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TCC FINAL 2020

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UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
LUCIANA GRACIELLA S. DE OLIVEIRA – RA: 1506169
ATENÇÃO INTEGRAL À SAUDE DO IDOSO E VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO: CONTRIBUIÇÕES DO ASSISTENTE SOCIAL
TRINDADE
2018
AGRADECIMENTO,
Primeiramente à DEUS , por ter me carregado em teus braços durante este curso e não me deixando desamparada em nenhum momento, dando me forças para ultrapassar todas as barreiras e superar todos os desafios. Aos maus filhos que por vários momentos entendeu minha ausência , ao meu esposo que nos momentos mais difíceis segurou as minhas mãos, a minha mãe que sempre com suas palavras sabias me impulsionou a seguir em frente, agradeço a toda minha família e amigos.
Não foi com os nossos antepassados que o Senhor fez essa aliança, mas conosco, com todos nós que hoje estamos vivos aqui. Deuteronômio 5:3
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PREFÁCIO
O QUE É PESSOA IDOSA?
Na legislação brasileira, é considerada idosa a pessoa que tenha 60 anos ou mais de idade. Para comprovar a idade, basta apresentar um documento oficial com foto, como a carteira de identidade ou a carteira nacional de habilitação.
O Brasil envelhece de forma rápida e intensa. Segundo o IBGE, a população idosa brasileira é composta por 29.374 milhões de pessoas, totalizando 14,3% da população total do país. A expectativa de vida em 2016, para ambos os sexos, aumentou para 75,72 anos, sendo 79,31 anos para a mulher e 72,18 para o homem. Esse crescimento representa uma importante conquista social e resulta da melhoria das condições de vida, com ampliação do acesso a serviços médicos preventivos e curativos, avanço da tecnologia médica, ampliação da cobertura de saneamento básico, aumento da escolaridade e da renda, entre outros determinantes. 
A transição demográfica brasileira apresenta características peculiares e demonstra grandes desigualdades sociais no processo de envelhecimento. Esse processo impactou e trouxe mudanças no perfil demográfico e epidemiológico em todo país, produzindo demandas que requerem respostas das políticas sociais, implicando em novas formas de cuidado, em especial aos cuidados prolongados e à atenção domiciliar. Associado a esse quadro, ocorreram mudanças na composição das famílias brasileiras, no papel da mulher no mercado de trabalho, na queda da taxa de fertilidade e na nupcialidade, resultando em novos desafios a serem enfrentados no cuidado à população idosa, dirigidos principalmente às políticas de saúde, da assistência social e da previdência social.
IMPORTANTE: Não cometa violência contra a pessoa idosa. Existem várias formas de agredir os idosos (negligência, abandono, agressão física, sexual, psicológica etc. Se você estiver sofrendo ou conhecer alguém que esteja sofrendo qualquer forma de violência, conte o que está acontecendo para um profissional de saúde, ligue Disque 100 ou busque ajuda no Conselho dos Direitos do Idoso, Ministério Público ou Delegacia do Idoso.
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 RESUMO
O objetivo deste estudo é discorrer sobre a violência doméstica praticada contra o idoso e a importância da contribuição e papel do profissional de Serviço Social, Avaliar o desempenho da atenção integral ao idoso em serviços de atenção primária . As violências contra os idosos podem ser definidas de várias maneiras; física, estrutural, psicológico, institucional, interpessoal, abuso financeiro ou material, sexual, emocional, preconceitos, negligencias e outros, sendo essas agressões vindas de pessoas mais próximas, vizinhos, conhecidos, própria família ou da parte do estado que muitas das vezes não cumprem seu papel, no entanto o foco deste estudo será a violência doméstica contra o idoso. Criada em janeiro de 1994 lei n. 8,842 políticas nacional do idoso em enfrentamento a essa questão social, criada no objetivo de assegurar os direitos sociais do idoso, e exercer cidadania. O Serviço Social tem a função de mediar conflitos, garantir direitos, desenvolver ações que potencialize o enfrentamento dessa violência. O Serviço Social possui grande importância no enfrentamento contra a violência doméstica praticada contra o idoso. Assim, enquanto profissão comprometida com o enfrentamento da questão social.
Palavras-chave: Violência Doméstica. Serviço Social. Idoso. Política Pública. Estatuto do Idoso.
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho retrata um tema de extrema relevância: a violência contra a pessoa idosa no Brasil. Deste modo, como tem finalidade discorrer a importância do trabalho do profissional de Serviço Social frente a violência doméstica praticada contra o idoso.
A violência doméstica contra a pessoa idosa se apresenta como destaque na contemporaneidade, ou seja, nunca a velhice foi tão abordada nos últimos anos.
Apesar da criação de leis específicas para esse público com base na elaboração do Estatuto do Idoso, a efetivação de direitos é algo que se deixa a apetecer. A Constituição Federal de 1988 inovou quando exigiu a proteção à pessoa idosa por parte da tríade que se refere ao Estado, Sociedade e Família, porém o que se percebe nos dias hodiernos, é a fragmentação desses atores e a delegação de seus papéis a outrem.
 Com esse estudo pretende-se refletir e analisar as formas de materialização dessa violência a pessoa idosa, por parte do Estado, Sociedade e família. Neste contexto o Serviço Social tem a função de mediar conflitos, garantir direitos, desenvolver ações que potencialize o enfrentamento dessa violência. Para que isso ocorra se faz necessária a existência de profissionais Assistentes Sociais comprometidos com seu Projeto Ético Político e com condutas propositivas para amenização ou minimização dessa realidade.
As violências contra os idosos podem ser definidas de várias maneiras; física, estrutural, psicológico, institucional, interpessoal, abuso financeiro ou material, sexual, emocional, preconceitos, negligencias e outros, sendo essas agressões vindas de pessoas mais próximas, vizinhos, conhecidos, própria família ou da parte do estado que muitas das vezes não cumprem seu papel, no entanto o foco deste estudo será a violência doméstica contra o idoso.
O presente estudo se justifica pelo fato que desde o início do curso e no decorrer dos meus estágios sempre gostei do trabalho voltado a pessoa idosa, sendo que o mesmo necessita de grande atenção, principalmente no que se refere a violência praticada contra os mesmos. Assim surgiu a necessidade de realizar o presente estudo com este tema, pois vimos constantemente nas redes sociais e principalmente na televisão casos de idosos que são vítimas de violência.
O profissional de Serviço Social exerce um importante papel, pois o mesmo trabalho regido por princípios e critérios estabelecidos pela Lei de Regulamentação e
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Código de Ética da Profissão (Lei nº 8.662/93), identificados com a igualdades, a
equidade e a justiça social, bem como, com a perspectiva de promoção da autonomia do cidadão.
Deste modo, o Serviço Social possui grande importância no enfrentamento contra a violência doméstica praticada contra o idoso. Assim, enquanto profissão comprometida com o enfrentamento da questão social.
O objetivo geral deste estudo é o de discorrer sobre a violência doméstica praticada contra o idoso e a importância da contribuição e papel do profissional de Serviço Social.
Para realizar a trajetória teórica foi utilizado um levantamento bibliográfico na perspectiva de contextualizar o objeto de pesquisa, a violência doméstica ao idoso. Outros subsídios de pesquisa foram utilizados tais como: revistas, artigos, dentre outros.
O presente estudo encontra-se estruturado em três capítulos. No primeiro capítulo mostra a revisão teórica, discorrendo sobre o envelhecimento, sobre o abuso contra os idosos um problema social, proteção social legislativa Estatuto e Políticas, aborda sobre a Política de Assistência Social e atenção a pessoa idosa e a atuação do Assistente Social na lógica da proteção social e garantia de direitos da pessoa idosa.
