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Pratica Tributária - Darlan Barroso - 2019

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1. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL 
1.1 Principais características 
O s embargos à execução fiscal constituem uma ação autônoma incidente a um processo 
principal, que é o processo de execução fiscal. Como ação, deverá obedecer aos requisitos do art. 
319 do CPC/2015. 
Mesmo tendo natureza jurídica de ação, os embargos são dependentes de uma execução fiscal, 
devendo ser distribuídos por dependência, uma vez que o próprio juiz que determina a 
execução fiscal tem a competência para julgar a ação de embargos. 
Trata-se de uma espécie de ação em que o sujeito passivo (executado) visa defender-se com a 
possibilidade de obter o efeito suspensivo enquanto não houver o julgamento de mérito. 
Para que haja a execução fiscal, faz-se necessário que a Fazenda Pública possua um título 
executivo. Este título executivo extrajudicial é a certidão de dívida ativa (CDA). Assim, os 
embargos são, inicialmente, uma forma de tornar inválida e insubsistente a certidão de dívida 
ativa. 
Uma vez inscrita em dívida ativa, as dívidas sem garantia integral ou exigibilidade suspensa são 
registradas perante o CADIN (Cadastro Informativo de créditos não quitados), banco de dados onde 
são registrados os nomes dos contribuintes responsáveis por débitos perante órgãos públicos 
federais, regido pela Lei 10.522/2002. 
A inclusão do devedor no CADIN ocorre 75 (setenta e cinco) dias após a notificação sobre o 
possível registro, e a suspensão ou exclusão do nome do devedor do cadastro ocorre até 5 (cinco) 
dias úteis após a comprovação da regularização da situação que deu causa a inclusão. 
O procedimento de inscrição foi posteriormente regulamentado pela Portaria PGFN 810/2009, 
vedando a inclusão de débitos inferiores a R$ 1.000,00 (mil reais). 
Para que os embargos possam ser recebidos e processados com o fito de suspender o curso do 
processo executivo, deverá ser oferecida uma garantia de execução. Essa garantia poderá ser 
realizada por meio de depósito, fiança bancária, seguro-garantia ou penhora de bens. 
Levando em consideração a mantença do dispositivo anterior, de acordo com o CPC/2015, os 
embargos à execução não terão efeito suspensivo, salvo se comprovada a existência de grave 
dano de difícil ou incerta reparação, nos termos do art. 919, § 1º, do CPC/2015. 
Art. 919. Os embargos à execução não terão efeito suspensivo. 
§ 1º O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando 
verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória e desde que a execução já esteja 
garantida por penhora, depósito ou caução suficientes. 
Conforme prevê o art. 16 da Lei 6.830/1980, o prazo para que o executado possa opor os embargos 
é de 30 (trinta) dias, tendo esse prazo natureza peremptória. 
O prazo para oposição dos embargos passa a ser contado: 
I – da data do depósito realizado nos autos; 
II – da juntada da prova de fiança bancária ou do seguro garantia; 
III – da intimação da penhora. 
Pelo regramento geral, o prazo passa a ser contado a partir da intimação pessoal feita ao 
executado, não levando em consideração a data da publicação. 
1.2 Cabimento 
A ação de embargos à execução fiscal tem cabimento quando da existência de uma execução fiscal 
em que o sujeito passivo tenha recebido a citação. 
Enquanto o sujeito passivo não receber a citação da execução fiscal, não haverá a formação do 
processo executivo, tendo cabimento a ação anulatória de débito fiscal. 
Assim, concluímos: 
Leva-se em consideração que o cabimento dos embargos à execução fiscal como medida de 
defesa após a citação da execução fiscal é a regra geral. Contudo, poderá existir a possibilidade 
de arguição de exceção de pré-executividade, nas hipóteses de que trataremos adiante. 
Na ação de embargos à execução fiscal caberá a suspensão da ação de execução fiscal, tendo por 
fundamento o art. 919, § 1º, do CPC/2015, devendo o executado expor a existência de grave dano 
de difícil ou incerta reparação. 
