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Aula 2 - TRANSIÇÃO SOCIOTÉCNICA

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AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTRATÉGIA DE RUPTURA E 
TRANSIÇÃO SOCIOTÉCNICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Giancarlo Leite 
 
 
02 
CONVERSA INICIAL 
A busca por mudanças, transformações e inovações passa por um 
caminho de transição, um processo que desencadeará várias etapas e níveis 
que, de forma conjunta e integrada, contribuirão para um novo modelo, o 
sociotécnico – que leva em conta vários atores no mesmo cenário. Na 
perspectiva de transição sociotécnica, as transições se dão quando há uma 
interrupção ou uma quebra no sistema, transformando-o em uma nova estrutura 
de sistema. Lawhon e Murphy (p. 357, 2012 citados por Santos, 2017) 
consideram como sistemas sociotécnicos os sistemas organizados, 
“transformados e reproduzidos por múltiplos tipos de atores e instituições 
operando dentro ou fora de uma sociedade e em diferentes níveis”. 
Nesse sentido, uma mudança pode representar uma condição e conter 
uma semente para que haja uma representatividade dos atores, uma nova forma 
de auto-organização dos elementos que compõem esta sociedade e da 
configuração que pode emergir a partir desse ponto de vista. 
CONTEXTUALIZANDO 
Vivemos em um mundo de possibilidades, no qual eclodem alternativas 
de mudanças e transformações em todos os momentos, apoiadas 
principalmente nas novas tecnologias. As transições representam estágios 
intermediários entre o modelo atual e o modelo desejado, muitas vezes ainda 
não concebido ou identificado totalmente. O que se deve fazer para lograr êxito 
num processo de mudança é planejar, preparar, antecipar as ações que podem 
conduzir a esse estado. Nesse sentido, avalie os seguintes pontos, nas 
empresas que você conhece, trabalha ou já trabalhou: 
1. Cite uma mudança recente ou em curso e quais os fatores associados a 
esta mudança, que têm ou tiveram impactos positivos e negativos sobre 
os resultados finais. 
2. Como o conhecimento da abordagem sociotécnica poderia contribuir para 
o atingimento dos resultados desejados? 
TEMA 1 – TRANSIÇÃO SOCIOTÉCNICA 
A sociedade vem passando por uma acentuada modernização, 
especialmente nas três últimas décadas, com o efeito da Revolução Industrial e, 
 
 
03 
mais recentemente, com a Revolução do Conhecimento. As informações hoje 
estão disponíveis para todos, em qualquer lugar e momento que se necessitar 
dela – basta procurar. Essa mesma velocidade de mudanças sociais e 
tecnológicas tem sido incorporada e absorvida pelas empresas, que vêm 
buscando ressignificar sua atuação e seu papel nesse contexto. 
Desideri e Machado (2018) explicam que a origem da abordagem 
sociotécnica nas organizações está relacionada aos projetos de campo 
realizados pelo Tavistock Institute em minas de carvão na Inglaterra, em 1949. O 
cenário na época caracterizava-se por baixa produtividade, altas taxas de 
absenteísmo e de rotatividade por parte dos mineradores. Motivado por esse 
contexto, o Instituto Tavistock iniciou os primeiros estudos sociotécnicos, que 
buscavam compreender e ao mesmo tempo descrever e inter-relacionar os 
aspectos técnicos, organizacionais, sociais e psicológicos do trabalho, que 
afetavam o desempenho dos mineradores. 
Mudanças foram introduzidas, então, segundo Trist (1981) e Duarte 
(1987) (citados por Desideri; Machado, 2018), e um novo fenômeno passou a 
ser observado: grupos relativamente autônomos com trocas internas de tarefa e 
reguladas com um mínimo de supervisão; a cooperação entre grupos de 
trabalho; a maior diversidade de tarefas para cada trabalhador. Como resultado 
dessa experiência, observou-se uma diminuição do absenteísmo e do número 
de acidentes, além do aumento de produtividade, com uma maior ênfase na 
qualidade de vida dos trabalhadores. 
Na visão de Garcia (1980, p. 75), a abordagem sociotécnica “é 
essencialmente uma análise e modificação da estrutura das tarefas produtivas, 
que leva a uma redefinição dos papéis sociais, de modo a neutralizar as 
possíveis, variações fundamentais que eventualmente possam ocorrer no ato de 
produção, é o que foi chamado de otimização conjunta”. Na visão de Rotmans et 
al. (2001), a transição é definida como um processo gradual e contínuo de 
mudança estrutural dentro de uma sociedade ou cultura, resultado de 
desenvolvimentos em diferentes domínios: mudanças conectadas em diferentes 
áreas, como tecnologia, economia, instituições, comportamento, cultura, 
ecologia e sistema de crenças. 
Gomes et al. (2014) consideram que a inovação visa provocar uma 
transição em um conjunto de aspectos (por exemplo: no mercado, na tecnologia, 
no produto, no modelo de negócio), sendo mais ou menos radical de acordo com 
o grau, a extensão e a trajetória da transição que ela pode representar. 
 