No segundo capítulo discorre sobre as políticas de proteção socialao idoso e no terceiro e último capítulo mostra uma análise entre a realidade pesquisada e a proposta da política e a intervenção da lógica da equidade social do profissional de serviço social.
05
SUMÁRIO
	RESUMO
	3
	INTRODUÇÃO
	4
	SUMARIO
	6
	1 ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO IDOSO
	7
	2 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM
	8
	3 POLÍTICAS, PROGRAMAS E REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE DO IDOSO 
	11
	4 O ENVELHECIMENTO
	
	5 SEDENTARISMO COMO PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA
	19
	6 BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA EM IDOSOS
	20
	7 A ESCOLHA DA ATIVIDADE FÍSICA ADEQUADA
	21
	8 PREVENÇÃO DE QUEDAS
	22
	9 BENEFÍCIOS RELACIONADOS À SAÚDE DO IDOSO
	23
	10 O CUIDADO
	23
	11 O CUIDADOR E A EQUIPE DE SAÚDE
	24
	12 O CUIDADOR E A FAMÍLIA
	25
	13 CUIDANDO DO CUIDADOR
	26
	14 GRUPOS DE CUIDADORES
	26
	15 BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL (BPC)
	27
	16 BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS
	29
	17 ADAPTAÇÕES AMBIENTAIS
	29
	18 ESTIMULANDO O CORPO E OS SENTIDOS
	31
	19 COMO AJUDAR NA COMUNICAÇÃO
	32
	20 ALTERAÇÕES QUE PODEM SER ENCONTRADASNA COMUNICAÇÃO 
	33
	21 ENVELHECIMENTO
	34
	22 ABUSO CONTRA OS IDOSOS UM PROBLEMA SOCIAL
	35
	
06
23 PROTEÇÃO SOCIAL LEGISLATIVA ESTADUAL E POLITICAS 41
	
	24 POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E ATENÇÃO A PESSOA IDOSA 
25 ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA LÓGICA DA PROTEÇÃO 51 SOCIAL E GARANTIA DE DIREITOS DA PESSOA IDOSA. 
26 POLÍTICAS DE PROTEÇÃO SOCIAL AO IDOSO 54
27 ANÁLISE ENTRE A REALIDADE PESQUISADA E A PROPOSTA DA POLÍTICA E A INTERVENÇÃO DA LÓGICA DA EQUIDADE SOCIAL DO PROFISSIONAL DE SERVIÇO SOCIAL 57
	49
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
07
1 ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO IDOSO
A promoção da saúde é uma estratégia de produção de saúde, que deve estar articulada às demais políticas e tecnologias desenvolvidas no sistema de saúde brasileiro, contribuindo para a construção de ações que possibilitem responder às necessidades sociais em saúde.
Desse modo, promover programas educativos para doenças crônicas e degenerativas pode reduzir bastante o número de hospitalizações, melhorar significativamente as complicações agudas e crônicas, além de prevenir ou retardar o aparecimento de enfermidades
Para tanto, o Ministério da Saúde tem investido em diretrizes que orientam a reorganização das Redes de Atenção à Saúde e as linhas de cuidado às doenças crônicas, assim como orientado ações para vigilância das doenças infecciosas mais prevalentes.
A efetivação de ações de atenção à saúde do homem, voltadas à prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação, manutenção, promoção e proteção da saúde, também tem representado um passo importante para as ações de saúde do adulto.
1.2 AÇÕES DE VIGILÂNCIA NA SAÚDE: CONTROLE DE TUBERCULOSE E HANSENÍASE E AÇÕES DE SAÚDE .
As ações de vigilância em saúde têm como objetivo a análise permanente da situação de saúde da população e a organização e execução de práticas de saúde adequadas ao enfrentamento dos principais problemas de saúde-doença das comunidades. É composta por ações de vigilância, promoção, prevenção e controle de doenças e agravos à saúde, ações estas que devem estar inseridas cotidianamente na prática das equipes de saúde de Atenção Básica.
O escopo das ações de vigilância em saúde é formado por atividades de vigilância e controle das doenças transmissíveis; pela vigilância das doenças e agravos não transmissíveis; pela vigilância da situação de saúde, vigilância ambiental em saúde, vigilância da saúde do trabalhador e pela vigilância sanitária.
No que tange a saúde do adulto, relaciona-se a tuberculose e a hanseníase como agravos transmissíveis mais frequentes nesta população, apresentando importante
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 magnitude e/ou transcendência em nosso país. Tal fato de monstra a necessidade de se promover ações de prevenção e controle destas doenças, o que refletirá a ampliação da capacidade de respostas dos serviços às doenças emergentes e às endemias.
Um importante foco da ação de controle desses agravos está voltado para o diagnóstico e tratamento das pessoas doentes, visando à interrupção da cadeia de transmissão, na qual grande parte das ações encontra-se no âmbito da Atenção Básica/Saúde da Família.
Entende-se que as ações de vigilância em saúde visam contemplar o cuidado integral a saúde , por meio da promoção da saúde.
A promoção da saúde é compreendida como estratégia de articulação transversal, a qual incorpora outros fatores que colocam a saúde da população em risco trazendo à tona as diferenças entre necessidades, territórios e culturas presentes no país. Visa criar mecanismos que reduzam as situações de vulnerabilidade, defendam a equidade e incorporem a participação e o controle social na gestão das políticas públicas.
Nesse sentido, a Política Nacional de Promoção da Saúde prevê que a organização da atenção e do cuidado deve envolver ações e serviços que operem sobre os determinantes do adoecer e que vão além dos muros das unidades de saúde e do próprio sistema de saúde.
O objetivo dessa política é promover a qualidade de vida e reduzir a vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes.
Apresenta como ações específicas: alimentação saudável, prática corporal/atividade física, prevenção e controle do tabagismo, redução da morbimortalidade em decorrência do uso de álcool e outras drogas, redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito, prevenção da violência e estímulo à cultura da paz, além da promoção do desenvolvimento sustentável.
2 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM
Com o propósito de desvelar as ações de atenção integral à saúde dos indivíduos do sexo masculino, com idade entre 20 e 59 anos, o Ministério da Saúde, apresentou, como uma das prioridades do governo, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH). A política situase alinhada com a Política Nacional de Atenção Básica e está em consonância com os princípios do SUS, fortalecendo ações e serviços em redes e cuidados da saúde, privilegiando a Estratégia Saúde da Família, evitando, assim, a setorialização de serviços ou a segmentação de estruturas.
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A PNAISH busca oferecer subsídios à reflexão dos determinantes da saúde do homem, bem como apresenta diversos elementos condicionantes para a sua saúde, resguardando
 a consideração da necessidade de ações de promoção e prevenção, além da recuperação. Entre seus principais objetivos, insere-se a orientação com as ações e serviços de saúde para a população masculina, com integralidade e equidade, primando pela humanização da atenção.
A mobilização da população masculina brasileira para a luta pela garantia de seu direito social à saúde é um dos desafios dessa política, que pretende sensibilizar e empoderar homens para o reconhecimento e a enunciação de suas condições sociais e de saúde, para que advenham sujeitos protagonistas de suas demandas, consolidando seu exercício e gozo dos direitos de cidadania.
