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GESTÃO DE CLIENTES Unidade I 1. CLIENTES Com o processo de globalização, os mercados se aproximaram, as informações se tornaram disponíveis para uma gama maior de pessoas que, a partir desse momento, tornaram-se mais exigentes e a concorrência se tornou acirrada. A aplicação correta de conceitos administrativos nas empresas sugere que o sucesso disso se baseie no atendimento às necessidades de seus stakeholders (partes interessadas), representadas pelos acionistas, colaboradores, fornecedores, clientes, governo e sociedade. Sem dúvida, o objetivo das organizações é satisfazer as necessidades, desejos e anseios de seus clientes, a questão se pauta no entendimento do conceito de cliente. Uma definição bastante radical apresenta o conceito de que cliente é qualquer pessoa impactada pelo processo (JURAN, 1992). Certamente ao aplicarmos esse conceito e discutirmos a questão dos impactos sociais, poderemos abordar também os indesejáveis impactos negativos, como a poluição que deriva dos processos produtivos. Deixando a questão dos impactos negativos à parte, vamos abordar os impactos sociais positivos que, de uma forma bem ampla envolve os clientes externos (impactados pela aquisição dos produtos/serviços), como também os clientes internos (impactados pelo processo). 1.1 Cliente Externo De acordo com Zambon citando Bogmann (2000): o cliente externo é representado por aqueles que mesmo estando externo à organização sofrem impactos, sempre com a motivação de que esses impactos sejam respostas positivos aos desejos e necessidades, pela utilização dos produtos e serviços oferecidos. Pela diversidade de características dos clientes externos, uma divisão foi dada por Stone (2000): • O cliente poupador: este cliente quer obter o máximo de ganho em seu investimento de tempo, recursos e esforço. • O cliente ético: este cliente sente uma obrigação moral de apoiar empresas socialmente responsáveis e direciona seus esforços e recursos para que o atendimento de suas necessidades e desejos também proporcione um bem estar moral. • O cliente personalizado: deseja algo mais do que a busca do benefício na aquisição de produtos/serviços, buscando também a valorização interpessoal, como reconhecimento e conversação no processo de compra. • O cliente conveniente: por características bem específicas o fator que mais lhe atrai é a conveniência que a empresa pode oferecer, além da venda de produtos e serviços, mesmo que isso demande um maior investimento. Para um melhor entendimento, podemos classificar os clientes de acordo com suas características específicas, assunto esse que divide opiniões por parte dos especialistas. Dentro de uma abordagem de relacionamento entre organização e clientes podemos citar: EMOTIVO: pessoas que, além de buscar a realização de seus desejos e necessidades na aquisição de produtos/serviços, buscam também suas necessidades sociais, por meio dos relacionamentos gerados no processo de compra. Como principais características citamos a carência emocional e sensibilidade. RACIONAL: busca a solução de seus problemas descartando as questões emocionais, pautando suas decisões em critérios racionais e forte argumentação. Nesse tipo de negociação, a capacidade de racionar rápido e responder de maneira objetiva e direta é preponderante. FALADOR: como o próprio nome sugere, são pessoas que gostam de comunicar, estabelecendo muitas vezes assuntos não pertencentes ao foco da negociação. Para se negociar com essas pessoas, é necessária uma comunicação embasada em perguntas diretas e fechadas, sem perder a educação e cordialidade. CALADO: para se obter informações para o atendimento, é necessário o cuidado de fazer perguntas abertas, evitando-se respostas curtas e acenos de cabeça, o que gera muita dificuldade no entendimento e consequentemente no atendimento. INOVADOR: possui entre os seus interesses no processo de compra obter todos os detalhes possíveis relativos inclusive ao processo. Nesse tipo de negociação é necessário direcionar a conversa para assuntos que realmente pertencem ao processo. FORMAL: pessoas cujas características pessoais denotam um grande aporte de conhecimento e bagagem cultural, exigindo uma postura diferenciada no processo de negociação em termos de vocabulário, tom e velocidade na voz. 1.1.1 Clientes das empresas De acordo com Zambon et col. (2008), quando abordamos o termo “clientes externos”, imaginamos aqueles que consomem os produtos e serviços oferecidos pelas empresas como, por exemplo, a aquisição de um plano de saúde, de um sapato ou uma bolsa. Todavia, este conceito torna-se mais abrangente quando esses clientes estabelecem relações de consumo com entidades sem fins lucrativos A profundidade do significado “cliente” também pode ser abordada a partir da seguinte definição: (...) O termo cliente refere-se a pessoas que assumem diferentes papéis no processo de compra, como o especificador, o influenciador, o comprador, o pagante, o usuário ou aquele que consome o produto (BRETZKE apud DIAS, 2003, p. 38). A respeito desta definição, pense sobre quem são os clientes de determinado remédio: o usuário do produto é o doente; o comprador tanto pode ser o próprio doente como outra pessoa que se encarregue disto, podendo até ser um hospital, caso o paciente esteja hospitalizado, e o especificador é o médico. Outro caso refere-se às compras de automóveis feitas por homens casados: em grande parte das vezes, as influenciadoras da compra (tipo de carro, cor, acessórios etc.) são as mulheres. Eles são, geralmente, os pagantes. Para reforçar essa definição, citamos: Uma transação de mercado requer pelo menos três papéis desempenhados pelos clientes: (1) comprar (ou seja selecionar) um produto; (2) pagar por ele; e (3) usá-lo ou consumi-lo. Assim, um cliente pode ser (1) comprador, (2) um pagante ou (3) um usuário/consumidor. O usuário é a pessoa que efetivamente consome ou utiliza o produto, ou recebe os benefícios do serviço. O pagante é a pessoa que financia a compra. Finalmente, o comprador é aquele que participa da obtenção do produto no mercado. Cada um desses papéis pode ser desempenhado pela mesma pessoa ou unidade organizacional (por exemplo, um departamento), ou por diferentes pessoas, ou departamentos (SHETH et al., 2001, p. 30). Nessa abordagem sobre o tema é possível concluir que as empresas precisam conhecer e identificar seus clientes dentro de suas expectativas e necessidades para ofertar produtos e serviços adequados, e valorizar as relações comerciais, compreendendo que existem diferentes papéis desempenhados pelos clientes no processo de compra. Não podemos descartar também que, dentro da conceituação de cliente externo, existem aqueles representados por empresas e entidades, que intermediam os processos, quer seja como distribuidor final, quer seja como comprador de itens componentes de produtos que serão ofertados aos seus clientes. 1.1.2 Clientes intermediários De acordo com Silva e Azevedo, Os clientes intermediários são aqueles que adquirem os produtos para revenda ou industrialização. Normalmente, todos os que se dedicam às atividades comerciais são intermediários. As indústrias também são intermediárias quando compram matérias-primas que utilizarão no seu processo de transformação. O que diferencia os clientes intermediários dos clientes finais é que eles não exercem o papel de usuários dos produtos. Seus papéis são somente de compradores e pagantes, não devendo ser esquecido que clientes intermediários compram e pagam produtos com a intenção de revendê-los transformados ou não (SILVA; AZEVEDO, 2006). 1.1.3 Clientes finais De acordo com Zambon, os clientes finais são os destinatários dos bens ou serviços produzidos. O grupo principal dos clientes finais é formado pelas pessoas ou pelas unidades familiares, porém empresas e governo também são clientesfinais quando fazem aquisições de produtos para próprio uso, como é o caso, por exemplo, de materiais de escritório ou de higiene e limpeza. Segundo Silva e Azevedo, O que é importante considerar a partir dessa classificação de clientes em finais e intermediários é que as organizações que dependem de clientes intermediários para fazer com que seus produtos cheguem ao destino final e, portanto, aos clientes finais, precisam satisfazer aos requisitos tanto dos clientes finais como dos clientes intermediários, além de contar com as ações dos próprios intermediários para viabilizar as vendas de seus produtos (SILVA; AZEVEDO, 2006). 1.1.4 Clientes do governo De acordo com Silva e Azevedo, Governo tem clientes, assim como empresas, porque ambos têm as respectivas “razões de ser” e, só faz sentido instituir uma organização, se dela resultar utilidade para alguém. Acontece, entretanto, que a palavra “cliente” parece não soar bem no âmbito das atividades governamentais, visto que, no dia a dia, cliente é quem paga diretamente por algo que adquire. No caso do governo, mesmo que as pessoas paguem impostos, elas não pagam diretamente pelo que recebem. Uma designação alternativa para a palavra “cliente” no âmbito governamental seria cidadão-usuário (SILVA; AZEVEDO, 2006). É bom que se esclareça que governos não atendem somente às necessidades coletivas. Também prestam serviços individualizados, às vezes de forma gratuita, outras não, como é o caso dos serviços de assistência médica (gratuitos) e serviços de saneamento (cobrados). Serviços públicos individualizados equiparam-se aos serviços prestados por organizações privadas, quando se trata de saber sobre os clientes, a fim de atendê-los. 1.1.5 Clientes das organizações do terceiro setor Além de empresas e instituições governamentais, a sociedade conta com um conjunto de organizações sociais sem fins lucrativos, genericamente designadas como organizações do terceiro setor. Essas organizações também têm seus clientes, mesmo que deles não recebam absolutamente nada em troca do que realizam. Seu público-alvo são os próprios clientes. Em alguns casos, há clientes individuais, em outros, coletivos. Instituições como a Associação de Pais e amigos dos Excepcionais (APAE) ou como a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) sabem especificamente quem são as pessoas que atendem e que problemas buscam resolver ou minimizar. Outras instituições, como as voltadas para a proteção ambiental, não trabalham com clientes individuais, mas com necessidades coletivas e, portanto, com clientes não-individualizados. 