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Fitoquímica e Fitoterapia

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FITOQUÍMICA E FITOTERAPIA
PROF.A MA. NAIARA CÁSSIA GANCEDO
Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica:
Maria Albertina Ferreira do 
Nascimento
Diretoria EAD:
Prof.a Dra. Gisele Caroline 
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Fernando Sachetti Bomfim
Marta Yumi Ando
Simone Barbosa
Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção: 
Cristiane Alves
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não 
vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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UNIDADE
01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................5
1. ROTAS BIOSSINTÉTICAS ......................................................................................................................................6
1.1 METABOLISMO VEGETAL ....................................................................................................................................6
1.2 BIOSSÍNTESE DOS METABÓLITOS SECUNDÁRIOS .........................................................................................6
2. MÉTODOS EXTRATIVOS .......................................................................................................................................8
2.1 MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DOS METABÓLITOS SECUNDÁRIOS .....................................................................11
2.1.1 MACERAÇÃO ..................................................................................................................................................... 12
2.1.2 PERCOLAÇÃO ................................................................................................................................................... 12
2.1.3 TURBÓLISE ...................................................................................................................................................... 13
2.1.4 INFUSÃO ........................................................................................................................................................... 14
2.1.5 DECOCÇÃO ....................................................................................................................................................... 14
INTRODUÇÃO À FITOQUÍMICA
PROF.A MA. NAIARA CÁSSIA GANCEDO
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
FITOQUÍMICA E FITOTERAPIA
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2.1.6 EXTRAÇÃO SOB REFLUXO .............................................................................................................................. 15
2.1.7 EXTRAÇÃO EM APARELHO DE SOXHLET ...................................................................................................... 15
2.1.8 EXTRAÇÃO POR FLUIDOS SUPERCRÍTICOS ................................................................................................ 17
2.1.9 EXTRAÇÃO LÍQUIDO/LÍQUIDO ....................................................................................................................... 19
2.1.10 PURIFICAÇÃO DAS SOLUÇÕES EXTRATIVAS .............................................................................................20
2.2 OPERAÇÕES DE CONCENTRAÇÃO E SECAGEM DAS SOLUÇÕES EXTRATIVAS ..........................................22
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................24
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
A Unidade 1 da apostila de Fitoquímica e Fitoterapia abordará os assuntos relacionados 
à investigação � toquímica de espécies vegetais. A � toquímica é considerada uma área da 
Farmacognosia que tem como objetivo identi� car os constituintes químicos de origem vegetal, 
pertencentes aos principais grupos de metabólitos secundários.
Quando se pretende avaliar a composição química de uma espécie vegetal e estudos 
químicos são inexistentes na literatura cientí� ca, pode-se recorrer a uma análise � toquímica 
preliminar, como a realização de testes histoquímicos ou reações químicas de caracterização dos 
metabólitos secundários. Neste sentido, a disciplina de Fitoquímica e Fitoterapia abordará os 
principais assuntos que fundamentam essas duas áreas da Farmacognosia, além de relembrar, 
complementar e aprofundar alguns tópicos contemplados anteriormente, na disciplina de 
Farmacobotânica e Farmacognosia.
Antes de iniciarmos os estudos dos ensaios clássicos utilizados na identi� cação 
das principais classes de metabólitos secundários, assunto das Unidades 3 e 4 desta apostila, 
aprenderemos, nesta unidade, as principais operações que antecedem uma análise � toquímica. 
Para isso, precisamos recordar as rotas metabólicas envolvidas na síntese dos metabólitos 
secundários e abordar, detalhadamente, os diferentes métodos de extração utilizados na obtenção 
de soluções extrativas. Por � m, veremos as operações que devem ser realizadas após o preparo da 
solução extrativa, incluindo as técnicas de puri� cação, concentração e secagem.
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1. ROTAS BIOSSINTÉTICAS
1.1 Metabolismo Vegetal
Enzimas especí� cas participam de rotas metabólicas, produzindo, transformando ou 
degradando compostos, por meio das reações enzimáticas de anabolismo, de biotransformação 
ou de catabolismo, respectivamente. O produto � nal da reação é denominado de metabólito. 
As reações acima citadas fornecem para a célula vegetal (SANTOS, 2004; KREIS; MUNKERT; 
PÁDUA, 2017):
• Energia, na forma de adenosina trifosfato (ATP);
• Poder redutor, por meio de fosfato de dinucleotídeo de nicotinamida e adenina (NADPH);
• Biossíntese de macromoléculas celulares essenciais, que fazem parte do metabolismo 
primário, incluindo os carboidratos, lipídeos, proteínas e ácidos nucleicos. Alguns autores 
utilizam o termo metabolismo basal no lugar de metabolismo primário.
A partir dos produtos obtidos pelo metabolismo primário, os metabólitos secundários, 
também denominados de especiais, são originados. Os metabólitos secundários são compostos de 
baixa massa molecular, que apresentam propriedades biológicas interessantes, além de atuarem 
na defesa contra herbívoros e microrganismos, na proteção contra a radiação ultravioleta (UV), 
na atração de polinizadores, na participação de alelopatias, entre outras atividades (SANTOS, 
2004; KREIS; MUNKERT; PÁDUA, 2017).
1.2 Biossíntese dos Metabólitos Secundários
Os metabólitos secundários são originados a partir de produtos do metabolismo primário. 
Segundo Santos (2004), as rotas metabólicas dos metabólitossecundários podem ser ativadas 
em determinados estágios ou fases especí� cas do desenvolvimento da planta e, em períodos de 
estresse, devido à escassez de nutrientes ou pelo ataque de microrganismos.
Os metabólitos secundários apresentam uma grande variabilidade química, podendo 
apresentar distribuição restrita e variarem de espécie para espécie (SANTOS, 2004; KREIS; 
MUNKERT; PÁDUA, 2017).
Do grego alleton (mútuo) e phatos (prejuízo), o termo alelopatia é defi nido como a 
interação entre plantas, na qual uma compete com a outra, para assegurar o for-
necimento de água, luz e nutrientes. Tal interação pode ocorrer entre indivíduos da 
mesma espécie (PIRES; OLIVEIRA, 2011).
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A partir da degradação da glicose, tem-se a origem dos metabólitos secundários, via dois 
intermediários: o ácido chiquímico (via do chiquimato) e o acetato (via do acetil-CoA ou acetil-
coenzima A). O ácido chiquímico origina os aminoácidos aromáticos (triptofano, fenilalanina 
e tirosina), precursores de grande parte dos metabólitos secundários aromáticos. Alguns 
metabólitos secundários são originados pela combinação de uma unidade de ácido chiquímico e 
uma ou mais unidades de acetato ou derivados. Já os derivados do acetato podem ser originados 
pelas vias do ciclo do ácido cítrico, via do mevalonato e pela condensação do acetato (SANTOS, 
2004; KREIS; MUNKERT; PÁDUA, 2017).
Os metabólitos secundários podem estar na forma livre, neste caso, são denominados 
agliconas (geninas), ou podem estar ligados a unidades de açúcar, constituindo os heterosídeos. 
A Figura 1 descreve as diferentes classes de metabólitos secundários, sintetizados a partir da 
degradação da glicose pela via do chiquimato, acetil-CoA ou pela combinação de ambas 
(SANTOS, 2004).
A síntese dos metabólitos secundários pode ser considerada constante e inva-
riável? Não! Vários são os fatores que interferem na proporção dos metabólitos 
secundários, sendo sua síntese afetada por diversas alterações das condições 
ambientais.
Para mais informações a respeito dos fatores que infl uenciam no 
conteúdo de metabólitos secundários em plantas, acessar o artigo: 
GOBBO-NETO, L.; LOPES, N. P. Plantas medicinais: fatores de 
infl uência no conteúdo de metabólitos secundários. Química Nova, 
[s. l.], v. 30, n. 2, p. 374-381, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.
br/pdf/qn/v30n2/25.pdf>.
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Figura 1 - Ciclo biossintético dos metabólitos secundários. Fonte: Adaptado de Santos (2004).
Algumas etapas devem ser realizadas antes de iniciarmos uma análise � toquímica, 
incluindo a coleta, limpeza, seleção, estabilização, secagem, moagem da matéria-prima e, por � m, 
a extração das substâncias químicas de interesse, por meio da utilização de diferentes métodos 
extrativos (SONAGLIO et al., 2004; BASSANI; PETROVICK, 2017).
2. MÉTODOS EXTRATIVOS
O termo “extrair” signi� ca remover de forma completa e seletiva as substâncias ativas 
presentes na droga vegetal, com o auxílio de um solvente ou mistura de solventes, tecnologicamente 
apropriados. O produto � nal da extração é a solução extrativa (SONAGLIO et al., 2004; BASSANI; 
PETROVICK, 2017).
Em um método extrativo, os líquidos escolhidos devem apresentar (SONAGLIO et al., 
2004; BASSANI; PETROVICK, 2017):
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• Propriedades extrativas, relacionadas com a e� ciência e seletividade na qual o líquido 
extrator consegue dissolver as substâncias de interesse, à temperatura ambiente;
• Adequação tecnológica, que se refere à facilidade com a qual o líquido extrator é eliminado, 
seja da solução extrativa ou do produto � nal. A adequação tecnológica depende de 
características do solvente, como ponto de ebulição, formação de misturas azeotrópicas, 
in� amabilidade ou corrosão;
• Inocuidade � siológica, relacionada com a toxicidade do líquido extrator, devendo este 
ser totalmente eliminado do produto � nal, ou até os limites máximos de concentração 
permitidos.