Fonte: static1.dermaclub.com.br
2.1 Diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (BRASIL, 2008b):
Entender a Saúde do Homem como um conjunto de ações de promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde, executado nos diferentes níveis de atenção. Deve-se priorizar a atenção básica, com foco na Estratégia de Saúde da Família, porta de entrada do sistema de saúde integral, hierarquizado e regionalizado;
	Reforçar a responsabilidade dos três níveis de gestão e do controle social, de acordo com as competências de cada um, garantindo condições para a execução da presente política;
	Nortear a prática de saúde pela humanização e a qualidade da assistência a ser prestada, princípios que devem permear todas as ações;
	Integrar a execução da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem às demais políticas, programas, estratégias e ações do Ministério da Saúde;
	Promover a articulação interinstitucional, em especial com o setor de educação, como promotor de novas formas de pensar e agir;
	Reorganizaras ações de saúde, por meio de uma proposta inclusiva, na qual os homens considerem os serviços de saúde também como espaços masculinos e, por sua vez, os serviços de saúde reconheçam os homens como sujeitos que necessitem de cuidados;
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	Integrar as entidades da sociedade organizada na corresponsabilidade das ações governamentais pela convicção de que a saúde não é só um dever do Estado, mas uma prerrogativa da cidadania;
	Incluir na educação permanente dos trabalhadores do SUS, temas ligados à Atenção Integral à Saúde do Homem;
	Aperfeiçoar os sistemas de informações de maneira a possibilitar um melhor monitoramento que permita tomadas racionais de decisão;
	Realizar estudos e pesquisas que contribuam para a melhoria das ações da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem.
Por meio dessas diretrizes, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem pretende promover a melhoria das condições de saúde da população masculina do Brasil, contribuindo, de modo efetivo, para a redução da morbidade e mortalidade dessa população, por meio do enfrentamento racional dos fatores de risco e mediante a facilitação ao acesso, às ações e aos serviços de assistência integral à saúde. 
2.2 O homem e os serviços de saúde
Nos últimos anos, o Brasil vem apresentando um novo padrão demográfico que se caracteriza pela redução da taxa de crescimento populacional e por transformações profundas na composição de sua estrutura etária. Estas modificações, por seu turno, têm imprimido importantes mudanças também no perfil epidemiológico da população, com alterações relevantes nos indicadores de morbimortalidade.
Um fato interessante a se destacar é a relação existente entre homens e os serviços de saúde. É indiscutível a ocorrência de uma baixa acessibilidade da população masculina aos serviços de saúde, especialmente os de atenção primária, o que assinala para uma vulnerabilidade desses indivíduos. O pouco acesso constitui-se em um importante problema de saúde pública, haja vista que a busca pelos serviços de saúde, quando existe, está atrelada a um quadro clínico de morbidade já cronificado com repercussões biopsicossociais para sua qualidade de vida, além de onerar, significativamente, o SUS.
Vários estudos comparativos entre homens e mulheres têm comprovado o fato de que os homens são mais vulneráveis às doenças, sobretudo às enfermidades graves e crônicas, e que morrem mais precocemente que as mulheres. Com relação à maior vulnerabilidade e às altas taxas de morbimortalidade, os homens não buscam, como o fazem as mulheres, os serviços de atenção básica adentrando o sistema de saúde pela atenção
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ambulatorial e hospitalar de média e alta complexidade, o que tem como consequência agravamento da morbidade pelo atraso na atenção e maior custo para o sistema de saúde, conforme já mencionamos.
O Ministério da Saúde assegura que grande parte da não adesão às medidas de atenção integral, por parte do homem, decorre das variáveis culturais. Os estereótipos de gênero, enraizados há séculos na cultura patriarcal, potencializam práticas baseadas em crenças e valores do que é ser masculino.
A doença é considerada como um sinal de fragilidade que os homens não reconhecem como inerentes à sua própria condição biológica. O homem julga-se invulnerável, o que acaba por contribuir para que ele cuide menos de si mesmo e se exponha mais às situações de risco. A isto, se acresce o fato de que o homem tem medo de o médico descobrir algo que comprometa a sua saúde, o que põe em risco sua crença de invulnerabilidade. Outra questão bastante apontada pelos homens para não adesão aos serviços da atenção básica relaciona-se ao horário de funcionamento das unidades de saúde. Os homens declaram que o horário de atendimento dos serviços de saúde coincide com a carga horária de trabalho.
Para o Ministério da Saúde, todas as barreiras aqui apresentadas, bem como outras não descritas que atrapalham a inserção do homem nos serviços de atenção básica, devem ser investigadas e compreendidas na singularidade e particularidade de cada caso. A compreensão das barreiras socioculturais e institucionais é importante para a proposição estratégica de medidas que venham a promover o acesso dos homens aos serviços de atenção primária, que deve ser a porta de entrada ao sistema de saúde, a fim de resguardar a prevenção e a promoção como eixos necessários e fundamentais de intervenção.
3 POLÍTICAS, PROGRAMAS E REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE DO IDOSO
3.1 Políticas e programas internacionais
A construção de políticas e programas voltados para atender especificidades do processo de envelhecimento vem ao encontro do aumento da expectativa de vida e da busca por um envelhecimento saudável.
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 Uma população em processo rápido de envelhecimento significa um crescente incremento relativo das condições crônicas e, especialmente, das doenças crônicas, porque elas afetam mais os segmentos de maior idade.
3.2 Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento
O marco desse Plano de Ação é adotar medidas em todos os níveis, nacional e internacional, em três ações prioritárias: idosos e desenvolvimento, promoção da saúde e bem-estar na velhice e, por fim, criação de um ambiente propício e favorável, e desse modo garantir, em todas as partes, que a população possa envelhecer com segurança e dignidade e que os idosos possam continuar participando em suas respectivas sociedades como cidadãos com plenos direitos (ONU, 2003).
3.3 Plano de ação sobre a saúde das pessoas idosas
A estratégia leva em conta as necessidades dos países membros da Organização Pan-americana de Saúde (Opas) de gerar respostas adequadas ao envelhecimento da população; é apoiada por ambas as forças atuais e potenciais, ênfase em atividades que oferecem maiores oportunidades de sucesso e focos na capacitação e aprendizagem.
	Foram identificadas quatro áreas de atuação: saúde dos idosos nas políticas públicas; adequação dos sistemas de saúde para enfrentar os desafios associados; o envelhecimento da população; formação de recursos humanos para enfrentar este desafio e melhorar a capacidade de gerar informações necessárias para executar e avaliar as ações para melhorar a saúde da população. Esse Plano de Ação define prioridades para o período 2009-2018 (OPAS; OMS, 2009).
3.4 Políticas, programas e ações nacionais
	O “Pacto pela Saúde” do Ministério da Saúde, de 2006, é constituído por três eixos: o Pacto em Defesa do SUS, o Pacto em Defesa da Vida e o Pacto de Gestão. O Pacto em Defesa da Vida é de responsabilidade das três esferas do governo e tem seis prioridades, das quais se pode destacar, para o contexto da pessoa idosa, a saúde do idoso, a promoção da saúde e o fortalecimento da Atenção Básica (BRASIL, 2010). O esquema abaixo demonstra a localização da saúde da pessoa idosa dentro da estruturação do pacto pela saúde. Lembramos que as ações do pacto pela saúde contemplam várias ações.
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3.5 Política Nacional de Atenção Básica (PNAB)
	A Política Nacional de Atenção Básica, regulamentada pela Portaria GM nº 648 de 28 de março de 2006, desenvolve um conjunto de ações de saúde que visa à promoção, à proteção e à prevenção de agravos, ao diagnóstico, ao tratamento, à reabilitação e à manutenção da saúde. A PNAB determina a organização da responsabilidade das esferas governamentais, a infraestrutura e funcionamento da atenção básica, assim como o financiamento da atenção básica, que contribuem para a boa implementação do Programa Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. A saúde do idoso no contexto da Atenção Básica será melhor estudada em um item específico desta unidade.