1.2 Clientes internos Pelo que se pôde perceber até agora, o termo “cliente” não serve para designar somente quem adquire produtos. Na verdade, o que se viu foi que cliente é quem sofre impacto dos produtos/processos gerados pelas organizações. Quando se fala em impacto de produtos (incluindo-se aqui os serviços), fica fácil entender que empresas, governo e organizações do terceiro setor têm seus produtos e, portanto, geram impacto sobre alguém (os clientes externos). Acontece, entretanto, que os processos organizacionais internos também têm seus produtos e, como tal, geram seus impactos. Se quem sofrer os impactos de determinado processo organizacional pertencer à própria organização, vai se caracterizar na figura do cliente interno. É fácil entender, por exemplo, que, quando o setor de limpeza de uma organização cuida de manter limpos os ambientes de trabalho, seus clientes são internos, o mesmo acontecendo quando o setor de manutenção de uma fábrica cuida para que as máquinas possam operar o máximo de tempo possível. Em uma linha de montagem, cada etapa de um processo tende a ser cliente dos que cuidam da etapa anterior. O que é fácil de identificar em serviços de limpeza, manutenção ou linhas de montagem não tende a sê-lo para quaisquer setores ou atividades organizacionais. Departamentos de serviços internos muitas vezes têm papéis e relações mais complicadas do que aqueles que trabalham diretamente com o cliente pagante. Alguns departamentos sabem muito bem quem são seus clientes, enquanto outros não têm tanta certeza. Alguns departamentos têm relações claras com alguns clientes (internos) e relações não tão claras como outros (ALBRECHT, 1994, p. 105). O que Albrecht sugere, em tom de brincadeira, para que se descubra quem são os clientes de um setor ou departamento é simples: Caso você não saiba quem são seus clientes existe um teste simples que você pode fazer para descobrir. Simplesmente pare de fazer seja o que for que estiver fazendo e observe quem vai reclamar. Este é o seu cliente. Caso ninguém reclame, o melhor é ligar o seu processador de textos e revisar seu curriculum. (ibidem). A solução proposta por Albrecht, mesmo que jocosa, é séria: se o que for feito por um setor ou departamento não impactar ninguém, é porque tal setor/departamento não gera nada útil. Em outras palavras, o autor sugere que, para identificar os clientes internos, sejam respondidas perguntas como: “Quem seria incomodado, e como, caso meu departamento parasse de operar?”, “Que departamentos ou pessoas teriam problemas em cumprir suas missões sem os resultados que fazemos?”. Identificar clientes internos não parece ser uma tarefa simples, mas, uma vez identificados, parece mais fácil saber quais são seus papéis. Enquanto os clientes externos (das empresas) exercem os papéis de compradores, pagantes e usuários, os clientes internos são somente usuários. Não bastasse isso, raramente é dada aos clientes internos a oportunidade de buscarem alternativas de fornecimento. Regra geral, eles têm de aceitar o que lhes for imposto. Isso não significa, entretanto, que clientes internos possam ser mal atendidos, pois, normalmente, eles participaram de alguma forma da geração de valor para os clientes externos. Quanto melhor eles forem atendidos por seus fornecedores internos, melhor atenderão a seus respectivos clientes internos ou externos. Na aplicação do marketing interno, o objetivo é desenvolver nos colaboradores todo seu potencial e criatividade, energia e talento a fim de que haja sinergia em todas as etapas, oferecendo um ambiente favorável para que os colaboradores sintam-se participantes do processo e orgulhosos da execução de suas tarefas. O endomarketing ou marketing interno é uma das mais novas áreas da administração que visam a aplicar conceitos tradicionais do marketing aos clientes internos por meio de ações administrativas direcionadas, que enfatizam a compreensão e aceitação do colaborador sobre sua responsabilidade dentro do processo. Para a aplicação do endomarketing é necessário o desenvolvimento e implementação de um composto de marketing específico. 2. TIPOLOGIA PARA A DIFERENCIAÇÃO E SEGMENTAÇÃO DE MERCADO Diferenciação é o modo pelo qual os profissionais de marketing fazem suas ofertas de forma diferente da concorrência, a fim de tornarem-se a escolha do cliente. Fazer ofertas de forma diferente implica criar e implementar o composto de marketing (produto, preço, praça e promoção). Para diferenciar- se de seus concorrentes, os profissionais de marketing utilizam três tipos de diferenciação: a genérica, a focalizada e a segmentada. 2.1 Diferenciação genérica A diferenciação genérica busca apresentar uma diferenciação global, isto é, abrange-se o mercado como um todo, não considerando nenhum segmento diferenciado, mas oferecendo a esse mercado um produto/serviço melhorado. Isso só é possível se a empresa possui a capacidade de oferecer produtos/serviços com qualidade superior à da concorrência a todo mercado. Podemos dizer que essa mesma estratégia já havia sido utilizada por Henry Ford que, ao perceber que os carros de sua época possuíam deficiências em termos de qualidade e também preços muito altos, criou uma linha de montagem mais confiável,melhorando a qualidade e ofertando a todo o mercado um produto melhor e mais barato que a concorrência, obtendo assim a liderança do mercado. A diferenciação genérica cria um ponto de referência para as ofertas competitivas com respeito ao produto, preço, promoção, distribuição e atendimento ao cliente, tentando diferenciar as ofertas pela apresentação de melhorias em relação à concorrência. As empresas podem utilizar qualquer um dos elementos do composto de marketing (produto, preço, praça e promoção) para realizar diferenciação genérica. 2.1.1 Diferenciação com base em produto As empresas utilizam a diferenciação com base em produtos oferecendo produtos melhores que suas concorrentes. A superioridade do produto pode se basear na qualidade superior e na confiabilidade do desempenho, em inovações no desempenho do produto, em características de design, na imagem da marca ou ainda na reputação do fabricante. Por exemplo, a NEC diferenciou seu computador laptop tornando-o versátil (a tela podia se abrir até 180º ou se separar do teclado). Nos setores de serviço, os hotéis começaram a diferenciar-se, oferecendo novas opções, como a classe executiva, com quartos equipados com fax, conexões de computador e assim por diante, ou o check-in expresso (no Hyatt, por exemplo), ou a diária que se estende até às cinco da tarde (por exemplo, na rede Sheraton Hotéis). No setor de serviços industriais, vários anos atrás, a Federal Express percebeu que a certeza da entrega no dia seguinte era crucial para os clientes industriais. Utilizando o Serviço Postal Americano como ponto de referência, a Federal Express implementou um sistema de operações que garantia a entrega no dia seguinte. Isso foi conseguido em parte pelo estabelecimento do eixo do sistema em Memphis, cuja localização é central, permitindo tempos curtos de voo para todos os aviões que chegavam e partiam. O aeroporto da cidade também tinha o menor índice nacional de problemas relacionados ao tempo, o que também minimizava os atrasos. Fiel a seu slogan “Quando a encomenda precisa chegar com toda certeza”, a FedEx continua a ter uma vantagem de diferenciação genérica em relação ao Serviço Postal Americano na entrega de documentos urgentes para o setor industrial. Uma inovação que a FedEx implementou, e que hoje já foi estabelecida por outras empresas, é oferecer aos seus clientes a possibilidade de rastrear online suas encomendas. Mais uma vez, a empresa realizou uma diferenciação genérica. 2.1.2 Diferenciação não baseada em produto A diferenciação não baseada em produtos apoia-se na distribuição (praça), na determinação de preços e/ou propagandas e promoções. Um bom exemplo de diferenciação genérica com base na distribuição é o sistema de entregas domiciliares do Habib’s, que garante entregar em até 28 minutos. Hoje, muitos supermercados oferecem aos clientes a oportunidade de fazer pedidos por email e receber mercadorias em casa. Os clubes de compra (como o Sam’s Club) baseiam-se em compras de excesso de estoque (como a Big Lots), ou os estabelecimentos que vem marcas de lojas a preços baixos (por exemplo, Syms, TJ Maxx) representam diferenciações genéricas com base na vantagem de preço. No setor de serviços, o Serviço Postal Americano lutou muito para arrancar uma participação de mercado da FedEx e pôde fazê-lo oferecendo um preço melhor que a concorrente. Finalmente, muitas empresas tentam se diferenciar por meio de propagandas memoráveis e singulares. O coelho da Energizer, os ursos polares da Coca-Cola, os spots de TV da Infinity, em que o próprio carro estava explicitamente ausente são exemplos de diferenciação genérica por meio de propagandas que se afastam do que é comum. Embora um dos quatro elementos do composto de marketing possa ser utilizado como base dominante da diferenciação, algumas empresas podem ter a oportunidade de basear sua diferenciação em mais de um ou até em todos os elementos. 