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- -1 FARMACOTÉCNICA AVANÇADA SISTEMAS TRANSDÉRMICOS, FORMAS FARMACÊUTICAS ESTÉREIS E SÓLIDAS Suzana Gonçalves Carvalho - -2 Olá! Você está na unidade Farmacotécnica Avançada. Conheça aqui o conceito, os principais componentes que compõem esses sistemas e quais as funções farmacotécnicas de cada um nas formulações, as legislações vigentes que preconizam as formas farmacêuticas, as características físico-químicas envolvidas nessas formulações e as peculiaridades em cada sistema. Os objetivos dessa unidade são delinear e desenvolver formas farmacêuticas sólidas, quando e como escolher a forma farmacêutica de acordo com as características físico-químicas do fármaco e das necessidades do paciente. Bons estudos! - -3 1 Sistemas transdérmicos de liberação de fármacos Sistemas transdérmicos de liberação de fármacos (STLF) são sistemas que possuem como local de aplicação a pele, visando a ação sistêmica. Esses sistemas podem oferecer uma liberação prolongada e controlada, além de manter o nível plasmático, são capazes de liberar o fármaco atravessando a barreira da pele (CHORILLI .,et al 2007). Porém como desvantagem apresentam o fato de que nem todos os fármacos conseguem atravessar a barreira da pele, sendo assim, são sistemas limitados. Figura 1 - Estrutura da pele e seus anexos Fonte: shutterstock, 2020 164345087 traduzida #ParaCegoVer: a imagem mostra a estrutura da pele e suas camadas, os estratos que compõem a epiderme e os anexos da pele. Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /01c764dd028609b8cff26658cec28f67 - -4 Os STLF possuem como principais vantagens: melhor adesão devida à fácil aplicação e redução da toxicidade quando comparado com as formas farmacêuticas orais, não possuem metabolismo de primeira passagem, são liberados de forma lenta, não necessitando de administração frequente, removidos facilmente e com redução de efeitos adversos. Como desvantagens apresentam: podem ser irritantes ao epitélio, aderência pode ser dificultada em alguns tipos de pele e a dosagem é limitada (CHORILLI , 2007). Sistemas transdérmicos ideaiset al. devem ser facilmente removíveis, com perfil de liberação prolongado, prazo de validade longo, com bom aspecto visual, não pode ser irritante a pele e não ter de ser administrado com frequência. - -5 1.1 Promotores de permeação Como uma das problemáticas dos sistemas transdérmicos de liberação é a dificuldade do fármaco de permear a pele, são utilizados promotores de permeação, pois facilitam no processo de permeação. Existem promotores químicos, físicos, biológicos e nanotecnológicos conhecidos, além disso, diversos novos estudos empregam o uso de nanotecnologia com o intuito de facilitar o processo de permeação de fármacos (CHORILLI ., 2007).et al Promotores químicos são aqueles que através de mecanismos alteram a permeação cutânea, os principais mecanismos utilizados são: modificação da hidratação, modificação dos compostos lipídicos constituintes da barreira da pele e alteração de propriedades físico-químicas do extrato córneo, deixando com resistência reduzida. São exemplos de promotores químicos: a água, ácidos graxos, ureia, sulfóxidos, pirrolidonas, tensoativos, azonas e álcoois. Devem ser indolores, inertes, compatíveis aos demais componentes do sistema e realizar ação imediata. Promotores físicos são recursos mais complexos e caros quando comparados aos promotores químicos. São exemplos de promotores físicos: a sonoforese, a iontoforese, microagulhas e a eletropermeabilização. Sonoforese: nessa técnica ocorre o aumento da permeabilidade cutânea através de técnicas de ultrassom. Um agente de acoplamento é adicionado juntamente com o fármaco e por meio de estímulos de ultrassom conseguem romper a pele e favorecer a absorção de fármacos. Iontoforese: favorece o aumento da permeabilidade dos fármacos através de corrente elétrica, ocorrendo eletrorepulsão. É um método não invasivo em que os fármacos permeiam, principalmente, pelos anexos da pele, como glândulas sudoríparas e folículos pilosos. Microagulhas: é uma técnica que vem crescendo amplamente como alternativa e de