3.6 Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI)
A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), regulamentada pela Portaria GM nº 2.528 de 19 de outubro de 2006, tem como finalidade primordial recuperar, manter e promover a autonomia e a independência das pessoas idosas, direcionando medidas consonantes com os princípios do SUS para esse fim (BRASIL, 2006b).
A PNSPI define as seguintes diretrizes para o atendimentodas necessidades de saúde das pessoas idosas:
Essa política define que a escolha do melhor tipo de intervenção e monitorização do estado clínico e funcional da população idosa deve ser baseada na avaliação da capacidade funcional individual e coletiva. Aqui, a funcionalidade é entendida como algo além das doenças, que considera todos os aspectos funcionais do indivíduo que envelhece, desde a saúde física e mental até as condições socioeconômicas e a
capacidade de autocuidado.
Desse modo, o cuidado integral se torna imprescindível no desenvolvimento das ações de saúde do idoso.
No contexto das ações da Atenção Básica a avaliação funcional coletiva servirá como base para determinação da pirâmide de risco funcional. Deve-se verificar a distribuição da população da área adstrita à ESF com a finalidade de reconhecer a proporção de idosos que vivem em Instituições de Longa Permanência para Idosos, a proporção daqueles com alta dependência funcional – acamados –, a proporção dos que já apresentam alguma incapacidade funcional para atividades básicas da vida diária (AVD) – como tomar banho, 
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vestir-se, usar o banheiro, transferir-se da cama para a cadeira, ser continente e 
alimentar-se com a própria mão – e qual a proporção de idosos independentes (BRASIL, 2006b).
De acordo com a condição funcional da pessoa idosa, serão estabelecidas ações de atenção primária, de prevenção – primária, secundária e terciária –, de reabilitação, para a recuperação da máxima autonomia funcional, prevenção do declínio funcional, e recuperação da saúde. Estarão incluídas nessas ações o controle e a prevenção de agravos de doenças crônicas não transmissíveis.
Todo profissional deve procurar promover a qualidade de vida da pessoa idosa, quando chamado a atendê-la. É importante viver muito, mas é fundamental viver bem. Preservar a autonomia e a independência funcional das pessoas idosas deve ser a meta em todos os níveis de atenção.
	Cabe aos gestores, agentes comunitários de saúde e profissionais da saúde de todos os níveis de aten-ção do SUS promover a qualidade de vida da pessoa idosa, bem como preservar sua autonomia e independência funcional.
3.7 Sistema de Indicadores de Saúde e Acompanhamento de Políticas do Idoso (Sisap-Idoso)
O Plano de Ação sobre a saúde das pessoas idosas tem como um de seus objetivos melhorar a capacidade de gerar informações necessárias para executar e avaliar as ações para melhorar a saúde da população. Desse modo o Sisap-idoso busca disponibilizar, de forma universal, indicadores de diferentes dimensões da saúde dos idosos relacionando-os com políticas públicas. Nesse sentido, o Sistema compreende os seguintes objetivos centrais:
1. Oferecer aos gestores em saúde informações e indicadores que auxiliem a tomada de decisões e o planejamento de ações voltadas à população idosa, tanto no âmbito municipal como estadual.
2. Sistematizar e acompanhar as políticas, programas e instrumentos de gestão, como o Pacto pela Vida, relacionadas com a saúde do idoso.
3. Oferecer informações acerca das condições de saúde e qualidade de vida da população idosa nos diferentes níveis a pesquisadores e interessados na temática.
4. Propor indicadores diretos ou indiretos de monitoramento de metas e diretrizes pactuadas pelas políticas e programas nacionais e internacionais.
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5. Disponibilizar o acesso livre e universal à informação em saúde. Neste sistema, assim como no Estatuto do Idoso, são considerados idosos todos os indivíduos com 60 anos ou mais de idade (BRASIL, 2014).
3.8 Caderneta de Saúde do Idoso
A Constituição Federal coloca a saúde como um direito de todos e é um dever do Estado garanti-la. O Ministério da Saúde está disponibilizando agora a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. Este documento faz parte de uma estratégia para o acompanhamento da saúde de nossa população idosa.
 Nessa caderneta serão registradas informações importantes sobre as condições de saúde do idoso e irá auxiliar os profissionais de saúde sobre quais as ações necessárias para se ter um envelhecimento ativo e saudável.
A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa é uma ferramenta que possibilita a identificação de situações de risco potenciais para o idoso, assim como o registro de importantes agravos e medicações que a pessoa idosa faz uso.
 A Estratégia de Saúde da Família (ESF), (CSF) Centro de Saúde da Família é a responsável pela distribuição e correta organização da caderneta, porém deve ser utilizada nos diferentes níveis de atenção de saúde.
3.9 Rede de Atenção à Saúde do Idoso
 A Rede de Atenção à Saúde do Idoso é uma rede integrada que visa adequar a atenção à população idosa de forma a atendê-la plenamente, incluindo suas necessidades sociais. A base para operacionalizar os sistemas de informações em saúde é o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), que permite ao gestor conhecer a rede assistencial existente e sua potencialidade e disponibiliza informações das condições de infraestrutura e funcionamento dos estabelecimentos de saúde em todas as esferas.
3.10 Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou (CSF)
Unidades Básicas de Saúde são consideradas a “porta de entrada” do SUS e, como tal, espera-se que sejam acolhedoras, receptivas, e ofereçam condições mínimas de segurança e conforto, inclusive para os usuários com dificuldade de locomoção, como é o caso de alguns idosos.
Porém, sabe-se que muitas UBS no país funcionam em construções adaptadas, sem o planejamento prévio e fora dos parâmetros e critérios técnicos definidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (Norma 9.050/2004).
 As UBS podem ou não ter equipe de Saúde da Família (e em ambas as situações 
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estão registradas no CNES) e sua infraestrutura e recursos necessários são definidos pela Política Nacional de Atenção Básica, sendo eles: Equipe multiprofissional composta por médico, enfermeiro, cirurgião dentista, auxiliar de consultório dentário ou técnico em higiene dental, auxiliar de enfermagem ou técnico de enfermagem, agente comunitário de saúde, entre outros; Consultório médico, consultório odontológico e consultório de enfermagem; Área de recepção, local para arquivos e registros, sala de cuidados básicos de enfermagem, sala de vacina e sanitários, por unidade; Equipamentos e materiais adequados ao elenco de ações propostas, de forma a garantir a resolutividade da Atenção Básica; Garantia dos fluxos de referência e contra referência aos serviços especializados, de apoio diagnóstico e terapêutico, ambulatorial e hospitalar; Existência e manutenção regular de estoque dos insumos necessários para o funcionamento das unidades básicas de saúde, incluindo dispensação de medicamentos pactuados nacionalmente (BRASIL, 2007).
3.11 Atenção às urgências
 Tem sido orientada pela Política Nacional de Atenção às Urgências, instituída pela Portaria nº 1.863, de 29 de setembro de 2003, e se divide nos componentes: pré-hospitalar (que pode ser fixo ou móvel) e hospitalar.
3.12 Unidade de atendimento ambulatorial especializado
O atendimento especializado pode ser extremamente importante para a pessoa idosa, possibilitando a recuperação da saúde por procedimentos específicos de cada especialidade. Exemplos são a perda auditiva, que muitas vezes é encarada como “normal da idade”, e a catarata, frequentemente encontrada no paciente idoso, e que pode ser corrigida, melhorando a qualidade de vida desse paciente.