 
04 
TEMA 2 – CONTRIBUIÇÕES DA ABORDAGEM SOCIOTÉCNICA 
Enfatizando as características da abordagem sociotécnica como método 
de análise, Garcia (1980) destaca as contribuições potenciais e as suas 
possíveis limitações: 
Quadro 1 – Contribuições e limites da abordagem sociotécnica 
Contribuições Potenciais Características 
Estabelece um amplo quadro de 
referências para a análise e avaliação de 
processos produtivos. 
Compreende uma decomposição analítica (e 
posterior integração) de complexos processos 
produtivos em seus elementos constitutivos. 
A análise inteligente e crítica de cargos, 
tarefas, papéis sociais que compõem os 
processos produtivos. 
Compreende o delineamento criativo das novas 
atividades e sistemas de produção. 
A introdução de valores humanísticos no 
delineamento de cargos e sistemas 
produtivos. 
Este projeto de novas atividades produtivas 
requer a articulação clara de valores 
substantivos e humanos. 
Possíveis Limitações Características 
Redução dos horizontes existenciais dos 
membros individuais. 
Compreender como analisar os principais 
aspectos da estrutura na constituição dos 
grupos sociais em um ambiente de trabalho, 
como: proximidade física dos membros 
individuais, nível de habilidade profissional 
requerida, fluxo de informações, 
interdependência e amplitude das tarefas 
requeridas. 
Redução da capacidade individual dos 
participantes para decodificar problemas 
existenciais mais amplos. 
Compreender que o grupo de trabalho de 
qualquer organização faz parte de um contexto 
mais amplo. 
Falta de um modelo autodeterminado da 
ação humana. 
 
Compreender que é o sistema humano-social 
que dá sentido ao sistema técnico, integrando 
uma visão que consagre a autodeterminação de 
seres humanos – conscientes e ativos. 
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Garcia, 1980. 
Para Garcia (1980, p. 72), o objetivo principal da abordagem sociotécnica 
gira em torno de uma ideia central da abordagem, conhecida como princípio da 
otimização conjunta: 
É o de desvendar os requisitos principais de qualquer sistema 
tecnológico e as possíveis influências destes sobre o desempenho do 
sistema social, de modo que a eficácia do sistema produtivo total 
dependeria da adequação do sistema social em atender os requisitos 
do sistema técnico. 
TEMA 3 – GESTÃO DA TRANSIÇÃO SOCIOTÉCNICA 
A compreensão do processo de transição para um novo modelo ou 
sistema requer estudos e entendimentos de gestão de mudanças, de pesquisa, 
 
