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INSTITUTO ESCOLA SUPERIOR DE CONTAS E GESTÃO PÚBLICA MINISTRO PLÁCIDO CASTELO Curso Extensão em Orçamento e Finanças Públicas – Planejamento e Execução Instrutor: Prof. Ms. João Vier Freires Neto CURSO EXTENSÃO EM ORÇAMENTO E FINANÇAS PÚBLICAS – PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO MÓDULO I INTRODUÇÃO AO ORÇAMENTO PÚBLICO 1 ORÇAMENTO PÚBLICO – CONCEITOS E PRINCÍPIOS Orçamento Público surge como um instrumento de controle. Por meio do Orçamento, é disponibilizado ao contribuinte, patrocinador das ações públicas, a estimativa de arrecadação, a fixação das despesas e as priorizações das ações do Executivo, A apresentação das leis definidoras do orçamento é uma competência exclusiva do Poder Executivo, que será apreciada e pelo Legislativo, e, será validada como uma autorização para execução dos gastos governamentais. O Art.24 da C.F/88 traz a redação: Art.24 compete a união, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I – direito tributário, financeiro e tributário; II – Estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta, bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos. Conforme veremos, no decorrer do curso, as leis orçamentárias, no Brasil (Plano Plurianual – PPA, Lei de diretrizes orçamentárias – LDO e Lei orçamentária anual – LOA), a partir do desenho estabelecido na CF /88 e leis integrantes, consagram no nosso orçamento a natureza programática (orçamento programa). Após aprovação destas leis, considera-se o Executivo autorizado pelo Legislativo a executar, de forma gerencial, os programas estabelecidos na proposta enviada inicialmente. Este caráter autorizativo passa a ser mitigado com a publicação da EC/86, com regras bem específicas para as emendas apresentadas, pelos parlamentares, durante o processo legislativo de aprovação do Orçamento. Cada vez mais, o orçamento autorizativo aproxima-se de um orçamento impositivo. 1.1 Conceito de Orçamento Público Orçamento público é uma Lei , com características peculiares, que contempla a previsão de receitas e fixação de despesas. 1.2 Princípios O estudo do Orçamento Público, norteia-se, entre outros, pelos princípios abaixo: 1.2.1 Princípio da Legalidade INSTITUTO ESCOLA SUPERIOR DE CONTAS E GESTÃO PÚBLICA MINISTRO PLÁCIDO CASTELO (Proibida a reprodução total ou parcial sem citar a fonte) Está intrinsecamente ligado à ideia de estado democrático de direito. É o início e o fim de toda ação estatal, pois é a lei de orçamento que permite a realização gastos públicos. A Constituição Federal está repleta de artigos que dispõem sobre a necessária observância da legalidade nos gastos públicos. Como exemplo podemos citar: Art. 167. São vedados: I – o início de programa ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual; II a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais. Além da Constituição Federal, arts. 163 a 169, outra lei de suma importância para entendimento da dinâmica do orçamento público é a Lei 4320 de 1964 que, combinada com as portarias editadas pela Secretaria do Tesouro Nacional – STN, norteia as definições e procedimentos atinentes ao orçamento público no Brasil. Dentre as Leis Complementares existentes em matéria financeira, chama-se atenção para a LC n° 101/00, também conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). 1.2.2 Princípio da Exclusividade A lei orçamentaria deve conter apenas matéria financeira, não incluindo em seu projeto de lei assuntos estranhos à estimativa das receitas e fixação das despesas para o próximo exercício. A única exceção é a autorização para a abertura de créditos suplementares1 até determinado limite e para a realização de operações de crédito por antecipação da receita orçamentaria (ARO). Esse princípio está previsto no Art. 7º da Lei 4.320/64 e no § 8º, Art. 165 da CF/88. 