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AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS, EM ÁREA DE PRODUÇÃO FAMILIAR, NA COMUNIDADE DO BOSQUE MENINO JESUS/CAMETÁ-PA Elidineia Lima de Oliveira Mata1; Vitor Barbosa da Costa1; José Gomes de Melo Junior2; Eduardo Rodrigues Araújo3 1Discente do curso de Agronomia, da Universidade Federal do Pará; E-mail: elomatta@gmail.com; vbcosta97@gmail.com 2MSc. Docente do curso de Agronomia, da Universidade Federal do Pará; E-mail: josejunior@ufpa.br 3Engenheiro Agrônomo; E-mail: eduaraujocg@gmail.com RESUMO Os sistemas agroflorestais (SAFs) fundamentam-se em uma opção para o uso da terra para associar a estabilidade do ecossistema, pretendendo assim, buscar a eficiência e a potencialização dos meios naturais na produção de forma integralizada e sustentável. A área utilizada é de 10,4532 ha dividindo-a para implantação de dois SAFs, o primeiro (1) em área onde ocorreu o processo de corte e queima e o outro (2) está ocorrendo um processo de transição. Foram implantadas as espécies florestais andirobeira, mogno amazônico, cedro cheiroso e gliricidea e as frutíferas de ciclo médio como a bananeira, cupuzeiro, açaizeiro, pimenta-do-reino, cajueiro e ingá-cipó; também foram inserido espécies frutíferas e algumas espécies anuais como o milho, abóbora, pepino, maxixe e macaxeira. O objetivo deste trabalho foi avaliar a fase inicial da implantação de duas UEPA (Unidades de Pesquisas e Experimentação Agroecológicas) em uma pequena comunidade no município de Cametá, no estado do Pará. Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável. Agricultura familiar. SAFs. INTRODUÇÃO Os sistemas agroflorestais podem ser definidos como sendo a modalidade de uso integrado da terra para fins de produção florestal, agrícola e pecuário (Dubois, 1996; Santos, 2000). Os aspectos principais dos sistemas agroflorestais estão na presença deliberada de componentes florestais para fins de produção, de proteção ou visando a ambas situações simultaneamente (Passos e Couto, 1997). Em comparação com os sistemas convencionais de uso da terra, os sistemas agroflorestais tem como objetivo principal permitir maior diversidade e sustentabilidade. Do ponto de vista ecológico, a coexistência de mais de uma espécie em uma mesma área pode ser justificada em termos da ecologia de comunidades, desde que as espécies envolvidas ocupem nichos diferentes, de tal forma que seja mínimo o nível de interferência, nessas condições tais espécies podem coexistir (Budowski, 1991). Atualmente, os sistemas agroflorestais estão sendo vistos como alternativa promissora para propriedades rurais dos países em desenvolvimento. Pela integração da floresta com culturas agrícolas e com a pecuária, esse sistema oferece uma alternativa quanto aos problemas da baixa produtividade, de escassez de alimentos e da degradação ambiental generalizada (Almeida et al., 1995; Santos, 2000). Este trabalho teve por objetivo avaliar a fase inicial da implantação de duas Unidades de Pesquisas e Experimentação Agroecológicas (UEPAs) na comunidade Bosque Menino Jesus, no município de Cametá, estado do Pará. METODOLOGIA A implantação dos sistemas agroflorestais se deu em uma unidade de produção familiar, na comunidade Bosque Menino Jesus, no município de Cametá. mailto:eduaraujocg@gmail.com mailto:josejunior@ufpa.br mailto:vbcosta97@gmail.com mailto:elomatta@gmail.com Cametá localiza-se na mesorregião Nordeste Paraense, microrregião de Cametá, território do Baixo Tocantins, sob as coordenadas geográficas, na latitude: 02º12’22,18’’ S e longitude: 49º20’32’’ O. A sede de Cametá está distante aproximadamente 140 km de Belém, capital do Pará, abrange uma área de 3.113 km², com uma população de 117.099 habitantes, sendo 66.746 na zona rural e que têm na agricultura, na pesca e no extrativismo grande expressões de suas ocupações e atividades (IBGE, 2007; RESQUE, 2011). Na comunidade em que se desenvolveu este estudo de caso, a partir de uma abordagem analítica, há presença de diversas atividades agrícolas. Contudo, este trabalho buscou levantar dados sobre a implantação de um primeiro processo produtivo a partir de um sistema agroflorestal, e, inicialmente, para isso, foi construído o uma espécie de croqui dos arranjos dos dois SAFs. O SAF 1 foi implantado em uma área de 3.256,5m2, onde inicialmente seria implantado um monocultivo de pimenta-do-reino (Piper ningrum), mas que optou-se pela diversificação através dos sistemas agroflorestais, em que a limpeza da área foi feita através da técnica de corte e queima da vegetação. O SAF 2 foi implantado em uma área de equivalente a 2.275m2. Nos dois SAFs foram usadas mudas de variadas espécies para contemplar os componentes agrícolas, arbóreos, perenes e