A água é considerada um dos líquidos extratores mais utilizados na extração de substâncias 
hidrofílicas, como aminoácidos, açúcares, alcaloides na forma de sal, saponinas, � avonoides, 
mucilagens, ou seja, substâncias polares, miscíveis em água. O Quadro 1 contempla diferentes 
líquidos extratores utilizados na extração de drogas vegetais, incluindo exemplos de utilização 
(SONAGLIO et al., 2004).
Uma mistura azeotrópica ocorre quando dois líquidos apresentam um único ponto 
de ebulição, quando estão misturados, se comportando como uma substância 
pura, mantendo a temperatura de ebulição constante. Um exemplo de mistura aze-
otrópica é o álcool etílico, composto de 95,5% de etanol e 4,5% de água (SOUZA, 
2020). Outros exemplos incluem as misturas de acetato de etila: água (98,7: 1,3, 
v/v), acetato de etila: etanol (69 :31, v/v), etanol: acetato de etila (30,6: 69,4, v/v), 
éter etílico: etanol (40:60, v/v) (SONAGLIO et al., 2004).
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LÍQUIDO EXTRATOR E XEMPLOS DE UTILIZAÇÃO
Hidrocarbonetos 
alifáticos
Éter de petróleo Extração de substâncias altamente lipofílicas, lipídeos 
e óleos voláteis, imiscíveis com água e misturas 
hidroalcóolicas.n-hexano
Hidrocarbonetos 
ha logenados
Clorofórmio* Extração de substâncias lipofílicas, óleos fi xos, ceras, 
agliconas, sapogeninas, alcaloides na forma de base livre, 
imiscíveis com água.Diclorometano
Éter etílico
Álcoois
Metanol Extração de agliconas, ceras, sapogeninas, iridoides, 
sesquiterpenos e heterosídeos em geral. Miscível com água 
em todas as proporções.Etanol**
Acetona*** Agiconas, ceras, sapogeninas, iridoides, sesquiterpenos.
Acetato de etila Agliconas, ceras, sapogeninas, iridoides, sesquiterpenos. 
Imiscível com a água.
Quadro 1 - Principais características dos líquidos utilizados na extração de drogas vegetais. *Devido à sua toxicidade 
e impacto ambiental, o clorofórmio tem sido substituído pelo diclorometano, evitando-se o uso de solventes clora-
dos. **O etanol forma mistura azeotrópica com água; o metanol, não. *** A acetona é miscível em água em todas as 
proporções e não forma mistura azeotrópica com água. Fonte: Adaptado de Sonaglio et al. (2004).
A extração e dissolução das substâncias de interesse pelo líquido extrator envolvem 
algumas etapas importantes, incluindo:
• Intumescimento da droga vegetal pelo líquido extrator;
• Dissolução das substâncias de interesse pelo líquido extrator;
• Saída das substâncias dissolvidas do meio intracelular por difusão ou lixiviação.
Na difusão, tem-se a passagem das substâncias do meio intracelular para o extracelular. Já 
a lixiviação consiste na “lavagem” e dissolução das substâncias dispersas no meio extrativo, após 
a célula vegetal sofrer lise.
Dentre os fatores relacionados com a matéria-prima e líquido extrator, que interferem na 
e� ciência extrativa e que devemos levar em consideração antes da escolha do método extrativo, 
tem-se (FALKENBERG; SANTOS; SIMÕES, 2004):
• Características relacionadas com o material vegetal, como grau de divisão e consistência 
do órgão vegetal. Partículas pequenas apresentam maior superfície de contato e, 
consequentemente, maior interação com o líquido extrator. O grau de divisão do material 
vegetal depende do tipo de moinho utilizado na etapa de cominuição/moagem. Além 
disso, a consistência dos tecidos que constituem a droga vegetal interfere no poder de 
penetração do líquido extrator, quanto mais rígido for o material, como raízes e caules, 
menor deve ser a granulometria. Folhas e � ores apresentam textura mais delicada, 
podendo apresentar um tamanho de partícula maior.
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• Seletividade do líquidoextrator, extraindo apenas as substâncias de interesse. A 
seletividade está relacionada com a polaridade. Dessa forma, substâncias de caráter 
polar devem ser extraídas com solventes polares, e substâncias apolares, com solventes 
apolares. Quando a composição química do material vegetal é desconhecida, deve-se 
optar pela extração fracionada, ou seja, realizar sucessivas extrações, utilizando solventes 
de polaridade crescente, até que o solvente ou mistura de solventes sejam de� nidos.
• pH do líquido extrator.
A escolha do solvente é um ponto importante, principalmente quando se pretende 
extrair um grupo especí� co de metabólito secundário e mantê-lo estável durante toda a extração. 
Alguns fatores que in� uenciam a e� ciência do processo extrativo e que devem ser levados em 
consideração, incluem (FALKENBERG; SANTOS; SIMÕES, 2004):
• Presença ou ausência de agitação. A agitação facilita o contato das substâncias com o 
líquido extrator, reduzindo o tempo de extração.
• Temperatura de extração. O aumento da temperatura leva ao aumento da solubilidade das 
substâncias, reduzindo o tempo de extração, quando comparado com métodos realizados 
à temperatura ambiente. Entretanto, deve-se ter cautela ao utilizar aquecimento, pois 
muitas substâncias são termolábeis, podendo ser degradadas em altas temperaturas.
• Tempo de extração. O tempo de extração sofre in� uência da consistência e grau de divisão 
do material vegetal, do tipo de solvente e substância a ser extraída, do emprego ou não de 
temperatura e/ou agitação.
A composição química de drogas vegetais é extremamente complexa e, frequentemente, 
ocorre a extração concomitante de várias substâncias, sejam ativas ou não, de interesse ou não. 
Primeiramente, devemos de� nir qual substância ou grupo de substâncias desejamos extrair e, 
após isso, considerar todos os fatores descritos acima, incluindo a disponibilidade dos meios 
e custos, o solvente mais adequado e vantajoso, para � nalmente de� nirmos o melhor método 
extrativo (FALKENBERG; SANTOS; SIMÕES, 2004).
2.1 Métodos de Extração dos Metabólitos Secundários
Os métodos extrativos podem ser divididos de acordo com o estado do material vegetal 
em líquido/líquido, sólido/líquido; a frio ou a quente, devido ao uso ou não de temperatura; em 
sistemas abertos ou fechados e, quanto à e� ciência, em parciais ou exaustivos. A exaustão, ou seja, 
esgotamento das substâncias de interesse presentes no material vegetal depende da metodologia 
utilizada, do tempo de contato da planta com o líquido extrator e dos fatores que aumentam a 
e� ciência da extração como, por exemplo, a renovação do solvente com o objetivo de evitar a 
saturação do meio (FALKENBERG; SANTOS; SIMÕES, 2004; SONAGLIO et al., 2004; BASSANI; 
PETROVICK, 2017).
As metodologias de extração sólido/líquido incluem a maceração, a percolação, a 
turbólise/turbolização/turbo-extração, a infusão, a decocção, a extração sob re� uxo e em aparelho 
de Soxhlet. As metodologias de extração líquido/líquido podem ser divididas em contínuas ou 
descontínuas. A extração por � uidos supercríticos será descrita separadamente e a extração de 
óleos essenciais será abordada na Unidade 3 desta apostila. A seguir, discutiremos com mais 
detalhes as metodologias de extração mencionadas (FALKENBERG; SANTOS; SIMÕES, 2004; 
SONAGLIO et al., 2004; BASSANI; PETROVICK, 2017).
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2.1.1 Maceração
A maceração é um método de extração parcial, sólido/líquido, realizada à temperatura 
ambiente em recipiente fechado, durante um período de horas ou dias, sob agitação ocasional 
e sem renovação do líquido extrator. Pode ser usada para � nalidade analítica (pequena escala, 
para controle de qualidade ou análises � toquímicas) ou tecnológica (obtenção de uma forma 
farmacêutica � nal). É considerado um método parcial de extração, pois a não renovação do 
solvente leva à saturação do líquido extrator, estabelecendo um equilíbrio difusional entre o 
meio intracelular e o meio extrator. Consequentemente, a extração não leva ao esgotamento dos 
constituintes de interesse (SONAGLIO et al., 2004; REGINATTO, 2017).
De acordo com de� nição presente na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 26 de 
2014 (BRASIL, 2014), quando o líquido extrator da maceração for a água, é denominada chá 
medicinal. Com o objetivo de aumentar a e� ciência de extração, existem algumas variações dessa 
operação (SONAGLIO et al., 2004):
• Digestão: é um tipo de maceração realizada em sistema com o uso de temperaturas entre 
40-60 °C;
• Maceração dinâmica: é a maceração realizada sob agitação mecânica constante;
• Remaceração: consiste em repetir a operação, mantendo o mesmo material vegetal e 
renovando o solvente.
Na maceração, a quantidade, a natureza, o tamanho de partícula, a capacidade de 
intumescimento e o teor de umidade do material vegetal; a quantidade e a seletividade do líquido 
extrator; e as condições do sistema, como proporção entre droga vegetal e líquido extrator, o 
uso de temperatura, agitação e o tempo de extração são fatores que in� uenciam na e� ciência do 
método extrativo, assim como nos demais métodos (SONAGLIO et al., 2004).
As substâncias presentes em drogas vegetais e que não possuem uma estrutura celular, 
como gomas, são as mais indicadas para serem extraídas por maceração. Tal metodologia também 
é empregada no preparo de tinturas, como as tinturas-mães utilizadas em homeopatia. Os líquidos 
extratores mais utilizados são o etanol e misturas hidroetanólicas. Contudo, deve-se ter cautela 
em relação à quantidade da água utilizada em misturas hidroetanólicas. Porcentagens altas de 
água podem favorecer a contaminação e o crescimento de microrganismos, não sendo indicado 
o uso de misturas com concentrações etanólicas inferiores a 20% na maceração (SONAGLIO et 
al., 2004).
