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150 Unidade III LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 Unidade III 7 ESTUDO DO SUJEITO: USOS E MUDANÇAS EM PORTUGUÊS BRASILEIRO (PB) Vejamos as sentenças a seguir: (1) Quando soube do acidente, Pedro saiu apressado. Pegou o carro e foi direto para o pronto- socorro. Na correria, esqueceu os documentos em casa. (2) Esqueci meus documentos! Na sentença (1), identificamos em Pedro o sujeito de saiu. Nessa perspectiva, o sujeito aciona o verbo, ou seja, retira o verbo do estado de dicionário (infinitivo), estabelecendo os parâmetros para que o verbo adquira uma terminação específica, adaptando-se em número e pessoa ao sujeito. Temos, então, a concordância entre os dois termos. Na última sentença do texto (Na correria, esqueceu os documentos em casa), o verbo é flexionado em morfemas de pessoa (3ª pessoa) e número (singular). Contudo, como bem ressalta Luiz F. Dias (apud TOLDO, 2003), não temos o lugar do sujeito (SN), que não foi ocupado na sentença. Todavia, o processo de textualização, do qual faz parte a sentença, encarregou-se de oferecer pistas para que a definitude do sujeito seja recuperada no texto. O sujeito já fora explicitado no início do texto: Pedro. Na sentença (2), o lugar do sujeito também não é ocupado, mas é na própria situação de interlocução que conhecemos a identidade do sujeito gramatical, e não em um texto. Observação O sujeito em sentença como Esqueci meus documentos é identificado, independentemente de ser marcado em um texto ou isoladamente, pois sua marcação é gramatical. O verbo esquecer flexiona-se com o morfema -i, indicador da 1ª pessoa singular (eu) no pretérito perfeito do indicativo (esqueci, amei, analisei etc.). O sujeito é primeira pessoa do singular, representada por eu (que, nesse caso, é o locutor da sentença). Na sentença (3), a seguir, temos a ocupação do lugar do sujeito por meio do pronome eu, determinando a conjugação do verbo esquecer: 151 LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 Morfossintaxe aplicada da língua portuguesa (3) E se acontecesse o seguinte: eu esqueço uma bolsa na sala, você pega minha bolsa, abre, coloca droga dentro e entrega na delegacia. A polícia vai me reconhecer pelos documentos. O que acontece? Essa ocupação do lugar do sujeito não funciona como o locutor da sentença. Esse eu apresenta características de indefinição e equivale a alguém. O locutor monta uma cena na qual o eu e o você representam a pessoa que venha a vivenciar a situação descrita. Vejamos, agora, outro aspecto: (4) Alguém esqueceu uma bolsa na sala. Nesse caso, o caráter indefinido do sujeito é assumido pelo emprego do termo alguém, cujo caráter é exatamente de ser vago. A indefinição do sujeito ocorre, também, em casos como (5): (5) Esqueceram uma bolsa na sala. O próprio sujeito (5) aciona o verbo, que adquire forma de 3ª pessoa plural, sem dar-nos condição de recuperar no texto a definitude do sujeito nem um termo que ocupe formalmente o lugar (como o termo alguém, por exemplo) para projetar a determinação do verbo. A 3ª pessoa do plural foi reservada pela língua a fim, justamente, de caracterizar esse fenômeno. (6) Esqueceu? Tome Lembratinol. Esse texto é típico de anúncio publicitário de remédio, cujo nome foi inventado por Dias (TOLDO, p. 2003), para quem a sentença interrogativa com o verbo esquecer indica que o texto é dirigido a um interlocutor, definido como você, e o verbo assume a terminação da 2ª pessoa. Nessa sentença, embora o traço de definitude da ocupação exista, o pronome você torna-se, nesse caso, abrangente, visando a atingir qualquer consumidor potencialmente afetado pelo texto. Essa generalização que o termo você assume atua fortemente na configuração do sujeito (7): (7) Quem se esquece de onde veio esquece quem é. A ocupação do lugar do sujeito na sentença Quem se esquece de onde veio é projetada ao máximo de generalização, típica dos provérbios, que são invocados como verdade universal, sendo válidos, portanto, para todos e em qualquer situação. Vemos, então, que a ocupação do lugar do sujeito é condicionada por fatores ligados à: • definitude; • indefinição; • generalização. 152 Unidade III LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 Como a ocupação do lugar do sujeito vem ocorrendo em língua portuguesa? Qual é o seu uso e que mudanças estão acontecendo? Este tópico do livro-texto serve para exemplificar quatro situações de uso corrente, seguindo linhas teóricas diferentes. Saiba mais Foi recentemente publicada uma tese sobre a gramática de uso, tratando, em especial, da manifestação da identidade por meio do uso de pessoas verbais: CARDOSO, D. B. B. Variação e Mudança do imperativo no português brasileiro: gênero e identidade. Tese de Doutorado. Universidade de Brasília. Disponível em: <http://repositorio.unb.br/handle/10482/4311>. Acesso em: 19 jul. 2013. Em 7.1, ao tratar do apagamento do sujeito, o embasamento é a descrição estruturalista. Em 7.2, a teoria da Linguística continua formalista, mas na corrente gerativista. Em 7.4, o sujeito é estudado sob o enfoque funcionalista. 7.1 Apagamento do sujeito O texto a seguir foi destacado pelo linguista brasileiro Sírio Possenti (apud TOLDO, 2003) como um exemplo de ocupação do lugar do sujeito. O fato e a foto Eliane Cantanhêde BRASÍLIA - A foto de ontem de um líder do MST prestando solidariedade ao líder palestino Iasser Arafat é daqueles lances com objetivo nobre e resultado político desastroso. A causa do MST é justa. A causa de Arafat também. Os dois movimentos simbolizam a eterna luta do pobre contra o rico, do fraco contra o forte. Ambos, porém, são identificados com a radicalização que Lula e o PT tanto se esforçam para repudiar. A foto engrossa um álbum nada popular da candidatura Lula. Ele, ao centro, ladeado por Fidel Castro, Hugo Chávez e Arafat. Ao fundo, o MST deleitando-se na fazenda do presidente da República. São carimbos, e carimbos que não combinam com a tentativa de Lula de ampliar seu horizonte eleitoral para além da esquerda e do próprio PT. E que, certamente, serão usados pelos adversários na campanha. 