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Morfossintaxe Aplicada da Língua Portuguesa_Unidade I

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Prévia do material em texto

Autora: Profa. Ana Lúcia Machado da Silva
Colaboradores: Profa. Cielo Festino
Profa. Joana Ormundo
Prof. Adilson Silva Oliveira
Morfossintaxe Aplicada
da Língua Portuguesa
Professora conteudista: Ana Lúcia Machado da Silva
Ana Lúcia Machado da Silva é mestre em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São 
Paulo e especialista em Língua Portuguesa pela mesma instituição. Foi professora de Língua Portuguesa do ensino básico 
em rede pública e privada durante quase vinte anos. Ministra aulas de Análise do Discurso, Semântica e Pragmática 
e Literatura em Língua Portuguesa, entre outras, no curso de graduação em Letras pela Universidade Paulista (UNIP). 
Também ministra aulas em módulos para cursos de lato sensu pela UNIP e Faculdade Atibaia.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S586 Silva, Ana Lúcia Machado da.
Morfossintaxe aplicada da língua portuguesa. / .Ana Lúcia 
Machado da Silva – São Paulo: Editora Sol, 2013.
184 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-072/13, ISSN 1517-9230. 
1. Língua portuguesa. 2. Linguística. 3. Morfologia. I. Título.
CDU 801
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Lucas Ricardi
 Cristina Z. Fraracio
Sumário
Morfossintaxe Aplicada da Língua Portuguesa
APRESENTAçãO ......................................................................................................................................................7
INTRODUçãO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 ABORDAGEM GRAMATICAL E LINGUÍSTICA DA LÍNGUA ................................................................ 13
1.1 Gramática tradicional e gramatização ........................................................................................ 16
1.2 Gramática tradicional e a NGB ....................................................................................................... 21
1.3 Gramática tradicional: conteúdos e nomenclatura .............................................................. 33
1.4 Gramaticalização: o outro lado da gramática tradicional? ................................................. 45
2 PARADIGMAS DA LINGUÍSTICA ................................................................................................................. 51
2.1 Linguística formal estruturalista .................................................................................................... 53
2.2 Linguística formal gerativista .......................................................................................................... 60
2.3 Linguística funcional norte-americana ....................................................................................... 66
2.4 Linguística sistêmico-funcional ..................................................................................................... 67
3 INTRODUçãO À MORFOLOGIA ................................................................................................................. 70
3.1 Concepção de palavra e morfema ............................................................................................... 71
3.2 Tipos de morfema................................................................................................................................. 75
3.3 Categorias e flexões ............................................................................................................................ 78
3.4 Classes abertas e fechadas .............................................................................................................. 92
4 ORGANIZAçãO E CONSTITUIçãO DA FRASE ........................................................................................ 95
4.1 Sintagma nominal................................................................................................................................ 98
4.2 Sintagma preposicionado ...............................................................................................................102
4.3 Sintagma adjetival .............................................................................................................................105
4.4 Sintagma verbal ..................................................................................................................................106
Unidade II
5 TRANSFORMAçÕES EM FRASES SIMPLES ...........................................................................................115
5.1 Tipos obrigatórios ...............................................................................................................................116
5.2 Tipos facultativos ...............................................................................................................................121
5.3 Transformações de pronominalização: clítica e oblíqua ....................................................127
5.4 Transformações de pronominalização: reflexiva ...................................................................129
6 TRANSFORMAçÕES EM FRASES COMPLEXAS ...................................................................................132
6.1 Transformações de encaixamento: completivas ....................................................................132
6.2 Transformações de encaixamento: circunstanciais e relativas ........................................139
6.3 Coordenação de orações .................................................................................................................144
Unidade III
7 ESTUDO DO SUJEITO: USOS E MUDANçAS EM PORTUGUÊS BRASILEIRO (PB) ...................150
7.1 Apagamento do sujeito ...................................................................................................................152
7.2 Sujeito duplo ........................................................................................................................................157
7.3 Desumanização do sujeito ..............................................................................................................158
8 DE VOLTA À TORRE: APLICABILIDADE MORFOSSINTÁTICA EM PRODUçãO ESCRITA ........162
8.1 Princípio de iconicidade em produção literária ....................................................................162
8.2 SN como formadores de texto curto .........................................................................................166
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APreSentAção
Caro aluno,
A disciplina Morfossintaxe Aplicada da Língua Portuguesa – MALP – aborda a estrutura e 
funcionamento da língua portuguesa, no que concerne aos processos morfossintáticos na organização 
da sentença nessa língua e à estruturado período na organização sintática do texto. 
Outro aspecto fundamental dessa disciplina é que ela aborda, também, a gramática tradicional e a 
metodologia de ensino da morfossintaxe, que possibilitam a construção de conhecimentos da estrutura 
morfossintática do português e sua eficácia na melhoria da análise e da produção de textos escritos. 
Os objetivos gerais são, portanto, desenvolver e aperfeiçoar a competência linguística do aluno para, 
assim, melhorar o seu desempenho na intelecção e na produção de textos, observando-lhes melhor sua 
estrutura morfossintática.
Já os objetivos específicos são:
• desenvolver a habilidade de observação e de análise das estruturas e dos processos morfossintáticos 
da língua;
• capacitar o aluno na análise, descrição e explicação do funcionamento morfossintático da língua;
• desenvolver a capacidade de reflexão crítica sobre conceitos tradicionais e modernos da 
morfossintaxe e sobre metodologia mais funcional de ensino;
• desenvolver estratégias de ensino eficiente da morfossintática aplicadas ao uso efetivo da língua.
O conteúdo principal consiste:
• na estrutura sintagmática do português: suas bases morfológicas e as funções sintáticas 
autorizadas pela base morfológica;
• na estrutura da oração: estudo do sujeito, transitividade verbal e complementos verbais, termos 
adjuntos do nome e adjuntos do verbo;
• nas relações semânticas que surgem das relações sintáticas;
• no período composto: os processos sintáticos de coordenação e de subordinação; emprego dos 
nexos de subordinação e de coordenação; oração reduzida; oração justaposta; aplicabilidade do 
conhecimento sintático na produção escrita de textos.
Este livro-texto constitui-se de três unidades. A unidade I apresentará:
• a abordagem da língua pela gramática normativa e da linguística, fazendo distinção entre elas; 
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• a distinção entre gramatização e gramaticalização, sendo a primeira a produção em massa 
de gramáticas normativas e a segunda um fenômeno dinâmico de mudança de situação de 
gramaticalidade;
• os paradigmas da linguística: formalismo e funcionalismo;
• a descrição da língua portuguesa pelo viés da linguística formal, em especial a estruturalista para 
a descrição morfológica.
Na unidade II, veremos:
• a descrição da língua portuguesa pela linguística formal, em especial a gerativa para a descrição 
sintática;
• oração, período simples e composto por coordenação e subordinação.
Por fim, na unidade III, estudaremos:
• o uso da língua com destaque ao sujeito;
• a aplicação de determinados aspectos morfossintáticos em produção textual.
Introdução
Caro aluno, atente-se à palavra morfossintaxe, componente do nome da disciplina deste livro-
texto. Tal palavra é a união de outras duas conhecidíssimas por nós: morfologia + sintaxe, as quais 
nomeiam duas grandes áreas de estudo da língua. A primeira se preocupa com o vocábulo de uma língua, 
a estrutura e formação, bem como a flexão desses vocábulos; a segunda, por sua vez, se concentra na 
estrutura das sentenças e organização dos vocábulos nelas. Daí, o termo morfossintaxe passa a ser 
aplicado como consciência dessa relação entre vocábulo e sentença. 
Na verdade, quando se trata da língua, o seu fundamento é a articulação. Vejamos o exemplo da 
palavra pato (BATISTA, 2011, p. 19), a qual é a união entre duas unidades mínimas de forma e conteúdo:
• pat = radical da palavra, elemento significativo de natureza lexical;
• o = elemento significativo de natureza gramatical que indica o gênero masculino.
Na sentença, a articulação pode ocorrer de várias maneiras, entre elas:
• o pato... = duas unidades em concordância em gênero e número: o (masculina e singular) + pato 
(masculina e singular);
• os patos... = duas unidades em concordância em gênero e número: os (masculina e plural) + 
patos (masculina e plural);
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• os patos vêm... = duas unidades em concordância em gênero e número: os patos + uma unidade 
em concordância em pessoa e número: + vêm (3ª pessoa do plural).
A língua pode ser comparada, então, ao contato entre dois ossos, a um esqueleto. Na biologia, o 
conceito de articulação possui um papel fundamental na compreensão do funcionamento dos órgãos 
anatômicos. A articulação, nesse caso, é o ponto de contato entre dois ossos, permitindo mover as 
partes do nosso corpo.
Figura 1 – Esqueleto humano
O cotovelo, por exemplo, é um elemento articulador por excelência, permitindo movimento entre 
duas partes importantes do corpo sem a perda de contato entre elas. Conforme Toldo (2003), a noção 
de mobilidade na linguagem não é visível como na anatomia. Ele afirma que existem três formas de 
articulação de unidade na sentença em língua portuguesa.