1.2.3 Princípio da Anualidade ou Periodicidade O princípio da anualidade exige que o orçamento seja elaborado e autorizado para um ano, ou seja, tenha vigência para o período de 12 meses, contados de 1º de janeiro a 31 de dezembro de cada ano. 1.2.4 Princípio da Especificação ou discriminação Segundo Giacomoni (2008:82) esse princípio estatui que as receitas e as despesas devem aparecer no orçamento de forma discriminada, de tal forma que se possa saber, pormenorizadamente, a origem dos recursos e sua aplicação. “Esse princípio tem previsto na Lei 1 – Art. 41 da Lei 4320/64 INSTITUTO ESCOLA SUPERIOR DE CONTAS E GESTÃO PÚBLICA MINISTRO PLÁCIDO CASTELO (Proibida a reprodução total ou parcial sem citar a fonte) 4320/64, em seu Artigo 5º que diz:” A Lei de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, material, serviços de terceiros, transferência ou quaisquer outras”. Assim, de acordo com os Artigos 5º e 15 da Lei 4320/64, a discriminação da despesa, na Lei de Orçamento, se dará, no mínimo, por elementos 2 como pessoal, material, serviços, obras, etc. Dentro do mesmo espírito, as Leis de Diretrizes Orçamentarias também determinam que o poder executivo enviará ao Congresso Nacional os projetos de lei orçamentaria, por elementos de despesa, e dos créditos adicionais com sua despesa regionalizada e discriminada. 1.2.5 Princípio do Equilíbrio O equilíbrio orçamentário estabelece, de forma simples, que as despesas não devem ultrapassar as receitas previstas para o exercício financeiro. O equilíbrio não é uma regra rígida, mas deve ser perseguida, principalmente a médio e longo prazo. Para evitar que governantes empreguem os recursos de crédito público para cobrir despesas operacionais (Correntes)3, o Art. 167, Inciso III, da CF/88, proíbe à realização de operações de crédito (empréstimos) que excedam o montante das despesas de capital4, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais5 com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta. Explicando melhor: Essa regra ressalta que cada unidade governamental tenha seu endividamento vinculado apenas à realização de investimento e não a manutenção da máquina administrativa e demais serviços (custeio). 1.2.6 Princípio do Orçamento bruto Este princípio tem previsão no Art. 6º da Lei 4320/64 estabelecendo que todas as receitas e despesas constem da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções, ou seja, todas as parcelas da receita e da despesa devem aparecer no Orçamento em seus valores brutos, sem qualquer tipo de dedução. 2 – Art. 15 da Lei 4320/64. 3 – Despesa Corrente (Lei 4320/64). 4 – Despesa de Capital (Lei 4320/64). 5 – art.41 Lei 4320/64. INSTITUTO ESCOLA SUPERIOR DE CONTAS E GESTÃO PÚBLICA MINISTRO PLÁCIDO CASTELO (Proibida a reprodução total ou parcial sem citar a fonte) 1.2.7 Princípio da Unidade ou da Totalidade Este princípio consagra a ideia que o orçamento deve ser uno. Deve existir apenas um orçamento. A Lei 4320/1964, em seu art. 2°, prevê: “A lei do orçamento conterá a discriminação da receita e da despesa de forma a evidenciar a política econômica financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de unidade, universalidade e anualidade”. A Constituição Federal de 1988 trouxe um modelo que, em linhas gerais segue o princípio da totalidade, dispondo que a composição do orçamento anual passa a ser a seguinte: orçamento fiscal , orçamento da seguridade social e orçamento de investimentos em estatais. Tal tripartição orçamentária é apenas de cunho instrumental, não implica dissonância e, portanto, não viola o princípio em estudo. Podemos concluir, pois, que o Princípio da unidade, não, necessariamente, implica em um documento único, 1.2.8 Princípio da Universalidade Deacordo com o princípio da universalidade, o orçamento deve conter todas as receitas e despesas referentes aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da Administração Direta e Indireta. Tal princípio não se aplica ao Plano Plurianual pois nem todas as receitas e despesas devem integrar o PPA. Da Lei 4320/64: “[…] Art. 3° A lei de orçamento compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em Lei.” Art. 4° A lei de orçamento compreenderá todas as despesas próprias dos órgãos do Governo e da administração centralizada, ou que, por intermédio deles se devam realizar, observado o disposto no art. 2°.” O § 5° do Art. 165 da CF/1988 se refere à universalidade, quando define a abrangência da LOA: […] § 5° A Lei Orçamentária Anual compreenderá: I – O orçamento fiscal referente aos poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder Público. INSTITUTO ESCOLA SUPERIOR DE CONTAS E GESTÃO PÚBLICA MINISTRO PLÁCIDO CASTELO (Proibida a reprodução total ou parcial sem citar a fonte) II – o orçamento de investimentos das empresas em que a União, direta ou indiretamente, obtenha a maioria do capital social com direito a voto. III o orçamento da Seguridade Social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público. 