2.2 Diferenciação focalizada Quando não é possível atender a todo mercado por meio de uma diferenciação genérica, propõe-se a aplicação de uma diferenciação focalizada, onde a empresa identifica no mercado um segmento específico e cria para ele um programa de marketing diferenciado para atraí-lo. Como acontece com a diferenciação genérica, esse tipo de abordagem utiliza elementos específicos do composto de marketing para diferenciar ofertas de uma empresa. Para exemplificar esse tipo de abordagem, podemos citar empresas como Revlon e Max Factor que, para atender de forma focalizada ao mercado, desenvolveu linhas específicas de produtos para a população afrodescendente. Nos serviços ao consumidor, o setor de seguros de vida dos EUA começou a perceber que alguns grupos étnicos representam um segmento lucrativo por causa da riqueza. A diferenciação acontece na reorganização da força de vendas. Nesse setor, a confiança é crucial, porque os clientes estão colocando suas economias de toda uma vida nas mãos de outro indivíduo. Assim, as pessoas são treinadas como corretoras para vender as apólices de seguro de vida para clientes de herança étnica semelhante. As pequenas empresas representam uma boa oportunidade como mercado focalizado para vários produtos e serviços. No setor de telefonia a longa distância, as revendedoras (pequenas empresas que compram grandes blocos de tempo em ligação interurbana das grandes empresas como a Sprint ou a MCI) vendem a tarifas mais baixas, representando 70 ou 80 pequenas empresas de uma só vez. 2.2.1 Segmento-de-um Uma forma especial de diferenciação focalizada é o marketing de segmento-de-um. Essa estratégia refere-se a personalizar a oferta de marketing a cada cliente individualmente. Avanços recentes na tecnologia possibilitam que uma empresa responda a segmentos muito pequenos, até mesmo de um único cliente, sem perder suas economias de escala. Esse desenvolvimento foi denominado “personalização de massa” e é realizado por meio da produção flexível. Uma rede de computadores instantaneamente traduz o pedido de um ciente individual em especificações de materiais e componentes necessários. O computador também transmite uma ordem de trabalho para várias estações de trabalho computadorizadas, que produzem aquele determinado produto de forma impecável. A Dell Computadores monta um computador personalizado dentro de oito horas após o pedido ter sido recebido em seu número de ligação grátis. Dessas oito horas, cinco são gastas apenas em testes de desempenho; portanto, o computador é montado apenas em 3 horas. Desenvolvimentos tecnológicos como a produção flexível e a TV a cabo com mais de 500 canais (que permitirá a comunicação com plateias cada vez menores) vão possibilitar às empresas focalizar segmentos menores e definidos de forma mais precisa. 2.3 Diferenciação Segmentada Se analisarmos o mercado, podemos identificar que se trata de um conjunto de pessoas com características diferentes. A diferenciação segmentada propõe a divisão do mercado todo em grupos homogêneos por meio da utilização de variáveis demográficas, geográficas, comportamentais, psicográficas e padrões de uso que, após a análise, estabelece um tratamento diferenciado por meio de compostos de marketing diferentes e direcionados a cada segmento. 3. SEGMENTAÇÃO DE MERCADO A Unilever lança um extrato de tomate Knorr-Cica, na versão cremosa, para o nordeste (PACHECO, 2005). Alguns clientes da Dow Química, considerados estratégicos, têm garantia de fornecimento, mesmo que o estoque da empresa esteja baixo (SOMOGGI, 2005). A Comércio de Doces Lucky Ltda. produz salgadinhos diferentes para os públicos infantil e adulto, e somente comunica o produto para adultos nos intervalos de jogos de futebol (PEIXOTO, 2000). Pesquisa do Instituto Akatu identifica e quantifica um grupo de consumidores denominados “conscientes” e suas exigências sobre as empresas (ALMEIDA, 2004).Esses são exemplos de que a perspectiva do cliente passou a ser considerada no processo de desenvolvimento e comercialização de novos produtos pelas empresas brasileiras (SOMOGGI, 2005). Parece óbvia a necessidade pela perspectiva. No entanto, ela é relativamente nova. Nos Estados Unidos, surgiu em 1956, com um artigo no Journal of Marketing, cujo título pode ser traduzido como “Diferenciação de produto e segmentação de mercado como alternativa para estratégias de marketing”. Smith (1956) afirmava nesse artigo que segmentar mercados é condição indispensável para o crescimento das firmas e para adaptá-las às necessidades dos clientes. Nunca é demais lembrar que Henry Ford já havia sofrido as consequências da decisão de disponibilizar o Ford T “em qualquer cor, desde que preto”, recém-saído da Segunda Guerra Mundial, começando a sofrer os impactos do crescimento econômico do Japão e sua indiscutível habilidade em desenvolver e adaptar produtos, técnica que ficou conhecida como toyotismo, pouco mais tarde. Em ambos os casos, Brasil e Estados Unidos, a perspectiva da segmentação de mercado foi uma reação estratégica ao declínio da abordagem dos mercados de massa e, portanto, ao uso do marketing indiferenciado. No marketing de massa, a empresa atende os grupos de clientes que possam adquirir seus produtos e serviços com uma única proposta de composto de marketing. Essa abordagem foi dominante na fase da produção para consumo em massa, teve seu apogeu nas décadas de 1970 e 1980 e, segundo Kotler e Keller (2006), tem os dias contados em função da multiplicidade de canais de comunicação e distribuição que impactam os clientes. No Brasil, o assunto segmentação foi abordado pela primeira vez em 1972 por meio de uma tese de doutoramento de Geraldo L. Toledo. E é definitivamente incorporado nas opções estratégicas brasileiras por meio de obra organizada por Richers e Lima (1991). Basicamente, a estratégia de segmentação consiste na utilização do marketing diferenciado, isto é, o uso de ações de marketing projetadas especificamente para cada grupo de clientes identificados (CHURCHILL JR. e PETER, 2000, p. 207). Quando a organização adota a perspectiva do marketing de segmento, decide atender grupos de clientes que têm entre si algumas características em comum, com produtos e serviços dirigidos a esses públicos. Boa parte das empresas atualmente investe elevadas somas para identificar esses grupos e suas preferências, elaborando produtos que agradem à média dos clientes. Exatamente nesse sentido é que começa a confusão de conceitos. Segmentar tornou-se palavra de ordem. No entanto, nem sempre o conceito é compreendido em profundidade, ora ligado a setores industriais, ora a produtos ou canais de distribuição. Richers (1991a) ressalta: “segmentação refere-se sempre ao mercado”. Isto é, “um conjunto de compradores e vendedores que efetuam transações relativas a determinado produto ou classe de produto” (KOTLER e KELLER, 2006, p. 8). Assim, quando se diz que uma determinada organização atende um conjunto de compradores selecionados em função de algumas características, essas pessoas, com essas características, são um segmento de mercado para o qual determinado produto ou serviço é desenvolvido, produzido e comercializado. Portanto, a definição adotada para segmentação de mercado é a descrita por Churchill Jr. e Peter (2000, p. 204): “Segmentação de mercado é o processo de dividir um mercado em grupos de compradores potenciais com necessidades, desejos, percepções de valores ou comportamentos de compra semelhantes”. Nesse sentido, Kotler e Keller (2006, p.237) são enfáticos: “Os profissionais de marketing não criam segmentos; sua tarefa é identificá-los e decidir em quais vão se concentrar”. Richers (1991a) afirma que uma organização deve enfocar suas opções de segmentação de mercado sobre quatro ângulos distintos: o do setor, que é um problema de concorrência, o dos segmentos, que é um problema de oportunidade, o dos produtos, que é um problema de adaptação, e o da distribuição e comunicação, que é um problema de escolha. Assim, continuando a explorar os exemplos: Unilever, Dow, Lucky e a pesquisa do Instituto Akatu abordam as mesmas variáveis no que tange à forma de dividir os grupos de compradores e as oportunidades que geram. Ainda assim, essas empresas atendem tanto clientes finais como organizacionais. 