Tivemos vários julgamentos desfavoráveis perante o STJ sobre a utilização do antigo art. 739-A, § 
1º, do CPC/1973, alegando alguns Ministros que tal artigo não poderia ser utilizado, uma vez que a 
lei de Execução Fiscal é específica, não se admitindo o uso do referido artigo para a suspensão do 
curso do processo executivo. 
Entretanto, é cediço o entendimento de que, nas omissões da lei de Execução Fiscal, aplicar-se-á, 
sempre de maneira subsidiária, o CPC. Assim, mantém-se o uso do art. 919, § 1º, do CPC/2015 para 
a concessão do efeito suspensivo. 
1.3 Competência 
A ação de embargos à execução fiscal deverá ser distribuída por dependência a uma execução 
fiscal existente. Neste caso, o juízo das execuções competente é aquele em decorrência do tributo 
em questão, se federal, estadual ou municipal. 
Assim, podemos definir a competência para oposição dos embargos à execução fiscal conforme 
abaixo: 
AJUIZAMENTO DA EXECUÇÃO FISCAL
Não ocorreu a citação Ocorreu a citação
Ação Anulatória de Débito Fiscal Embargos à Execução Fiscal
TRIBUTOS FEDERAIS TRIBUTOS ESTADUAIS/MUNICIPAIS
Note bem 
Nos exames da OAB, o candidato somente deverá se utilizar dos endereçamentos acima indicados 
caso o problema não identifique o juízo das execuções. 
1.4 Fundamento da ação e nomenclatura adequada 
A ação de embargos à execução fiscal tem o seu fundamento nos arts. 16 da Lei 6.830/1980 e 319 
do CPC/2015. Caberá o pedido de efeito suspensivo da execução fiscal, nos termos do art. 919, § 
1.o, do CPC/2015, mas este não é utilizado como fundamento da ação de embargos, podendo 
conter apenas no corpo da medida judicial. 
É certo que, mesmo que tenhamos algumas discussões relevantes, só se faz possível o recebimento 
e processamento dos embargos mediante a apresentação de garantia do juízo, à luz do art. 16, § 1o, 
da Lei 6.830/1980. 
Assim, a nomenclatura correta a ser adotada é: Embargos à Execução Fiscal ou Ação de 
Embargos à Execução Fiscal. 
1.5 Pedido 
O pedido na ação de embargos à execução fiscal deverá conter os seguintes itens: 
I – que os presentes Embargos sejam recebidos e processados por dependência à Execução Fiscal, 
concedendo-lhe o efeito suspensivo imediato, nos termos do art. 919, § 1.o, do CPC/2015 até a 
decisão final; 
II – sejam acolhidos e julgados procedentes, para os fins de desconstituição do título executivo e a 
consequente extinção da Execução Fiscal, nos termos do artigo... (indicar os artigos que 
fundamentaram o direito); 
III – a exclusão do Executado do polo passivo, bem como o levantamento da penhora do imóvel 
(quando ocorrer a penhora), por medida de justiça; 
IV – a intimação da Embargada, na pessoa de seu procurador, para manifestar-se sobre os presentes 
Embargos; 
V – condenação da Embargada nas custas processuais e honorários advocatícios. 
Importante 
Para o exame da OAB, há um pedido extra a ser elaborado ou então sua indicação em forma de 
tópico apartado, no que diz respeito à audiência de Conciliação e Mediação, em que pese, na prática 
jurídica, tal fato ser um tanto quanto controverso em razão de o crédito público consistir um bem 
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ... 
Vara das Execuções Fiscais Federais da Seção 
(ou Subseção) Judiciária de ...
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 
... Vara das Execuções Fiscais da Comarca de ... 
ou 
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do 
Anexo Fiscal da Comarca de ...
público indisponível. Nesse sentido, entendemos salutar frisar: “a opção pela não realização da 
audiência de Conciliação e Mediação, nos termos do art. 319, VII, do CPC/2015, ou indicar sobre a 
Impossibilidade da Conciliação (autocomposição), conforme art. 334, § 4º, II, do CPC/2015”. 