1.2.9 Princípio da Exclusividade Determina que a lei orçamentária não poderá conter matéria estranha à previsão das receitas e à fixação das despesas. Exceção se dá para as autorizações de créditos suplementares e operações de crédito, inclusive por antecipação de receita orçamentária ( ARO ). Este princípio tem por objetivo impedir que se incluam na LOA, matérias sem nenhuma pertinência com o seu conteúdo, possui previsão na nossa CF/88, no § 8° do art.165.: § 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei. (grifos nosso) E também no art. 7°, incisos I e II, da Lei 4320/1964: Art. 7° A lei de Orçamento poderá conter autorização ao executivo para: I – Abrir Créditos suplementares até determinada importância obedecidas as disposições do artigo 43; II – Realizar em qualquer mês do exercício financeiro operações de crédito por antecipação da receita, para atender a insuficiência de caixa. INSTITUTO ESCOLA SUPERIOR DE CONTAS E GESTÃO PÚBLICA MINISTRO PLÁCIDO CASTELO (Proibida a reprodução total ou parcial sem citar a fonte) 2 CICLO ORÇAMENTÁRIO Tradicionalmente, o ciclo orçamentário é considerado como o período de tempo em que se processam as atividades típicas do orçamento público. É um processo contínuo, dinâmico e flexível, por meio do qual se elabora/planeja, aprova, executa, controla/avalia a programação de dispêndios do setor público nos aspectos físico e financeiro, compreende as seguintes fases: I – Iniciativa; II – Apreciação (Discussão/Estudo/Aprovação); III – Execução; IV – Controle. 2.1 Iniciativa Consoante previsão constitucional, as leis orçamentárias serão elaboradas sempre por iniciativa do Poder Executivo. O legislativo não tem competência para iniciar projeto de lei orçamentária. A Lei 4320/1964, descreve que a proposta orçamentária que o Poder Executivo encaminhará ao Poder Legislativo nos prazos estabelecidos nas Constituições Federal e Estaduais e nas Leis Orgânicas Municipais, compor-se-á de mensagem, projeto de lei do orçamento, tabelas explicativas e as especificações dos programas especiais de trabalho: I – Mensagem: A mensagem é o instrumento de comunicação oficial entre o Executivo e o Legislativo, com a finalidade de encaminhar os projetos do PPA, da LDO e da LOA; II – Projeto de Lei de Orçamento: Contém a proposta de orçamento que será avaliada pelo Legislativo; III – Tabelas explicativas, das quais, além das estimativas de receitas e despesas, constarão, em colunas distintas e para função de comparação: a) Receita arrecadada nos três últimos exercícios anteriores àqueles em que se elaborou a proposta; b) Receita prevista para o exercício em que se elaborará a proposta; c) Receita prevista para o exercício a que se refere a proposta; d) Despesa realizada no exercício imediatamente anterior; e) Despesa fixada para o exercício em que se refere a proposta; e f) Despesa prevista para o exercício a que se refere a proposta. INSTITUTO ESCOLA SUPERIOR DE CONTAS E GESTÃO PÚBLICA MINISTRO PLÁCIDO CASTELO (Proibida a reprodução total ou parcial sem citar a fonte) IV – Especificação dos programas especiais de trabalho: Custeados por dotações globais, em termos de metas visadas, decompostas em estimativas do custo das obras a realizar e dos serviços a prestar, acompanhadas de justificação econômica, financeira, social e administrativa. Constará da proposta orçamentária, para cada unidade administrativa, descrição sucinta de suas principais finalidades, com indicação da respectiva legislação. 