 
05 
avaliação, planejamento e gestão do novo. O processo de gestão de transição 
impõe uma visão evolucionista, subdividindo-se em quatro estágios: 
Estruturação de problemas e visão de objetivos: os participantes 
associados ao regime sociotécnico existente deliberam sobre os 
problemas e debatem as opções para estabelecimento das metas de 
longo prazo, os quais se tornam políticas públicas. Ênfase na 
aprendizagem mútua, consenso e percepção dos problemas. 
Construção de cenários para desenvolver metas sustentáveis com 
base na visão sociotécnica. As visões são provisórias e abertas a 
revisão. 
Percursos de transição e experiências: identificação das vias para o 
desenvolvimentode práticas sociotécnicas. Criação e desenvolvimento 
contínuo de um portfólio de nichos abrangendo diferentes 
possibilidades. 
Aprendizagem e adaptação: Elos essenciais entre os objetivos a 
longo prazo, os caminhos sociotécnicos e ações de curto prazo com 
experimentos de nichos. 
Institucionalização da mudança implementada: reconhecido como 
mais importante e política e economicamente mais difícil. Trata-se da 
institucionalização de práticas emergente e sustentáveis de regimes 
sociotécnicos e exigem reforma política, investimento em infraestrutura, 
reestruturação de mercado, cidadão mobilizado e mudança no 
comportamento do consumidor (Smith; Stirling, 2008 citados por 
Santos, 2017) 
Essa visão evolucionista é alcançada na medida em que os novos 
cenários são identificados e as mudanças possíveis são institucionalizadas e 
implementadas como práticas emergentes e sustentáveis. 
Figura 1 – Estágios do processo de transição 
 
Fonte: Smith; Stirling, 2008 citados por Santos, 2017. 
 
 
06 
A figura mostra a dinâmica de transição em sete etapas, desde a 
compreensão do regime, do nicho, do papel dos atores nesses processos até a 
identificação do processo de transição em si. Geels (2004, citado por Gomes et 
al., 2016) propõe um framework na perspectiva multinível que permite 
compreender analítica e conceitualmente a evolução e a coevolução de 
inovações a partir de quatro níveis: 
Panorama (landscape): Uma estrutura externa ou um contexto para a 
interação entre os atores que influencia o comportamento, mas não 
pode ser modificado pelos atores. 
Regimes sociotécnicos (patchwork of regimes): Referem-se a 
elementos (ex.: regras, recursos etc.) que permitem e constringem a 
atividade dentro de determinada comunidade, diferentemente do 
“panorama”, que se refere aos fatores externos mais amplos. 
Nichos tecnológicos (niches): Vistos como locus de incubação e 
desenvolvimento de inovações radicais. Nichos são locações que se 
desviam das regras do regime prevalecente. Podem ser formados por 
pequenos mercados, com critérios de seleção baseados em alto 
desempenho de tecnologia, produto ou serviço. As regras são menos 
claras e articuladas em nichos e as incertezas presentes em um nicho 
podem ser diversas, incluindo aquelas relacionadas aos aspectos 
técnicos e às heurísticas de buscas. 
De acordo com o que sugerem Markard, Raven e Truffer (2012, citados 
por Silva; Zen, 2014/2015), a transição envolve uma gama de mudanças em 
diferentes dimensões – tecnológica, organizacional, institucional, material, 
política, econômica e sociocultural –, as quais criam as configurações 
necessárias para a construção dos contextos que podem ser modificados. 
TEMA 4 – FATORES QUE IMPACTAM A TRANSIÇÃO SOCIOTÉCNICA 
A ideia de mudança ou transformação que envolve estágios de transições 
é acompanhada de muita incerteza e dúvidas a respeito de uma série de riscos 
associados, relacionados sempre à presença de um contingente de fatores – 
incluindo atores e variáveis – que tem o potencial de limitar ou impulsionar o 
desempenho social com aspectos positivos e negativos correlacionados em um 
novo nível de desenvolvimento. Sachs (2008, citado por Silva, 2014), explica a 
mudança no modelo de desenvolvimento: 
Consegue designar, ao mesmo tempo, o surgimento de subsídios para 
a sobrevivência humana no meio, bem como um novo enfoque de 
planejamento e gestão, no qual as práticas atuais redirecionam suas 
ações para questões mais amplas e coletivas, demonstrando um 
diferente papel a ser praticado pelos atores envolvidos. 
Para Smith, Voɞ e Grin (2010, citados por Silva; Zen, 2014/2015), 
algumas ideias fornecem uma linguagem para melhor organizar o processo de 
 
