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À VARA CÍVEL DA COMARCA DE CAICÓ DO ESTADO DO CEARÁ

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À VARA CÍVEL DA COMARCA DE CAICÓ DO ESTADO DO CEARÁ
PROCESSO Nº...
ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES UNIDOS DE CAICÓ, pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos, legalmente constituída desde 01.12.2000, neste ato representada por seu presidente (estatuto em anexo), com fundamento Lei nº 7.347/85 e no art. 1.009 do CPC, vem à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado, conforme procuração em anexo, propor o presente recurso de
APELAÇÃO
Contra a r. sentença de fls...dos autos, nos termos que seguem. Requer, para tanto, que o recurso seja recebido e, após notificada a parte contrária, seja determinada a sua remessa ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, para que dele conheça e profira nova decisão. Em anexo, segue o comprovante de recolhimento das custas recursais a fim de garantir o preparo recursal, em observância ao art. 1007 do CPC.
Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
Caicó, 22 de novembro de 2017.
Advogado
OAB XXXXX
AO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ
Processo nº ....
Origem: Vara Cível da Comarca de Caicó
Apelante: ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES UNIDOS DE CAICÓ
Apelados: GUARARAPES ADM LTDA E PREFEITURA MUNUCIPAL
DE CAICÓ
RAZÕES DE APELAÇÃO
Colenda Corte,
Eméritos julgadores,
I – DOS FATOS DO PROCESSO
Caicó, uma cidade pequena e muito pouco desenvolvida do ponto de vista urbanístico, possui algumas ruínas da época da colonização portuguesa, as quais fazem parte do patrimônio histórico e cultural da cidade. A ruína mais famosa, “Colosseu”, é administrada pela empresa ré por meio de contrato de convênio com o Poder Público local, firmado entre a Prefeitura do Município de Caicó e a GUARARAPES ADM LTDA. A referida ruína virou um ponto turístico de intensa visitação no município. Ocorre que, nos últimos meses, a empresa tem deixado de lado a manutenção do local, o qual está gravemente deteriorado precisando de sérios reparos, os quais a empresa promete que vai realizar, porém não faz. Após solicitações de informações da apelante em conjunto com a Defensoria Pública do Estado, a Prefeitura do município informou que já havia diligenciado junto à empresa as providências cabíveis, mas que também ainda não tinha obtido retorno. O Prefeito informou também que, em reunião com o responsável da empresa convocada para tratar do assunto, foi dado prazo a resolução do problema, porém o mesmo não foi cumprido. Entretanto, o contrato com a empresa continua vigente sem que sejam tomadas as devidas providências para a revitalização do local, seja pela Prefeitura ou pela empresa privada responsável pela administração do local. Tal fato vem causando grave dano ao patrimônio histórico, cultural e turístico do município, pelo que a ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES UNIDOS DA CIDADE DE CAICÓ, ora apelante, ajuizou Ação Civil Pública contra a empresa responsável pela administração do local, GUARARAPES ADM LDTS e contra a Prefeitura Municipal, titular do contrato público firmado com a referida empresa, e ente responsável pela preservação do local.
II– DA DECISÃO IMPUGADA
Eméritos julgadores, após o ajuizamento da ação seguiu seu trâmite normal. Foi ouvido o representante do Ministério Público, o qual exarou parecer favorável a Associação pugnando pela condenação das requeridas à reparação de danos e à obrigação de fazer. Entretanto, o juiz de primeiro grau extinguiu a ação sem resolução de mérito, por entender que as partes que ocupam o polo passivo da ação são ilegítimas. A sentença foi publicada no dia 10/11/2017, com fundamento na repartição de responsabilidade entre os entes federativos prevista na Constituição Federal. O Juiz, sem julgar o mérito da demanda, extinguiu o processo por entender que as partes alocadas no polo passivo não possuíam legitimidade, aduzindo que a matéria é de competência comum da União, Estados e Municípios, por isso, os três entes deveriam estar no polo passivo da demanda. Fundamentou a decisão no art. 23, incisos III e IV, da Constituição Federal.
III - DA TEMPESTIVIDADE DO RECURSO
O §3º do art. 1003 do Código de Processo Civil estabelece como regra geral o prazo de 15 dias para a interposição de recurso, excetuados os embargos de declaração. Logo, o prazo para interposição do presente recurso segue a regra geral. Como a decisão foi publicada no dia 10/11/2017, finda o prazo para interposição 24/11/2017. Como protocolado antes da data fatal, o presente recurso é tempestivo.
IV – DAS RAZÕES PARA A REFORMA
Admitido o recurso, eis que preenchidos todos os requisitos formais, pugna-se pela reforma decisão pelas razões que seguem. Como dito, a r. sentença impugnada possui como fundamento o art. 23, incisos III e IV da Constituição Federal, os quais tratam da competência material comum a União, Estados, Distrito Federal e Municípios para: II - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; IV – impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural. Ocorre que a interpretação dada ao dispositivo constitucional, com a devida vênia, não merece prosperar. Entendeu o julgador que, de acordo com a Constituição, como se trata de uma competência comum, deveria figurar no polo passivo da Ação Civil Pública proposta pela apelante, a União, o Estado do Ceará e o Município de Caicó. Incorre em erro a referida decisão. Primeiro, porque o fato de ser uma competência comum, não quer dizer que há a obrigatoriedade de todos os entes figurarem no polo passivo da ação. Competência comum quer dizer que é possível que seja exercida por mais de um ente federativo, sem que esse exercício exclua a competência dos demais entes, ou seja, há a possibilidade de uma atuação conjunta. Segundo, porque o objeto da Ação Civil Pública proposta pela apelante é a proteção de patrimônio histórico cultural local, pertencente ao Município de Caicó, como demonstrado na petição inicial.
Logo, apesar do disposto nos incisos III e IV do art. 23 da Constituição Federal, necessário observar também o art. 30 da Carta, que trata da competência exclusiva dos Municípios. Referido dispositivo em seu inciso IX, atribui ao ente municipal a competência para promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local. Sendo assim, o que se extrai do texto constitucional é que o exercício da competência de um ente não exclui a competência de outro no que tange a proteção do patrimônio histórico e cultural. Todavia, quando se tratar de um patrimônio local, a competência do município merece destaque. Nobres julgadores, é evidente então que o preenchimento do polo passivo da demanda foi devidamente preenchido, eis que como se trata de patrimônio histórico cultural local do município de Caicó, é evidente a sua competência para a proteção do bem, não havendo nenhum fundamento que justifique a obrigatoriedade de incluir na demanda os outros entes. A legitimidade passiva da empresa GUARARAPES decorre do fato de que o Município, através de contrato público, contratou a referida empresa para realizar a administração do local, o que não vem sendo feito corretamente pelo que a empresa também foi incluída na demanda. Sendo assim, em vista do que foi exposto, verifica-se que a Prefeitura Municipal de Caicó e a empresa GUARARAPES ADM LTDA são partes legitimas para figurarem no polo passivo da ação. Pelo que merece reforma a r. sentença.
V – DOS REQUERIMENTOS E PEDIDOS
Isto posto, requer-se a Vossas Excelências se dignem a conhecer o presente recurso de apelação e, ao final, pede-se que seja dado provimento, para reformar a r. sentença, a fim de que fique reconhecida a legitimidade passiva dos apelados, Prefeitura Municipal de Caicó e GUARARAPES ADM LTDA, determinando- se que outra decisão seja proferida, com a apreciação do mérito da causa.
Nesses termos,
Pede e espera deferimento.
Caicó, 22 de novembro de 2017.
Advogado
OAB

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