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Desenvolvimento Psicossocial na Vida Adulta Intermediária cap 16 O desenvolvimento nos anos da meia-idade deve ser visto na perspectiva de todo o ciclo de vida, mas os padrões do começo da vida não são necessariamente projeções para os padrões da maturidade (Lachman e James, 1997). E existem diferenças entre o início e o final da meia-idade. Apenas compare as preocupações de uma pessoa de 40 anos com as de uma de 60. Hoje, naturalmente, é difícil dizer que trajetória de vida, se houver uma, é característica. Aos 40 anos, algumas pessoas se tornam pais pela primeira vez, e outras se tornam avós. Aos 50, algumas pessoas estão iniciando novas carreiras, e outras estão se aposentando precocemente. Além disso, as vidas não progridem isoladamente. Os caminhos individuais se cruzam com os caminhos dos membros da família, dos amigos, de conhecidos e de desconhecidos. O trabalho e os papéis pessoais são interdependentes, e esses papéis são afetados pelas tendências na sociedade. Mas que tipos de mudanças ocorrem e o que as causam? Diversas teorias buscaram responder essa pergunta. MODELOS DE TRAÇO - alegava originalmente continuidade ou consistência da personalidade após os 30 anos nos agrupamentos dos Cinco Grandes traços 1. Neuroticismo (ansiedade, hostilidade, instabilidade) 2. Extroversão 3. Abertura para o novo 4. Conscienciosidade – traço de personalidade que indica ser cuidadoso. 5. Amabilidade – reconhece agora uma mudança mais lenta também durante os anos da meia-idade e da velhice. ▪ Carl G. Jung: Individuação e transcendência O psicólogo suíço Carl Jung (1933, 1953, 1969, 1971) afirmava que o desenvolvimento saudável da meia-idade requer individuação, a emergência do self verdadeiro por meio do equilíbrio ou integração das partes conflitantes da personalidade, incluindo aquelas partes que foram anteriormente negligenciadas. Até aproximadamente os 40 anos, afirma Jung, os adultos estão concentrados nas obrigações com a família e com a sociedade e desenvolvem aspectos da personalidade que os ajudarão a alcançar objetivos externos. As mulheres enfatizam a expressividade e a educação; os homens são primariamente orientados à realização. Na meia-idade, as pessoas voltam suas preocupações para o self interior, espiritual. Tanto os homens como as mulheres buscam uma união dos opostos expressando seus aspectos anteriormente renegados Duas tarefas difíceis, porém necessárias, na meia- idade são abrir mão da imagem jovem e reconhecer a mortalidade. De acordo com Jung (1966), a necessidade de reconhecer a mortalidade exige uma busca por significado dentro de si mesmo. Esse movimento de interiorização pode ser inquietante. Contudo, as pessoas que evitam essa transição e não reorientam suas vidas adequadamente perdem a chance de crescer psicologicamente. ▪ Erik Erikson: Generatividade versus estagnação Ao contrário de Jung, que via a meia-idade como um momento de interiorização, Erikson descreveu-a como um movimento para o exterior. Erikson via os anos em torno dos 40 como a época em que as pessoas entram em seu sétimo estágio normativo, generatividade versus estagnação Generatividade, como definiu Erikson, é a preocupação de adultos maduros em estabelecer e orientar a próxima geração, perpetuando-se através da influência sobre aqueles que o sucedem. As pessoas que não encontram uma saída para a generatividade tornam-se centradas em si mesmas, autoindulgentes ou estagnadas (inativas ou sem vida). A virtude desse período é o cuidado: “um compromisso amplo no sentido de cuidar das pessoas, dos produtos e das ideias com as quais a pessoa aprendeu a se importar” As pesquisas posteriores vão apoiar a teoria de Erickson Como surge a generatividade? De acordo com um modelo (McAdams, 2001), os desejos internos de imortalidade simbólica, ou uma necessidade de ser necessário, se somam às demandas externas (expectativas e responsabilidades crescentes) para produzir um interesse consciente na próxima