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Cap 16 Des Idoso e 3

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Desenvolvimento
Psicossocial na
Vida Adulta
Intermediária cap 16
O desenvolvimento nos anos da meia-idade deve ser visto na
perspectiva de todo o ciclo de vida, mas os padrões do começo
da vida não são necessariamente projeções para os padrões da
maturidade (Lachman e James, 1997). E existem diferenças
entre o início e o final da meia-idade. Apenas compare as
preocupações de uma pessoa de 40 anos com as de uma de 60.
Hoje, naturalmente, é difícil dizer que trajetória de vida, se
houver uma, é característica. Aos 40 anos, algumas pessoas se
tornam pais pela primeira vez, e outras se tornam avós. Aos 50,
algumas pessoas estão iniciando novas carreiras, e outras estão
se aposentando precocemente. Além disso, as vidas não
progridem isoladamente. Os caminhos individuais se cruzam
com os caminhos dos membros da família, dos amigos, de
conhecidos e de desconhecidos. O trabalho e os papéis pessoais
são interdependentes, e esses papéis são afetados pelas
tendências na sociedade.
Mas que tipos de mudanças ocorrem e o que as causam? 
Diversas teorias buscaram responder essa pergunta.
MODELOS DE TRAÇO - alegava originalmente continuidade
ou consistência da personalidade após os 30 anos nos
agrupamentos dos Cinco Grandes traços
1. Neuroticismo (ansiedade, hostilidade, instabilidade)
2. Extroversão
3. Abertura para o novo
4. Conscienciosidade – traço de personalidade que indica ser
cuidadoso.
5. Amabilidade – reconhece agora uma mudança mais lenta
também durante os anos da meia-idade e da velhice.
▪ Carl G. Jung: Individuação e transcendência O psicólogo
suíço Carl Jung (1933, 1953, 1969, 1971) afirmava que o
desenvolvimento saudável da meia-idade requer
individuação, a emergência do self verdadeiro por meio do
equilíbrio ou integração das partes conflitantes da
personalidade, incluindo aquelas partes que foram
anteriormente negligenciadas. Até aproximadamente os 40
anos, afirma Jung, os adultos estão concentrados nas
obrigações com a família e com a sociedade e desenvolvem
aspectos da personalidade que os ajudarão a alcançar
objetivos externos. As mulheres enfatizam a expressividade
e a educação; os homens são primariamente orientados à
realização. Na meia-idade, as pessoas voltam suas
preocupações para o self interior, espiritual. Tanto os
homens como as mulheres buscam uma união dos opostos
expressando seus aspectos anteriormente renegados
Duas tarefas difíceis, porém necessárias, na meia-
idade são abrir mão da imagem jovem e
reconhecer a mortalidade. De acordo com Jung
(1966), a necessidade de reconhecer a mortalidade
exige uma busca por significado dentro de si
mesmo. Esse movimento de interiorização pode
ser inquietante. Contudo, as pessoas que evitam
essa transição e não reorientam suas vidas
adequadamente perdem a chance de crescer
psicologicamente.
▪ Erik Erikson: Generatividade versus
estagnação Ao contrário de Jung, que via a
meia-idade como um momento de
interiorização, Erikson descreveu-a como um
movimento para o exterior. Erikson via os anos
em torno dos 40 como a época em que as
pessoas entram em seu sétimo estágio
normativo, generatividade versus estagnação
Generatividade, como definiu Erikson, é a
preocupação de adultos maduros em estabelecer e
orientar a próxima geração, perpetuando-se através
da influência sobre aqueles que o sucedem. As
pessoas que não encontram uma saída para a
generatividade tornam-se centradas em si mesmas,
autoindulgentes ou estagnadas (inativas ou sem
vida).
A virtude desse período é o cuidado: “um
compromisso amplo no sentido de cuidar das
pessoas, dos produtos e das ideias com as quais a
pessoa aprendeu a se importar”
As pesquisas posteriores vão apoiar a teoria de Erickson
Como surge a generatividade? De acordo com um
modelo (McAdams, 2001), os desejos internos de
imortalidade simbólica, ou uma necessidade de
ser necessário, se somam às demandas externas
(expectativas e responsabilidades crescentes) para
produzir um interesse consciente na próxima
geração. Esse interesse, juntamente com o que
Erikson chamou de “crença nas espécies”, conduz
a compromissos e ações generativos.