A primeira forma ocorre por meio de um elemento articulador, como na expressão: 
(1) Casa de madeira
No exemplo (1), a preposição de é o elemento articulador entre as unidades casa e madeira, que 
são substantivos.
A segunda forma de articulação dá-se por meio da alteração em uma das unidades, como em:
(2) Eu cantei.
(3) Você cantou.
As unidades cantei e cantou são duas formas verbais do verbo cantar. Elas sofreram alterações na 
terminação para articular com as unidades eu e você, que são pronomes correspondentes.
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O primeiro elemento articulador (preposição de) é uma palavra autônoma; ao contrário, os elementos 
em (2) e (3) estão presos no corpo de uma das unidades articuladas, como os sufixos -ei (em cantei) e 
-ou (em cantou).
A terceira articulação não oferece, na sentença, um elemento articulador, sendo considerada, por 
isso, mais complexa, como verificamos no exemplo:
(4) Eu amei Maria.
(5) Ele amou Maria.
O verbo amei relaciona-se com eu, em uma demonstração de articulação, bem como a unidade 
verbal amou articula-se a ele. No entanto, como ocorre a articulação entre amei e Maria e entre 
amou e Maria? Podemos dizer que a articulação se dá pela relação de dependência de uma unidade 
com a outra, uma vez que, se digo eu amei, espera-se que eu diga quem amei, isto é, o objeto do verbo. 
Contudo, mais do que uma palavra, o termo Maria ocupa um lugar sintático. Mesmo ausente, há 
projeção do lugar do objeto. Vejamos mais dois casos:
(6) 
A. Pedro gostou muito de Maria. E você?
B. Mais do que isso. Eu amei.
(7) Quem ama não vê defeitos.
Na situação (6), em especial a fala B, o objeto do verbo amar não está presente, mas podemos 
recuperá-lo quando relacionamos essa fala à sentença do falante A, pois o objeto é o mesmo. Trata-se, 
no exemplo (6), de uma elipse; o termo Maria não aparece materialmente na sentença B, mas está lá, 
no lugar do objeto, sendo recuperado na sentença A.
O processo de elipse não ocorre na sentença (7), mas o lugar do objeto mantém-se igualmente. Na 
verdade, o verbo amar acumulou, no decorrer de sua história em uso, uma memória das enunciações de 
que fez parte, resultando um lugar já preparado para abrigar o objeto. Em (7), o provérbio usa o verbo 
amar de forma generalizante: o sentimento do amor é projetado a todo aquele que ama.
Dessa forma, a articulação na língua é contraída entre uma história das enunciações da língua e 
uma atualidade do uso. Deixo-lhe, caro aluno, o poema famoso de Vinícius de Moraes para ser analisado 
conforme as articulações percebidas por você.
Lá vem o pato
Pata aqui, pata acolá
Lá vem o pato
Para ver o que é que há
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O pato pateta
Pintou o caneco
Surrou a galinha
Bateu no marreco
Pulou do poleiro
No pé do cavalo
Levou um coice
Criou um galo
Comeu um pedaço
De jenipapo
Ficou engasgado
Com dor no papo
Caiu no poço
Quebrou a tigela
Tantas fez o moço
Que foi pra panela
Fonte: Moraes (1997).
Durante a leitura deste livro-texto, na medida em que for se aprofundando em seus conteúdos, 
sempre retorne ao poema, ampliando sua análise no que diz respeito às articulações mórficas e sintáticas.Boas relações morfossintáticas!
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Morfossintaxe aplicada da língua portuguesa
Unidade I
1 ABordAGeM GrAMAtICAL e LInGuÍStICA dA LÍnGuA
A linguagem sempre suscitou curiosidade nos homens, levando-os a questionar o surgimento, a 
evolução e a relação com o mundo físico, entre tantas questões. Consideremos, por exemplo, a figura a 
seguir. O que ela simboliza até hoje para nós?
Figura 2 – Pieter Brueghel – Torre de Babel, 1563
A pintura tem como tema a construção da mitológica torre, a qual simboliza a existência de apenas 
uma língua entre os homens e nações, havendo, então, entendimento e harmonia entre eles. No entanto, 
devido à ambição crescente da humanidade de alcançar os céus e igualar-se à divindade, Deus criou 
várias línguas; por conseguinte, as pessoas deixaram de entender o que as outras diziam, pois cada 
grupo passou a ter uma língua distinta. 
No que diz respeito à linguagem, todas as sociedades têm uma narrativa para explicar a origem da 
linguagem e a diversidade das línguas. Nas civilizações judaico-cristãs, esse mito está na Bíblia, em que 
há quatro episódios que tratam da questão da linguagem. No Antigo Testamento, encontram-se os 
relatos da criação, do dilúvio universal e da Torre de Babel; no Novo, o do milagre de Pentecostes.
Como ressalta Fiorin (2001), as línguas e as linguagens inscrevem-se em espaço real e em tempo 
histórico, assim como são usadas por falantes situados nesse espaço e tempo. No entanto, suas origens se 
dão em um tempo mítico, em um mundo desaparecido, tendo como protagonistas de seu aparecimento 
os heróis fundadores. O mito é uma explicação das origens do homem, do mundo, da linguagem. Dá 
sentido à vida, à morte, à dor, à condição humana – ou seja, dá sentido àquilo que não tem sentido.
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Em Gênesis, a linguagem é um atributo da divindade, pois o Criador recorre a ela para a realização 
de sua obra. Em um dos relatos bíblicos, nada havia no início e depois houve o caos. A passagem do 
caos à ordem – no sentido de cosmo – foi feita por meio da linguagem, a qual dá sentido ao mundo. 
Na linguagem e pela linguagem ordenou-se o mundo (In principio erat uerbum): “Deus disse: ‘Faça-se a 
luz’. E a luz foi feita. E viu Deus que a luz era boa: e separou a luz e as trevas. Deus chamou à luz dia e às 
trevas noite; fez-se uma tarde e uma manhã, primeiro dia” (BÍBLIA SAGRADA, 1971, I, 3-5).
Deus fez as coisas e ao mesmo tempo denominou-as. Assim, no universo mítico, dar nome é criar. 
Até o quinto dia, Deus foi criando linguisticamente o mundo.
Na segunda narrativa da criação, o homem é feito de barro (ou pó, segundo determinadas traduções); 
essa criação não foi feita com a linguagem, mas com o trabalho das mãos: “Então, o Senhor modelou o 
homem com o barro da terra, e soprou-lhe no rosto o sopro da vida, e o homem tornou-se um ser vivo” 
(BÍBLIA SAGRADA, 1971, II, 7).
Tanto o homem quanto os animais foram feitos de barro, sendo distintos pelos princípios, pois o 
homem é composto do barro da terra (corpo) e do sopro de Deus (alma). A mulher, por sua vez, é um ato 
de criação realizado pela linguagem:
Depois, o Senhor Deus transformou a costela, que tirara de Adão, numa 
mulher e levou-a para Adão. Este disse: “Este é osso de meus ossos, a carne 
da minha carne: será chamada mulher, porque foi tirada do homem”. É por 
isso que o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá a sua mulher; e eles 
serão dois numa só carne (BÍBLIA SAGRADA, 1971, II, 22-24).
A narrativa do dilúvio, encontrada em Gênesis VII-IX, serviu de fundamento para a hipótese da 
monogênese das línguas, sendo as primeiras famílias linguísticas descobertas denominadas a partir dos 
nomes dos três filhos de Noé: Sem, Cam e Jafé (semítica, camítica e jafética). 
O episódio da torre de Babel explica, por sua vez, o mistério da diversidade das línguas. Os homens 
pretenderam fazer uma torre que chegasse aos céus. Deus não aceitou sua pretensão e, como castigo, 
provocou confusão das línguas:
Todos se serviam da mesma língua e das mesmas palavras [...]. Disseram-se 
uns aos outros: “Vinde, façamos tijolos e cozamo-los no fogo”. Os tijolos 
serviram-lhes de pedra, e o betume, de cimento. Disseram: “Vinde, façamos 
uma cidade e uma torre, cujo cume atinja o céu. Celebremos nosso nome 
antes que nos dispersemos por toda a terra”. Ora, Deus desceu para ver a 
cidade e a torre que os filhos de Adão edificavam e disse: “Eis que todos 
são um só povo e falam uma única língua. Começaram a fazer isto e não 
desistirão, até que tenham completado sua obra. Vamos, desçamos e 
confundamos sua língua, para que um não entenda mais a voz do outro” 
(BÍBLIA SAGRADA, 1971, II, 18-19).
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Morfossintaxe aplicada da língua portuguesa
No Novo Testamento, o relato do milagre de Pentecostes conta que o Espírito Santo desceu sobre 
os apóstolos sob a forma de línguas de fogo, permitindo-lhes falar todas as línguas de seus ouvintes, 
vindos de diferentes países, bem como possibilitando que os apóstolos fossem compreendidos pelos 
ouvintes como se falassem a língua de cada um,
[...] porque cada um ouvia-os falar em sua própria língua. Espantavam-
se todos e maravilhavam-se, dizendo: “Por acaso todos estes homens que 
falam não são galileus? Como ouvimos cada um nossa língua materna? Os 
partos, e os medas, e os elamitas, e os que habitam a Mesopotâmia, a Judeia, 
a Capadócia, o Ponto e a Ásia, a Frígia e a Panfília, o Egito e a parte da Líbia, 
que é próxima de Cirene, e os romanos que estão aqui, também os judeus e 
os prosélitos, e os cretenses e os árabes: ouvimo-los falar em nossas línguas 
as maravilhas de Deus (BÍBLIA SAGRADA, 1971, II, 6-11).