geração. Esse interesse, juntamente com o que Erikson chamou de “crença nas espécies”, conduz a compromissos e ações generativos. A generatividade é especialmente proeminente durante a meia-idade porque as demandas de trabalho e família durante este período requerem respostas generativas. Pais altamente generativos tendem a ser mais envolvidos na educação escolar de seus filhos do que pais menos generativos e tendem a ter estilos de parentalidade democráticos . Generatividade, uma preocupação em orientar a geração mais jovem, pode ser expressa por meio do treinamento ou do aconselhamento. A generatividade pode ser o segredo para o bem- estar na meia-idade. Como o desafio central da meia-idade, a generatividade pode ser expressa não apenas por meio de cuidados paternos e maternos ou de cuidados pelos avós, mas também através de ensino ou aconselhamento, produtividade ou criatividade e autogeração ou autodesenvolvimento. Ela tende a estar associada ao comportamento pró-social (McAdams, 2006). Pode se estender ao mundo do trabalho, à política, à religião, aos passatempos, à arte, à música e a outras esferas – ou, como Erikson chamava, à “manutenção do mundo”. Oferecer-se como voluntário para serviços comunitários ou para uma causa política é uma expressão de generatividade (Hart, Southerland e Atkins, 2003). A generatividade, então, pode derivar do envolvimento em múltiplos papéis (Staudinger e Bluck, 2001). Tal envolvimento foi associado a bem- estar e a satisfação tanto na meia-idade (McAdams, 2001) como na velhice (Sheldon e Kasser, 2001; Vandewater, Ostrove e Stewart, 1997), talvez por meio da sensação de ter contribuído significativamente para a sociedade. Entretanto, visto que esses achados são correlacionais, não podemos ter certeza de que a generatividade causa o bem-estar; pode ser que as pessoas que estejam felizes com suas vidas sejam mais propensas a ser generativas (McAdams, 2001). o desenvolvimento da personalidade adulta depende menos da idade do que de eventos importantes da vida. A meia-idade frequentemente traz uma reestruturação de papéis sociais: separar-se dos filhos, se torna avô ou avó, mudar de trabalho ou de carreira e, eventualmente, aposentar-se. Para as coortes representadas pelos primeiros estudos do estágio normativo, a ocorrência e o momento desses eventos importantes eram razoavelmente previsíveis. Hoje, os estilos de vida são mais diversificados, e as fronteiras da vida adulta intermediária tornaram-se menos claras, “apagando as antigas definições do ‘relógio social’” Quando os padrões ocupacionais eram mais estáveis e a aposentadoria aos 65 anos era quase universal, o significado do trabalho na meia-idade tanto para os homens quanto para as mulheres pode ter sido diferente de seu significado atual em que as mudanças de trabalho, a redução do quadro de funcionários e a aposentadoria, precoce ou prorrogada, são frequentes. Quando a vida da mulher girava em torno da concepção e da educação dos filhos, o fim do ciclo reprodutivo tinha um significado diferente do que tem agora quando tantas mulheres de meia-idade ingressaram na força de trabalho Quando as pessoas morriam mais cedo, os sobreviventes na meia-idade sentiam-se velhos, percebendo que eles, também, estavam muito próximos do final de suas vidas. Muitas pessoas de meia-idade agora se encontram mais ocupadas e mais envolvidas do que nunca – algumas ainda criando filhos pequenos enquanto outras redefinem seus papéis como pais de adolescentes e de adultos jovens e frequentemente como responsáveis por pais idosos. Contudo, apesar dos múltiplos desafios e eventos variáveis da meia-idade, a maioria dos adultos nesta fase da vida parece ser bem capaz de lidar com eles. Muitas pessoas sentem e observam a ocorrência de mudanças na personalidade na meia-idade. Não importa se olhamos para as pessoas de meia- idade de forma objetiva, em termos de seus comportamentos externos, ou de forma subjetiva, em termos de como elas descrevem a si próprias, é inevitável