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Pitiose Cutânea em Equinos

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UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL
 
 
  
Cassiano Lopes de Avelar
Eloisa Renata Luz
Isadora Martins Henn
Róger Luan Sehnem
Rovian Francisco Ristow
 
 
 
 PITIOSE CUTÂNEA EM EQUINOS
Revisão bibliográfica apresentada na disciplina de Doenças Micóticas dos Animais, ao curso de Medicina Veterinária da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC
Prof.ª Dr.ª: Michele BerselliSanta Cruz do Sul
2020
INTRODUÇÃO:
A Pitiose, como é denominada a patogenia, é uma doença piogranulomatosa com localização subcutânea e, eventualmente, pode afetar os demais sistemas do animal. É causada pelo agente Pythium insidiosum que, no qual, atinge principalmente a espécie Equina. Este fungo tem preferência por regiões de clima temperado, tropical e subtropical, como o Brasil que tem como seu principal foco o Pantana, já que o local é repleto de pontos de inundações e áreas alagadiças (BROMERSCHENKEL; FIGUEIRÓ, 2014). 
O animal acaba sendo alvo deste agente quando se encaminha para áreas alagadiças para beber água. Suas lesões ocorrem na pele, principalmente pescoço, parte ventral e membro do animal, já que o mesmo se inclina para beber água. Com isso, o animal pode apresentar edema, dor, presença de massa ulcerada em extremidades dos membros, excessivo prurido e claudicação nos animais que possuem lesões nos membros (BROMERSCHENKEL; FIGUEIRO, 2014).
	O diagnóstico correto através da observação de sinais clínicos e de exames complementares são de suma importância para que a patologia não seja diagnosticada erroneamente, muitas vezes esses diagnósticos errôneos podem ser relacionados a Habronemose e o Sarcóide Equino (BROMERSCHENKEL; FIGUEIRO, 2014).
DESENVOLVIMENTO:
Foi encaminhado ao Hospital Veterinário, uma Égua, fêmea, da raça Quarto de Milha com 5 anos de idade apresentando lesões ulcerativas na pele na região da linha média ventral, com exsudato seroso sanguinolento. Através do relato do dono do animal, foi constatado que a égua possui acesso à uma área alagadiça e, que, além disso, já tinha sido realizado tratamento com antibiótico, porém, não obteve resultado.
        	Na realização de exames, obtivemos como resultado na macroscópica, uma massa ulcerativa encontrada no animal com formato de cratera medindo 15 cm de diâmetro, sua parede era fibrosa e tinha 3 cm de espessura por todo seu cutâneo e, no seu interior, grânulos amarelos de 1mm. Já no exame histológico, encontramos uma massa composta por tecido conjuntivo fibrovascular com inflamação difusa de eosinófilos, linfócitos e plasmócitos. Também foram encontrados focos distintos de necrose coagulativa que estão presentes circunscritos por uma fina borda de macrófagos e, dentro destes focos necróticos há, ainda, hifas coradas negativamente com um espaço claro delineado pela própria parede de hifas. Estas hifas têm largura de 10 µm, seus lados não são paralelos e possuem poucas septações e ramificações intermitentes em ângulo reto. E, a parede de hifas só foi possível visualiza-la graças a uma coloração de metenamina prata de Gomori. 
	Com isso, concluímos para um diagnóstico morfológico que na pele do animal havia uma dermatite crônica, ulcerativa e fibrótica com granulomas caseoso multifocais e hifas intralesionais.
Fig. 1: Égua da raça Quarto de Milha, com 5 anos de idade. Imagem da biópsia e histológica da pele do animal.
        	Após isto, concluímos que o provável agente causador de dermatite neste caso seria o Fungo Pythium insidiosum responsável por causa Pitiose em Equinos. Mas, para confirmação do mesmo, foi necessário solicitar outros exames complementares, sendo eles: exame de imunoistoquímica e imunofluorescência. Com isso, foi coletado do laboratório de Patologia Veterinária um fragmento de pele com a suspeita de Pitiose e encaminhado para o laboratório de Microbiologia do Hospital. Dessa forma, obtivemos os seguintes resultados:
Fig. 2: Resultado do exame de Imunoistoquímica com hifas marrons fortemente imunomarcados pelo método da estraptavidina-peroxidase (Anticorpo anti-Pythium insidiosum policlonal de coelho).
Fig. 3: Resultado do exame Imunofleurecência com material emblocado positivo para Pythium insidiosum.
        	Portanto, após a realização de todos os exames necessários para o diagnóstico, foi confirmado a presença do fungo Pythium insidiosum pois o mesmo, é parasita de plantas aquáticas caracterizado por formação de zoósporos que após serem liberados na água, são atraídos pelo pêlo dos animais e penetrando na pele através de lesões preexistentes, principalmente em condições de temperatura mais elevada.