O acompanhamento na atenção básica deve ser mantido independentemente do
acompanhamento por especialista. É comum que o paciente idoso seja acompanhado por diversos médicos especialistas, sem homogeneização dos tratamentos e sem comunicação entre eles, o que, frequentemente, leva à iatrogenia e à polifarmácia. O profissional da atenção básica tem em mãos o poder de gerenciar e harmonizar o tratamento, estes pacientes devido a suas limitações , o município oferece a consulta domiciliar , os (CSF) Centro de Saúde da Família , junto aos agentes de saúde fazem este acompanhamento com os IDOSOS, com este trabalho ofertado é visível a qualidade de vida desteIdoso.
3.13 Unidades de reabilitação
 Ainda estão surgindo no SUS e geralmente estão vinculadas a hospitais 
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universitários, especializados e centros de referência. Sabe-se que preservar a funcionalidade é essencial para a manutenção da condição de saúde do paciente idoso e, portanto, manter ou recuperar função é essencial. Essa reabilitação pode ser física ou cognitiva e conta com diversos profissionais da saúde, como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos, dentre outros.
4 O ENVELHECIMENTO
O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial, tanto no que se refere aos países desenvolvidos como aos países em desenvolvimento. Este crescimento da população idosa é reflexo do aumento gradual da longevidade, conjuntamente com as diminuições das taxas de natalidade e mortalidade.
Estimativas para a população idosa brasileira apontam que até 2020, o país terá 32 milhões de pessoas com idade superior a 60 anos. O aumento no número de idosos instiga o desenvolvimento de estratégias que possam minimizar os efeitos negativos do avanço da idade cronológica no organismo. Estas estratégias visam à manutenção da capacidade funcional e da autonomia para que as pessoas possam ter uma vida mais longa e com melhor qualidade.
O processo de envelhecimento em idades avançadas está associado a alterações físicas, fisiológicas, psicológicas e sociais, bem como ao surgimento de doenças crônico-degenerativas advindas de hábitos de vida inadequados (tabagismo, ingestão alimentar incorreta, tipo de atividade laboral, ausência de atividade física regular), que se refletem na redução da capacidade para realização das atividades da vida diária.
O declínio nos níveis de atividade física habitual para idoso contribui para a redução da aptidão funcional e a manifestação de diversas doenças, como consequência a perda da capacidade funcional. Neste sentido, tem sido enfatizada a prática de exercícios como
estratégia de prevenir as perdas nos componentes da aptidão funcional.
 A diminuição da tolerância ao esforço físico faz com que um grande número de pessoas idosas vive abaixo do limiar da sua capacidade física, necessitando somente de uma mínima intercorrência na saúde para tornarem-se completamente dependentes6. A atividade física regular tem sido descrita como um excelente meio de atenuar a degeneração provocada pelo envelhecimento dentro dos vários domínios físico, psicológico e social.
4.1 Impacto do Envelhecimento no Organismo Humano
O processo do envelhecimento, do ponto de vista fisiológico, não ocorre necessariamente em paralelo ao avanço da idade cronológica, apresentando considerável variação 
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individual. Este processo é marcado por um decréscimo das capacidades motoras, redução da força, flexibilidade, velocidade e dos níveis de VO2 máximo, dificultando a realização das atividades diárias e a manutenção de um estilo de vida saudável.
As alterações fisiológicas de perda da capacidade funcional ocorrem durante o envelhecimento em idades mais avançadas, comprometendo a saúde e a qualidade de vida do idoso. E são agravadas pela falta de atividade física e consequentemente diminuição da taxa metabólica basal, associada à manutenção ou ao aumento do aporte calórico, excedendo na maioria das vezes as necessidades calóricas diárias.
O processo de envelhecimento evidencia mudanças que acontecem em diferentes níveis:
a) antropométrico: caracteriza-se pela diminuição da estatura, com maior rapidez nas mulheres devido à prevalência de osteoporose após a menopausa e o incremento da massa corporal que inicia na meia idade (45-50 anos) e se estabiliza aos 70 anos, quando
mudanças na composição corporal, decorrente da diminuição da massa livre de gordura e incremento da gordura corporal, com a diminuição da gordura subcutânea e periférica e o aumento da gordura central e visceral, aumentam os riscos à saúde propiciando o surgimento de inúmeras doenças.
O declínio da massa mineral óssea relacionado com os aspectos hereditários, estado hormonal, nutrição e nível de atividade física do indivíduo, favorece para que o indivíduo esteja mais suscetível a osteoporose, consequentemente a quedas e fraturas.
b) neuromuscular: perda de 10 - 20% na força muscular, diminuição na habilidade para manter força estática, maior índice de fadiga muscular e menor capacidade para hipertrofia, propiciam a deterioração na mobilidade e na capacidade funcional do idoso.
c) cardiovascular: diminuição do débito cardíaco, da frequência cardíaca, do volume
sistólico, do VO2 máximo, e aumento da pressão arterial, da concentração de ácido
 láctico, do débito de O2, resultam numa menor capacidade de adaptação e recuperação ao exercício.
d) pulmonar: diminuição da capacidade vital, da frequência e do volume respiratório; aumento do volume residual, do espaço morto anatômico; menor mobilidade da parede torácica e declínio do número de alvéolos, dificultam a tolerância ao esforço.
e) neural: diminuição no número e tamanho dos neurônios, na velocidade de condução nervosa, no fluxo sanguíneo cerebral, e aumento do tecido conectivo nos neurônios, proporcionam menor tempo de reação e velocidade de movimento.
f) outros: diminuição da agilidade, da coordenação, do equilíbrio, da flexibilidade, da mobilidade articular e aumento na rigidez de cartilagem, tendões e ligamentos o inicio de 
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um declínio até os 80 anos.
5 SEDENTARISMO COMO PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA
 Sabe-se que o estilo de vida atual tem levado cada vez mais um número de pessoas ao sedentarismo. Dentre os hábitos saudáveis a serem adquiridos, a participação em programas de atividades físicas regulares desempenham importante papel.
A prática de atividades físicas assegura maior independência, autonomia e melhor condição de saúde, aumentando o senso de bem-estar, a crença de auto eficácia e a capacidade do indivíduo de atuar sobre o meio ambiente e sobre si mesmo (VITTA, 2000).
A atividade física também diminui com a idade, tendo início durante a adolescência e declinando na idade adulta. Em muitos países, desenvolvidos e em desenvolvimento, menos de um terço dos jovens são suficientemente ativos para obter os benefícios para a saúde advinda da prática de atividade física.
 É preocupante a redução de atividades físicas nos programas de educação em escolas no mundo todo, ao mesmo tempo em que se observa um aumento significativo da frequência de obesidade entre jovens. A prevalência de obesidade em adultos de meia idade tem alcançado proporções alarmantes, o que se relaciona, em parte, com a falta de atividades físicas no tempo de lazer, mas que também diz respeito ao estilo de vida moderno, onde a maior parte do tempo livre é gasto em atividades sedentárias como assistir televisão, usar computadores, viajar e passear de carro.
6 BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA EM IDOSOS
A prática regular de exercícios físicos é reconhecida como a forma de se prevenir e combater os males associados com o envelhecimento. Desta forma devemos destacar que a atividade física bem aplicada na adolescência pode induzir um adulto à prática permanente, tornando-se, no futuro, um idoso saudável.
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), “o envelhecimento é reconhecido como uma das mais importantes modificações na estrutura da população mundial”.