1.6 Das provas e valor da causa 
Conforme anteriormente indicado, as provas devem estar trazidas na petição inicial, para os fins de 
corroborar com a pretensão jurídica. 
O valor da causa também deverá ser indicado obrigatoriamente, sob pena de invalidação.No caso dos embargos à execução fiscal, podem ser alegadas em juízo todas as matérias de defesa 
pertinentes, com a possibilidade de trazer todas as provas em direito admitidas. 
Sendo assim, as provas poderão ser indicadas da seguinte forma: 
Protesta provar todo o alegado por todos os meios em direito admitidos, principalmente pela guia de 
pagamento dos tributos pagos indevidamente e outras que se fizerem necessárias ao esclarecimento 
do Douto Juízo. 
No que tange ao valor da causa, este poderá ser indicado da seguinte forma: 
Dá-se à causa o valor de R$ ... (valor por extenso). 
1.7 Desfecho 
O desfecho é a conclusão da medida judicial dentro dos padrões de técnica forense. 
O desfecho mais indicado passa a ser o seguinte: 
Termos em que, pede deferimento. 
Local, data. 
Advogado(a) OAB/ ... n.o ... 
1.8 Modelo de embargos à execução fiscal 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ANEXO FISCAL DA 
COMARCA DE SERRA NEGRA 
(espaço de cinco linhas) 
Distribuição por Dependência 
Execução Fiscal nº... 
João, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da Cédula de Identidade RG nº.., devidamente 
inscrito no CPF/MF sob o nº..., residente e domiciliado na ..., bairro, cidade, Estado, por meio de 
seu advogado que esta subscreve (instrumento de mandato incluso), com escritório na ..., bairro, 
cidade, Estado, onde receberá as devidas intimações, nos termos do art. 103 do Código de Processo 
Civil de 2015, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 16 da Lei 
6.830/1980 e art. 319 do Código de Processo Civil de 2015, opor os presentes 
EMBARGOS ÀEXECUÇÃO FISCAL 
que lhe move a Municipalidade de Serra Negra, pessoa jurídica de direito público interno, já 
devidamente qualificada, por meio de seu procurador, pelos motivos de fato e de direito a seguir 
aduzidos: 
I – DOS FATOS 
O Embargante adquiriu, em 1980, um imóvel situado na zona rural do Município de Serra Negra. 
Em 2009, a Câmara Municipal aprovou lei que alterou o perímetro urbano do Município, passando 
a incluir o imóvel do Embargante. Porém, a área manteve características típicas de zona rural, sem 
apresentar qualquer espécie de equipamento urbano, tal como água encanada, iluminação pública, 
saneamento básico ou calçamento. 
Recentemente, o Embargante recebeu notificação de lançamento de IPTU relativo ao exercício de 
2010. Como não apresentou pagamento, o débito foi inscrito em dívida ativa e ajuizada a presente 
execução fiscal, sendo intimado o Autor da penhora de outro imóvel de sua propriedade. 
Não concordando com a referida exação, não resta ao Embargante alternativa senão a oposição dos 
presentes embargos. 
II – DO DIREITO 
a) Do cabimento do presente Embargo e sua tempestividade 
Nos termos do art. 16 da Lei 6.830/1980, quando da citação válida do devedor haverá o cabimento 
de Embargos à Execução Fiscal dentro do prazo de 30 (trinta) dias contados do depósito, juntada da 
fiança bancária ou seguro garantia ou da intimação da penhora. 
Ante a existência da tempestividade e das demais exigências legais, mostra-se compatível o uso da 
presente medida judicial, conferindo-se a suspensão do processo executivo até a decisão final de 
mérito. 
b) Do mérito 
O imposto sobre a propriedade territorial urbana é um imposto de competência municipal, previsto 
no art. 156, I, da Constituição Federal e no art. 32 do Código Tributário Nacional. 