o surgimento de determinados problemase temas. Mudanças na personalidade e no estilo de vida que ocorrem dos 40 aos 45 anos são frequentemente atribuídas à crise da meia-idade, um período supostamente estressante desencadeado pela revisão e reavaliação da própria vida. A crise da meia-idade foi conceituada como uma crise de identidade; também já foi chamada de segunda adolescência. O que a traz, disse Elliott Jaques (1967), o autor do termo, é a consciência da mortalidade. Muitas pessoas agora percebem que não poderão realizar seus sonhos de juventude ou que a realização deles não lhes trouxe a satisfação que esperavam. Elas sabem que, se desejam mudar de direção, devem agir rapidamente. Levinson (1978, 1980, 1986, 1996) acreditava que o tumulto é inevitável quando a pessoa luta com a necessidade de reestruturar a sua vida. Crise da meia-idade Em alguns modelos normativos de crise, período estressante da vida desencadeado pela revisão e pela reavaliação do passado, ocorrendo característicamente dos 40 aos 45 anos. Entretanto, o termo crise da meia-idade é agora considerado uma representação imprecisa do que a maioria das pessoas vivencia na meia-idade. De fato, a sua ocorrência parece ser razoavelmente incomum (Aldwin e Levenson, 2001; Heckhausen, 2001; Lachman, 2004). Algumas pessoas de meia-idade podem vivenciar crises ou tumultos, mas outras se sentem no auge de suas capacidades. Outras, ainda, podem estar em uma posição intermediária – nem no auge, nem em crise – ou podem vivenciar crise e competência em momentos diferentes ou em diferentes áreas da vida (Lachman, 2004). Os momentos decisivos frequentemente envolvem uma revisão e reavaliação introspectiva de valores e prioridades (Helson, 1997; Reid e Willis, 1999; Robinson, Rosenberg e Farrell, 1999). Esta revisão da meia-idade pode ser um momento de balanço geral, gerando novas descobertas sobre si mesmo e estimulando correções no projeto e na trajetória da própria vida. Junto com o reconhecimento da finitude da vida, a revisão da meia- idade pode trazer arrependimento por ter falhado em alcançar um sonho ou a consciência clara dos prazos evolutivos – limites de tempo para, digamos, a capacidade de gerar um filho ou fazer as pazes com um amigo ou um membro da família distante (Heckhausen, 2001; Heckhausen, Wrosch e Fleeson, 2001; Wrosch e Heckhausen, 1999). Se um momento decisivo se tornará uma crise pode depender menos da idade do que das circunstâncias e recursos pessoais do indivíduo. Pessoas com neuroticismo elevado são mais propensas a vivenciar crises da meia-idade (Lachman, 2004). Pessoas com resiliência do ego – a capacidade de adaptar-se flexível e desembaraçadamente às possíveis fontes de estresse – e que têm um senso de domínio e controle são mais propensas a atravessar a meia-idade com sucesso (Heckhausen, 2001; Klohnen, 1996; Lachman, 2004; Lachman e Firth, 2004). Para pessoas com personalidades resilientes, mesmo eventos negativos, tais como um divórcio não desejado, podem se transformar em trampolins para um crescimento positivo (Klohnen et al., 1996; Moen e Wethington, 1999). A Tabela 16.2 resume as qualidades consideradas mais e menos características de adultos com egos resilientes. Embora Erikson tenha definido a formação da identidade como a maior preocupação da adolescência, ele notou que a identidade continua a se desenvolver. De fato, alguns cientistas do desenvolvimento veem o processo de formação da identidade como a principal preocupação adulta (McAdams e de St. Aubin, 1992). Susan Krauss Whitbourne: Os processos de identidade De acordo com a teoria do processo de identidade (TPI) de Susan Krauss Whitbourne (1987, 1996; Jones, Whitbourne e Skultety, 2006; Whitbourne e Connolly, 1999), a identidade é constituída de percepções acumuladas do self. A percepção de características físicas, capacidades cognitivas e traços de personalidade (“eu sou sensível” ou “eu sou teimoso”) é incorporada a esquemas da identidade. Essas percepções de si mesmo são