2.1.2 Percolação
A percolação é um método de extração exaustivo, sólido/líquido, realizado à temperatura 
ambiente, em recipiente metálico cônico ou cilíndrico, denominado percolador, com renovação 
constante do líquido extrator. Possui � nalidade tecnológica e o produto obtido é denominado 
percolado. Na percolação, o líquido extrator escolhido é feito passar pelo material vegetal 
cominuído e acondicionado no percolador (Figura 2) (SONAGLIO et al., 2004).
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Figura 2 – Representação esquemática de um percolador. Fonte: Sonaglio et al. (2004).
A percolação é dividida em dois tipos: a simples e a fracionada. Na percolação simples, 
primeiro realiza-se o intumescimento da droga vegetal com o líquido extrator, antes de 
adicioná-la no percolador. Após, espera-se de1 a 2 horas para realização da etapa mais crítica: 
o empacotamento do percolador com a droga vegetal intumescida, de forma homogênea e não 
muito compacta. Fatores como a qualidade do empacotamento, tamanho do percolador e � uxo 
do solvente in� uenciam na e� ciência da operação. Devem-se evitar partículas com granulometria 
inferior a 1 mm, pelo fato de provocarem uma compactação excessiva, di� cultando a passagem 
do solvente, diminuindo o � uxo e a e� ciência do método. O volume elevado de líquido extrator 
requerido para esgotar o material vegetal é uma das desvantagens da percolação simples. Para 
contornar esse problema, pode-se optar pelo uso de um sistema de percoladores em série 
interconectados, sendo denominado de percolação em série ou sequencial (SONAGLIO et al., 
2004; REGINATTO, 2017).
Na percolação fracionada, as duas ou três primeiras frações de percolado, que contêm 
de 75 a 80% das substâncias extraíveis, são separadas das demais frações. As últimas frações 
são concentradas ou o volume � nal é ajustado, como na obtenção dos extratos � uidos. A 
percolação é considerada uma operação dinâmica, sendo indicada para a extração de compostos 
farmacologicamente muito ativos, presentes em baixa concentração na drogavegetal ou pouco 
solúveis e quando o custo da matéria-prima é elevado (SONAGLIO et al., 2004; REGINATTO, 
2017).
2.1.3 Turbólise
A turbólise ou turbolização, também denominada turbo-extração, é um método de 
extração sólido-líquido, realizado à temperatura ambiente, que quase leva à exaustão, porém 
não é considerado um método exaustivo. Possui � ns analíticos e tecnológicos, podendo ser 
utilizado em pequena e média escala. A quase exaustão do material vegetal ocorre pelo fato 
de essa operação permitir a extração das substâncias de interesse com simultânea redução do 
tamanho de partícula, devido às elevadas forças de cisalhamento geradas pelo rotor-estator que 
trabalha em altas rotações por minuto (5000 a 25000 rpm). A redução do tamanho das partículas 
e o rompimento das células aumentam o contato com o líquido extrator, favorecendo a rápida 
dissolução das substâncias (SONAGLIO et al., 2004).
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Figura 3 – Representação esquemática do sistema rotor-estator de um turbolizador (A). Turbolizador de pequena 
escala, modelo Ultra-turrax IKA T25 (B). Fonte: Sonaglio et al. (2004) e Ika (2020).
Apesar de a turbólise ser um método e� ciente, rápido e versátil, ela apresenta algumas 
desvantagens. A diminuição do tamanho das partículas di� culta a separação da solução extrativa 
do resíduo vegetal por � ltração. Além disso, tem-se a geração de calor durante a operação, devido 
às elevadas rotações por minuto do rotor-estator do aparelho, sendo necessária a realização d e 
pausas, com o objetivo de manter a temperatura inferior a 40 ºC e evitar a degradação de compostos 
termolábeis. Deve-se evitar o uso de materiais de alta dureza e líquidos voláteis (SONAGLIO et 
al., 2004; REGINATTO, 2017).
2.1.4 Infusão
A infusão é um método de extração parcial, sólido/líquido, com � nalidade analítica e 
tecnológica, quando para uso próprio, com uso de aquecimento e realizada em sistema aberto. 
Pelo fato de utilizar somente água como líquido extrator, também é denominado chá medicinal, 
como de� nido na RDC n° 26 de 2014 (BRASIL, 2014).
O método consiste em verter água potável fervente sobre o material vegetal e, em seguida, 
tampar ou abafar o recipiente por um período de tempo determinado, em torno de 15 minutos. 
A extração ocorre durante o tempo de permanência da planta em água fervente. Para facilitar 
o processo de extração, o material deve ser cortado ou pulverizado (FALKENBERG; SANTOS; 
SIMÕES, 2004).
A infusão é um método indicado para partes vegetais de consistência menos rígidas, 
como folhas, � ores, in� orescências, frutos e para compostos que apresentem boa solubilidade 
em água. Tem as vantagens de ser considerado um método rápido, fácil e barato, além de poder 
ser utilizado em plantas com substâncias ativas voláteis, porém possui como desvantagem a 
utilização somente de água como líquido extrator (FALKENBERG; SANTOS; SIMÕES, 2004).
2.1.5 Decocção
A decocção é um método de extração parcial, sólido/líquido, com � nalidade analítica e 
tecnológica, quando para uso próprio, com uso de aquecimento, realizada em sistema aberto e 
também é denominada chá medicinal de acordo com a RDC n° 26 de 2014 (BRASIL, 2014).
O método consiste na ebulição da droga vegetal juntamente com água potável por tempo 
determinado, aproximadamente 15 minutos. Para facilitar o processo de extração, o material 
deve ser cortado ou pulverizado (FALKENBERG; SANTOS; SIMÕES, 2004).
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A decocção é um método restrito para drogas vegetais com consistência rígida, como 
cascas, raízes, rizomas, caules, sementes e folhas coriáceas. Tem a vantagem de ser um método 
rápido, fácil e barato, porém suas desvantagens incluem o uso exclusivo de água como solvente 
extrator e o fato de ser um método não recomendado para substâncias ativas voláteis e termolábeis 
(FALKENBERG; SANTOS; SIMÕES, 2004).
2.1.6 Extração sob refluxo
A extração sob re� uxo é um método de extração parcial, sólido/líquido, com � nalidade 
analítica, uso de aquecimento e realizada em sistema fechado (FALKENBERG; SANTOS; 
SIMÕES, 2004).
O método consiste em adicionar a droga vegetal juntamente com o líquido extrator em 
um balão de vidro com fundo redondo, aquecido com manta de aquecimento e acoplado com 
um condensador de re� uxo. Dessa forma, o solvente evaporado durante o processo de ebulição 
condensa e retorna ao sistema, continuando o processo de extração, até que ocorra a saturação 
do meio (Figura 4) (FALKENBERG; SANTOS; SIMÕES, 2004).
Figura 4 – Sistema de re� uxo (A). Manta aquecedora (B). Fonte: UFOP (2020) e Chemical Center (2020).
Esse método apresenta a vantagem de permitir a utilização de solventes voláteis, devido à 
presença do condensador de re� uxo. Pelo fato de a amostra permanecer sob aquecimento durante 
todo o processo, deve-se ter cuidado com substâncias termolábeis, sendo esta uma desvantagem 
da metodologia de extração sob re� uxo (FALKENBERG; SANTOS; SIMÕES, 2004).
2.1.7 Extração em aparelho de Soxhlet
A extração em aparelho de Soxhlet é um método altamente e� ciente e que pode levar 
à exaustão dependendo do número de ciclos realizados. É um método sólido/líquido, com 
� nalidade analítica e uso de aquecimento, realizada em sistema fechado (FALKENBERG; 
SANTOS; SIMÕES, 2004).
O método consiste em adicionar no extrator de Soxhlet a droga vegetal acondicionada 
em um cartucho confeccionado de papel � ltro. O líquido extrator é adicionado em balão de vidro 
com fundo redondo, localizado na parte inferior do extrator de Soxhlet e aquecido com manta 
aquecedora. O condensador de re� uxo é conectado na parte superior do extrator de Soxhlet 
(FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2019).
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Dessa forma, o solvente, ao atingir a temperatura de ebulição, evapora e, ao entrar em 
contato com o condensador de re� uxo, condensa, retornando ao extrator de Soxhlet. O solvente, 
agora em contato com a droga vegetal, extrai as substâncias e origina a solução extrativa. Quando 
a solução extrativa preenche todo o extrator de Soxhlet e ultrapassa um volume especí� co, ela 
escoa e retorna para o balão de fundo redondo, completando um ciclo de extração. Pelo fato de 
a solução extrativa ser uma mistura das substâncias extraídas com o líquido extrator, este pode 
evaporar, condensar e retornar ao extrator de Soxhlet, originando mais ciclos de extração. Dessa 
forma, a cada ciclo da operação, o material vegetal entra em contato com o líquido extrator 
renovado, o que explica a alta e� ciência extrativa do método (Figuras 5 e 6) (FALKENBERG; 
SANTOS; SIMÕES, 2004).
Figura 5 – Aparelho de Soxhlet. Balão de fundo redondo (A). Extrator Soxhlet (B). Condensador de re� uxo (C). 
Fonte: Farmacopeia Brasileira (2019).
Figura 6 - Esquema de extração de óleos essenciais pelo aparelho Soxhlet. Fonte: Gastaldi (2010) apud Porto e Rosa 
(2018).
