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PARA ENTENDER: O QUE É PLÁGIO? 2 SOBRE DIREITOS AUTORAIS (Ou por que não podemos copiar textos alheios sem dar o devido crédito aos autores?) Escrever textos acadêmicos não é fácil. Escrever livros também não. Escrever aulas talvez seja ainda mais difícil porque envolve um sem nú- mero de detalhes que impactam diretamente no aprendizado do aluno, que será mensurado. Porém, é preciso ter em mente, acima de tudo, que todos aqueles que lidam com ensino, sejam estudantes ou profes- sores, invariavelmente terão de dedicar-se à honrosa e necessária ta- refa de produzir seus próprios textos. Seja para escrever um TCC, uma tese, uma dissertação, um simples trabalho de avaliação, uma aula, uma apostila ou um livro, em vários momentos todos estarão frente a frente com a folha de papel ou com a tela do computador, tendo de um lado as próprias ideias e do outro o meio escolhido para registrá-las. Nesses momentos, não tem jeito, escrever é preciso. É diante desse de- safio, no entanto, que muitas vezes somos levados a ceder à “tentação” de copiar o que outros estudiosos escreveram e que tantas vezes nos parece perfeito para dar vida e sentido ao que precisamos produzir. A facilidade que existe hoje, principalmente graças à internet, torna essa “tentação” ainda mais forte porque, em questão de poucos minutos ou segundos, podemos copiar ali e colar aqui o que desejamos. Tal facili- dade, associada à correria e à falta de tempo da vida moderna, muitas vezes pode vencer a nossa boa vontade, empenho e boas intenções, nos induzindo a repetir o copiar e colar uma vez, duas vezes, muitas vezes, sempre... e isso pode tornar-se um vício. Pois bem. O problema é que esse “vício” é extremamente perigoso. Pe- rigoso, sim, por várias razões, que precisamos enumerar aqui. 3 Em primeiro lugar: copiar as ideias/textos de outros é um fortís- simo entrave ao desenvolvimento da própria produção intelec- tual. Na verdade, é trabalhar contra si mesmo e relegar a forma- ção pessoal ao relento. De que adianta, por exemplo, passarmos alguns anos de nossas vidas estudando para graduarmo-nos na profissão que escolhemos se, no final do curso e mesmo depois, não somos capazes de escrever um texto por nós mesmos a fim de defender e explanar nossas ideias, opiniões ou pesquisas? Um dos maiores atributos da produção intelectual é justamente a sua originalidade. Muitos são os exemplos de grandes pensadores, cientis- tas, filósofos, educadores cujos legados são até hoje inestimáveis para a humanidade e a partir dos quais tantas novas ideias nasceram, tra- zendo mais e mais riquezas, conquistas e realizações incríveis ao longo do tempo até os nossos dias. Por isso, claro que é preciso beber na fonte de cada um deles, mas “dando a César o que é de César” e extraindo dessa herança o novo, o inédito, o sui generis — pensado e produzido por nós mesmos. Em segundo lugar: existem leis em nosso país que proíbem tal prá- tica — a cópia indiscriminada — e protegem o que se denomina de “direitos autorais”. 4 Falando claramente: plágio é crime, devidamente configurado pela lei brasileira. Por isso, vamos listar abaixo os detalhes legais que envolvem o assunto em questão. O plágio, em linhas gerais, é configurado quando copiamos de um tex- to trechos inteiros ou parciais sem citar a fonte de onde os mesmos foram extraídos. Porém, é preciso esclarecer que, na verdade, existem três tipos de plágios (RAMOS apud GARSCHAGEN, 2006): Plágio integral: ocorre quando um texto é integralmente copia- do sem que aquele que o copiou cite a fonte, ou seja, o autor verdadeiro daquele trabalho. Plágio parcial: ocorre quando trechos de um texto são copiados ou parafraseados (reescritos) sem que haja qualquer referência ao verdadeiro autor daquele trabalho. Plágio conceitual: ocorre quando a ideia de um determinado autor é utilizada e reescrita de outra forma sem que qualquer referência lhe seja feita. O que a Lei tem a dizer sobre isso? Veja abaixo: O tema Direito Autoral é abordado na Lei nº 9.610/98 e no Código Pe- nal. Na legislação penal são tipificados os crimes e as sanções penais, enquanto na legislação autoral são abordadas as sanções cíveis, con- forme demonstrado a seguir. Não pode! 5 Lei de Direito Autoral (Lei nº 9.610/98) O artigo 7º da lei 9.610/98 dispõe que apenas “as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro” são protegidas por lei e apresenta um rol exemplificativo destas nos incisos de I a XIII. Ou seja, pode haver outras obras intelectuais que não necessariamente estejam descritas no rol exemplificativo e que possam estar sujeitas à proteção da legislação autoral: Lei nº 9.610/98 Artigo 7º São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, ex- pressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais como: I - Os textos de obras literárias, artísticas ou científicas. II - As conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza. III - As obras dramáticas e dramático-musicais. IV - As obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução cênica se fixe por escrito ou por outra qualquer forma. V - As composições musicais, tenham ou não letra. VI - As obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as cine- matográficas. VII - As obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao da fotografia. VIII - As obras de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinética. IX - As ilustrações, cartas geográficas e outras obras da mesma natureza. X - Os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geogra- fia, engenharia, topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência. XI - As adaptações, traduções e outras transformações de obras originais, apresentadas como criação intelectual nova. 6 XII - Os programas de computador. XIII - As coletâneas ou compilações, antologias, enciclopédias, di- cionários, bases de dados e outras obras, que, por sua seleção, or- ganização ou disposição de seu conteúdo, constituam uma criação intelectual. O artigo 22 da Lei nº 9.610/98 qualifica os direitos de propriedade inte- lectual como morais ou patrimoniais. Os direitos morais são personalís- simos, ou seja, são apenas do autor. Já os direitos patrimoniais podem ser cedidos à exploração de terceiros. A Lei nº 9.610/98 também res- guarda o direito do coautor (artigo 23). Ou seja, a violação de uma obra pode alcançar mais de uma pessoa, física ou jurídica, dentro do universo de autor, coautor ou, ainda, detentor dos direitos patrimoniais. Os artigos 24 e 27 da lei tratam dos direitos morais do autor, quais sejam: o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra; de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua obra; de conservar a obra inédita; de as- segurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi- -lo, como autor, em sua reputação ou honra; de modificar a obra, antes ou depois de utilizada; de retirar de circulação a obra ou de suspender qualquer forma de utilização já autorizada, quando a circulação ou uti- lização implicarem afronta à sua reputação e imagem; de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre legitimamente em poder de outrem, para o fim de, por meio de processo fotográfico ou as- semelhado, ou audiovisual, preservar sua memória, de forma que cause o menor inconveniente possível a seu detentor, que, em todo caso, será indenizado de qualquer dano ou prejuízo que lhe seja causado. Os artigos 28 a 45 da lei, tratam dos direitos patrimoniais do autor. Se- gundo os referidos dispositivos: • Cabe ao autor direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica. 7 • Depende de autorização prévia e expressa do autora utilização da obra, por quaisquer modalidades. • Ninguém pode reproduzir obra que não pertença ao domínio pú- blico, a pretexto de anotá-la, comentá-la ou melhorá-la, sem per- missão do autor. • Os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos con- tados de 1° de janeiro do ano subsequente ao de seu falecimento. Os artigos 46 a 48 tratam das condutas que em determinadas circuns- tâncias não configuram ofensa aos direitos autorais, tais como: • A reprodução - de obras literárias, artísticas ou científicas, para uso exclu- sivo de deficientes visuais, sempre que a reprodução, sem fins comerciais, seja feita mediante o sistema Braille ou outro pro- cedimento em qualquer suporte para esses destinatários; - em um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado do copista, desde que feita por este, sem intuito de lucro; - o apanhado de lições em estabelecimentos de ensino por aque- les a quem elas se dirigem, vedada sua publicação, integral ou parcial, sem autorização prévia e expressa de quem as ministrou; • A citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indi- cando-se o nome do autor e a origem da obra; Ou seja, é possível utilizar obras de autores no meio acadêmico sem ferir os direitos de propriedade intelectual. No entanto, caso não sejam respeitados os direitos previstos na legis- lação autoral esta, em seus artigos 101 a 110, prevê sanções cíveis aos infratores, tais como: • A apreensão dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da di- vulgação, sem prejuízo da indenização cabível. 