segunda escolha. São minimamente invasivas e podem ser associadas também a outros promotores de permeação. Essas agulhas apresentam tamanho em micrometros, atuam perfurando o estrato córneo presente no epitélio, facilitando a passagem de fármacos que são administrados por um orifício presente nessas microagulhas. Eletropermeabilização: se trata de uma técnica que atua através de pulsos elétricos. Ao contrário de outros promotores ela atua de forma independente da carga do fármaco, possuindo ou não propriedades lipofílicas ou hidrofílicas. É uma técnica não invasiva e ocorre, quase sempre, por difusão. Promotores biológicos: são representados, principalmente, pelos pró-fármacos que atuam melhorando propriedades físico-químicas do fármaco, podem comprometer sua permeação, tais como coeficiente de partição - -6 e solubilidade. Fármacos hidrofílicos têm mais dificuldade de atravessar a barreira da pele que os lipofílicos por exemplo, devido à afinidade. O emprego de como promotores da permeação de fármacos é algo novo e que vem sendonanocarreadores amplamente estudado, tem como vantagens a proteção e o direcionamento do fármaco, além da capacidade de modular propriedades biofarmacêuticas e biológicas. Compostos nanotecnológicos por possuírem tamanho reduzido e serem passiveis de direcionamento de acordo com o local de ação pretendido, no chamado drug conseguem carrear fármacos e atravessar a barreira da pele. Exemplos de nanocarreadores que podemdelivery atuar como promotores são: lipossomas, nanoemulsões, carreadores lipídicos nanoestruturados, micelas poliméricas, nanopartículas poliméricas e nanopartículas metálicas. Cabe ressaltar que a utilização de nanotecnologia ao contrário dos promotores químicos e físicos, permite a liberação do fármaco no órgão alvo. Tipos de sistemas de liberação transdérmica Sistemas matriciais: são sistemas de liberação de fármacos transdérmicos, em que o fármaco fica disperso ou alojado em uma matriz, geralmente, composta por polímeros, cuja camada adesiva é responsável por controlar a liberação do fármaco. Além da matriz e do adesivo, a liberação do fármaco também está envolvida com propriedades intrínsecas, tal como solubilidade (CHORILLI et al., 2007). Um exemplo de sistemas matriciais são os denominados wound dressings. Sistemas reservatórios: são sistemas de liberação de fármacos transdérmicos, em que o fármaco é um sólido ou uma suspensão sólida, nesse caso, não são controlados pela pele, mas pelo sistema em si por meio de uma membrana microporosa. No entanto, caso haja um rompimento dessa membrana o fármaco ficará exposto, Fique de olho Wound dressings são termos utilizados para denominar uma classe filmes de curativos matriciais. Geralmente, são compostos por polímeros que atuam como sistemas de liberação de fármacos transdérmicos. - -7 requerendo, assim, uma total atenção durante o desenvolvimento desse sistema (CHORILLI et al., 2007). Tanto os sistemas matriciais quanto os sistemas reservatórios contém polímeros em sua composição, o que auxilia no controle da liberação de fármacos. Polímeros são macromoléculas formadas por grupos de monômeros, são amplamente utilizados na indústria em diversas áreas do conhecimento, desde agricultura, móveis, construção civil até a indústria farmacêutica. Podem ser classificados quanto sua obtenção em polímeros naturais e sintéticos. Polímeros naturais são oriundos da natureza, sem modificações estruturais. Suas principais características são reconhecidas por fazerem bons excipientes em sistemas de liberação, atoxicidade, biocompatibilidade, bioadegradabilidade e bioadesão, são exemplos de polímeros naturais: o amido, a quitosana (único polímero natural catiônico), pectina, goma gelana, gelatina, alginato, entre outros. Polímeros sintéticos apresentammodificações estruturais e exibem como principais características bons excipientes em sistemas de liberação, boa resistência mecânica, capacidade filmógena, resistência térmica e capacidade de intumescimento, são exemplos de polímeros sintéticos: o polieletileno, polipropileno, policloreto de vinila (PVC) e poliecetato de vinila (PVA). - -8 2 Formas farmacêuticas