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Teorias da Administração III Giselle Pavanelli É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Teorias da Administração III, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital APresentAção sUMÁrIo APresentAção ..........................................................................................................................................5 IntroDUção ................................................................................................................................................7 1 As teorIAs DA ADMInIstrAção .......................................................................................... 13 1.1 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................... 18 1.2 Atividades Propostas ................................................................................................................................................... 18 2 os PrInCÍPIos DA ADMInIstrAção .................................................................................. 19 2.1 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................... 22 2.2 Atividades Propostas ................................................................................................................................................... 22 3 o PAPeL Do ADMInIstrADor ................................................................................................. 23 3.1 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................... 24 3.2 Atividade Proposta ....................................................................................................................................................... 24 4 noVos PArADIGMAs DA ADMInIstrAção ................................................................ 25 4.1 Mudanças de Paradigmas na Administração ..................................................................................................... 25 4.2 Reengenharia de Processos ...................................................................................................................................... 26 4.3 Benchmarking ................................................................................................................................................................. 28 4.4 Realidade Virtal .............................................................................................................................................................. 29 4.5 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................... 29 4.6 Atividades Propostas ................................................................................................................................................... 30 5 ADMInIstrAção PArtICIPAtIVA ........................................................................................... 31 5.1 Modelos de Administração ....................................................................................................................................... 31 5.2 Fundamentos ................................................................................................................................................................. 32 5.3 Estratégias de Participação ....................................................................................................................................... 33 5.4 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................... 34 5.5 Atividades Propostas ................................................................................................................................................... 34 6 eFICIÊnCIA, eFICÁCIA e CoMPetIVIDADe orGAnIZACIonAL ......................... 35 6.1 Definições ........................................................................................................................................................................ 35 6.2 Produtividade ................................................................................................................................................................ 36 6.3 Qualidade ........................................................................................................................................................................ 36 6.4 Competitividade ........................................................................................................................................................... 37 6.5 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................... 37 6.6 Atividades Propostas ................................................................................................................................................... 37 7 MoDeLo JAPonÊs De ADMInIstrAção ......................................................................... 39 7.1 Sistema Toyota de Produção .................................................................................................................................... 41 7.2 Metodologia dos Círculos de Qualidade ............................................................................................................ 44 7.3 O Fator Cultural na Administração Japonesa ..................................................................................................... 46 7.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................47 7.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................47 8 CULtUrA orGAnIZACIonAL ..................................................................................................... 49 8.1 Objetivos ..........................................................................................................................................................................50 8.2 Componentes ................................................................................................................................................................51 8.3 Funções ............................................................................................................................................................................52 8.4 Disfunções .......................................................................................................................................................................528.5 Socialização Organizacional ....................................................................................................................................52 8.6 Indicadores de Culturas .............................................................................................................................................53 8.7 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................54 8.8 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................54 9 noVos MoDeLos DAs orGAnIZAçÕes ......................................................................... 55 9.1 As Organizações Segundo Mintzberg ..................................................................................................................55 9.2 As Organizações Segundo Handy ..........................................................................................................................56 9.3 As Organizações Segundo Morgan .......................................................................................................................57 9.4 Aprendizagem Organizacional................................................................................................................................58 9.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................63 9.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................63 10 ConsIDerAçÕes FInAIs ............................................................................................................ 65 resPostAs CoMentADAs DAs AtIVIDADes ProPostAs ..................................... 67 reFerÊnCIAs ............................................................................................................................................. 73 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 APresentAção Caro(a) aluno(a), As mudanças são cada vez mais rápidas e inesperadas, principalmente no campo do conhecimento e da explosão populacional. Tais mudanças impõem novas e crescentes necessidades. Neste contexto, o crescimento das organizações as torna complexas e sem fronteiras. As abordagens estruturalista, com- portamental, sistêmica e contigencial serão estudadas no decorrer da nossa disciplina. Veremos suas contribuições e diferentes enfoques para a melhoria da gestão nas organizações. As organizações enquanto culturas são vistas como um lugar onde residem ideias, valores, normas, rituais e crenças que as sustentam como realidades socialmente construídas. Este enfoque tem recebido crescente atenção nos últimos anos, especialmente dos estudiosos em cultura organizacional, que de- fendem administrar e planejar organizações através de valores, crenças e outros padrões de significados compartilhados que orientam a vida nas organizações. As discussões sobre os modelos e metáforas organizacionais estão intimamente ligadas ao geren- ciamento ou gestão das organizações. Os trabalhos que estudam o processo gerencial são inúmeros e os argumentos de diversas naturezas. Entendemos que o gerenciamento não pode ser inflexível a ponto de adotar uma das duas vertentes excluindo a outra. Os autores parecem concordar que a organização é um organismo complexo, que precisa ser es- tudada com profundidade e competência e que simplificações exageradas da realidade prejudicam o entendimento e a aplicação de