EPIDEMIOLOGIA:
A Pitiose é encontrada mundialmente, porém se manifesta com maior frequência em regiões onde o clima se caracteriza por ser quente e úmido - como nos climas tropical, subtropical e temperado - em países do continente Americano, Oceania e África. No Brasil, a Pitiose ocorre, principalmente, nos estados onde os banhados e áreas alagadas são mais comuns, como na região do Pantanal, todavia, os dados epidemiológicos da mesma são muito escassos, mesmo sendo de grande importância econômica para o país, uma vez que o Brasil corresponde ao terceiro lugar mundial na criação de equinos (MAPA, 2016).
O zoósporo P. insidiosum que causa a Pitiose faz todo seu ciclo reprodutivo na água, liberando na mesma os zoósporos infectantes e, por esse motivo, animais que ficam por longos períodos em ambientes de alague com vegetação aquática são mais propícios a desenvolver a enfermidade. Os casos mais comuns de Pitiose ocorrem em equinos e, as lesões costumam ocorrer nos membros e na linha baixa do abdômen, ou seja, nas áreas onde ocorre maior contato com a água. O P. insidiosum pode afetar também bovinos, ovinos, caninos e humanos (PEREIRA et, al., 2012).
PATOGENIA:
Pythium insidiosum, não é um fungo e, sim zoósporos móveis e biflagelados que se movimentam na água por quimiotaxia em direção às feridas ou abrasões na pele ou na mucosa intestinal, encistando no tecido exposto. Ao se inserir na pele, os zoósporos secretam um material viscoso para se aderir ao tecido. Começa a produzir tubos germinativos, forma hifas asseptadas e se expande para os tecidos. Além disso, podem invadir vasos sanguíneos, facilitando a disseminação e produzindo trombose micótica. A real patogenia que o P. insidiosum causa na Pitiose, ainda é pouco conhecida. Em equinos que possuem uma resposta imunológica inadequada ou um bloqueio da resposta imunológica, o caráter da doença é mais progressivo (MILLER, 1981). O autor acredita que as hifas deste agente não são completamente conhecidas pelo hospedeiro devido a marcante reação inflamatória, mesmo sendo antigênicas.
O possível mecanismo imunológico que a Pitiose equina desencadeia foi proposta em 1996, por MENDOZA et, al. Segundo eles, o P insidiosum libera antígenos solúveis que estimulam a produção de IgE no início da infecção. Quando essas IgE se ligam à superfície das hifas e ativam os mastócitos, liberam seus fatores quimiotáxicos, atraindo os eosinófilos para a infecção. Na porção FC das imunoglobulinas, os eosinófilos se ligam na superfície das hifas, que podem degranular e proteger a hifa do sistema imunológico. Esse mecanismo é semelhante aos relatados em infecções por parasitas. Alguns autores acreditam que podem haver antígenos solúveis não só no interior dos “kunkers”, mas em toda a lesão.
LESÕES MACROSCÓPICAS E MICROSCÓPICAS:
As lesões cutâneas macroscópicas caracterizam-se principalmente por granulomas subcutâneos ulcerados, entrecortados por galerias ramificadas (trajetos fistulosos), preenchidas por material necrótico, amarelado, seco e friável, os chamados "kunkers" que se desligam com facilidade do tecido fibrovascular circunjacente (SALLIS et al., 2003).
Na histologia, encontra-se zonas eosinofílicas de necrose compostas principalmente de eosinófilos viáveis e degenerados, que estão relacionadas aos "kunkers" que são identificados macroscopicamente. Nas bordas dessas regiões, pode-se notar imagens negativas tubuliformes correspondentes às hifas de P. insidiosum. Na área que circunda os "kunkers" nota-sepresença de infiltrado de eosinófilos, macrófagos, grande proliferação de tecido fibrovascular e, às vezes, células gigantes e reação de Splendore-Hoeppli (SALLIS et al., 2003).
      	Nos exames laboratoriais feitos pela coloração HE, revela-se reações inflamatórias cutâneas com áreas focais de necrose acompanhadas por infiltrado acentuado de eosinófilos, sendo que, alguns já se encontram desgranulados, além de infiltrado neutrofílico e mononuclear, este último composto por macrófagos, linfócitos, plasmócitos e, ocasionalmente, por células gigantes de Langerhans (REGIS; NOGUEIRA, 2002).
Fig. 4: (A) Ulceração extensa localizada superiormente no membro anterior esquerdo entre a articulação úmero-rádio-ulnar e metacarpos. O membro se encontra aumentado de tamanho com exsudação serossanguinolenta profusa. (B) Ulceração extensa em áreas inferiores do membro Fonte: REIS Jr, L.; NOGUEIRA, R. H.G. Estudo anatomopatológico e imunoistoquímico da Pitiose em equinos naturalmente infectados. SCIELO, Belo Horizonte, agosto de 2002.