Conforme os fatos supracitados, o imóvel pertencente ao Embargante estava situado na zona rural 
da Embargada e, com a modificação legislativa, passou este imóvel a ser incluído no perímetro 
considerado urbano. 
Ocorre, Excelência, que, para definição de zona urbana, o art. 32, § 1º, do Código Tributário 
Nacional determina que a lei municipal deve considerar pelo menos a existência, no mínimo, de 
melhoramentos indicados em dois incisos do referido artigo. 
A zona onde se situa o imóvel do Embargante conserva todas as características rurais, não 
possuindo quaisquer dos melhoramentos indicados na lei tributária, o que acarreta, inicialmente, 
afronta ao princípio da legalidade. 
Como se não bastasse, além da afronta ao princípio da legalidade perpetrado pela Embargada, a 
competência para instituição do imposto sobre a propriedade é federal, vez que a incidência 
tributária passa a ser do ITR e não de IPTU, ocorrendo uma invasão de competência tributária. 
Não restam dúvidas que a exigência do IPTU pela Embargada passa a ser completamente indevida. 
c) Da concessão do efeito suspensivo 
Conforme estabelece o art. 919, § 1º, do CPC/2015, o juízo poderá, a requerimento do Embargante, 
atribuir o efeito suspensivo aos Embargos quando se comprovar a relevância de seus fundamentos e 
o prosseguimento da execução acarretar um dano de difícil ou incerta reparação ao executado, uma 
vez que a execução já esteja garantida. 
Os relevantes fundamentos mostram-se evidentes pela afronta direta ao princípio da legalidade, pela 
inobservância do art. 32, § 1º, do Código Tributário Nacional, bem como pela invasão de 
competência da Embargada, de acordo com os preceitos constitucionais. 
Ademais, o imóvel do Embargante já está na iminência de penhora, o que pode acarretar-lhe 
indevidamente a perda da propriedade, sendo tal situação tão grave a ponto de não ter como 
aguardar o julgamento final da presente ação. 
Destarte, pelos motivos apresentados, requer a concessão do efeito suspensivo até a decisão final, 
uma vez que os presentes Embargos encontram-se garantidos, nos termos do art. 9º da Lei 
6830/1980. 
III – DO PEDIDO 
Ante o exposto, requer: 
a) que os presentes Embargos sejam recebidos e processados por dependência à Execução Fiscal, 
concedendo-lhe o efeito suspensivo imediato, nos termos do art. 919, § 1º, do Código de Processo 
Civil até a decisão final; 
b) sejam acolhidos e julgados procedentes, para os fins de desconstituição do título executivo e a 
consequente extinção da Execução Fiscal, nos termos do art. 32, § 1º, do CTN; 
c) a exclusão do Executado do polo passivo, bem como o levantamento da penhora do imóvel, por 
medida de justiça; 
d) a intimação da Embargada, na pessoa de seu procurador, para manifestar-se sobre os presentes 
Embargos; 
e) condenação da Embargada nas custas processuais e honorários advocatícios; 
f) dispensa da audiência de conciliação e mediação, nos termos do art. 319, VII, do CPC. 
IV – DAS PROVAS 
Protesta provas o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, notadamente pela 
prova documental e pericial, e outras que se fizerem necessárias ao esclarecimento do Douto Juízo. 
V – VALOR DA CAUSA 
Dá a presente causa o valor de R$ ... (valor por extenso). 
Termos em que, 
pede deferimento. 
Local, data. 
Advogado(a) OAB/ ... n.o ... 
Importante 
Com o intuito de auxiliar os candidatos ao certame da OAB, o examinando poderá abrir um tópico 
específico para as provas, conciliação e mediação e também para o valor da causa, evitando, assim, 
possíveis esquecimentos quando da redação da peça prático-profissional. 