estéreis e isotônicas Formas farmacêuticas estéreis são as que apresentam ausência de microrganismos viáveis. Devem passar por um processo de esterilidade podendo ser pelo método físico ou método químico. Os métodos de esterilização físicos são: por calor (úmido ou seco), por radiação ionizante e por filtração, enquanto o método de esterilização químico ocorre por: gás óxido de etileno. Posteriormente, a esterilização e os testes de esterilidade devem ser realizados em pelo menos de 3% a 5% das amostras em lotes de até cem amostras, lotes maiores que esses pelo menos dez tubos ou placas devem ser realizados, incubando durante quatorze dias e verificando se há ou não o crescimento de microrganismos (BRASIL, 2019). Não só a matéria-prima, mas como todos materiais utilizados na manipulação desses medicamentos devem estar esterilizados. O ambiente deve ser segregado da manipulação dos demais medicamentos, os equipamentos de proteção individual também devem estar esterilizados e as luvas serem trocadas a cada duas horas. Suspensões injetáveis, soluções oftálmicas, soluções nasais e soluções injetáveis devem ser estéreis, por serem dedicados às vias invasivas. Formas farmacêuticas isotônicas são aquelas que possuem meio tamponado de forma a ter similaridade com o meio biológico. Assim, suspensões injetáveis, soluções oftálmicas, soluções otológicas, soluções nasais e soluções injetáveis devem ser isotônicas. 2.1 Suspensões injetáveis São suspensões destinadas ao uso parenteral, devendo ser isotônicas e estéreis, suas partículas devem conter entre um e dez micrometros. Podem ser aquosas ou oleosas. Possuindo como principal vantagem a ação prolongada, já quanto à principal desvantagem seria a ação por depósito, sendo essa uma injeção muito dolorida. A suspensão deve vir preparada de fábrica ou uma embalagem contendo o pó para suspensão, na embalagem é preciso conter uma descrição de como se deve preparar a formulação. Um exemplo muito utilizado de suspensões injetáveis é o Benzetacil , um pó para suspensão intramuscular que tem como composto ativo a® Benzilpenicilina Benzatina (Penicilina G), antibiótico muito utilizado em centros de emergências hospitalares. - -9 2.2 Soluções oftálmicas São formas farmacêuticas líquidas também denominadas como , estéreis, isotônicas com o pH decolírios aproximadamente 7,4. Devem ser utilizados nas pálpebras e olhos. A embalagem primária deve ser em recipientes conta-gotas para facilitar a autoadministração e facilitar no doseamento (uma gota deve ter quantidade para cobrir um olho). São utilizados para diversas ações, como por exemplo: lubrificantes, antibióticos, anti-inflamatórios, antialérgicos, anestésicos, para tratamento de glaucoma, descongestionante, entre outros. Um exemplo de colírio é o Systane , utilizado como lubrificante para os olhos ® (ANSEL ., 2000)et al . 2.3 Soluções otológicas São formas farmacêuticas líquidas utilizadas no ouvido. São isotônicas, com pH entre 5 e 8, caracterizadas por serem viscosas, assim como as soluções oftálmicas sua embalagem é disposta em frascos conta-gotas para facilitar a autoadministração. São utilizadas principalmente para infecções, inflamações, dor e remoção de cerúmen (ANSEL ., 2000et al ). 2.4 Soluções nasais São formas farmacêuticas líquidas estéreis e isotônicas, com pH entre 5 e 7, destina-se à administração nasal, pode ser utilizada para efeito local ou sistêmico. São administradas, normalmente, em tratamentos contra infecções, como descongestionante nasal e anti-inflamatórios. Diversos estudos identificam as soluções nasais como formas farmacêuticas de veiculação de fármacos para alcance do sistema nervoso central. Um exemplo de solução nasal é o Sorine , que utiliza o cloreto de sódio como fármaco, atuando como descongestionante nasal ® (ANSEL ., 2000)et al . - -10 2.5 Soluções injetáveis Soluções injetáveis são formas farmacêuticas destinadas ao uso parenteral. São utilizadas, em sua maioria, em unidades de emergência quando se deseja uma resposta rápida. Sua principal vantagem é a ação acelerada, já a desvantagem seria a via de administração muito invasiva, além de que sua aplicação