8 • Perdimento dos exemplares que se apreenderem para o titular dos direitos autorais, além do pagamento do preço do que tiver vendido. Não se conhecendo o número de exemplares que cons- tituem a edição fraudulenta, pagará o transgressor o valor de três mil exemplares, além dos apreendidos; Código Penal O Código Penal prevê, nos artigos 184 e 186 os crimes contra a proprie- dade intelectual: • Crime de violação de direito autoral. • Crime de usurpação de nome ou pseudônimo alheio. Conforme a gravidade do delito, pode ser de detenção ou reclusão, va- riando entre 3 (três) meses a 4 (quatro) anos, e multa. Além da lei brasileira que regula os direitos autorais, também existe uma convenção universal, assinada em Genebra, em 6 de setembro de 1952, que protege o direito autoral em todos os países que aderiram ao docu- mento. O Brasil é signatário da convenção. O autor lesado pelo plágio pode: 1. Entrar na justiça requerendo medidas no sentido de fazer cessar a conduta ilegal com ação indenizatória. 2. Reportar à autoridade policial competente os crimes prati- cados contra a propriedade intelectual. É verdade! 9 Passemos agora a alguns exemplos que ilustram perfeitamente de que modo podem ocorrer as modalidades de plágio. Situação hipotética: alunos de um curso de Marketing precisam escrever um artigo acadêmico sobre conceitos que definem essa área. Então, um deles apresenta o texto abaixo. Hoje, há um conceito expandido de marketing que per- meia todas as funções organizacionais. Este conceito pressupõe que os esforços de marketing devem seguir de acordo com a ética e que pode servir aos interesses, tanto das sociedades quanto das empresas. O marke- ting trata de administrar os mercados para satisfazer as necessidades e desejos do consumidor, mas os pro- cessos de troca envolvem bastante trabalho. Primeiramente, os vendedores devem buscar os com- pradores e identificar seus desejos e necessidades. Depois, as empresas, em seus departamentos de P&D, criam produtos e serviços adequados a essas necessi- dades e desejos. As companhias também devem deter- minar seus preços, promovê-los através das diversas mídias (TV, internet, jornais e revistas), armazená-los e entregá-los. Um ótimo texto, sem dúvida! Porém, a autoria não é do aluno, que o copiou integralmente de GIANINNI, Roberta. Fundamen- tos de Marketing. Rio de Janeiro: UVA, 2015, p. 10-11). Uma das formas corretas de utilizar a fonte consultada é: Exemplo de plágio integral 10 Segundo Gianinni (2015, p. 10-11): Hoje, há um conceito expandido de marketing que per- meia todas as funções organizacionais. Este conceito pressupõe que os esforços de marketing devem seguir de acordo com a ética e que pode servir aos interesses, tanto das sociedades quanto das empresas. O marke- ting trata de administrar os mercados para satisfazer as necessidades e desejos do consumidor, mas os proces- sos de troca envolvem bastante trabalho. Primeiramente, os vendedores devem buscar os com- pradores e identificar seus desejos e necessidades. Depois, as empresas, em seus departamentos de P&D, criam produtos e serviços adequados a essas necessi- dades e desejos. As companhias também devem deter- minar seus preços, promovê-los através das diversas mídias (TV, internet, jornais e revistas), armazená-los e entregá-los. A outra é: Hoje, há um conceito expandido de marketing que per- meia todas as funções organizacionais. Este conceito pressupõe que os esforços de marketing devem seguir de acordo com a ética e que pode servir aos interesses, tanto das sociedades quanto das empresas. O marke- ting trata de administrar os mercados para satisfazer as necessidades e desejos do consumidor, mas os proces- sos de troca envolvem bastante trabalho. Primeiramente, os vendedores devem buscar os compra- dores e identificar seus desejos e necessidades. Depois, as empresas, em seus departamentos de P&D, criam produtos e