Se o mito da torre de Babel figurativizou a diversidade quase infinita das línguas, o episódio de 
Pentecostes opõe-se a essa diversidade, marcando o princípio de unidade e reconstruindo a característica 
básica da língua adâmica. Dessa forma, o ciclo do mito se completa.
Essa origem mítica do surgimento das várias línguas fascina o ser humano, os estudiosos da 
linguagem e, mais especificamente, da língua. Não é apenas o mito que sustenta as ideias sobre a 
origem das línguas: ao lado dessa visão mítica, desenvolveu-se outra, de caráter filosófico, na qual estão 
incluídas, por exemplo, as reflexões de filósofos gregos – os quais já na Antiguidade preocuparam-se 
com linguagem e, em especial, com aquilo em que consistia o centro da língua. Aristóteles e Platão são 
exemplos de filósofos que criaram muitas reflexões em torno da língua.
Os filósofos especularam sobre a própria natureza da linguagem humana, perguntando-se “que 
coisa é essa?” e “como funciona?”. Entre os debates, surgiu a questão sobre os signos linguísticos serem 
motivados ou arbitrários, isto é, se o vínculo das palavras com seus referentes era dado por algo intrínseco 
à natureza das coisas ou por convenção historicamente construída.
Os filósofos criaram uma análise de vários aspectos da língua grega como parte da construção da 
lógica (da teoria de como se organiza o raciocínio válido). Devido ao fato de a lógica incluir uma discussão 
dos juízos ou proposições – das unidades que entram nos processos racionais de obter conclusões 
válidas – e de essas proposições serem expressas por meio de sentenças da língua, os filósofos tiveram 
de elaborar uma análise da estrutura sintática das sentenças.
Essa análise das sentenças deu-se a partir das duas grandes funções proposicionais – sujeito e 
predicado–, bem como das classes de palavras que podem ocupar essas funções – em especial os 
substantivos e os verbos.
Como resultado, o ser (substantivo) e o verbo foram considerados as palavras mais importantes, e 
a gramática originou-se. Firmou-se um estudo da língua com base nessa gramática, a qual se tornou 
tradicional e normativa.
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Com base no pensamento filosófico, foi criada a primeira gramática ocidental, a de Dionísio, da 
região de Trácia, na Grécia, em II a.C. Essa e outras posteriores (gregas, latinas, modernas da língua 
portuguesa, alemã etc.) solidificaram um modo de estudar a língua – modo que existe até o momento.
Porém, no início do século XX, uma ciência da língua foi criada: a Linguística. A perspectiva é diferente, 
com base em metodologia e criação de teoria, mas a palavra continua sendo o princípio das pesquisas.
Saussure, em seu Curso de Linguística Geral, estabeleceu alguns princípios, que serviram de base 
para a constituição da Linguística:
• embora possa haver uma Linguística da fala, a Linguística propriamente dita é aquela que tem 
como único objeto a língua;
• a língua é forma, e não substância;
• na língua há apenas diferenças;
• há um ponto de vista sincrônico e um diacrônico na Linguística: é sincrônico tudo o que se 
relaciona com o aspecto estático de nossa ciência, e diacrônico tudo o que diz respeito à evolução;
• o estudo sincrônico é estrutural; o diacrônico, não (FIORIN, 2001, p. 15-16).
Saussure delimita que, embora a língua não seja estática, o estudo sobre ela deve imobilizá-la, para 
que o linguista possa apreender sua organização sincrônica. O objeto dinâmico transforma-se, então, 
em um modelo estático, pois busca invariantes que constituem o sistema e relega as variantes ao 
extrassistêmico. A estabilização do objeto produziu resultados consideráveis para a ciência da linguagem, 
pois permitiu entender os princípios que regem o sistema.
No nosso mundo contemporâneo, concorrem o mito, a gramática e a ciência linguística. Para a nossa 
área, no entanto, interessam a gramática e a linguística. Nesta primeira unidade, exploramos, então, 
a gramática tradicional, encerrando sua relação com a linguística, que muito a influencia hoje. Isso 
porque os estudos linguísticos desenvolveram-se rápida e intensamente no Brasil, desde a década de 
1960, e muitas das nossas gramáticas atuais adotaram alguns termos e concepções dessa ciência. Mais 
adiante, a concepção de língua será unicamente do ponto de vista da linguística. 
1.1 Gramática tradicional e gramatização
Caro aluno, nessa altura do curso de Letras você já sabe da existência das várias gramáticas e que 
aquela ensinada no Ensino Básico é a gramática normativa.
A gramática normativa remonta ao século II a.C. Já mais próximos da era cristã, os gregos dedicaram-
se ao estudo da produção literária de seus autores consagrados. Tal estudo ocorreu principalmente 
na cidade de Alexandria – fundada em 323 a.C. por Alexandre Magno, na foz do rio Nilo – e dele se 
originaram a filologia e a gramática.
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Morfossintaxe aplicada da língua portuguesa
Os estudiosos dedicaram-se não apenas a catalogar todo o precioso acervo, mas principalmente a 
estabelecer, com base nos fragmentos disponíveis, o texto que poderia ser considerado como definitivo 
da obra de cada um dos autores gregos clássicos. Por razões óbvias, os grandes poemas de Homero 
receberam particular atenção desses estudiosos.
Esse trabalho criterioso foi necessário porque os manuscritos do mesmo texto variavam entre si 
ou estavam danificados e rasurados; havia lacunas, trechos obscuros, acréscimos ou cortes indevidos. 
Segundo Faraco (2008, p. 133), esse estudo dos textos levou os eruditos alexandrinos a descrever e 
comentar a língua que ali encontravam, do seguinte modo:
• aspectos de métrica, ortografia e pronúncia; 
• a distribuição das palavras por classes (nomes, adjetivos, pronomes, verbos, advérbios, conjunções 
etc.); 
• a estrutura sintática da oração simples (sujeito, predicado, complementos, adjuntos) e dos períodos 
(coordenação e subordinação); 
• o uso das figuras de linguagem e assim por diante. 
Com o tempo, esses estudos passaram a constituir um ramo específico do conhecimento: a gramática. 
Assim, atribuímos ao erudito alexandrino Dionísio, o Trácio (século II a.C.), a autoria da primeira gramática 
conhecida do mundo ocidental. Ele consolidou as descrições de aspectos da língua grega, tornando sua 
obra modelo dos estudos gramaticais posteriores. 
Em sua Tekhné Grammatiké (Arte da gramática), Dionísio Trácio ocupou-se essencialmente da 
fonética e da morfologia da língua grega, sem abordar a sintaxe. Sua obra lista oito classes gramaticais:
• nome;
• verbo;
• particípio;
• pronome;
• artigo;
• advérbio;
• preposição;
• conjunção.
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Dionísio Trácio conceituou a gramática como conhecimento empírico das ditas obras dos poetas e 
prosadores. A língua escrita exemplar passou a ser, então, o objeto do gramático, que perseguiu dois 
objetivos: descrever essa língua e, ao fazê-lo, estabelecer um modelo a ser seguido por todos os que 
escreviam.
Foi com base nesse tipo de pesquisa que se constituiu a tradição normativa ocidental do estudo da 
língua, que é ainda tão forte entre nós. Diante de toda diversidade da língua encontrada pelos gregos 
alexandrinos, eles concentraram seus esforços na direção do estabelecimento e do cultivo de um ideal de 
língua. A referência para esse ideal foi precisamente a língua como encontraram nos grandes escritores.
Como desdobramento desse processo, os gregos alexandrinos vieram a criar a gramática, voltada 
para o estudo da língua e com o objetivo principal de fixar modelos de correção com base nos estudos 
empíricos dos usos normais dos poetas e prosadores. Essa gramática deu base às outras do mundo 
ocidental no que concerne:
• à base, que é a língua dos autores consagrados;
• às regras para falar e escrever corretamente;
• à descrição da estrutura das sentenças (sintaxe);
• à classificação das palavras com uma apresentação de sua morfologia flexional (conjugação dos 
verbos e declinação dos substantivos).
Depois da incorporação da Grécia aos domínios romanos, no século II a.C., a cultura grega foi 
fortemente valorizada pela elite romana, a qual se dedicou a aprender a língua e a literatura gregas. Os 
estudos gramaticais foram, também, absorvidos pelos romanos. 
Os romanos adotaram a concepção normativa e fixou-se a ideia de um latim modelar – afinal, já 
estava longe o tempo em que o latim era apenas a língua dos camponeses de Lácio. Os romanos optaram 
como referência a linguagem dos poetas e prosadores consagrados e dos modelos gregos. O criador da 
primeira gramática latina foi Varrão, que seguiu seu mestre alexandrino Crates de Malos e definiu seu 
trabalho como “a arte de escrever e falar corretamente; e de compreender os poetas” (FARACO, 2008, 
p. 137).