A generatividade é especialmente proeminente
durante a meia-idade porque as demandas de
trabalho e família durante este período requerem
respostas generativas. Pais altamente generativos
tendem a ser mais envolvidos na educação escolar
de seus filhos do que pais menos generativos e
tendem a ter estilos de parentalidade
democráticos .
Generatividade, uma preocupação em orientar a 
geração mais jovem, pode ser expressa por meio 
do treinamento ou do aconselhamento. A 
generatividade pode ser o segredo para o bem-
estar na meia-idade.
Como o desafio central da meia-idade, a
generatividade pode ser expressa não apenas por
meio de cuidados paternos e maternos ou de
cuidados pelos avós, mas também através de ensino
ou aconselhamento, produtividade ou criatividade e
autogeração ou autodesenvolvimento. Ela tende a
estar associada ao comportamento pró-social
(McAdams, 2006). Pode se estender ao mundo do
trabalho, à política, à religião, aos passatempos, à
arte, à música e a outras esferas – ou, como Erikson
chamava, à “manutenção do mundo”. Oferecer-se
como voluntário para serviços comunitários ou para
uma causa política é uma expressão de
generatividade (Hart, Southerland e Atkins, 2003).
A generatividade, então, pode derivar do
envolvimento em múltiplos papéis (Staudinger e
Bluck, 2001). Tal envolvimento foi associado a bem-
estar e a satisfação tanto na meia-idade (McAdams,
2001) como na velhice (Sheldon e Kasser, 2001;
Vandewater, Ostrove e Stewart, 1997), talvez por
meio da sensação de ter contribuído
significativamente para a sociedade. Entretanto, visto
que esses achados são correlacionais, não podemos
ter certeza de que a generatividade causa o bem-estar;
pode ser que as pessoas que estejam felizes com suas
vidas sejam mais propensas a ser generativas
(McAdams, 2001).
o desenvolvimento da personalidade adulta depende
menos da idade do que de eventos importantes da
vida. A meia-idade frequentemente traz uma
reestruturação de papéis sociais: separar-se dos filhos,
se torna avô ou avó, mudar de trabalho ou de carreira
e, eventualmente, aposentar-se. Para as coortes
representadas pelos primeiros estudos do estágio
normativo, a ocorrência e o momento desses eventos
importantes eram razoavelmente previsíveis. Hoje, os
estilos de vida são mais diversificados, e as fronteiras
da vida adulta intermediária tornaram-se menos
claras, “apagando as antigas definições do ‘relógio
social’”
Quando os padrões ocupacionais eram mais estáveis
e a aposentadoria aos 65 anos era quase universal, o
significado do trabalho na meia-idade tanto para os
homens quanto para as mulheres pode ter sido
diferente de seu significado atual em que as
mudanças de trabalho, a redução do quadro de
funcionários e a aposentadoria, precoce ou
prorrogada, são frequentes. Quando a vida da mulher
girava em torno da concepção e da educação dos
filhos, o fim do ciclo reprodutivo tinha um
significado diferente do que tem agora quando tantas
mulheres de meia-idade ingressaram na força de
trabalho
Quando as pessoas morriam mais cedo, os
sobreviventes na meia-idade sentiam-se velhos,
percebendo que eles, também, estavam muito
próximos do final de suas vidas. Muitas pessoas de
meia-idade agora se encontram mais ocupadas e mais
envolvidas do que nunca – algumas ainda criando
filhos pequenos enquanto outras redefinem seus
papéis como pais de adolescentes e de adultos jovens
e frequentemente como responsáveis por pais idosos.
Contudo, apesar dos múltiplos desafios e eventos
variáveis da meia-idade, a maioria dos adultos nesta
fase da vida parece ser bem capaz de lidar com eles.
Muitas pessoas sentem e observam a ocorrência
de mudanças na personalidade na meia-idade.
Não importa se olhamos para as pessoas de meia-
idade de forma objetiva, em termos de seus
comportamentos externos, ou de forma subjetiva,
em termos de como elas descrevem a si próprias,
é inevitável o surgimento de determinados
problemase temas.