deve ser realizada por profissionais capacitados. Figura 2 - Solução injetável Fonte: iStock-483968360, 2020. #ParaCegoVer: a imagem mostra uma solução injetável estéril sendo retirada com uma seringa para administração. - -11 2.6 Água para injetáveis Farmacotecnicamente existem diversos tipos de termos que diferenciam as águas para as preparações farmacêuticas, como por exemplo: água purificada, água ultrapurificada, água para uso farmacêutico e água para injetáveis. Cada uma dessas deve possuir processamentos diferentes para cumprir determinada função. A água para injetáveis é utilizada nas preparações de formas farmacêuticas de uso parenteral, são purificadas por meio de destilação em destilador de vidro, aço inox ou quartzo. Os testes bacterianos desse tipo de água devem atender à contagem total £ 10 UFC/100 mL, endotoxinas < 0,25 EU/mL e ausência de coliformes e Pseudomonas (BRASIL, 2019).sp - -12 3 Legislação A RDC nº. 67, de 08 de outubro de 2007, dispõe sobre boas práticas de manipulação de preparações magistrais e oficinais para uso humano em farmácias, relata, também, sobre a obrigatoriedade do cumprimento de especificações descritas por ela sobre a manipulação de medicamentos do grupo IV (manipulação de produtos estéreis). De acordo com a legislação, todos os colaboradores encarregados pelas formas farmacêuticas estéreis devem passar por um treinamento, em que serão passadas informações de higiene e todo conhecimento sobre boas práticas de manipulação. O vestuário deve ser próprio para uso da sala de estéreis, o uniforme deve ser esterilizado de forma que em hipótese nenhuma possa correr o risco de contaminação. A infraestrutura do espaço destinado aos medicamentos estéreis deve conter: sala de pesagem, sala de higienização e esterilização, sala de manipulação, área para envase, quarentena, rotulagem e embalagem e uma antecâmara para a paramentação adequada. Todo e qualquer equipamento devem ser passíveis de limpeza. Um monitoramento do ambiente de manipulação deve ser realizado frequentemente, no ar e em superfícies seguindo métodos validados. Toda matéria-prima deve ser recebida e conferida criteriosamente por um farmacêutico, sendo que todo lote deve possuir com certificado de análise, garantido a pureza microbiológica e físico-química. A água utilizada no desenvolvimento de produtos estéreis deve ser obtida pela própria farmácia de manipulação, seguindo o preconizado pela Farmacopeia Brasileira vigente. É imprescindível a presença de um farmacêutico ativo e de um controle de qualidade rigoroso nesses produtos, além da aplicação de todos os métodos validados, pois só assim será possível garantir a qualidade desses produtos. Ademais, é importante que a farmácia disponha de procedimentos operacionais padrão (POPs), desde a lavagem de mãos e antebraços, preparo da água estéril e preparo das formas farmacêuticas, a fim de padronizar todos os procedimentos e reduzir a possibilidade de erros. Além de seguir e preparar os POPs de acordo com a RDC 67/2007, é indispensável elaborar procedimentos de acordo com a Farmacopeia Brasileira de acordo com as atualizações. • A água utilizada no desenvolvimento de produtos estéreis deve ser obtida pela própria farmácia de manipulação, seguindo o preconizado pela Farmacopeia Brasileira vigente. É imprescindível a presença de um farmacêutico ativo e de um controle de qualidade rigoroso nesses produtos, além da aplicação detodos os métodos validados, pois só assim será possível garantir a qualidade desses produtos. Ademais, é importante que a farmácia disponha de procedimentos operacionais padrão (POPs), desde a lavagem de mãos e antebraços, preparo da água estéril e preparo das formas farmacêuticas, a fim de padronizar • - -13 todos os procedimentos e reduzir a possibilidade de erros. Além de seguir e preparar os POPs de acordo com a RDC 67/2007, é indispensável elaborar procedimentos de acordo com a Farmacopeia Brasileira de acordo com as atualizações. Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /c42c3628c8c1fcb9ee1775dc6330bd1c Fique de olho É obrigatória a revisão e inspeção de todas as unidades de produtos estéreis. - -14 4. Formas farmacêuticas sólidas Formas farmacêuticas sólidas são aquelas cujo apresentação final se encontram no estado sólido, são representadas pelos pós, grânulos, comprimidos, drágeas, cápsulas e supositórios (ANSEL ., 2005)et al . Apresentam vantagens e desvantagens quando comparadas com as formas farmacêuticas líquidas. Em relação às vantagens, podemos citar: a autoadministração, a permissão de associações entre fármacos, a proteção do sabor e odor, a possibilidade de serem unidoses, o uso de poucos excipientes e melhor estabilidade microbiológica. Quanto às desvantagens, as principais são: instabilidade frente à umidade, podem aderir ao esôfago e desintegrar antes de chegar ao estomago, além de que são fármacos de difícil deflutição, principalmente, se pensarmos em crianças, idosos e enfermos. Partículas sólidas devem apresentar propriedades físicas adequadas ao preparo de formulações, podendo influenciar diretamente nas propriedades do produto final, tais propriedades físicas são: Granulometria: diz respeito à diferença na distribuição do tamanho das partículas. Partículas com granulometria elevada podem comprometer a uniformidade de dose, peso médio, dissolução, dureza e desintegração. Morfologia: a morfologia de partículas está diretamente relacionada à integridade do produto final. Diferentes fármacos com morfologia distintas podem apresentar diversas biodisponibilidades. Além disso, a morfologia também pode influenciar no preparo das formas farmacêuticas, partículas esféricas por exemplo, tendem a escoar mais facilmente, ainda podem influenciar no peso, desintegração, dureza, uniformidade de conteúdo e dissolução. Densidade aparente: pós sob um mesmo peso podem apresentar volumes diferentes, por isso antes do preparo de qualquer forma farmacêutica sólida é importante calcular sua densidade aparente e compactada, por meio desses parâmetros é preciso calcular o índice de Carr (IC%) que está diretamente ligado ao fluxo do pó. Tanto densidade aparente quanto densidade compactada são realizados geralmente em proveta e atribuídos na fórmula: - -15 4.1 Pós e grânulos Os são formas farmacêuticas simples, que geralmente possuem poucos excipientes, poucas etapas em seupós processo produtivo e são diluídos ou ressuspensos para uso oral. São utilizados para o preparo de outras formas farmacêuticas como cápsulas, grânulos, comprimidos, entre outros. Os por sua vez, passam por umgrânulos, processo de agregação. Também podem ser utilizados no preparo de outras formas farmacêuticas como: comprimidos e cápsulas. Se comparados aos pós apresentam as seguintes vantagens: ingestão é mais agradável, a posologia é mantida, ao contrário dos pós não se agregam entre si e podem ser revestidos. Os grânulos podem ser preparados pela e pela . A via seca se trata de um processo mais simples e com menosvia seca via úmida etapas, porém, são poucos os pós que conseguem granular sem a adição de (são aquelesagentes aglutinantes responsáveis por favorecer a aglomeração dos pós) (AULTON, 2005). Grânulos preparados por via úmida passam pelo seguinte processo: 1º passo: mistura dos pós que irão compor o grânulo; 2º passo: umedecimento da massa através de agente aglutinante; 3º passo: granulação em tâmis (pode-se escolher o tâmis de acordo com o tamanho final do grânulo que se deseja); 4º passo: secagem dos grânulos. - -16 4.2 Comprimidos e drágeas Comprimidos e drágeas são produzidos, geralmente, em escala industrial e não escala magistral, devido ao seu alto custo e a rigorosidade no controle de qualidade. Assim como os grânulos podem ser preparados por via úmida ou via seca, a maioria dos medicamentos disponíveis estão em forma de comprimidos. Devem passar pelos testes de controle de qualidade em relação à friabilidade, dureza, desintegração e dissolução, além dos testes analíticos. As vias de administração comumente encontradas são oral, sublingual e vaginal. Existem comprimidos revestidos e não-revestidos. Vale lembrar que apenas comprimidos contendo podem sersulcos partidos, na figura 3 é possível observar comprimidos com e sem sulcos. Figura 3 - Comprimidos normais e com sulcos - -17 