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AULA 07 - Responsabilidade Internacional de Estado

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DIREITO INTERNACIONAL: RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL DO ESTADO
INTRODUÇÃO
A responsabilização internacional é uma das formas de assegurar que o Estado ou OI que descumpriu norma internacional responda pelo dano causado. 
A responsabilidade internacional é instituto concernente apenas a Estados e organizações internacionais, em princípio não é possível que uma pessoa natural ou jurídica solicite qualquer indenização no âmbito internacional, embora possa acionar o próprio judiciário do Estado que causou o dano. 
O caso clássico que a CIJ delineou os parâmetros da responsabilidade internacional do Estado foi o caso do ESTREITO DE CORFU, na costa da Albânia, em 1949, Reino Unido x Albânia – passou frota britânica inocentemente e esbarrou em mina marítima e explodiu fragata britânica, tendo muita gente morrido, assim Reino Unido ingressou na CIJ contra a Albânia. A Albania negou que saberia da existência da mina. A CIJ fez investigação e concluiu que pela atividade de navegação de sabotagem que acontecia na Albânia era impossível que o Estado Albanes não tivesse conhecimento das Minas. O fundamento da responsabilidade da Albânia que a corte afirmou foi a omissão do estado albanês em avisar sobre a existência das minas. Assim, nesse caso houve o reconhecimento de responsabilidade internacional por omissão. 
A) CONCEITO DE RESPONSABILIDADE: é instituto que visa a responsabilizar determinado Estado pela prática de um ato atentatório ao DIP (ilícito) perpetrado contra outro Estado, prevendo certa reparação a este último pelo prejuízos e gravames que injustamente sofreu. 
RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL: remonta o conceito geral de responsabilidade, sendo uma obrigação jurídica de reparar um mal físico ou moral, causado a outrem, pessoa física ou jurídica, inclusive a própria sociedade, mal esse resultante de um ato ilícito ou de uma conduta lícita, porém perigosa. 
ATENÇÃO 1: Esse instituto tem caráter patrimonial e moral e em geral não se reveste de aspecto penal ou repressivo, não se aplicando, portanto, a todos os tipos de violação do DIP, pois no caso de crimes, teremos a aplicação do direito penal internacional (TPI, cooperação, etc).
ATENÇÃO 2: nem sempre a consequência da responsabilidade internacional será sanção, pois nem sempre decorrerá de ato ilícito. 
B) NATUREZA JURÍDICA DA RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL.
Tem-se três teorias. 
B.1) TEORIA SUBJETIVISTA OU TEORIA DA CULPA. Grócio. Leva em conta a conduta do Estado ou da OI para definir sua responsabilização. Para a configuração da responsabilidade internacional não basta a mera configuração do ilícito, exigindo-se também que haja dolo ou culpa na ação ou omissão. 
B.2) TEORIA OBJETIVISTA OU TEORIA DO RISCO. Responsabilidade internacional emerge a partir da mera ocorrência de um dano que seja diretamente decorrente da violação de uma norma internacional, não levando em consideração o dolo, culpa ou outro motivo. Exige-se meramente o nexo causal entre o ato ilícito e a lesão. 
Expoentes: Triepel e Anzilotti e Rezek. Não cabe a analise de culpa.
Ex. de sua aplicação: direito ambiental. 
B.3) TEORIA MISTA. STRUPP. Entende que quando houver omissão do Estado ou da OI deve ser verificada a existência de culpa na modalidade negligência para que se configure a responsabilidade internacional. Contudo, quanto aos atos comissivos, basta o nexo causal.
ATOS OMISSIVOS: TEORIA SUBJETIVA.
ATOS COMISSIVOS: TEORIA OBJETIVA. 
C) CARACTERÍSTICAS DA RESPONSABILIDADE. 
C.1) Institucional. A responsabilidade é em regra institucional, ou seja, os Estados e as OIs assumem a responsabilidade pelos atos de seus funcionários. 
C.2) Aplicável, por enquanto, apenas a estados e OIs apesar de haver um movimento buscando a responsabilização de danos causados por indivíduos. 
C.3) Finalidade reparatória. Visa reparar o prejuízo e não punir o Estado ou OI. Tem natureza civil.
C.4) regras são costumeiras. 
C.5) pode ser comissional ou omissional. 
C.6) Pode decorrer de violação de regras, atos ilícitos ou atos lícitos. 
ELEMENTOS ESSENCIAIS DA RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL
ATO ILÍCITO – IMPUTABILIDADE – DANO. 
