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MELAINE KLEIN TEXTO SOBRE LUTO No luto normal: ansiedades psicóticas arcaicas (esquizo-paranoides) são reativadas. · Indivíduo está doente (funcionamento mental regredido a fases primitivas): mas como estado de luto é comum e parece natural, não consideramos doença. · Conclusão: Durante o luto, o indivíduo passa por um estado maníacodepressivo modificado e transitório, vencendo-o depois de algum tempo. · Assim, repete em circunstâncias diferentes e com outro tipo de manifestações, os processos que a criança atravessa no seu desenvolvimento inicial. · O maior perigo que o indivíduo corre durante o luto: desvio de seu ódio para a própria pessoa que ele acaba de perder. · Uma das maneiras pelas quais o ódio se expressa na situação de luto é a sensação de triunfo sobre a pessoa morta. · Os desejos de morte infantis contra os pais e irmãos se vêm realizados (na fantasia inconsciente) quando uma pessoa querida morre (sempre é representante dos objetos internos primitivos). · Atrai, portanto, alguns dos sentimentos originalmente relacionados aos objetos. A morte da pessoa querida, por mais que tenha sido arrasadora por outros motivos, não deixa de ser percebida também como uma vitória. · Isso dá origem à sensação de triunfo que gera ainda mais culpa. · Mas quando a segurança no mundo interno é retomada e o sentimentos e objetos internos voltam a ganhar vida, os processos de recriação têm início e a esperança surge novamente. · A perseguição se reduz e o anseio pelo objeto amado perdido é vivido com toda intensidade. Há um recuo do ódio e o amor se liberta. · O anseio pelo objeto amado perdido também implica dependência dele, mas um tipo de dependência que se torna um incentivo para a reparação e preservação do objeto. O objeto perdido pode ser preservado em seu interior. · Aparentemente todo avanço no processo de luto resulta num aprofundamento da relação do sujeito com seus objetos internos. Diferenças entre a posição depressiva arcaica e o luto normal: · Quando o bebê perde o seio da mãe ou a mamadeira (representante do objeto bom internalizado): é tomado pelo sofrimento, mas a mãe está presente (perda é simbólica). · No adulto: o pesar é fruto da perda real de uma pessoa real. · O fato de ter estabelecido no início da vida uma mãe “boa” dentro de si o ajuda a superar essa perda avassaladora. · Criança pequena: encontra-se no auge de sua luta contra o medo de perder a mãe interna e externamente. · Ainda não conseguiu estabelecê-la com segurança dentro de si mesma. · Nessa luta: a qualidade da relação da criança com a mãe e a presença dela ao seu lado são de grande ajuda. · Muitas pessoas de luto: só conseguem restabelecer seus laços com o mundo externo muito lentamente, pois estão lutando contra o caos interior. · Por motivos semelhantes, o bebê parte de algumas pessoas queridas para desenvolver sua confiança no mundo dos objetos. · Luto normal: indivíduo reintrojeta não só a pessoa que realmente perdeu, mas também os pais amados (objetos “bons” internos). · Mundo interior que vinha construindo desde o início da vida, foi desconstruído em sua fantasia quando ocorreu a perda real: reconstrução desse mundo interior caracteriza o trabalho de luto bem sucedido. · Quando a análise diminui as ansiedades dos nossos pacientes ligadas a pais internos destrutivos e persecutórios: há redução do ódio e decréscimo das ansiedades. · Pacientes conseguem então reexaminar sua relação com os pais (estejam eles vivos ou mortos) e reabilitá-los, até certo ponto, mesmo quando tem motivos concretos de ressentimento. · Maior tolerância: torna possível estabelecer figuras “boas” dos pais com mais firmeza em sua mente, ao lado dos objetos internos “maus”. · Permite mitigar o medo dos objetos “maus” através da confiança nos objetos “bons”. · Isso significa que conseguem sentir emoções (pesar, sofrimento e culpa, além de amor e confiança) que lhes permitem passar pelo luto, vencê-lo e finalmente superar a posição depressiva infantil: coisa que não conseguiram fazer na infância. · No luto normal, assim como no luto anormal e nos estados maníacodepressivos: posição depressiva infantil é reativada (fantasias, ansiedades e sentimentos complexos). · Em seu desenvolvimento arcaico: criança passa por um estado maníacodepressivo transitório e por um estado de luto que são