continuamente confirmadas ou revisadas em resposta à entrada de informações, que podem vir de relacionamentos íntimos, de situações relacionadas ao trabalho, de atividades comunitárias e de outras experiências. As pessoas interpretam suas interações com o ambiente por meio de dois processos, semelhantes aos descritos por Piaget para o desenvolvimento cognitivo das crianças assimilação da identidade e acomodação da identidade. A assimilação da identidade é uma tentativa de manter um sentido consistente de self em face de novas experiências que não se ajustam a um esquema existente; A acomodação da identidade é o ajuste do esquema para se adequar a novas experiências. A assimilação da identidade tende a manter a continuidade do self; a acomodação tende a causar a mudança necessária. O uso excessivo da assimilação ou da acomodação não é saudável, segundo Whitbourne e seus colegas. As pessoas que assimilam constantemente são inflexíveis e não aprendem com a experiência. As pessoas que se acomodam constantemente são fracas e altamente vulneráveis à crítica; suas identidades são facilmente minadas. O mais saudável é o equilíbrio da identidade. É o equilíbrio da identidade, que permite que uma pessoa mantenha um sentido de self estável enquanto se ajusta aos esquemas do self para incorporar novas informações, tal como os efeitos do envelhecimento. As pessoas lidam com mudanças físicas, mentais e emocionais associadas ao início do envelhecimento da mesma forma como lidam com outras experiências que desafiam o esquema de identidade. Pessoas que fazem uso excessivo da assimilação podem buscar, talvez de modo irrealístico, manter uma autoimagem jovem e ignorar o que está acontecendo com seus corpos. Este processo de negação pode tornar mais difícil para eles confrontarem a realidade do envelhecimento quando ela não puder mais ser ignorada. Pessoas que são excessivamente acomodativas podem reagir de forma exagerada aos primeiros sinais de envelhecimento, tal como o primeiro cabelo branco. Elas podem ficar desesperadas, e o pessimismo pode apressar seus declínios físico e cognitivo. Pessoas que usam o equilíbrio da identidade podem reconhecer as mudanças que estão ocorrendo e responder com flexibilidade; elas buscam controlar o que pode ser controlado e aceitar o que não pode. Uma identidade mais forte e mais estável permite que elas resistam à autoestereotipagem negativa, busquem ajuda quando necessário e enfrentem o futuro sem pânico ou ansiedade desmedida. Erikson considerava a generatividade um aspecto da formação da identidade. Pesquisas apoiam essa associação. Obs: amostragem da pagina 550 Os estudos na psicologia narrativa são baseados em uma entrevista de história de vida padronizada de 2 horas de duração. O participante é instruído a pensar em sua vida como um livro, dividir o livro em capítulos e recordar oito cenas fundamentais, cada uma delas incluindo um momento decisivo. As pesquisas utilizando essa técnica constataram que os roteiros das pessoas tendem a refletir suas personalidades (McAdams, 2006). Adultos altamente generativos tendem a construir roteiros de generatividade. Esses roteiros frequentemente exibem um tema de redenção, ou libertação do sofrimento, e estão associados com bem-estar psicológico. Em uma dessas histórias, uma enfermeira dedica-se a cuidar de uma boa amiga durante uma doença fatal. Embora devastada pela morte da amiga, ela sai da experiência com um sentido renovado de confiança e determinação de ajudar os outros (McAdams, 2006). Frequentemente as personagens principais nessas histórias redentoras tiveram infâncias favorecidas – um talento especial, ou um ambiente doméstico privilegiado, mas eram profundamente perturbadas pelo sofrimento dos outros. Este contraste moral as inspirou a querer retribuir à sociedade. Quando crianças e adolescentes, elas internalizaram um sentido estável de valores morais. Como Erikson observou, a identidade está intimamente ligada aos papéis e compromissossociais (“sou pai”, “sou