Buscar

Quais são os desafios historiográficos que os debates atuais sobre a memória e o

Prévia do material em texto

Disciplina: Metodologia da História I
Professor: Naiara dos Santos Damas Ribeiro 
Graduando: Matheus Felipe Silva Bezerra 
Matricula: 201628045
Data: 21 / 06 / 2017
Quais são os desafios historiográficos que os debates atuais sobre a memória e o "dever de memória" impõem à disciplina histórica, considerando que nos últimos anos houve uma importante reformulação da relação entre memória e história?
Os desafios tratados no vídeo e no texto dizem respeito a integração da memória na história, desafios esses que são encarados a partir de grandes debates sobre a validade da memória e a necessidade de prova que valide a memória e se essa é válida como argumento nos relatos históricos. A discussão sobre a validade da memória como objeto histórico é por conta de sua validade e sua veracidade, pois a memória é uma forma de manter vivo o próprio evento, ela se fixa de acordo com o emocional e a partir disso é uma maneira de tomar partido do próprio evento, pois ela é parcializada através do próprio emocional, segundo alguns autores e pensadores isso poderia “minar” seu valor para produção de história.
Halbwachs, através de seu ponto de vista enxerga que: "indivíduos são aqueles que lembram de como os membros do grupo são. Nós falaríamos simplesmente que cada memória individual é um ponto de vista sobre a memória coletiva, que esse ponto de vista muda segundo o lugar que eu ocupo no grupo, e que esse mesmo lugar muda segundo as relações que sustento com os outros meios". Além de Halbwachs, Temístocles Cezar, relembra durante uma conferência, o caso de um judeu que estava dando seus relatos para a produção de um filme sobre o holocausto e não acreditou em seu próprio diário e, por isso, havia pulado determinadas partes. Ou seja, isso cria uma desconfiança na memória por conta do enfraquecimento que ocorre através do tempo e acaba gerando dúvidas sobre ela mesma e por conta também dos diferentes pontos de vistas que se tem sobre um determinado caso. 
Outro desafio enfrentado pelos historiadores e fator de discussão é a necessidade de prova para legitimar memórias a respeito da história e seu valor historiográfico, ou seja, não é porque a memória existe que não é necessária a prova, ou seja, a memória não é material que justifica a realidade do relato a partir de si mesma, a memória nesse caso é apenas um relato de uma testemunha, o que faz do relato dessa testemunha apenas uma única versão dos fatos. A necessidade de prova para validar a memória permitiu e permite uma constante reflexão por parte dos historiadores para que se discutam quais memorias são reais e quais não são.
Como confiar na testemunha e sua memória? (A testemunha conta a história do que ela acredita ser real, o que pode não ser, pois ela pode ter corrompido a verdade através de seu ponto de vista “Gestalt”) Essa pergunta é um questionamento, um obstáculo que os historiadores enfrentam na hora de levar em conta a validade da memória. 
De forma geral, a disciplina histórica entra em um grande conflito ao tentar responder os questionamentos do que seria uma memória histórica e o que seria uma real história. Há também um grande conflito entre os historiadores para se tentar saber se a memória é válida como argumento nos relatos históricos. Os historiadores que usam como fonte de pesquisa os documentos autobiográficos ou biográficos (documentos onde a memória é constantemente recorrida) acabam tendo que realizar uma reflexão mais intensa sobre a questão da inserção da memória como material historiográfico. Tal reflexão é necessária, portanto, porque tais documentos citados integram práticas culturais de produção do “eu” e, por serem uma escrita de si, evidenciam claramente a dimensão subjetiva presente na narrativa memorial dos criadores da história.

Continue navegando