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Psicologia e Arteterapia para Idosos

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3.1 Fundamentação teórica 
3.1.1. A Psicologia e os cuidados no envelhecimento da população 
Com o aumento da população idosa nas últimas décadas devido às novas tecnologias, surge também a alta incidência de doenças crônicas e múltiplas, que, consequentemente, implicam no aumento de despesas para os serviços de saúde. O Sistema Único de Saúde prevê o acesso a serviços públicos de prevenção, recuperação de agravos e promoção da saúde para toda a população (Paim et al., 2011). Portanto, é necessário que se crie novas políticas públicas, envolvendo a comunidade, para garantir isso. 
De acordo com Rowe e Kahn (1987), o envelhecimento ativo é caracterizado pela presença dos componentes: baixo risco de doenças e de incapacidade, que aumentam as chances de recuperação e cura de muitas patologias; alta funcionalidade física, relacionadas à mudanças comportamentais de vida saudável, e cognitiva, preservadas por treinos e programas de reabilitação para amenizar déficits e perdas; e engajamento ativo com a vida, associado principalmente à manutenção das relações e participação em atividades sociais e ocupacionais na velhice. Em 2015, os autores concluíram que os fatores culturais e sociais, as percepções do próprio idoso sobre o seu envelhecimento e os efeitos de experiências iniciais da vida também fazem parte do envelhecimento saudável. 
Junto da compreensão de saúde e envelhecimento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) propôs o conceito de envelhecimento ativo, entendido como “o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas” (WHO, 2005), o que inclui várias esferas da vida. 
A partir daí, surge a proposta da “Promoção de Saúde Moderna”. Segundo ela, a condição de saúde é resultado do comportamento aprendido e do contexto socioeconômico ao qual o indivíduo é exposto ao longo da vida (Assis, 2005). Portanto, deve-se garantir mudanças permanentes de condições de vida, garantindo Página 4 de 32 
intervenções para a otimização das potencialidades da população idosa, que focam em sua autoeficácia e o empoderamento. 
No final do século XX, surgiu a perspectiva Lifespan, que compreende o desenvolvimento como o resultado de fatores normativos graduados por idade pelos eventos não normativos vivenciados ao longo da vida (Staudigner, Marsiske & Baltes 1995; Baltes, Lindenberger & Staudinger, 2006; Neri, 2006). Além disso, entende que a partir da regulação entre as potencialidades e perdas associadas ao aumento da idade, tem-se uma velhice saudável. No entanto, é importante lembrar que, para que isso aconteça, é necessário considerar os determinantes contextuais, como a tecnologia e as condições educacionais, urbanas, habitacionais, de trabalho e de assistência à saúde adequadas ao longo da vida (Fonseca, 2010). 
Acerca do trabalho do psicólogo na assistência aos idosos, em 2004, a American Psychological Association (APA) recomendou que estes reconheçam como suas crenças e atitudes podem ser relevantes na avaliação e tratamento; tenham conhecimento geral sobre o desenvolvimento adulto e envelhecimento; se familiarizem com a realidade da patologia; conheçam as teorias e práticas avaliativas de idosos; e se capacitar continuamente. Já em 2014, novas orientações foram adicionadas. Dentre elas, pode-se citar: a conscientização da dinâmica social e psicológica do envelhecer; compreender a diversidade no processo de envelhecimento; se informar das políticas públicas e de leis estaduais e federais que regulamentam o serviço, etc. Unida ao Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), que prioriza metodologias para a detecção precoce de doenças, o monitoramento de agravos, programas de intervenção e sistema médico pessoal, a Psicologia pode atuar na manutenção da autonomia e da funcionalidade cognitiva. 
Inclusive, hoje a síndrome demencial é uma das principais causas da perda total de autonomia e independência na velhice. O sujeito que a possui apresenta os sintomas: apatia, depressão, ansiedade, insônia, medo, paranoia, alucinações, alterações de personalidade e de comportamento (Tampi et al., 2011). E, de acordo com especialistas, se o seu crescimento não for controlado, ela representará enorme Página 5 de 32 
desestrutura para o sistema de saúde (Wimo & Prince, 2010). Sendo assim, surge a necessidade de elaborar e validar instrumentos para um diagnóstico diferencial e de buscar novas intervenções que retardem o início ou a progressão do quadro clínico neurodegenerativo (Malloy-Diniz et al., 2013; Caramelli & Tavares, 2007; Yassuda, Cid & Camargo, 2007). 
Em 2014, Leandro-França e Murta reuniram as práticas mais usadas no cuidado da população idosa. Dentre elas estavam inclusas as abordagens comportamentais, cognitivo-comportamental; a terapia comunitária, sendo aplicada em grupos de pessoas com baixo poder aquisitivo para ajudar em seu empoderamento e resiliência; e a terapia life review, utilizada para a prevenção da depressão; e as intervenções para o preparo da aposentadoria. 
Os autores acima também ressaltam a importância da abordagem ecológica por enfatizar as complexas e recíprocas interações entre os indivíduos, os grupos e o seu meio ambiente (McLaren & Hawe, 2005; Green, Richard & Potvin, 1996), indo de encontro com o modelo biopsicossocial, que defende a necessidade de entender o processo saúde-doença a partir das condições de vida e saúde de uma coletividade (Puttini, Pereira Junior & Oliveira, 2010). Portanto, as melhores estratégias para auxiliar os idosos na obtenção do controle sobre como os fatores afetam sua qualidade de vida são desenvolver suas habilidades pessoas e o seu empoderamento. (Teixeira, 2002). 
3.1.2. Arteterapia para idosos 
De acordo com Coutinho (2008, .74), o envelhecimento envolve, além das mudanças biológicas, diversas consequências psicológicas e estas se referem principalmente à consciência da proximidade da morte e à “[...] a necessidade de manter e/ou reinventar um papel social e ao enfrentamento de ‘fantasmas’ interiores, como culpa, arrependimentos e medos”. Essas alterações podem intervir nas funções motoras e cognitivas do idoso e na sua qualidade de vida. Página 6 de 32 
Ademais, como Marques (2011) afirma, o idoso que mora em uma instituição, com o passar do tempo, vai ficando cada vez mais angustiado, se sentindo abandonado. Sendo assim, é necessário que essa população tenha acesso às atividades que reduzem a deterioração do seu intelecto e possibilitem a manutenção de suas capacidades cognitivas. 
Dentro desse cenário, a Arteterapia pode trazer muitos benefícios. Ela se trata de um processo terapêutico que usa a arte para a expressão e para o autoconhecimento. Além de estimular a socialização do idoso, permite que ele revele seus sentimentos. Ao contrário dos outros tipos de arte, ela possui como foco principal a possibilidade de expressão e comunicação e o resgate e ampliação de possibilidades criativas” (Philippini, 1998, p. 5), e não a estética e técnica utilizadas. 
Falando especificamente da pintura, ela permite que o sujeito trabalhe sua coordenação motora, sensibilidade, imaginação e intuição, o que favorece o desenvolvimento da maior percepção de seus limites e potencialidades. Já o recorte e a colagem se trata de um recurso organizador, integrador e estruturador porque concede a recriação, onde coisas já conhecidas podem se transformar em novas. Por fim, a música e artes cênicas dão à pessoa idosa a possibilidade de resgatar memórias afetivas e expressar emoções por meio das experiências. 
Inclusive, aqui no Brasil, a psiquiatra Nise da Silveira foi uma das pioneiras nessa área. Ela usava a terapia ocupacional com seus pacientes, a fim de tentar entender o que se passava em seu mundo interno através das suas expressões artísticas.

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