3.1 Segmentação de mercados de consumo A segmentação dos mercados de consumo é baseada nas informações obtidas da análise do comportamento de compra do cliente final, isto é, como ele seleciona, compra, usa e descarta artigos, serviços, ideias ou experiências para satisfazer às suas necessidades e desejos (KOTLER e KELLER, 2006). Assim, analisar a cultura, os grupos de referência, a influência familiar, a idade, o estágio do ciclo de vida, a ocupação, o padrão de consumo, o estilo de vida, os valores e as motivações das pessoas podem trazer boas sugestões sobre como agir e servir a grupos de clientes de maneira mais efetiva. Os mercados de clientes finais podem ser segmentados por cinco grandes grupos de variáveis: GEOGRÁFICA: divisão do mercado em unidades geograficamente distintas. É possível definir o mercado com respeito a blocos econômicos, continentes, países, regiões, estados, cidades e bairros (KOTLER e KELLER, 2006). DEMOGRÁFICA: independentemente das unidades geográficas, o que importa são as características distintivas básicas de grupos sociais. Assim, idade e ciclo de vida, tamanho da família, sexo, renda, ocupação, grau de instrução, raça, geração, nacionalidade e classe social podem ser utilizados em conjunto ou separadamente para entender as orientações atitudinais e comportamentais de grupos de clientes (KOTLER e KELLER, 2006; CHURCHILL JR. e PETER, 2000). PSICOGRÁFICA: os compradores são separados em grupos com base em seu estilo de vida, personalidade, valores e envolvimento com o produto. Portanto, são baseados em características psicológicas dos clientes (KOTLER e KELLER, 2006; SHETH et al., 2001). Um dos critérios de classificação psicográfica é o Vals2, que estuda os clientes de acordo com a auto-orientação (princípio, status e ação) e seus recursos (renda, instrução, autoconfiança, saúde, desejo de comprar, inteligência e energia pessoal) (CHURCHILL JR. e PETER, 2000). COMPORTAMENTAL: os clientes podem ser agrupados de formas diferentes se a atenção do pesquisador de marketing se voltar aos conhecimentos acumulados, à atitude, ao uso que ele faz dos produtos, ocasiões de consumo e perfil de resposta. Os papéis de compra e a forma como são exercidos podem afetar o comportamento do cliente. Dividi-lo em função do nível de uso (contumazes, medianos e leves) podem ajudar a estabelecer estratégias para a atração e retenção de clientes mais rentáveis (KOTLER e KELLER, 2006; CHURCHILL JR. e PETER, 2000). BENEFÍCIO: essa variável consiste no agrupamento de clientes de acordo com os benefícios que buscam nos produtos e serviços, como economia de tempo ou dinheiro, serviços agregados, funcionalidade, entre outros, enfim, os motivos básicos pelos quais são atraídos por diferentes ofertas (SHETH et al., 2001; HOOLEY et al., 2005; CHURCHILL JR. e PETER, 2000; RICHERS, 1991). Por exemplo: em 2003, a Ford realizou uma pesquisa sobre as atitudes dos brasileiros em relação a automóveis e descobriu um grupo de clientes não- satisfeito: o de pessoas com perfil aventureiro que gostariam de ter um veículo utilitário compacto que não fosse tão caro quanto os concorrentes. O resultado foi o lançamento do EcoSport, que se tornou rapidamente um dos maiores sucessos de vendas da montadora nos últimos tempos (SOMOGI, 2005). 3.2 Segmentação de mercados organizacionais Mercados organizacionais são o conjunto de organizações que elaboram produtos e serviços revendidos ou utilizados na produção de outros bens e serviços (KOTLER e KELLER, 2006, p. 208).Da mesma forma que a compra do cliente final, várias influências podem afetar a forma de como os fornecedores são identificados, avaliados e escolhidos pelas organizações. No entanto, é importante ressaltar que a compra organizacional possui um componente racional de decisão mais aguçado, além de ser mais concentrada que a compra do cliente final. O tipo de situação de compra, os ocupantes dos papéis de compra, a cultura organizacional, a organização da função compras, entre outros fatores, podem servir para identificar grupos de compradores organizacionais que melhor reagiriam às ofertas da empresa, dando oportunidade para o estreitamento de relações entre as partes, tão necessárias às melhorias ou manutenção da situação competitiva de alguns setores industriais. Assim, os clientes organizacionais podem ser segmentados por meio das seguintes variáveis (BONOMA e SHAPIRO2 apud KOTLER e KELLER, 2006, p. 255): • Demografia: setor industrial, porte da empresa, localização geográfica. • Operacionais: tecnologias usadas pelos clientes, status usuário/não-usuário, uso (usuários contumazes, medianos e leves), demanda por muitos ou poucos serviços. • Abordagem de compras: organização de compras centralizada ou descentralizada, estrutura de poder, atenção dos clientes fiéis ou extensão de nova carteira, critério de compra do cliente (preço, serviço, qualidade), políticas de compra. • Fatores situacionais: necessidades de atendimentos emergenciais, aplicações únicas ou gerais de produtos, pedidos grandes ou pequenos. • Características pessoais: similaridade ou não de valores entre comprador e fornecedor, posição do cliente quanto a assumir riscos, fidelidade do cliente. Por exemplo: a Dow, empresa do setor químico, classifica os clientes por três critérios: uso que fazem dos produtos, por indústria e abordagem de compra. Clientes estratégicos têm garantia de fornecimento, mesmo o estoque estando baixo. Além disso, os clientes menos rentáveis, mas que se predispõem a testar novos produtos da empresa, também recebem tratamento diferenciado (SOMOGGI, 2005). 3.3 Vantagens e desafios para segmentação Semenik e Bamossi (1995) acreditam que a principal vantagem da segmentação de mercados é a possibilidade de romper com a cultura das ofertas do tipo “tudo para todos”, que possuem imagens confusas para os clientes. O entendimento das necessidades, fatores motivadores, desejos e comportamento dos consumidores enseja o aperfeiçoamento contínuo de produtos e serviços, que satisfazem a necessidades específicas. Assim, o processo de segmentação proporciona maior eficiência aos esforços de marketing e melhoria no desempenho da operação empresarial. Especificamente, os autores destacam benefícios com relação a: • Especificação dos objetivos de marketing; • Melhor entendimento dos consumidores e suas motivações; • Alocação mais eficiente dos recursos financeiros e humanos; • Capacidade de responder mais rapidamente às mudanças do ambiente externo e de canalizar as forças da organização; • À medida em que se aprofundam os conhecimentos sobre um ou mais grupos de clientes, cresce a capacidade de satisfazê-los por meio da construção de compostos de marketing mais efetivos. Os autores ressaltam: A segmentação de mercado força a empresa a concentrar seus esforços dentro de parâmetros bem definidos. Assim sendo, os tomadores de decisão ficam mais bem informados e mais alertas aos fatores que afetam as operações da empresa. O efeito é realmente de especialização contra generalização (SEMENIK e BAMOSSI, 1995, p. 141). Richers (1991b) afirma que o mercado brasileiro é altamente receptivo à estratégia de segmentação, dada a extensão territorial do país e aos custos decorrentes da distribuição de produtos e serviços, às grandes diferenças de poder aquisitivo da população, existência de mercados pouco ou mal explorados, os altos custos de comunicação e as diferenças de hábitos de consumo e valores regionais, entre outras oportunidades. Nesse contexto, é óbvio que segmentar mercados dá dinheiro, mas poucas organizações sabem fazê-lo (SOMOGGI, 2005). Fica claro que a grande dificuldade da organizações está em estabelecer um bom sistema de inteligência de marketing, hábil em captar informações dos clientes que podem ser transformadas em vantagens competitivas para as organizações. Hooley et al. (2005) salientam que os dados obtidos na segmentação demográfica e geográfica são insuficientes para a conquista do posicionamento competitivo, sendo necessárias informações advindas da segmentação comportamental, psicográfica e sobre benefícios esperados pelos clientes. No entanto, tendo em vista que o marketing diferenciado normalmente gera mais custos no que tange a pesquisa, desenvolvimento, fabricação, administração, promoção e estoques, é imprescindível que as empresas tomem cuidado para não segmentar demais, a fim de não atrapalharem as possibilidades de lucratividade da estratégia. No entanto é imprescindível salientar que toda segmentação (e sua especialização em subgrupos do tipo nicho ou atendimento individual) deve ser útil em relação à possibilidade de alavancar melhores condições de negociação e de vantagem competitiva para a organização. Kotler e Keller (2006) apontam cinco critérios que, atendidos favoravelmente, podem assinalar um processo de segmentação passível de resultados positivos para a organização. São eles: Mensurabilidade: o tamanho, as características e o poder de compra devem estar passíveis de avaliação concreta. Substancialidade: o segmento deve ser grande ou rentável o suficiente para ser atendido ou gerar preço prêmio. Acessibilidade: deve ser efetivamente possível atingir e atender ao segmento. Diferenciação: os segmentos devem ser distintos entre si, isto é, responder a elementos distintos do composto de marketing. Acionabilidade. deve ser possível desenvolver programas de marketing específicos para atrair, atender e manter os clientes-alvo agrupados no segmento. Finalmente, no estabelecimento dos mercados-alvo, a questão que deve nortear a busca não deve ser “quem”, mas “para que” o produto pode ser utilizado e “como” este pode melhorar a vida das pessoas envolvidas. O marketing socialmente responsável pede uma segmentação que sirva não somente aos interesses da empresa, como também aos mercados-alvo (KOTLER e KELLER, 2006). Indo além, a busca pela satisfação de ambos os setores deve ser realizada de tal forma que preserve ou melhore o bem-estar do consumidor e da sociedade, indicando que as empresas devem desenvolver condições sociais e éticas em suas práticas de marketing, equilibrando critérios frequentemente conflitantes entre os lucros da empresa, a satisfação dos desejos dos consumidores e o interesse público, na aplicação dos conceitos de marketing societal (MORGAN, 1996). 4. COMPORTAMENTO DOS CONSUMIDORES 4.1 Personalidade e sua influência O conhecimento sobre a personalidade dos consumidores tem sido hoje um dos maiores desejos da empresas que pretendem ser competitivas e fidelizadas. Essas empresas buscam encontrar qual a relação das diferenças de consumo de acordo com a personalidade de seus clientes. Elas acreditam que, encontrando essa relação, encontrarão o segredo para sempre oferecerem aquilo que o consumidor espera. Ao conhecer a personalidade de seus consumidores, o mercado poderá utilizar-se de uma abordagem de mercado segmentado. É bem verdade que conhecer as minúcias do funcionamento mental/psíquico de cada consumidor é uma tarefa específica dos psicólogos, porém nada nos impede de conhecer os mecanismos da formação e constituição da personalidade de um sujeito para, com isso, aperfeiçoar ferramentas de consumo e convencimento. 