Nesse processo, agregou-se o pressuposto de bem falar e bem escrever à concepção de pessoa culta. 
Isso quer dizer que uma pessoa culta é aquela que cultiva certos modelos de língua, aproximando seu 
modo de falar em público e de escrever aos usos dos autores consagrados. Imitar a língua dos autores 
clássicos passou a ser o ideal linguístico dessas pessoas.
O ensino de língua possuía um caráter prático, levando o aprendiz a exercitar as habilidades de falar 
em público e de escrever.O conhecimento gramatical tornou-se, portanto, subordinado a esse objetivo 
maior, diferente do que ocorre entre nós hoje.
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Para essa finalidade pedagógica, os romanos produziram, nos primeiros séculos da nossa era, várias 
gramáticas do latim. Entre elas, ficou famosa a de Prisciano, que viveu em Constantinopla durante 
o governo do imperador Justiniano, no século VI d.C. Sua gramática é a síntese da tradição greco-
romana e foi a última a ser produzida pela cultura romana, tornando-se o grande modelo em termos de 
gramática escolar – o que persiste até hoje. 
Os gregos e os romanos produziram um saber sobre a linguagem, resumido por Faraco (2008) em 
três aspectos:
• constituição de um vocabulário para falar sobre a língua, equivalente, hoje, à metalinguagem. 
Apesar das dificuldades criadas pelos conceitos e das insuficiências empíricas, esse vocabulário 
circula até o momento;
• formulação de grandes perguntas sobre a linguagem humana, presentes ainda hoje nas nossas 
especulações linguísticas e filosóficas modernas;
• sistematização de três grandes direções para o estudo da língua caracterizadoras de alguns de 
nossos modos de investigação.
Enfim, o que é chamado hoje de gramática tradicional está estagnado desde Prisciano, tendo 
se esgotado como instrumento de geração de novos conhecimentos sobre a língua. Por isso, as 
gramáticas escolares nunca contêm inovação significativa quanto à maneira de apresentar a 
língua.
Voltando à história da gramática, a gramática do latim foi adotada como a grande referência 
pedagógica durante todo o período medieval da Europa Ocidental, em especial nos mosteiros, em que 
os estudiosos tentaram preservar um latim clássico cristalizado como língua de erudição. 
Apenas por volta do século IX d.C. apareceram os primeiros textos escritos nas novas línguas – 
vernáculas, herdeiras diretas das diferentes variedades do latim popular falado: galego-português, 
catalão, francês, entre outras. Apesar de o latim continuar a ser usado na escrita, principalmente pela 
elite, as línguas vernáculas passaram progressivamente a ser adotadas também pelos governos para 
substituir o latim na redação dos documentos oficiais. O latim, por sua vez, permaneceu na escrita 
acadêmica até meados do século XVII; nas atividades diplomáticas, até o século XVIII, quando foi 
substituído pelo francês; nos rituais religiosos da Igreja Romana, até o século XIX e na redação de seus 
documentos oficiais, como as encíclicas papais, até hoje.
No fim do século XV e início do XVI, a situação estava madura para o começo dos estudos gramaticais 
das línguas vernáculas. Nesse momento, passou a ser necessária a sistematização de uma descrição dessas 
línguas e o registro de uma referência normativa que atendesse aos objetivos de unificação linguística 
trazidos pela criação dos novos Estados Centralizados. O português e o castelhano, principalmente, 
estavam se tornando línguas nacionais, bem como línguas imperiais, obtendo um novo status político 
ao favorecer movimentos unificadores.
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Esses movimentos favoreceram o que Auroux (1992) denomina gramatização, fenômeno ocorrido 
no século XVI:
• as primeiras gramáticas das línguas vernáculas foram criadas;
• as primeiras propostas com vistas à fixação da ortografia foram feitas;
• os primeiros dicionários foram organizados.
Para a descrição das línguas vernáculas, essas gramáticas seguiram o modelo das antigas gramáticas 
latinas, em especial a de Prisciano.
 Saiba mais
Para conhecer melhor a gramatização, consulte o livro de Auroux:
AUROUX, S. A Revolução Tecnológica da Gramatização. Campinas: 
Unicamp, 1992.
As primeiras gramáticas foram as da Itália, em 1450; da Espanha, em 1492; da França, em 1530; de 
Portugal, em 1536; da Alemanha, em 1537; e da Inglaterra, em 1586. Dessas, a língua castelhana foi 
a primeira a ter uma gramática escrita, cujo autor é Antonio de Nebrija, que publicou a gramática em 
1492, dedicando-a aos Reis Católicos Fernando e Isabel, os quais, por meio do casamento, uniram os 
reinos de Aragão e Castela, base da Espanha moderna.
A gramática de Nebrija atendeu, segundo o próprio autor, à “necessidade de se fixar uma língua 
enobrecida” (FARACO, 2008, p. 142) para ser difundida pelo império que começava a ser constituído. Foi 
em 1492 que a Espanha iniciou seu empreendimento colonial, subvencionando a primeira viagem de 
Colombo em direção ao Oeste.
Quanto à primeira gramática da língua portuguesa, ela passou a existir a partir de 1536, quando 
Portugal ainda vivia o auge político como a primeira grande potência marítima e mercantil do mundo 
moderno. A mais famosa dessas gramáticas é a de João de Barros, publicada em 1540. Conforme o autor, 
gramática é: 
[...] vocábulo grego: quer dizer ciência de letras. E segundo a definição que 
lhe deram os gramáticos, é um modo certo e justo de falar e escrever, colhido 
do uso e da autoridade dos barões doutos (FARACO, 2008, p. 143).
João de Barros recuperou a tradição alexandrina sobre “o modo certo e justo de falar e escrever” 
e, concomitantemente, ampliou o universo de referência da gramática ao não ater apenas ao uso de 
escritores literários, mas também ao uso dos letrados em geral. 
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De modo geral, o grande objetivo dos primeiros gramáticos foi, então, contribuir para fixar um 
padrão de língua para os novos Estados Centralizados. Esse modelo medieval de ensino da língua chegou 
ao Brasil já no século XVI, com as práticas pedagógicas dos jesuítas, consolidando-se no novo país. O 
resultado é um ensino elitista e artificial da língua materna; a consolidação é, de acordo com Faraco 
(2008), do normativismo e da gramatiquice.
Esse modelo insiste, desde os fins do século XIX, em apontar nossos pretensos erros de língua e em 
como deveríamos falar e escrever. Um exemplo evidente está no capítulo dos pronomes pessoais, que 
remete a uma situação linguística que só ocorreu de fato até o começo do século XIV. De lá para cá, o 
sistema pronominal do português alterou-se profundamente sem que os manuais tenham conseguido 
fazer um registro adequado das mudanças.
Para nos determos em poucos exemplos, as formas de segunda pessoa, com a criação do pronome 
você(s), ou foram abandonadas (como o pronome vós) ou ficaram restritas geográfica e socialmente. 
1.2 Gramática tradicional e a nGB
Temos atualmente no Brasil algumas gramáticas de autores renomados e respeitados que ora 
mantêm a tradição, sem questionamentos, ora trazem uma visão mais crítica de seu estudo e chegam 
a inovar, levando para suas obras termos da Linguística, por exemplo. Entre essas gramáticas da língua 
portuguesa, encontram-se:
• BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 32. ed. São Paulo: Companhia Editora 
Nacional, 1988.
• CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: 
Nova Fronteira, 2001.
• LIMA, Carlos Henrique da Rocha. Gramática normativa da língua portuguesa. 42. ed. Rio de 
Janeiro: José Olympio, 2002.
• LUFT, Celso Pedro. Moderna gramática brasileira. 4. ed. Porto Alegre: Globo, 1981. 
Esses gramáticos baseiam suas obras na NGB – Nomenclatura Gramatical Brasileira –, criada em 
1959 para orientar as gramáticas brasileiras. A ideia de uma nomenclatura oficial, segundo Perini e 
Fulgêncio (apud VALENTE; PEREIRA, 2011), é a de tentarcontrolar a proliferação indiscriminada da 
terminologia gramatical. A diversidade era tanta que dificultava transferências de alunos de uma escola 
para outra. Um professor chamava “adjunto adnominal”, outro chamava “adjunto limitativo”, outros, 
“modificador”, “epíteto” e assim por diante. Essas várias denominações não refletiam diferenças de 
análise, sendo, portanto, redundantes. Sem uma nomenclatura comum não pode haver diálogo profícuo; 
há necessidade de haver diálogo, discussão e contestação em gramática. 
No entanto, a NGB não forneceu apenas uma nomenclatura comum, mas impôs uma teoria da 
oração; libertou o professor da confusão dos termos, mas acabou desobrigando-o da necessidade de 
justificar a análise adotada, desestimulando a discussão gramatical propriamente dita.
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Na verdade, a NGB foi apenas “recomendada” pela Portaria nº 36 do MEC, de 28 de janeiro de 
1959, mas tem sido interpretada como uma lei de fato. A consequência do estatuto foi funcionar 
como empecilho para uma teoria satisfatória em gramática descritiva. Além disso, isolou as gramáticas 
escolares da pesquisa linguística desenvolvida no país.
Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB)
Uniformização e simplificação da Nomenclatura Gramatical Brasileira, de acordo com o 
trabalho aprovado pelo Sr. Ministro Clóvis Salgado, elaborado pela Comissão designada na 
Portaria Ministerial número 152/57, constituída pelos Professores Antenor Nascentes, Clóvis 
do Rêgo Monteiro, Cândido Jucá (filho), Carlos Henrique da Rocha Lima e Celso Ferreira da 
Cunha, e assessorada pelos Professores Antônio José Chediak, Serafim Silva Neto e Sílvio 
Edmundo Elia.
Rio de Janeiro, 1958.
Exmo Sr. Ministro de Estado da Educação e Cultura
A Comissão, abaixo assinada, tem a honra de passar às mãos de V. Ex.ª o Anteprojeto de 
Simplificação e Unificação da Nomenclatura Gramatical Brasileira, já em redação final.
O presente Anteprojeto é resultante não só de um reexame, pela Comissão, do primitivo, 
mas ainda do estudo, minucioso e atento, das contribuições remetidas à CADES pela 
Academia Brasileira de Filologia do País, pela Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul 
e, individualmente, por numerosos e abalizados professores de Português.
Releva salientar que a Comissão, ao considerar as modificações propostas, teve sempre 
em mira a recomendação de V. Ex.ª constante da Portaria Ministerial nº 152 – “uma 
terminologia simples, adequada e uniforme” – bem como atender ao tríplice aspecto fixado 
nas Normas Preliminares de Trabalho:
a) a exatidão científica do termo;
b) a sua vulgarização internacional;
c) a sua tradição na vida escolar brasileira.
Agradecendo, mais uma vez, nesta oportunidade, a distinção e a confiança com, que 
contemplou V. Ex.ª, a Comissão renova a V.Ex.ª os protestos de alto apreço e distinta 
consideração.
Antenor Nascentes
Clóvis do Rêgo Monteiro
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Cândido Jucá (filho)
Carlos Henrique da Rocha Lima
Celso Ferreira da Cunha
Assessores:
Antônio José Chediak
Serafim Silva Neto
Sílvio Edmundo Elia.
Portaria nº 36, de 28 de janeiro de 1959
O Ministro do Estado da Educação e Cultura, tendo em vista as razões que determinaram 
a expedição da Portaria nº 152, de 24 de abril de 1957, e considerando que o trabalho 
proposto pela Comissão resultou de minucioso exame das contribuições apresentadas 
por filólogos e linguistas, de todo o País, ao Anteprojeto de Simplificação e Unificação da 
Nomenclatura Gramatical Brasileira, resolve:
Art.1º - Recomendar a adoção da Nomenclatura Gramatical Brasileira, que segue anexa 
à presente Portaria, no ensino programático da Língua Portuguesa e nas atividades que 
visem à verificação do aprendizado, nos estabelecimentos de ensino.
Art.2º - Aconselhar que entre em vigor:
a) para o ensino programático e atividades dele decorrentes, a partir do início do primeiro 
período do ano letivo de 1959;
b) para os exames de admissão, adaptação, habilitação, seleção e do art. 91 a, partir dos 
que se realizarem em primeira época para o período letivo de 1960.
Clóvis Salgado
Divisão da gramática: Fonética, Morfologia e Sintaxe.
Introdução: Tipos de Análise: Fonética, Morfológica e Sintática.
Primeira parte
Fonética
I – A fonética pode ser: Descritiva, Histórica e Sintática.
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II – Fonemas: vogais, consoantes e semivogais.
1. Classificação das vogais – Classificam-se as vogais:
a) quanto à zona de articulação, em: anteriores, médias e posteriores;
b) quanto ao timbre, em: abertas, fechadas e reduzidas;
c) quanto ao papel das cavidades bucal e nasal, em: orais e nasais;
d) quanto à intensidade, em: átonas e tônicas.
2. Classificação de consoantes – classificam-se as consoantes:
a) quanto ao modo de articulação, em: oclusivas, constritivas: fricativas, laterais e 
vibrantes;
b) quanto ao ponto de articulação, em: bilabiais, labiodentais, linguodentais, alveolares, 
palatais e velares;
c) quanto ao papel das cordas vocais, em: surdas e sonoras;
d) quanto ao papel das cavidades bucal e nasal, em: orais e nasais.
III – 1. Ditongos – Classificam-se os ditongos em: crescentes e decrescentes; orais e 
nasais.
2. Tritongos – Classificam-se os tritongos em: orais e nasais.
3. Hiatos.
4. Encontros Consonantais.
Nota: os encontros – ia, ie, io, ua, eu, uo finais, átonos, seguidos ou não de s, classificam-
se quer como ditongos, quer como hiatos uma vez que ambas as emissões existem no 
domínio da Língua Portuguesa: histó-ri-a e histó-ria; sé-ri-e e sé-rie; pá-ti-o e pá-tio; ár-
du-a e ár-dua; tê-nu-e e tê-nue; vá-cu-o e vá-cuo.
IV – Sílaba – Classificam-se os vocábulos, quanto ao número de sílabas, em: monossílabos, 
dissílabos, trissílabos e polissílabos. 
V – Tonicidade:
1. Acento: principal e secundário.
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2. Sílabas: átonas: pretônicas e postônicas; subtônicas; tônicas.
3. Quanto ao acento tônico, classificam-se os vocábulos em: oxítonas, paroxítonas e 
proparoxítonas.
4. Classificam-se os monossílabos em: átonos e tônicos.
5. Rizotônico; arrizotônico.
6. Ortoepia.
7. Prosódia.
Nota: são átonos os vocábulos sem acentuação própria, isto é, os que não têm autonomia 
fonética, apresentando-se como sílabas átonas do vocábulo seguinte ou do vocábulo 
anterior. São tônicos os vocábulos com acentuação própria, isto é, os que têm autonomia 
fonética. Pode ocorrer que, conforme mantenha, ou não, sua autonomia fonética, o mesmo 
vocábulo seja átono numa frase, porém, tônico em outra. Tal pode acontecer, também, com 
vocábulos de mais de uma sílaba: serem átonos numa frase, mas tônicos em outra.
Segunda parte
Morfologia
Trata a Morfologia das palavras:
1. Quanto a sua estruturação e formação.
2. Quanto a suas flexões e
3. Quanto a sua classificação.
I - Estrutura das palavras:
a) Raiz; Radical; Tema; Afixo; prefixo e sufixo; Desinência: nominal e verbal; Vogal 
temática; Vogal e Consoante de ligação.
b) Cognato.
II – Formação das palavras: 1 – Processo de formação de palavras: Derivação; Composição; 
2 – Hibridismo.
III – Flexão das palavras: quanto à sua flexão as palavras podem ser: variáveis ou 
invariáveis.
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IV - Classificação das palavras: substantivos, artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, 
advérbio, preposição, conjunção e interjeição.
I – Substantivos
1. Classificam-se os substantivos em: comuns e próprios; concretos e abstratos.
2. Formação do substantivo: primitivo e derivado; simples e composto.
3. Flexão do substantivo:
a) em gênero: masculino; feminino, epiceno; comum de dois gêneros; sobrecomum.
b) em número: singular e plural;
c) em grau: aumentativo; diminutivo.
II – Artigo
1. Classificação do artigo: definido, indefinido.
2. Flexão do artigo:
a) gênero: masculino e feminino;
b) número: singular e plural.
III – Adjetivo:
1. Formação do adjetivo: primitivo e derivado; simples e composto.
2. Flexão do adjetivo:
a) em gênero: masculino e feminino;
b) em número: singular e plural;
c) em grau: comparativo de igualdade; de superioridade (analítico e sintético); de 
inferioridade.
Superlativo: relativo (de superioridade de inferioridade); absoluto (sintético e analítico).
3. Locução adjetiva.
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IV – Numeral:
1. Classificação do numeral: cardinal, ordinal, multiplicativo e fracionário.
2. Flexão do numeral: em gênero: masculino e feminino; em número: singular e plural.
V – Pronome
1. Classificação do pronome: pessoal: reto, oblíquo (reflexivo, não reflexivo); de 
tratamento; possessivo; demonstrativo; indefinido; interrogativo; relativo.
Nota: os que fazem as vezes de substantivos chamam-se pronomes substantivos; os que 
acompanham os substantivo, pronomes adjetivos.
2. Flexão do pronome:
a) em gênero: masculino e feminino.
b) em número: singular e plural.
c) em pessoa: primeira, segunda e terceira.
3. Locução pronominal.
VI – Verbo
1. Classificação do verbo: regular, irregular, anômalo, defectivo, abundante, auxiliar.
2. Conjugações: três são as conjunções: a primeira com o tema terminado em “A”; a 
segunda com o tema terminado em “E”; a terceira com o tema terminado em “I”.
Nota: o verbo “pôr” (e os dele formados) constitui anomalia da 2ª conjugação.