Figura 3 - Comprimidos normais e com sulcos Fonte: shutterstock, 2020. ID - 2770387 #ParaCegoVer: a imagem mostra comprimidos normais e comprimidos com sulcos, indicando a possibilidade e local do fracionamento. Drágeas são formas farmacêuticas revestidas, que podem conter revestimento funcional ou não-funcional. O revestimento funcional tem como principal função modificar a liberação de determinado fármaco, o revestimento não-funcional são aplicados por questões estéticas (cor ou sabor) ou para facilitar o processo produtivo. São utilizados para revestimento equipamentos tais como: bacia circular ou bacia de revestimento convencional, bacia perfurada e leito fluidizado (AULTON, 2005). 4.3 Supositórios São formas farmacêuticas sólidas de administração retal exercendo, principalmente, efeitos locais. São fundidos na temperatura corporal. Seus principais usos para ação local são: laxativos, tratamento para hemorroidas, anti- inflamatórios e anestésicos, seus principais usos para ação sistêmica, antirreumáticos, antitérmicos, antieméticos e analgésicos (AULTON, 2005). As principais vantagens dos supositórios são: evitar efeito de primeira passagem, são mais eficientes com fármacos irritantes ao tubo digestivo, mais eficientes com fármacos eméticos, melhor administração para pacientes idosos e/ou eméticos, ideal para pacientes com dificuldade de deglutição e maior conforto. As principais desvantagens dos supositórios são: preconceito relacionados à via de administração, desconforto terapêutico, sendo mais indicados, apenas, na pediatria e geriatria. Fique de olho Sulcos são marcações que indicam se podem e onde um medicamento pode ser fracionado. Comprimidos revestidos e medicamentos controlados, não podem ser fracionados. - -18 4.4 Cápsulas Cápsulas são formas farmacêuticas sólidas responsáveis pela veiculação de fármacos. São produzidas tanto a nível industrial quanto magistral. São administradas usualmente pela via oral, porém, também existem cápsulas de administração nasal, retal e vaginal. Além de fármacos convencionais, as cápsulas também são formas farmacêuticas de escolha para medicamentos fitoterápicos (ANSEL , 2000); (AULTON, 2005)et al. . Os principais adjuvantes farmacêuticos utilizados na produção de cápsulas são: diluentes, desagregantes, tensoativos, adsorvente, lubrificante e o invólucro. Os apresentam a principal função farmacotécnica de dardiluentes volume as cápsulas. São exemplos de diluentes utilizados no preparo de capsulas: a lactose, o manitol, o sorbitol e a celulose microcristalina. Os desagregantes ou desintegrantes são utilizados no preparo de cápsulas para facilitar a desagregação, podem atuar por diferentes mecanismos, sendo eles: por formação de gases, formação de canais e por intumescimento. São exemplos de agentes desagregantes: a croscamelose sódica, carboximetilamido, amido, a celulose microcristalina, ácido algínico, alginato de sódio e a povidona. Os agentes tensoativos facilitam o contato dos pós com os fluídos biológicos atravésda redução da tensão superficial. Um exemplo de agente tensoativo utilizado no preparo de cápsulas é o lauril sulfato de sódio. Os adsorventes são utilizados em formulações de cápsulas para evitar que ocorra adsorção de umidade, pois a umidade pode comprometer a integridade das cápsulas. É um exemplo de agente adsorvente o dióxido de silício coloidal (Aerosil®). Os lubrificantes são adicionados para facilitar o escoamento dos pós, além disso evitam a adesão e permite o enchimento. Um exemplo de agente lubrificante utilizado no preparo de cápsulas é o estearato de magnésio. Os invólucros são responsáveis por proteger todo conteúdo do medicamento, são geralmente compostos de polímeros, como a gelatina. Os invólucros podem variar em diversos tamanhos de 000 (que representam os maiores invólucros) até 5 (que representam os menores invólucros). Um invólucro deve estar totalmente preenchido, por isso é importante conhecer a quantidade que será necessária preencher para que seja feita a escolha correta do invólucro. Seguem abaixo todos os invólucros existentes e a capacidade máxima de cada um: 000: capacidade de 1500 miligramas