153 LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 Morfossintaxe aplicada da língua portuguesa Lula fica numa espécie de encruzilhada. Não tem o menor controle sobre o MST, mas leva as lambadas pelos atos do movimento. Ainda por cima sofre quando precisa criticá-lo. Afinal, ele discorda da tática, mas tem identidade com os sem-terra e com a causa deles. É duro bater. Nesse vai-não-vai, a candidatura Lula corre o risco de perder a personalidade. Vai para o lado do PL e diz que não tem nada a ver com a Igreja Universal. Vai para o lado dos movimentos sociais e diz que não tem nada a ver com o MST – o mais importante deles. Na contabilidade final, fica com o ônus sem ter o bônus. A máxima aplicável ao MST é: quando mais ele se isola, mais radicaliza; e quanto mais radicaliza, mais se isola. E a de Lula: quanto menos radicaliza, mais radicalizam por ele; e quanto mais precisa do centro, mais tentam isolá-lo à esquerda. Com a eficiente ajuda da esquerda radical. É como se a cúpula do PT e Lula estivessem sempre com uma batata quente, soprando, jogando para cima e queimando a mão, porque nesse caso não tem jeito. Não vale “pegar ou largar”. Tem que pegar, mas de jeito. Lula e o PT não sabem como. Possenti (apud TOLDO, 2003) destaca o trecho: A causa do MST é justa.A causa de Arafat também. Os dois movimentos simbolizam a eterna luta do pobre contra o rico, do fraco contra o forte. Ambos, porém, são identificados com a radicalização que Lula e o PT tanto se esforçam para repudiar. Há dois aspectos sintáticos importantes a serem relevados nesse trecho, que contribuem decisivamente para sua interpretação e permitem lições úteis de sintaxe. No período Ambos, porém, são identificados com a radicalização que Lula e o PT tanto se esforçam para repudiar, o fragmento ambos são identificados com a radicalização é uma sentença passiva, à qual falta justamente o agente da passiva, que ficou implícito. Descobrimos isso ao comparar essa estrutura passiva com a ativa correspondente: • ambos são identificados com a radicalização [pela/o X] • Ø identificam ambos com a radicalização 154 Unidade III LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 Lembrete A oração passiva possui o sujeito, a locução verbal e o agente da passiva. O agente da passiva, na verdade, é o que de fato realiza a ação verbal. O verbo identificar não é impessoal (como chover e haver), mas no texto ocorre sem o sujeito (ou sem agente da passiva). Verificamos facilmente em vários exemplos: Eu o identifico com..., O mercado nos identifica..., Nós vamos identificar as fontes... etc. Assim, esperamos, do ponto de vista da sintaxe da língua, que a posição vazia da oração estivesse preenchida. Para testar a teoria, substituímos X nas sequências a seguir: • Ambos são identificados por X • X identifica ambos por um agente mais ou menos característico, com sentido como um partido. Se fizesse isso, o texto nomearia quem identifica o PT com grupos cuja radicalização o partido se esforça por repudiar (com efeitos positivos para o jornal). A estrutura passiva põe em destaque o elemento ambos, que, no texto, se refere a Arafat e ao MST. A autora dá destaque ao objeto da identificação e esconde seu agente, especialmente por não nomeá-lo e por escondê-lo no final da oração. O efeito do texto é destacar um lado negativo do PT e não explicitar quem tem esse mesmo ponto de vista negativo. “Assim, esse ponto de vista negativo parece natural, como se não interessasse a ninguém produzi-lo, como se ele se produzisse por si próprio, o que o torna evidente e o despolitiza – quando, defensável ou não, é um ponto de vista político-ideológico” (TOLDO, 2003, p. 108). Como resultado, temos o apagamento do sujeito. Esse apagamento é um efeito ideológico, apresentando o fato como natural. Exemplo de aplicação I. Leia a fábula a seguir: A velha e suas criadas Uma viúva econômica e zelosa tinha duas empregadas. As empregadas da viúva trabalhavam, trabalhavam e trabalhavam. De manhã bem cedo, tinham que pular da cama, pois sua velha patroa queria que começassem a trabalhar assim que o galo cantasse. As duas detestavam ter que levantar tão cedo, especialmente no inverno, e achavam que, se o galo 155 LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 Morfossintaxe aplicada da língua portuguesa não acordasse a patroa tão cedo, talvez pudessem dormir mais um pouco. Por isso pegaram o galo e torceram seu pescoço. Mas não estavam preparadas para as consequências do que fizeram. Porque o resultado foi que a patroa, sem o despertador do galo, passou a acordar as criadas ainda mais cedo e punha as duas para trabalhar no meio da noite. Moral: muita esperteza nem sempre dá certo. Fonte: Russell; Bernard (1994, p. 44). Exemplo de aplicação Agora, responda às questões sobre os seguintes aspectos do texto: i. analise o apagamento do sujeito na maior parte do texto (por exemplo, na sequência Por isso pegaram o galo e torceram seu pescoço). ii. o apagamento desse sujeito tem alguma relação com o fato de a informação ser dada (disponível)? Que informação é essa? iii. qual é a correlação entre os apagamentos e a manifestação plena dos termos e razões pragmáticas, como informação dada e nova? iv. o sujeito é recuperado no texto, apesar do apagamento? II. O artigo a seguir é do escritor israelense Amos Oz: Travamos duas guerras Duas guerras estão sendo travadas entre palestinos e israelenses nessa região. Uma é a guerra da nação palestina para libertar-se da ocupação e por seu direito a um Estado independente. Qualquer pessoa de bem deve apoiar essa causa. A segunda guerra é travada pelo islã fanático, desde o Irã até Gaza, desde o Líbano até Ramallah, para destruir Israel e expulsar os judeus de sua terra. Qualquer pessoa de bem deve repudiar essa causa. Iasser Arafat e seus homens estão travando as duas guerras simultaneamente, fazendo de conta que são uma só. Os assassinos suicidas, evidentemente, não traçam nenhuma distinção entre as duas. Boa parte da perplexidade mundial com relação ao Oriente Médio, boa parte da confusão sentida entre os próprios israelenses, se deve à sobreposição