semi-perenes, tais como: feijão guandu (Cajanus cajan), coentro (Coriandrum sativum), milho (Zea mays), abacaxi (Ananas comosus), abóbora (Cucurbita spp.), pepino (Cucumis sativus), maxixe (Cucumis anguria), melancia (Citrullus lanatus), melão (Cucumis melo), macaxeira (Manihot esculenta), couve (Brassica oleracea), alface (Lactuca sativa), amendoim rasteiro (Arachis pintoi), banana (Musa spp), pimenta-do-reino (Piper ningrum), açaí (Euterpe oleracea), acerola (Malpighia emarginata), abacate (Persea americana), cacau (Theobroma cacao), cupuaçu (Theobroma grandiflorum), caju (Anacardium occidentale), ingá-cipó (Ingá edulis), mogno (Swiethenia macrophylla), andiroba (Carapa guianensis), cedro (Cedrella odorata), acapu (Vouacapoua americana), neem (Azadirachta indica) e gliricídea (Gliricidia sepium). RESULTADOS E DISCUSSÃO O SAF 1 (Figura 1) começou a ser implantado em dezembro de 2017 em área de pousio, fato que permitiu uma maior liberdade na criação do sistema. Figura 1 – Desenho do SAF 1. Fonte: autores (2018). O SAF-2 (Figura 2), foi concebido para ser um sistema de transição do monocultivo de pimenta-do-reino, de quatro anos, para diversificação e arranjo de componentes agrícolas e arbóreos, a partir de janeiro de 2018. Este aproveitamento da área, é uma das vantagens dos sistemas agroflorestais que diminuem a possibilidade de abertura de novas áreas pra cultivo (DUBOIS, 1996). Figura 2 – Desenho do SAF 2. Fonte: autores (2018). O SAF 1 foi mais produtivo que o SAF 2 na fase inicial de produção, ao atingir 30 kg de abóbora, 10 kg de pepino, 5 kg de maxixe e 40 kg de milho, uma vez que no SAF 2 se produziu 20kg de milho, por exemplo. No que tange aos custos de implantação dos SAFs, o do SAF 1 teve maior capital de investimento do que no SAF 2, visto que a cultura anterior (pimenta-do-reino) exige tratos culturais que também são favoráveis as novas espécies do sistema agroflorestal. Já no SAF 1 a incidências de plantas daninhas foi maior, exigindo mais tratos culturais e por conseguinte mais custos. O SAF 2 apresenta determinadas restrições geradas pela cultura anterior, como a disposição das novas espécies, principalmente em relação ao nível de radiação solar, disputa por nutriente e água haja visto que o sistema radicular da pimenta-do-reino já está estabelecido. Contudo, o SAF 2 é importante do ponto de vista de do aproveitamento de áreas com apenas uma cultura e, assim havendo transição para mais cultivos e de forma diversificada, como que foi visto também no Nordeste Paraense, por Melo Júnior (2014), em comunidade rural que começou a fazer uma transição produtiva para os SAFs até atingir 64,3% do total de lotes da comunidade, principalmente a partir da pimenta-do-reino. CONCLUSÕES Os sistemas agroflorestais emergem como alternativa de diversificação produtiva, tendo cultivos agrícolas e florestais que podem produzir ao longo do ano e assim ser uma ótima opção para o agricultor familiar que pode garantir produção para o consumo e venda de diversos produtos, aliando geração de renda com segurança alimentar.REFERÊNCIAS ALMEIDA, M.V. C.; SOUZA, V.F.; COSTA, R. S. C.; VIEIRA, A.H.; RODRIGUES, A.N.A.; COSTA, J.N.M.; RAM, A.; SÁ, C. P.; VENEZIANO,W.; JUNIOR, R.S.M. Sistemas agroflorestais como alternativa autossustentável para o Estado de Rondônia. Porto Velho: PLANAFLORO; PNUD, 1995. 59p. BUDOWSKI, G. Aplicabilidad de los sistemas agroforestais In: SEMINÁRIO SOBRE PLANEJAMENTO DE PROJETOS AUTO-SUSTENTÁVEIS DE LENHA PARA AMÉRICA LATINA E CARIBE, 1991, Turrialba. Anais ... Turrialba: FAO,1991, v.1 p. 161-7. DUBOIS, J.C.L. Manual Agroflorestal para a Amazônia. v. 1. Rio de Janeiro: REBRAF, 1996. 228p. PASSOS, C.A.M.; COUTO, L. Sistemas agroflorestais potenciais para o Estado do mato Grosso do sul. In: SEMINÁRIO SOBRE SISTEMAS FLORESTAIS PARA O MATO GROSSO DO SUL, 1., 1997, Dourados. Resumos ... Dourados: Embrapa-CPAO, 1997. p. 16-22. (Embrapa-CPAO. Documentos, 10). INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICAS - IBGE. 2007. Censo Demográfico 2007. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 20 abr. 2018. MELO JÚNIOR, J. G. Importância da diversidade dos sistemas agroflorestais na sustentabilidade de agroecossistemas familiares na Comunidade Santa Luzia, Município de Tomé-Açu/Pará. 2014, 128f, Dissertação (Mestrado em Agriculturas Familiares e Desenvolvimento Sustentável) - Universidade Federal do Pará, Belém, 2014. RESQUE, A. G. L. Processos de modificação e a sustentabilidade de agroecossistemas familiares na região das Ilhas de Cametá – PA. 2011, 110f. Dissertação (Mestrado em Agriculturas Familiares e Desenvolvimento Sustentável) – Universidade Federal do Pará, Belém, 2011. http://www.ibge.gov.br/
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