modificados pela neurose infantil. O fim da neurose infantil traz a vitória sobre a posição depressiva infantil. A diferença entre o luto normal, de um lado, e o luto anormal e os estados maníaco-depressivos de outro, é a seguinte: · O maníaco-depressivo e a pessoa que fracassa no trabalho de luto: têm em comum o fato de não terem conseguido estabelecer seus objetos “bons” internos no início da infância e de não se sentirem seguros no seu mundo interior (nunca chegaram a superar a posição depressiva infantil). · No luto normal: a posição depressiva arcaica, reativada com a perda do objeto amado, modifica-se novamente, sendo superada através de métodos semelhantes àqueles empregados pelo ego durante a infância. · O indivíduo restaura o objeto amado que de fato acaba de perder e, ao mesmo tempo, restabelece dentro de si seus primeiros objetos amados (pais “bons” internalizados) – cuja perda ele também teme ao passar pela perda real. · Ao restabelecer dentro de si os pais “bons”, juntamente com a pessoa que acaba de perder, e ao reconstruir seu mundo interior, que fora desintegrado ou se encontrava em perigo: vence seu pesar, volta a ter segurança, e conquista a verdadeira paz e harmonia. AS ORIGENS DA TRANSFERÊNCIA Sobre a transferência: · Conforme Klein, o paciente lida com os conflitos e ansiedades revividos recorrendo aos mesmos mecanismos e defesas, utilizados em situações anteriores. Para abordar a transferência, Klein retoma suas conclusões sobre os estágios mais iniciais do desenvolvimento: · A primeira forma de ansiedade é de natureza persecutória. Causa: pulsão de morte e medo de aniquilação. Os impulsos dirigidos contra o objeto desencadeiam o medo de retaliação. · Os cuidados são sentidos como provenientes de forças boas. O bebê dirige seus sentimentos de gratificação e amor para o seio bom e seus impulsos destrutivos para o seio mau, frustrador. · Os processos de cisão estão no seu ponto alto. · O amor e o ódio como os aspectos bons e maus são mantidos separados um do outro. · A relativa segurança do bebê consiste em transformar o objeto bom em objeto ideal, como proteção contra o objeto mau. · Cisão, negação, onipotência e idealização influenciam as relações de objeto. Os processos de introjeção e projeção iniciam as relações de objeto: · Pela projeção (deflexão da libido e da agressão ao seio da mãe), fica estabelecida a base para as relações de objeto. · Pela introjeção do objeto seio, as relações com os objetos internos passam a existir. · A projeção e a introjeção também são de aspectos bons. · A introjeção do seio, para Klein, é o início da formação do superego. · O núcleo do superego é tanto o seio bom quanto o seio mau. Flutuações rápidas são esperadas entre: - amor e ódio. · Percepção da realidade e fantasias sobre ela. · Jogo entre ansiedade persecutória e idealização. · A crescente capacidade do ego de integração e síntese leva a estados em que o amor e o ódio são sintetizados. O que dá origem à ansiedade depressiva. Pois: · Os impulsos agressivos do bebê dirigidos ao seio mau são sentidos como perigosos também para o seio bom. · O bebê sente que está destruindo um objeto inteiro, não mais somente o seio mau. · O bebê introjeta cada vez mais a mãe como uma pessoa. Sente que esses impulsos são dirigidos a uma pessoa amada. · Processos semelhantes se dão em relação ao pai e outras pessoas. · A Ansiedade e a culpa são relativas à destruição e perda dos objetos amados internos e externos. · Nesse estágio se instala o complexo de Édipo. · Ansiedade e culpa impulsionam o início do complexo de Édipo, pois elas aumentam a necessidade do bebê projetar figuras más e de introjetar boas. · E assim ligar desejos, amor,culpa, reparação, ódio, ansiedade a outros representantes de figuras internas no mundo externo. · Assim, o impulso se afasta do seio em direção ao pênis: dos desejos orais aos desejos genitais. WINNICOTT PROVISÃO PARA A CRIANÇA NA SAÚDE E NA CRISE (1962) Graus de dependência: A) Dependência extrema: as condições precisam ser suficientemente boas, senão o lactente não pode iniciar seu desenvolvimento inato. · Falha ambiental: deficiência mental não-orgânica, esquizofrenia da infância, predisposição à doença mental hospitalizável mais tarde. B) Dependência: falhando as condições, traumatizam de fato, mas já há então uma pessoa para ser traumatizada · Falha ambiental: predisposição