dessas duas guerras. As pessoas de bem que buscam a paz, em Israel e em outras partes, muitas vezes são levadas a assumir posições simplistas. Ou defendem a continuidade da ocupação israelenses da Cisjordânia e da faixa de Gaza, afirmando que Israel é alvo da guerra santa muçulmana desde sua fundação, em 1948, ou, então, vilificam Israel, alegando que a 156 Unidade III LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 ocupação é o único empecilho à paz justa e duradoura. Um argumento simplista permite que os palestinos, baseados em seu direito natural de resistir à ocupação, matem todos os israelenses. O contra-argumento, igualmente simplista, autoriza Israel a oprimir todos os palestinos, pelo fato de uma “jihad” islâmica total ter sido lançada contra ela. Duas guerras estão sendo travadas nessa região. Uma delas é uma guerra justa, e a outra é ao mesmo tempo injusta e inútil. Israel precisa recuar da guerra nos territórios palestinos. Precisa começar a pôr fim à ocupação e a esvaziar os assentamentos judaicos que foram propositalmente implantados no meio das terras palestinas. Suas fronteiras precisam ser traçadas – unilateralmente, se for preciso – com base na lógica da demografia e do imperativo moral de afastar-se do controle de uma população hostil. Mas será que o término da ocupação poria fim à guerra santa muçulmana contra Israel? É difícil prever. Se a “jihad” chegar ao fim, ambos os lados poderão sentar-se e negociar a paz. Se isso não acontecer, teremos que fechar e fortificar a fronteira lógica de Israel, a fronteira demográfica, e continuar a lutar contra o islã fanático, em nome de nossa sobrevivência. Se, apesar das visões simplistas, o término da ocupação não resultar em paz, pelo menos teremos uma guerra a travar, em lugar de duas. Não será uma guerra por nossa ocupação plena da Terra Santa, mas uma guerra por nosso direito de vivermos num Estado judeu livre e soberano em uma parte dessa terra. Será uma guerra justa, à qual não haverá alternativa. E que venceremos, como fazem os povos forçados a lutar por sua terra, sua liberdade e sua vida. Fonte: Oz (2002). Exemplo de aplicação Releia a sequência: Duas guerras estão sendo travadas entre palestinos e israelenses nessa região. Uma é a guerra da nação palestina para libertar-se da ocupação e por seu direito a um Estado independente. Qualquer pessoa de bem deve apoiar essa causa. A segunda guerra é travada pelo islã fanático, desde o Irã até Gaza, desde o Líbano até Ramallah, para destruir Israel e expulsar os judeus de sua terra. Qualquer pessoa de bem deve repudiar essa causa. i. A sequência Duas guerrasestão sendo travadas entre palestinos e israelenses nessa região encontra-se na passiva analítica. Faça a transformação, segundo o esquema arbóreo, para a estrutura profunda, preenchendo o diagrama a seguir: 157 LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 Morfossintaxe aplicada da língua portuguesa Decl. af. Pass F T SN SV Det Det VN N SN O E. P. ii. No processo de transformação, conseguiu indicar o agente (sujeito) responsável pelas duas guerras travadas entre palestinos e israelenses? Afinal, quem é o agente da passiva? iii. Na sequência Uma é a guerra da nação palestina para libertar-se da ocupação, qual é o agente de ocupação? iv. Com base nas análises anteriores, que posição ideológica-política assume o autor ao fazer o apagamento do sujeito? Comentários: esclarecemos que os textos das atividades I e II são estrangeiros, escritos em línguas diferentes. No entanto, a sua tradução para a língua portuguesa demonstra a estrutura da nossa própria língua. Em língua portuguesa há a possibilidade (parâmetro) de sujeito nulo (Ø), ou seja, o lugar do sujeito na sentença não é ocupado. No texto I, o apagamento do sujeito em muitas sequências ocorre, mas com o resgate do sujeito no próprio texto. O sujeito é Ø, gramaticalmente, por não haver um termo ou substituto no local do sujeito, mas o texto indica facilmente o sujeito. No texto II, no entanto, o apagamento do sujeito não é recuperado. Ao considerar que: a) uma guerra supõe pelo menos dois adversários; b) se a Palestina quer libertar-se da ocupação, é porque está ocupada; c) Israel não parece guerrear contra a Palestina, seria apenas objeto de destruição; d) os israelitas não combatem os palestinos, são apenas objeto de tentativas de expulsão; haveria necessidade de esclarecer quem são os agentes em cada situação (a, b, c, d). Porém, há o apagamento do sujeito, deixando entender que a nação palestina está sozinha em duas guerras, uma justa e outra injusta, marcando, assim, o posicionamento ideológico-político do autor Amos Oz. 7.2 Sujeito duplo Segundo a gramática tradicional/normativa, em língua portuguesa, o uso do sujeito pronominal explícito pode ser dispensado, uma vez que as marcas de flexão do verbo já identificam a pessoa do discurso, devendo, inclusive evitar a opção por sujeitos pronominais, pois constituem um mau estilo. 158 Unidade III LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 Estudos gerativistas, no entanto, vêm apontando, com base em observação de dados espontâneos do português brasileiro, que sujeito nulo vem decrescendo. Na verdade, um novo tipo de construção começa a tornar-se frequente: trata-se do sujeito duplo, conforme exemplo dado por Berlinck, Augusto e Scher (apud MUSSALIM; BENTES, 2005): • Diadorim, ela entregou o facão para Riobaldo • Meu sogro coitado ele já fez tanta coisa na vida O sintagma nominal Diadorim aparece em posição de ênfase e estabelece relação com a oração toda. Esse termo ocupa a função de tópico, pois na fala faz-se uso de uma pausa logo após Diadorim, típica dos contextos de topicalização. Podemos também ter sujeito duplo em sentenças em que os pronomes são duplicados: • Você, ‘cê’ disse que ‘cê’ ia pra casa. Aqui ocorre o princípio do paralelismo linguístico, que consiste na repetição da mesma forma linguística. Exemplo de aplicação Faça uma coleta de material oral em que os falantes usam sujeito duplo. Anote sua impressão: qual é a possível intenção do falante ao usar o sujeito duplo? 