Revisão da estrutura dos embargos à execução fiscal 
– Endereçamento 
– Distribuição por Dependência à Execução Fiscal 
– Qualificação do Embargante 
– Fundamento da ação e nome da ação em destaque 
– Qualificação da Embargada 
– Exposição dos Fatos 
– Fundamentos do Direito 
– deverá ser aberto um tópico para exposição do efeito suspensivo; 
– Do pedido 
– Das provas 
– Do valor da causa 
– Desfecho 
2. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE 
1.2 Principais características 
A exceção ou objeção de pré-executividade é o exercício do direito de petição constitucionalmente 
previsto, sendo admitida após o ajuizamento da execução fiscal para evitar as restrições 
patrimoniais do sujeito passivo decorrente da penhora. 
Uma vez que se trata de exercício decorrente do direito de petição admitido em matéria tributária 
para o sujeito passivo justamente com o fito de evitar a garantia do juízo das execuções,não há 
cabimento de exceção nos casos de penhora. 
Não cabe a exceção de pré-executividade em toda e qualquer circunstância, devendo o executado 
examinar a existência simultânea de dois requisitos: 
I – requisito material: é indispensável que a matéria invocada seja suscetível de conhecimento de 
ofício pelo juiz (ordem pública) ou que acarrete alguma nulidade absoluta no processo executivo; 
II –requisito formal: é indispensável que a decisão a ser tomada pelo juízo competente das 
execuções não necessite de dilação probatória. 
A exceção de pré-executividade caberá apenas nessas duas circunstâncias cumulativas. A falta de 
qualquer circunstância levará a discussão em sede de embargos à execução fiscal. 
Os casos mais comuns de utilização de exceção de pré-executividade são: 
I – ilegitimidade de parte; 
II – obrigação tributária ilíquida; 
III – erros formais no título; 
IV – decadência e prescrição. 
Em se tratando de ilegitimidade de parte deverá ser analisada qual situação em específico, uma 
vez que, se os responsáveis constavam na CDA, não cabe a discussão da ilegitimidade por meio de 
exceção, mas, sim, por meio de embargos à execução fiscal. No entanto, nos casos de 
redirecionamento da execução fiscal contra a pessoa dos responsáveis que não constavam na CDA, 
a defesa poderá ser realizada mediante exceção de pré-executividade. 
De acordo com a Súmula 393 do STJ, a exceção de pré-executividade só será admitida na execução 
fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício e que não demandem exame de provas. 
2.2 Cabimento 
Conforme já salientado, o cabimento de exceção de pré-executividade conjuga a existência de dois 
requisitos: um de caráter material (matéria de ordem pública ou nulidade absoluta do processo 
executivo) e outro de caráter formal (prova pré- constituída, não tendo cabimento a dilação 
probatória). 
É admissível, na exceção de pré-executividade, a suspensão da execução fiscal com base no poder 
geral de cautela do juízo, estabelecido no art. 297 do CPC/2015. 
2.3 Competência 
A competência para o julgamento da exceção de pré-executividade é o mesmo para os embargos 
à execução fiscal. Neste caso, o juízo das execuções competente é aquele em decorrência do tributo 
em questão, se federal, estadual ou municipal. 
Assim, podemos definir a competência para arguição de exceção de pré-executividade, conforme a 
seguir: 
Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela 
provisória. 
Note bem 
Na peça de Exceção de Pré-Executividade, o candidato deverá abrir um tópico do cabimento da 
exceção, tendo por base o disposto na Súmula 393 do STJ. 
TRIBUTOS FEDERAIS TRIBUTOS ESTADUAIS/MUNICIPAIS
Note bem 
Nos exames da OAB, o candidato somente deverá se utilizar dos endereçamentos acima indicados 
caso o problema não identifique o juízo das execuções. 
2.4 Fundamento da ação e nomenclatura adequada 
A exceção de pré-executividade tem o seu fundamento no art. 5.o, XXXIV, a, e XXXV da CF/1988 
e, notadamente, na Súmula 393 do STJ. Caberá o pedido de efeito suspensivo da execução fiscal, 
nos termos do art. 297 CPC/2015, por meio de denominado poder geral de cautela do juízo. 