ou de 1,36 a 1,37 mililitros; - 00: capacidade de 1000 miligramas ou de 0,91 a 0,95 mililitros; - 0: capacidade de 500 miligramas ou de 0,67 a 0,68 mililitros; - -19 - 1: capacidade de 350 miligramas ou de 0,48 a 0,50 mililitros; - 2: capacidade de 250 miligramas ou 0,37 mililitros; - 3: capacidade de 150 miligramas ou de 0,27 a 0,30 mililitros; - 4: capacidade de 100 miligramas ou de 0,20 a 0,21 mililitros; - 5: capacidade de 50 miligramas ou de 0,12 a 0,13 mililitros. Para entender como funciona o delineamento de cápsulas, como calcular a dosagem e a quantidade a ser preparada, segue um exemplo prático de um caso clínico que pode vir acontecer em uma farmácia magistral envolvendo cápsulas. Vejamos: uma determinada paciente relata estar passando por um longo período de estresse durante sua faculdade, causando efeitos tais como: manchas na pele e insônia. Ao consultar um médico, ele prescreve uma associação de fitoterápicos de uso oral, sendo eles, o extrato seco de L.Hypericum perforatum e o extrato seco de . No receituário ainda consta que se deve tomar uma cápsula, três vezesPassiflora incarnata ao dia, durante noventa dias. A partir disso algumas perguntas devem ser feitas durante o processo de delineamento. Quais excipientes utilizar? Quantas cápsulas devem ser preparadas? À vista disso, segue uma proposta de formulação contendo os dois fitoterápicos prescritos: Quadro 1 - Tabela farmacotécnica Fonte: elaborado pela autora, 2020. #ParaCegoVer: a tabela mostra o percentual de alguns componentes de acordo com a função farmacotécnica. A tabela mostra componentes de uma formulação proposta para compor as cápsulas a partir do problema proposto. Sabendo que a paciente deve tomar uma cápsula, três vezes por dia, a cada dia ela usará 3 cápsulas, durante 90 dias ela terá que tomar duzentas e setenta cápsulas. Devem, então, ser preparadas 270 cápsulas a fim de cumprir o tratamento, não é aconselhável fazer um número maior de cápsulas para não favorecer a sobra de - -20 medicamentos gerando as farmácias caseiras. Além das formas farmacêuticas relatadas aqui, existem outras formas de interesse para situações especiais, denominadas por .formas farmacêuticas alternativas 4.5 Diluição geométrica Diluição geométrica é um método utilizado em farmácias magistrais e industrias, com o objetivo de homogeneizar de forma correta os pós (princípio ativo e adjuvantes farmacêuticos). O principal propósito é garantir a segurança e exatidão na distribuição de pós. A diluição é feita de forma gradual em gral de porcelana, a diluição é expressa em porcentagem (por exemplo, 10%) ou por proporção (por exemplo, 1:10). A diluição é feita aos poucos até que todo fármaco e diluente seja homogeneizado. Abaixo, seguem um exemplo de como realizar uma diluição geométrica, tendo como parâmetro uma diluição 1:10: • pesar o fármaco e o diluente;1º passo: • adicionar o fármaco pesado (um grama) em gral de porcelana e triturar, reduzindo o tamanho 2º passo: de partícula; • adicionar uma parte do diluente (um grama) sob o fármaco contido no gral, homogeneizar o 3º passo: máximo possível; • adicionar mais uma parte do diluente (um grama) sob o pó homogeneizado no gral e misturar;4º passo: • 5º passo ir adicionando sucessivamente o diluente sob o pó homogeneizado até que seja incorporado : todo o diluente (nove gramas). • • • • • - -21 4.6 Elaboração de cápsulas Para o preparo das cápsulas é importante conhecer propriedades relacionadas a todos excipientes que irão compor a formulação. Além das suas propriedades químicas, também suas propriedades físicas, tais como: granulometria, morfologia, densidade aparente, porosidade, coesividade e higroscopia. representa uma característica de substâncias que absorvem facilmente a umidade do ambiente,Higroscopia podendo até se dissolver. Exemplo: sal de cozinha. Além das propriedades químicas e físicas é fundamental conhecer as particularidades relacionadas ao paciente, como por exemplo, o paciente é intolerante à lactose? Se sim, a lactose não poderá ser empregada como diluente na formulação. A quantidade de fármaco e a densidade aparente são parâmetros de extrema importância