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Fato Juridico

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Disciplina: TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL 
Prof. Amadeu Vidonho Junior 
*Está proibida a publicação e uso do presente material sob qualquer forma em qualquer espaço sem autorização do autor. Lei n. 
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UNIDADE IV - FATO JURÍDICO: 4.1. 
Considerações gerais. 4.2. Conceito. 4.3. 
Caracteres e classificação dos fatos jurídicos. 
4.4. Negócios Jurídicos: conceito, classificação 
e elementos. 4.5. Defeitos dos negócios 
jurídicos: nulidade e anulabilidade. 
 
4.1. Considerações gerais: 
 
Conceito de Fato: É qualquer ocorrência natural(natureza) ou humana que 
interessa ou não ao direito. É tudo que acontece no mundo. 
 
4.2. Conceito de fato jurídico: 
 
 Qualquer ocorrência com repercussão para o direito, seja decorrente de 
fatos naturais (NATUREZA: tempestades, enchentes, etc.), sem interferência 
do homem, como os fatos humanos (atos do HOMEM), relacionados com a 
vontade humana que iniciam, modificam, conservam ou terminam relações 
jurídicas. Para Pablo Stolze é 
“Todo acontecimento, natural ou humano, que determine a 
ocorrência de efeitos constitutivos, modificativos ou extintivos 
de direitos e obrigações na órbita do direito, denomina-se fato 
jurídico.”(STOLZE, Pablo; p. 339). 
a)Aquisição de Direitos: 
 -se dá quando um bem jurídico encontra seu titular(dono). 
 a.1) expectativa de direito: mera possibilidade de sua aquisição não 
estando amparada pela legislação em geral. 
 a.2) direito eventual: direito não completo, por falta de elementos básicos 
exigidos por lei. 
 Ex. direito à sucessão legítima – só com a morte do autor da herança. 
 a.3) direito condicional: vinculado a acontecimento futuro e incerto. 
 Ex. se passares na UNAMA te compro um carro. 
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 a.4) originária: não há relação jurídica anterior. Ex. propriedade originária 
(1º proprietário de um bem.) 
 a.5) derivada: relação anterior existente. Ex. bem de dono anterior. 
 a.6) gratuita ou onerosa: de acordo com a existência de contraprestação. 
Ex. contrato de doação (gratuito); compra e venda (onerosa) 
 a.7) a título universal: aquisição de todos os bens em conjunto. Ex. 
substituição do sucedido na totalidade dos bens. 
 a.8) a título singular: aquisição de quota-parte de seus direitos. Ex. 
legado testamentário. 
 a.9) simples ou complexa: constitui-se em um único ato(simples); ou 
complexo, composto por vários/sucessivos atos ou fatos: 
b) Modificação de Direitos: 
 b.1) objetiva(objeto): modificação do objeto. Ex. ao invés de pagar com 
dinheiro, modifica-se, para pagar com um carro. 
 b.2) subjetiva(subjetiva): modificação da pessoa. 
 *direitos da personalidade não admitem troca ou modificação de titular, 
contudo em caso de suposto pai morto, há julgados no sentido de deferir ação 
investigatória avoenga (em face dos avós). 
RECURSO ESPECIAL. FAMÍLIA. RELAÇÃO AVOENGA. 
RECONHECIMENTO JUDICIAL. POSSIBILIDADE JURÍDICA DO 
PEDIDO. 
- É juridicamente possível o pedido dos netos formulado contra o 
avô, os seus herdeiros deste, visando o reconhecimento judicial da 
relação avoenga. 
- Nenhuma interpretação pode levar o texto legal ao absurdo.(STJ 
- REsp 604154/RS). 
 
c) Conservação de Direitos (medidas acautelatórias) 
 c.1) Atos de conservação: evitar perecimento, turbação ou esbulho de 
seu direito.Ex. Posse. 
 c.2) Atos de Defesa do Direito Lesado: ações cognitivas, executivas, 
exercício do direito de ação (art. 5º, XXXV, CF/88) 
 c.3) Atos de defesa preventiva: ameaça evidente. Ex. posse e interdito 
proibitório (501/1.210, CC) 
http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/doc.jsp?livre=avoenga&&b=ACOR&p=true&t=&l=10&i=2
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 c.4) Autotutela: desforço incontinenti com as próprias mãos(502, 1.210, 
§1º; 
d) Extinção de Direitos: 
 Ex. Perecimento do objeto, alienação, a renúncia, o abandono, o 
falecimento do titular, abolição de um instituto jurídico etc. 
 