Assim, a nomenclatura correta a ser adotada será:Exceção de Pré- Executividade . 
2.5 Pedido 
O pedido na exceção de pré-executividade deverá conter os seguintes itens: 
I – que a presente exceção de pré-executividade seja recebida, concedendo o efeito suspensivo 
imediato à execução fiscal n.o ..., nos termos do art. 297 do CPC/2015 até a decisão final; 
II – seja o pedido julgado procedente para os fins de anular o processo executivo, nos termos do 
artigo ... (indicar os artigos que fundamentaram o direito); 
III – a exclusão do Excipiente do polo passivo da execução fiscal; 
IV – a intimação da Excepta para que apresente as razões de estilo, nos termos da lei; 
V – condenação da Excepta nas custas processuais e honorários advocatícios. 
 
Uma observação extremamente importante é a inexistência de um tópico específico para a 
produção de provas, uma vez que esta é pré-constituída, devendo estar traduzida na própria 
petição. 
Não se admite na petição de exceção de pré-executividade valor da causa, uma vez que não se trata 
de ação, mas simples direito de petição. 
Importante – 1 
Como não se trata de ação, mas de exercício do direito de petição, não há cabimento de qualquer 
tópico de dispensa de audiência de conciliação e mediação. 
Importante – 2 
Ainda que ocorra a extinção parcial do processo executório, é devida a condenação em 
honorários na exceção de pré-executividade. A jurisprudência do STJ era firme em declarar o 
cabimento de honorários tanto na execução quando nos embargos, porque eram considerados ação 
de conhecimento autônoma, extinta por sentença. Entretanto, conforme entendimento no REsp 
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ... 
Vara das Execuções Fiscais Federais da Seção 
(ou Subseção) Judiciária de ...
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 
... Vara das Execuções Fiscais da Comarca de ... 
ou 
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do 
Anexo Fiscal da Comarca de ...
664.078, entendeu-se que é plenamente cabível a condenação em honorários advocatícios em 
sede de exceção de pré-executividade. 
2.6 Desfecho 
O desfecho é a conclusão da medida judicial dentro dos padrões de técnica forense. 
O desfecho mais indicado passa a ser o seguinte: 
Termos em que, pede deferimento. 
Local, data. 
Advogado(a) OAB/ ... n.o ... 
2.7 Modelo de exceção de pré-executividade 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ANEXO FISCAL DA 
COMARCA DE SERRA NEGRA 
(espaço de cinco linhas) 
Execução Fiscal n.o ... 
João, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da Cédula de Identidade RG n.o ..., 
devidamente inscrito no CPF/MF sob o n.o ..., residente e domiciliado na ..., bairro, cidade, Estado, 
por meio de seu advogado que esta subscreve (instrumento de mandato incluso), com escritório 
na ..., bairro, cidade, Estado, onde receberá as devidas intimações, nos termos do art. 103 do Código 
de Processo Civil de 2015, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 
5.o, XXXIV, “a”, e XXXV da Constituição Federal e Súmula 393 do STJ arguir 
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE 
em face da Municipalidade de Serra Negra, pessoa jurídica de direito público interno, já 
devidamente qualificada, por meio de seu procurador, pelos motivos de fato e de direito a seguir 
aduzidos: 
I – DOS FATOS 
O Excipiente adquiriu, em 1980, um imóvel situado na zona rural do Município de Serra Negra. Em 
2009, a Câmara Municipal aprovou lei que alterou o perímetro urbano do Município, passando a 
incluir o imóvel do Excipiente. Porém, a área manteve características típicas de zona rural, sem 
apresentar qualquer espécie de equipamento urbano, tal como água encanada, iluminação pública, 
saneamento básico ou calçamento. 
Recentemente, o Excipiente recebeu notificação de lançamento de IPTU relativo ao exercício de 
2010, ocasião em que realizou o pagamento, mesmo não concordando com a exigência. 