4.1.1 Conceito de personalidade Trata-se de características muito singulares de cada pessoa. Pode-se definir também personalidade por um conceito dinâmicoque descreve o crescimento e o desenvolvimento de todo sistema psicológico de um indivíduo, outra definição seria: a organização dinâmica interna daqueles sistemas psicológicos do indivíduo que determinam o seu ajuste individual ao ambiente. Mais claramente, pode-se dizer que é a soma total de como o indivíduo interage e reage em relação aos demais. Independentemente das abordagens utilizadas para defini-la, observa-se que a personalidade representa nossa individualidade, a importância de nossos múltiplos comportamentos. Diante dessa diversidade, no momento de aquisição de produtos e serviços, os estudiosos perceberam que cada consumidor forma os próprios hábitos de compras a partir de sua personalidade, por isso a necessidade de um marketing de personalização. A partir do momento em que o mercado conhece um pouco mais sobre a personalidade de seus consumidores, vários e diferenciados tipos de estratégias de marketing poderão ser desenvolvidas e aplicadas aos diferentes tipos de consumidores. Observe que o mercado, na busca em aproximar-se mais de seus consumidores, divide-se em nichos. Assim, pode haver nichos por sexo, idade, posição social, hábitos de compra, dentre outros, os quais serão utilizados para uma próxima abordagem. É importante ressaltar que nessa estratégia há desvantagens. Uma delas é quanto a seu custo. Uma abordagem desse tipo requer programas de computador específicos, para atingir cada nicho. 4.2 O marketing como motivação externa Cada um de nós, ao nascer, carrega inclinações positivas para algumas coisas e negativas para outras. É a predisposição. Algumas pessoas preferem os doces, já outras o salgado; alguns homens preferem as louras, outros as morenas e assim nos diferenciamos. A ideia do marketing é agir na tentativa de modificar essa predisposição. Nesse processo, os alvos mais atingidos são crianças e adolescentes pela incompleta formação de personalidade. Mas os adultos também são atingidos. Como exemplo, podemos citar a moda. A cada estação, somos apresentados a novas e sedutoras coleções de roupas, óculos e acessórios que chegam ao mercado, algumas vezes, de modo definitivo. São estilos que até então jamais imaginaríamos consumir, porém instalam-se de uma forma tão sutil que, quando menos esperamos, sentimos necessidade de segui-los. Os aparelhos eletrônicos e os carros são também responsáveis por gerar novas necessidades nos consumidores. Alguns por suas funções e praticidade e outros por seu design ou sensação de status que oferecem a seus proprietários. Nesse caso, a vaidade é a grande vítima. 4.3 A psicologia do consumidor Estudos científicos têm sido frequentemente realizados ao comprovar a influência da personalidade nos processos de compra. Esses estudos procuram identificar quais são os motivos, as ações e as motivações que geram, nos indivíduos, o desejo ou a necessidade de comprar. Abaixo apresentamos o modelo de estímulo e resposta elaborado por Philip Kotler, para explicar como se dá o processo de compra baseado na personalidade do consumidor: Figura 1: modelo Estímulo e Resposta, elaborado por Kotler (retirado da apostila Comportamento do Consumidor III- SEI/UNIP). Verifique que as variáveis controláveis e incontroláveis que compõem o composto de marketing são trabalhadas e utilizadas conforme as características pessoais de cada consumidor ou cada grupo de consumidores com características em comum. Todo esse esforço visa a influenciar o consumidor no momento de decisão de compra. 4. 4 Os diferentes papéis do consumidor Diversos estudos sobre o comportamento do consumidor indicam que, durante o que pode parecer um simples ato de compra, o consumidor pode assumir diferentes papéis que variam de acordo com a situação. De acordo com Solomon (1996): o processo de decisão envolve a análise de como as pessoas escolhem entre duas ou mais opções de compra, (levando em consideração que uma compra é uma resposta para um problema do consumidor). Ainda segundo o autor: o processo de decisão de compra do consumidor vem abraçar um campo teórico, o qual inclui atitudes, estilo de vida, percepção e demais fatores motivacionais que influenciam, direta ou indiretamente, na correta tomada de decisão do consumidor. Segundo Engel, Blackwel e Miniard (1995), o consumidor pode assumir cinco distintos papéis no momento da compra e o profissional de marketing precisa preparar-se para identificá-los e, assim, abordar o consumidor com a estratégia que seja adequada para cada tipo. São eles: 4.4.1 Indicador O consumidor sugere que outros consumidores adquiram o produto ou serviço indicado por ele. Assim, é necessário que o produto ou serviço já tenha sido experimentado. Nesse papel, o consumidor, de posse de informações acerca de um produto ou serviço, repassa-as, a fim de que sirvam de elementos para o processo de decisão de escolha de outros consumidores. Não obstante, em algumas situações, esse consumidor também poderá representar um indicador negativo, sugerindo que o bem ou serviço não seja adquirido. Assim a experiência anterior não foi satisfatória. 4.4.2 Influenciador A opinião ou ponto de vista pode influenciar na decisão de compra de outras pessoas. Os grupos de referência ou os formadores de opinião são os melhores exemplos. Essas pessoas ou um grupo delas, por sua imagem e comportamento, influenciam o comportamento de outras, inclusive em seus processos de compra. Muitas vezes, o que diz o influenciador é lei, dependendo do grau de confiança que lhe é depositado. Os pais e responsáveis representam os primeiros influenciadores de um consumidor iniciante, como as crianças. Atores, cantores e algumas celebridades, também, principalmente apresentadoras de programas infantis recebem de seus admiradores muita credibilidade. E, mesmo ainda sem meios de realizar suas compras, atuam como influenciadores dos pais. Assim, a maioria dos produtos e serviços indicados por eles tende a ser aceito com facilidade. 4.4.3 Decisor Quando este detém o poder efetivo de decisão de compra. Geralmente, esse poder é exercido por quem detém o título de provedor econômico da família, ou seja, o responsável pelo pagamento das contas da casa decide sobre as compras. À exceção daquelas pessoas que vivem sozinhas, a maioria dos consumidores costuma realizar suas compras em família, principalmente em se tratando de produtos e/ou serviços que serão compartilhados por todos, como a compra de um novo televisor ou a contratação de um canal de TV a cabo. No Ocidente, comprar é um ato prazeroso para todos os beneficiados pela compra. Desse modo, é comum utilizar-se desse momento como atividade de lazer. Porém, outra característica não somente do consumidor ocidental, mas também do comprador oriental é que, apesar da importante opinião do grupo familiar, o poder efetivo de decisão de compra ainda está nas mãos de quem vai pagar pelo que está sendo adquirido. Anteriormente, o homem era um exclusivo e oficial decisor. Hoje, com a inserção da mulher no mercado de trabalho, essa função passou a ser invertida ou compartilhada. É importante também relatar que, tão logo os filhos começam a trabalhar, eles passam a decidir sobre compras. O decisor definirá o momento de compra, o que deve ser comprado, de que forma deve ser adquirido e também escolherá o melhor local para a compra. 4.4.4 Comprador Aquele que, de fato, realiza a compra. A mulher comumente exerce essa função. O exercício dessa função independe de poder aquisitivo de quem realiza a compra. Nem sempre quem vai às compras é o dono do dinheiro. Antigamente, a mulher era a compradora oficial do grupo familiar por sua total dedicação aos trabalhos domésticos e tempo livre. Hoje, essa função é compartilhada com os demais membros da família. As compras, atualmente, são realizadas por quem está com disponibilidade. 4.4.5 Usuário Representadopor quem realmente vai utilizar o produto ou serviço adquirido. Aquele que usufruirá diretamente do que está adquirindo, realizará suas compras de acordo com as características próprias, o que torna esse processo muito mais simples. Diferente das compras realizadas para um grupo de pessoas, cujas características devem ser levadas em consideração, a compra realizada pelo próprio usuário dispensa qualquer tipo de preocupação com outras pessoas. Assim, quem compra apenas se preocupa em suprir necessidades ou desejos próprios. 4.5 aspectos da personalidade e do comportamento dos consumidores Para que possamos iniciar nosso estudo sobre o comportamento do consumidor será necessário, primeiramente, entendermos os reais motivos que os levam às compras. Assim como todas as nossas ações, o ato de comprar é permeado por uma série de impulsos ou motivações. 4.5.1 Motivação O vocábulo “motivação” deriva de duas palavras distintas: motivo + ação. Etimologicamente, a palavra pode ser entendida como o motivo que nos leva a praticar uma ação. Aurélio Buarque de Holanda a define como “o conjunto de fatores, os quais agem entre si e determinam a conduta de um indivíduo’’. Dessa forma, percebe-se que nossas ações dependem diretamente de impulsos, os quais podem ser internos ou externos. 