Mudanças na personalidade e no estilo de vida que
ocorrem dos 40 aos 45 anos são frequentemente atribuídas
à crise da meia-idade, um período supostamente
estressante desencadeado pela revisão e reavaliação da
própria vida. A crise da meia-idade foi conceituada como
uma crise de identidade; também já foi chamada de
segunda adolescência. O que a traz, disse Elliott Jaques
(1967), o autor do termo, é a consciência da mortalidade.
Muitas pessoas agora percebem que não poderão realizar
seus sonhos de juventude ou que a realização deles não
lhes trouxe a satisfação que esperavam. Elas sabem que, se
desejam mudar de direção, devem agir rapidamente.
Levinson (1978, 1980, 1986, 1996) acreditava que o tumulto
é inevitável quando a pessoa luta com a necessidade de
reestruturar a sua vida.
Crise da meia-idade Em alguns modelos 
normativos de crise, período estressante da vida 
desencadeado pela revisão e pela reavaliação do 
passado, ocorrendo característicamente dos 40 aos 
45 anos.
Entretanto, o termo crise da meia-idade é agora
considerado uma representação imprecisa do que a
maioria das pessoas vivencia na meia-idade. De fato,
a sua ocorrência parece ser razoavelmente incomum
(Aldwin e Levenson, 2001; Heckhausen, 2001;
Lachman, 2004). Algumas pessoas de meia-idade
podem vivenciar crises ou tumultos, mas outras se
sentem no auge de suas capacidades. Outras, ainda,
podem estar em uma posição intermediária – nem no
auge, nem em crise – ou podem vivenciar crise e
competência em momentos diferentes ou em
diferentes áreas da vida (Lachman, 2004).
Os momentos decisivos frequentemente envolvem uma
revisão e reavaliação introspectiva de valores e
prioridades (Helson, 1997; Reid e Willis, 1999; Robinson,
Rosenberg e Farrell, 1999). Esta revisão da meia-idade
pode ser um momento de balanço geral, gerando novas
descobertas sobre si mesmo e estimulando correções no
projeto e na trajetória da própria vida. Junto com o
reconhecimento da finitude da vida, a revisão da meia-
idade pode trazer arrependimento por ter falhado em
alcançar um sonho ou a consciência clara dos prazos
evolutivos – limites de tempo para, digamos, a capacidade
de gerar um filho ou fazer as pazes com um amigo ou um
membro da família distante (Heckhausen, 2001;
Heckhausen, Wrosch e Fleeson, 2001; Wrosch e
Heckhausen, 1999).
Se um momento decisivo se tornará uma crise pode
depender menos da idade do que das circunstâncias e
recursos pessoais do indivíduo. Pessoas com
neuroticismo elevado são mais propensas a vivenciar
crises da meia-idade (Lachman, 2004).
Pessoas com resiliência do ego – a capacidade de
adaptar-se flexível e desembaraçadamente às
possíveis fontes de estresse – e que têm um senso de
domínio e controle são mais propensas a atravessar a
meia-idade com sucesso (Heckhausen, 2001; Klohnen,
1996; Lachman, 2004; Lachman e Firth, 2004).
Para pessoas com personalidades 
resilientes, mesmo eventos negativos, tais 
como um divórcio não desejado, podem se 
transformar em trampolins para um 
crescimento positivo (Klohnen et al., 1996; 
Moen e Wethington, 1999). A Tabela 16.2 
resume as qualidades consideradas mais e 
menos características de adultos com egos 
resilientes.
Embora Erikson tenha definido a formação da
identidade como a maior preocupação da
adolescência, ele notou que a identidade
continua a se desenvolver. De fato, alguns
cientistas do desenvolvimento veem o processo
de formação da identidade como a principal
preocupação adulta (McAdams e de St. Aubin,
1992).
 Susan Krauss Whitbourne: Os processos de
identidade
De acordo com a teoria do processo de
identidade (TPI) de Susan Krauss Whitbourne
(1987, 1996; Jones, Whitbourne e Skultety, 2006;
Whitbourne e Connolly, 1999), a identidade é
constituída de percepções acumuladas do self. A
percepção de características físicas, capacidades
cognitivas e traços de personalidade (“eu sou
sensível” ou “eu sou teimoso”) é incorporada a
esquemas da identidade.
Essas percepções de si mesmo são continuamente
confirmadas ou revisadas em resposta à entrada de
informações, que podem vir de relacionamentos
íntimos, de situações relacionadas ao trabalho, de
atividades comunitárias e de outras experiências.