professor”, “sou um cidadão”). A mudança de papéis e relacionamentos na meia-idade pode afetar a identidade de gênero (Josselson, 2003). Em muitos estudos realizados durante as décadas de 1960, 1970 e 1980, os homens de meia- - idade eram mais abertos em relação aos sentimentos, mais interessados em manter relacionamentos íntimos e mais generosos – características tradicionalmente rotuladas como femininas – do que quando mais jovens, enquanto as mulheres de meia-idade tornavam-se mais assertivas, autoconfiantes e orientadas à realização, características tradicionalmente rotuladas como masculinas (Cooper e Gutmann, 1987; Cytrynbaum et al., 1980; Helson e Moane, 1987; Huyck, 1990, 1999; Neugarten, 1968). Os papéis de gênero tradicionais, de acordo com Gutmann, evoluíram para assegurar o bem-estar dos filhos durante seu desenvolvimento: a mãe deve ser a cuidadora, o pai o provedor. Quando a parentalidade ativa termina, não há apenas um equilíbrio, mas uma inversão de papéis – uma troca de gêneros. Os homens, agora livres para explorar o seu lado feminino anteriormente reprimido, tornam-se mais passivos; as mulheres, livres para explorar seu lado masculino, tornam-se mais dominantes e independentes. Essas mudanças podem ter sido normativas nas sociedades agrícolas pré-letradas que Gutmann estudou, que tinham papéis de gênero distintos, mas elas não são necessariamente universais (Franz, 1997). Na sociedade atual, os papéis dos homens e das mulheres tornaram-se menos distintos. Em uma época na qual a maioria das mulheres jovens combina trabalho com parentalidade, quando muitos homens assumem uma paternidade ativa, e quando a concepção de filhos pode iniciar-se bem mais tarde, a troca dos gêneros na meia-idade parece menos provável (Antonucci e Akiyama, 1997; Barnett, 1997; James e Lewkowicz, 1997). De fato, uma análise de estudos longitudinais de mudança de personalidade de homens e mulheres no decorrer da vida encontrou pouco apoio para a hipótese da troca de gêneros, ou mesmo para a ideia de que homens e mulheres mudam de formas diferentes, ou de formas relacionadas a seus papéis de gênero variáveis (Roberts et al., 2006a, 2006b). Saúde mental não é apenas a ausência de doença mental. Saúde mental positiva envolve um sentido de bem-estar psicológico que anda de mãos dadas com uma percepção saudável de si mesmo (Keyes e Shapiro, 2004; Ryff e Singer, 1998). Esse sentido subjetivo de bem-estar, ou de felicidade, é a avaliação de uma pessoa de sua própria vida (Diener, 2000). Como os cientistas do desenvolvimento medem o bem-estar e quais fatores o afetam na meia-idade? Muitos estudos, incluindo o MIDUS, encontraram um declínio médio gradual nas emoções negativas durante a meia-idade e depois dela, embora as mulheres no estudo MIDUS relatassem emotividade ligeiramente mais negativa (tal como raiva, medo, ansiedade) do que os homens em todas as idades (Mroczek, 2004). De acordo com os achados do MIDUS, a emotividade positiva (tal como a alegria) aumenta, em média, entre os homens, mas cai entre as mulheres na meia-idade e então aumenta acentuadamente para ambos os sexos, mas especialmente nos homens na vida adulta tardia. As tendências gerais na emotividade positiva e negativa parecem sugerir que, à medida que as pessoas envelhecem, elas tendem a ter aprendido a aceitar o que lhes ocorre (Carstensen et al., 2000) e a regular suas emoções efetivamente (Lachman, 2004). Adultos de meia-idade e mais jovens no estudo MIDUS apresentaram maior variação individual na emotividade do que os adultos mais velhos; entretanto, os fatores que afetavam a emotividade eram diferentes. Apenas a saúde física teve um impacto consistente na emotividade nos adultos de todas as idades, mas dois outros fatores – estado civil e educação – tiveram impactos significativos na meia- idade. As pessoas casadas nesta fase da vida tendiam a relatar emoções mais positivas e menos emoções negativas do que as não casadas. Pessoas com educação superior também relataram mais emoções