos de diferentes métodos de 
rastreio para o câncer da mama2(B). Nesse estudo 
foram incluídos 20 trabalhos de coorte e 20 de 
caso-controle, todos conduzidos no mundo desen-
volvido (Austrália, Canadá, Europa ou Estados Uni-
dos), considerados informativos para avaliar a efi-
cácia dos programas de rastreio mamográfico, em 
sua maioria em intervalos de 2 anos2(B). A maioria 
dos estudos de mortalidade de coortes de base de 
incidência, envolvendo mulheres em rastreamento 
organizado ou em rastreamento oportunístico, re-
latou uma clara redução na mortalidade por câncer 
de mama2(B). Mulheres de 50 a 69 anos de idade, 
que foram convidadas a participar do rastreamen-
to mamográfico tinham, em média, uma redução de 
23% no risco de morte por câncer de mama; mu-
lheres que participaram rastreamento mamográfico 
organizado apresentaram maior redução no risco, 
estimado em cerca de 40%. Evidência do pequeno 
número de estudos ecológicos informativos foi am-
plamente consistente com o de estudos de coorte e 
caso-controle. Uma redução substancial no risco de 
morte por câncer de mama também foi consistente-
mente observada em mulheres de 70 a 74 anos de 
idade que foram convidadas à realização de mamo-
grafia ou que participaram de rastreamento mamo-
gráfico em diversos estudos de coorte baseados em 
incidência2(B). Poucos estudos avaliaram a eficácia 
da triagem em mulheres de 40 a 44, ou 45 a 49 
anos de idade, que foram convidados a participar 
ou que participaram de rastreamento mamográfico, 
e a redução do risco nestes estudos foi geralmente 
menos pronunciada. No geral, os dados disponíveis 
não permitem a definição do intervalo de triagem 
mais apropriado2(B).
No Brasil, o Ministério da Saúde, assessorado pela 
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias 
– CONITEC, também realizou um levantamento da 
literatura, em 2014, em busca de evidências cien-
tíficas para nortear o rastreamento populacional 
do câncer de mama12(B). Os estudos identificados 
apresentaram evidências controversas de eficácia 
com redução relativa da mortalidade por câncer de 
mama em mulheres abaixo dos 50 anos com a rea-
lização do rastreamento mamográfico em compara-
ção ao cuidado usual (sem a realização de mamo-
grafias de rastreamento). Em relação aos potenciais 
danos, detectou-se evidências de comprometimen-
to da acurácia do exame nesta faixa etária, em fun-
ção da densidade das mamas. Não se encontrou 
metanálise específica para a faixa etária de menos 
de 50 anos, sendo descritos, para as mulheres em 
geral submetidas ao rastreamento mamográfico, 
índices estimados de sobrediagnóstico entre 1% e 
30% e de falso-positivo entre 21% e 56% após dez 
mamografias anuais12(B). Entre 50 e 69 anos, tam-
bém se verificou controvérsias de eficácia quanto 
à mortalidade por câncer de mama em mulheres 
com idade entre 50 a 69 anos quando comparada a 
realização do rastreamento mamográfico versus o 
cuidado usual (sem a realização de mamografias de 
rastreamento). Em um estudo, foi descrita redução 
relativa da mortalidade nesta faixa etária de 50-59 
anos de idade: RR 0.86 (0.75-0.99) e em mulheres 
com 60-69 anos de idade: 0.68 (0.54- 0.87), ainda 
com impacto discutível na redução absoluta do ris-
co. De outra parte, no que se refere aos potenciais 
danos, não foram localizadas metanálises especí-
ficas para a faixa etária entre 50 a 69 anos, nem 
avaliação do efeito do rastreamento mamo
CAP. 03 MASTOLOGIA: DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO
30
gráfico sobre anos perdidosajustados por inca-
pacidade (DALYs) e qualidade de vida relacionada à 
saúde (HrQoL)12(B). A mulher com mais de 70 anos 
tem limitação das evidências disponíveis quanto à 
eficácia do rastreamento mamográfico em relação 
à mortalidade por câncer de mama. O único estudo 
incluído pelo Ministério indicou para a possibilida-
de de que não exista diferença na mortalidade por 
câncer de mama (incluindo a possibilidade de au-
mento do risco) com a realização do rastreamento 
mamográfico. De outra parte, no que se refere aos 
potenciais danos, não foram localizadas metanáli-
ses específicas para a faixa etária de 70 anos ou 
mais, nem avaliação do efeito do rastreamento ma-
mográfico sobre anos perdidos ajustados por inca-
pacidade (DALYs) e qualidade de vida relacionada 
à saúde (HrQoL). Não há, portanto, estudos de boa 
qualidade metodológica e nível de evidência que 
demonstrem a superioridade de benefícios em rela-
ção aos riscos de se realizar o rastreamento mamo-
gráfico em mulheres com idade de 70 anos ou mais. 