As pessoas interpretam suas interações com o
ambiente por meio de dois processos, semelhantes
aos descritos por Piaget para o desenvolvimento
cognitivo das crianças
 assimilação da identidade e
 acomodação da identidade.
A assimilação da identidade é uma tentativa de
manter um sentido consistente de self em face
de novas experiências que não se ajustam a um
esquema existente;
A acomodação da identidade é o ajuste do
esquema para se adequar a novas experiências.
A assimilação da identidade tende a manter a 
continuidade do self; a acomodação tende a 
causar a mudança necessária.
O uso excessivo da assimilação ou da 
acomodação não é saudável, segundo 
Whitbourne e seus colegas. As pessoas que 
assimilam constantemente são inflexíveis e 
não aprendem com a experiência. As 
pessoas que se acomodam constantemente 
são fracas e altamente vulneráveis à crítica; 
suas identidades são facilmente minadas. O 
mais saudável é o equilíbrio da identidade. 
É o equilíbrio da identidade, que permite que uma
pessoa mantenha um sentido de self estável
enquanto se ajusta aos esquemas do self para
incorporar novas informações, tal como os efeitos do
envelhecimento.
As pessoas lidam com mudanças físicas, mentais e
emocionais associadas ao início do envelhecimento
da mesma forma como lidam com outras
experiências que desafiam o esquema de
identidade. Pessoas que fazem uso excessivo da
assimilação podem buscar, talvez de modo
irrealístico, manter uma autoimagem jovem e
ignorar o que está acontecendo com seus corpos.
Este processo de negação pode tornar mais difícil
para eles confrontarem a realidade do
envelhecimento quando ela não puder mais ser
ignorada. Pessoas que são excessivamente
acomodativas podem reagir de forma exagerada aos
primeiros sinais de envelhecimento, tal como o
primeiro cabelo branco. Elas podem ficar
desesperadas, e o pessimismo pode apressar seus
declínios físico e cognitivo. Pessoas que usam o
equilíbrio da identidade podem reconhecer as
mudanças que estão ocorrendo e responder com
flexibilidade; elas buscam controlar o que pode ser
controlado e aceitar o que não pode.
Uma identidade mais forte e mais 
estável permite que elas resistam à 
autoestereotipagem negativa, 
busquem ajuda quando necessário e 
enfrentem o futuro sem pânico ou 
ansiedade desmedida. 
Erikson considerava a 
generatividade um aspecto da 
formação da identidade. Pesquisas 
apoiam essa associação.
Obs: amostragem da pagina 550
Os estudos na psicologia narrativa são baseados
em uma entrevista de história de vida
padronizada de 2 horas de duração. O
participante é instruído a pensar em sua vida
como um livro, dividir o livro em capítulos e
recordar oito cenas fundamentais, cada uma
delas incluindo um momento decisivo. As
pesquisas utilizando essa técnica constataram
que os roteiros das pessoas tendem a refletir
suas personalidades (McAdams, 2006).
Adultos altamente generativos tendem a construir roteiros de
generatividade. Esses roteiros frequentemente exibem um tema
de redenção, ou libertação do sofrimento, e estão associados
com bem-estar psicológico. Em uma dessas histórias, uma
enfermeira dedica-se a cuidar de uma boa amiga durante uma
doença fatal. Embora devastada pela morte da amiga, ela sai da
experiência com um sentido renovado de confiança e
determinação de ajudar os outros (McAdams, 2006).
Frequentemente as personagens principais nessas histórias
redentoras tiveram infâncias favorecidas – um talento especial,
ou um ambiente doméstico privilegiado, mas eram
profundamente perturbadas pelo sofrimento dos outros. Este
contraste moral as inspirou a querer retribuir à sociedade.
Quando crianças e adolescentes, elas internalizaram um sentido
estável de valores morais.