3. Formação do verbo: primitivo e derivado; simples e composto.
4. Flexão do verbo:
a) de modo: indicativo, subjuntivo e imperativo;
b) formas nominais do verbo: infinitivo: pessoal (flexionado e não flexionado), impessoal; 
gerúndio; particípio;
c) de tempo: presente; pretérito: imperfeito (simples e composto); perfeito (simples e 
composto); mais que perfeito (simples e composto); futuro do presente (simples e composto) 
e do pretérito (simples e composto).
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Nota: a denominação futuro do pretérito (simples e composto) substitui a de condicional 
(simples e composto);
d) de número: singular e plural;
e) de pessoa: três são as pessoas do verbo: 1ª, 2ª e 3ª;
f) de voz: ativa; passiva (com auxiliar, com pronome apassivador); reflexiva.
5. Locução verbal.
VII – Advérbio:
1. Classificação do advérbio:
a) de lugar; de tempo; de modo; de negação; de dúvida; de intensidade; de afirmação;
b) advérbios interrogativos: de lugar, de tempo, de modo, de causa.
2. Flexão do advérbio: de grau: comparativo; de igualdade, de superioridade e de 
inferioridade; superlativo absoluto (sintético e analítico); diminutivo.
3. Locução adverbial.
Notas: a) Podem alguns advérbios estar modificando toda a oração.
b) Certas palavras, por não se poderem enquadrar entre os advérbios terão classificação 
à parte. São palavras que denotam exclusão, inclusão, situação, designação retificação, 
afetividade, realce etc.
VIII – Preposição:
1. Classificação das preposições: essenciais, acidentais.
2. Combinação.
3. Contração.
4. Locução prepositiva.
IX – Conjunção:
1. Classificação das conjunções: coordenativas: aditivas, adversativas, alternativas, 
conclusivas, explicativas; subordinativas: integrantes, causais, comparativas, concessivas, 
condicionais, consecutivas, finais, temporais, proporcionais e conformativas.
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Nota: as conjunções que, porque, porquanto etc., ora têm valor coordenativo, ora 
subordinativo; no primeiro caso, chamam-se explicativas, no segundo, causais.
2. Locução conjuntiva
X - Interjeição
Locução interjectiva.
XI – 1. Palavra.
2. Vocábulo.
3.Sincretismo. Sincrético.
4. Forma variante.
5. Conetivo.
Terceira parte
Sintaxe
A – Divisão da sintaxe:
a) Concordância: nominal e verbal.
b) Regência: verbal e nominal
c) Colocação.
Nota: na colocação dos pronomes oblíquos, adotem-se as denominações de próclise, 
mesóclise e ênclise.
B – Análise sintática:
I – Da oração:
1. Termos essenciais da oração: sujeito e predicado.
a) Sujeito: simples, composto, indeterminado; oração sem sujeito.
b) Predicado: nominal, verbal, verbo-nominal.
c) Predicativo: do sujeito e do objeto.
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d) Predicação verbal: verbo de ligação; verbo transitivo (direto e indireto); verbo 
intransitivo.
2. Termos integrantes da oração:
a) complemento nominal;
b) complemento verbal: objeto (direto e indireto);
c) agente da passiva.
3. Termos acessórios da oração:
a) adjunto adnominal;
b) adjunto adverbial;
c) aposto.
4. Vocativo
II – Do período:
1. Tipos de período: simples e composto.
2. Composição do período: coordenação e subordinação.
3. Classificação das orações:
a) absoluta;
b) principal;
c) coordenada: assindética; sindética: aditiva, adversativa, alternativa, conclusiva, 
explicativa;
d) subordinada; substantiva: subjetiva, objetiva (direta e indireta), completiva-nominal, 
apositiva, predicativa; consecutiva, concessiva, condicional, conformativa, final, proporcional 
e temporal.
As orações subordinadas podem apresentar-se, também, com os verbos numa de 
suas formas nominais; chamam-se, neste caso, reduzidas: de infinitivo, de gerúndio, de 
particípio, as quais se classificam como as desenvolvidas: substantivas (subjetiva etc.), 
adjetivas adverbiais (temporais etc.).
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Notas: 
1. Coordenadas entre si podem estar quer principais, quer independentes quer 
subordinadas (desenvolvidas ou reduzidas).
2. Devem ser abandonadas as classificações:
a) de lógico e gramatical, ampliado e inampliado, completo e incompleto, total, parcial, 
para qualquer elemento oracional;
b) de oração quanto à forma (plena, elítica etc.), quanto ao conetivo (conjuncional, não 
conjuncional, relativa).
3. Na classificação da oração subordinada bastará dizer-se: oração subordinada 
substantiva (subjetiva etc.); oração subordinada adjetiva (restritiva, explicativa); oração 
subordinada adverbial (causal etc.).
Apêndice
I – Figuras de sintaxe – anacoluto, elipse, pleonasmo e silepse.
II – Gramática histórica – aférese, altura (som), analogia, apócope, assimilação (total, 
parcial, progressiva, regressiva), consonantismo, dissimilação (total, parcial, progressiva, 
regressiva),ditongação, divergente, elisão, empréstimo, epêntese, etimologia, haplologia, 
hiperbibasmo, intensidade (som), metáfase, mesalização, neologismo, palatalização, 
paragoge, patronímico, prótese, síncope, sonorização, substrato, superstato, vocalismo, 
vocalização.
III – Ortografia – abreviatura, alfabeto, dígrafo (grupo de letras que representam um só 
fonema. Ex.: ch (chave), gu (guerra), qu (quero), rr (carro), lh (palha), ss (passo), nh (manhã); 
homógrafo, homônimo, letra (maiúscula e minúscula). Notações léxicas: acento agudo, 
grave, circunflexo, apóstrofo, cedilha, hífen, til e trema, sigla.
IV – Pontuação – aspas, asteriscos, colchete, dois-pontos, parágrafo(§), parênteses, ponto 
de exclamação, ponto de interrogação, ponto e vírgula, ponto final, reticências, cedilha, 
travessão, vírgula.
V – Significação das palavras – antônimo, homônimo, sentido figurado.
VI – Vícios de linguagem – barbarismo, cacofonia, preciosismo, solecismo.
Fonte: Brasil (1959).
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Um exame completo da NGB daria um livro, como bem dizem Perini e Fulgêncio (apud VALENTE; 
PEREIRA, 2011), mas esses estudiosos selecionam apenas algumas deficiências importantes.
Em relação à primeira parte da NGB, Fonética, cujo estudo pode ser descritivo, histórico ou sintático, 
o problema está na falta da distinção entre fonética e fonologia. Essa distinção, além de ser fundamental 
na análise da língua, já era plenamente desenvolvida desde os anos 1930. Sem tal distinção, teríamos, 
por exemplo, de reconhecer algumas dezenas de sons representados pela letra s, ao passo que essa letra 
só representa dois fonemas: sala, casa.
Sobre os ditongos, não são mencionados aqueles representados por -el (papel), -al (canal), -ol aberto 
(futebol) ou fechado (gol) etc., em que -l representa o fonema /w/, tão normal no português culto da 
maior parte do país. Nesse ponto, interfere a concepção de vogal e consoante como tipos de letras, e 
não tipos de fonemas, como seria o correto. Como papel termina com a letra l, não se vê aí o ditongo 
que na verdade está presente.
Em relação à segunda parte, Morfologia, a classificação é heterogênea quanto aos critérios 
adotados. Para diferenciar um substantivo de um adjetivo é preciso abranger traços morfossintáticos e/
ou semânticos relevantes para o funcionamento da língua. Contudo, para diferenciar palavras híbridas 
de não híbridas só é relevante a formação histórica. Nenhum processo gramatical reflete a distinção 
entre híbridos e não híbridos e, portanto, essa distinção não tem valor sincrônico.
Além disso, não há explicação para colocação da classificação das palavras em morfologia. As dez 
classes tradicionais – substantivo, artigo, pronome, numeral, adjetivo, verbo, preposição, conjunção, 
advérbio, interjeição – formam uma lista arbitrária, em especial no caso dos advérbios e pronomes, e 
insuficientes para a descrição da estrutura da língua. 
Os substantivos são classificados em comuns/próprios e concretos/abstratos. Essa dicotomia não 
é importante, porque a oposição comum/próprio só tem alguma relevância para a descrição do uso 
dos artigos – afinal, só os comuns podem ser usados sem artigo com valor genérico – por exemplo, na 
frase cachorro dá muito trabalho, em que cachorro é genérico. Mas na frase Pedrinho dá muito 
trabalho, Pedrinho é específico. Já a oposição concreto/abstrato é praticamente inútil em gramática. 
A oposição dos substantivos femininos e masculinos, sem a qual não dá para usar a língua portuguesa, 
simplesmente não figura na NGB. 
Quanto à terceira parte, Sintaxe, em especial a parte BI – Da oração, trata-se de uma seção muito 
esquemática, admitindo várias interpretações. Como exemplo, a NGB oferece cinco subclasses de verbos, 
sendo elas: verbo de ligação; verbo transitivo direto; verbo transitivo indireto; verbo transitivo direto e 
indireto; e verbo intransitivo. No entanto, em um exame menos superficial dos verbos, verificamos que 
as subclasses ultrapassam esse número cinco, chegando a dezenas ou até mesmo centenas de subclasses.