4.51.1 O impulso interno O impulso interno, como o próprio nome já diz é interior. Logo, é de nossa responsabilidade e vontade em gerá-lo ou não. Refere-se ao poder de nossa automotivação, em encontrar razões para que a motivação aconteça. Evidentemente que não se trata de uma regra geral, porque nem todos possuímos a mesma capacidade de automotivação. Algumas pessoas são, por natureza, bastante motivadas, estão sempre com astral elevado e constantemente fazem a alegria de outros, inclusive em situações, para muitos, difíceis. Por outro lado, existem aquelas que nunca veem saída para os problemas, por mais simples que eles sejam. São estas que sempre reclamam da vida. 4.5.1.2 O impulso externo O impulso externo advém do meio social, ou seja, nasce externo a nós, porém influencia-nos significativamente. Parte de fora para atingir o nosso interior e está sempre nos circundando e atingindo-nos diretamente. A intensidade de sua influência em nosso comportamento dependerá do grau de importância que dispensamos a ele e onde se origina. Um exemplo: Se comprarmos uma roupa nova para irmos a um jantar e ouvirmos de nosso irmão que a roupa não nos caiu bem, com certeza, ficaremos um tanto contrariados e, rapidamente, esqueceremos do comentário. Mas, se nessa mesma noite, ao encontrarmos com um namorado(a) e ouvirmos dele(a) o mesmo comentário, de fato teremos perdido a noite, tamanha a nossa contrariedade. Isso ocorre porque dispensamos maior ou menor nível de importância às situações ou pessoas e cada vez que algo sai diferente do idealizado, alteramos nosso ciclo motivacional. É como se precisássemos de um “reforço positivo” para nos motivar. Temos a natural tendência em ter as expectativas atingidas e atendidas. 4.5.2 O ciclo motivacional Existe uma série de variáveis responsáveis por nosso estado motivacional, as quais nos levam a determinados atos ou à não-realização destes. Existirá sempre um porquê para cada comportamento, ou seja, existem sempre motivos, os quais estão presentes a cada momento de nossas vidas. Mesmo nos atos mais cotidianos, influenciamo-nos por eles, que nos movem a algum tipo de comportamento. São esses motivos que formam o ciclo motivacional. Quando todos os elementos motivacionais de nossa vida estão em ordem, nosso ciclo está completo ou fechado. Do contrário, se algo não vai bem, imediatamente ocorrerá uma ruptura em nosso ciclo motivacional, o que alterará nosso estado de motivação. 4.5.2.1 A teoria motivacional de Maslow Um dos estudos mais importantes pertencentes às teorias motivacionais foi desenvolvido por Abraham Maslow. O autor chama à atenção para o comportamento sempre comandado pelas necessidades humanas dispostas hierarquicamente. Seu estudo, intitulado ‘‘Hierarquia das Necessidades’’, sugere-nos que as necessidades dos seres humanos obedecem a uma determinada escala de prioridade, em que uma determinada necessidade somente será suprida quando as necessidades dispostas no nível inferior estiverem satisfeitas. Figura 2: Hierarquia das necessidades de Maslow (<http://static.blogstorage.hi- pi.com/photos/mlopes09.fotosblogue.com/images/gd/1265403128/O-que-ha-de-errado-na- Teoria-de-Maslow.gif>, 14/05/2010). 4.6 A percepção e sua atuação no comportamento dos consumidores 4.6.1 O Ato de Perceber Perceber significa conhecer, notar ou ver bem. A atividade de percepção está diretamente ligada a seleção, organização e interpretação que depositamos no objeto, situação ou sujeito observado. A forma pela qual percebemos tudo o que nos circunda será influenciada por toda nossa experiência de vida em relação aos aspectos culturais, religiosos, valores, entre outros. Ou seja, nossos conhecimentos prévios determinam nossa forma de olhar o mundo. Dessa forma, observa-se que a percepção é extremamente variável e subjetiva, faz parte da identidade e singularidade de cada um de nós. Ela nos acompanha em todos os nossos atos, desde os mais elementares, quando ainda estamos na infância, até os mais complexos, que se apresentam na fase adulta. Quando crianças como ainda não temos uma bagagem de experiências suficientes para realizarmos comparações, nossa percepção tende a ser influenciada diretamente pela percepção de nossos pais, adultos próximos a nós, ou qualquer pessoa com quem nos identificamos. Quando crescemos e adquirimos mais experiência, nosso nível de percepção tende a ser mais aguçado e ao mesmo tempo mais exigente. Enxergamos o mundo com um olhar bem mais seletivo, crítico, uma vez que aquilo que nos agradará, dependerá de nossa percepção. A partir daí nossas escolhas dependerão de nossas preferências. As opiniões externas, agora não serão preponderantes em nossas escolhas. Elas servirão apenas de parâmetros, sem uma influência direta. 4.6.2 Percepção Nossa percepção altera-se, à medida que adquirimos mais conhecimento e familiaridade com o que nos rodeia. Quanto mais conhecemos, mais percebemos positiva ou negativamente. A nossa percepção dá-se em pelo menos três níveis ou dimensões: • Afetiva – que comporta nossas expectativas e necessidades; • Cognitiva – que representa os conhecimentos e as informações que adquirimos; • Valorativa – em que se situam nossas crenças e ideologias. Quando nos tornamos consumidores, nossa percepção é a responsável como vemos e sentimos o que a nós é oferecido, ou o que procuramos adquirir. É por esse motivo que existem diferentes abordagens aos consumidores. 4.6.3 Diferentes abordagens para diferentes percepções Nossas necessidades também influenciarão nossa percepção. Assim, se precisamos comprar um automóvel novo, todos os assuntos relacionados a veículos passarão a nos interessar. Do contrário, se é uma compra que não nos interessa, certamente, nossa atenção não será despertada. Da mesma forma, um jovem dificilmente terá seu interesse despertado por assuntos característicos de público idoso. Ao perceber que pessoas diferem em relação a fatos e objetos, os estrategistas de marketing, ao desenvolverem um único produto, procuram, a todo o momento, meios para agradar às diferentes percepções. Essas estratégias influenciar-nos-ão ou não de acordo com nossos processos seletivos. O fato de um assunto prender a nossa atenção mais do que outro é determinado por nossa Atenção Seletiva. Ela representa nossa busca apenas pelas informações que nos interessam. Ao receber certos estímulos, propagados para despertar nossa percepção de forma positiva, aceitamo-los porque são compatíveis com nossos pontos de vistae interesses. É a Percepção Seletiva. Os estímulos que não nos interessam são involuntariamente bloqueados; A intensidade com que esses estímulos serão, posteriormente, lembrados, dependerá de nossa Retenção Seletiva. Ou seja: aquilo que nos interessar será logo lembrado. Já os que não conseguirem ser retidos, esquecidos. Kotler (1993) afirma que “percepção é o processo pelo qual as pessoas selecionam, organizam e interpretam as informações, para formar uma imagem significativa do mundo”. Detectar de que maneira os consumidores veem os produtos e serviços que lhes são oferecidos é a grande preocupação dos profissionais de marketing. Somente dessa forma será possível a elaboração e aplicação de estratégias adequadas a cada tipo de consumidor. 4.7 As estratégias de abordagens aos diferentes tipos de consumidores As diferentes formas de abordagens aos consumidores justifica-se exatamente por esse fato. Percebeu-se que, quanto mais abordagens são lançadas aos consumidores, haverá mais possibilidades de atingir um maior número deles. Assim, os profissionais de marketing elaboram e aperfeiçoam essas abordagens constantemente. São suas estratégias de comunicação, as quais representam as diferentes formas de “sedução” com que nós, consumidores, somos atingidos. 4.7.1 Os tipos de estratégias Com o avanço da tecnologia aliado às facilidades de acesso aos meios de comunicação, os consumidores tiveram contato com os novos produtos e serviços oferecidos pelo mercado por meio da mídia ou canais de comunicação. Por esse motivo, os profissionais de marketing concentram grande parte de seus esforços ao realizar as melhores campanhas de comunicação para atração desses consumidores. Escolhido o produto que se quer oferecer e uma vez conhecido o perfil e características dos consumidores, cabe ao marketing aplicar a estratégia de comunicação mais adequada para “atingir” as necessidades detectadas. Vejamos as principais estratégias de comunicação de marketing utilizadas pelo mercado: 4.7.1.1 Problema/Solução Apresenta-se um problema que possa atingir o consumidor, a quem está sendo dirigida a comunicação; logo depois se mostra o produto, este a própria solução desse problema. 4.7.1.2 Cenas da vida real Busca-se inserir o produto apresentado no cotidiano das pessoas. Os produtos destinados a donas de casa utilizam comumente esse tipo de estratégia que visa mostrar ao consumidor como ele pode, perfeitamente, identificar-se com o produto. São apresentadas cenas do cotidiano e pessoas utilizando o produto destacado. 4.7.1.3 Sex-appeal Estratégia muito utilizada para bebidas, como cervejas. Nesse processo, o erotismo é destacado. Muito sol, praia, mulheres com pouca roupa e todos ingerindo a bebida apresentada. 4.7.1.4 Ecologia Ao notarem que a consciência ecológica dos consumidores está a cada dia mais desenvolvida, os estrategistas de marketing buscam, em suas comunicações, destacar a posição da empresa fabricante do produto apresentado em relação à preservação ambiental. 4.7.1.5 Nostalgia História e tradição são os ingredientes desse tipo de estratégia de comunicação de marketing. Fatos acontecidos no passado e com algum tipo de relação com o produto apresentado podem mexer com a emoção dos consumidores. 