Como Erikson observou, a identidade está intimamente
ligada aos papéis e compromissossociais (“sou pai”, “sou
professor”, “sou um cidadão”). A mudança de papéis e
relacionamentos na meia-idade pode afetar a identidade de
gênero (Josselson, 2003). Em muitos estudos realizados
durante as décadas de 1960, 1970 e 1980, os homens de meia- -
idade eram mais abertos em relação aos sentimentos, mais
interessados em manter relacionamentos íntimos e mais
generosos – características tradicionalmente rotuladas como
femininas – do que quando mais jovens, enquanto as
mulheres de meia-idade tornavam-se mais assertivas,
autoconfiantes e orientadas à realização, características
tradicionalmente rotuladas como masculinas (Cooper e
Gutmann, 1987; Cytrynbaum et al., 1980; Helson e Moane,
1987; Huyck, 1990, 1999; Neugarten, 1968).
Os papéis de gênero tradicionais, de acordo com
Gutmann, evoluíram para assegurar o bem-estar
dos filhos durante seu desenvolvimento: a mãe
deve ser a cuidadora, o pai o provedor. Quando
a parentalidade ativa termina, não há apenas um
equilíbrio, mas uma inversão de papéis – uma
troca de gêneros. Os homens, agora livres para
explorar o seu lado feminino anteriormente
reprimido, tornam-se mais passivos; as
mulheres, livres para explorar seu lado
masculino, tornam-se mais dominantes e
independentes.
Essas mudanças podem ter sido normativas nas
sociedades agrícolas pré-letradas que Gutmann
estudou, que tinham papéis de gênero distintos,
mas elas não são necessariamente universais (Franz,
1997). Na sociedade atual, os papéis dos homens e
das mulheres tornaram-se menos distintos. Em uma
época na qual a maioria das mulheres jovens
combina trabalho com parentalidade, quando
muitos homens assumem uma paternidade ativa, e
quando a concepção de filhos pode iniciar-se bem
mais tarde, a troca dos gêneros na meia-idade parece
menos provável (Antonucci e Akiyama, 1997;
Barnett, 1997; James e Lewkowicz, 1997).
De fato, uma análise de estudos longitudinais 
de mudança de personalidade de homens e 
mulheres no decorrer da vida encontrou pouco 
apoio para a hipótese da troca de gêneros, ou 
mesmo para a ideia de que homens e mulheres 
mudam de formas diferentes, ou de formas 
relacionadas a seus papéis de gênero variáveis 
(Roberts et al., 2006a, 2006b).
Saúde mental não é apenas a ausência de doença
mental. Saúde mental positiva envolve um
sentido de bem-estar psicológico que anda de
mãos dadas com uma percepção saudável de si
mesmo (Keyes e Shapiro, 2004; Ryff e Singer,
1998). Esse sentido subjetivo de bem-estar, ou de
felicidade, é a avaliação de uma pessoa de sua
própria vida (Diener, 2000). Como os cientistas
do desenvolvimento medem o bem-estar e quais
fatores o afetam na meia-idade?
Muitos estudos, incluindo o MIDUS, encontraram um
declínio médio gradual nas emoções negativas durante a
meia-idade e depois dela, embora as mulheres no estudo
MIDUS relatassem emotividade ligeiramente mais negativa
(tal como raiva, medo, ansiedade) do que os homens em todas
as idades (Mroczek, 2004). De acordo com os achados do
MIDUS, a emotividade positiva (tal como a alegria) aumenta,
em média, entre os homens, mas cai entre as mulheres na
meia-idade e então aumenta acentuadamente para ambos os
sexos, mas especialmente nos homens na vida adulta tardia.
As tendências gerais na emotividade positiva e negativa
parecem sugerir que, à medida que as pessoas envelhecem,
elas tendem a ter aprendido a aceitar o que lhes ocorre
(Carstensen et al., 2000) e a regular suas emoções efetivamente
(Lachman, 2004).
Adultos de meia-idade e mais jovens no estudo
MIDUS apresentaram maior variação individual na
emotividade do que os adultos mais velhos;
entretanto, os fatores que afetavam a emotividade
eram diferentes. Apenas a saúde física teve um
impacto consistente na emotividade nos adultos de
todas as idades, mas dois outros fatores – estado civil
e educação – tiveram impactos significativos na meia-
idade. As pessoas casadas nesta fase da vida tendiam
a relatar emoções mais positivas e menos emoções
negativas do que as não casadas. Pessoas com
educação superior também relataram mais emoções
positivas e menos emoções negativas – mas apenas
quando o estresse foi controlado (Mroczek, 2004).