ferramentas para condução das situações que envolvem as organizações. A ferramenta da metáfora favorece o entendimento e as perspectivas do comportamento organizacional face os diferentes ambientes e sistemas de organização, possibilitando transcender os modelos estereo- tipados das escolas da administração. Esta apostila, como um todo, busca apresentar todos estes aspec- tos na sua profundidade. Sejam bem vindos ao mundo de Teorias da Administração. Giselle Pavanelli Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 IntroDUção Prezado aluno, neste primeiro capítulo vamos perceber que as mudanças são cada vez mais rápidas e inesperadas, principalmente no campo do conhecimento e da explosão populacional, tais mudanças impõem novas e crescentes necessidades, neste contexto o crescimento das organizações as torna com- plexas e sem fronteiras. As diversas Teorias da Administração serão estudadas no decorrer do nosso curso/disciplina onde veremos suas contribuições e diferentes enfoques para a melhoria da gestão nas organizações. Cada teoria surgiu em resposta a algum problema empresarial da sua época. As teorias atenderam e apresentaram soluções às questões encontradas e de certo modo todas as teorias administrativas são aplicáveis às situações de hoje. No início do século XX despontaram as primeiras teorias das organizações. As teorias são conheci- mentos organizados, produzidos pela experiência e prática nas organizações. Organizações são grupos sociais deliberadamente orientados para a realização de objetivos ou finalidades. A organização burocrá- tica, sistema social dominante nas sociedades modernas, é uma estratégia de administração e de domi- nação, fruto e berço da burocracia. Autores argumentam que o entendimento das organizações modernas baseia-se em leis, que as pessoas aceitam por acreditarem que são racionais, isto é, definidas em função do interesse das próprias pessoas e não para satisfazer aos caprichos arbitrários de um dirigente. As pessoas que integram as or- ganizações modernas também aceitam que algumas pessoas representem a autoridade da lei. A auto- ridade é a contrapartida da responsabilidade que têm essas pessoas de zelar pelo cumprimento da lei. De acordo com Morgan (1996), Weber estava interessado nas consequências sociais da proliferação da burocracia e assim preocupou-se com o efeito que isso poderia ter sobre o lado humano da sociedade. O cientista alemão viu que o enfoque burocrático tinha potencial para rotinizar e mecanizar quase cada aspecto da vida humana, corroendo o espírito humano e a capacidade de ação espontânea, o que pode- ria ter graves consequências políticas ao minar o potencial de formas mais democráticas de organização. Em contraste com Weber, teóricos profissionais em administração da América do Norte e da Euro- pa estabeleceram as bases daquilo que é agora conhecido como “a Teoria da administração Clássica” e “Administração Científica”. As Teorias da Administração ganharam outros enfoques ao longo do tempo e procuraram oferecer soluções universais para todos os problemas e situações vividos nas organizações. Os enfoques da produção em massa e eficiência, a Escola do Humanismo e o foco comportamental das relações sociais no trabalho, a Escola da Qualidade e do Processo Administrativo, o enfoque Sistêmico e Contigencial são algumas abordagens desenvolvidas e difundidas pela Administração moderna. AtençãoAtenção A compreensão das organizações enquanto corporações de trabalho é uma arte. De acordo com a mesma professo- ra, a obra de Morgan caracteriza as organizações por metáforas, que podem ser utilizadas para entender os processos organizacionais, enfatizando que é necessário lançar mão de várias delas e não de uma única para melhorar a nossa habilidade compreensiva de “ler e interpretar” os diferentes aspectos que coexistem e se complementam dentro da realidade organizacional, por mais paradoxal que esta possa parecer. Giselle Pavanelli Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 Morgan (1996) interpreta as organizações a partir de metáforas, comparando-as a imagens que permitem vê-las enquanto máquinas, organismos vivos, cérebros, culturas, sistemas políticos, prisões psíquicas, fluxos e transformações e, finalmente, enquantoinstrumentos de dominação. O autor busca a integração das metáforas para compreensão da realidade complexa, ambígua e repleta de paradoxos da organização. Segundo o autor, usando diferentes metáforas para entender o caráter complexo e paradoxal da vida organizacional, somos capazes de administrar e planejar organizações de formas não pensadas como possíveis anteriormente. Para o autor, qualquer abordagem realista da análise organizacional deve ser iniciada a partir da premissa de que organizações podem ser muitas ao mesmo tempo. Alguns acreditam que há riscos em brincar com a ciência e em abstrair suas metáforas porque, de- pois de um certo grau de distensão, as metáforas perdem sua relação com as rigorosas teorias científicas que as originaram. Outros, no entanto, alegam que tudo na ciência é metáfora, uma descrição hipotética de como refletir sobre uma realidade que nunca podemos conhecer plenamente. As metáforas de Morgan nos ajudam a ir além das teorias das organizações, facilitando a análise crítica e a interpretação das faces organizacionais, que não estão restritas a explicações acabadas ou um conjunto de referenciais definidos, mas que transitam entre diferentes maneiras de pensar. Segundo a obra do autor, a metáfora da máquina, ilustra como esse estilo de pensamento alicerçou o desenvolvimento da burocracia. Conforme o autor, quando os administradores pensam nas organiza- ções como máquinas, tendem a administrá-las e planejá-las como máquinas feitas de partes que se inter- ligam, cada uma desempenhando um papel claramente definido no funcionamento do todo. Enquanto algumas vezes isso pode comprovar-se eficaz, outras vezes pode ter muitos resultados desastrosos. Um dos problemas mais básicos da administração moderna é que a forma mecânica de pensar está tão ar- raigada nas nossas concepções diárias de organização que é frequentemente muito difícil organizá-la de outra forma. Há afirmações que à medida que deixamos para traz o modelo mecanicista das organizações, e a ideia de trabalhadores como engrenagens substituíveis do maquinário de produção, começamos a ver a nós mesmos em dimensões muito mais ricas, a apreciar a totalidade que somos e, quem sabe, planejar organizações que honrem e façam uso dessa grande dádiva que é aquilo que, na qualidade de seres hu- manos, todos nós somos. A metáfora dos organismos de Morgan corrobora com este pensamento, pois o foco da compara- ção é sua atenção em compreender e administrar necessidades organizacionais e as relações com o am- biente. Esta metáfora pressupõe que diferentes tipos de organizações pertencem a diferentes espécies, das quais a burocrática é apenas uma. Diferentes espécies são mais talhadas para lidar com as demandas de diferentes ambientes e, desta forma, aumenta-se a capacidade de desenvolver interessantes teorias sobre as relações entre as organi- zações e os seus ambientes. A metáfora analisa a organizações como organismos que nascem, crescem, desenvolvem-se, declinam e morrem, além da capacidade de se adaptarem a ambientes em mutação. Esta imagem está muito ligada às relações entre as espécies e os padrões de evolução encontrados na ecologia interorganizacional e sua perspectiva contribuiu muito para o desenvolvimento da teoria da administração moderna. A metáfora do cérebro foca a importância do processamento de informações, aprendizagem e inte- ligência nas organizações, permitindo ao leitor uma forma de compreensão e avaliação das organizações modernas sob esta perspectiva. Duas linhas de interpretação das organizações vistas como cérebro, são enfatizadas, uma do tipo computador ou processador de informações, e outra do tipo holograma. Segun- do o autor, estas imagens, especialmente a do holograma, ressaltam princípios importantes de auto-orga- nização para concepção de organizações nas quais um alto grau de flexibilidade e inovação é necessário. Teorias da Administração III Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 As organizações enquanto culturas são vistas como um lugar onde residem ideias, valores, normas, rituais e crenças que as sustentam como realidades socialmente construídas. Este enfoque tem recebido crescente atenção nos últimos anos, especialmente dos estudiosos em cultura organizacional, que de- fendem administrar e planejar organizações através de valores, crenças e outros padrões de significados compartilhados que orientam a vida nas organizações. Especialistas em cultura corporativa afirmam que não se pode construir um conceito comum se não houver concordância em como defini-lo, como medi-lo, como estudá-lo e como aplicá-lo no mun- do real das organizações. Para ele, cultura apresenta aspectos, como: estabilidade, compartilhamento, padronização, dinâmica e vida em grupo resultando em um padrão de suposições básicas, inventadas, descobertas ou desenvolvidas por um dado grupo, que aprende a lidar com seus problemas de adapta- ção externa e integração interna, que foram suficientemente bem trabalhadas para serem consideradas válidas e assim deve ser ensinada aos novos membros do grupo como a forma correta de perceber, pen- sar e sentir em relação àqueles problemas. A cultura de um dado grupo refletirá o que aquele grupo aprendeu ao resolver os problemas ao longo de sua história. A adaptação externa é realizada com a definição da missão da empresa e suas funções, o estabelecimento das metas, os critérios para a mensuração