serviços adequados a essas necessidades e desejos. As companhias também devem determinar seus preços, promovê-los através das diversas mídias (TV, in- ternet, jornais e revistas), armazená-los e entregá-los. (GIANINNI, 2015, p. 10-11) 11 Situação hipotética: alunos de um curso de Pedagogia preci- sam escrever uma dissertação sobre educação formal e infor- mal para a disciplina Sociologia da Educação. Um desses alunos escreve o trecho abaixo. A aquisição (transformação) e perpetuação (reprodu- ção) da cultura de uma sociedade ou grupo são um pro- cesso social decorrente da aprendizagem INFORMAL ou FORMAL. A educação informal, igualmente conhecida como as- sistemática, engloba todos os processos educativos que acontecem no interior da sociedade e que não são providos de métodos, regulamentos, periodicidade e conteúdos próprios. Ela se dá através da família e da sociedade em geral, como os meios de comunicação. A educação formal, também conhecida como sistemáti- ca, envolve todo o processo de difusão de um conteúdo específico, de modo intencional e dotado de método, re- gulamentos e periodicidade. O problema aqui está na substituição de palavras por sinônimos (acima, em negrito) e, evidentemente, na ausência de referência ao autor do texto: MUNIZ, Kátia Cristian P. Sociologia da Educa- ção. Rio de Janeiro: UVA, 2015, p. 68. O trecho original e correto é: A aquisição (transformação) e perpetuação (reprodu- ção) da cultura de uma sociedade ou grupo são um pro- cesso social resultante da aprendizagem INFORMAL ou FORMAL. Exemplo de plágio parcial 12 A educação informal, também conhecida como assis- temática, envolve todos os processos educativos que ocorrem no interior da sociedade e que não são dotados de métodos, regulamentos, periodicidade e conteúdos próprios. Ela se dá por meio da família e da sociedade em geral, como os meios de comunicação. A educação formal, também conhecida como sistemáti- ca, envolve todo o processo de transmissão de um con- teúdo específico, de modo intencional e dotado de mé- todo, regulamentos e periodicidade (MUNIZ, 2015, p. 68). Situação hipotética: alunos de um curso de Gestão Ambiental precisam escrever seu TCC e abordar, dentre outros assuntos, densidade populacional. Então, um dos trechos escritos é: Densidade populacional É definida como o número de indivíduos de determina- da espécieque ocupa uma área específica no ambiente. A partir da densidade populacional, somos capazes de comparar diferentes populações em relação ao espaço ocupado em diferentes ecossistemas. A densidade populacional sofre interferência de alguns atributos demográficos próprios a uma população: - Taxa de natalidade (N). - Taxa de mortalidade (M). - Taxa de imigração (I). - Taxa de emigração (E). A taxa de natalidade mostra quantos indivíduos nascem e são adicionados à população, dependendo da fertilida- de e da fecundidade do organismo analisado. A fecundi- Exemplo de plágio conceitual 13 dade refere-se ao potencial fisiológico de reprodução que é atribuído a uma determinada população, ao passo que fertilidade refere-se à quantidade de nascimentos em determinado período de tempo. O texto original, no entanto, quando comparado ao texto aci- ma, mostra visivelmente que houve, por parte de quem o copiou, a clara intenção de apropriar-se indevidamente das ideias do autor. Segue abaixo o trecho autêntico, cuja referência é: TEI- XEIRA JR., Luiz Carlos. Gestão de Ecossistemas. Rio de Janeiro: UVA, 2015, p. 27. Densidade populacional Pode ser definida como o número de indivíduos de de- terminada espécie que ocupa certa área no ambiente. Por meio da densidade populacional, podemos compa- rar diferentes populações em relação ao espaço ocupa- do em diferentes ecossistemas. De acordo com Pinto-Coelho (2000), a densidade po- pulacional sofre interferência de alguns atributos de- mográficos peculiares a uma população, como a taxa de natalidade (N), taxa de mortalidade (M), taxa de imigra- ção (I) e a taxa de emigração (E). A taxa de natalidade indica quantos indivíduos nascem e são adicionados à população, e depende da fertilidade e da fecundidade do organismo analisado. A fecundidade refere-se ao potencial fisiológico de reprodução que é atribuído a determinada população, ao passo que fertili- dade consiste na quantidade de nascimentos em deter- minado período de tempo. A forma correta de referenciar