Sabe-se também que o bem-estar subjetivo 
(o quanto uma pessoa se sente feliz) está 
relacionado a dimensões da personalidade 
identificadas pelo modelo dos cinco fatores. 
Em particular, pessoas que são 
emocionalmente estáveis (com baixo 
neuroticismo), física e socialmente ativas 
(com alta extroversão), e altamente 
conscienciosas tendem a ser mais felizes 
(Weiss, Bates e Luciano, 2008).
Em inúmeros levantamentos realizados no mundo inteiro
usando várias técnicas para avaliar o bem- -estar subjetivo, a
maioria dos adultos de todas as idades, de ambos os sexos e
de todas as raças relatam estar satisfeitos com suas vidas
(Myers, 2000; Myers e Diener, 1995, 1996; Walker, Skowronski
e Thompson, 2003). Uma razão para esse achado geral de
satisfação com a vida é que as emoções positivas associadas
com memórias agradáveis tendem a persistir, enquanto os
sentimentos negativos associados com memórias
desagradáveis tendem a desaparecer. A maioria das pessoas
apresenta boas habilidades de enfrentamento (Walker et al.,
2003). Após eventos especialmente felizes ou estressantes,
como casamento ou divórcio, elas geralmente se adaptam e o
bem-estar subjetivo retorna praticamente ao seu nível
anterior (Lucas et al., 2003; Diener, 2000).
O apoio social – amigos e cônjuges – e a
religiosidade são contribuintes importantes para
a satisfação com a vida (Csikszentmihalyi, 1999;
Diener, 2000; Myers, 2000). Igualmente
importantes são determinadas dimensões da
personalidade – extroversão e conscienciosidade
(Mroczek e Spiro, 2005; Siegler & Brummett,
2000) – e a qualidade do trabalho e do lazer
(Csikszentmihalyi, 1999; Diener, 2000; Myers,
2000).
A satisfação com a vida se altera com a idade? 
Embora uma maioria de adultos mais velhos 
relate níveis crescentes de satisfação com a vida à 
medida que envelhecem, este certamente não é o 
caso para todos os adultos. Adultos que relatam 
relacionamentos sociais insatisfatórios e a falta de 
um sentido de controle tendem a relatar declínios 
na satisfação com a vida (Rocke e Lachman, 2008).
É difícil generalizar o significado dos
relacionamentos na meia-idade hoje. Esse
período não apenas cobre um quarto de século
de desenvolvimento, como também abrange
uma multiplicidade maior de trajetórias de vida
jamais vista (S. L. Brown, Bulanda e Lee, 2005).
Para a maioria das pessoas na meia-idade,
entretanto, os relacionamentos com os outros são
muito importantes – talvez de maneira diferente
do que quando eram jovens.
De acordo com a teoria do comboio social, as pessoas se
movimentam pela vida cercadas por comboios sociais:
círculos de amigos e de membros da família de graus variados
de intimidade, com quem elas podem contar para assistência,
bem-estar e apoio social, e para quem elas se voltam também
para oferecer cuidado, preocupação e apoio (Antonucci e
Akiyama, 1997; Kahn e Antonucci, 1980).
Características da pessoa (sexo, raça, religião, idade, educação,
e estado civil) juntamente com características da situação
daquela pessoa (expectativas de papéis, eventos de vida,
estresse financeiro, lutas diárias, demandas e recursos)
influenciam o tamanho e a composição do comboio, ou rede
de apoio; a quantidade e os tipos de apoio social que uma
pessoa recebe; e a satisfação derivada deste apoio. Todos estes
fatores contribuem para a saúde e o bem-estar (Antonucci,
Akiyama e Merline, 2001).
A teoria da seletividade socioemocional de Laura
Carstensen (1991, 1995, 1996; Carstensen, Isaacowitz
e Charles, 1999) oferece uma perspectiva para a vida
toda de como as pessoas escolhem com quem
passarão o seu tempo. Segundo Carstensen, a
interação social tem três objetivos principais:
(1) é uma fonte de informação;
(2) (2) ajuda pessoas a desenvolverem e manterem
uma noção de si próprias;
(3) (3) é uma fonte de prazer e conforto ou bem-estar
emocional. Na primeira infância, o terceiroobjetivo, a necessidade de apoio emocional, é de
importância suprema.