dos resultados e os ajustes nas estratégias caso as metas não estejam sendo alcançadas e a integração interna é realizada pela definição de uma linguagem comum, a delimitação das “fronteiras” do grupo e os critérios de inclusão, os critérios para a atribuição de status, poder e autoridade, os critérios para a atribuição de recompensas e punições e conceitos para gerenciar o não gerenciável (ideologia e religião). A cultura nas organizações é um sistema de símbolos e significados compartilhados, que serve como mecanismo de controle. A ação simbólica necessita ser interpretada, lida ou decifrada para que seja entendida. É essa ação simbólica que ocorre em torno da oposição mais relevante num dado grupo, instituição ou sociedade. A metáfora da política, discutida por Morgan (1996), focaliza diferentes conjuntos de interesses, conflitos e jogos de poder que moldam as atividades organizacionais. As organizações são vistas como sistemas de governo baseados em vários princípios políticos que legitimam diferentes tipos de regras assim como fatores específicos que delineiam a política da vida organizacional. De acordo com Morgan (1996), os seres humanos possuem uma inclinação especial em caírem nas armadilhas criadas por eles mesmos. Através de uma metáfora mais abstrata, o autor, enxerga as organizações enquanto “prisões psíquicas”, nas quais pessoas caem nas armadilhas dos seus próprios pensamentos, ideias e crenças ou preocupações que se originam na dimensão inconsciente da mente. A imagem da visão psíquica convida a examinar a vida organizacional para ver se e de que forma caímos na armadilha dos processos conscientes e inconscientes da nossa própria criação. Assim a metáfora da “prisão psíquica” examina a psicodinâmica e ideologia nas organizações. Em complemento a metáfora das “prisões psíquicas”, a metáfora das organizações como “instru- mentos de dominação” é interpretada por Morgan, sob a perspectiva dos aspectos potencialmente exploradores das organizações. O autor mostra como as organizações frequentemente usam os seus empregados, as comunidades hospedeiras e o mundo econômico para atingirem seus fins e como a essência da organização repousa sobre um processo de dominação em que certas pessoas impõem os seus objetivos sobre as outras. Existe uma crise no processo de identificação dos indivíduos das sociedades modernas e essa crise é fator-chave na legitimação das organizações atuais e em especial nas grandes empresas como ator so- cial central. A crise de âmbito social é resultante de mudanças decorrentesdas fragilidades apresentadas pela desagregação da família; o fracasso do Estado como provedor de bens e serviços; a descrença na Giselle Pavanelli Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 10 religião como meio para solucionar os problemas; a ausência de clareza sobre o papel da educação; a tec- nologia que deixa de ser um modo de fazer para transformar-se em um modo de ser; a presença feminina no mercado de trabalho e a consolidação definitiva do capitalismo como o modo de produção global. Diante deste contexto, que provoca desorientação, dúvida e confusão, e gerando um futuro incerto e crise de identidade, a organização apresenta-se como a “tábua de salvação”. Há autores que afirmam que a sedução e o carisma são formas de poder, que convidam as pessoas a terem lugar em uma fantasia de rara beleza que não se presta a provas da realidade cotidiana nem pre- cisa se justificar. E estes elementos estão presentes nas organizações modernas, que têm uma enorme capacidade de criar ou despertar um mundo de ilusões, de lidar com uma série de signos vazios e fortui- tos, mas que levam o indivíduo a defendê-las com grande fanatismo. A metáfora do “fluxo de transformação”, segundo Morgan (1996), requer uma mudança de concep- ção. Para o autor o segredo de compreender a organização a partir dessa perspectiva reside na compre- ensão lógica de mudança que dá forma à vida social. Três vertentes desta metáfora são discutidas pelo autor, uma enfatiza como as organizações são sistemas autoprodutores que se criam nas suas próprias imagens. Outra enfatiza como são produzidos enquanto resultado de fluxos circulantes de feedback posi- tivo e negativo e a terceira sugere que sejam o produto de uma lógica dialética por meio da qual todos os fenômenos tendem a gerar o seu oposto. As descobertas daí decorrentes podem ajudar a compreender e administrar a mudança organizacional, bem como compreender as forças que moldam a natureza da organização em nível social. O nosso conceito de organização está se afastando das criações mecanicistas que floresceram da era da burocracia. Começamos a falar sério de estruturas mais fluidas e orgânicas e até de organizações como sistemas inteiros, concebendo-as como organizações capazes de aprender, creditando-lhes algum tipo de capacidade de autorrenovação e percebendo que as pessoas têm a capacidade de se organizar sozinhas. As metáforas ou imagens das organizações, apresentadas por Morgan corroboram outros autores e permitem enxergar as organizações de muitas formas ao mesmo tempo. Uma organização do tipo máquina, concebida a partir de objetivos específicos, pode ser simulta- neamente uma espécie de organismo capaz de sobreviver em determinados ambientes, mas não em outros; um sistema de processamento de informações que se revela especializado para certos tipos de aprendizagem, mas não para outros; um meio cultural caracterizado por valores, crenças e práticas so- ciais distintos ou uma prisão psíquica onde várias lutas subconscientes ou ideológicas brigam pela domi- nação das pessoas; um sistema político no qual as pessoas lutam pelo poder para garantir seus próprios fins; ou ainda a organização pode se apresentar como um sistema aberto e complexo onde as mudanças são constantes e sofrem interferência do ambiente em que estão inseridas, assim como interferem na ecologia social a que pertencem. As discussões sobre os modelos e metáforas organizacionais estão intimamente ligadas ao geren- ciamento ou gestão das organizações. Os trabalhos que estudam o processo gerencial são inúmeros e os argumentos de diversas naturezas. Alguns autores defendem a ideia de que se trata de um processo essencialmente objetivo, por outro lado há uma segunda vertente que defende a ideia da gerência como essencialmente dinâmica e subjetiva. Entendemos que o gerenciamento não pode ser inflexível a ponto de adotar uma das duas vertentes excluindo a outra. A gerência contemporânea é uma atividade permeada por controvérsias, e, portanto, não há uma definição muito precisa do que é, de fato, ser um gerente, principalmente porque as variáveis do proces- so decisório gerencial estão em constante mutação. Isso faz da gerência uma atividade que requer um aprendizado constante. Teorias da Administração III Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 Há uma analogia entre uma organização e um grande monstro desconhecido, que precisa ser do- minado, evidenciando que para que este monstro seja de fato sobrepujado, é necessário que os grandes dirigentes sintam suas necessidades e indiquem alguns caminhos a serem seguidos. Consideramos um dos caminhos para dominar o monstro da gestão nas organizações, a aplicação dos princípios de lideran- ça, tema que será aprofundado nas próximas seções. Os autores parecem concordar que a organização é um organismo complexo, que precisa ser es- tudada com profundidade e competência e que simplificações exageradas da realidade prejudicam o entendimento e a aplicação de ferramentas para condução das situações que envolvem as organizações. Perceberam neste capítulo como a ferramenta da metáfora favorece o entendimento e as perspec- tivas do comportamento organizacional face os diferentes ambientes e sistemas de organização? Espe- ramos ter possibilitado transcender os modelos estereotipados das escolas da administração. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 Neste capítulo percorremos a atividade administrativa, que é caracterizada por seu tra- ço multicientífico e multidisciplinar. Quase tudo é administração. Qualquer trabalho que seja re- alizado por duas ou mais pessoas, que tenham graus de poder diferentes, contém elementos de administração. De nada adianta ter conhecimento, deter ou dominar uma técnica se ao mesmo tempo não es- tiver disponível uma habilidade de gerenciar essa técnica e esse conhecimento, ou seja, administrá-lo. O que dificulta o enquadramento teórico da Administração é o fato de ela transitar livremente entre o senso comum e as teses de mestrado e doutorado. A Administração é praticada não só entre aqueles que possuem formação acadêmica específica, mas também entre administradores que não são formados e contam somente com a prática em diversas organizações. Encarar a Administração, como um corpo de conhecimentos dotados de um objeto (pró- prio) de estudos, é requisito que a qualifica como ciência. O principal meio de acesso a ciência ad- ministrativa é através das Teorias da Administra- ção, que resultaram de uma imensa produção de livros sobre a ciência da Administração. Para o entendimento das Teorias da Admi- nistração, faremos algumas definições de termos que serão utilizados no conteúdo desta apostila e serão posteriormente aprofundados no estudo da disciplina: Definições: Teoria é uma representação abstrata do que se percebe da realidade. Teorias são explicações, interpretações ou proposições sobre a realidade. Administração é o processo de tomar e colocar em prática decisões sobre ob- jetivos e utilização de recursos. Recursos: Pessoas, Informação, Espaço, Tempo, Dinheiro, Instalações. Decisões: Planejamento, Organização, Execução