a distúrbios afetivos; tendência anti-social C) Mesclas dependência-independência: a criança está fazendo experimentações em independência, mas precisa que lhe seja possível reexperimentar dependência · Falha ambiental: dependência patológica D) Independência-dependência: é a mesma coisa, mas com predomínio da independência. · Falha ambiental: arrogância; surtos de violência E) Independência: significando um ambiente internalizado: uma capacidade por parte da criança de cuidar de si mesma · Falha ambiental: não necessariamente prejudicial. F) Sentido social: o indivíduo pode se identificar com adultos e com o grupo social, ou com a sociedade, sem perda demasiada do impulso pessoal ou originalidade ou sem perda demasiada dos impulsos agressivos e destrutivos que encontraram, presumivelmente, expressão satisfatória em formas deslocadas. · Falha ambiental: falta parcial da responsabilidade do indivíduo como pai ou mãe ou como figura paterna na sociedade. DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL INICIAL PRIMITIVO 3 PROCESSOS: Integração - Personalização – Realização · A localização do eu no próprio corpo, assim como a localização temporal é muitas vezes tida como óbvia, mas não o é (exemplo pacientes psicóticos). INTEGRAÇÃO – do corpo e, aos poucos, do ego. · Winnicott postula uma não-integração primária (possível de perceber nos fenômenos da desintegração). · A falha na integração primária predispõe a desintegração. Não integração primária Integração Não integração primária FALHA Desintegração · A integração começa após o início da vida. · O bebê que não teve uma única pessoa que lhe juntasse os pedaços começa com desvantagem a sua tarefa de auto-integrar-se. · Ex: fenômeno da não-integração: paciente relata todo seu final de semana, fica contente por ter dito tudo, ainda que o analista sinta que nenhum trabalho analítico foi realizado. Ser conhecido significa sentir-se integrado ao menos na pessoa do analista. A tendência a integrar-se é ajudada por dois conjuntos de experiências: · A técnica pela qual alguém mantém a criança aquecida, a segura, lhe dá banho, a chama pelo nome – Holding e também Handling · As experiências instintivas que tendem a aglutinar a personalidade a partir de dentro. · Quanto ao ambiente, pedaços da técnica do cuidar (rostos vistos, cheiros, sons) são gradualmente reunidos e transformados em um ser, a mãe (representante do ambiente). · A integração é importante para que a criança concebase e conceba a mãe como pessoas totais. · Na saúde, o indivíduo está sempre integrado, vivendo dentro do próprio corpo e sentindo o mundo como real. PERSONALIZAÇÃO · Igualmente importante, além da integração, é o desenvolvimento do sentimento de estar dentro do próprio corpo. · A experiência instintiva e a repetida experiência de estar sendo cuidado fisicamente (Handling e também Holding) constroem gradualmente a personalização satisfatória. · Assim como a desintegração (na psicose), o fenômeno psicótico da despersonalização é relacionado ao retardamento da personalização no início da vida. DISSOCIAÇÃO · O problema da não-integração acarreta o da dissociação. · A partir da não-integração surge uma série de dissociações pelo fato da integração não se dar completamente, permanecendo parcial. · O bebê não sabe a princípio que a mãe construída durante seus momentos de quietude é ao mesmo tempo a que ele está decidido a destruir. ADAPTAÇÃO À REALIDADE ou REALIZAÇÃO · Quando há a integração, o bebê passa ao relacionamento primário com a realidade externa. No relacionamento do bebê com o seio materno: · O bebê tem impulsos instintivos e ideias predatórias. · A mãe tem o seio, o poder de produzir leite e a ideia de amamentar (ser atacada por bebê faminto). Esses dois fenômenos não estabelecem uma relação entre si até que a mãe e o bebê vivam juntos uma experiência. · A mãe deve ser a parte que tolera e compreende, produzindo uma situação que pode resultar no primeiro vínculo do bebê com um objeto externo. · “Imagino esse processo como se duas linhas viessem de direções opostas, podendo aproximar-se uma da outra. Se elas se superpõem, ocorre um momento de ilusão” : · Nesse momento, o bebê pode considerar como uma alucinação sua ou como um objeto pertencente à realidade externa. · É no início que as mães são vitalmente importantes, e é tarefa da mãe proteger o seu bebê de