4.3. Caracteres e classificação dos fatos jurídicos: 
 
Fato 
Jurídico 
Fatos 
naturais 
(em sentido 
estrito) 
Ordinários 
Extraordinários 
Fato humano 
(em sentido 
lato) 
Lícitos 
(ato jurídico lato 
sensu) 
Ato jurídico stricto 
sensu(efeitos legais); 
Negócio jurídico(finalidade 
específica); 
Ato-fato jurídico (. 
Ilícitos 
*A classificação não é pacífica na doutrina. 
 4.3.1) Fato jurídico natural ou stricto sensu: É aquele que independe 
da atuação da vontade humana. Mesmo não havendo elemento volitivo, produz 
efeitos jurídicos com o objetivo de criação, alteração ou extinção de direitos e 
deveres. 
 4.3.1.1) Fato jurídico natural ordinário: É o evento natural 
previsível e comum de ocorrer, que sofre forte influência do tempo. 
 Ex.: morte, nascimento, decurso de prazo, do tempo, etc. 
 4.3.1.2) Fato jurídico natural extraordinário: É o evento 
decorrente da natureza, como o caso fortuito (evento totalmente 
imprevisível) ou a força maior (evento previsível, mas inevitável – Pablo 
Stolze) que traz prejuízos, danos as pessoas. 
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 Principal consequência: isenção de responsabilidade civil 
pelos danos causados, de vez que não houve comportamento culposo 
humano (186, CC). 
 Ex.: Desabamento de um edifício em razão de fortes chuvas; 
incêndio de uma casa provocado por um raio. 
*Casuística: STJ 
3. É de responsabilidade do banco a subtração 
fraudulenta dos conteúdos dos cofres que mantém sob 
sua guarda. Trata-se do risco profissional, segundo a 
qual deve o banco arcar com os ônus de seu exercício 
profissional, de modo a responder pelos danos 
causados a clientes e a terceiros, pois são decorrentes 
da sua prática comercial lucrativa. Assim, se a 
instituição financeira obtém lucros com a atividade que 
desenvolve, deve, de outra parte, assumir os riscos a 
ela inerentes. 
4. Está pacificado na jurisprudência do Superior 
Tribunal de Justiça o entendimento de que roubos em 
agências bancárias são eventos previsíveis, não 
caracterizando hipótese de força maior, capaz de elidir 
o nexo de causalidade, requisito indispensável ao dever 
de indenizar. (STJ – Resp. 1093617/PE) 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL. TRANSPORTE DE 
PASSAGEIRO EM COLETIVO. ASSALTO. 
O assalto à mão armada dentro de coletivo constitui 
força maior que afasta a responsabilidade da 
transportadora pelo evento danoso. (STJ – Resp. AgRg 
no REsp 866619/TO) 
 
 *Obs: o conceito de caso fortuito/força maior não é pacífico na 
doutrina, sendo advindos da doutrina anglo-saxã denominada Acts of God, por 
vezes, são denominados de eventos por força humana/evento da natureza. 
Ex. vulcões: 
 