Ainda há necessidade de estudos de boa qualidade 
metodológica, inclusive desenvolvidos no cenário 
nacional atualizado, para a complementação de tais 
informações12(B).
O número necessário de mamografias de rastre-
amento para salvar uma vida do câncer de mama 
tem sido citado e varia dentre os estudos. Em inglês 
é descrito como number needed to screen (NNS) e 
tem sido comparado ao número necessário de con-
vocações evidenciado nos estudos de rastreamento, 
ou number needed to invite (NNI)13(A),14(A). Verifica-
-se que o número de mamografias necessário para 
salvar uma vida do câncer de mama em programas 
de rastreamento é menor do que o percebido nos 
estudos controlados randomizados. Para mulheres 
entre 40 e 49 anos rastreadas anualmente, estima-
-se um o NNS de 746, enquanto que o NNI nessa 
mesma população seria de 1904, ou seja, presume-
-se um acréscimo de 155% a mais de exames para 
o mesmo benefício comparando-se os exames de 
rastreamento com os realizados em estudos com 
convocação de pacientes13(A). Os trabalhos ran-
domizados e controlados na sua maioria são das 
décadas de 70 e 80, e tem limitações para refletir 
a tecnologia moderna atual de captura e interpre-
tação de imagem. Existe uma diferença conceitual 
entre mulheres rastreadas e mulheres convocadas 
para o rastreamento que não tem sido considerado 
nas discussões, inclusive leigas, sobre o assunto. Oi-
tenta e quatro mulheres necessitam ser rastreadas, 
anualmente, entre 40 e 84 anos, para se salvar uma 
vida do câncer de mama e, 5.3 necessitam ser ras-
treadas anualmente para se ganhar 1 ano de vida 
contra o câncer de mama13(A).
Em relação aos achados falso-positivos nas ma-
mografias de rastreamento na Europa, num progra-
ma de exame bianual dos 50-69anos, analisando-se 
duas décadas, o valor varia de 8 a 21% (média de 
20%), e associa-se a um risco cumulativo de proce-
dimentos invasivos em 3%8(B). Já o sobrediagnósti-
co na Europa varia de 0 a 54%, porém ao se ajustar 
as estimativas para o risco de câncer de mama e o 
tempo dos ciclos de rastreio, o sobrediagnóstico é 
menor, ocorrendo em 1 a 10% dos casos6(B).
A introdução de mamografia de rastreamento 
nos Estados Unidos foi associada a duplicação de 
detecção de câncer de mama em estágios iniciais 
de 112 para 234 casos por 100.000 mulheres, o que 
foi muito mais evidente do que a redução de es-
tágios avançados de câncer de mama que reduziu 
de 102 para 94 casos por 100.000 mulheres15(A). A 
partir dessa analise pressupõe-se que, estatistica-
mente, houve sobrediagnóstico de câncer de mama, 
em cerca de 1.3 milhões de norte americanas, em 
3 décadas, para um pequeno efeito na redução da 
mortalidade15(A). Também o estudo nacional cana-
dense de rastreamento de câncer de mama, num 
seguimento de 25 anos, não demonstrou redução 
da mortalidade por câncer de mama em mulheres, 
de 40-59 anos, rastreadas anualmente16(A). E por 
outro lado indicou que 22% dos canceres invasivos 
diagnosticados por mamografia de rastreamento se 
tratavam de sobrediagnóstico. Mas os próprios au-
tores ponderam que os resultados do estudo não 
podem ser generalizados para todos os países; e 
reforçam que a detecção precoce pode ter grande 
beneficio em áreas cujo diagnóstico ocorra em es-
tágios clínicos avançados, e com axila acometida; 
onde não haja educação e estratégia de cuidados 
clínicos eficazes para a população16(A). Porém, de-
ve-se ter em mente que a mamografia não causa 
excesso de diagnóstico ou de tratamento de câncer 
de mama, pois ainda não existe um método que dis-
MASTOLOGIA: DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO
31
CAP. 03
tinga qual câncer existente, ou diagnosticado, seria 
letal ou não requereria tratamento. Mesmo porque 
lesões malignas palpáveis, não diagnosticadas por 
mamografia, também, potencialmente, podem estar 
sendo sobrediagnosticadas ou sobretratadas10(C).