para a escolha do tamanho do invólucro, além disso, analisar a capacidade de deglutição. Uma cápsula 000 é muito grande para pediátricos, nesses casos não seria mais aplicável dividir a dosagem em duas cápsulas menores? Abaixo, seguem os passos de como elaborar as cápsulas: • 1º passo: a partir dos cálculos de densidade aparente e compactada será definida a concentração de fármaco a ser utilizado, em seguida, deve-se escolher o invólucro que melhor se adequa, lembrando que devemos utilizar a menor quantidade de excipiente possível; 2º passo: definir quais adjuvantes farmacêuticos serão utilizados; 3º passo: preencher a encapsuladora com a parte debaixo das cápsulas; 4º passo: misturar por diluição geométrica o fármaco e os excipientes que irão compor a cápsula; • 5º passo: preencher as cápsulas com toda a mistura, não podendo sobrar nenhum pó, pois isso reduzirá a dose. Utilizar espátula para auxiliar nesse processo; 6º passo: tampar as cápsulas e limpá-las; 7º passo: realizar o peso médio de acordo com a farmacopeia; 8º passo: envasar e embalar. • • Fique de olho Utilize embalagens contendo sílica para evitar que as cápsulas absorvam umidade, pois isso compromete a estabilidade do produto. Além disso, durante o preparo da cápsula é importante ter um controle da umidade do ambiente. - -22 Peso médio de cápsulas duras de acordo com a Farmacopeia Brasileira 6ª edição (2019): Devem pesar vinte unidades das cápsulas preparadas individualmente. Após pesado, remover o conteúdo, limpar e pesar as cápsulas vazias, individualmente. Determinar o peso médio (somar o valor das vinte cápsulas e dividir por vinte). No máximo duas cápsulas podem estar fora da especificação (± 10% para cápsulas com menos de 300 mg e 7,5% para cápsulas com 300 mg ou mais). Nenhuma cápsula pode estar abaixo ou acima do dobro das porcentagens. O controle de qualidade de cápsulas deve cumprir a RDC 67/2007 e seguir os métodos farmacopeicos (última atualização em 2019) que descreve como elaborar cada procedimento. O controle de qualidade é imprescindível e obrigatório para todas as farmácias magistrais, podendo elas terceirizar esses serviços quando se trata de cápsulas, ao contrário das formas farmacêuticas estéreis que a própria farmácia de manipulação deve assumir o controle de qualidade. Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /cb83e31fd2871225fcb0f7ab6e45d5af é isso Aí! Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • Conhecer a respeito dos sistemas transdérmicos de liberação de fármacos; • Entender sobre os promotores da permeação; • Compreender os tipos de liberação transdérmica;• Notar as formas farmacêuticas isotônicas e estéreis; • Analisar a aplicação de formas farmacêuticas isotônicas e estéreis; ter um controle da umidade do ambiente. Fique de olho A manipulação de medicamentos fitoterápicos em cápsulas pode ser realizada também em farmácias magistrais e a técnica de preparo é a mesma dos medicamentos convencionais. • • • • • - -23 • Analisar a aplicação de formas farmacêuticas isotônicas e estéreis; • Conhecer a legislação vigente a respeito da manipulação de produtos estéreis; • Identificar as principais vantagens e desvantagens das formas farmacêuticas sólidas comparadas às formas farmacêuticas líquidas; • Explorar sobre cápsulas e saber quais excipientes são utilizados em sua composição e sua devida função; • Aprender como realizar uma diluição geométrica e como desenvolver cápsulas. Referências ANSEL, H. C.; POPOVICH, N. G.; ALLEN, L. V. . SãoFormas farmacêuticas e sistemas de liberação de fármacos Paulo: Editorial Premier, 2000. AULTON, M. E. . 2. ed. São Paulo: Artmed, 2005.Delineamento de formas farmacêuticas BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. . 6. ed. Brasília: Anvisa, 2019.Farmacopeia brasileira BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n. º 67 de 08/10/2007. Diário Oficial da União. CHORILLI, M.; BRIZANTE, A.C.; RODRIGUES, C.A.; SALGADO, H.R.N. Aspectos gerais em sistemas transdérmicos de liberação de fármacos. Revista Brasileira de Farmácia, v. 88, n. 1, p. 7-13, 2007. • • • • •
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