http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/doc.jsp?livre=for%E7a+maior+e+assalto&&b=ACOR&p=true&t=&l=10&i=1
http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/doc.jsp?livre=for%E7a+maior+e+assalto&&b=ACOR&p=true&t=&l=10&i=6Disciplina: TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL 
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 *Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/internacional/2010/04/16/vulcao.jhtm 
 4.3.2) Fato jurídico humano ou jurígeno: É aquele que depende da 
atuação humana, abrangendo tanto os atos lícitos (voluntários) como ilícitos 
(involuntários). 
 4.3.2.1) Ato jurídico em sentido amplo ou lato sensu: É aquele 
que depende da vontade humana, produzindo os efeitos jurídicos queridos 
pelo agente. 
 4.3.2.2) Ato jurídico em sentido estrito: Configura-se quando 
houver objetivo de mera realização da vontade do titular de um determinado 
direito, não havendo composição de vontade entre as partes. 
 Ex.: Ocupação de um imóvel(fixação de domicílio), 
reconhecimento de um filho, dar um presente de aniversário. 
 Art. 185.: regras aplicáveis aos atos jurídicos em sentido estrito. 
Art. 185. Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios 
jurídicos, aplicam-se, no que couber, as disposições do Título 
anterior. (Livro III, Título I, Negócio Jurídico) 
 4.3.2.3) Negócio jurídico: É o fato jurídico, com elemento volitivo 
qualificado, cujo conteúdo seja lícito, visando regular direitos e deveres 
específicos de acordo com os interesses das partes envolvidas. Inaugura a 
liberdade negocial do indivíduo que criar, modificar, extinguir relações 
jurídicas no ambiente jurídico. 
 Ex.: contratos. É um negócio jurídico bilateral ou plurilateral que visa à 
criação, modificação e extinção de direitos e deveres, com conteúdo 
patrimonial. 
 4.3.2.4) Ato-fato jurídico: É um fato jurídico qualificado por uma 
atuação humana, por uma vontade não relevante juridicamente, mas de efeitos 
relevantes. Está para alguns na classificação dos fatos jurídicos entre o fato 
não jurídico, mas que por vontade humana acaba trazendo efeitos jurídicos 
ilícitos, mas toleráveis socialmente. 
 Ex.: Atos praticados por uma criança na compra e venda de pequenos 
efeitos. A criança (0-12 anos, ECA) é absolutamente incapaz, contudo o ato 
tem intensa aceitação social; 
 4.3.2.5) Ato ilícito: É a conduta voluntária (dolo) ou involuntária 
(culpa – negligência, imprudência e imperícia) que está em desacordo com o 
ordenamento jurídico (violação do direito) causando dano. Inserido pelo art. 
186, CC: 
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/internacional/2010/04/16/vulcao.jhtm
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Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
 -Conceito de culpa: lato (culpabilidade), estrito (negligência, 
imprudência, imperícia) 
 -Consequência: dever de reparar (responsabilidade civil – 927, CC) 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), 
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, 
independentemente de culpa, nos casos especificados 
em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida 
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para 
os direitos de outrem. 
-dano material (patrimônio material), moral (5º, V, X, 
CF/88, imaterial: sofrimento, constrangimento, 
vexame), estético (deformação da integridade física) 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, 
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou 
social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
*Caso: 
“2.1 O arremesso do anão 
O fato é bem conhecido. Uma empresa do ramo de entretenimento para 
juventude decidiu lançar nas discotecas em cidades da região metropolitana 
de Paris e do interior da França, um inusitado certame conhecido como 
arremesso de anão (lancer de nain), consistente em transformar um 
indivíduo de pequena estatura –um anão- em projétil a ser arremessado 
pela platéia de um ponto a outro da casa de diversão. Movido pela natural 
repugnância que uma iniciativa tão repulsiva possa provocar, o prefeito de 
uma das cidades –Morsang-sur-Orge- interditou o espetáculo, fazendo valer 
sua condição legal, de guardião da ordem pública na órbita municipal. Do 
ponto vista legal, o ato de interdição teve por fundamento o Código dos 
Municípios. Por outro lado, a decisão administrativa do Prefeito se inspirou 
em uma norma de cunho supranacional, o art. 3º da Convenção Européia 
de Salvaguarda dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais. 
 
Inconformada, a empresa, em litisconsórcio com o handicap ajuizou ação 
para anular o ato do prefeito perante o Tribunal Administrativo de Versailles 
que lhes deu ganho de causa. Mas em grau de recurso, o Conseil d´Etat 
reformou a decisão do Tribunal Administrativo, por atentado à dignidade 
humana. 
 
Contrariamente ao pensamento dos que se julgam no direito de fazer o que 
querem com seu corpo, em nome da liberdade pública, há os que buscam 
preservar que o direito que toda pessoa tem de agir em juízo para sancionar 
um atentado á dignidade humana, ainda que, independentemente de uma 
lesão a um direito subjetivo, sofrida pessoalmente, como bem ilustram 
outros episódios igualmente conhecidos tanto nos meios sociais, como nos 
meios jurídicos.”* 
Disciplina: TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL 
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*BERTI, Silma Mendes Berti. Direitos da Personalidade. Disponível em: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1718 . Acesso em: 
06 maio 2010. 
 
 Obs.: divergência doutrinária a respeito da classificação do ato 
ilícito como pertence ou não a classificação dos atos jurídicos. 
AVA: 
 
Ou, conforme Pablo Stolze: 
 
 
 
 
 
 
Bibliografia consultada: 
 
FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito 
Civil: Contratos, Parte Geral e LINDB. 9 ed. Salvador: JusPODVM, 
2020. 
GALIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito 
Civil. Parte Geral. Vol. 1, 22ª Ed., São Paulo: Saraiva, 2020. 
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1718
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