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Dependendo do número de ciclos realizados, pode-se atingir o esgotamento da droga 
vegetal. Contudo, deve-se ter a precaução de não manter por muito tempo a solução extrativa, 
presente no interior do balão, em contato com a manta aquecedora, pois a temperatura necessária 
para a ebulição do solvente pode ocasionar a degradação dos compostos termolábeis, constituindo 
uma desvantagem. A vantagem da extração em aparelho de Soxhlet é o fato de o método permitir 
o emprego de uma quantidade reduzida de solvente, quando comparado com os demais métodos 
extrativos (FALKENBERG; SANTOS; SIMÕES, 2004).
2.1.8 Extração por fluidos supercríticos
A extração por � uidos supercríticos é um método de extração e� ciente, exaustivo, sólido/
líquido ou líquido/líquido, com � nalidade tecnológica e utilizado em escala industrial (MAUL; 
WASICKY;BACCHI, 1996).
O método consiste em acondicionar o material a ser extraído em um recipiente cilíndrico 
com base porosa, que será colocado na câmara de extração (extrator). Selecionam-se a temperatura 
e pressão ideais do material a ser extraído. O gás supercrítico é liberado, circulando pela câmara 
de extração, dissolvendo e extraindo as substâncias de interesse do material. Ao completar o ciclo 
de extração, a solução extrativa é encaminhada para o separador, onde a pressão é mantida abaixo 
do ponto crítico. À medida que a pressão diminui, o gás carbônico retorna ao estado gasoso, 
perdendo as suas propriedades de solvatação. O soluto precipitado é recolhido, constituindo o 
produto da operação (Figura 7) (MAUL; WASICKY; BACCHI, 1996; BASSANI; PETROVICK, 
2017).
Figura 7 - Fluxograma de um esquema de extração por � uido supercrítico. Fonte: Maul, Wasicky e Bacchi (1996).
Uma demonstração da extração por Soxhlet, incluindo a montagem 
do equipamento e introdução da amostra, pode ser vista no vídeo:
UNIVERSITY OF YORK. Soxhlet extraction. 2015. 1 vídeo. Disponível 
em: <https://www.youtube.com/watch?v=tUDdkU2Of4s>. Acesso 
em: 24 mar. 2020.
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O gás de escolha na extração por � uido supercrítico normalmente é o dióxido de carbono 
(CO2). Isso ocorre devido a sua menor temperatura crítica (31,04 °C) e pressão crítica (73,8 bar), 
necessárias para atingir seu ponto crítico, quando comparado com outros gases ou líquidos 
(MAUL; WASICKY; BACCHI, 1996; BASSANI; PETROVICK, 2017).
O dióxido de carbono ou gás carbônico tem a vantagem de ser um gás inerte, não 
oferecendo risco de reações de hidrólise, oxidações, reduções ou explosões. Além disso, é 
considerado seguro, não poluente e não tóxico. Uma desvantagem é o fato de o gás carbônico ser 
indicado para a extração de compostos lipofílicos, não solubilizando substâncias polares, como 
açúcares, proteínas e aminoácidos (MAUL; WASICKY; BACCHI, 1996).
Quando a matéria-prima utilizada está no estado sólido, antes de ser acondicionada 
no cilindro extrator, ela pode ser triturada ou moída, para facilitar o processo de extração. Já 
na extração de materiais líquidos, tem-se uma coluna de extração líquido-líquido no lugar do 
extrator. A amostra é injetada para dentro da coluna, sendo extraída por um � uxo contracorrente 
de gás carbônico (MAUL; WASICKY; BACCHI, 1996).
A extração de amostras líquidas por � uido supercrítico é indicada para uma grande 
variedade de substâncias, como óleos essenciais, sucos de frutas, na desodorização de óleos � xos, 
entre outras. Além disso, a extração por � uido supercrítico permite a obtenção de produtos que 
representam organoléptica e quimicamente a amostra inicial; permite o isolamento, remoção 
e concentração de metabólitos vegetais, podendo ser utilizada na indústria farmacêutica, de 
alimentos, cosmética, entre outras (MAUL; WASICKY; BACCHI, 1996).
As vantagens da extração por � uido supercrítico é a de que os solventes utilizados são 
gasosos a pressão normal e temperatura ambiente, permitindo, após a extração, a eliminação dos 
resíduos da extração e dos produtos obtidos, podendo ser recuperado e reutilizado; são gases 
� siologicamente seguros e inertes; podem-se utilizar baixas temperaturas de extração, preservando 
as substâncias termolábeis; a adição de cossolventes orgânicos aumenta a solubilidade, podendo 
alterar a polaridade dos gases; o gás carbônico é inerte e não in� amável, tem o menor custo 
após a água e permite a extração de compostos apolares até de polaridade média, desde que 
estejam livres de umidade. A principal desvantagem desse método de extração é o alto custo do 
equipamento e a limitada polaridade dos � uidos extratores, não sendo indicada para compostos 
polares e produtos de baixo valor agregado e baixo rendimento (MAUL; WASICKY; BACCHI, 
1996; BASSANI; PETROVICK, 2017).
O que é um fl uido supercrítico? Quando se mantém a temperatura constante de 
um gás, observa-se que um aumento da pressão ocasiona redução do seu volume, 
até que esse gás atinja um ponto de liquefação, ocorrendo diminuição do volume, 
sem aumento da pressão, até o término da liquefação. Ao se utilizar temperaturas 
mais elevadas, observa-se uma diminuição do ponto inicial e fi nal de liquefação. 
Ao atingir a temperatura crítica do gás, observa-se a ausência de liquefação. A 
temperatura crítica é específi ca para cada gás e, abaixo dessa temperatura, o 
estado líquido pode existir. Já acima do ponto crítico de um gás, este se torna 
supercrítico. Tecnicamente, no uso de temperatura acima do ponto crítico, tem-se 
um gás e abaixo um líquido. Em pressões acima do ponto crítico, tem-se um fl uido 
supercrítico. Para obtenção do fl uido supercrítico, ambos, temperatura e pressão, 
devem estar acima do ponto crítico. 
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2.1.9 Extração líquido/líquido
A extração líquido/líquido pode ser realizada de forma contínua ou descontínua. Na 
extração descontínua, utilizam-se dois solventes imiscíveis, adicionados em um funil de separação. 
Ao realizar a agitação do funil, o soluto é dissolvido pelo solvente de maior a� nidade, ocorrendo 
a separação de acordo com a diferença de solubilidade dos compostos nos dois solventes. Após 
a extração, a fase mais densa é recolhida primeiro. A extração líquido/líquido descontínua é 
indicada quando existe uma grande diferença de solubilidade das substâncias presentes na 
amostra com os solventes utilizados, ou seja, grande coe� ciente de distribuição (KD) (Figura 8).
Figura 8 – Extração líquido/líquido descontínua. Fonte: UFSC (2020).
As vantagens de um fl uido supercrítico é possuir características físicas de um gás 
e um líquido, apresentando compressibilidade semelhante a um gás e dissolvendo 
solutos como um líquido. Um fl uido supercrítico, mantido a alta densidade, possui 
a capacidade de dissolver diversos materiais (MAUL; WASICKY; BACCHI, 1996).
Uma revisão sobre a extração por fl uido supercrítico pode ser vista 
no vídeo:
NATEX PROZESS TECHNOLOGIE. Natex supercritical fl uid 
extraction process. 2011. 1 vídeo. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=4WY8Z-yw6YU>. Acesso em: 24 mar. 2020.
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O coe� ciente de distribuição (KD), também denominado coe� ciente de partição (KP), 
é a constante de equilíbrio para a solubilidade de uma substância em dois solventes imiscíveis. 
Mesmo quando o coe� ciente de distribuição for alto, é aconselhada a realização de extrações 
múltiplas, em vez de uma única extração, aumentando a e� ciência do método.
Diferentemente da extração líquido/líquido descontínua, na extração líquido/líquido 
contínua, um solvente orgânico passa continuamente sobre a solução que contém o soluto, 
dissolvendo e levando parte desse soluto até o balão de aquecimento. Ao atingir o ponto de 
ebulição do solvente presente no balão, este evapora, condensa e extrai mais substâncias, fazendo 
com que estas se concentrem no balão de aquecimento. A extração líquido/líquido contínua é 
indicada quando a diferença de solubilidade da amostra com os dois solventes é pequena, ou seja, 
baixo valor de coe� ciente de distribuição.
Figura 9 – Extração líquido/líquido contínua. Fonte: UFSC (2020).
2.1.10 Purificação das soluções extrativas
Como anteriormente mencionado, a solução extrativa constitui o produto � nal da 
extração. Após a obtenção da solução extrativa, esta deve passar pela operação de puri� cação, 
com o objetivo de separar a solução extrativa dos resíduos vegetais e material em suspensão 
(SONAGLIO et al., 2004).
A puri� cação das soluções extrativas pode ser realizada pelas operações de sedimentação, 
decantação, centrifugação e � ltração. A sedimentação é um processo de separação de misturas 
heterogêneas de duas ou mais fases, que se assemelhaà operação de decantação, por apresentar 
o mesmo princípio. A operação consiste em deixar uma mistura em repouso, até que ocorra, 
pela força da gravidade e diferença de densidade, a separação das fases. Dessa forma, a fase mais 
densa � cará depositada no fundo e a menos densa na superfície. Após isso, o recipiente pode ser 
vertido, cuidadosamente, para remover os componentes de cada fase (Figura 10) (QUEVEDO, 
2020).
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Figura 10 - Processo de separação de mistura envolvendo sedimentação, decantação e sifonação. Fonte: Brasil Es-
cola (2020).