e Direção, Controle (também conhecidos como Princípios da Admi- nistração). Objetivos: Resultados esperados. Funções Administrativas: planejamen- to, organização, execução e controle. Teorias da Administração são conheci- mentos organizados, produzidos pela experiência prática das organizações. Escolas: é uma linha de pensamento ou conjunto de autores que usaram o mesmo enfoque para analisar e tratar a administração. Modelos de Gestão: conjunto de dou- trinas e técnicas, exemplo modelo ja- ponês de administração. Modelos de Organização: produto da adoção de determinado modelo de gestão, exemplo mecanicista, compor- tamental etc. Técnicas para solução de problemas: metodologia de planejamento, organi- zação, execução, controle. As teorIAs DA ADMInIstrAção1 AtençãoAtenção De nada adianta ter conhecimento,deter ou domi- nar uma técnica se ao mesmo tempo não estiver disponível uma habilidade de gerenciar essa técni- ca e esse conhecimento, ou seja, administrá-lo. Giselle Pavanelli Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 O estudo da administração sofreu forte in- cremento a partir do início do século XX, muito embora a administração tenha sido sempre obje- to de interesse por parte do homem no decurso de sua história. Por este motivo, a evolução das Teorias da Administração será considerada tam- bém a partir desta época. As abordagens das Teorias de Adminis- tração, de forma geral, podem ser classificadas quanto à sua ênfase: �� nas tarefas; �� na estrutura organizacional; �� nas pessoas; �� no ambiente; �� na tecnologia. I – A Ênfase nas Tarefas Em termos de teoria moderna, a escola de Administração Científica (1903) foi o marco a par- tir do qual as organizações e a administração ga- nharam um cunho científico. A escola de Administração Científica tinha enfoque principal na organização racional do trabalho e seu principal representante foi o en- genheiro americano Frederick W. Taylor. Taylor concentrou seus estudos na racionalização do trabalho do operário, procurando descobrir qual o melhor método para torná-lo mais eficiente. Na organização, a preocupação estava na divisão do trabalho operário, de forma tal que se tinha assegurado o controle total dos passos da produção e sua coordenação. Na Administração Científica, o estudo dos tempos e dos movimen- tos era muito empregado no desenvolvimento do método racional. Em síntese: os estudos de Taylor eram in- completos, uma vez que não abarcavam a Tota- lidade da Organização, preocupando-se funda- mentalmente, com a racionalização do trabalho do operário. II – A Ênfase na Estrutura Organizacional A abordagem centrada na estrutura orga- nizacional representa um avanço no estudo das organizações, pois propicia uma elevada amplia- ção, do objeto de estudo. Quatro teorias são aqui relacionadas: �� Teoria Anatomista e Fisiologista; �� Teoria Burocrática; �� Teoria Estruturalista; �� Teoria Neoclássica. Teoria Anatomista e Fisiologista A Teoria Anatomista e Fisiologista (1906) tinha como enfoque principal a maior eficiência, conseguida através da forma e disposição dos ór- gãos que compunham a estrutura organizacional, assim como as relações e funções no contexto global. O principal representante desta teoria foi o engenheiro francês Henri Fayol. Coube a Fayol a elaboração dos famosos princípios gerais da administração: divisão do trabalho, autoridade e responsabilidade, disci- plina, unidade de comando, unidade de direção, subordinação do interesse individual ao geral, re- muneração do pessoal, centralização, cadeia es- calar (hierarquia), ordem, equidade (igualdade de tratamento), estabilidade do pessoal, iniciativa e espírito de equipe. Saiba maisSaiba mais A Administração Científica estava fundamenta- da em dois itens: motivação e organização. A mo- tivação estava relacionada ao dinheiro. O homem trabalhava para a organização porque precisava do dinheiro. Assim, estabeleceram-se os planos de incentivos salariais e prêmios por produção. Pode- mos chamar de Homo Economicus: concepção da natureza humana segundo a qual o homem, ao to- mar uma decisão, conhece todos os cursos de ação possíveis, bem como suas consequências, optan- do sempre por aquela que lhe trouxer melhores e maiores ganhos. Teorias da Administração III Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 Em síntese, é uma abordagem essencial- mente normativa: o administrador se conduz através do processo administrativo utilizando-se dos princípios gerais para obter a eficiência admi- nistrativa. Teoria Burocrática A Teoria Burocrática (1909) teve como pai o sociólogo alemão Max Weber. O termo buro- cracia, num sentido técnico, significa a existência de certas características da organização formal voltadas exclusivamente para a racionalidade e para eficiência. A burocracia, portanto, não tem o sentido pejorativo de uso popular, mas significa racionalidade e eficiência. Weber definiu um tipo ideal de burocracia, com as seguintes caracterís- ticas: �� formalização: todas as atividades da organização são definidas por escrito e a organização opera de acordo com um conjunto de leis ou regras que são apli- cáveis a todos os casos individuais, sem exceção; �� divisão do trabalho: cada participante tem um cargo ou posição definida com esfera específica de competência, com deveres oficiais, atribuições estritamen- te especificadas e delimitadas; �� princípio da hierarquia: a burocracia se assenta em uma hierarquia bem de- finida de autoridade. Cada funcionário é submetido a ordens impessoais que guiam suas ações de modo a assegurar a sua obediência. Cada função mais bai- xa está sob o controle e supervisão da mais alta, assegurando unidade de con- trole: cada funcionário tem apenas um único chefe. Daí o formato de estrutura piramidal da burocracia; �� impessoalidade: o funcionário ideal desempenha com impessoalidade no relacionamento com outros ocupantes de cargos. �� a burocracia enfatiza os cargos: a bu- rocracia enfatiza os cargos e não as pes- soas que os ocupam, pois as pessoas entram e saem da organização, mas os cargos permanecem para garantir sua continuidade e perpetuação; �� competência técnica: a seleção e esco- lha dos participantes têm como base à competência técnica e qualificação profissional dos candidatos e não em preferências de ordem pessoal. Daí a utilização de testes e concursos para preenchimento de cargos ou para pro- moções. A burocracia se baseia eminen- temente no mérito. O sistema também prevê carreiras e as promoções que são feitas de acordo com a antiguidade ou o mérito funcional, dependendo sem- pre do julgamento superior; �� separação entre propriedade e admi- nistração: os recursos utilizados pela organização burocrática para a execu- ção das tarefas não são de propriedade dos burocratas. A administração está separada da propriedade dos meios de produção, pois o dirigente ou o bu- rocrata não é necessariamente o dono da organização ou dos seus meios de produção, mas um profissional espe- cializado na sua administração. Daí o gradativo afastamento do capitalista da direção do seu negócio e a democrati- zação do capital através das sociedades anônimas; �� profissionalização do funcionário: os funcionários da burocracia são pro- fissionais, pois são especialistas face à divisão do trabalho, são assalariados de acordo com suas funções ou posição hierárquica, seus cargos constituem a sua principal atividade dentro da or- ganização, são nomeados pelo supe- rior imediato, seus mandatos são por tempo indeterminado, seguem carreira dentro da organização e não possuem a propriedade dos meios de produção da organização. Giselle Pavanelli Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 Teoria Estruturalista A Teoria Estruturalista (1947) foi desenvol- vida a partir das limitações e rigidez do modelo burocrático. Tem proposta de compatibilizar as contribuições clássicas e humanistas na teoria da administração. Representa um avanço em termos da teoria, pois, pela primeira vez, as organizações são analisadas de forma mais ampla, contemplan- do-se aspectos formais e não formais. Nesta teoria, o ambiente externo recebeu um enfoque especial, sendo considerado uma va- riável a mais no estudo das organizações. Os ob- jetivos organizacionais adquiriram significativo relevo e o conflito passou a ser considerado como sinal de vitalidade. É o período da Administração Por Objetivos (APO), da teoria da crise e da admi- nistração do conflito. A teoria estruturalista representa um perío- do de transição e mudança no estudo das orga- nizações. Teoria Neoclássica da Administração A Teoria Neoclássica (1954) ficou conheci- da como escola do processo administrativo. Re- presenta uma retomada da teoria anatomista e fisiologista daadministração – Fayol. O enfoque principal reside na prática da administração, reto- mando os princípios daquela teoria, porém com ênfase nos objetivos e resultados. Destacam-se itens como: descrição de car- gos, equivalência entre autoridade e responsa- bilidade e princípios de linha e staff. Sendo que linha de comando refere-se aos órgãos de linha que seguem rigidamente o principio escalar da autoridade de comando, enquanto os de “staff” fornecem à linha serviços, conselhos, recomen- dações que estes últimos não têm condições de prover a si mesmo. Teremos um tópico dedicado a esta Teoria, para melhor compreensão. III – A Ênfase nas Pessoas É a abordagem que enfatiza as pessoas den- tro das organizações, relegando a estrutura e as tarefas a um segundo plano. Distinguem-se duas teorias: das relações humanas e do comporta- mento organizacional. Teoria Humanística ou das Relações Humanas A Teoria Humanística (1932) se desenvolveu em oposição