A) ATO ILÍCITO. É a conduta comissiva ou omissiva que viola norma de DIP. Cabe ressaltar que o mero dano a um interesse, quando não implique infração de normas internacionais não é suficiente para caracterizar a responsabilidade internacional. 
ATENÇÃO: excepcionalmente o ato lícito poderá ensejar a responsabilidade internacional. Atos lícitos causando danos a terceiros, por exemplo, emprego de energia nuclear para fins pacíficos e acaba havendo acidente nuclear – o Estado será responsável por ato lícito. 
B) IMPUTABILIDADE. Refere-se a necessidade do ato ilícito ser atribuído ao ente a ser responsabilizado. Deve haver vínculo entre violação da norma internacional e seu responsável. 
Ex.: Brasil violando norma internacional de proteção ao meio ambiente. 
C) DANO. É o prejuízo decorrente de um ato ilícito, causado a outro Estado, OI ou pessoa protegida pelo ente estatal ou OI. O dano pode ser material ou moral e pode não ter expressão econômica. 
ATOS QUE EXCLUEM OU ATENUAM A RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL
Apesar da presença dos três elementos que importam em responsabilização internacional do Estado, essas podem ser atenuadas ou excluídas em algumas hipóteses.
A) LEGÍTIMA DEFESA. Consiste na reação a um ataque armado e iminente. Exclui a responsabilidade internacional. Apesar de ser uso da força, o que é proibido pela Carta das Nações Unidas, não é ato ilícito, pois visa garantir a integridade e soberania do Estado. Art. 51 da Carta da ONU a permite. 
O ato de legítima defesa deve ser proporcional à agressão ou perigo de agressão sofrido. 
B) REPRESÁLIA. É a retaliação a um ato ilícito de outro Estado, normalmente não é permitida pelo direito internacional, mas é admissível quando é uma resposta à violação de normas internacionais por parte de outro Estado. 
C) CONTRIBUIÇÃO DO ESTADO VÍTIMA DE ATO ILÍCITO PARA A OCORRÊNCIA DO DANO PODE EXCLUIR OU ATENUAR A RESPONSABILIDADE DO ESTADO QUE VIOLOU A NORMA INTERNACIONAL. Concorrência da vítima. 
A responsabilidade internacional é instituto concernente apenas a Estados e organizações internacionais, em princípio não é possível que uma pessoa natural ou jurídica solicite qualquer indenização no âmbito internacional, embora possa acionar o próprio judiciário do Estado que causou o dano. 
EFETIVAÇÃO DA RESPONSABILIZAÇÃO
A) CIJ. A CIJ que é o órgão da ONU encarregado de julgar controvérsia de DIP entre os estados, não tem jurisdição obrigatória, não é o judiciário internacional, pois o judiciário, pelo seu caráter substitutivo e porque o estado é supremo em seu espaço de soberania, tem jurisdição obrigatória. No entanto, no DIP isso é possível, pois a jurisdição contenciosa da CIJ depende de consentimento do Estado demandado, que pode ser manifestado de três formas:
Acordo especial para o caso concreto. 
Por aceitação tácita da jurisdição da corte. Estado demandante promove diretamente a ação e a ação consulta o estado demandado se aceita a jurisdição da CIJ, que aceita e contesta a ação. 
Por aceitação em tratado da jurisdição da corte. Essa aceitação poderá se dar no âmbito de um tratado especifico (protocolo facultativa da convenção de Viena sobre relações consulares, aqui quem subscreve esse tratado se houver demanda quanto a ação consular, será via CIJ) ou sem limitação quanto à matéria (SUBMISSÃO DA CLAUSULA FACULTATIVA DE JURISDIÇÃO OBRIGATÓRIA DA CORTE – estado diz que aceita jurisdição da CIJ, desde que o outro estado também seja). 
B) OUTROS MEIOS. 
Poderá haver responsabilização por qualquer outro meio admitido em DIP: arbitragem, negociação direta, etc.
NON LIQUET: ocorre quando o estado a ser responsabilizado não aceita nenhuma espécie de mecanismo de solução de controvérsia com estado demandante, abalando as relações de controvérsias entre os estados. Sendo hipótese bastante rara. 
CONSEQUENCIAS EM TERMOS DE RESPONSABILIDADE
A responsabilidade internacionalfunciona de maneira análoga à responsabilidade civil. 
 
REPARAÇÃO CIVIL. 
A1) indenização. Pagamento do equivalente em dinheiro. 
A2) Reposição. É a restituição do status quo ante, é voltar ao ponto anterior.
 
A3) Satisfação. É a reparação do dano moral. Esse pode se dar não necessariamente pelo equivalente em pecúnia, podendo não envolver pecúnia. Ex.: pedido de desculpas. Ex.2: reconhecimento expresso da responsabilidade.

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