o trecho é: Densidade populacional Segundo Teixeira Jr. (2015, p. 27), densidade populacio- nal “pode ser definida como o número de indivíduos de 14 determinada espécie que ocupa certa área no ambiente. Por meio da densidade populacional, podemos compa- rar diferentes populações em relação ao espaço ocupa- do em diferentes ecossistemas”. De acordo com Pinto-Coelho (apud TEIXEIRA JR., 2015, p. 27), a densidade populacional sofre interferência de alguns atributos demográficos peculiares a uma popu- lação, como a taxa de natalidade (N), taxa de mortalida- de (M), taxa de imigração (I) e a taxa de emigração (E). Teixeira Jr. (2015, p. 27) diz ainda que “a taxa de natalida- de indica quantos indivíduos nascem e são adicionados à população, e depende da fertilidade e da fecundidade do organismo analisado. A fecundidade refere-se ao po- tencial fisiológico de reprodução que é atribuído a de- terminada população, ao passo que fertilidade consiste na quantidade de nascimentos em determinado período de tempo”. Na verdade, os limites que demarcam o que é plágio ou não podem ser realmente muito sutis. Justamente por isso precisamos ter amplo co- nhecimento sobre o assunto para não cometermos — às vezes sem querer — esse tipo de erro/falha/transgressão. 15 SOBRE COPYRIGHT e CREATIVE COMMONS Copyright é a palavra que, em inglês, significa “direitos autorais” e que se tornou comum em todos os mercados que lidam com direitos de autoria. Essa modalidade é a mais antiga e tradicional para configurar direito autoral/propriedade literária, concedendo ao autor de traba- lhos originais os direitos exclusivos de exploração de sua obra artística, literária ou científica, sendo proibida a sua reprodução por quaisquer meios sem a sua autorização expressa (“Todos os direitos reservados”). É igualmente uma forma de direito intelectual sobre a obra concebida. Em 2001, com o objetivo de oferecer tanto a autores quanto ao público em geral uma opção alternativa de regulação de direitos autorais, o Prof. Lawrence Lessing, da Universidade de Stanford (EUA), tendo por base a filosofia do copyleft (“direito de cópia”), idealizou o Creative Commons. O que isso significa? Significa continuar usando a legislação, mas, ao mesmo tempo, retirar barreiras para a difusão, a recombinação e o compartilhamento de uma obra. Nessa modalidade de regulamentação de direitos, no entanto, a diferença é que o próprio autor define qual o tipo de licença que está disposto a conceder ao público. O Brasil foi o terceiro país a aderir à rede Creative Commons, presen- te em mais de 50 países (LEMOS, 2009, p. 38). Existem, hoje, mais de 150 milhões de obras licenciadas em Creative Commons, entre elas, o site da Agência Brasil http://www.agenciabrasil.gov.br/ e o site da Casa Branca www.whitehouse.gov. 16 As licenças Creative Commons são as seguintes: Atribuição CC BY Essa licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir de um trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que atri- buam o devido crédito à criação original. É a licença mais flexível de todas as licenças disponíveis. É recomendada para maximizar a disse- minação e uso dos materiais licenciados. Atribuição-CompartilhaIgual CC BY-SA Essa licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir de um trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que atribuam o de- vido crédito e que licenciem as novas criações sob termos idênticos. Essa licença costuma ser comparada às licenças de software livre e de código aberto copyleft. Todos os trabalhos novos baseados em um original terão a mesma licença, portanto quaisquer trabalhos derivados também permitirão o uso comercial. Esta é a licença usada pela Wiki- pédia e é recomendada para materiais que seriam beneficiados com a incorporação de conteúdos da Wikipédia e de outros projetos com licenciamento semelhante. BY BY SA 17 Atribuição-SemDerivações CC BY-ND Essa licença permite a redistribuição, comercial e não comercial, desde que o trabalho seja distribuído inalterado e no seu todo, com crédito atribuído ao autor. Atribuição-NãoComercial CC BY-NC Essa licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir de um trabalho original para fins não comerciais, e embora os novos tra- balhos tenham de atribuir o devido crédito e não possam ser usados para fins comerciais, os usuários não precisam licenciar esses traba- lhos derivados sob os mesmos termos. Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual CC BY-NC-SA Essa licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir de um trabalho original para fins não comerciais, desde que atribuam ao autor o devido crédito e que licenciem as novas criações sob termos idênticos. BY ND BY NC $ BY SANC $ 18 Atribuição-SemDerivações-SemDerivados CC BY-NC-ND Esta é a mais restritiva das seis licenças principais, só permitindo que outros façam download de trabalhos originais e os compartilhem des- de que atribuam crédito ao autor, mas sem que possam alterá-los de nenhuma forma ou utilizá-los para fins comerciais. BY NDNC $ O DIREITO DO AUTOR É INQUESTIONÁVEL © Para finalizar, é importante destacar o que realmente significa ser au- tor de uma determinada obra. De acordo com o Ministério da Cultura – MinC, a propriedade intelec- tual “lida com os direitos de propriedade das coisas intangíveis oriundas das inovações e criações da mente”; “é criação do espírito, expressa por qualquer suporte, tangível ou intangível.” Por essa razão, a propriedade intelectual, em qualquer de suas formas, é protegida por lei, permitindo que os criadores usufruam direitos econômicos sobre produtos e servi- ços que vierem a surgir a partir de e/ou com base em suas obras. Nessa categoria se enquadram, por exemplo, obras literárias, artísticas e cien- tíficas e também os programas de computador — áreas estas que, in- felizmente, mais sofrem abusos e violação dos direitos de seus autores. Tais direitos referem-senão só ao ganho financeiro, mas também à questão moral que envolve o reconhecimento público de autoria de uma obra. O autor, sendo, portanto, aquele que imaginou, pensou e tornou concretas suas ideias ou criações a respeito de um determinado tema, tem legalmente — e somente ele — o direito de utilizá-las da manei- ra que lhe aprouver, compartilhando-as ou não com o público. Porém, uma vez que as obras sejam divulgadas pelos meios que utilizamos, se- jam concretos ou virtuais, ninguém pode apropriar-se delas, no todo ou em parte, sem que o verdadeiro autor seja referenciado (reconhecido). No Brasil, após 70 anos da morte do autor, sua obra passa a ser considerada de “domínio público”, podendo ser publicada/ divulgada/comercializada por qualquer pessoa ou empresa. No entanto, o “direito moral” é “intransferível, imprescritível e irre- nunciável”, dando-lhe a garantia e a seus descendentes de que seu nome, enquanto autor, nunca seja desassociado de sua obra. Também não se pode modificá-la, alterar o texto ou apresenta- ção original de modo a descaracterizá-lo etc. Sendo assim, o direito autoral moral vai muito além do falecimento do autor. Portanto, o mais importante é conseguirmos derrubar certas barrei- ras que por vezes podem se tornar impedimentos ao ato de escrever. Existem diversas técnicas que ajudam bastante a “destravar” a escri- ta. Porém, a mais importante delas é, acima de tudo, acreditarmos na verdade/seriedade/importância daquilo que escrevemos. O resultado, então, será surpreendente, com certeza. E inédito! Escrever é fácil. Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio, você coloca ideias. (Pablo Neruda, poeta chileno, vencedor do Nobel de Literatura em 1971.) REFERÊNCIAS Creative CommonsBR Disponível em: https://br.creativecommons.org/ GARSCHAGEN, B. Universidade em tempos de plágio. 2006. Disponível em: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos. asp?cod=366ASP006 GIANINNI, Roberta. Fundamentos de Marketing. Rio de Janeiro: UVA, 2015, p. 10-11. MinC – Ministério da Cultura Disponível em: http://www.minc.gov.br MUNIZ, Kátia Cristian P. Sociologia da Educação. Rio de Janeiro: UVA, 2015, p. 68. PROAC-UFF. Entenda o que é plágio. Disponível em: http://www.noticias.uff.br/arquivos/cartilha-sobre-pla- gio-academico.pdf TEIXEIRA JR., Luiz Carlos. Gestão de Ecossistemas. Rio de Janeiro: UVA, 2015, p. 27. Autora Janaina Vieira, licenciada em Letras (Português — literaturas) pela Universidade Veiga de Almeida - UVA e em Marketing pela Escola Su- perior de Propaganda e Marketing — ESPM/SP. Tem dois cursos de pós-graduação em Literatura (lato sensu) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Uerj. É também escritora de literatura ficcional para o público jovem e jovem adulto. 23
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