às teorias centradas nas tarefas e na estrutura das organizações (Taylor e Fayol). Assim, os conceitos relativos à organização formal, auto- ridade e responsabilidade, hierarquia, eficiência, princípios gerais da administração, foram substi- tuídos por outros, oriundos do desenvolvimento da psicologia do trabalho e sociologia industrial. Na teoria humanística prevalecem os con- ceitos de organização informal, motivação, ne- cessidades humanas básicas, dinâmicas de grupo, comunicação, liderança... Autores: Maslow, Herz- berg e Lewin, Blake e Mouton. A teoria humanística, contudo, ensejou uma visão inadequada das relações humanas, uma concepção ingênua do operário e uma aná- lise simplista das relações entre empresário e tra- balhador. Apesar de todos os problemas, a teoria re- presentou uma saudável renovação e a abertura de novas frentes de estudo na Teoria da Adminis- tração. Também explicaremos com maiores deta- lhes esta Teoria, logo mais, ainda nesta apostila. Teoria Comportamental da Administração A Teoria Comportamental (1957) é a retomada da teoria das relações humanas em novas bases. O trabalho e mais fundamentado em pesquisa e há uma tentativa de síntese da teoria anterior. A Teoria Comportamental surge também em oposição às teorias com ênfase na estrutura e nas tarefas, trazendo muitos tópicos da teoria burocrática. Teorias da Administração III Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 A Teoria Comportamental é uma teoria que foca o processo decisório. A tomada de decisão é o ponto fundamental, sendo considerada mais im- portante do que a execução. Há um esforço nesta teoria para compatibilizar os objetivos individuais e os da organização. O equilíbrio da organização está intimamente relacionado com a proporção da satisfação do indivíduo na organização. IV – A Ênfase no Ambiente O estudo da variável ambiente tornou-se possível graças à influência da Teoria de Sistemas (1970) na teoria da administração. A organização é entendida como um sistema aberto, isto é, que se caracteriza: a) por fazer parte de um sistema maior; b) pela interdependência dos subsiste- mas; c) pela existência de fronteiras definidas com capacidade de modificação de si mesma; d) por ser constituída de subsistemas me- nores; e) por ser mais dirigida ao provável e não ao determinado. A grande vantagem do estudo das organi- zações como sistemas abertos é a possibilidade de uma visão holística, ou seja, mais ampla da es- trutura e dos comportamentos organizacionais. É extremamente importante estudar as variáveis exógenas, ou seja, aquelas situadas fora dos limites da organização e que afetam com maior ou menor intensidade, ao invés de se estu- dar apenas as variáveis endógenas, ou seja, intra- organizacionais. O papel da tecnologia na determinação da estrutura e do comportamento organizacional tem sido objeto de estudo na teoria organizacio- nal. Estes estudos são recentes e têm como ponto de partida os trabalhos de Joan Woodward na In- glaterra. O desenvolvimento destes estudos leva à criação da Teoria da Contingência (1972). De acor- do com esta teoria, três variáveis são importantes: tamanho da organização, tecnologia e natureza do ambiente. Na Teoria Contingencial não há tratamento único para a organização. Existe um íntimo rela- cionamento entre o trabalho, organização e o ambiente. A Teoria Contingencial se dedica ao es- tudo do clima organizacional e com os diferentes estilos de liderança. O Estágio Atual da Teoria da Administração Procurou-se fornecer uma visão global a respeito do desenvolvimento da teoria adminis- trativa. Este desenvolvimento é recente, do início do século XX. Assim, em aproximadamente 100 anos, pode-se observar um crescimento das teo- rias. Convém que se enfatize que todas as teo- rias apresentadas são válidas e utilizadas até hoje. Evidentemente, cada uma delas oferece supor- te para a resolução de problemas específicos. A grande mudança reside no fato da teoria atual ser bastante complexa, possibilitando uma grande variedade de abordagens com um número eleva- do de variáveis a serem consideradas. Atualmente, as Teorias da Administração es- tudam a interlocução entre as principais variáveis já vistas, ou seja, tarefa, pessoas, ambiente e tec- nologia. É certo que cada uma delas influencia e é influenciada pelas demais. Qualquer alteração numa delas, pode provocar alterações nas outras. A integração entre as variáveis é o grande desafio para as Teorias da Administração e para os administradores, em qualquer nível hierárquico. Deles se exigem uma maior capacitação, a fim de corresponderem aos crescentes desafios impos- tos pela complexidade das organizações moder- nas. Giselle Pavanelli Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 O Futuro das Teorias da Administração, os Te- mas Emergentes Com base no exposto até agora, cabe inda- gar a respeito do futuro da teoria da administra- ção. Será possível imaginá-lo? A tarefa é extrema- mente complexa. Parece razoável esperar que a teoria da administração sofra mudanças e trans- formações de difícil previsão. Acredita-se que as incertezas acentuar- -se-ão, exigindo constantes revisões e, acima de tudo, muita flexibilidade por parte dos adminis- tradores. As organizações sofrerão inúmeros im- pactos, enfrentando períodos prolongados de turbulência, que exigirão a máxima capacidade criativa e todo empenho dos administradores. Tudo nos leva a crer que as empresas dinâ- micas e flexíveis prevalecerão no futuro. Algumas das principais causas seriam: a) as empresas viverão num ambiente tur- bulento, que delas exigirá alterações e ajustamentos contínuos; b) as empresas continuarão a diferenciar suas atividades, criando maiores pro- blemas de integração e coordenação; c) maior destaque será dado à sugestão e à persuasão, e não à coerção basea- da no exercício da autoridade, como meio de coordenação do trabalho de seus membros, e de coordenação das funções e competências no interior da empresa; d) as metas das empresas se ampliarão. Dar-se-á maior ênfase à satisfação de uma série conjunta de objetivos do que à maximização de qualquer um deles isoladamente. Parece evidente que a principal forma para se vencer estes desafios residirá no fato de se con- tar com administradores, em qualquer nível, ca- pazes e bem preparados. Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos as teorias da administração de uma forma abrangente, percorrendo a ênfase nas tarefas, na estrutura organizacional, no ambiente, o estágio atual da teoria e o futuro das teorias da administração com os termas abrangentes. Vamos agora avaliar sua aprendizagem. 1.1 Resumo do Capítulo 1.2 Atividades Propostas 1. Em Administração há termos muitos importantes e comumente utilizados. São eles: teoria, ad- ministração, recursos, decisões, objetivos, funções administrativas, teorias da administração, escolas, modelos de gestão e modelos de organização. Defina todos estes termos. 2. As abordagens das Teorias de Administração, deforma geral, podem ser classificadas quanto à sua ênfase. Quais são estas ênfases? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 Segundo Maximiano (2004), para entender o que significa Administração é preciso ir além da interpretação da palavra. Neste capítulo vamos tentar compreender o papel que a administração desempenha para as organizações e para a socie- dade. Conforme Maximiano (2004), podemos de- finir Administração a partir de objetivos, decisões e recursos, estas são palavras-chave. Administra- ção é o processo de tomar e colocar em prática decisões sobre objetivos e utilização de recursos. O processo administrativo abrange quatro tipos principais de decisões, também chamados de processos ou funções: planejamento, organiza- ção, execução e controle. As decisões resumem os Princípios de Administração. Acredita-se que, a partir do conhecimen- to das Teorias da Administração, haja condições para a análise dos Princípios de Administração. Convém destacar, inicialmente, que os princípios fundamentais de administração vieram se conso- lidando através de todas as teorias já vistas, com o decorrer do tempo. Frederick Taylor, já na escola de Administra- ção Científica, utilizava quatro princípios básicos: planejamento, preparo (hoje, organização), con- trole e execução. Como foi visto, estes princípios eram considerados em relação à tarefa. Henry Fayol empregava, embora em relação às tarefas administrativas, os princípios previsão, organização, comando, coordenação e controle. A evolução das teorias trouxe, naturalmente, uma evolução na conceituação dos princípios de ad- ministração. Assim sendo, hoje, quatro princípios são considerados de fundamental importância nas Teorias da Administração: I - Planejamento II - Organização II - Direção IV - Controle I – Planejamento Segundo Chiavenato (1997), o planejamen- to é a função administrativa que determina ante- cipadamente o que se deve fazer e quais objeti- vos devem ser alcançados, e visa a dar condições racionais para que se organize e dirija a empresa ou seus departamentos ou divisões a partir de certas hipóteses a respeito da realidade atual e futura. A elaboração do planejamento evita a ado- ção de ações improvisadas, casuais, contribuindo para reduzir o nível de incerteza e possibilitan- do maior segurança quanto ao desempenho da empresa. O planejamento, segundo Chiavenato (1997), apresenta as seguintes características: �� é um processo permanente e contínuo, pois é realizado de forma sistemática dentro da empresa e não se esgota na simples montagem de um plano de ação; os PrInCÍPIos DA ADMInIstrAção2 Saiba maisSaiba mais Estes princípios, com elevada probabilidade, terão importância