complicações que ele ainda não pode entender, dando-lhe aquele pedacinho simplificado do mundo que ele, através dela, passa a conhecer. · Toda falha relacionada a objetividade, em qualquer época, refere-se à falha nesse estágio do desenvolvimento emocional primitivo. · Na fantasia as coisas acontecem de modo mágico, não há freios, o amor e o ódio têm consequências alarmantes. · A realidade externa tem freios, pode ser estudada e conhecida O subjetivo é tremendamente valioso mas é tão alarmante e mágico que não pode ser usufruído, exceto enquanto em paralelo ao objetivo. · No estado mais primitivo (que pode existir numa situação de doença por regressão) o objeto comporta-se de acordo com leis mágicas: existe quando desejado, fere quando o ferimos, desaparece quando não mais o desejamos. · No início, um simples contato com a realidade externa precisa ser feito: em que o bebê alucina e o mundo apresenta (seio): com momento de ilusão em que duas coisas são vistas como idênticas (o que de fato jamais são). · Para que essa ilusão se dê na mente do bebê, um ser humano precisa trazer o mundo para ele num formato compreensível, adequado às suas necessidades. OBJETOS TRANSICIONAIS de um padrão pessoal · No desenvolvimento de um bebê surge uma tendência a entremear objetos outros-que-não-eu no padrão pessoal. · Até certo ponto esses objetos representam o seio. · Os objetos e fenômenos transicionais adquirem um valor e normalmente os pais o levam consigo quando viajam. · Permitem que fique sujo, sabendo que lavá-lo introduzirá uma ruptura na continuidade da experiência do bebê. · Winnicott diz que o padrão dos fenômenos transicionais surgem por volta dos 4 a 6 ou 8 a 12 meses de idade. · Os padrões estabelecidos podem persistir na infância propriamente dita de modo que o objeto continua a ser necessário na hora de dormir, em momentos de solidão etc. · À medida que o bebê começa a usar sons organizados (“mum”, “ta”, “da”), pode surgir uma palavra para designar o objeto transicional. · O nome é significativo Às vezes não há objeto transicional, à exceção da própria mãe. Resumo das qualidades especiais na relação 1. O bebê assume direitos sobre o objeto 2. O objeto é afetuosamente acariciado assim como mutilado 3. Nunca deve mudar, a não ser pelo bebê 4. Deve sobreviver ao amor e à agressividade 5. Deve parecer que tem vitalidade 6. É oriundo do exterior, segundo nosso ponto de vista, mas não o é, segundo o ponto de vista do bebê 7. Seu destino é permitir que seja gradativamente descatexizado (desinvestido). Ele não é esquecido mas perde o significado e é deixado de lado · (Winnicott diz que nesse ponto seu tema se amplia para o do brincar, da criatividade, da apreciação artística, do sentimento religioso, do sonhar, do fetichismo, do vício em drogas etc). ILUSÃO-DESILUSÃO · Para Winnicott, não há possibilidade alguma de um bebê progredir do princípio do prazer para o princípio de realidade ou no sentido da identificação primária, amenos que exista uma mãe suficientemente boa. · A mãe suficientemente boa é aquela que efetua uma adaptação ativa às necessidades do bebê, uma adaptação que diminui gradativamente, segundo a crescente capacidade do bebê em avaliar o fracasso da adaptação e em tolerar os resultados da frustração. · O êxito no cuidado infantil depende da devoção, e não de jeito ou esclarecimento intelectual. · A mãe suficientemente boa começa com uma adaptação quase completa às necessidades de seu bebê e à medida que o tempo passa, adapta-se cada vez menos completamente, de modo gradativo, segundo a crescente capacidade do bebê em lidar com seu fracasso. A ilusão e o valor da ilusão · A mãe, no começo, através de uma adaptação quase completa, dá ao bebê a oportunidade de ter a ilusão de que seu seio faz parte dele (de que está sob o controle mágico - onipotência). A mãe coloca o seio real exatamente onde o bebê está pronto para cria-lo, e no momento exato. · A tarefa final da mãe consiste em desiludir gradativamente o bebê. · Os fenômenos transicionais representam os primeiros estádios do uso da ilusão Figura 19 (1). · No começo do desenvolvimento, um bebê, em determinado setting proporcionado pela mãe, é capaz de conceber a ideia de algo que atenderia à crescente necessidade que se origina da tensão pulsional. · O bebê a princípio não sabe o que deve ser criado e é neste momento que a mãe se