4.7.1.6 Testemunho O testemunho de algum formador de opinião pode auxiliar os consumidores em suas decisões. A imagem de quem está recomendando é mais forte que o produto em si. 4.7.2 Os tipos de compradores Estudo da Young & Rubicam classifica os consumidores brasileiros em sete categorias: 4.7.2.1 Exploradores: Nessa categoria, enquadram-se consumidores mais curiosos. Eles estão sempre dispostos a serem os primeiros a experimentar o que de novidade o mercado oferece, principalmente na área tecnológica. Pessoas ligadas à arte tipificam esse comportamento; 4.7.2.2 Resignados: Esse tipo de consumidor possui como característica principal a preocupação com segurança e preço justo. Eles não costumam arriscar; ao contrário: compram sempre os mesmos produtos e marcas. Enquadram-se nesse grupo os aposentados e pensionistas de um modo geral; 4.7.2.3 Integrados: As decisões de compra desses consumidores sempre são realizadas de forma conjunta. Seja com a família, seja com os amigos, esses consumidores sempre compartilham suas decisões. Procuram adquirir os bens de consumo mais tradicionais e representam a maioria dos consumidores brasileiros, principalmente as donas-de-casa; 4.7.2.4 Transformadores: Esse é o grupo das pessoas ecologicamente corretas. Aqueles que buscam transformar o mundo para o bem geral, são consumidores transformadores, pois procuram consumir, por exemplo, apenas produtos que não agridam a natureza. Todos os ativistas ou assistentes sociais classificam-se dessa forma; 4.7.2.5 Vencedores: Como o próprio nome sugere, esse é o grupo dos que buscam o melhor para si em aspectos: financeiro, profissional, pessoal, entre outros. Com suas compras, buscam qualidade e prestígio. Apreciam uma boa viagem, praticam esportes regularmente, em especial, aqueles mais competitivos. Executivos e empresários estão nesse grupo. Poder aquisitivo está intimamente ligado a essa classificação; 4.7.2.6 Emuladores: Apesar de o nome soar diferente, esse tipo de consumidor é comum. São pessoas que adoram vir sempre na moda, do tipo: “Tudo o que há de mais moderno” nem se importam muito com a qualidade do que adquirem. Se o produto trouxer-lhes status, é o bastante. São extremamente ligados a marcas e representam 25% dos consumidores brasileiros; 4.7.2.7 Inconformados: Enquadram-se nesse tipo as pessoas que nunca ficam satisfeitas. Comumente realizam compras rápidas, alimentam-se em fast- foods, não planejam suas compras. Somam pouco mais de 6% dos consumidores e são representados pelos trabalhadores de empregos temporários. 5. O PROCESSO DE DECISÃO DE COMPRA Faz-se necessário esclarecermos aqui que compras, no sentido a ser abordado ao longo deste capítulo, deverão ser entendidas como aquelas realizadas para consumo próprio, ou seja, as compras de consumo. Logo, o que abordaremos não se aplica às compras realizadas para fins industriais. Sendo assim, podemos ilustrar o processo de decisão de compra pelo seguinte esquema: 5.1 A Necessidade De acordo com o esquema acima, o elemento desencadeador de qualquer processo de compra será sempre uma necessidade por algum produto ou serviço. Um homem pode sentir necessidade de adquirir um notebook e, assim, adiantar suas atividades laborais em casa, nos finais de semana. Com a aquisição desse produto, seu trabalho será, certamente, facilitado. 5.2 A Informação Uma vez instalada a necessidade, o consumidor buscará informações a respeito do produto que deseja adquirir. A busca por informação é o segundo passo do processo de compra. Com o intuito de suprir uma necessidade latente, o consumidor busca informações, como a média de preço do produto no mercado, suas ofertas, as marcas mais procuradas e as que oferecem maiores benefícios, entre outros. 5.3 A Avaliação De posse do maior número de informações a respeito do produto, é chegado o momento de processamento dessas informações, ou seja, os dados serão comparados sob vários aspectos, como: características, preços, formas de pagamento, garantias, assistência técnicas, dentre outros benefícios adquiridos. As comparações entre marcas também são realizadas. 5.4 A Decisão Após a ponderação de todas as variáveis analisadas, decide-se pelo produto que reuniu o maior número de vantagens. 5.5 Pós-compra A maioria das compras que realizamos, principalmente para suprir um desejo, traz-nos uma agradável satisfação. A oportunidade de adquirir um produto que tanto se almejou pode chegar até a representar uma vitória. Porém, nem sempre éassim. O pós-compra poderá tornar-se delicado para o consumidor que, após realizar a compra, sente um arrependimento ou uma incerteza a respeito do benefício da compra. Durante esse estágio de compra, o consumidor buscará elementos que justifiquem sua decisão em eleger um determinado produto em detrimento de outro. 5. 6 Fatores sociais do processo de compra Há variáveis que atuam no comportamento do consumidor, principalmente no momento em que ele decidirá sobre o que adquirir. Essas variáveis têm diversas características, cada uma com seu grau de importância. Em relação aos fatores sociais que podem interferir diretamente no comportamento do consumidor quando este realizar alguma compra, três variáveis são fundamentais para essa decisão: • Família; • Grupos de referência; • Papéis e posições sociais. 5.6.1A Família e sua Influência A família, primeiro dos determinantes para o comportamento dos indivíduos, é variável básica quanto à sua influência sobre os consumidores. Isso se dá não somente pelo constante e íntimo contato entre seus membros, mas por gozar de grande credibilidade entre aqueles que a compõem. A família é um repassador de costumes e hábitos, portanto é a responsável direta pelo processo de socialização dos indivíduos. Os pais, ao consumir a mesma marca de leite em pó ou frequentar a mesma padaria, cultivam hábitos que poderão ser assimilados e repetidos involuntariamente por seus filhos, talvez até pelo próprio costume. É dessa forma que a família influenciará no processo de compra. Os pais, por seu poder de influência, poderão assumir todos os diversos papéis no processo da compra, como o de decisor, influenciador, indicador, comprador e usuário. O conhecimento desses hábitos familiares auxilia o marketing na elaboração de estratégias precisas para atingir, de forma satisfatória, seus consumidores em consonância com suas famílias. 5.6.2 A Influência dos Grupos de Referência Também um importante influenciador no processo de compras dos indivíduos. Segundo Bearden Etzel (1982), pode ser definido como “pessoa ou grupo de pessoas que influencia, significativamente, o comportamento de um indivíduo”. Na realidade, é um modelo no qual o consumidor espelha-se e tenta reproduzir. Depois da família, é o mais importante elemento influenciador. Podemos dividir os grupos de referência em dois subgrupos: primários e secundários. • Primários – representados pelas pessoas que nos afetam de forma direta. Amigos, professores e vizinhos são os exemplos mais comuns. O marketing, atento ao grande poder que esse subgrupo exerce, frequentemente, tem elaborado campanhas, tentando ampliar essa influência. Campanhas do tipo “Indique um amigo” exemplificam essa estratégia. Também, deve-se citar a força dos vizinhos nesse processo. Muitos indivíduos são motivados a comprar determinados produtos após saberem que seus vizinhos já o possuem. Os vendedores de porta em porta são os que mais se utilizam desse fator. É comum, ao recebermos um vendedor em casa, escutarmos dele frases do tipo: “Seu vizinho já acabou de aproveitar, por que o senhor também não aproveita?”. • Secundários – formados por associações de amigos, clubes sociais, conselhos profissionais, entre outros. Possuem menor influência sobre os consumidores do subgrupo primário, porém é interessante ficarmos atentos a eles. Algumas pessoas, na tentativa de uma melhor aceitação de um determinado grupo, adquirem algum produto comum a seus membros. Essas pessoas são os chamados seguidores. 5.6.3 Papéis e Posições Sociais Referimo-nos aos papéis de destaque que um indivíduo exerce em um grupo. Se o indivíduo ocupa uma posição de destaque, consequentemente será mais notado que outros. Empresários, gerentes de bancos, advogados, professores, dentre outros profissionais, pelo grande contato com o público, preocupam-se sempre com os produtos que vão adquirir, principalmente, aqueles que ficarão expostos. 6. ESTRATÉGIAS DE NEGOCIAÇÃO Neste capítulo iremos abordar o princípio da reciprocidade como ponto fundamental na negociação, focando estratégias que podem ser utilizadas e o papel dos negociadores na condução do processo. Segundo Martinelli (2006, p. 26), “enfocam o planejamento da negociação sob o ponto de vista da estratégia a ser seguida, onde o ponto mais importante é a construção do relacionamento”. O relacionamento tem o mecanismo de promover a conciliação das divergências e diferenças que, inevitavelmente, ocorrem em um processo de negociação. Na maioria das vezes, os indivíduos apenas reagem ao que os outros fazem sem possuir uma estratégia planejada e consciente, sem buscar ações que guiem a sua conduta de maneira satisfatória. Não podemos esquecer que um bom relacionamento requer alguns requisitos, tais como: reciprocidade; comunicação efetiva; confiança e segurança; aceitação etc. Conforme Lewicki (2002, p. 29): “o princípio da reciprocidade é familiar em negociações importantes, nas quais um favor ou concessão de um lado é trocado por um favor similar ou uma concessão da outra parte”. Podemos entender que o segredo para se alcançar um bom relacionamento é ter como ponto principal a questão da reciprocidade. Em qualquer processo de negociação, as estratégias devem estar presentes, tanto sob o enfoque da relevância do resultado como na importância do relacionamento. Podemos elencar cinco tipos de estratégias, que são: - Estratégia de acomodação: negociação perde-ganha. Ação: abre mão dos resultados. Objetivo: preservar o relacionamento. - Estratégia de evitar: negociação perde-perde. Ação: não se evita o conflito. Objetivo: nenhum aspecto é relevante para evitar o conflito. - Estratégia competitiva: negociação ganha-perde. Ação: negociador ganha a qualquer custo. Objetivo: busca do ganho. - Estratégia colaborativa: negociação ganha-ganha. Ação: busca de resultados. Objetivo: prioridade para os relacionamentos e os resultados. - Estratégia do compromisso: combinação de situações. Conforme Miranda (2003, p. 36): “os negociadores relativos, às vezes, se envolvem tanto com o lado humano da negociação que acabam perdendo a direção dos objetivos e das estratégias da negociação”. Podemos entender que, nesse caso, eles podem se envolver emocionalmente em excesso e, com isso, perder o foco e a perspectiva dos objetivos e da estratégia. Nesse momento, deveremos buscar alguns pontos: melhor alternativa à negociação de um acordo/flexibilidade; criatividade; tempo favorável; ações condicionais e curtas; inúmeras opções; melhores chances de acordo. Podemos concluir que as negociações devem ser finalizadas e firmadas em situações conhecidas como negociações ganha-ganha, pois são consideradas como bem-sucedidas, sinalizando resultados favoráveis para todos os envolvidos. 