Outro exemplo é o caso do objeto indireto, que causa dificuldade na sua identificação devido ao 
fato de a NGB não dar conta de explicar o que é objeto indireto, adjunto adverbial ou objeto direto 
preposicionado. 
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Esses e outros aspectos forçam as pessoas a aprender uma disciplina científica por meio da 
memorização de princípios e soluções, pois a própria NGB e as gramáticas dela derivadas não dão 
condição à participação do raciocínio que conecta seus princípios.
Façamos nossas as indagações estupefatas de Perini e Fulgêncio (apud VALENTE; PEREIRA, 2011). 
Na NGB e nas gramáticas derivadas, onde estão a maravilhosa complexidade da nossa língua, a imensa 
complicação das valências verbais, as condições temáticas de atribuição dos papéis aos diferentes 
complementos, as condições de ocorrência do sujeito explícito, as complicadas regras de uso do artigo 
definido e tantas outras perguntas ignoradas pela tradição gramatical? 
É preciso ver a gramática como uma disciplina científica, tal como a química e a biologia. Assim como 
a biologia estuda os seres vivos, sua forma, fisiologia, hábitos etc. e a química examina os elementos 
e suas combinações, a gramática estuda um aspecto da linguagem (não o todo da linguagem), um 
fenômeno tão presente em nossas vidas quanto os seres vivos ou os elementos químicos. Os resultados 
de uma pesquisa gramatical precisam sempre estar abertos a questionamentos e reformulações. Chegar 
a soluções definitivas – tais como as estabelecidas pela NGB e gramáticas dela derivadas – é violar os 
princípios do trabalho científico.
A gramática, enfim, tem por finalidade o estudo, a descrição e a explicação dos fenômenos do 
mundo real. Ela não tem a ver com a formação profissional, mas faz parte da alfabetização científica 
que é fundamental na educação do homem do século XXI.
1.3 Gramática tradicional: conteúdos e nomenclatura 
A gramática tradicional, seguindo a NGB, estuda a qual classe gramatical pertencem as palavras 
de determinada frase, realizando uma análise morfológica. A morfologia é parte da gramática que 
estuda a classificação, a estrutura, a formação e a flexão das palavras, observando-as isoladamente. 
Quando dividimos uma oração em partes para estudar as diferentes funções que as palavras podem 
desempenhar na oração e entre as orações de um texto, estamos realizando uma análise sintática. A 
parte da gramática que estuda as relações e combinações existentes entre as palavras de um enunciado, 
formando sintagmas, frases e orações, recebe o nome de sintaxe. São estudos sintáticos: colocação, 
concordância, regência, coordenação ou subordinação.
Sobre as classes de palavras, podemos apresentar um resumo das classes de palavras em português: 
• Substantivo: palavra que funciona como núcleo de uma expressão ou como termo determinado; 
designa os seres ou objetos reais ou imaginários.
• Adjetivo: palavra que funciona como especificador do núcleo de uma expressão (ao qual 
atribui um estado ou qualidade); especifica e caracteriza seres animados ou inanimados reais ou 
imaginários, atribuindo-lhes estados ou qualidades.
• Pronome: palavra que substitui o núcleo ou funciona como termo determinante do núcleo 
de uma expressão; serve para designar as pessoas ou coisas, indicando-as (não nomeia as 
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pessoas ou coisas nem as qualidades, ações,estados, quantidades etc.). Os pronomes podem 
ser pessoais, possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos e relativos.
• Artigo: palavra que funciona como termo determinante do núcleo de uma expressão ou palavra 
variável em gênero e número, que define ou indefine o substantivo a que se refere (definido, 
indefinido).
• Numeral: palavra que funciona como especificador do núcleo de uma expressão, ou como 
substituto desse mesmo núcleo (numeral: substantivo, adjetivo); palavra que indica a quantidade 
dos seres, sua ordenação ou proporção (cardinal, ordinal, múltiplo, fracionário, coletivo).
• Verbo: palavra que funciona como núcleo de uma expressão ou como termo determinado; indica 
um processo (ações, estados, passagem de um estado a outro). Processo verbal significa fenômeno 
em desenvolvimento, com indicação temporal.
• Advérbio: palavra que funciona basicamente como determinante de um processo verbal; palavra 
que especifica a significação de um processo verbal.
• Conjunção: palavra que funciona como elemento de ligação entre orações, sendo classificada 
como coordenativa (e, nem, mas, ou etc.), constituída por um morfema apenas; como subordinativa 
integrante (que, se) ou adverbial (porque, pois, porquanto, como, embora etc.).
• Preposição: palavra que funciona como elemento de ligação entre palavras e é classificada como 
acidental, pois é oriunda de outra classe (afora, conforme, durante etc.), e como essencial (a, até, 
após, com, de, em, sobre, sob etc.).
• Interjeição: palavra que funciona como decorrência de manifestação emotiva ou expressiva da 
primeira pessoa do discurso. Não pode ser enquadrada em modelos formais, sendo representada 
sob a forma de um vocábulo (ui, oh, epa etc.) e de uma locução (meu Deus, ai de mim etc.) ou de 
um grupo fraseológico (Cai fora, vá lamber sabão etc.).
Em relação às funções sintáticas das classes gramaticais, temos:
• Artigo: sempre desempenhará a função sintática de adjunto adnominal. Exemplo: A escola é um 
espaço para se fazer uma festa?
• Substantivo: exerce qualquer função sintática.
— Sujeito: Os animais são dignos de amor.
— Objeto direto: Ana adora seus animais.
— Objeto indireto: Júlia gosta dos animais.
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— Predicativo: Eles são meus animais.
— Complemento nominal: As pessoas sentem saudades dos animais.
— Agente da passiva: Os filhotes são amados pelos animais.
— Adjunto adverbial: Falou-se muito a respeito dos animais.
— Adjunto adnominal: A menina visitou o habitat dos animais.
— Aposto: Lia e Spike, animais de raça, fugiram.
— Vocativo: A asa de uma ave, animais, é um órgão de propulsão e não de manipulação.
• Adjetivo: o adjetivo funciona como adjunto adnominal ou predicativo. Exemplos: O professor 
entusiasmado chegou. O professor é entusiasmado.
• Pronome: o pronome adjetivo é adjunto de um substantivo, por isso funciona como adjunto 
adnominal. O pronome substantivo exerce praticamente as mesmas funções do substantivo.
Sobre os termos da oração comumente presentes nas gramáticas, podemos afirmar que eles são 
elementos funcionais da oração. É a palavra ou grupo de palavras que participam da estrutura de uma 
oração como um de seus constituintes.
• Termos essenciais: 
— sujeito; 
— predicado; 
— predicativo.
• Termos integrantes:
— complementos verbais + objeto direto e indireto;
— complemento nominal + predicativo do sujeito e do objeto;
— agente da passiva.
• Termos acessórios:
— adjunto adnominal;
— adjunto adverbial;
— aposto.
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• Termo independente:
— vocativo.
Os termos essenciais de uma oração são:
• Sujeito: pode ser o termo sobre o qual se declara alguma coisa; o agente ou paciente da ação 
verbal e que invariavelmente concorda com o verbo.
Quadro 1
Aspectos Definição Exemplos
Semântico É o tema da oração complexa. A vida humana.
Sintático Relaciona-se ao verbo. O homem defende seus direitos.
Mórfico É constituído de um sintagma nominal. A flor é bela.
• Predicado: é tudo o que é declarado a respeito do sujeito ou que se torna a expressão absoluta 
de um fato.
• Predicativo: qualidade ou condição atribuída ao sujeito ou ao objeto por meio de um verbo 
qualquer, especialmente um verbo de ligação. Classifica-se em:
— Predicativo do sujeito: atribui qualidade ou condição ao sujeito. Exemplo: Ela ficou triste.
— Predicativo do objeto: atribui qualidade ou condição ao objeto. Exemplo: Denise comprou um 
carro caríssimo. Julgaram-no inocente. Acho sua proposta indecente. 
Os termos integrantes, por sua vez, são constituídos por: 
• Complementos verbais: são os termos que complementam um verbo transitivo. Dependendo do 
tipo de verbo, o complemento verbal é chamado objeto direto ou objeto indireto.
— Objeto direto: completa o sentido de um verbo transitivo, normalmente sem preposição, 
havendo casos especiais em que ele aparece preposicionado. Indica o ser para o qual se dirige 
a ação verbal. Exemplo: Ana atravessou o tempo. 
O objeto direto pode vir representado também pelos pronomes: o, a, me, te, se, nos, vos. Exemplo: 
Doei o dinheiro à instituição de caridade. Doei-o à instituição de caridade. 
— Objeto direto pleonástico: é quando há uma repetição do objeto direto na mesma oração. 
Uma das formas é sempre um pronome pessoal átono. Exemplo: As uvas, lavei-as com cuidado.
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— Objeto indireto: é o termo que completa o verbo transitivo indireto, com auxílio de preposição. 
Indica o destinatário ou o beneficiário da ação, nos verbos transitivos diretos e indiretos. Nos 
transitivos indiretos, pode ser substituído por “lhe”. Exemplos: Sonhei com você esta noite. 