A sedimentação e decantação são consideradas operações lentas, devido ao fato de 
a separação das fases ocorrer pelo uso da força da gravidade. Uma alternativa é a utilização 
da centrifugação, método mais rápido de separação de misturas, pelo fato de o processo de 
sedimentação ocorrer pela força centrífuga aplicada ao sistema (QUEVEDO, 2020). Quando 
a sedimentação e a � ltração são inviáveis, a centrifugação de soluções extrativas é a operação 
de escolha em nível industrial, devido ao fato de as partículas presentes na solução extrativa 
possuírem tamanho muito pequeno ou pela viscosidade do sistema (SONAGLIO et al., 2004).
A sedimentação e a decantação são operações preliminares, que normalmente antecedem 
a centrifugação ou a � ltração. A operação de � ltração pode ter caráter de operação preliminar 
ou terminal. Na operação de � ltração preliminar, ocorre o processo de clari� cação, ou seja, uma 
separação grosseira, por meio do uso de septos porosos de metal, porcelana, vidro, tecido ou 
papel. Já na � ltração terminal, são utilizados � ltros de profundidade e septos de vidro sinterizado, 
com o objetivo de obter soluções límpidas. Os fatores que in� uenciam a velocidade da operação 
de � ltração incluem (SONAGLIO et al., 2004):
• A massa dos sólidos em suspensão;
• A viscosidade da solução extrativa;
• Características do solvente utilizado na extração;
• Temperatura do sistema;
• Tamanho de partícula;
• Tipo de superfície;
• Velocidade de vazão da solução extrativa;
• O uso de pressão positiva ou negativa. Um exemplo é o uso de funil de Buchner conectado 
ao Kitassato e este a uma bomba de vácuo, caracterizando a � ltração a vácuo (Figura 11).
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Figura 11 - Representação do grupo de materiais necessários para realizar a � ltração a vácuo. Fonte: Mundo Edu-
cação (2020).
O uso de papel � ltro constitui um sistema de � ltração por superfície, enquanto que o 
algodão é considerado uma � ltração por profundidade (SONAGLIO et al., 2004).
2.2 Operações de Concentração e Secagem das Soluções Extrativas
Dependendo da forma farmacêutica � nal, as soluções extrativas puri� cadas precisam ser 
concentradas. A concentração pode ser realizada em um rotaevaporador (Figura 12). A operação 
de concentração tem como objetivo principal a eliminação parcial ou total do líquido extrator 
presente na solução extrativa, levando-se em consideração a forma farmacêutica que se pretende 
obter. Com essa operação é possível a obtenção de um produto intermediário do concentrado, 
com viscosidade e consistência variáveis. Tal produto deve ser compatível com as exigências 
técnicas relacionadas à � nalidade do seu uso (SONAGLIO et al., 2004).
Figura 12 – Rotaevaporador. Fonte: Splabor (2020).
Na secagem, ocorre a eliminação do líquido extrator até valores residuais. A e� ciência 
do método depende das características do líquido, do princípio da técnica e do equipamento 
utilizado. 
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As principais técnicas de secagem baseiam-se na utilização de calor, acoplado ou não a sistemas de 
redução da pressão. Entre as técnicas mais conhecidas, pode-se citar a evaporação por aspersão, 
por formação de � lme, e a evaporação sob vácuo (SONAGLIO et al., 2004).
Um exemplo de secagem que não se baseia no uso de calor é a lio� lização. Na lio� lização, 
a amostra é previamente congelada. No equipamento, o solvente presente na amostra, 
obrigatoriamente a água, está no estado sólido. Devido ao uso de vácuo no sistema, a água passa 
do estado sólido para o gasoso, sem passar pelo estado líquido, ou seja, sublima. A água no estado 
gasoso entra em contato com a serpentina do aparelho e, devido a baixas temperaturas, inferiores 
a 0 °C, a água retorna para o estado sólido, sem passar pelo líquido, ocorrendo novamente o 
processo de sublimação, � nalizando a secagem da amostra. As amostras secas por lio� lização 
não apresentam tamanhos e formas homogêneas; além disso, a técnica é mais utilizada em escala 
laboratorial (SONAGLIO et al., 2004).
Figura 13 – Lio� lizador. Fonte: DHGATE (2020).
Uma forma de secagem e obtenção de partículas homogêneas, com tamanho de� nido, é o 
uso da secagem em torre de aspersão ou Spray-drying. O equipamento de Spray-drying tem como 
princípio de secagem o aumento da superfície da solução, suspensão ou emulsão a secar, por 
intermédio de sua capacidade de aspersão e aumento da área de contato com o � uido de secagem. 
É considerada uma técnica de secagem mais versátil, pois permite a utilização em pequena, média 
e larga escala (SONAGLIO et al., 2004).
Figura 14 – Aparelho de Spray-drying, modelo B-290. Fonte: Buchi (2020).
A escolha de determinada técnica, dentre as mencionadas, dependerá da massa líquida 
a ser eliminada da amostra por unidade de tempo, das características do líquido extrator ou 
mistura de líquidos presentes na solução extrativa, além do custo da operação (SONAGLIO et 
al., 2004).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Unidade 1 da apostila de Fitoquímica e Fitoterapia relembrou e complementou alguns 
conceitos, de� nições e assuntos abordados na disciplina de Farmacobotânica e Farmacognosia, 
como os conteúdos relacionados à biossíntese de metabólitos secundários.
Em adição, esta unidade proporcionou ao aluno uma aprendizagem detalhada dos 
diferentes métodos extrativos empregados na produção de soluções extrativas. Vimos que os 
diferentes métodos de extração abordados objetivam remover, de forma mais seletiva e e� ciente 
possível, os constituintes de interesse da matéria-prima vegetal e que as soluções extrativas 
podem possuir � nalidade analítica, quando se pretende realizar o controle de qualidade, análises 
qualitativas e quantitativas dos metabólitos secundários; ou � ns tecnológicos, quando o objetivo 
é a obtenção de produtos farmacêuticos, ou seja, um � toterápico.
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UNIDADE
02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................26
1. PRINCÍPIOS BÁSICOS EM CROMATOGRAFIA ................................................................................................... 27
1.1 ASPECTOS HISTÓRICOS EM CROMATOGRAFIA ............................................................................................. 27
1.2 CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS CROMATOGRÁFICOS .................................................................................28
1.3 TERMOS COMUNS EM CROMATOGRAFIA ...................................................................................................... 31
1.4 CROMATOGRAFIA LÍQUIDA EM COLUNA CLÁSSICA ......................................................................................33
1.4.1 PREPARO DA AMOSTRA .................................................................................................................................36
1.4.2 APLICAÇÃO DA AMOSTRA ..............................................................................................................................38
1.5 CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA (CLAE).............................................................................38
1.6 CROMATOGRAFIA GASOSA (CG) ......................................................................................................................40
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................42
FUNDAMENTOS EM CROMATOGRAFIA
PROF.A MA. NAIARA CÁSSIA GANCEDO
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
FITOQUÍMICA E FITOTERAPIA
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INTRODUÇÃO
O termo “cromatogra� a” deriva do grego Chrom (cor) e graphe (escrever), embora os 
métodos cromatográ� cos não dependam da presença de coloração, exceto para facilitar a 
visualização das substâncias separadas.
A cromatogra� a é de� nida como um processo físico-químico no qual os componentes 
de uma mistura podem ser separados. A separação ocorre pela distribuição dos compostos em 
duas fases que estão em contato íntimo, a fase estacionária (FE) e fase móvel (FM). Durante a 
eluição da fase móvel sobre a fase estacionária, os componentes da mistura são distribuídos pelas 
duas fases, sendo as substâncias retidas de forma seletiva pela fase estacionária, resultando em 
migrações diferenciais e, consequentemente, na separação dos componentes.
A Unidade 2 desta apostila abordará os princípios básicos em cromatogra� a, incluindo 
dados históricos, critérios de classi� cação e as metodologias utilizadas na realização das diferentes 
técnicas cromatográ� cas. A principal função dos métodos cromatográ� cos é a separação de 
substâncias, podendo, até mesmo, isolar os componentes de uma mistura. Além disso, os métodos 
cromatográ� cos, quando acoplados a outras técnicas de identi� cação, permitem a realização de 
análises qualitativas e quantitativas de determinado metabólito presente em extratos vegetais e, 
até mesmo, a determinação do controle de qualidade de formas farmacêuticas, contribuindo com 
a investigação e caracterização dos principais grupos de metabólitos de origem natural.
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1. PRINCÍPIOS BÁSICOS EM CROMATOGRAFIA
1.1 Aspectos Históricos em Cromatografia
O botânico russo Michael Semenovich Tswett foi o primeiro a utilizar os termos e 
expressões “cromatogra� a” e “cromatograma”, no ano de 1906. Tswett descreveu em seus trabalhos 
o método cromatográ� co utilizado para separar os componentes presentes em extratos de folhas, 
como a cloro� la, incluindo o uso de colunas de vidro empacotadas com diferentes sólidos e o éter 
de petróleo como solvente (COLLINS, 2006).
Tswett conseguiu atribuir o mecanismo correto envolvido na separação dos compostos, 
baseando-se na adsorção diferencial dos componentes da amostra pelo sólido utilizado como fase 
estacionária e o desenvolvimento deles pela passagem da fase móvel, a qual eluía para distâncias 
maiores os compostos de menor a� nidade com a fase estacionária (COLLINS, 2009).
Figura 1 - Michael Semenovich Tswett em São Petersburgo, na época da defesa do seu mestrado no São Petersburgo 
em 1901. Fonte: Collins (2009).