2.2 Discussão/Estudo/Aprovação A fase de discussão corresponde ao debate entre os parlamentares sobre a proposta. Segundo o art. 166 da CF/1988: Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum. O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor modificação nos projetos a que se refere o art. 166 da CF/1988 (PPA, LDO LOA e crédito adicionais) enquanto não iniciada a votação, na comissão mista, da parte cuja alteração é proposta. Quanto à possibilidade de rejeição (não aceitação do projeto de lei pelo Poder Legislativo e devolução ao Poder Executivo), apesar de ser uma medida extrema, permite-se a rejeição da LOA, pois, segundo o § 8º do art. 166: “rejeição do projeto de lei orçamentária anual, que ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa.” 2.2.1 Emendas Parlamentares As emendas são prerrogativas constitucionais que o Poder Legislativo possui para aperfeiçoar as propostas dos instrumentos de planejamento e orçamento enviadas pelo Poder Executivo. A Emenda é instrumento essencial do Poder Legislativo para influenciar a alocação de recursos públicos. Cada parlamentar poderá apresentar emendas. Também poderão apresentar emendas, ainda, as bancadas estaduais no Congresso Nacional, desde que relativas às matérias de interesse de cada estado ou Distrito Federal. As emendas podem ser individuais, de comissão e de bancada estadual. Segundo o art. 63 da CF/1988, a regra é que não será admitido aumento da despesa prevista nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, ressalvadas as emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem e as emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias. Assim, não será admitido aumento da despesa prevista no projeto de lei do Plano Plurianual. INSTITUTO ESCOLA SUPERIOR DE CONTAS E GESTÃO PÚBLICA MINISTRO PLÁCIDO CASTELO (Proibida a reprodução total ou parcial sem citar a fonte) Em cada uma das Casas do Poder Legislativo, a aprovação dos instrumentos de planejamento e orçamento se dá por maioria simples, pois são leis ordinárias, apesar do ciclo diferenciado de uma lei ordinária comum (por isso chamamos de ciclo orçamentário). ATENÇÃO: Prazos para a aprovação de PPA, LDO e LOA - LDO não aprovada: O Art. 57, § 2º, da CF/1988.Dispõe que a sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação da LDO, ou seja, não haverá recesso parlamentar se a LDO não for aprovada. Entretanto, como tal regra não se aplica à LOA ou ao PPA, pode haver recesso com a LOA ou com o PPA pendentes de aprovação. Após a aprovação dos projetos de lei, o próximo passo é o retorno para o Poder Executivo, para que ele manifeste a concordância ou não com o que foi aprovado no Poder Legislativo. Temos nesse momento a Sanção. A sanção é a aquiescência do chefe do Poder Executivo ao projeto de lei aprovado no Legislativo. Ou seja, corresponde à concordância do chefe do Executivo com o que foi discutido e aprovado no Parlamento. Já o veto corresponde à discordância do Executivo com o projeto aprovado no Legislativo. Essa discordância pode ser de uma parte do texto (veto parcial) ou com todo o projeto (veto total). Pode ocorrer caso o titular do Executivo considere o projeto inconstitucional ou contrário ao interesse público. De qualquer forma, ocorrendo o veto, ele deve ser apreciado pelo Parlamento, podendo ser confirmado ou rejeitado. A Hipótese de o Legislativo não devolver o PLOA (Projeto de lei orçamentária) para a sanção do chefe do Executivo é tratada apenas nas LDO's, que estabelecem regras para a realização de despesas essenciais, enquanto a LOA não for devolvida. A cada ano, as LDO's determinam que se o Projeto de Lei Orçamentária PLOA não for sancionado pelo Presidente da República até 31 de dezembro do ano corrente, parte da programação dele constante poderá ser executada até o limite de 1/12 do total de cada ação prevista no referido projeto de lei, multiplicado pelo número de meses decorridos até a sanção da respectiva lei. Por exemplo, se o PLOA não for sancionado até o fim de março (três meses) do ano que deveria estar em vigor, algumas despesas consideradas inadiáveis poderão ser executadas em 3/12 do valor original. No entanto, o limite previsto de 1/12 ao mês não se aplica ao atendimento de algumas despesas, de acordo com o que determinar a LDO daquele ano. Por exemplo, as despesas com obrigações constitucionais ou legais da União e o pagamento de bolsas de estudos podem ser dispensadas da regra pela