7.3 Desumanização do sujeito Se eu solicitar a você, caro aluno, que assinale os enunciados em que há sujeito indeterminado, qual ou quais você assinalaria? • Vive-se bem aqui. • Não se pensa mais em religião. • Roubaram a minha bolsa! • Fuma-se aqui. • Precisa-se de auxiliares. • A gente aprende muita coisa neste mundo. • A única coisa marcada para mim é o fim de ano, em que você tem de parar um pouco e pensar. • Pielite vem de chupar uva sem lavar, porque eles põem sulfato na uva. • Aqui, quando a gente vai ao teatro, é por motivos culturais. 159 LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 Morfossintaxe aplicada da língua portuguesa Lembrete Segundo a gramática tradicional, sujeito indeterminado é aquele que, embora existindo, não pode ser determinado nem pelo contexto, nem pela terminação do verbo. A sua identificação pode ocorrer por meio de três maneiras: • com verbo na 3ª pessoa do plural; • com verbo ativo na 3ª pessoa do singular, seguido do pronome se; • com o verbo no infinitivo impessoal. Se você assinalou todas as frases, parabéns pelo seu entendimento do que foi apresentado até o momento. O sujeito, na gramática tradicional, é classificado como simples ou composto, expresso ou oculto, indeterminado ou, até, inexistente. Essa classificação, na opinião de Irandé Antunes (2002), reduz o fenômeno linguístico, obscurecendo a motivação pragmático-ideológica que está subjacente à escolha de um termo que funcionará como argumento-sujeito dos enunciados. Observação Pragmática aqui é entendida como parte da Linguística que prioriza o estudo das relações entre os usuários da língua, falantes e ouvintes, autores e leitores, em suas ligações com a própria língua. Em síntese, estuda a utilização da linguagem no discurso. Qualquer unidade linguística figurada na linearidade sintagmática de nossas enunciações corresponde a uma escolha do enunciador. Essa escolha é carregada de historicidade, impregnada de visões de mundo e faz parte de um momento cultural. Enfim, a língua não existe fora dos grupos sociais nem despregada das situações de interação. Não podemos tirar a responsabilidade do sujeito da linguagem, o qual cria e mantém os esquemas ideológicos. Afinal, a língua não pode existir independente da ação humana e das atuações verbais que se empreendeu socialmente. Ela – a língua – não é neutra. A escolha de forma sintática de enunciar representa um lugar de onde falamos, uma posição de onde se descortinam as unidades, o ângulo de onde não as vemos. No caso da escolha do termo sujeito, esses princípios são recobrados de grande relevância, pois, segundo Antunes (2002, p. 218), “[...] é um lugar de proeminência na estrutura sintagmática dos enunciados”. 160 Unidade III LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 A autora analisa exemplares de gêneros de comunicação pública coletados em jornais e revistas de maior circulação no Brasil. Ela fixou suas observações nos termos que funcionam como sujeitos desses enunciados e nos termos que preenchem o lugar de núcleo do predicado (SV) atribuído a esse sujeito. Como resultado, temos a seguinte coleta de dados: Quadro 29 Dólar sobe para R$ 1,94 O dólar voltou a subir O dólar reagiu Alta do dólar resiste O Banco Central mentiu O BC perde prazo O BC está projetando O BC voltou a anunciar O BC montou essa farsa Não há mágica que o BC possa fazer O Banco (...) planeja BC se empenha em não expor BC age, mas dólar supera O BC (...) decidia a seu bel prazer O mercado teve um dia mais calmo O mercado inicia um movimento de revisão A taxa de câmbio tem um comportamento errático O mercado está esperando reformas estruturais Serviços privatizados decepcionam consumidor Os indicadores econômicos influem no bem estar da população Comércio registra crescimento O mundo financeiro exagera O Bradesco não está aflito O mercadofinanceiro acordou O capital é que parece fiscalizar O Bradesco deixou-se seduzir O mercado reage A bolsa definha O país declarou a moratória O governo torce para que a política tenha êxito O governo exibiu o plano de metas Brasília fala ultimamente A melhor maneira de um país se proteger é se comportar muito bem O Estado brasileiro também tratou com desdém O país resolveu visitar o seu passado O Planalto afia os dentes Os termos que preenchem o lugar de sujeito marcam a ocorrência de dois tipos de fenômeno, na análise de Antunes (2002, p. 221). O primeiro deles é o processo de deslocamento do sentido, em geral por processos metonímicos, o qual interfere na indicação da entidade referida. Por essa via, não é escolhida uma referência, uma entidade particular, individual, capaz de, realmente, assumir o papel controlador do estado dinâmico expresso pelo predicador. Na verdade, é escolhida como referência: • uma entidade abstrata; • não individual; • representativa de uma classe de indivíduos. 161 LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 Morfossintaxe aplicada da língua portuguesa Dessa forma, o lugar do sujeito é marcado por o dólar reage, resiste, supera; o Banco mente, monta uma farsa, se aflige, se deixa seduzir; o mercado se acalma, se comporta e assim por diante. O segundo fenômeno é o processo de atribuir a esses termos metonímicos a função de agente, a qual se aplica ao termo que designa a entidade controladora do processo ou do evento que se enuncia. A entidade nomeada passa a ser controladora e, como tal, passa a ser uma classe, um grupo, uma instituição, cujas potencialidades de controle se esvanecem nos limites das abstrações. Assim, quem controla é o mercado, é o dólar, é o banco, é o poder público – entidades que, na verdade, existem apenas pela força dos deslocamentos metonímicos com que representamos os seres concretos, os verdadeiros agentes de todo o processo, de todo evento. Classificar, tal como segue a nomenclatura gramatical tradicional, esses sujeitos como simples é descartar os reais motivos pelos quais escolhemos uma forma para preencher o lugar do sujeito. Esses motivos remontam a conveniências político-sociais do enunciador, as quais se coadunam com os princípios das ideologias vigentes. Convém às pessoas que elaboram os textos de gêneros da