cada vez mais acentuada. Detalha- remos cada um destes itens para evidenciar a im- portância de seu conhecimento para a gestão das organizações sob a perspectiva de quaisquer das Teorias da Administração. Giselle Pavanelli Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 20 �� é sempre voltado para o futuro e está intimamente ligado com a previsão, embora não se confunda com ela. O conceito de planejamento inclui o as- pecto de temporalidade e futuro: o pla- nejamento é uma relação entre coisas a fazer e o tempo disponível para fazê-las; �� se preocupa com a racionalidade da to- mada de decisões, pois ao estabelecer esquemas para o futuro funciona como um meio de orientar o processo deci- sório, dando-lhe maior racionalidade e subtraindo incerteza subjacente a qual- quer tomada de decisão; �� visa a relacionar, entre várias alternativas disponíveis, um determinado curso de ação, em função de suas consequências futuras e das possibilidades de sua execu- ção e realização. O curso de ação escolhi- do pode ter uma duração variável – desde curto a longo prazo – e pode ter uma am- plitude igualmente variável - abrangendo a empresa como um todo até uma deter- minada unidade de trabalho; �� é sistêmico, pois deve considerar a em- presa ou o órgão ou a unidade como uma totalidade. O planejamento deve considerar tanto o sistema como os subsistemas que o compõem, bem como as relações e compromissos in- ternos e externos; �� é interativo. Como o planejamento se projeta para o futuro, ele deve ser su- ficiente e prudentemente flexível para aceitar ajustamentos e correções. Pressu- põe avanços e recuos, alterações e modi- ficações em função de eventos novos, ou diferentes que ocorram tanto no ambien- te interno quanto externo da empresa; �� é uma técnica de alocação de recursos de forma antecipadamente estudada e decidida. Deverá refletir a otimização na alocação e dimensionamento dos recursos com os quais a empresa ou o órgão dela poderá contar no futuro para suas operações; �� é uma técnica cíclica. À medida que é executado, passa a ser realizado. Con- forme vai sendo executado e realizado, permite condições de avaliação e men- suração para novos planejamentos, com informações e perspectivas mais seguras e corretas; �� é função administrativa que interage dinamicamente com as demais. Está intimamente relacionado com as de- mais funções administrativas, como a organização, o controle e a avaliação, influenciando e sendo influenciado por elas, a todo o momento e em todos os níveis da empresa; �� é uma técnica de coordenação. Permite a coordenação de varias atividades no sentido da realização dos objetivos de- sejados e de maneira eficaz; �� é uma técnica de mudança e inovação. O planejamento é uma das melhores maneiras de se introduzir deliberada- mente mudança e inovação dentro de uma empresa, sob uma forma previa- mente definida e escolhida e devida- mente programada. O Planejamento pode ser considerado em função do nível da empresa, conforme ilustra a figura a seguir: Teorias da Administração III Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 O planejamento estratégico, em linhas ge- rais, é aquele efetuado no nível institucional da empresa, envolvendo a alta administração. É ge- nérico e sintético, direcionado para longo prazo e considera a empresa como uma totalidade. O planejamento tático é efetuado no nível intermediário da empresa, envolvendo a gerên- cia. É menos genérico, e mais detalhado, direcio- nado para médio prazo e considera cada unidade da empresa. O planejamento operacional é o efetuado no nível operacional da empresa, envolvendo a supervisão. É detalhado e analítico, direcionado para o curto prazo e considera cada tarefa ou operação. O planejamento operacional está voltado para o que fazer, como fazer, e para quem fazer, procurando otimizar e maximizar os resultados. Este tipo de planejamento deve ser intrinseca- mente relacionado ao planejamento tático, o mesmo ocorrendo com este em relação ao plane- jamento estratégico. II - Organização Chiavenato (1997) define a organização como uma função administrativa através da qual a empresa reúne e integra os seus recursos, defi- ne a estrutura de órgãos que deverão administrá- -los, estabelece a divisão de trabalho através da diferenciação, proporciona os meios de autorida- de e de responsabilidade e, assim por diante. A organização representa, no fundo, todos aqueles meios que a empresa utiliza para pôr em prática o planejamento, o controle e a avaliação para atin- gir os seus objetivos. Como ocorre com a função planejamento, a função organização também pode ser analisada em função dos diferentes níveis – institucional, in- termediário e operacional – da empresa. III – Direção Do ponto de vista didático, a função admi- nistrativa direção vem após o planejamento e a organização. Assim, enquanto o planejamento es- tabelece o que fazer e como fazer e para quem, a organização estabelece a estrutura, os meios para a execução, a direção se preocupa com a execu- ção das operações propriamente ditas, tendo em vista o alcance dos objetivos. A Direção é, inegavelmente, uma das com- plexas funções da administração. Isto se deve à sua abrangência e ao fato de estar intimamenterelacionada às pessoas. A execução de qualquer ação envolve sem- pre pessoas e grupos. Toda a implementação do planejamento e da organização é efetuada por um conjunto de pessoas, normalmente, são os re- cursos mais complexos existentes nas empresas. A Direção é a função que envolve a maior interação humana. Como assegura Chiavena- to (1997), “é a função que exige a maior dose de flexibilidade, de amortecimento de impactos e, principalmente, de orientação das pessoas quan- to ao rumo certo no alcance dos objetivos preten- didos”. A Direção é extremamente dinâmica, ocor- re em todos os níveis da empresa e está relaciona- da ao planejamento, à organização e ao controle. Como a função Direção diz respeito ao processo de interação entre pessoas, três assuntos ineren- tes a ela são de capital importância: comunicação, liderança e motivação. Assim sendo, para dirigir pessoas são ne- cessários profundos conhecimentos a respeito do processo de comunicação, das teorias de li- derança e da motivação. Como nas funções pla- nejamento e organização, a direção pode ser considerada em função dos níveis da empresa: institucional, intermediário e operacional. AtençãoAtenção Como já foi enfatizado, a função administrati- va organizacional depende do planejamento, do controle e da direção. Há uma estreita inter- -relação entre todas essas funções. A função administrativa organizacional normalmente é implementada de acordo com as peculiaridades de cada empresa, que pode considerar seus re- cursos (humanos, materiais e organizacionais) e sua estrutura. Giselle Pavanelli Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 IV – Controle O termo controle tem muitos significados e, não raro, se associa a atitudes coercitivas, prin- cipalmente quando envolve pessoas. O controle deve ser entendido como uma função adminis- trativa, como o planejamento, a organização e a direção. Há autores que especificam que controle é a função administrativa que consiste em medir e corrigir o desempenho de colaboradores para as- segurar que os objetivos da empresa e os planos delineados para alcançá-los sejam realizados. É, pois, a função segundo a qual cada administra- dor, do presidente ao supervisor, certifica-se de que aquilo que é feito está de acordo com o que se tencionava fazer. O controle também está intimamente rela- cionado com o planejamento, a direção e a orga- nização. Os controles podem ser classificados de acordo com o nível da empresa onde ocorrem. Assim, há o controle estratégico, o controle tático e o operacional. Em termos de controle operacional, é pro- posto um modelo básico que compreende três fases: a) coleta de dados sobre o desempenho; b) comparação dos dados com um padrão; c) ação corretiva. Certamente, cada uma destas fases pode ser desenvolvida através de diversas formas, que sempre devem considerar as peculiaridades de cada empresa. Ao longo deste capítulo estudamos os principais princípios que envolvem a administração moder- na. Vamos agora testar seu grau de aprendizagem. 2.1 Resumo do Capítulo 2.2 Atividades Propostas 1. Quatro princípios são considerados de fundamental importância nas Teorias da Administração. Quais são eles? 2. Como podemos definir “organização”? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 Prezado(a) aluno(a), a utilidade do estudo das Teorias da Administração para o administra- dor pode ser estabelecida por diversas razões. Va- mos a elas: a) As Teorias da Administração fornecem o pano de fundo para a compreensão do papel do administrador. Tornar-se- -á mais fácil, acredita-se, entender a sua importância e complexidade e como o profissional de administração está inserido nesse processo, quais os de- safios e as responsabilidades com que se defronta e as perspectivas para a sua atuação futura; b) Esclarecer que a tarefa do administra- dor deverá envolver cinco áreas: tare- fas, pessoas, estrutura, ambiente e tecnologia. Evidentemente, cada uma dessas áreas terá peso diferente, fazen- do com que o administrador concentre- -se mais em umas do que em outras; c) Enfatizar que o administrador deve pos- suir conhecimentos nessas áreas espe- cíficas, a fim de desempenhar adequa- damente sua missão; d) Mostrar que o trabalho do administra- dor é complexo, dele exigindo constan- te aperfeiçoamento; e) Que não se pode e nem se deve esperar respostas definitivas, fórmulas para a solução de problemas e respostas para todas as dúvidas; f) Que o trabalho do administrador é ex- tremamente importante, rico, desafiador e que oferece condições para pleno de- senvolvimento de todo o seu potencial humano; g) Que não se pode viver sem administrar, e que não se pode colher frutos inespe- rados na luz da ciência administrativa. �� Henry Fayol (1916) – Processo Admi- nistrativo Divisão do trabalho / Autoridade e res- ponsabilidade / Disciplina / Unidade de comando / Unidade de direção / Preva- lência dos interesses gerais / Remune- ração / Centralização / Hierarquia em linha / Ordem / equidade / Estabilidade dos funcionários / Iniciativa / Espírito de equipe. �� Chester Barnard (1938) – Funções do Executivo – senso de propósito moral / organização informal / comunicação / processo decisório / aceitação da au- toridade. �� Herbert Simon (1960) – Processo Deci- sório – situação problema / alternativas para resolução / decisão / homem eco- nômico / maximização dos ganhos. o PAPeL Do ADMInIstrADor3 AtençãoAtenção Os autores que estruturaram as primeiras Teorias da Administração e estudiosos es- pecialistas no assunto definiram os papéis do Administrador sob diferentes enfoques, elaboramos uma lista com estes autores e o entendimento deles sobre o papel do Administrador nas Organizações: Giselle Pavanelli Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 �� Henry Mintzberg (1973) – Papéis do Gerente – decisão – empreendedor, controlador, administrador de recursos e negociador. Interpessoal – líder. Co- municação – disseminador, porta-voz, monitor. �� Rosemary Stewart (1982) – Processo decisório – esfera da decisão / esfera do desempenho / esfera das restrições. �� Fred Luthans (1988) – Desempenho dos gerentes – funções gerenciais / co- municação / relações humanas / rela- cionamento. �� Andrew Grove (1983) – Alta Perfomance – produção / trabalho em equipe / com- petência individual. �� Edwards Deming (1990) – Satisfação do cliente. �� Peter Druker (1991) – Capacidade de decidir. �� Mary Parker Follett (1997) – Clima Or- ganizacional / relações humanas. �� Igor Ansoff – planejar e executar estra- tégias. �� Alfred Sloan – tomada de decisão com- partilhada. �� Robert L. Katz – habilidade técnica, hu- mana e conceitual. Perceberam quantas pessoas contribuíram para o desenvolvimento da administração ao longo do tempo? Vamos agora identificar seu nível de aprendizagem, entendimento. 3.1 Resumo do Capítulo 3.2 Atividade Proposta 1. A utilidade do estudo das Teorias da Administração para o administrador pode ser estabelecida por diversas razões. Comente quais são essas razões. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 Prezado(a) aluno(a), para a administração – disciplina social – as premissas são bem mais im- portantes do que são os paradigmas para uma ci- ência natural, pois o paradigma não exerce impacto sobre o universo natural, mas uma disciplina social, como a administração, trata do comportamento de pessoas e instituições humanas. Isto é o que vamos estudar ao longo deste capítulo. 4.1 Mudanças de Paradigmas na Administração noVos PArADIGMAs DA ADMInIstrAção 4 O que se ensina e se pratica em nome da administração está ficando totalmente desatua- lizado, pois poucas políticas se conservam atuais por 20 ou 30 anos e a maioria de nossos pressu- postos relativos às empresas, à tecnologia e à or- ganização data de pelo menos 50 anos. O universo social é sujeito a mudanças con- tínuas – significando que as premissas que eram válidas ontem podem tornar-se inválidasou en- ganosas. A disciplina da administração, hoje se en- contra neste ponto e devemos analisar quais premissas que estão conduzindo-a ao caminho errado. Até a década de 30, presumia-se que a ad- ministração não passava de subdivisão da admi- nistração geral. Não foi numa empresa que se deu a primeira aplicação consciente e sistemática dos princípios da administração, e sim, na reorganiza- ção do Exército dos Estados Unidos (1901). Com a Grande Depressão teve início a iden- tificação da administração com a administração de empresas, que gerou hostilidade com relação às empresas e desprezo por seus executivos. Para não ser contaminada pela associação de sua ima- gem com a de empresas, a administração no setor público foi rebatizada de administração pública e proclamada uma disciplina distinta. No período do pós-guerra (1950), empresas e negócios já tinham voltado a ser palavras bem- -vistas, graças ao desempenho da administração de empresas americanas durante a 2ª Guerra Mundial. Os setores que mais cresceram nos países desenvolvidos no século XX, não foram o das em- presas, mas sim o governamental, o dos profissio- nais liberais, o da saúde e o da educação. A estrutura organizacional das empresas foi estudada pela primeira vez na França, por volta da virada do século. Era a época em que as orga- nizações empresariais em escala realmente gran- de estavam começando a aparecer, e seus admi- nistradores tiveram de desenvolver sua disciplina à medida que as empresas avançavam. Não havia textos a consultar, não havia consultores. De certo modo, eles aprenderam uns com os outros. A Primeira Guerra Mundial deixou clara a ne- cessidade de uma estrutura organizacional formal. A administração altamente centralizada que pro- palavam simplesmente não funcionavam numa escala, onde era preciso administrar dezenas de soldados e reorientar economias inteiras em torno da produção para a guerra. Após a Primeira Guerra Mundial desenvol- veu-se a descentralização, transformando-se no mantra da administração, o único caminho visto http://pt.shvoong.com/tags/uma/ Giselle Pavanelli Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 26 como correto. Nos últimos anos, defende-se a equipe como organização correta para pratica- mente qualquer coisa. Não existe organização certa, existem organizações, cada uma das quais possui pontos fortes, distintas e aplicações espe- cíficas. É uma ferramenta para tornar as pessoas produtivas quando trabalham em conjunto. O executivo do futuro vai precisar de uma caixa de ferramenta repleta de estruturas organi- zacionais. Isso significa que ele terá de aprender a usar cada uma dessas ferramentas e entender qual delas funciona melhor para cada tarefa. A premissa inicial correta hoje é que as tec- nologias que provavelmente vão exercer o maior impacto sobre uma empresa e sua indústria são tecnologias externas a seu próprio campo. Dife- rentemente das tecnologias do século XIX, as tec- nologias de hoje não percorrem caminhos parale- los e distintos. Elas se cruzam a toda hora. Antes, as empresas competiam dentro de um mesmo setor. Hoje, são setores que competem com setores. A informação não é exclusiva de nenhuma indústria ou ramo específico. Ela tampouco tem uma só fi- nalidade, e nenhuma finalidade requer apenas um tipo específico de informação. A administração terá de aprender que a compreensão do mercado começa pela compreensão de como os consumi- dores distribuem sua renda disponível. Para a administração, as novas realidades criam problemas que ainda não foram resolvidos. Cada vez mais, as empresas se organizam por áre- as de trabalho, mais do que geograficamente. A nova realidade é que a administração já não se pauta por fronteiras nacionais. O âmbito da ad- ministração não pode mais ser definido politica- mente. A primeira tarefa da administração é definir quais resultados existentes no empreendimento a seus cuidados. É função específica da adminis- tração organizar os recursos da organização vi- sando obter resultados fora dela. O novo paradigma no qual se deve basear a administração, tanto enquanto disciplina como enquanto prática, é que a administração deve de- finir os resultados que espera alcançar e depois or- ganizar os recursos da organização visando obter esses resultados. O centro da sociedade moderna é a instituição administrada. E a administração é a ferramenta específica, a função específica, o instrumento específico para tornar as instituições capazes de gerar resultados. A instituição não existe simplesmente dentro da sociedade e para reagir à sociedade. Ela existe para produzir resul- tados dentro da sociedade e para modificá-la. AtençãoAtenção Uma estrutura organizacional é adequada para determinadas tarefas em determinadas condi- ções e determinadas épocas. Em qualquer em- preendimento existe a necessidade de uma sé- rie de estruturas organizacionais diferentes que coexistam. Há princípios de organização que são universais. A organização deve ser transparente. As pessoas precisam conhecer e compreender a estrutura organizacional na qual vão trabalhar. Saiba maisSaiba mais Na disciplina da administração, estudamos que as fronteiras nacionais ainda definem o ambiente na qual as pessoas operam. Essa premissa é subjacente até mesmo para a multinacional tradicional. O que mudou no mundo real, mesmo que ainda não te- nha mudado nas premissas com as quais operam as administrações, é o fato de essas fronteiras nacio- nais terem perdido sua relevância. 