 
07 
transição, o que condiciona interações entre diferentes atores em busca de um 
melhor contexto de mudança na sociedade, os quais são apresentados na figura 
a seguir a partir de uma noção complexa: 
Figura 2 – Rede multiatores envolvendo regimes sociotécnicos 
 
Fonte: Traduzido de Geels, 2002, p. 1260, citado por Silva; Zen, 2014/2015. 
A transição compreende a visualização de configurações possíveis a 
partir do entendimento de que múltiplos atores impactam o sistema e levam a 
este novas configurações e novas interações sociotécnicas. Geels (2010, citado 
por Silva; Zen, 2014/2015) explica que as transições sociotécnicas podem ser 
entendidas como uma nova visão para a solução de problemas com 
preocupações da sociedade. Isso porque, a partir de dinâmicas complexas, 
vários atores se relacionam com objetivos comuns e se influenciam, 
direcionados para uma mudança coletiva e prática para continuidade. 
TEMA 5 – INOVAÇÃO E TRANSIÇÃO SOCIOTÉCNICA 
Em relação a um dilema essencial que recobre o debate em torno de meio 
ambiente e avanço tecnológico, Andrade (2004, p. 93) questiona: risco ou 
inovação? 
A instabilidade, o risco e a contingência são temas recorrentes no 
pensamento social contemporâneo. Os teóricos do risco apontam que 
o mundo atual precisa se preparar para lidar com as inconstâncias e 
 
 
08 
instabilidades recorrentes oriundas da prática científica e tecnológica, e 
que somente mediante a vigilância e precaução constante é possível 
gerenciar os riscos da modernidade. Toda prática inovativa, assentada 
em resultados incertos e instáveis, representa potencialmente um risco 
para as instituições e relações sociais. 
 A inovação é considerada como base de transição para as mudanças 
reais que se querem implementar em uma organização ou na sociedade, algo 
como uma ferramenta ou instrumento de apoio. Silva e Zen (2014/2015) 
ressaltam que a inovação se refere ao estudo e à descoberta por meio do 
desenvolvimento, imitação e adoção de novos produtos, novos processos 
produtivos e novas estruturas organizacionais. Desse modo, o processo de 
inovação envolve a incerteza na busca de soluções com base numa combinação 
de conhecimentos derivados de instituições públicas e privadas. 
Andrade (2004) argumenta que uma série de fatores determina o rumo da 
inovação, como os interesses políticos, econômicos e sociais, que 
conjuntamente podem influenciar as pesquisas e os grupos de inovação na 
busca de novas ideias e soluções criativas. Há uma causalidade entre 
investimentos em inovação e o aumento no número de descobertas e patentes 
decorrentes, o que, numa condição de modernidade, justifica a necessidade de 
se incorporar a perspectiva da inovação aos debates empresariais e sociais, 
como uma etapa relevante da abordagem sociotécnica e dos estágios de 
transição entre o atual e o novo. 
Há uma sutil diferença entre inovação e transição, na visão de Mendonça, 
Cunha e Nascimento (2013, p. 5): 
A transição [...] denota uma mudança de longo prazo, envolvendo 
sistemas que servem as funções básicas da sociedade, abrangendo 
ainda tanto as dimensões técnicas, como as dimensões socioculturais, 
distinguindo, dentro de um processo coevolucionário, o conceito de 
transição e processos incrementais [...], haja visto que a transição é um 
processo não linear e gradual que envolve mudanças estruturais, 
consistindo em um conjunto de mudanças conectadas em tecnologia, 
economia, instituições, comportamentos, cultura, ecologia e sistemas 
de crenças que se reforçam e cuja natureza e velocidade da mudança 
difere em quatro estágios [figura 3]: pré-desenvolvimento, saída, 
aceleração e estabilização [...]. 
 