positivas e menos emoções negativas – mas apenas quando o estresse foi controlado (Mroczek, 2004). Sabe-se também que o bem-estar subjetivo (o quanto uma pessoa se sente feliz) está relacionado a dimensões da personalidade identificadas pelo modelo dos cinco fatores. Em particular, pessoas que são emocionalmente estáveis (com baixo neuroticismo), física e socialmente ativas (com alta extroversão), e altamente conscienciosas tendem a ser mais felizes (Weiss, Bates e Luciano, 2008). Em inúmeros levantamentos realizados no mundo inteiro usando várias técnicas para avaliar o bem- -estar subjetivo, a maioria dos adultos de todas as idades, de ambos os sexos e de todas as raças relatam estar satisfeitos com suas vidas (Myers, 2000; Myers e Diener, 1995, 1996; Walker, Skowronski e Thompson, 2003). Uma razão para esse achado geral de satisfação com a vida é que as emoções positivas associadas com memórias agradáveis tendem a persistir, enquanto os sentimentos negativos associados com memórias desagradáveis tendem a desaparecer. A maioria das pessoas apresenta boas habilidades de enfrentamento (Walker et al., 2003). Após eventos especialmente felizes ou estressantes, como casamento ou divórcio, elas geralmente se adaptam e o bem-estar subjetivo retorna praticamente ao seu nível anterior (Lucas et al., 2003; Diener, 2000). O apoio social – amigos e cônjuges – e a religiosidade são contribuintes importantes para a satisfação com a vida (Csikszentmihalyi, 1999; Diener, 2000; Myers, 2000). Igualmente importantes são determinadas dimensões da personalidade – extroversão e conscienciosidade (Mroczek e Spiro, 2005; Siegler & Brummett, 2000) – e a qualidade do trabalho e do lazer (Csikszentmihalyi, 1999; Diener, 2000; Myers, 2000). A satisfação com a vida se altera com a idade? Embora uma maioria de adultos mais velhos relate níveis crescentes de satisfação com a vida à medida que envelhecem, este certamente não é o caso para todos os adultos. Adultos que relatam relacionamentos sociais insatisfatórios e a falta de um sentido de controle tendem a relatar declínios na satisfação com a vida (Rocke e Lachman, 2008). É difícil generalizar o significado dos relacionamentos na meia-idade hoje. Esse período não apenas cobre um quarto de século de desenvolvimento, como também abrange uma multiplicidade maior de trajetórias de vida jamais vista (S. L. Brown, Bulanda e Lee, 2005). Para a maioria das pessoas na meia-idade, entretanto, os relacionamentos com os outros são muito importantes – talvez de maneira diferente do que quando eram jovens. De acordo com a teoria do comboio social, as pessoas se movimentam pela vida cercadas por comboios sociais: círculos de amigos e de membros da família de graus variados de intimidade, com quem elas podem contar para assistência, bem-estar e apoio social, e para quem elas se voltam também para oferecer cuidado, preocupação e apoio (Antonucci e Akiyama, 1997; Kahn e Antonucci, 1980). Características da pessoa (sexo, raça, religião, idade, educação, e estado civil) juntamente com características da situação daquela pessoa (expectativas de papéis, eventos de vida, estresse financeiro, lutas diárias, demandas e recursos) influenciam o tamanho e a composição do comboio, ou rede de apoio; a quantidade e os tipos de apoio social que uma pessoa recebe; e a satisfação derivada deste apoio. Todos estes fatores contribuem para a saúde e o bem-estar (Antonucci, Akiyama e Merline, 2001). A teoria da seletividade socioemocional de Laura Carstensen (1991, 1995, 1996; Carstensen, Isaacowitz e Charles, 1999) oferece uma perspectiva para a vida toda de como as pessoas escolhem com quem passarão o seu tempo. Segundo Carstensen, a interação social tem três objetivos principais: (1) é uma fonte de informação; (2) (2) ajuda pessoas a desenvolverem e manterem uma noção de si próprias; (3) (3) é uma fonte de prazer e conforto ou bem-estar emocional. Na primeira infância, o terceiroobjetivo, a necessidade de apoio emocional, é de importância