Independentemente disso, a Excepta inscreveu suposto débito em dívida ativa e ajuizou a presente 
execução fiscal, sendo citado o Excipiente para depositar (recolher o valor do tributo supostamente 
devido) a quantia devida sob pena de penhora. 
Inconformado com a referida exigência, uma vez que o débito encontra-se pago, vem ao Douto 
Juízo arguir a presente exceção. 
II – DO DIREITO 
a) Do cabimento da Exceção de Pré Executividade 
Nos termos da Súmula 393 do STJ, a exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal 
relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória. 
Vê-se, claramente, que a situação fática enseja o cabimento dessa petição, motivo este que o 
Excipiente requer que esta seja recebida e processada. 
b) Do Mérito 
Conforme os fatos supracitados, o imóvel pertencenteao Excepto está situado em zona rural e, com 
a modificação legislativa, passou o aludido imóvel a ser incluído no perímetro considerado urbano. 
Mesmo não concordando com a exigência, o Excipiente realizou tempestivamente o pagamento do 
referido imposto, inexistindo qualquer débito pelo inadimplemento, conforme as guias de 
pagamento do referido imposto em anexo. 
Ora, é cediço que o pagamento realizado de maneira integral acarreta a extinção do crédito 
tributário, nos termos do art. 156, I, do Código Tributário Nacional, sendo a exigência do tributo 
completamente descabida e indevida. 
Ademais, seria uma afronta constitucional o Excipiente ter que garantir o juízo das execuções 
apenas para ter o seu direito de defesa assegurado. 
Conforme reza a Súmula 393 do Superior Tribunal de Justiça, admite-se a exceção de pré-
executividade nas matérias conhecíveis de ofício e que não demandem exame de provas. 
Resta evidente que os pressupostos ensejadores do referido direito de petição estão mais do que 
comprovados, uma vez que o pagamento torna nula qualquer exigência fiscal (nulidade absoluta do 
processo executivo) e, mediante apresentação das guias de pagamento em anexo, inexiste qualquer 
dilação probatória. 
c) Da concessão do efeito suspensivo 
Conforme estabelece o art. 297 do Código de Processo Civil de 2015, poderá o juiz determinar as 
medidas provisórias que julgar adequadas, quando houver fundado receio de que uma parte, antes 
do julgamento da lide, cause ao direito de outra lesão grave e de difícil reparação. 
É cediço que o prosseguimento da execução fiscal baseada em nulidade absoluta acarretará enormes 
prejuízos ao Excipiente, podendo inclusive pelo não pagamento ter os seus bens contristados 
judicialmente. 
Destarte, pelos motivos apresentados, requer a concessão do efeito suspensivo até a decisão final, 
por medida de inteira justiça. 
III – DO PEDIDO 
Ante o exposto, requer: 
a) que a presente exceção de pré-executividade seja recebida, concedendo o efeito suspensivo 
imediato à execução fiscal n.o ..., nos termos do art. 297 do Código de Processo Civil até a decisão 
final; 
b) seja o pedido julgado procedente para os fins de anular o processo executivo, nos termos do art. 
156, I, do Código Tributário Nacional; 
c) a exclusão do Excipiente do polo passivo da execução fiscal; 
d) a intimação da Excepta para que apresente as razões de estilo, nos termos da lei; 
e) condenação da Excepta nas custas processuais e honorários advocatícios. 
Termos em que, 
pede deferimento. 
Local, data. 
Advogado(a) OAB/ ... n.o ... 
Na exceção de pré-executividade, não tem cabimento o tópico específico das provas nem o tópico 
do valor da causa, por se tratar apenas de um direito de petição e não de uma ação propriamente 
dita. 
Revisão da estrutura da exceção de pré-executividade 
– Endereçamento 
– Determinação do n.o da execução fiscal 
– Qualificação do Excipiente 
– Fundamento da ação e nome da ação em destaque 
– Qualificação do(a) Excepto(a) 
– Exposição dos Fatos 
– Fundamentos do Direito 
– deverá ser aberto um tópico para exposição do efeito suspensivo; 
– Do pedido 
– Desfecho

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