LDO e serem executadas como se o PLOA já tivesse sido aprovado. INSTITUTO ESCOLA SUPERIOR DE CONTAS E GESTÃO PÚBLICA MINISTRO PLÁCIDO CASTELO (Proibida a reprodução total ou parcial sem citar a fonte) As emendas ao projeto de Lei do Orçamento Anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso: I – sejam compatíveis com o PPA e a LDO; II – indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa (excluídas as que incidam sobre dotações para pessoal e seus encargos; serviço da dívida; transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal); III – Sejam relacionadas com a correção de erros ou omissões; ou com os dispositivos do texto do projeto de lei. O Art. 165, § 3º, da CF/1988: O Poder Executivo publicará, até 30 dias após o encerramento de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária. (RREO). Segundo o art. 168 caput, na nossa Constituição Federal, temos que recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues, em duodécimos, até o dia 20 de cada mês. O artigo ainda ressalta que será na forma da lei complementar, (que ainda não foi editada). Novidades: EC 85/2015 altera dispositivos da Constituição Federal para atualizar o tratamento das atividades de ciência, tecnologia e inovação. Na parte referente ao orçamento, tal emenda altera o Art. 167, acrescentando o parágrafo 5º, permitindo a transposição, remanejamento ou transferência de recursos de uma categoria de programação para outra, quando se tratar de atividades de ciência, tecnologia e inovação, com o objetivo de viabilizar os resultados de projetos restritos a essas funções, mediante ato do poder executivo, sem necessidade da prévia autorização do poder executivo. A Emenda Constitucional nº 86, de 17 de março de 2015, alterou os arts.. 165, 166 e 198 da Constituição Federal, para tornar obrigatória a execução da programação orçamentária que especifica: emendas parlamentares individuais à lei orçamentária anual. ATENÇÃO: não confundir emenda parlamentar com emenda constitucional à CF. Na emenda parlamentar, cada parlamentar poderá apresentar emendas às Comissões Permanentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, cujas competências estejam direta e materialmente INSTITUTO ESCOLA SUPERIOR DE CONTAS E GESTÃO PÚBLICA MINISTRO PLÁCIDO CASTELO (Proibida a reprodução total ou parcial sem citar a fonte) relacionadas à área de atuação pertinente à estrutura da Administração Pública Federal. Também poderão apresentar emendas, ainda, as bancadas estaduais no Congresso Nacional, desde que relativas a matérias de interesse de cada Estado ou Distrito Federal. Assim, as emendas podem ser individuais, de comissão e de bancada estadual. A EC 86/2015 recebeu o apelido de EC do Orçamento Impositivo. Na verdade, é apenas uma pequena parte da dotação da Lei Orçamentária Anual que passou a ser de execução obrigatória (impositiva). 2.3 Controle e Avaliação A realização do gasto público impõe uma avaliação sobre a correta aplicação dos recursos públicos, tal desiderato cabe aos órgãos de controles, mormente os Tribunais de Contas, que aprecia e julga se houve a correta aplicação de recursos públicos. É nesta etapa que se analisa a eficácia, eficiência e a efetividade das ações executadas. INSTITUTO ESCOLA SUPERIOR DE CONTAS E GESTÃO PÚBLICA MINISTRO PLÁCIDO CASTELO (Proibida a reprodução total ou parcial sem citar a fonte) 3 PLANO PLURIANUAL, LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS E LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL. Segundo o art. 165 da Constituição Federal de 1988 (CF/1988): Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I o plano plurianual; II as diretrizes orçamentárias; III os orçamentos anuais. De acordo com esse artigo, as leis: Plano Plurianual - (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA) são de iniciativa do Poder Executivo: Presidente, Governadores e Prefeitos. O Plano Plurianual, novidade da CF/ 88 explicita no Estado Brasileiro o planejamento a médio prazo, é o primeiro instrumento de planejamento da administração pública para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. A LDO, Lei de Diretrizes Orçamentária, é um instrumento de planejamento de curto