Na atualidade, de um modo geral, tem-se um 
acordo de que a mamografia de rastreamento 
deve ser oferecida rotineiramente a partir dos 50 
anos2(B),9(A),12(B),17(A). Há um conflito de defini-
ção sobre o rastreamento na faixa etária de 40 a 
49 anos e, também, sobre a idade de término do 
rastreamento2(B),9(A),12(B),17(A). O intervalo entre os 
exames varia de a cada ano e a cada dois anos9(A). 
E a idade final para o término também varia entre 
69, 74 anos e dependendo das condições clinicas da 
mulher2(B),9(A),12(B),17(A). É necessário salientar que 
mulheres com alto risco de câncer de mama devem 
ter um acompanhamento diferenciado9(A).
A Sociedade Americana de Câncer publicou, em 
outubro de 2015, suas recomendações para o ras-
treamento relatadas a seguir17(A):
1. Mamografia anual dos 45 aos 54 anos, na fai-
xa etária que se espera maior benefício na 
redução de mortalidade pelo exame, da or-
dem de 20 a 40%;
2. Mamografia bianual, ou anual, pela escolha 
da mulher, a partir dos 55 anos indo até a 
idade em que a mulher estiver saudável, 
considerando-se uma expectativa de vida de 
mais de 10 anos;
3. A mulher com idade entre 40 e 45 anos tem a 
escolha de iniciar o rastreamento anual, con-
siderando-se seus riscos e benefícios (deci-
são individualizada e compartilhada).
Em 2014, o IARC (OMS) publicou suas recomen-
dações informando que há um benefício real de 
convidar mulheres de 50 a 69 anos de idade para 
receber o rastreio2(B).
As recomendações do Ministério da Saúde do 
Brasil, publicadas em abril de 2015, concluem o se-
guinte12(B):
1. Por não se demonstrar, por meio de estudos 
de boa qualidade metodológica e nível de 
evidência, a superioridade de benefícios em 
relação aos riscos de se realizar o rastrea-
mento mamográfico em mulheres com idade 
abaixo dos 50 anos de idade e acima de 70 
anos, o Ministério da Saúde recomenda con-
tra a mamografia de rastreamento em mu-
lheres nessas faixas etárias;
2. Recomenda, mesmo que fracamente, o ras-
treamento mamográfico entre 50 e 69 anos, 
porém existe necessidade de estudos de boa 
qualidade metodológica, inclusive desenvol-
vidos no cenário nacional atualizado, para 
a complementação de informações12(B). A 
periodicidade do rastreamento com mamo-
grafia, na faixa etária recomendada deve ser 
bienal.
A Associação Brasileira de Mastologia (SBM) pre-
coniza que, em mulheres de risco habitual, o ras-
treamento mamográfico deva ser iniciado aos 40 
anos e mantido anualmente18(C). Um estudo sueco, 
de atualização de resultados, iniciado em 1982 e 
publicado em 2016, demonstrou que existe be-
nefício do rastreamento mamográfico também na 
faixa etária abaixo dos 39 aos 49 anos, da ordem 
de 40% na redução da mortalidade por câncer de 
mama19(A).
Embora haja evidência da redução de mortali-
dade por câncer de mama através do rastreamento 
mamográfico, a magnitude do efeito ainda é incerta, 
dificultando o estabelecimento entre os benefícios 
e riscos do mesmo9(A),20(A). Como o efeito foi menor 
nos ensaios randomizados de forma adequada, uma 
estimativa razoável é que haja uma redução de 15 
%, correspondendo a uma reduçãodo risco absolu-
to de 0,05% 21(A). Por outro lado, o potencial risco 
de sobrediagnóstico, que também pode gerar o so-
bretratamento, inclusive com mais mastectomias, é 
de cerca de 30% 21(A). Isso significa que para cada 
2000 mulheres rastreadas por 10 anos, uma terá 
sua vida prolongada e 10 serão tratadas desneces-
sariamente; além disso 200 terão risco de exames 
falso-positivos21(A). O quadro 1 apresenta algumas 
características de ensaios clínicos relevantes sobre 
rastreamento mamográfico22(B).