Esta modificação é uma verdade em todos os países do mundo, porém entre os dotados de menos recursos econômicos e sociais como o Brasil, a questão cerca-se de uma gama muito maior de problemas. Segundo a World Health Statistics, em 1950 ocupávamos o 16º lugar em população com idade igual ou superior a 60 anos, com 2,1 milhões de idosos. Em 2025, estima-se que este contingente se elevará a 31,8 milhões, o que nos 
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elevará à 6ª posição.
Atualmente no Brasil, a população idosa atinge 9,9 milhões de pessoas, com uma taxa de crescimento anual de 3,7% ao ano, mais do que o dobro da taxa decrescimento da população total, que é de 1,4% ao ano, (JACOB, CHIBA e ANDRADE, 2000).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) manifesta sua preocupação com o aumento daexpectativa de vida, e diminuição da qualidade de vida, principalmente considerando a incapacidade e a dependência.
Nesse aspecto, se destaca a influência positiva da atividade física, pois essa constitui um excelente instrumento de promoção à saúde em qualquer faixa etária, em especial no idoso, induzindo várias adaptações fisiológicas e psicológicas. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2002).
Essas adaptações abrangem uma série de modificações nos sistemas corporais do idoso, trazendo benefícios como a melhora da circulação periférica, melhora do equilíbrio e da marcha, menor dependência para realização de atividades domésticas e melhora da autoestima e da autoconfiança, (NOBREGA etal, 1999).
Para McArdle, Kacth e Kacth (2003), apesar das reduções da capacidade funcional e do desempenho nos exercícios, até mesmo entre os indivíduos ativos, o exercício regular consegue contrabalançar os efeitos típicos do envelhecimento.
A Qualidade de Vida tem sido uma preocupação constante do ser humano, desde o início de sua existência e, atualmente, constitui um compromisso pessoal à busca continua de uma vida saudável.
 A OMS propõe o termo de envelhecimento ativo, que é definido como sendo o processo de aperfeiçoar oportunidades para a saúde, a participação e a segurança de modo a melhorar a qualidade de vida no processo de envelhecimento de cada pessoa.
7 A ESCOLHA DA ATIVIDADE FÍSICA ADEQUADA
A escolha é feita individualmente, levando-se em conta os seguintes fatores:
	Preferência pessoal: o benefício da atividade só é conseguido com a prática regular da mesma, e a continuidade depende do prazer que a pessoa sente em realizá-la.
	Aptidão necessária: algumas atividades dependem de habilidades específicas. Para conseguir realizar atividades mais exigentes, a pessoa deve seguir um programa de condicionamento gradual, começando de atividades mais leves.
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Risco associado à atividade: alguns tipos de exercícios podem associar-se a alguns tipos de lesão. É essencial que os exercícios sejam realizados com orientação profissional para evitar efeitos indesejados ou prejuízos à saúde do praticante.
É possível encontrar em alguns (CSF) Centro de Saúde da Família , atividades voltadas ao Idoso .
7.1 ATIVIDADE FÍSICA NO IDOSO
A atividade física no idoso:
• Melhora a autoestima e autoimagem corporal;
• Alivia o estresse e reduz a depressão;
• Oferece sensação de bem-estar;
• Reduz o isolamento social;
• Melhora o entrosamento familiar.
7.2 COMO O IDOSO DEVE-SE PREPARAR PARA UMA ATIVIDADE FÍSICA?
O idoso deve ser orientado quanto aos seguintes aspectos:
• Realizar exercício somente quando houver bem-estar físico;
• Evitar extremos de temperatura e umidade;
• Tomar água moderadamente antes, durante e depois da atividade física;
• Usar roupas leves, claras e ventiladas;
• Não fazer exercícios em jejum, mas evitar comer demais antes da atividade física;
• Usar sapatos confortáveis e macios;
• Evitar fumo e o uso de sedativos;
• Respeitar os limites pessoais, interrompendo se houver dor ou desconforto;
• Iniciar a atividade lenta e gradativamente para permitir adaptação.
8 PREVENÇÃO DE QUEDAS
Deixe os caminhos livres, retirando móveis e entulhos;
• Retire tapetes soltos, cordões e fios (telefone, extensões) do assoalho;
• Não deixe animais soltos;
• Prenda tacos soltos e bordas soltas de carpetes;
• Não encere pisos;
• Coloque uma iluminação adequada para a noite, principalmente no caminho do banheiro;
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• As escadas devem ter corrimãos, boa iluminação e faixa colorida e antiderrapante na borda dos degraus;
• Substitua ou conserte móveis instáveis;
• Evite cadeiras muito baixas e camas muito altas (deve ter a altura do joelho do idoso);
• Evite o uso de chinelos, salto alto e sapatos de sola lisa;
• Não deixe o idoso andar de meias;
• Guarde itens pessoais e objetos mais usados ao nível do olhar ou um pouco mais embaixo.
8.1 No banheiro
Instale barras de apoio no chuveiro e no vaso sanitário;
• Instale um vaso sanitário mais alto;
• Mantenha um banquinho para lavagem dos pés;
• Use capachos e tapetes antiderrapantes;
• Não use chaves na porta dos banheiros
8.2 Fora de casa
• Conserte calçadas e degraus quebrados;
• Remova soleiras altas das portas;
• Limpe caminhos e remova entulhos;
• Instale corrimão em escadas e rampas;
• Instale iluminação adequada em calçadas, portas e escadas.
9 BENEFÍCIOS RELACIONADOS À SAÚDE DO IDOSO
É muito importante que o cuidador saiba que o exercício físico:
• Contribui para a manutenção e/ou o aumento da densidade óssea, diminuindo a velocidade da osteoporose;
• Auxilia no controle do diabetes, da artrite, das doenças cardíacas e dos problemas com colesterol alto, da obesidade e hipertensão;
• Melhora a absorção e eliminação dos alimentos;
• Diminui a depressão;
• Reduz a ocorrência de acidentes, pois os reflexos e a velocidade ao andar ficam melhores;
• Mantém o peso corporal e melhora a mobilidade do idoso.
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10 O cuidado
Cuidado significa atenção, precaução, cautela, dedicação, carinho, encargo e responsabilidade. Cuidar é servir, é oferecer ao outro, em forma de serviço, o resultado de seus talentos, preparo e escolhas; é praticar o cuidado. Cuidar é também perceber a outra pessoa como ela é, e como se mostra, seus gestos e falas, sua dor e limitação. Percebendo isso, o cuidador tem condições
de prestar o cuidado de forma individualizada, a partir de suas ideias, conhecimentos e criatividade, levando em consideração as particularidades e necessidades da pessoa a ser cuidada.
Esse cuidado deve ir além dos cuidados com o corpo físico, pois além do sofrimento físico decorrente de uma doença ou limitação, há que se levar em conta as questões emocionais, a história de vida, os sentimentos e emoções da pessoa a ser cuidada.
O carinho e amor é sim um dos maiores contribuintes para com a melhor qualidade de vida do Idoso.
“Tudo que existe e vive precisa ser cuidado para continuar existindo. Uma planta, uma criança, um idoso, o planeta Terra. Tudo o que vive precisa ser alimentado. Assim, o cuidado, a essência da vida humana, precisa ser continuamente alimentado. O cuidado vive do amor, da ternura, da carícia e da convivência”. (BOFF, 1999)
 
11 O CUIDADOR E A EQUIPE DE SAÚDE
O cuidador é a pessoa designada pela família para o cuidado do idoso, quando isto for requerido. Esta pessoa, geralmente leiga, assume funções para as quais, na grande maioria das vezes, não está preparada. É importante que a equipe tenha sensibilidade ao lidar com os cuidadores. No livro “Você não está sozinho” produzido pela ABRAz, Nori Graham, Chairman da ADI – Alzheimer Disease International, diz: “uma das maneiras mais importantes de ajudar as pessoa é oferecer informação. As pessoas que possuem informações, estão mais bem preparadas para controlar a situação em que se encontram”.