Juntamente com os desenvolvimentos de Tswett, outros pesquisadores, incluindo Reed, 
na Inglaterra, e Day, nos Estados Unidos, utilizaram colunas contendo sólidos e misturas de 
solventes, na separação de sais orgânicos e amostras de petróleo, respectivamente. Entretanto, 
considerou-se que a época moderna da cromatogra� a teve início na década de 1930, quando a 
técnica de cromatogra� a em coluna de Tswett foi aperfeiçoada por Kuhn e Lederer, e utilizada 
para a separação e identi� cação das xanto� las da gema de ovo. Para o processo de separação, 
coluna recheada com carbonato de cálcio e o solvente éter de petróleo foram utilizados, como 
fase estacionária e fase móvel, respectivamente (COLLINS, 2006).
Em 1952, Martin e Synge receberam o Prêmio Nobel, pelo trabalho desenvolvido em 
1941, no qual descreveram o método de cromatogra� a por partição e aplicaram o conceito de 
altura equivalente a um prato, antecipando o surgimento das técnicas de cromatogra� a gasosa 
(CG) e cromatogra� a líquida de alta e� ciência (CLAE). Martin também participou com Consden 
e Gordon da reintrodução da cromatogra� a em papel; juntamente com Howard, aplicou a 
separação por fase reversa na cromatogra� a líquida; e atualizou a cromatogra� a gás-líquido, com 
James (COLLINS, 2006).
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1.2 Classificação dos Métodos Cromatográficos
Os métodos cromatográ� cos podem ser classi� cados por diferentes critérios. Os mais 
comuns estão relacionados à técnica empregada, ao mecanismo de separação e às fases utilizadas 
(COLLINS, 2006).
Em relação à técnica empregada, a fase estacionária pode estar disposta sobre uma 
superfície planar, sendo denominada cromatogra� a planar ou no interior de um tubo cilíndrico, 
constituindo a cromatogra� a em coluna. A cromatogra� a em coluna é dividida em diferentes 
tipos, dependendo do tamanho do diâmetro interno da coluna, como de� nido no Quadro 1 
(COLLINS, 2006).
Cromatografi a em Coluna Diâmetro Interno da Coluna (mm)
Preparativa 6-50
Analítica 2-6
Microdiâmetro 1-2
Capilar >1
Quadro 1 – Tipos de cromatogra� a em coluna de acordo com o tamanho do diâmetro interno do tubo. Fonte: 
Adaptado de Collins (2006).
De acordo com o estado físico da fase móvel, tem-se a cromatogra� a a gás, quando a 
fase móvel inerte está no estado gasoso; cromatogra� a líquida, na qual a fase móvel é um líquido 
que interage com os componentes da mistura; e cromatogra� a supercrítica, quando o vapor 
pressurizado é usado como fase móvel (COLLINS, 2006).
A cromatogra� a líquida em coluna é dividida em dois grupos: a cromatogra� a líquida 
clássica, realizada em coluna de vidro, pressão atmosférica e uso da gravidade para a eluição da 
fase móvel; e a cromatogra� a líquida de alta pressão, realizada em colunas metálicas, com uso 
de bomba de alta pressão, resultando no aumento da velocidade da vazão da fase móvel, sendo 
denominada cromatogra� a líquida de alta velocidade. Nesta unidade, optou-se por denominar 
a cromatogra� a líquida de alta pressão e a cromatogra� a líquida de alta velocidade como 
cromatogra� a líquida de alta e� ciência (CLAE) (COLLINS, 2006). 
Para mais informações sobre a história da cromatografi a e as 
contribuições de Michael Tswett, acessar o capítulo: 
COLLINS, C. H. Pilares da cromatografi a. Michael Tswett e o 
“nascimento” da Cromatografi a. Scientia Chromatographica, [s. l.], 
v. 1, n. 1, p. 7-20, 2009. Disponível em: <http://www.iicweb.org/
scientiachromatographica.com/fi les/v1n1a1.pdf>.
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Na cromatogra� a líquida em coluna, assim como na cromatogra� a líquida planar, a fase 
estacionária pode estar no estado físico líquido ou sólido, e o líquido pode formar uma camada 
sobre um suporte sólido ou estar imobilizado sobre o suporte. Quando esta última envolve ligações 
químicas entre o líquido e o suporte, passa a ser considerada um tipo distinto de cromatogra� a, 
a cromatogra� a com fase ligada (COLLINS, 2006).
Outra forma de classi� cação da cromatogra� a baseia-se na polaridade das fases utilizadas. 
Na cromatogra� a gasosa, o gás utilizado como fase móvel é inerte, e a separação ocorre pela 
interação das substâncias presentes na amostra com a fase estacionária. Já na cromatogra� a 
líquida, seja a planar ou a em coluna, deve-se levar em consideração a polaridade de ambas as 
fases, tanto móvel quanto estacionária. Neste sentido, quando na cromatogra� a líquida a fase 
estacionária é mais polar que a fase móvel, tem-se a cromatogra� a líquida com fase normal. 
Quando a fase móvel é mais polar que a fase estacionária, tem-se a cromatogra� a líquida de fase 
reversa (COLLINS,2006).
A � gura abaixo (Figura 2) representa as diferentes classi� cações da cromatogra� a, 
considerando o estado físico das fases móveis e estacionárias do sistema cromatográ� co 
(COLLINS, 2006).
Figura 2 - Classi� cação da cromatogra� a pelas formas físicas das fases móveis e estacionárias. Fonte: Adaptado de 
Collins (2006).
O método de introdução da amostra e seu desenvolvimento constituem mais uma forma 
de classi� cação na cromatogra� a. Quando se realiza uma única aplicação da amostra e o uso de 
uma fase móvel pura, tem-se o método de eluição. Entretanto, a classi� cação mais importante em 
cromatogra� a baseia-se no mecanismo de separação, sendo a separação dividida em processos 
físicos, químicos ou mecânicos (COLLINS, 2006).
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Os processos físicos incluem os de absorção/partição e adsorção (Figura 3). A 
cromatogra� a em papel, cromatogra� a gás-líquido e cromatogra� a líquido-líquido constituem 
exemplos de métodos cromatográ� cos por absorção/partição. Quando se utiliza uma fase 
estacionária sólida que contém grupos ativos na sua superfície, como a sílica ou alumina, tem-se 
o processo de adsorção, que ocorre na interfase entre o sólido e a fase móvel. O retorno do soluto 
para a fase móvel ocorre por dessorção, seja por volatilidade, como na cromatogra� a gasosa, ou 
pela solubilidade no líquido da fase móvel, como na cromatogra� a líquida e na cromatogra� a 
com � uido supercrítico. As fases quimicamente ligadas são preparadas pela reação entre alguns 
grupos hidroxílicos presentes na superfície do sólido que constitui a fase estacionária, com 
grupos alquilas, por exemplo. Na maioria dessas fases, a separação ocorre por uma mistura de 
absorção/partição e adsorção. A cromatogra� a com fase ligada pode ser utilizada para a separação 
de enantiômeros, em que os grupos quimicamente ligados ao suporte contêm um ou mais 
centros quirais, sendo denominada cromatogra� a quiral. As vantagens das fases estacionárias 
quimicamente ligadas incluem uma maior estabilidade em temperaturas altas e maior resistência 
à dissolução pela fase móvel (COLLINS, 2006).
Figura 3 - Mecanismo cromatográ� co de adsorção (A) e partição/absorção (B). Fonte: Adaptado de Collins (2006).
Em relação aos processos químicos, tem-se a cromatogra� a por troca iônica (Figura 4) 
e por bioa� nidade. Na cromatogra� a por troca iônica, a fase estacionária é constituída por uma 
matriz que contém grupos funcionais ionizáveis. Dessa forma, tem-se os trocadores aniônicos, 
nos quais os sítios ativos estão carregados positivamente, retendo ânions (compostos de carga 
negativa), e os trocadores catiônicos, com sítios ativos carregados negativamente, retendo cátions 
(compostos com carga positiva). A fase móvel utilizada no processo de separação por troca iônica, 
geralmente, é uma solução iônica com propriedades tamponantes.
O que são enantiômeros e centros quirais? Os enantiômeros são isômeros 
especulares, ou seja, substâncias de mesma estrutura química, porém com 
imagens não passíveis de sobreposição (COLLINS, 2006). Na separação de 
isômeros, é necessária a presença de centros quirais. Os centros quirais ocorrem 
quando um átomo está ligado a quatro substituintes distintos.
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No processo químico de separação por bioa� nidade, tem-se a utilização de grupos com 
especi� cidade biológica, quimicamente ligados ao suporte da fase estacionária. Um exemplo é a 
separação de anticorpos dispersos em uma fase móvel pela interação com antígenos especí� cos, 
ligados à fase estacionária (COLLINS, 2006).
Nos processos mecânicos de separação, tem-se a cromatogra� a por exclusão (Figura 
5). Na cromatogra� a por exclusão, a fase estacionária é uma matriz inerte, composta por 
partículas de forma, tamanho e porosidade uniformes. A Sephadex® constitui um exemplo de 
fase estacionária que apresenta as características mencionadas, fase estacionária amplamente 
utilizada na separação de substâncias de origem natural (COLLINS, 2006).
Figura 5 - Mecanismo cromatográ� co de exclusão. Fonte: Collins (2006).
1.3 Termos Comuns em Cromatografia
O cromatograma e sua correta interpretação representa uma etapa importante na análise 
dos diferentes métodos cromatográ� cos. Tais métodos podem ter aplicações qualitativas e 
quantitativas, quando acoplados a outras técnicas (COLLINS, 2006).
A Figura 6 constitui um exemplo típico de cromatograma, obtido pela técnica de 
cromatogra� a planar, como a cromatogra� a em papel (CP) e a cromatogra� a em camada delgada 
(CCD). 