Solicitaram-me outras provas.
— Objeto indireto pleonástico: repetição da função sintática dando ênfase a um determinado 
significado dentro da oração. Exemplo: A ela falou-lhe do seu amor.
Objeto direto e objeto indireto podem aparecer concomitantemente nas orações, dependendo do 
verbo.
Exemplo: Doei o dinheiro à instituição de caridade.
 O.D. O.I.
• Complemento nominal: é um termo regido de preposição, servindo de complemento a nomes. 
Completa um nome (substantivo, adjetivo e advérbio) no que se refere a sua significação ou 
sentido, indicando o alvo do processo expresso por eles.
— Complemento nominal de um substantivo. Exemplo: Dê notícias de você.
— Complemento nominal de um adjetivo. Exemplo: Sou tão dependente de você.
— Complemento nominal de um advérbio. Exemplo: Vem para perto do meu peito.
• Agente da passiva: é o termo que permite a transformação do agente da passiva em sujeito da 
voz ativa.
— Voz passiva analítica. Exemplos:
Joana colheu as flores.
Sujeito Voz ativa O.D.
As flores foram colhidas por Joana.
Sujeito Voz passiva Agente da passiva
— Passiva sintética ou pronominal. Exemplo:
Vendem- se carros.
V.T.D. PA Suj. Ag. da passiva
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Além desses termos, existem os termos acessórios, formados por:
• Adjunto adnominal: é o termo que pode ser expresso por artigos, adjetivos, numerais, pronomes 
possessivos, demonstrativos, indefinidos, locuções adjetivasque acompanham o núcleo do 
substantivo, delimitando ou especificando o significado desse substantivo. Exemplo: Hoje é noite 
de luar.
• Adjunto adverbial: é o termo que determina ou modifica o sentido e as circunstâncias 
relacionadas ao verbo, podendo variar em locuções adverbiais, adjetivas ou advérbios. Situa a 
ação do predicado, dando ideia de lugar, modo, intensidade etc. Exemplos: Estamos no escritório. 
Cheguei às quatro da tarde. Ele me olhou indiferentemente.
• Aposto: palavra ou expressão que explica outro termo, vindo, na frase, geralmente, depois desse 
termo que procura explicar e que pode ser substantivo, pronome ou verbo. Normalmente aparece 
separado ou entre vírgulas. Exemplo: Edwiges, coruja de Harry Potter, é branca como a neve.
É distinguido, por fim, um termo independente, que é o vocativo.
• Vocativo: é o termo que não tem importância na estrutura da ação. Elemento à parte, pode 
vir acompanhado da interjeição vocativa. Difere do aposto justamente por não manter ligação 
necessária com a frase. Exemplo: “A asa de uma ave, camaradas, é um órgão de propulsão, e não 
de manipulação” (George Orwell).
A gramática tradicional lida, também, com o período composto, distinto em coordenação e 
subordinação. 
O período composto por coordenação é aquele que, constituído de duas ou mais orações, apresenta 
orações coordenadas entre si. Cada oração coordenada possui autonomia de sentido em relação às 
outras, não estabelecendo, entre si, funções sintáticas.
As orações coordenadas, apesar de sua autonomia em relação às outras, complementam 
mutuamente seus sentidos, como já ressaltado. A conexão entre as orações coordenadas pode ou 
não ser realizada por meio de conjunções coordenativas. Quando vinculadas por conectivos ou 
conjunções coordenativas, recebem o nome de orações coordenadas sindéticas. Não apresentando 
conjunções coordenativas, as orações são chamadas coordenadas assindéticas. Exemplo: Vim, vi 
e venci. 
A relação entre a primeira oração (Vim) e a segunda (vi) se dá sem a presença de conjunção (orações 
assindéticas); já a terceira oração (e venci) inicia-se com a conjunção aditiva e (oração sindética).
As orações coordenadas sindéticas são classificadas em cinco tipos, iniciadas por uma conjunção 
coordenativa. Veja o quadro a seguir:
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Quadro 2
Classificação Conceito Conjunções coordenativas
Aditiva Exprime uma relação de soma, de adição. 
e, nem, e não, mas também, mas 
ainda
Adversativa Exprime uma ideia contrária à da outra oração, uma oposição.
mas, porém, todavia, no entanto, 
entretanto, contudo
Alternativa Exprime ideia de opção, de escolha, de alternância. ou, ou... ou, ora... ora, quer... quer
Conclusiva Exprime uma conclusão da ideia contida na outra oração.
logo, portanto, por isso, por 
conseguinte, pois (após o verbo ou 
entre vírgulas)
Explicativa
Expressa uma justificativa, 
explicação, contida na outra 
oração coordenada.
porque, que, pois (antes do verbo)
Período composto por subordinação é aquele que, sendo constituído de duas ou mais orações, 
possui uma oração principal e pelo menos uma oração subordinada a ela. A oração subordinada está 
sintaticamente vinculada à oração principal, podendo funcionar como termo essencial, integrante 
ou acessório a essa oração. As orações subordinadas que se conectam à oração principal por meio 
de conjunções subordinativas são chamadas orações subordinadas sindéticas. As orações que não 
apresentam conjunções subordinativas geralmente apresentam seus verbos nas formas nominais – 
infinitivo, gerúndio ou particípio –, sendo chamadas orações reduzidas.
As orações subordinadas classificam-se, de acordo com seu valor ou função, em adjetivas, adverbiais 
e substantivas.
A oração subordinada adjetiva é aquela que modifica um substantivo de outra oração. Em geral, 
tais orações são introduzidas por pronome relativo. Exemplo: A criança que era espontânea tornou-se 
introspectiva.
De acordo com a nomenclatura gramatical brasileira, as orações subordinadas adjetivas exercem a 
função sintática de adjunto adnominal de um termo chamado antecedente (substantivo ou pronome), 
posto na oração a que se prende, conforme Bechara (2001). As orações subordinadas adjetivas são 
classificadas em:
Quadro 3
Explicativas Restritivas
indicam qualidade inerente ao 
substantivo (a que se referem);
delimitam o sentido do substantivo 
antecedente;
justapõem-se a um substantivo já 
definido pelo contexto;
indispensáveis ao sentido total da 
oração.
podem ser eliminadas sem prejuízo de 
sentido à oração;
têm função estilística.
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Observe os exemplos retirados de Bechara (2001):
• Afonso, que está aqui, ficará conosco por algum tempo. (Adjetiva explicativa).
• Os velhos que seguem as modas presumem recomeçar com elas (Marquês de Marica). (Adjetiva 
restritiva).
As orações subordinadas adverbiais funcionam como adjunto adverbial da oração principal. Os 
adjuntos adverbiais são termos acessórios das orações; são determinantes e acrescentam ao predicado 
o esclarecimento de lugar, tempo, modo, entre outros. As subordinadas adverbiais iniciam-se pelas 
conjunções subordinativas adverbiais, que são: causais, comparativas, consecutivas, concessivas, 
condicionais, conformativas, finais, proporcionais e temporais.
Veja o quadro:
Quadro 4
Tipo Conceito Conjunções
Causais
São aquelas que modificam a oração principal e exprimem 
a causa, o motivo, a razão do pensamento expresso na 
oração principal.
porque, que, porquanto, visto que, 
por isso que, como, visto como, uma 
vez que, já que, pois que
Comparativas
São aquelas que correspondem ao segundo termo de uma 
comparação, isto é, a subordinada exprime o ser com que 
se compara outro ser da oração principal.
como, mais do que, assim como, 
bem como, que nem (como), tanto 
quanto
Consecutivas
São aquelas introduzidas por um termo intensivo que vem 
em seguida à oração principal, acrescentando-lhe ideias e 
explicações, ou completando-a, ou tirando uma conclusão.
(tanto) que, (tão) que, (de tal forma) 
que
Concessivas São aquelas que se caracterizam pela ideia de concessão que transmitem à oração principal.
embora, posto que, se bem que, 
ainda que, sempre que, desde que, 
conquanto, mesmo que, por pouco 
que, por muito que
Condicionais São aquelas que se caracterizam por transmitir ideias de condição à oração principal.
se, salvo se, senão, caso, desde que, 
exceto se, contanto que, a menos 
que, sem que, uma vez que, sempre 
que
Conformativas São aquelas que indicam o modo como ocorreu a ação expressa na oração principal.
de modo que, assim como, bem 
como, de maneira que, de sorte que, 
de forma que, do mesmo modo que, 
segundo, conforme
Finais São aquelas que indicam o fim ou finalidade à oração principal. para que, a fim de que
Proporcionais São aquelas que transmitem ideia de proporcionalidade à ideia principal.
à medida que, à proporção que, ao 
passo que
Temporais São aquelas que indicam relação de tempo naquilo que se refere à ação expressa pela oração principal.
quando, enquanto, agora que, logo 
que, desde que, assim que, tanto 
que, apenas, antes que, até que, 
sempre que, depois que, cada vez 
que
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Morfossintaxe aplicada da língua portuguesa
Observe exemplos retirados de Bechara (2001):
• Alongou-se

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