 
 
 
 
 
 
09 
Figura 3 – Fases do processo de transição 
 
Fonte: Adaptado de Hafkesbrink, 2007; Kemp; Rotmans, 2010, citados por Mendonça; Cunha; 
Nascimento, 2013, p. 5. 
Na concepção de Geels (2004, citado por Mendonça; Cunha; Nascimento, 
2013, p. 5), essas três dimensões podem assumir seis relações, destacando-se: 
a) os atores reproduzem os elementos e as relações no sistema 
sociotécnico em suas atividades; 
b) percepções e (inter)ações dos atores e organizações são guiadas 
pelas regras; 
c) por outro lado, atores carregam e (re)produzemas regras em suas 
atividades; 
d) o sistema sociotécnico forma um contexto estruturado para a ação 
humana; 
e) regras não são apenas compartilhadas nos grupos sociais e 
carregadas pelos atores, mas podem também estar incorporadas 
nos artefatos e práticas; 
f) tecnologias tem um certo grau de dificuldade e por isso podem ser 
mais difíceis de mudar do que regras e leis. 
A percepção a respeito das mudanças que representam transições e suas 
relações estão diretamente ligadas aos aspectos culturas das organizações, dos 
atores e das variáveis que protagonizam essas relações e essa tecnologia. 
Diferentes níveis de inovação e transição decorrem dessas relações entre os 
elementos, nos quais a interação entre os atores pode ser guiada e influenciada 
pelo nível tecnológico da organização. 
 
 
 
 
 
 
 
010 
FINALIZANDO 
No início desta aula, foi proposta uma reflexão: 
1. Cite uma mudança recente ou em curso numa determinada empresa e os 
fatores associados a esta mudança que têm ou tiveram impactos positivos 
e negativos sobre os resultados finais. 
2. Como o conhecimento da abordagem sociotécnica poderia contribuir com 
o atingimento dos resultados desejados? 
As respostas para as questões para reflexão propostas são: 
1. Essa análise é individual e varia de empresa, momento ou contexto 
econômico. No entanto, os principais fatores associados às mudanças e 
que têm impacto positivo e negativo estão relacionados à cultura 
organizacional, ao tempo para implantar as mudanças, ao planejamento 
das ações, à administração do tempo, à capacitação e motivação dos 
líderes para conduzir esses processos, e à gestão das pessoas. 
2. Como a abordagem sociotécnica envolve produtividade, motivação, 
gestão, desempenho e novas condições de trabalho, toda mudança pode 
ser planejada e controlada desde sua concepção até sua implantação, 
visando a melhores resultados para os envolvidos. 
 
 
 
011 
REFERÊNCIAS 
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enfoques. Ambiente & Sociedade, v. 7, n. 1, p. 89-106, jan./jun. 2004. 
Disponível em: <http://w2.iffarroupilha.edu.br/site/midias/arquivos/201122913562
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Administração de Empresas, Rio de Janeiro, v. 20, n. 3, p. 71-77, 1980. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rae/v20n3/v20n3a06.pdf>. Acesso em: 
17 jan. 2018. 
GEELS, F. W. Technological transitions as evolutionary reconfiguration 
processes: a multi-level perspective and a case-study. Research Policy, v. 31, 
n. 8/9, p. 1257-1274, 2002. 
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multilevel perspective. Research Policy, v. 39, n. 4, p.495-510, 2010. 
GOMES, L. A. de V.; SALERNO, M. S.; FLEURY, A. L.; SARAIVA JUNIOR, A. F. 
S. Inovação como transição: uma abordagem para o planejamento e 
desenvolvimento de spin-offs acadêmicos. Production, v. 26, n. 1, p. 218-234, 
jan./mar. 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/prod/v26n1/0103-6513-
prod-0103-6513069811.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2018. 
MACHADO, A. C. M.; DESIDERI, P. E. dos Santos. A abordagem sociotécnica 
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MENDONÇA, A. T. B. B. de; CUNHA, S. K. da; NASCIMENTO, T. C. Transição 
tecnológica para sustentabilidade: relações teóricas para uma análise multinível. 
In: ENCONTRO DA ANPAD, 37., Rio de Janeiro, 2013. Anais..., Rio de Janeiro, 
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SANTOS, N. dos. Transição sociotécnica, valor transacional e relacional na 
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Disponível em <http://engemausp.submissao.com.br/19/anais/arquivos/353.pdf>. 
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012 
SILVA, M. E. da. A Estratégia de Responsabilidade Social e a Transição para 
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