Da infância ao período adulto jovem, a busca
por informação vem na frente. Como os jovens
batalham para aprender sobre a sua sociedade e
seu lugar nela, estranhos podem muito bem ser
as melhores fontes de conhecimento. Na meia-
idade, embora a busca pela informação continue
sendo importante (Fung, Carstensen e Lang,
2001), a função original reguladora da emoção e
dos contatos sociais começa a se reafirmar. Em
outras palavras, as pessoas de meia-idade
buscam cada vez mais outras pessoas que as
façam sentir-se bem.
Para a maioria dos adultos na meia-idade os
relacionamentos são a chave mais importante para o
bem- -estar (Markus et al., 2004). Eles podem ser a
fonte principal de saúde e satisfação (Lachman,
2004). De fato, ter um(a) companheiro(a) e estar com
boa saúde são os maiores fatores no bem-estar para
as mulheres na faixa dos cinquenta anos, de acordo
com dois levantamentos nacionais. Ter ou não ter
filhos fazia pouca diferença. As menos felizes, mais
solitárias, e mais deprimidas eram as mães solteiras,
divorciadas ou viúvas (Koropeckyj-Cox, Pienta e
Brown, 2007).
Entretanto, os relacionamentos também podem
apresentar demandas estressantes (Lachman, 2004),
que tendem a pesar mais sobre as mulheres. Um
sentido de responsabilidade e preocupação pelos
outros pode prejudicar o bem-estar de uma mulher
quando problemas ou infortúnios afligem seu
companheiro, filhos, pais, amigos ou colegas de
trabalho. Esse estresse indireto pode ajudar a
explicar por que mulheres de meia-idade são
especialmente suscetíveis a depressão e a outros
problemas de saúde mental, e por que, como
veremos, elas tendem a ser mais infelizes em seus
casamentos do que os homens (Antonucci e
Akiyama, 1997; S. P. Thomas, 1997).
Filhos maduros
De que forma os relacionamentos entre pais e 
filhos mudam à medida que os filhos se 
aproximam e chegam à idade adulta?
Ironicamente, pessoas que se encontram em
duas épocas da vida popularmente ligadas a
crises emocionais – adolescência e meia idade –
frequentemente vivem na mesma casa.
Geralmente, adultos de meia idade são pais de
filhos adolescentes. Enquanto lidam com suas
próprias preocupações, os pais têm de lidar
diariamente com jovens que estão passando
por grandes mudanças físicas, emocionais e
sociais.
Tarefa importante para os pais: Aceitar
seus filhos como eles são, não como
esperavam que eles fossem.
Quando os filhos vão embora
Uma transição supostamente difícil,
especialmente para as mulheres, que ocorre
quando o filho mais jovem deixa a casa dos
pais. Embora algumas mulheres, que
investiram em suas funções como mães,
tenham problemas de ajustamento ao ninho
vazio, elas são superadas em número por
aquelas que consideram essa partida
libertadora.
Para algumas mulheres, o ninho vazio pode
trazer alivio do que Gutmann chamou de a
“NECESSIDADE CRÔNICA DA FUNÇÃO
PARENTAL”. Elas podem buscar seus próprios
interesses enquanto desfrutam das realizações
de seus filhos adultos.
 Quando os filhos não são realizados;
 Efeitos do ninho vazio sobre um casamento;
O ninho vazio não significa o fim da
maternidade e da paternidade. É uma transição
para um novo estágio: o relacionamento entre
pais e filhos adultos.
O ninho atravancado, a
síndrome da porta giratória
ou fenômeno bumerangue.
Novo estágio da vida – maturidade filial –
quando filhos de meia-idade aprendem aceitar 
e a atender às necessidades de dependência de 
seus pais.
Esse desenvolvimento normativo é visto como 
um desfecho saudável de uma crise filial, na 
qual os adultos aprendem a equilibrar amor e 
dever para com seus pais com autonomia em 
um relacionamento de mão dupla
 Torna-se um cuidador de pais idosos
 Tensões provocadas pelo cuidar:
▪ Geração sanduiche – adultos de meia idade
“espremidos” pelas necessidades
concorrentes de criar ou orientar os filhos e
cuidar de pais idosos.
▪ Esgotamento do cuidador – condição de
exaustão física, emocional e mental de
adultos que cuidam de pessoas idosas ou
doentes.

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