Fig. 5: (C) Lesão ulcerativa e exuberante na lateral posterior esquerda do abdome. (D) Mama aumentada e ulcerada com lesão cicatricial. Fonte: REIS Jr, L.; NOGUEIRA, R. H.G. Estudo anatomopatológico e imunoistoquímico da Pitiose em equinos naturalmente infectados. SCIELO, Belo Horizonte, agosto de 2002.
Fig. 6: Área de necrose com intensa infiltração eosinofílica circundante e Eosinófilos desgranulando na periferia da área necrótica. Fonte: REIS Jr, L. e NOGUEIRA, R. H.G. Estudo anatomopatológico e imunoistoquímico da Pitiose em equinos naturalmente infectados. SCIELO, Belo Horizonte, Agosto de 2002.
SINAIS CLÍNICOS E DIAGNÓSTICO:
Os sinais clínicos das lesões causadas pelo P. insidioum normalmente são relacionados às zonas do corpo em que o animal possui contato com a água, entre essas zonas podemos destacar extremidades dos membros, região ventral do abdômen e peito, face, narinas e cavidade oral (BROMERSCHENKEL; FIGUEIRO, 2014).
Entre os achados clínicos podemos citar edema, dor, prurido, emagrecimento, hipoproteinemia e algumas piodermatites secundárias à Pitiose. Podemos relacionar a liberação de fatores de necrose tumoral com o emagrecimento do animal. Considerada uma segunda forma mais frequente da Pitiose em equinos, podemos citar a intestinal, relacionados à episódios de cólica devido à presença de massa obstruindo o lúmen intestinal (BROMERSCHENKEL; FIGUEIRO, 2014).
O diagnóstico desta patogenia se baseia através da epidemiologia, sinais clínicos, exame histopatológico, cultura e isolamento do agente, imuno-histoquímica, imunofluorescência, ELISA e, até mesmo PCR. O exame histopatológico é feio através da fixação da amostra em formal a 10% e com coloração de hematoxilinaeosina e Prata Metenamina de Grocott como foi realizado no caso clínico encaminhado para o Hospital Veterinário. Pode ser diagnóstico diferencial de Pitiose a Habronemose, Sarcóide, tecido de granulação exuberante e granulomas fúngicos e bacterianos (CIÊNCIA RURAL, 2001).
TRATAMENTO:
O tratamento depende de diversos fatores, como o tempo e local de instalação do agente no animal, tamanho da lesão, idade e estado nutricional do animal. Entretanto, como dito pelo tutor, foi realizado terapia com antibióticos e a mesma, não foi satisfatória. Este resultado negativo do uso da terapia sugere que o estágio da doença já esteja avançado. Com isso, é aconselhado um tratamento mais agressivo. Devido a isto, o prognóstico depende muito do comprometimento da lesão e das suas estruturas vizinhas, como articulações, tendões e ossos, por exemplo (CIÊNCIA RURAL, 2001).
REFERÊNCIAS:
BROMERSCHENKEL, I.; FIGUEIRÓ, G.M. Pitiose em equinos. PUBVET, Londrina, V. 8, N. 22, Ed. 271, Art. 1807, novembro, 2014. Disponível em: <https://www.pubvet.com.br/uploads/ddccae29002f5bbbb335321b03cd9336.pdf>. Acesso em 16 de outubro de 2020. 
CIÊNCIA RURAL. Pitiose, Santa Maria, 2001. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84782001000400029>. Acesso em: 14 de outubro de 2020.
MAPA. Revisão do Estudo do Complexo do Agronegócio do Cavalo, 2016. Disponível em: <https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/camaras-setoriais-tematicas/documentos/camaras-setoriais/equideocultura/anos-anteriores/revisao-do-estudo-do-complexo-do-agronegocio-do-cavalo/view>. Acesso em 18 de outubro de 2020.
PEREIRA, M, C.; SALLIS, E. S. V.; RAFFI, M. B.; PEREIRA, D. I. B.; HINNAH, F. L.; COELHO, A. C. B.; SCHILD, A. L. Epidemiologia da Pitiose Equina. Rio Grande do Sul, 2012. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-736X2012000900009&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em 18 de outubro de 2020.
REIS, Jr, L. e NOGUEIRA, R. H.G. Estudo anatomopatológico e imunoistoquímico da pitiose em eqüinos naturalmente infectados. SCIELO, Belo Horizonte, agosto de 2002. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-09352002000400005&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 18 de outubro de 2020.
SALLIS, E.; PEREIRA, D.; RAFFI, M. Pitiose cutânea em equinos: 14 casos. SCIELO, Santa Maria, outubro de 2003. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-84782003000500017&script=sci_arttext>. Acesso em: 18 de outubro de 2020.
Caso clínico e resultados simulados para o desenvolvimento do trabalho da disciplina de doenças micóticas dos animais domésticos - Dados fornecidos pelo professor.

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