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inicial trabalhista

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AO JUíZO DA ___ VARA DO TRABALHO DO ESTADO DE MINAS GERAIS.
Paulo de Andrade Ferreira, brasileiro, casado, desempregado, portador da identidade 358, inscrito no Cadastro de Pessoa Física sob o n° 8989888, residente e domiciliado na Rua Ibiraci, 553, Salgado Filho, Belo Horizonte/MG, CEP 30225, vem perante este juízo propor 
RECLAMATÓRIA TRABALHISTA PELO RITO ORDINÁRIO
em face de Sociedade Empresária Colina Ferragens Ltda., empresa de direito privado, CNPJ XXXX, localizada em Belo Horizonte/ MG.
1. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA GRATUITA.
Nos termos do art. 98 e seguintes do Código de Processo Civil de 2015, o autor afirma, para os devidos fins e sob as penas da Lei, não possuir condições de arcar com as custas processuais sem o prejuízo de seu sustento e de sua família. Ademais o autor encontra-se desempregado e junta nos autos a declaração de hipossuficiência, a fim de comprovar tais alegações (documento em anexo).
2. DOS FATOS.
O autor laborou na reclamada no período de 02/08/2014 sendo rescindido em 06/03/2019 na função de ferramentista, percebendo um salário mínimo por mês. A rescisão contratual foi unilateral e sem justa causa, tendo recebido as verbas inerentes à ruptura contratual. Exercia sua função de segunda-feira a sábado, das 20h às 5h, usufruindo de 20 minutos para refeição.
Ocorre que Paulo informou que é presidente do sindicato de sua classe, tendo tido posse em 15/12/2018, para um mandado de dois anos. Inclusive tal fato foi comunicado a empresa, conforme documento anexado ao feito.
Vale ressaltar que o reclamante já teria ingressado com outra reclamatória anteriormente, mas não pode comparecer a audiência inaugural, tendo sido arquivada. Todavia, com base no artigo 844, §3° da CLT, não fica impedido de ingressar com nova reclamatória já que comprovadamente pagou as devidas custas do processo arquivado (documentos em anexo).
3. DOS FUNDAMENTOS.
3.1. INTERVALO INTRAJORNADA.
Durante o contrato de trabalho, o reclamante realizava apenas de 20 (vinte) minutos de seu intervalo para repouso e alimentação, não atendendo ao disposto na legislação em obediência aos fatores biológico e social que determinam a limitação de jornada de trabalho, incorrendo a violação do artigo 71 da CLT, o qual prevê o intervalo de 1 até 2 horas de intervalo, para jornadas que ultrapassem 6 horas diárias.
A reclamada, contudo, jamais efetuou o pagamento da indenização devida.
Assim, requer seja a reclamada condenada ao pagamento do intrajornada correspondente ao horário suprido diariamente, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho, de segunda a sábado, ao longo de todo o contrato de trabalho, conforme § 4º do artigo 71 da CLT.
3.2 REINTEGRAÇÃO AO TRABALHO.
Como mencionado acima, o trabalhador foi demitido sem justa causa pela reclamada, no dia 06/03/2019, acontece que o reclamante foi empossado para presidente do sindicato de sua categoria no dia 15/12/2018. No entanto o artigo 543, §3° da CLT, o empregado que estiver no cargo de representação da entidade sindical, até um ano após o final do mandado não poderá ser dispensado, salvo se cometer falta grave apurada no Inquérito Judicial de Apuração de Falta Grave.
A Constituição Federal também prevê tal situação, no artigo 8°, VIII. Ainda a súmula 369 do Tribunal Superior do Trabalho, preceitua que:
DIRIGENTE SINDICAL. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação do item I alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012.
I - É assegurada a estabilidade provisória ao empregado dirigente sindical, ainda que a comunicação do registro da candidatura ou da eleição e da posse seja realizada fora do prazo previsto no art. 543, § 5º, da CLT, desde que a ciência ao empregador, por qualquer meio, ocorra na vigência do contrato de trabalho. - grifo nosso
Saliento que a reclamada tinha ciência da estabilidade provisória do reclamante. Ademais a candidatura e posse do reclamado foram informadas a empresa como exige a lei no artigo 54, §5°, da CLT (documentação em anexo).
No entanto, sem observar a legislação vigente, a reclamada de forma ilegal demitiu sem justo motivo o empregado, rescindindo o contrato de trabalho de forma unilateral.
Ora, o reclamante somente poderia ser despedido em razão de falta grave devidamente comprovada mediante inquérito judicial proposto pela reclamada, trata-se de procedimento obrigatório.
Nesse sentido, o entendimento do TST sobre a necessidade de inquérito judicial para a quebra da estabilidade, isto conforme a Súmula 197, in verbis: “O empregado com representação sindical só pode ser despedido mediante inquérito em que se apure falta grave”.
Diante de todo o exposto, ficou comprovado que a demissão do reclamante sem falta grave está contraria a lei.
4. DA TUTELA DE URGÊNCIA.
O art. 659, X, da CLT, determina que em casos de reintegração de dirigente sindical, pode-se conceder medida de liminar.
Art. 659 - Competem privativamente aos Presidentes das Juntas, além das que lhes forem conferidas neste Título e das decorrentes de seu cargo, as seguintes atribuições: (Vide Constituição Federal de 1988)
X - conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações trabalhistas que visem reintegrar no emprego dirigente sindical afastado, suspenso ou dispensado pelo empregador. (Incluído pela Lei nº 9.270, de 1996)
Assim o reclamante possui os requisitos para a antecipação de tutela, inclusive os preceituados no artigo 300 do CPC.
Portanto, requer por fim que seja deferida a tutela de urgência ao reclamante, e quer seja reintegrado ao lugar de labor e efetuado o pagamento do período indevido de afastamento. Caso não seja possível a reintegração, requer a conversão em indenização.
5. DOS PEDIDOS
Diante das considerações expostas, pleiteia o reclamante a condenação da Reclamada nos seguintes pedidos, resumidamente:
a) Que seja deferido o benefício da assistência judiciária gratuita.
b) A notificação da parte Reclamada para comparecer à audiência a ser designada para querendo apresentar defesa a presente reclamação e acompanhá-la em todos os seus termos, sob as penas da lei (art. 844 da CLT);
c) A condenação da reclamada ao pagamento do intrajornada correspondente ao período não suprido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho, de segunda a sábado, ao longo de todo o contrato de trabalho, conforme § 4º do artigo 71 da CLT, no valor estimativo de R$ (...), conforme planilha de cálculos anexa;
d) A concessão da tutela de urgência para obrigar a reclamada a:
1)proceder à imediata REINTEGRAÇÃO do reclamante ao emprego;
2) o pagamento imediato dos salários em atraso referentes ao período de afastamento devidamente corrigido;
3) que seja a reclamada condenada a “indenizar” o reclamante pelos direitos decorrentes da estabilidade, caso haja a impossibilidade de reintegração
e. A condenação da reclamada ao pagamento de honorários sucumbenciais no importe de 15% (quinze por cento), conforme artigo 791-A da CLT.
f. Que a demanda seja julgada TOTALMENTE PROCEDENTE, nos termos expostos na reclamatória.

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