A solução tampão é uma mistura homogênea que não apresenta grandes 
alterações do pH, quando são adicionadas pequenas quantidades de ácido forte 
ou de base forte (SILVA, 2020).
Figura 4 - Mecanismo cromatográfi co de troca iônica. Fonte: Collins (2006).
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Na cromatogra� a planar, a fase móvel acondicionada em um reservatório, chamado de cuba, 
elui do ponto de partida até a linha de chegada, passa pelos pontos de aplicação da amostra e, 
dessa forma, arrasta os componentes durante o desenvolvimento do método. A abreviação dM é 
de� nida como a distância percorrida pela fase móvel, e dr é a distância percorrida pela amostra 
desde o ponto da aplicação.
Figura 6 – Cromatograma típico desenvolvido por cromatogra� a planar. Fonte: Collins (2006).
A Figura 7 é um exemplo de cromatograma obtido por cromatogra� a em coluna. Neste 
cromatograma, a linha de base representa a passagem da fase móvel pelo detector. Quando a fase 
móvel passa pela amostra, ocorre a eluição dos componentes presentes, que ao passarem pelo 
detector, terão seus per� s registrados por picos, sendo a área do pico proporcional à concentração 
da substância que ele representa. Denomina-se dr a distância percorrida pelo papel desde a injeção 
da amostra até o máximo do pico traçado, e dM é a distância percorrida por uma molécula da fase 
móvel, desde a injeção até o detector, não interagindo com a fase estacionária. A abreviação Wb
representa a largura de base do pico (COLLINS, 2006).
Figura 7 – Cromatograma típico obtido por cromatogra� a em coluna. Fonte: Collins (2006).
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Hoje em dia, é mais comum o uso de tempo ou volume, em vez de distância. Dessa forma, 
na cromatogra� a em coluna, substituiremos dr por tr, ou seja, tempo de retenção, que corresponde 
ao tempo gasto pela amostra desde a sua injeção até a saída do ponto máximo do pico no sistema. 
O tempo de retenção engloba todo o tempo em que as moléculas do soluto � cam no sistema, 
incluindo o tempo de permanência na fase móvel e na fase estacionária. Como o tempo em que as 
moléculas do soluto � cam na fase móvel é igual ao tempo gasto pelas moléculas da fase móvel para 
percorrerem toda a coluna, pode-se calcular o tempo de retenção ajustado (t’r), que corresponde 
ao tempo que o soluto permanece retido na fase estacionária. O volume da fase móvel presente 
nos poros da fase estacionária é denominado volume morto (Vm) (COLLINS, 2006).
As medidas mencionadas, como de distância, tempo e volume, possuem � ns qualitativos, 
contribuindo com a identi� cação das substâncias presentes nas amostras. Além disso, tais medidas 
são utilizadas para calcular valores relacionados com a retenção, a separação e a e� ciência das 
separações dos métodos cromatográ� cos. Como exemplo, tem-se o fator de retenção (Rf), obtido 
pela razão das distâncias percorridas pelo composto e pela fase móvel na cromatogra� a em 
camada delgada. O valor do Rf pode ser utilizado para comparar o valor de retenção obtido 
por uma substância conhecida (padrão), permitindo, dessa forma, a identi� cação da substância 
desconhecida presente na amostra. Outros termos utilizados coma � nalidade qualitativa, ou 
seja, de identi� cação, incluem o tempo de retenção ajustado em cromatogra� a em coluna e o 
índice de retenção, em cromatogra� a gasosa (COLLINS, 2006).
Um termo importante em cromatogra� a é a resolução. Na cromatogra� a planar, a 
resolução é determinada pela separação entre as manchas e, na cromatogra� a em coluna sob 
pressão, pela distância que separa os picos, sendo um termo que não possui unidade. Quando 
a resolução é igual a 1, signi� ca que as manchas ou os picos não estão bem separados. Valores 
maiores de resolução indicam melhor capacidade de separação do método, sendo que valores 
de resolução superiores a 1,5 indicam separação completa dos componentes (COLLINS, 2006).
A e� ciência de um cromatograma é medida pelo número de pratos teóricos. Um 
prato é considerado o equivalente a uma etapa de equilíbrio do soluto entre a fase móvel e 
estacionária, não possuindo unidade. Quanto maior o número de pratos, maior será a e� ciência 
e, consequentemente, a separação do método cromatográ� co. Quando as manchas ou os picos 
não estão bem de� nidos, considera-se a e� ciência baixa. Um método com baixa e� ciência e má 
seletividade resulta em má resolução. O número de pratos pode ser afetado por diversos fatores, 
como as condições de análise, o tamanho da amostra, o tipo de soluto e, principalmente, o 
comprimento da coluna. Dessa forma, para comparar a e� ciência entre colunas de comprimentos 
diferentes, utiliza-se a medida da altura equivalente a um prato (H), que corresponde à razão 
entre o comprimento da coluna (L) e o número de pratos (N), pela equação (COLLINS, 2006):
 (Equação 1)
1.4 Cromatografia Líquida em Coluna Clássica
Neste tópico, abordaremos a cromatogra� a líquida em coluna clássica recheada com um 
sólido, constituindo a fase estacionária e, para a fase móvel, serão utilizados diferentes solventes. 
Neste primeiro momento, não será abordada a cromatogra� a sob pressão.
A separação por cromatogra� a em coluna, também denominada cromatogra� a líquida 
clássica, constitui uma técnica simples de separação e, até mesmo, isolamento de componentes 
de uma mistura. Além disso, dependendo do tamanho da coluna, pode ser utilizada para � ns 
preparativos (VICHENEWSKI, 2006). Neste caso, a separação dos componentes pode ser 
monitorada pelo método de cromatogra� a em camada delgada, técnica abordada na disciplina 
Farmacobotânica e Farmacognosia.
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A coluna cromatográ� ca nada mais é que um tubo de vidro, com a extremidade superior 
aberta e a inferior a� lada, possuindo nessa extremidade uma torneira para controlar o � uxo da 
fase móvel e saída dos compostos separados. Além disso, a coluna é mantida na posição vertical. 
O tamanho da coluna dependerá da quantidade de amostra a ser separada. Na parte superior da 
coluna, tem-se um reservatório contendo a fase móvel e, na parte inferior, tubos de ensaio ou 
frascos, que possuem a função de coletar as frações separadas (VICHENEWSKI, 2006).
Diferentes sólidos podem ser utilizados como fase estacionária na cromatogra� a 
em coluna, sendo divididos de acordo com o método de separação descritos anteriormente, 
incluindo o processo físico de adsorção, químico de troca iônica e bioa� nidade, e mecânico 
por exclusão molecular. Como exemplo de substâncias adsorventes utilizadas como recheio em 
colunas cromatográ� cas, tem-se a sílica e a alumina; o silicato de magnésio (Florisil), que possui 
propriedades intermediárias a da alumina e sílica, sendo utilizado na separação de esteroides, 
lipídeos, glicosídeos e derivados de açúcares; óxido de magnésio, utilizado na separação de 
carotenoides e por� rinas; polímeros de estireno, um adsorvente de baixa polaridade; mistura 
de carvão gra� tinizado com carvão ativo, contendo grupos funcionais polares. Muitos desses 
adsorventes, como, por exemplo, a sílica, são empregados em cromatogra� a em camada delgada, 
a diferença está no tamanho das partículas, sendo que, na cromatogra� a em coluna, normalmente 
variam de 63 a 200 µm e de 5 a 40 µm na cromatogra� a em camada delgada. Um exemplo de 
sólido utilizado nos processos mecânicos de separação é o gel de dextrana, denominado Sephadex 
LH-20, muito utilizado na puri� cação de produtos naturais. A Figura 8 esquematiza as partes de 
uma coluna clássica (VICHENEWSKI, 2006).
Figura 8 – Esquema de uma coluna de adsorção. a: reservatório; b: fase móvel; c: coluna de vidro; d: adsorvente; e: 
chumaço de lã de vidro; f: frasco coletor; g: amostra; h: camada de areia ou recheio, colocado após a aplicação da 
amostra. Fonte: Vichenewski (2006).
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Em relação à escolha da fase móvel, alguns pontos devem ser considerados. Deve ser 
levada em consideração a capacidade do solvente em solubilizar os componentes da mistura; 
o solvente deve possuir baixo ponto de ebulição, variando de 35 a 85 ºC, para que evapore 
facilmente das frações obtidas; deve ter a propriedade de eluente, ou seja, promover na coluna 
cromatográ� ca a eluição dos componentes da mistura, removendo ou dessorvendo de forma 
seletiva as substâncias em contato com o adsorvente (fase estacionária). As substâncias ligadas ao 
adsorvente são denominadas adsorvato. Quando na fase estacionária são utilizados adsorventes 
polares, o uso de solventes polares facilita o processo de dessorção, enquanto solventes de menor 
polaridade mantêm o adsorvato � xo no adsorvente da coluna. A Figura 9 contém exemplos de 
eluentes com ponto de ebulição baixo, do mais apolar para o mais polar. A escolha do melhor 
solvente dependerá da polaridade das substâncias presentes na mistura. O aumento da polaridade 
deve ser gradual, evitando a sobreposição de bandas durante o processo de separação. A vazão do 
solvente pode ser de uma gota por segundo (VICHENEWSKI, 2006).
Figura 9 – Série de eluentes com ponto de ebulição baixo, em ordem crescente de polaridade. Fonte: Adaptado de 
Vichenewski (2006).