4.2 Reengenharia de Processos É o termo usado para inovar o ambiente pro- dutivo da empresa. Para encarar novos desafios pos- tos pela sociedade e pelo mercado, uma empresa precisa repensar seus procedimentos operacionais. A meta é a de tornar as pessoas e as máquinas mais eficientes. Assim será possível reduzir custos sem Teorias da Administração III Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 prejudicar produtos e serviços. A ciência da Reen- genharia apresenta-se em três dimensões, confor- me o nível hierárquico visado: a Reengenharia de cargos ou tarefas, a Reengenharia de processos e a Reengenharia organizacional da empresa. O pre- fixo RE neste contexto significa começar de novo. Quando o assunto é Reengenharia organizacional, trata-se de reinventar a empresa, transformar o ne- gócio, definir novos objetivos, traçar novas estra- tégias para conseguir uma vantagem competitiva sustentável. Procura-se uma maneira de ser diferen- te dos rivais. As metas fixadas genericamente pela Reengenharia são: redirecionar a operação, reduzir os custos, melhorar a qualidade, aumentar a recei- ta, incrementar a orientação do cliente e ajudar na fusão de empresas. Vamos ilustrar com um exemplo drástico que testemunha o efeito da Reengenharia de vi- rar a empresa cabeça para baixo. A equipe encar- regada da Reengenharia da empresa fabricante de óleo poderia concluir que o pessoal direta- mente e diariamente em contato com os clientes representa o escalão hierárquico mais alto. Todo o resto do pessoal existe apenas para prestar ser- viço ao pessoal de vendas. Este define as marcas e paladares de óleo que devem ser produzidos em cada instante, e em que quantidades. Define também as opções de mercado. Se por acaso fos- se mais lucrativo transformar a soja em ração ani- mal, a produção de óleo seria abandonada. Para conseguir respostas rápidas dentro da empresa a esse tipo de exigências do mercado, é necessário reestruturá-la administrativamente. A equipe de Reengenharia pode concluir que uma estrutu- ra vertical descentralizada responde melhor às forças do mercado do que a atual estrutura cen- tralizada horizontal. Como funciona a mudança? Atualmente a empresa tem uma administração central, um departamento de produção, um de- partamento de marketing, um departamento de compras, um departamento de pessoal, um departamento de bem-estar, um departamento de manutenção, e todos cuidam das tarefas rela- cionadascom sua competência para a empresa toda. Futuramente, a estrutura vertical estipularia a existência de uma equipe independente de ra- ção animal, uma equipe independente de óleo de soja, uma equipe independente de farelo de soja e uma equipe independente de proteína e sucro- se. Cada uma dessas equipes teria seu comprador, seu vendedor, seu administrador, seu pessoal de operação próprio e jurisdição sobre a linha de produção correspondente. A ideia básica aqui é a de ter células de produção menores e mais ágeis, que podem responder mais adequadamente ao mercado. Admitidamente, o exemplo é artificial. Muitas outras operações poderiam ser usadas para ilustrar. Quando o assunto é Reengenharia de pro- cessos, trata-se de enxugar os processos ou pro- cedimentos que compõem a operação global da empresa, e com isso ser mais eficiente do que o concorrente. Existirá uma equipe designada a analisar todos os processos da empresa e esco- lher aqueles que mais chances de melhoria pro- metem. Um exemplo de um processo é o fluxo de papel ou de informação ou instruções através da empresa para processar o pedido de um vende- dor ou de um cliente. A Reengenharia eliminaria a repetição de tarefas, assinaturas e carimbos, e co- locaria o vendedor em contato direto com o che- fe de produção. Vários passos de processamento do pedido ocorrerão paralelamente, ao invés de sucessivamente, no intuito de acelerar a resposta ao cliente. Um exemplo clássico que a literatura cita é a Reengenharia do processo de estocagem de pro- dutos. O fabricante mantém seu estoque de óleo. O supermercado também mantém o seu. Ambos estoques geram custos de manutenção e de ge- renciamento. A Reengenharia resolveu o proble- ma da seguinte forma criativa. O supermercado coloca à disposição do fabricante de óleo nú- mero 1 uma certa prateleira da loja. O fabricante responsabiliza-se por manter a prateleira cheia o tempo todo. Ambos os estoques foram elimina- dos. A linha de produção é planejada segundo o critério de Just in time, e o óleo vai da embalagem diretamente para a prateleira. Este tipo de solu- ção só foi possível após o completo abandono da prática atual e a invenção de uma nova parceria. Finalmente, existe a Reengenharia de tare- fas ou cargos que desce ao nível de cada pessoa Giselle Pavanelli Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 28 no seu dia-a-dia. Novas maneiras são inventadas de desempenhar a mesma função, ou as funções são alteradas para aumentar a contribuição de cada pessoa ao objetivo da corporação. Obvia- mente, existe interação entre Reengenharia de processos e de tarefas. No caso do óleo que vai para a prateleira, a função de comprador de óleo no supermercado seria transformada em função de contador e fiscalizador de suprimento. Os japoneses têm uma palavra chamada “dantotsu” que significa lutar para tornar-se o “melhor do melhor”, com base num processo de alto aprimoramento que consiste em procurar, encontrar e superar os pontos fortes dos con- correntes. Esse conceito enraizou-se numa nova abordagem de planejamento estratégico. Duran- te a última década, ele tem produzido resultados impressionantes em companhias como a Xerox, a Ford e a IBM e é conhecido como Benchmarking. Benchmarking é um processo contínuo de comparação dos produtos, serviços e práticas empresariais entre os mais fortes concorrentes ou empresas reconhecidas como líderes. É um processo de pesquisa que permite realizar com- parações de processos e práticas “companhia a companhia” para identificar o melhor do melhor e alcançar um nível de superioridade ou vantagem competitiva. Benchmarking surgiu como uma necessida- de de informações e desejo de aprender depres- sa, como corrigir um problema empresarial. A competitividade mundial aumentou acentuadamente nas últimas décadas, obrigan- do as empresas a um contínuo aprimoramento de seus processos, produtos e serviços, visando oferecer alta qualidade com baixo custo e assu- mir uma posição de liderança no mercado em que atua. Na maioria das vezes, o aprimoramento exigido, sobretudo pelos clientes dos processos, produtos e serviços, ultrapassa a capacidade das pessoas envolvidas, por estarem elas presas aos seus próprios paradigmas. Na aplicação do benchmarking, como todo o processo, é preciso respeitar e seguir algumas regras e procedimentos para que os objetivos se- 4.3 Benchmarking jam alcançados e exista uma constante melhoria do mesmo. Neste processo existe um controle constante desde sua implantação (plano do pro- cesso) até a sua implementação (ação do proces- so). A empresa interessada em implantar bench- marking deve analisar os seguintes fatores: ramo, objetivo, amplitude, diferenças organizacionais e custos, antes da definição ou aplicação do melhor método, pois cada empresa individualmente tem as suas necessidades que devem ser avaliadas an- tecipadamente à aplicação do processo. Outra vantagem do benchmarking é a mu- dança da maneira de uma organização pensar so- bre a necessidade para melhoria. Benchmarking fornece um senso de urgência para melhoria, indicando níveis de desempenho atingidos pre- viamente em um processo de parceiro do estudo. Um senso de competitividade surge à medida que uma equipe reconhece oportunidades de melhorias, além de suas observações diretas, e os membros da equipe tornam-se motivados a se empenhar por excelência, inovação e aplicação de pensamento inovador a fim de conseguir sua própria melhoria de processo. É necessário que as organizações que buscam o benchmarking como uma ferramenta de melhoria assumam uma postura de “organiza- ção que deseja aprender com os outros” para que possam justificar o esforço investido no processo, pois essa busca das melhores práticas é um traba- lho intensivo, consumidor de tempo e que requer disciplina. Portanto, benchmarking é uma escola em que se aprende a aprender. Saber fazer e adaptar benchmarking no pro- cesso da organização pode nos permitir vislumbrar oportunidades e também ameaças competitivas, Teorias da Administração III Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 constituindo um atalho seguro para a excelência, com a utilização de todo um trabalho intelectual acumulado por outras organizações, evitando os erros e armadilhas do caminho. Mais do que uma palavra mágica, o bench- marking é um conceito que está alterando conside- ravelmente o enfoque da administração, em que o mesmo é composto de atributos que determinarão o sucesso ou ainda a sobrevivência das empresas. 4.4 Realidade Virtal 4.5 Resumo do Capítulo Realidade Virtual (RV) pode ser definida de uma maneira simplificada como sendo a forma mais avançada de interface do usuário de com- putador até agora disponível. Com aplicação na maioria das áreas do conhecimento, senão em to- das, e com um grande investimento das indústrias na produção de hardware, software e dispositivos especiais, a realidade virtual vem experimentan- do um desenvolvimento acelerado nos últimos anos e indicando perspectivas bastante promis- soras para os diversos segmentos vinculados com a área. Uma definição um pouco mais refinada de realidade virtual é a seguinte: “realidade virtual é uma forma das pessoas visualizarem, manipu- larem e interagirem com computadores e dados extremamente complexos”. Agrupando algumas outras definições de realidade virtual, pode-se dizer que realidade virtual é uma técnica avan- çada de interface, onde o usuário pode realizar imersão, navegação e interação em um ambiente sintético tridimensional gerado por computador, utilizando canais multissensoriais. A interface com realidade virtual envolve um controle tridimensional altamente interativo de processos computacionais. O usuário entra no espaço virtual das aplicações e visualiza, mani- pula e explora os dados da aplicação em tempo real, usando seus sentidos, particularmente os movimentos naturais tridimensionais do corpo. A grande vantagem desse tipo de
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