comunicação pública formal acautelarem- se no momento de assumirem as responsabilidades do que empreendem. Na língua, essa cautela demonstra o cuidado de isentar a identidade dos reais agentes. Os autores dos jornais e revistas recorrem ao expediente discursivo de deslizar para as referências genéricas as totalidades abstratas, que ficam isentas de serem responsabilizadas. Nessa perspectiva, quem mente é o banco; quem reage, se comporta, exagera é o mercado; quem sobe, desce, resiste é o dólar. Podemos reconhecer o processo de personalização, pelo qual os autores atribuem a seres inanimados ou não humanos predicações que requerem um agente humano, único real controlador de certos processos e eventos. Ocorre a camuflagem da identidade dos reais agentes do processo. Tais agentes, destituídos de sua condição de humanos, ganham aura de poder mágico, etéreo, em que tudo fatalisticamente parece estar fora da intervenção humana. Como bem diz Antunes (2002, p. 223): Por esse discurso, devagarzinho, mas reiteradamente, vai entrando a percepção de que não cabe a nós humanos agir, reagir, lamentar, projetar. [...] Por esse discurso, parece até que vivemos um mundo sem pessoas. Nesse mundo em que, nos parece, não há pessoas, só temos que ser pacientes, objetos, recipientes das ações de entidades abstratas, impessoais, metonimicamente anonimadas. 162 Unidade III LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 Trata-se de um processo desumanizador – pois ausenta o humano – e impessoalizante – pois deixa ausentes as pessoas. Não se trata de indeterminação do sujeito – com ou sem marcação de lugar do sujeito, como nos exemplos do início deste tópico, mas de um processo de desumanização do sujeito, que acaba por nos deixar imobilizados, pois passamos a crer que o controle dos eventos está fora de nós; nós, os verdadeiros agentes, o começo e o fim. Exemplo de aplicação Acompanhe a leitura de textos jornalísticos impressos, televisivos e midiáticos e selecione o maior número possível de manchetes das áreas de economia, política e científicos. Verifique e analise os termos que preenchem o lugar do sujeito. Esses termos marcam indefinição (indeterminação genérica) do sujeito? Apagamento do sujeito? Desumanização do sujeito? Outra categoria (qual)? 8 DE VOLTA À TORRE: APLICABILIDADE MORFOSSINTÁTICA EM PRODUÇÃO ESCRITA O desejo de construir mundos não é aplacado dentro dos homens e mulheres: contação de história, opinião em jornal e redes sociais, pesquisas acadêmicas e tantas outras construções. Esses mundos são mediados pela linguagem. Por meio da linguagem conhecemos o mundo objetivo, físico; por meio da linguagem inventamos verdades, como a existência do pôr do sol; por meio da linguagem estabelecemos critérios, definições e teorias. 8.1 Princípio de iconicidade em produção literária Além de outros recursos – ritmo, rima, intertextualidade etc. – o poeta pode recorrer a um recurso muito interessante, que é a disposição das palavras na folha: o espaço e seu aproveitamento criativo para a produção de sentidos do poema (SORRENTI, 2007). A disposição gráfica chama imediatamente a atenção de quem lê. Nota-se que a poesia contemporânea tem dado muita atenção ao aspecto espacial, bem como os profissionais da publicidade, ávidos por novos apelos visuais. Observamos no poema Onda, de Guilherme de Almeida (ALMEIDA apud SORRENTI, 2007, p. 77), o aproveitamento das palavras colocadas de modo a evocar os movimentos da onda. 163 LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 Morfossintaxe aplicada da língua portuguesa Figura 9 Com o advento das novas tecnologias, a palavra-imagem tem dialogado com os textos poéticos. Porém, o poema figurativo não é novidade. Um exemplo é o poema Cruz, do romântico Fagundes Varela (VARELLA apud SORRENTI, 2007, p. 78), escrito em 1878 e marcado fortemente pela religiosidade: Cruz Estrelas Singelas Luzeiros Fagueiros, Esplêndidos orbes, que o mundo aclarais! Desertos e mares, – florestas vivazes! Montanhas audazes que o céu topetais! Abismos Profundos! Cavernas Externas! Extensos, Imensos Espaços Azuis! Altares e tronos, Humildes e sábios, soberbos e grandes! Dobrai-vos ao vulto sublime da cruz! 164 Unidade III LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 Só ela nos mostra da glória o caminho, Só ela nos fala das leis de – Jesus! Um século depois, o mesmo tema figurativo aparece no poema de Sérgio Capparelli (1995, p. 125). Contudo, o poema resvala para outros significados, destituindo-se do arroubo religioso revestido no poema de Varela. Urgente! Uma gota de orvalho caiu hoje, às 8h, do dedo anular direito, do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro Seus restos não foram encontrados A Polícia não acre- dita em acidente Suspei- to: o vento Os meteoro- logistas, os poetas e os passarinhos choram in- consoláveis. Testemunha presenciou a queda: “Horrível! Ela se evaporou na metade do caminho!” Na concepção da Linguística, da linha funcionalista, ocorre nesses poemas o princípio de iconicidade. Esseprincípio propõe que o signo linguístico é motivado ao fazer a correlação natural entre uma forma e sua função, entre o código linguístico e seu conteúdo. Como exemplo, podemos citar a palavra pé, que apresenta uma relação semântica motivada com as partes do objeto mesa, destinadas à sua sustentação. O termo apagador, outro exemplo, deve-se ao fato de tratar-se de um instrumento utilizado para apagar o quadro, normalmente em sala de aula. O mecanismo do primeiro exemplo é de motivação semântica; no caso do segundo exemplo, é de motivação morfológica. Esses processos são comuns na língua porque funcionam bem do ponto de 165 LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 Morfossintaxe aplicada da língua portuguesa vista comunicativo e cognitivo. Um processo baseado exclusivamente em decisões arbitrárias seria mais custoso para os usuários da língua. Vejamos mais um exemplo de iconicidade. Trata-se de uma fábula de Esopo: A velha e suas criadas Uma viúva econômica e zelosa tinha duas empregadas. As empregadas da viúva trabalhavam, trabalhavam e trabalhavam. De manhã bem cedo, tinham