apresenta. · Ela dá o seio e seu impulso potencial de alimentar. · A adaptação da mãe às necessidade do bebê, quando suficientemente boa, dá a este a ilusão de que existe uma realidade externa correspondente à sua própria capacidade de criar. · Há uma sobreposição entre o que a mãe proporciona e o que a criança poderia conceber. · O bebê percebe o seio apenas na medida em que um seio poderia ser criado exatamente ali. · Figura 20 (2) - Na figura 20 dá-se uma forma à área da ilusão, que é a principal função do objeto transicional e dos fenômenos transicionais. · A principal tarefa da mãe após propiciar oportunidade para a ilusão deve ser a desilusão. · A desilusão é preliminar à tarefa do desmame Se tudo corre bem nesse processo gradativo de desilusão, o palco está pronto para as frustrações do desmame. · Se a ilusão-desilusão se extravia, o bebê não consegue chegar a algo normal como o desmame. · O simples término da alimentação ao seio não constitui desmame. DISTORÇÃO DO EGO Organizações do falso self: 1 - Em um extremo: O falso self se implanta como real e é isso que os observadores tendem a pensar que é a pessoa real. · Nos relacionamentos de convivência, trabalho e amizade, contudo, o falso self começa a falhar. · Em momentos em que se espera uma pessoa integral, o falso self tem algumas carências essenciais. · Neste extremo o self verdadeiro permanece oculto. 2 – Menos extremo: o falso self defende o self verdadeiro. · O self verdadeiro, contudo, é percebido como potencial e é permitido a ele ter uma vida secreta. · Aqui se tem o exemplo da doença clínica como organização com uma finalidade positiva, a preservação do indivíduo a despeito de condições ambientais anormais. · Esta é uma extensão do conceito psicanalítico do valor dos sintomas para a pessoa doente. 3 – Mais para o lado da normalidade: o falso self tem um interesse principal a procura de condições que tornem possível ao self verdadeiro emergir. · Se essas condições não são encontradas, então novas defesas têm de ser reorganizadas contra a espoliação do self verdadeiro, e se houver dúvida o resultado clínico pode ser o suicídio. · Suicídio nesse caso: destruição do self total para evitar o aniquilamento do self verdadeiro. 4 – Ainda mais para o lado da normalidade: o falso self é construído sobre identificações (como no caso da paciente cujo ambiente de sua meninice e sua ama-seca real lhe deu muito do colorido da organização de seu falso self) 5 – Na normalidade: o falso self é representado pela organização integral da atitude social polida e amável. · Muito passou para a capacidade do indivíduo de renunciar à onipotência e ao processo primário em geral, o ganho se constituindo o lugar na sociedade que nunca pôde ser atingido ou mantido com o self verdadeiro isoladamente. · É importante que pessoas que são falsas personalidades não sejam encaminhadas a estudantes de psicanálise para análise em situação de treinamento. FORMAS CLÍNICAS DA TRANSFERÊNCIA (1955-6) · O paciente usa as falhas do analista. · Sempre ocorrem falhas, já que não há realmente tentativa alguma de proporcionar uma adaptação perfeita. · A falha do analista deve ser tratada como uma falha antiga, que o paciente pode agora perceber e zangar-se por isso. · O analista deve ser capaz de usas suas próprias falhas em termos de sua significação para o paciente, sendo necessário que ele assuma a responsabilidade sobre cada uma delas. · Se o analista se defende o paciente perde a chance de zangar-se com um falha passada justamente no momento em que a raiva tornou-se possível pela primeira vez. · Esse trabalho exige muito do analista porque ele deve ser sensível às necessidades do paciente e estar disposto a fornecer uma situação que dê conta dessas necessidades. · Exige também porque o analista deve procurar os seus próprios erros toda vez que surge uma resistência. · É somente pela utilização de seus erros que ele poderá fazer a parte mais importante do trabalho – tornar o paciente capaz de sentir raiva pela primeira vez a respeito das falhas na adaptação, que, na época que ocorreram, provocaram rupturas. · É esta parte do trabalho que liberta o paciente de sua dependência ao analista. · Desta maneira, a transferência negativa da análise ‘neurótica’ é substituída por uma raiva objetiva contra as falhas do analista.
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