Informar a mulher convidada ao rastreamento 
sobre os riscos e benefícios do exame mamográfico 
é fundamental, e põe em discussão a questão do 
atendimento em saúde realizado com autonomia 
CAP. 03 MASTOLOGIA: DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO
32
versus com paternalismo, além de questões éti-
cas, políticas, econômicas e da geração de conflitos 
de interesse em se fazer, ou não, exames em pes-
soas assintomáticas7(B). A decisão sobre o rastreio 
mamográfico depende do equilíbrio entre benefí-
cios e malefícios e a maneira pela qual a mulher e 
seu médico pesam esses fatores concorrentes.
MAMOGRAFIA DIAGNÓSTICA
É aquela realizada em pacientes que apresentam 
alguma queixa clínica, incluindo um amplo espec-
tro de alterações, tais como: mastalgia, descarga 
papilar e nódulo. Destes sinais e/ou sintomas, em 
um estudo de Aiello et al, apenas o nódulo em pa-
cientes pós-menopausa, tem associação relevante 
com câncer de mama23(B).
Embora frequentemente vejamos orientações 
para investigação imediata, como por exemplo uma 
rápida realização da mamografia, em pacientes com 
queixas mamárias (incluindo aí forte apelo da mídia 
leiga), que possam levar a um diagnóstico de câncer 
de mama, não existem evidências científicas, que a 
mamografia diagnóstica altere a mortalidade24(B).
Dados que demonstram redução de mortalidade 
por câncer de mama em pacientes que realizaram ma-
mografia, originam-se de estudos realizados em que 
o exame foi executado com método de triagem25(B), 
26(A), 27(A), 28(A), 29(A), 30(A), 31(A), 32(A). Portanto, o prin-
cipal objetivo da mamografia é o diagnóstico preco-
ce do câncer de mama em mulheres assintomáticas. 
Desde o fim da década de 70, Moskowitz enfatizou 
esta diferença entre a triagem e a mamografia diag-
nóstica33(B).
Evidentemente diante de uma queixa mamária, 
tal como um nódulo, a mamografia pode ser um re-
curso propedêutico, pois esta pode alterar uma con-
duta cirúrgica. Por exemplo, se na vigência de um 
nódulo palpável, a mamografia mostrar, além deste, 
um extenso foco de microcalcificações suspeitas, a 
conduta cirúrgica poderá ser alterada de um trata-
mento conservador (setorectomia) para um radical 
(mastectomia).
Em poucos casos, a mamografia pode ser re-
almente diagnóstica. Um destes casos ocorre na 
presença de um nódulo palpável de consistência 
endurecida (Figuras 3 e 4). Se na mamografia visi-
bilizarmos, na mesma região da alteração clínica, 
um nódulo associado a calcificações grosseiras, fir-
ma-se o diagnóstico de fibroadenoma calcificado e 
nenhuma propedêutica adicional faz-se necessária.
ACHADOS RADIOLÓGICOS E 
CLASSIFICAÇÃO BI-RADS
O Sistema de Dados e Relatórios de Imagem da 
Mama (em inglês Breast Image Reporting and Data 
System => BI-RADS®) foi desenvolvido pelo Ameri-
can College of Radiology (ACR), com o objetivo de 
padronizar a terminologia a ser usada. Inicialmen-
te foi desenvolvido apenas para a mamografia e 
posteriormente foi extendido para o ultra-som e a 
ressonância magnética. Atualmente o BI-RADS® en-
contra-se na 5a edição, lançada em 201334(B). 
Quadro1: Compilação dos principais ensaios clínicos sobre o Rastreamento Mamográfico.
MASTOLOGIA: DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO
33
CAP. 03
Diante de um achado, a resposta inicial que deve-
mos responder é se aquilo é realmente um achado 
verdadeiro ou uma variação normal do tecido ma-
mário ou um artefato de técnica. Sendo a alteração 
real, deve-se determinar a localização, informando 
o quadrante, profundidade e distância do mamilo.