que pular da cama, pois sua velha patroa queria que começassem a trabalhar assim que o galo cantasse. As duas detestavam ter que levantar tão cedo, especialmente no inverno, e achavam que, se o galo não acordasse a patroa tão cedo, talvez pudessem dormir mais um pouco. Por isso pegaram o galo e torceram seu pescoço. Mas não estavam preparadas para as consequências do que fizeram. Porque o resultado foi que a patroa, sem o despertador do galo, passou a acordar as criadas ainda mais cedo e punha as duas para trabalhar no meio da noite. Moral: Muita esperteza nem sempre dá certo. Fonte: Russell; Bernard (1994, p. 44). O princípio de iconicidade ocorre na repetição do verbo trabalhar: “As empregadas da viúva trabalhavam, trabalhavam e trabalhavam”. A repetição ressalta o efeito de sentido: a ação constante das empregadas. Exemplo de aplicação I. A poesia a seguir é criação de uma aluna do 5º ano do ensino fundamental. Leia o texto e discuta como o princípio de iconicidade ocorre no texto, ou seja, discuta como o significado relaciona-se com o significante. E U A Q U I P R E S A N E S T E X A D R E Z P O R T E N T A R M E D E F E N D E R P O R T E N T A R F A L A R O Q U E E U S I N T O Figura 10 166 Unidade III LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 II. Produza uma poesia. Escolha um tema, discorra sobre ele e monte seu texto no formato do tema/ sentido. Crie, enfim, um poema figurativo. 8.2 SN como formadores de texto curto É franca a preferência por sintagmas nominais (SN) em textos curtos de diversas naturezas. Na verdade, o SN forma um texto, como vemos em manchetes de jornal e de capas de revista, títulos de livros e filmes, entre tantas manifestações públicas. Ferrarezi Junior (2012, p. 51) afirma, sobre as combinações dos constituintes da língua, que: As regras sintáticas são definidas em relação a cada classe de palavras da língua. Em outros termos: nomes seguem um conjunto de regras, verbos seguem outro conjunto de regras, adjetivos outro conjunto, assim por diante. Por isso, para entender a sintaxe da língua, precisamos conhecer cada tipo de palavras que a língua tem e suas propriedades. Saiba mais Ferrarezi Junior apresenta, passo a passo, como as palavras se combinam em uma sequência frasal. Combinação e funcionamento da língua são mostrados em linguagem bem acessível na obra a seguir: FERRAREZI JUNIOR, C. Sintaxe para a educação básica. São Paulo: Contexto, 2012. O autor apresenta também um quadro-síntese das classes de palavras que formam um SN: 167 LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 Morfossintaxe aplicada da língua portuguesa Quadro 30 – Características das classes e subclasses do SN Classes e subclasses Características Combinam com Classes nominais Nominais que funcionam como base Nomes • Todo nome é marcado em 3ª pessoa [A casa é bonita] • Podem ser masculino ou feminino (marca de gênero) [gato/gata] • Podem ser singulares ou plurais (marca de número) [gatos/gatas] • Funcionam como a base da combinação com outros nomes e com o verbo [O gato preto bebeu o leite] • Nominais que funcionam como adjetivos • Verbos • Nomes protegidos por conectivo Alguns nomes como eu, tu, ele, a gente etc., funcionando como bases de concordância • São marcados em pessoa conforme cada caso (1ª, 2ª ou 3ª) [eu/tu/ele] • Podem ter marca de gênero [ele/ela] • Podem estar no singular ou plural [eles/elas] • Também atuam como base da combinação com certos nomes e com o verbo [Eu mesmo quebrei o pote] • Verbos • Em casos raros, com adjetivos [Ela mesma faz isso] Nominais que funcionam como adjetivos (combinados com um nome ou pronome base) Adjetivos • São marcados em masculino ou feminino [bonito/bonita] • São marcados em singular e plural [bonito/ bonitos] • Repetem as marcas de gênero e número dos nomes com os quais estão combinando [menino bonito/meninas bonitas] • Nomes • Advérbios Alguns pronomes como este, esse, aquele, meu, teu, seu etc. quando estão ligados a nomes • São marcados em masculino e feminino [este/ esta] • São marcados em singular e plural [este/estes] • São de 1ª, 2ª ou 3ª pessoa [meu/teu/seu] • Repetem as marcas de gênero, número e pessoa dos nomes ou dos pronomes (base) com os quais estão combinados [aquele homem/estas mulheres/meu chapéu/nossos chapéus] • Nomes • Em caso raro, com pronome (base). Ex: Teu eu está ferido, Maria. Palavras nominais que funcionem como quantificadores • Podem ser marcados em masculino e feminino [dois/duas] • Podem ser marcados em singular e plural [décimo/décimos] • Repetem as marcas de gênero e número dos nomes com os quais estão combinados [duas pessoas/décimo colocado] • Nomes • Em casos raros, com pronome (base). Ex: Dois eus e um tu. Artigos • São marcados em masculino e feminino [o/a] • São marcados em singular e plural [o/os] • Repetem as marcas de gênero e número dos nomes com os quais estão combinados [o homem/as mulheres] • Nomes • Em casos raros, com pronomes (base). Ex: O eu e o tu unidos. • Com qualquer outra palavra que se combine, a transforma em um nome [o vender/o hoje] 168 Unidade III LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 Começamos com três exemplares de capa da revista Veja: Figura 11 – Capa da revista Veja de 10 de abril de 1991 Figura 12 – Capa da revista Veja de 8 de novembro de 1995 Figura 13 – Capa da revista Veja de 30 de dezembro de 2006 O enunciado em destaque em cada capa é: i. O Brasil verde ii. Ataque à floresta iii. Alerta global Em diagrama arbóreo, conseguimos visualizar melhor os termos constituintes do SN e a relação entre eles. Em i, temos: SN o Brasil verde Det ModN O núcleo do SN da sequência i é Brasil e em torno há o determinante o e o modificador verde. No nível semântico, o termo verde representa a natureza, sentido confirmado pelos recursos imagéticos da capa: um cenário natural, com árvores, águas cristalinas, pedras com musgos. Mostra um país natural, sem a interferência humana e cultural. 