O ato de cuidar não caracteriza o cuidador como um profissional de saúde, portanto o cuidador não deve executar procedimentos técnicos que sejam de competência dos profissionais de saúde, tais como: aplicações de injeção no músculo ou na veia, curativos complexos, instalação de soro e colocação de sondas, etc.
As atividades que o cuidador vai realizar devem ser planejadas junto aos profissionais de saúde e com os familiares. Nesse planejamento deve ficar claro para todos as atividades que o cuidador pode e deve desempenhar.
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 É bom escrever as rotinas e quem se responsabiliza pelas tarefas. É importante que a equipe deixe claro ao cuidador que procedimentos ele não pode e não deve fazer, quando chamar os profissionais de saúde, como reconhecer sinais e sintomas de perigo.
As ações serão planejadas e executadas de acordo com as necessidades da pessoa a ser cuidada e dos conhecimentos e disponibilidade do cuidador. A parceria entre os profissionais e os cuidadores deverá possibilitar a sistematização das tarefas a serem realizadas no próprio domicílio, privilegiando-se aquelas relacionadas à promoção da saúde, à prevenção de incapacidades e à manutenção da capacidade funcional da pessoa cuidada e do seu cuidador, evitando-seassim, na medida do possível, hospitalização, asilamentos e outras formas de segregação e isolamento.
12 O CUIDADOR E A FAMÍLIA
A carência das instituições sociais no amparo às pessoas que precisam de cuidados faz com que a responsabilidade máxima recaia sobre a família e, mesmo assim, é geralmente sobre um elemento da família.
A doença ou a limitação física em uma pessoa provoca mudanças na vida dos outros membros da família, que têm que fazer alterações nas funções ou no papel de cada um dentro da família, tais como: a filha que passa a cuidar da mãe; a esposa que além de todas as tarefas agora cuida do marido acamado; o marido que tem que assumir as tarefas domésticas e o cuidado com os filhos, porque a esposa se encontra incapacitada; o irmão que precisa cuidar de outro irmão. Todas essas mudanças podem gerar insegurança e desentendimentos, por isso é importante que a família, o cuidador e a equipe de saúde conversem e planejem as ações do cuidado domiciliar.
Com a finalidade de evitar o estresse, o cansaço e permitir que o cuidador tenha tempo de se auto cuidar, é importante que haja a participação de outras pessoas para a realização do cuidado. A pessoa com limitação física e financeira é a que mais sofre, tendo que depender da ajuda de outras pessoas, em geral familiares, fazendo com que seu poder de decisão fique reduzido, dificultando o desenvolvimento de outros vínculos com o meio social.
Para oferecer uma vida mais satisfatória, é necessário o trabalho em conjunto entre o Estado, a comunidade e a família.
	A implementação de modalidades alternativas de assistência como hospital-dia, centro de convivência, reabilitação ambulatorial, serviços de enfermagem domiciliar, 
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fornecimento de refeições e auxílio técnico e financeiro para adaptações arquitetônicas, 
reduziria significativamente a demanda por instituições de longa permanência, as famílias teriam um melhor apoio e a pessoa a ser cuidada seria mantida em casa convivendo com seus familiares, mantendo os laços afetivos.
13 CUIDANDO DO CUIDADOR
 A tarefa de cuidar de alguém geralmente se soma às outras atividades do dia-a-dia. O cuidador fica sobrecarregado, pois muitas vezes assume sozinho a responsabilidade pelos cuidados, soma-se a isso, ainda, o peso emocional da doença que incapacita e traz sofrimento a uma pessoa querida.
Diante dessa situação é comum o cuidador passar por cansaço físico, depressão, abandono do trabalho, alterações na vida conjugal e familiar. A tensão e o cansaço sentidos pelo cuidador são prejudiciais não só a ele, mas também à família e à própria pessoa cuidada.
Algumas dicas podem ajudar a preservar a saúde e aliviar a tarefa do cuidador:
• O cuidador deve contar com a ajuda de outras pessoas, como a ajuda da família, amigos ou vizinhos, definir dias e horários para cada um assumir parte dos cuidados. Essa parceria permite ao cuidador ter um tempo livre para se cuidar, se distrair e recuperar as energias gastas no ato de cuidar do outro; peça ajuda sempre que algo não estiver bem.
• É fundamental que o cuidador reserve alguns momentos do seu dia para se cuidar, descansar, relaxar e praticar alguma atividade física e de lazer, tais como: caminhar, fazer ginástica, crochê, tricô, pinturas, desenhos, dançar, etc.
O cuidador pode se exercitar e se distrair de diversas maneiras, como por exemplo:
1. Enquanto assiste TV: movimente os dedos das mãos e dos pés, faça massagem nos pés com ajuda das mãos, rolinhos de madeira, bolinhas de borracha ou com os próprios pés.
2. Sempre que possível, aprenda uma atividade nova ou aprenda mais sobre algum assunto que lhe interessa.
3. Leia, participe de atividades de lazer em seu bairro, faça novos amigos e peça ajuda quando precisar.
14 GRUPOS DE CUIDADORES
Alguns serviços e ações específicas de atenção as família e aos cuidadores visam oferecer condições adequadas para o cuidado com pessoas dependentes, na perspectiva de preservar o convívio familiar e social, bem como “cuidar de quem cuida”. Configuram-
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se como serviços e ações:
- Capacitação/orientações sobre questões gerais relacionadas ao envelhecimento e específicas sobre cuidados, de acordo com os tipos e graus da dependência, para cuidar melhor e para promover o autocuidado.
- Oferta de serviços de referência e contra referência objetivando a inserção na rede socioassistencial.
- Atividades e ações que promovam o convívio e o desenvolvimento de atividades visando o socioeducativo; a troca de experiências entre familiares e/ouprofissionais cuidadores, o exercício da escuta e da fala, a elaboração de dificuldades e de reconhecimento de potencialidades.
Dentre as atividades, podemos destacar os grupos de cuidadores que são espaços onde, por meio da troca de experiências, os cuidadores conversam, aprendem e ensinam a arte do cuidar. Nesses grupos é possível conversar sobre as boas experiências e também falar sobre as angústias, medos e dificuldades. As pessoas do grupo formam uma rede de apoio, uma vez que todos estão unidos pelo mesmo motivo.
O grupo é aberto a todas as pessoas que estão envolvidas com o ato de cuidar do outro, tais como: cuidadores, familiares e amigos. Compartilhar experiências traz alívio, pois assim o cuidador percebe que não está sozinho, que as dúvidas e dificuldades não são só suas e também que suas experiências podem ser valiosas para outros cuidadores.
	A equipe de saúde pode ajudar na organização e formação de grupos de cuidadores. Algumas instituições também têm experiência em organizar esses grupos, como a Pastoral, ABRAz, os Centros de Referência em Saúde da Pessoa Idosa, Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), entre outras.
“A partir das semelhanças se gera a esperança e aumento de confiança dos indivíduos em suas próprias capacidades” (ZEUKEFEDD apud KONSEN et al, 2003).
15 BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL (BPC)
Esse benefício é integrante do Sistema Único de Assistência Social – SUAS na Proteção Social Básica, assegurado por lei e pago pelo Governo Federal. Ele permite o acesso de idosos e pessoas com deficiência às condições mínimas de uma vida digna. O valor do BPC é de um salário mínimo, pago por mês às pessoas idosas e/ou com deficiência que não podem garantir a sua sobrevivência, por conta própria ou com o apoio da família.