Após a escolha do sólido da fase estacionária, do solvente ou mistura de solventes para a 
fase móvel, deve-se realizar o enchimento da coluna, preparo e aplicação da amostra. Em relação 
ao enchimento da coluna, este deve ser o mais uniforme possível, evitando que o ar � que retido 
entre as partículas da fase estacionária, formando canais na coluna e alargando as bandas dos 
compostos em eluição. Para evitar o acúmulo de ar, recomenda-se que o adsorvente da fase 
estacionária seja primeiro misturado com a fase móvel, até que forme uma “pasta”, e após, seja 
introduzido na coluna contendo, previamente, um terço da fase móvel. Em seguida, espera-se 
que a fase estacionária se deposite na coluna gradualmente. Deve-se evitar deixar que a coluna 
seque, seja durante o enchimento ou durante a eluição da fase móvel, evitando que a separação 
dos compostos seja prejudicada pelo aparecimento de rachaduras (VICHENEWSKI, 2006).
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1.4.1 Preparo da amostra
O preparo da amostra constitui uma etapa fundamental e extremamente importante 
em métodos analíticos. De acordo com Dionísio et al. (2010), em cromatogra� a líquida, o 
preparo correto da amostra aumenta a seletividade, sensibilidade, precisão e exatidão da análise. 
Dependendo do método cromatográ� co utilizado, a etapa de preparo da amostra pode representar 
o maior tempo gasto durante uma análise. Além disso, a obtenção da amostra e armazenamento 
até o seu processamento são etapas que antecedem o preparo e análise da amostra, extremamente 
importantes para a reprodutibilidade, qualidade e veracidade de uma análise. Nas análises 
de substâncias por cromatogra� a líquida de alta e� ciência (CLAE), as amostras passam por 
processosque tentam reduzir os interferentes presentes. Como exemplos de preparo de amostras 
para análise em CLAE, tem-se o uso de cartuchos de extração em fase sólida (cartucho SPE), 
seguida de � ltração em membranas de 45 µm ou o uso de centrifugação a elevadas rotações por 
minuto (rpm).
Os primeiros trabalhos utilizando cartucho de SPE foram descritos em 1970. Diferentes 
tipos de cartucho SPE estão disponíveis no mercado, incluindo os de troca iônica (aniônica ou 
catiônica), C18, C8, polares hidrofílicos, sílica, entre outros (Figura 10) (CHROMASTORE, 
2020).
Figura 10 – Cartucho de extração em fase sólida. Fonte: Chromastore (2020).
De acordo com Campos et al. (2015), o emprego de cartuchos de fase sólida como 
metodologia de extração inclui as seguintes etapas:
• Condicionamento e ativação do sorvente da coluna para recebimento da amostra líquida;
• Aplicação da amostra;
• Remoção ou limpeza dos interferentes da matriz;
• Eluição dos analitos puri� cados e pré-concentrados.
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Figura 11- Etapas envolvidas na SPE: condicionamento do sorvente, adição da amostra, remoção dos interferentes e 
eluição do analito. Fonte: Caldas et al. (2011).
A Figura 12 demonstra o processo de extração ideal e não ideal, além de exempli� car 
as etapas de aplicação da amostra, limpeza e eluição do analito. Um dos desa� os da extração 
com cartucho SPE é a utilização de sorventes seletivos, que possuam a� nidade com os mais 
diferentes analitos, sem que ocorra a coextração de interferentes. Nem sempre a otimização das 
condições do processo permite a obtenção de uma amostra � nal livre de interferentes e de perdas 
signi� cativas dos analitos (CAMPOS et al., 2015).
Figura 12 - Esquema comparando uma extração ideal por SPE e uma extração real, em que a remoção de interfe-
rentes é insu� ciente e/ou ocorre perdas do analito durante uma ou mais etapas. Círculos pretos e quadrados brancos 
representam interferentes e analitos, respectivamente. Fonte: Campos et al. (2015).
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1.4.2 Aplicação da amostra
Após preencher a coluna com a fase estacionária adequada e preparo da amostra, 
realiza-se a última etapa, a aplicação da amostra. Para isso, amostras no estado sólido devem ser 
solubilizadas com o mínimo de solvente necessário e, então, são aplicadas na superfície da fase 
estacionária, com o auxílio de uma pipeta. Com o término da aplicação da amostra, adiciona-se, 
cuidadosamente, a fase móvel (VICHENEWSKI, 2006).
Conforme o solvente da fase móvel passa pelo adsorvente da coluna, os componentes da 
amostra são arrastados e separados. A velocidade de eluição depende da a� nidade das substâncias 
pela fase estacionária. Na separação de fase normal, em que se utilizam fases estacionárias polares, 
o uso de solventes mais polares leva ao aumento da velocidade de eluição das substâncias. Já 
na separação de fase reversa, o aumento na velocidade de eluição ocorre com a diminuição da 
polaridade do solvente da fase móvel (VICHENEWSKI, 2006).
Quando um único tipo de solvente é mantido durante todo o método cromatográ� co, a 
separação é dita isocrática. Porém, quando se utilizam solventes diferentes, o processo é chamado 
de gradiente. Com a � nalidade de acompanhar o processo de separação, as frações coletadas 
podem ser analisadas por cromatogra� a em camada delgada, espectrofotometria no UV ou, até 
mesmo, por cromatogra� a líquida de alta e� ciência (CLAE) (VICHENEWSKI, 2006).
1.5 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE)
A cromatogra� a líquida de alta e� ciência (CLAE) é considerada uma técnica importante 
de separação de misturas complexas, além de permitir a realização de análises qualitativas e 
quantitativas de substâncias. É uma técnica que pode ser totalmente automatizada, realizada 
em poucos minutos, empregando-se colunas fechadas e empacotadas com fases estacionárias 
apropriadas. A fase móvel é eluída sob altas pressões e as amostras devem ser solúveis na fase 
móvel, permitindo a separação de macromoléculas e produtos naturais lábeis. A CLAE constitui 
um método cromatográ� co de alta resolução, e� ciência e detecção (JARDIM; COLLINS; 
GUIMARÃES, 2006).
A Figura 13 mostra os equipamentos que compõem um cromatógrafo líquido, as linhas 
tracejadas são componentes do sistema que podem ser aquecidos. O método de desenvolvimento 
utilizado normalmente é a eluição. Primeiramente, a fase móvel é bombeada sob alta pressão e 
vazão controlada, até a obtenção de uma linha de base estável. Em seguida, um pequeno volume 
de amostra é injetado pela válvula de injeção e os componentes da amostra são eluídos na coluna. 
A velocidade de eluição dos compostos é menor, quanto maior for a interação das substâncias 
na fase estacionária. Além disso, a e� ciência de um método depende do número de pratos da 
coluna, quanto maior a e� ciência, melhor a separação. O solvente da fase móvel, contendo os 
componentes separados da amostra, ao sair da coluna, passa pelo detector, gerando um sinal 
proporcional à concentração da substância detectada. Esse sinal é enviado ao so� ware do 
equipamento responsável por realizar o tratamento dos dados e gerar o cromatograma da análise 
(JARDIM; COLLINS; GUIMARÃES, 2006).
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Figura 13 – Esquema de um cromatógrafo líquido. As linhas tracejadas indicam unidades possíveis de controle de 
temperatura. Fonte: Jardim, Collins e Guimarães (2006).
Algumas vantagens da cromatogra� a líquida de alta e� ciência incluem (JARDIM; 
COLLINS; GUIMARÃES, 2006):
• Tempo reduzido de análise. Realiza separações na ordem de minutos até horas;
• Alta resolução, permitindo a análise de misturas complexas;
• Boa análise qualitativa, comparando-se tempos de retenção com substâncias conhecidas 
(padrões);
• Análise quantitativa, por meio da determinação das áreas dos picos;
• Boa detectabilidade dos detectores;
• Técnica versátil, sendo aplicada nas análises de compostos orgânicos e inorgânicos, 
amostras no estado líquido ou sólido, iônicas ou covalentes, de baixa ou alta massa molar;
• Automatização, desde a injeção da amostra.
Um cromatograma é o resultado fi nal de uma análise cromatográfi ca, obtido na 
forma de gráfi co, que representa a resposta do detector em função do tempo 
de retenção, por meio de uma série de picos. Em um cromatograma ideal, os 
picos devem estar bem separados, serem simétricos e cada pico representaria 
uma substância da amostra, cuja concentração é proporcional à área desse pico 
(JARDIM; COLLINS; GUIMARÃES, 2006).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Em relação às desvantagens, a cromatogra� a líquida de alta e� ciência inclui (JARDIM; 
COLLINS; GUIMARÃES, 2006):
• Alto custo do equipamento;
• Alto custo de operação, devido ao uso de fases móveis de alto grau de pureza;
• Falta de um detector universal;
• Necessidade de experiência do operador;
• Os gases são as únicas amostras não analisadas pela CLAE, sendo necessário recorrer à 
cromatogra� a gasosa.
1.6 Cromatografia Gasosa (CG)
A cromatogra� a gasosa é utilizada para a separação de gases ou substâncias volatilizáveis 
e é considerada uma técnica rápida, levando minutos ou segundos de análises, com poder 
de resolução excelente e baixos limites de detecção, permitindo a realização de análises com 
� nalidades qualitativas e quantitativas. Nesse método cromatográ� co, a separação baseia-se na 
distribuição diferencial das substâncias da amostra entre uma fase estacionária, sólida ou líquida, 
e uma fase móvel gasosa e inerte (BONATO, 2006).
Na cromatogra� a gasosa (Figura 14), a amostra é introduzida pelo sistema de injeção. O 
uso de temperaturas especí� cas no local de injeção da amostra e na coluna permite a vaporização 
da amostra.

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