No léxico do BI-RADS®, avalia-se a composição 
da mama: mamas predominantemente adiposas, 
mamas com densidades fibroglandulares esparsas, 
mamas heterogeneamente densas, mamas extre-
mamente densas. Os principais achados mamo-
gráficos que serão discutidos abaixo, são: nódulos, 
calcificações, assimetrias, distorções arquiteturais, 
alterações cutâneas.
Nódulos
Têm representação tridimensional e deve ser 
visto em duas incidências mamográficas. As bordas 
são convexas ou parcialmente convexas. Na pre-
sença de um nódulo, deve-se avaliar a localização, 
tamanho, forma (redonda, oval, irregular), margens 
(circunscrita, obscurecida, microlobulada, indistinta, 
espiculada), densidade (alta densidade, densidade 
igual, baixa densidade, conteúdo adiposo)34(B). 
A forma redonda é usada quando o nódulo é esfé-
rico, arredondado, circular ou globular. A forma oval 
pode ter no máximo 3 ondulações. A forma irregular 
FIGURA 3: Paciente portadora de lesão tumoral suspeita, palpável, com 
correspondente tumoral espiculado e com retração cutânea associada, 
localizada em QSL de mama esquerda
FIGURA 4: Compressão localizada de lesão tumoral espiculada em cor-
respondência a lesão clinicamente evidente.
CAP. 03 MASTOLOGIA: DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO
34
não pode ser classificada como redonda ou oval.
A margem circunscrita caracteriza-se por uma 
transição abrupta entre a lesão e o tecido circunja-
cente. A obscurecida é aquela em que mais de 25% 
da margem de um nódulo circunscrito está oculta. 
Margem microlobulada é caracterizada por peque-
nas ondulações. Na margem indinstinta não existe 
demarcação nítida de toda ou parte da margem em 
relação ao tecido circunjacente. Margem espiculada 
caracteriza-se por linhas irradiadas do nódulo.
Densidade é usado para definir a atenuação dos 
raios x pela lesão em relação à atenuação de um vo-
lume igual de tecido fibroglandular normal. A maio-
ria dos nódulos malignos apresentam densidade 
igual ou maior ao tecido fibroglandular adjacente. 
Nódulos contendo gordura raramente são malignos.
Nódulos de forma irregular e margens espicula-
das, são os que apresentam maior valor preditivo 
para câncer de mama. Sickles mostrou em um es-
tudo, que menos de 5% dos nódulos com margens 
circunscritas são câncer, portanto para estes nódu-
los, seria necessário apenas o acompanhamento35(B). 
Este mesmo autor, demonstrou em outros estudos 
que isto independe do tamanho36(A) e que 3 ou mais 
lesões iguais, redondas e circunscritas, quase sempre 
são benignas - regra da multiplicidade37(B) (Figura 5).
Dentre os nódulos que apresentam característi-
cas de benignidade à mamografia, não necessitan-
do de propedêutica adicional, podemos citar: lin-
fonodo intramamário (forma reiniforme, contornos 
bem definidos, tamanho < ou igual a 1,0 cm, hilo 
radioluscente, na maioria das vezes localizado no 
QSL), o fibroadenoma calcificado (nódulo associado 
a calcificações grosseiras, tipo “pop corn”), o cisto 
oleoso (nódulo associado a depósitos de calcifica-
ções, delimitando a sua parede).
Outro sinal que é bastante sugestivo de benig-
nidade, mas não patognomônico, é o sinal de halo, 
que trata-se de uma ilusão de ótica, formando uma 
tênue e escura linha de 1mm de espessura, em tor-
no de um nódulo circunscrito38(B).
FIGURA 5: Lesões nodulares esparsas bilaterais, com padrão morfológi-
co sugerindo benignidade.
FIGURA 6: Mamografia com achados radiológicos de microcalcificações 
monomórficas difusas e esparsas, bilaterais, mais numerosas em mama 
direita.
MASTOLOGIA: DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO
35
CAP. 03
Calcificações
São depósitos de cálcio de composição ainda in-
certa. Embora os principais elementos sejam a hi-
droxiapatita de cálcio e oxalato de cálcio, existem 
também outras substâncias já identificadas. Calcifi-
cações de oxalato de cálcio são vistas à microsco-
pia, apenas quando se usa a luz polarizada24(B). De-
ve-se avaliar localização, tamanho, número, forma e 
distribuição (Figuras

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