prazo, deve ser elaborado em harmonia com o Plano Plurianual, orientará a elaboração da Lei Orçamentária Anual - LOA). a) Plano Plurianual (PPA) É o instrumento de planejamento do Governo, tanto Federal, quanto Estadual e Municipal que estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. Segundo o art. 165 da CF/1988: § 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. O PPA deve ser elaborado de forma regionalizada, levando em conta as desigualdades regionais que devem ser tratadas na perspectiva de um planejamento de longo prazo. O papel do Plano Plurianual nesse contexto é o de implementar o necessário elo entre o planejamento de longo prazo e os orçamentos anuais. Com o PPA. A CF/88, inseriu o planejamentono orçamento brasileiro. INSTITUTO ESCOLA SUPERIOR DE CONTAS E GESTÃO PÚBLICA MINISTRO PLÁCIDO CASTELO (Proibida a reprodução total ou parcial sem citar a fonte) As diretrizes são normas gerais, amplas e estratégicas, que mostram o caminho a ser seguido na gestão dos recursos pelos próximos quatro anos. Os objetivos correspondem ao que será perseguido com maior ênfase pelo Governo no período do Plano para que, a longo prazo, a visão estabelecida se concretize. O objetivo expressa o que deve ser feito. As metas são medidas do alcance do objetivo, podendo ser de natureza quantitativa ou qualitativa, a depender das especificidades de cada caso. As despesas de capital são aquelas que contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital, como, por exemplo, a pavimentação de uma rodovia. b) Lei de Diretrizes Orçamentárias na CF/1988 (LDO) A LDO também surgiu por meio da Constituição Federal de 1988, almejando ser o elo entre o planejamento estratégico (Plano Plurianual) e o planejamento operacional (Lei Orçamentária Anual). Sua relevância reside no fato de ter conseguido diminuir a distância entre o plano estratégico e as LOA's, as quais dificilmente conseguiam incorporar as diretrizes dos planejamentos estratégicos existentes antes da CF/1988. Segundo o art. 165 da CF/1988: § 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. A LDO é anual no sentido de que a cada ano teremos uma LDO (LDO-2017, LDO-2018, LDO-2019 etc.). Todavia, a vigência (duração) da LDO extrapola o exercício financeiro, uma vez que ela é aprovada até o encerramento do primeiro período legislativo e orienta a elaboração da LOA no segundo semestre, bem como estabelece regras orçamentárias a serem executadas ao longo do exercício financeiro subsequente. A Lei De Diretrizes Orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento (art. 165, § 2º, da CF/1988). INSTITUTO ESCOLA SUPERIOR DE CONTAS E GESTÃO PÚBLICA MINISTRO PLÁCIDO CASTELO (Proibida a reprodução total ou parcial sem citar a fonte) c) A Lei Orçamentária Anual (LOA) É o instrumento pelo qual o Poder Público prevê a arrecadação de receitas e fixa a realização de despesas para o período de um ano. A LOA é o orçamento por excelência ou o orçamento propriamente dito. As despesas executadas pelos diversos órgãos públicos não podem ser desviadas do que está autorizado na LOA, tampouco podem conflitar com o interesse público. A CF/1988 veda o início de programas ou projetos não incluídos na LOA. Ainda, proíbe a consignação de crédito com finalidade imprecisa ou com dotação ilimitada. 3.1 Prazos Na esfera Federal, os prazos para o ciclo orçamentário estão no art. 35 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT): I – O projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do mandato presidencial subsequente, será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa; II – O projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa; III – O projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa. Nos Estados e Municípios, os prazos do ciclo orçamentário devem estar, respectivamente, nas Constituições Estaduais e nas Leis Orgânicas. O prazo de encaminhamento corresponde à data limite para o Executivo enviar ao Legislativo os projetos dos instrumentos de planejamento. Já o prazo de devolução corresponde à data limite para o Poder Legislativo retornar os projetos para a sanção. INSTITUTO ESCOLA SUPERIOR DE CONTAS E GESTÃO PÚBLICA MINISTRO PLÁCIDO CASTELO (Proibida a reprodução total ou parcial sem citar a fonte) IMPORTANTE: LEGISLATURA Legislatura - 4 anos. Divide-se em 4 sessões legislativas anuais. SESSÃO LEGISLATIVA Anual, de 02 fev. a 22 dez. Divide-se em 2 períodos. PERÍODO LEGISLATIVO 1º período: 02 fev. até 17 jul. 2º período: 1º ago. Até 22 Dez. A lei 4320/64 A Lei 4.320, de 17 de março de 1964, recepcionada pela Constituição Federal de 1988 com status de Lei Complementar, estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. (Imprescindível para quem estuda o Orçamento público no Brasil). A Lei 4.320/1964 dispõe sobre o caso de o Executivo não enviar no prazo a sua proposta para apreciação do Legislativo: Caso não receba a proposta orçamentária no prazo fixado, caberá ao Poder Legislativo apreciar novamente o orçamento vigente como se fosse uma nova proposta. Essa é a única previsão legal, já que a CF/1988 não traz nenhuma diretriz a respeito do assunto. 3.2 Reserva de Lei Complementar (art. 165, § 9.º, da CF/1988) O art. 165 da CF/1988, § 9.º Dispõe que: Cabe à Lei Complementar: I – dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual; II – Estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos. INSTITUTO ESCOLA SUPERIOR DE CONTAS E GESTÃO PÚBLICA MINISTRO PLÁCIDO CASTELO (Proibida a reprodução total ou parcial sem citar a fonte) III – dispor sobre critérios para a execução equitativa, além de procedimentos que serão adotados quando houver impedimentos legais e técnicos, cumprimento de restos a pagar e limitação das programações de caráter obrigatório, para a realização do disposto no § 11 do art. 166. E, ainda: Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual serão enviados pelo Presidente da República ao Congresso Nacional, nos termos da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º. Desde a Constituição Federal de 1988 está prevista a edição de uma lei complementar sobre finanças públicas e até o presente momento ela não foi editada, logo, não existe um modelo legalmente constituído para organização, metodologia e conteúdo dos Planos Plurianuais – PPA’'s, Leis de Diretrizes Orçamentárias – LDO's e Leis Orçamentárias Anuais – LOA's. O projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa. Desta forma, quem cumpre esse vácuo legislativo e complementa a Lei 4.320/1964 é a LDO, uma lei ordinária, que todo ano acaba tendo, entre suas diversas atribuições, que legislar como se fosse a lei complementar prevista na CF/1988. A Lei 4.320/1964, recepcionada com status de Lei Complementar, estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.O Art.§ 9º, da CF/88, foi modificado e incluído o inciso III tratando das emendas individuais, impondo-lhes um caráter de execução obrigatória. Aqui, especificamente, surge, pela primeira vez, nos casos de emendas parlamentares, um aspecto impositivo para o orçamento. Após a EC 86/2015, a Constituição Federal determina que é OBRIGATÓRIA a execução orçamentária e financeira das emendas individuais (emendas parlamentares) ao projeto de lei orçamentária em montante correspondente a 1,2% da receita corrente líquida realizada no exercício anterior. Cabe à Lei Complementar dispor sobre critérios para a execução equitativa de tais emendas, além de procedimentos que serão adotados quando houver impedimentos legais e técnicos, cumprimento de restos a pagar e limitação das programações de caráter obrigatório. INSTITUTO ESCOLA SUPERIOR DE CONTAS E GESTÃO PÚBLICA MINISTRO PLÁCIDO CASTELO (Proibida a reprodução total ou parcial sem citar a fonte) BIBLIOGRAFIA: Constituição/Federal/1988: (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm). GIACOMONI, james. Orçamento público. Atlas, 2008 São Paulo. LEITE. Harrison ferreira. Manual de direito financeiro. Juspodivm, salvador. 2016. Lei 4320/64, disponível em: (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4320.htm) MENDES, SÉRGIO – Administração financeira e orçamentária – 3. edição. Rev. E ampla. - Rio de Janeiro: Forense. São Paulo: Ed. Método, 2012. INSTITUTO ESCOLA SUPERIOR DE CONTAS E GESTÃO PÚBLICA MINISTRO PLÁCIDO CASTELO (Proibida a reprodução total ou parcial sem citar a fonte)
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