6.1 A negociação no mundo empresarial A negociação pode ser considerada como um meio de vida para os gestores empresariais. Ocupando a maior parte de seu tempo, em muitas situações enfrentadas no dia a dia há conflito de interesses. As pessoas discordam entre si e utilizam a negociação para buscar uma forma de ação conjunta que possa atender melhor ambas as partes envolvidas. Apesar de sua importância, o processo de negociação é frequentemente incompreendido ou menosprezado, culminando com resultados inferiores àqueles que poderiam ser obtidos se pensássemos nos passos recomendados para uma negociação, quais sejam, entre outros: separar as pessoas do problema, concentrar-se nos interesses e não nas posições, buscar opções de ganho mútuo e definir critérios objetivos. O assunto negociação vem assumindo cada vez mais importância fundamental no mundo empresarial. As recentes alterações econômicas e sociais em todo o mundo fizeram com que as habilidades específicas de negociação sejam não só importantes como também mais difíceis de desenvolver. As negociações nas organizaçõesgeralmente envolvem mais do que dois lados. Isso ocorre pelo fato de serem as organizações compostas por várias áreas, com diversos interesses comuns e outros conflitantes. A dinâmica das negociações em grupo é mais complexa do que aquela utilizada nas negociações, envolvendo apenas dois lados. Em negociações bilaterais há apenas dois conjuntos de interesses em uma única interação. Com o envolvimento de diversos lados, a rede amplia-se, envolvendo um conjunto muito maior de interesses e de interações entre as partes. Para buscarem acordos interativos nessas situações, é necessário considerar os interesses básicos dos diversos grupos e subgrupos dentro da organização, considerando-se também as informações básicas disponíveis, os diferentes poderes envolvidos, ao tempo de que se dispõe para a negociação, assim como as questões éticas que predominam na empresa em questão. Quando ocorrem negociações em grupo (muito comum nas empresas), os gestores devem conhecer não só as várias possibilidades de distribuição, bem como também as preferências dos membros dos demais grupos. Outro aspecto importante a ser ponderado, nas negociações envolvendo várias áreas de uma empresa, é a observação sobre o comportamento dos grupos envolvidos na negociação, verificando o quanto estão cooperativos ou competitivos. Essa questão, evidentemente, depende muito da cultura organizacional e dos valores que predominam na empresa. 6.2 estágios da negociação A negociação pode ser dividida em vários estágios: a. Orientação em busca dos fatos: trata-se do estágio mais crítico de uma negociação e nem sempre se dá a ele a devida atenção; b. Etapa da resistência: pode ser uma parte penosa da negociação, porém não se deve deixar abalar com a resistência que se encontra; c. Etapa da reformulação de estratégias: nesta fase, a principal característica é a de revisão das estratégias, que deve ser feita continuamente; d. Barganha e tomada de decisões: essa fase de barganha é muito questionada por alguns que defendem que a barganha não deve acontecer num processo de negociação, devendo-se buscar atender aos interesses de ambas as partes envolvidas; e. Etapa do acordo: trata-se da garantia da compreensão mútua quanto a todos os detalhes que foram negociados e deverão ser cumpridos; f. Acompanhamento: constitui-se no estabelecimento do estágio para a próxima negociação a ser executada. Essa divisão em etapas se diferencia de acordo com os negociadores, além de diferenças referentes à importância que cada um dá àquela negociação especificamente. Assim, para serem bem- sucedidos na carreira profissional bem como ter boas condições de adaptação frente às mudanças constantes sofridas no ambiente empresarial, torna-se fundamental que os profissionais possuam boas habilidades de negociação e que as utilizem como uma ferramenta poderosa, extremamente útil. Segundo Bazerman & Neale (1995), “negociar significa tomar as melhores decisões para maximizar seus interesses”. Afirmam ainda que negociar racionalmente significa também como chegar ao melhor acordo e a não ficar satisfeito com um acordo qualquer. Dizem ainda que, em muitos casos, não fazer qualquer tipo de acordo é melhor do que simplesmente “receber um sim”. É importante, porém, saber quando é bom chegar a um acordo e quando não é. Normalmente, o desejo de vencer a qualquer custo destrói a possibilidade de ser desenvolvida uma estratégia racional de negociação. Rapoport (1986) afirma que o desejo obstinado de vencer leva a atitudes desastrosas, sendo esse um dos motivos pelos quais muitos compradores tendem a perder dinheiro nos processos de fusão e aquisição. Enquanto muitos argumentam que fusões e aquisições criam sinergia, na verdade os beneficiários dessa sinergia geralmente são os vendedores, não os compradores. Bazerman & Neale apresentam também os conceitos de Negociação Distributiva: aquela em que uma pessoa ganha à custa de outras. O exemplo é a divisão de uma torta. Quando uma pessoa fica com um pedaço maior, as outras ficaram com pedaços menores. Assim, os resultados disponíveis não formam mais uma torta fixa a ser dividida entre todos os envolvidos. Pode ser encontrada uma solução e um acordo melhor do que uma simples ação distributiva. É o conceito da Negociação Integrativa. Recomenda-se que a negociação comece pelas questões mais simples, pois, após terem sido discutidas várias questões, o envolvimento e o compromisso são maiores, em função do tempo já dedicado àquela negociação, tornando-se, com isso, mais fácil resolver as questões subsequentes. Outros acreditam que uma negociação com vários itens deva ser iniciada pelo mais complicado e importante de todos, pois, resolvido esse primeiro ponto, torna-se mais fácil seguir em frente com os outros, por serem de importância menor e o grande passo já ter sido dado. Cada um dos lados, seus interesses e prioridades. Em conjunto, esses três grupos de informações, determinam a estrutura da negociação. Deve-se compreender os componentes integrativos e distributivos de uma negociação, para ser capaz de ampliar o conjunto de recursos disponíveis para atuação. Dentro do que Ury & Fisher (1985) colocam sobre as consequências de não se chegar a um acordo e com isso o uso da MAPAN (Melhor Alternativa Para um Acordo Negociado), indicando o mais baixo valor aceitável para se fazer um acordo negociado, Bazerman & Neale (1995) apresentam algumas propostas básicas para se chegar a negociações racionais: 1. Avaliar o que se fará, se não for fechado um acordo com quem se está negociando; 2. Avaliar o que o outro fará, se não for fechado um acordo; 3. Avaliar as verdadeiras questões da negociação; 4. Avaliar quão importante realmente é cada questão; 5. Avaliar a importância de cada questão para com quem se está negociando; 6. Avaliar a área da barganha; 7. Avaliar onde há possibilidades de trocas; 8. Avaliar o grau em que se pode ser afetado pela tendência de aumentar irracionalmente seu compromisso com uma estratégia selecionada anteriormente; 9. Avaliar o grau em que o outro pode ser afetado pela tendência de aumentar irracionalmente seu compromisso com uma estratégia selecionada anteriormente. Encontrar soluções criativas que fiquem fora dos limites do conflito é uma forma muito útil de aumentar os recursos conjuntos compartilháveis pelos dois lados envolvidos no processo, aumentando as chances de se chegar a uma negociação efetiva. 7. ESTRATÉGIA COMPETITIVA E OBJETIVOS EMPRESARIAIS 7.1 Origens da palavra estratégia Antes de passarmos para a discussão de estratégias em marketing, é fundamental compreendermos o conceito de estratégia, o que não é uma tarefa muito fácil, apesar de o termo ser utilizado com frequência nas nossas conversas do dia a dia. Para isso, vamos viajar um pouco na história. A palavra estratégia surgiu na Grécia antiga para designar um comandante-chefe militar ou um magistrado. Durante muitos séculos, esteve intimamente relacionada, fundamentalmente, à doutrina militar. Etimologicamente, a palavra estratégia vem do grego strategos, que significa general. Estratégia é, portanto, a arte do general. O idioma grego apresenta diversas variações como strategicós, ou próprio do general chefe; stratégema, ou estratagema, ardil de guerra; stratiá, ou expedição militar; stráutema, ou exército em campanha, stratégion, ou tenda do general, dentre outras (PEREIRA, 1969). Mintzberg e Quinn (1998, p. 2) explicam que “inicialmente strategos se referia a um papel (um general no comando de um exército)”. Mais tarde, ela passou a significar “a arte do general”. Na língua inglesa, a palavra estratégia foi empregada, pela primeira vez, no final do século XVII, fazendo referência a algo realizado longe da visão do adversário. Um marco inicial importante da literatura, versando sobre estratégia, foi o livro Arte da Guerra, escrito por Sun Tzu (1983),
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