169 LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu cas - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 Morfossintaxe aplicada da língua portuguesa A escolha lexical e a combinação entre seus termos traduzem euforia e elogia ao país, uma espécie de tesouro natural do mundo. O enunciado ii tem como sequência visualizada assim: SN ataque a a floresta N SPc prep Det N SN O SN ii é constituído do núcleo ataque, seguido de um SP modificador à floresta. O termo ataque, pela sua carga semântica, leva ao texto um tom de agressividade, confirmada pela imagem que complementa o sentido do enunciado verbal. Em tonalidade forte e contrastante, as cores vermelha e amarela tomam conta do texto visual; em concomitância com os elementos concretos – ausência de árvores e escassos troncos em pé ou caídos – atestam as queimadas provocadas nas florestas brasileiras (talvez pelas madeireiras). Por fim, o SN iii fica assim diagramado no sistema arbóreo: O Alerta global N Mod Esse sintagma nominal também não é constituído apenas pelo seu núcleo (alerta), o qual está modificado pelo termo global. Diferente das capas anteriores, esta não apresenta unicamente o país nem dá destaque mais individualizado a uma parte de um país. A imagem centralizada é um despertador, simbolizando a chamada para a população (por isso, o termo global no SN) sentir-se alertado contra os perigos, agora não só do Brasil, mas geral. O tom das manchetes ii e iii é alarmista em relação aos problemas ambientais. Títulos de livro também são formados, em sua maioria, por SN. Posso exemplificar com as centenas de livros a minha frente, na minha estante. Entre os títulos, constam: • Trilhas da Escrita; • Altas Literaturas; • Mar de Monstros; 170 Unidade III LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 • A Filosofia da Linguagem; • Doutor Fausto; • Estado de Leitura. Os títulos exemplificados constituem-se de um núcleo (N), anteposto e posposto por determinante (artigo) e modificadores (adjetivos ou locução adjetiva). Os títulos podem mostrar: • o assunto e/ou tema do livro; • o caráter científico, literário, técnico etc. do texto; • o posicionamento ideológico ou científico do autor; • intertextualidade; • outros aspectos discursivos. Exemplo de aplicação I. O título ou ideia-síntese de uma charge localiza-se na parte superior da imagem. Propositalmente foi retirado o título da charge a seguir. Crie um título, formado apenas com SN, escrevendo-o no enquadramento a seguir. Figura 14 171 LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 Morfossintaxe aplicada da língua portuguesa II. A notícia a seguir é sobre o campeonato de futebol promovido pela FIFA, em 2013. Leia o texto e crie uma manchete de primeira página. O destaque precisa ser formado com SN. A maior seleção espanhola de todos os tempos entrou em campo no Maracanã disposta a adicionar a Copa das Confederações da FIFA à sua invejável sala de troféus. O Brasil não apenas rasgou esse roteiro, como também saiu vitorioso com um desempenho de dar orgulho a seleções como as de 1958, 1970 e 1982. Foram necessários apenas dois minutos para que Fred levasse a torcida à loucura com um gol típico de artilheiro. Ainda no primeiro tempo, David Luiz salvou uma bola espetacular que ficará na história. Pedro, autor do chute afastado quase em cima da linha, deu até mesmo os parabéns ao jogador do Chelsea no intervalo. Neymar fez o segundo no final do primeiro tempo com um chute forte sem defesa para Casillas, mostrando por que o Barcelona pagou 57 milhões de euros por ele. Fred completou a vitória por 3 a 0 dois minutos após o reinício, mas o pesadelo da Espanha não havia chegado ao fim. Sergio Ramos ainda perdeu um pênalti e Gerard Piqué foi expulso por derrubar Neymar enquanto o ex-santista arrancava rumo ao gol. Mais cedo, na batalha pelo bronze, dois gols do uruguaio Edinson Cavani, um deles em bela cobrança de falta, não foram suficientes para evitar a derrota nos pênaltis depois de empate em 2 a 2 com a Itália no tempo normal e na prorrogação. O dono das manchetes foi Gianluigi Buffon. No dia em que jogou a sua 133ª partida pela seleção italiana, ficando apenas três atrás do recordista Fabio Cannavaro, o goleiro de 35 anos defendeu três penalidades. Brasil e Itália não foram os únicos ganhadores do dia. Também venceram todos os que pretendem ir ao país sul-americano para a Copa do Mundo da FIFA no ano que vem. Mais uma vez, os brasileiros mostraram que são apaixonados por futebol e criaram um clima extraordinário que não pode ser descrito em palavras. Então, se você ainda não fez planos, já é hora de pensar em participar do maior evento da história do esporte daqui a um ano. O que está em jogo O Brasil estreará na Copa do Mundo da FIFA 2014 em 12 de junho do ano que vem como tetracampeão da Copa das Confederações da FIFA. Um ano após conquistarem o Festival dos Campeões em 1997, 2005 e 2009, os brasileiros tropeçaram no Mundial. Os comandados de Luiz Felipe Scolari poderão acabar com essa escrita? Fonte: Brasil... (2013). 172 Unidade III LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 Resumo Nesta unidade tivemos duas finalidades: • exemplificar como o uso efetivo da língua traz mudança a ela; • propor a aplicação de alguns aspectos discutidos em texto. Na primeira finalidade, discutimos alguns usos atuais da língua no que diz respeito ao sujeito. Muitos usos da língua se tornaram obsoletos e muitos estão inovando a língua. Entre os usos atuais, constatamos: • apagamento do sujeito em determinadas sequências; • sujeito duplo na oralidade; • sujeito desumanizador em textos de comunicação pública. Na segunda finalidade, a ideia é aplicar conhecimentos morfossintáticos na produção escrita. São destacados dois aspectos: a predominância do SN na formulação de manchetes e títulos e o princípio de iconicidade em produção poética. Exercícios Questão 1. Títulos de livro, comumente, são formados por um SN. Observe os exemplos a seguir: I – Antes que Murchem as Flores, de Adilson Oliveira. II – Iracema, de José de Alencar. III – Não Verás País Nenhum, de Ignácio de Loyola Brandão. IV – É Duro Ser Cabra na Etiópia, de Maitê Proença. V – A Altura e a Largura do Nada, de Ignácio de Loyola Brandão. Dos títulos apresentados, são SNs apenas: A) I, II e III. B) II. C) II, III e IV. 173 LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 Morfossintaxe aplicada da língua portuguesa D) II e V. E) I, II e V. Resposta correta: alternativa D. Análise das afirmativas I – Afirmativa incorreta. Justificativa: o título Antes que Murchem as Flores não é constituído de SN oracional, pois há a presença do verbo murchem. II – Afirmativa correta. Justificativa: o título Iracema é formado por SN. Veja a representação arbórea: Iracema SN N III – Afirmativa incorreta. Justificativa: o título Não Verás País Nenhum não é constituído de SN oracional, pois há a presença do verbo verás. IV – Afirmativa incorreta. Justificativa: o título É Duro Ser Cabra na Etiópia não é constituído de SN oracional, pois há o verbo copulativo é. V – Afirmativa correta. Justificativa: o título A Altura e a Largura do Nada é formado por SN. Veja a representação arbórea: A a de de nadaaltura largura SN SN ...................e................. N SN SP SN Det Det N Prep. SN 174 UnidadeIII LE T - Re vi sã o: C ris tin a/ Lu ca s - Di ag ra m aç ão : F ab io - 3 1/ 07 /1 3 Questão 2. O poeta, além de recursos como ritmo, rima, intertextualidade etc., pode recorrer a outros recursos como a disposição das palavras na folha. A disposição gráfica chama imediatamente a atenção de quem lê e a poesia contemporânea tem dado atenção ao aspecto espacial. Observe o poema a seguir: Figura 15 Agora, analise as afirmativas: I – Ocorre no poema Xícara, de Fábio Sexugi, o princípio de iconicidade, pois o signo linguístico é motivado ao fazer a correlação natural entre uma forma e sua função. II – A iconicidade é percebida na oposição poesia/prosa, estabelecida no poema: o aspecto poético é construído pelas expressões verticais, representando o vapor que sai da xícara; o aspecto em prosa, pela horizontalidade do texto (a própria xícara). III – O ponto de interrogação do último verso/frase é representado iconicamente. Ele serve como alça da xícara. Está correto o que se afirma apenas em: A) I e II. B) I e III. C) II e III. D) II. E) I, II e III. Resolução desta questão na plataforma. 175 FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 1 SKELETON.PNG. Disponível em: <http://www.pics4learning.com/details.php?img=skeleton.png> Acesso em: 22 jul. 2013. Figura 2 BRUEGHEL, P. Torre de Babel. 1563. Óleo sobre painel. 114 x 155 cm. In: MARTINDALE, A. (Org.). O mundo da arte: o Renascimento. Enciclopédia das artes plásticas em todos os tempos. São Paulo: Indústrias Gráficas, 1978. p. 127. Figura 3 BAGNO, M. Gramática pedagógica do português brasileiro. São Paulo: Parábola, 2011. p. 170. Figura 4 GONÇALVES, S. C.; LIMA-HERNANDES, M. C.; CASSEB-GALVÃO, V. C. (Org.). Introdução à gramaticalização. São Paulo: Parábola, 2007. p. 60. Figura 5 CHECKMATE.JPEG. Disponível em: <http://www.imagebase.net/var/albums/Concept/checkmate. jpeg?m=1300159485>. Acesso em: 22 jul. 2013. Figura 6 COQUETEL. Grande Júpiter. n. 85. Rio de Janeiro: Ediouro, [s.d.]. p. 26 Figura 8 VEJA. São Paulo: Abril, ed. 1721, 10 out. 2001. In: GOLDSTEIN, N.; LOUZADA, M. S.; IVAMOTO, R. O texto sem mistério: leitura e escrita na universidade. São Paulo: Ática, 2009. p. 76. Figura 9 SORRENTI, N. A poesia vai à escola: reflexões, comentários e dicas de atividade. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. p. 77. Figura 10 BERALDO, A. Trabalhando com poesia. São Paulo: Ática, 1990. v. 2. p. 73. 176 Figura 11 VEJA. São Paulo: Abril, ed. 1178, 10 abr. 1991. In: GOLDSTEIN, N.; LOUZADA, M. S.; IVAMOTO, R. O texto sem mistério: leitura e escrita na universidade. São Paulo: Ática, 2009. p. 76. Figura 12 VEJA. São Paulo: Abril, ed. 1417, 8 nov. 1995. In: GOLDSTEIN, N.; LOUZADA, M. S.; IVAMOTO, R. O texto sem mistério: leitura e escrita na universidade. São Paulo: Ática, 2009. p. 76. Figura 13 VEJA. São Paulo: Abril, ed. 1989, 30 dez. 2006. In: GOLDSTEIN, N.; LOUZADA, M. S.; IVAMOTO, R. O texto sem mistério: leitura e escrita na universidade. São Paulo: Ática, 2009. p. 76. Figura 14 GOLDSTEIN, N.; LOUZADA, M. S.; IVAMOTO, R. O texto sem mistério: leitura e escrita na universidade. São Paulo: Ática, 2009. p. 77. Figura 15 POESIA_CONCRETA_CONCRETISTA_POEMA_XICARA_CHA.JPG. Disponível em: <http://lituraterre. com/2011/05/23/poema-xicara-por-fabio-sexugi/>. Acesso em: 4 jul. 2013. REFERÊNCIAS Textuais ALENCAR, L. F.; OTHERO, G. A. (Org.). Abordagens computacionais da teoria da gramática. São Paulo: Mercado de Letras, 2011. ANTUNES, I. Particularidades sintático-semânticas da categoria de sujeito em gêneros textuais da comunicação pública formal. In: MEURES, J. L.; MOTTA-ROTH, D. (Org.). Gêneros textuais e práticas discursivas: subsídios para o ensino da linguagem. São Paulo: EDUSC, 2002. AUROUX, S. A revolução tecnológica da gramatização. Campinas: Unicamp, 1992. BAGNO, M. Gramática pedagógica do português brasileiro. São Paulo: Parábola, 2011. BATISTA, R. O. A palavra e a sentença: um estudo introdutório. São Paulo: Parábola, 2011. BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001. 177 BERALDO, A. Trabalhando com poesia. São Paulo: Ática, 1990. v. 2. BÍBLIA SAGRADA. Tradução da vulgata. 27. ed. São Paulo: Paulinas, 1971. BRASIL é campeão, e a Itália leva o bronze. 2013. Disponível em: <http://pt.fifa.com/ confederationscup/news/newsid=2125244/index.html>. Acesso em: 18 jul. 2013. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Portaria nº 36, de 28 de janeiro de 1959. Brasília, 1959. Disponível em: <http://people.ufpr.br/~borges/publicacoes/notaveis/NGB.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2013. CANTANHÊDE, E. O fato e a foto. Folha de S. Paulo, São Paulo, 3 abr. 2002. CAPARELLI, S. Tigres no quintal. Porto Alegre: Kuarup, 1995. CARDOSO, D. B. B. Variação e mudança do imperativo no português brasileiro: gênero e identidade. 2009. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade de Brasília, 2009. Disponível em: <http:// repositorio.unb.br/bitstream/10482/4311/1/2009_DaisyBarbaraBorgesCardoso.pdf>. Acesso em: 19 jul. 2013. CARONE, F. B. Morfossintaxe. 6. ed. São Paulo: Ática, 1997. CHOMSKY, N. The minimalist program. 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