suprema. Da infância ao período adulto jovem, a busca por informação vem na frente. Como os jovens batalham para aprender sobre a sua sociedade e seu lugar nela, estranhos podem muito bem ser as melhores fontes de conhecimento. Na meia- idade, embora a busca pela informação continue sendo importante (Fung, Carstensen e Lang, 2001), a função original reguladora da emoção e dos contatos sociais começa a se reafirmar. Em outras palavras, as pessoas de meia-idade buscam cada vez mais outras pessoas que as façam sentir-se bem. Para a maioria dos adultos na meia-idade os relacionamentos são a chave mais importante para o bem- -estar (Markus et al., 2004). Eles podem ser a fonte principal de saúde e satisfação (Lachman, 2004). De fato, ter um(a) companheiro(a) e estar com boa saúde são os maiores fatores no bem-estar para as mulheres na faixa dos cinquenta anos, de acordo com dois levantamentos nacionais. Ter ou não ter filhos fazia pouca diferença. As menos felizes, mais solitárias, e mais deprimidas eram as mães solteiras, divorciadas ou viúvas (Koropeckyj-Cox, Pienta e Brown, 2007). Entretanto, os relacionamentos também podem apresentar demandas estressantes (Lachman, 2004), que tendem a pesar mais sobre as mulheres. Um sentido de responsabilidade e preocupação pelos outros pode prejudicar o bem-estar de uma mulher quando problemas ou infortúnios afligem seu companheiro, filhos, pais, amigos ou colegas de trabalho. Esse estresse indireto pode ajudar a explicar por que mulheres de meia-idade são especialmente suscetíveis a depressão e a outros problemas de saúde mental, e por que, como veremos, elas tendem a ser mais infelizes em seus casamentos do que os homens (Antonucci e Akiyama, 1997; S. P. Thomas, 1997). Filhos maduros De que forma os relacionamentos entre pais e filhos mudam à medida que os filhos se aproximam e chegam à idade adulta? Ironicamente, pessoas que se encontram em duas épocas da vida popularmente ligadas a crises emocionais – adolescência e meia idade – frequentemente vivem na mesma casa. Geralmente, adultos de meia idade são pais de filhos adolescentes. Enquanto lidam com suas próprias preocupações, os pais têm de lidar diariamente com jovens que estão passando por grandes mudanças físicas, emocionais e sociais. Tarefa importante para os pais: Aceitar seus filhos como eles são, não como esperavam que eles fossem. Quando os filhos vão embora Uma transição supostamente difícil, especialmente para as mulheres, que ocorre quando o filho mais jovem deixa a casa dos pais. Embora algumas mulheres, que investiram em suas funções como mães, tenham problemas de ajustamento ao ninho vazio, elas são superadas em número por aquelas que consideram essa partida libertadora. Para algumas mulheres, o ninho vazio pode trazer alivio do que Gutmann chamou de a “NECESSIDADE CRÔNICA DA FUNÇÃO PARENTAL”. Elas podem buscar seus próprios interesses enquanto desfrutam das realizações de seus filhos adultos. Quando os filhos não são realizados; Efeitos do ninho vazio sobre um casamento; O ninho vazio não significa o fim da maternidade e da paternidade. É uma transição para um novo estágio: o relacionamento entre pais e filhos adultos. O ninho atravancado, a síndrome da porta giratória ou fenômeno bumerangue. Novo estágio da vida – maturidade filial – quando filhos de meia-idade aprendem aceitar e a atender às necessidades de dependência de seus pais. Esse desenvolvimento normativo é visto como um desfecho saudável de uma crise filial, na qual os adultos aprendem a equilibrar amor e dever para com seus pais com autonomia em um relacionamento de mão dupla Torna-se um cuidador de pais idosos Tensões provocadas pelo cuidar: ▪ Geração sanduiche – adultos de meia idade “espremidos” pelas necessidades concorrentes de criar ou orientar os filhos e cuidar de pais idosos. ▪ Esgotamento do cuidador – condição de exaustão física, emocional e mental de adultos que cuidam de pessoas idosas ou doentes.
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