Podem receber o BPC:
- Pessoas idosas com 65 anos ou mais e pessoas com deficiência.
- Quem não tem direito à previdência social.
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- Pessoa com deficiência que não pode trabalhar e levar uma vida independente.
- Renda familiar inferior a 1/4 do salário mínimo.
Para fazer o requerimento do benefício, precisa comprovar:
- O idoso que tem 65 anos ou mais.
- O deficiente, sua deficiência e o nível de incapacidade por meio da avaliação do Serviço de Perícia Médica do INSS.
- Que não recebe nenhum benefício previdenciário.
- Se a pessoa tem direito a receber o BPC, não é necessário nenhum intermediário. Basta dirigir-se à agência do INSS mais próxima de sua residência, levando os documentos pessoais necessários.
Os documentos necessários ao requerimento são:
- Documentos do requerente:
• Certidão de nascimento ou casamento.
• Documento de identidade, carteira de trabalho ou outro que possa identificar o requerente.
• CPF, se tiver.
• Comprovante de residência.
• Documento legal, no caso de procuração, guarda, tutela ou curatela.
- Documentos da família do requerente:
• Documento de identidade.
• Carteira de trabalho.
• CPF, se houver.
• Certidão de nascimento ou casamento ou outros documentos que possam identificar todas as pessoas que fazem parte da família e suas rendas.
Deve também ser preenchido o Formulário de Declaração da Composição e Renda Familiar. Esse documento faz parte do processo de requerimento e será entregue no momento da inscrição.
	Após este processo o INSS enviará uma carta para a casa do requerente informando se ele vai receber ou não o BPC. Essa carta também informará como e onde ele receberá o dinheiro do BPC. Se a pessoa tiver direito ao BPC, em até 45 dias após a aprovação do requerimento o valorem dinheiro já estará liberado para saque. Quem tem direito ao BPC recebe do banco um cartão magnético para usar apenas para sacar o recurso referente ao BPC. Não é preciso pagar por isso nem é obrigatória compra de nenhum produto do banco para receber o cartão. Que a renda da sua família é inferior a 
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1/4 do salário mínimo por pessoa.
16 BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS
16.1 Aposentadoria por idade: 
Exigências para requerer esse benefício:
• Ter contribuído para a Previdência Social por pelo menos 15 anos.
• Aos trabalhadores urbanos é exigida a idade mínima de 65 anos para os homens e 60 anos para as mulheres.
• Para trabalhadores rurais a idade mínima é de 60 anos para os homens e 55 anos para as mulheres.
16.2 Aposentadoria por invalidez:
É um benefício concedido aos trabalhadores que por doença ou acidente do trabalho forem considerados incapacitados para exercer as atividades profissionais. Exigências para requerer esse benefício:
• Ser considerado pela perícia médica do INSS, total e definitivamente incapaz para o trabalho.
16.3 Pensão por morte:
O Benefício é pago à família quando o trabalhador da ativa ou aposentado morre. Exigências para requerer esse benefício:
• Ter contribuído para o INSS.
16.4 Quem pode requerer esse benefício:
 Esposa, marido, companheiro (a), filho menor de 21 anos ou filho inválido, pai, mãe, irmão menor de 21 anos ou inválido.
 Familiar do idoso ou cuidador que por algum motivo não possa receber benefício a que o idoso tem direito deve ir à agencia da previdência social da sua cidade para obter informações.
17 ADAPTAÇÕES AMBIENTAIS
Muitas vezes é preciso fazer algumas adaptações no ambiente da casa para melhor abrigar a pessoa cuidada, evitar quedas, facilitar o trabalho do cuidador e permitir que a pessoa possa se tornar mais independente. O lugar onde a pessoa mais fica deve ter somente os móveis necessários.
 É importante manter alguns objetos que a pessoa mais goste de modo a não descaracterizar
totalmente o ambiente. Cuide para que os objetos e móveis não atrapalhem os locais de 
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circulação e nem provoquem acidentes. Alguns exemplos de adaptações:
• As cadeiras, camas, poltronas e vasos sanitários mais altos do que os comuns facilitam
a pessoa cuidada a sentar, deitar e levantar. O cuidador ou outro membro da família podem fazer essas adaptações. Em lojas especializadas existem levantadores de cama e cadeiras e vasos sanitários.
• Antes de colocar a pessoa sentada numa cadeira de plástico, verifique se a cadeira suporta o peso da pessoa e coloque a cadeira sobre um piso antiderrapante, para evitar escorregões e quedas.
• O sofá, poltrona e cadeira devem ser firmes e fortes, ter apoio lateral, que permita à pessoa cuidada se sentar e se levantar com segurança.
• Se a pessoa cuidada não controla a saída de urina ou fezes é preciso cobrir com plástico a superfície de cadeiras, poltronas e cama e colocar por cima do plástico um lençol para que a pele não fique em contado direto com o plástico, pois isso pode provocar feridas.
• Sempre que possível, coloque a cama em local protegido de correntes de vento, isso é, longe de janelas e portas.
• Retire tapetes, capachos, tacos e fios soltos, para facilitar a circulação do cuidador e da pessoa cuidada e também evitar acidentes.
Sempre que for possível é bom ter barras de apoio na parede do chuveiro e ao lado do vaso sanitário, assim a pessoa cuidada se sente segura ao tomar banho, sentar e levantar do vaso sanitário, evitando se apoiar em pendurador de toalhas, pias e cortinas.
• O banho de chuveiro se torna mais seguro com a pessoa cuidada sentada em uma cadeira, com apoio lateral.
• Piso escorregadio causa quedas e escorregões, por isso é bom utilizar tapetes antiderrapantes (emborrachados) em frente ao vaso sanitário e cama, no chuveiro, embaixo da cadeira.
• A iluminação do ambiente não deve ser tão forte que incomode a pessoa cuidada e nem tão fraca que dificulte ao cuidador prestar os cuidados. É bom ter uma lâmpada de cabeceira e também deixar acesa uma luz no corredor.
• Os objetos de uso pessoal devem estar colocados próximos à pessoa e numa altura que facilite o manuseio, de modo que a pessoa cuidada não precise se abaixar e nem se levantar para apanhá-los.
• As escadas devem ter corrimão dos dois lados, faixa ou piso antiderrapante e ser bem 
iluminadas. As pessoas idosas ou com certas doenças neurológicas podem ter 
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dificuldades para manusear alguns objetos por ter as mãos trêmulas. Algumas adaptações ajudam a melhorar o desempenho e a qualidade de vida da pessoa:
• Enrole fita adesiva ou um pano nos cabos dos talheres e também no copo, caneta, lápis, agulha de crochê, barbeador manual, pente, escova de dente.
Assim os objetos ficam mais grossos e pesados o que facilita à pessoa coordenar seus movimentos para usar esses objetos.
• Coloque o prato, xícara e copo em cima de um pedaço de material emborrachado para que não escorregue.
18 ESTIMULANDO O CORPO E OS SENTIDOS
A pessoa que permanece um longo período em uma mesma posição fica com a sua circulação, seus movimentos e sua sensibilidade comprometidos. Massagens, exercícios e até mesmo o toque ajudam a ativar a circulação e a melhorar os movimentos. Podem ser feitos com a mão, com uma esponja macia, toalha ou com panos de várias texturas. Nas massagens é bom usar creme ou óleo.
As massagens podem ser feitas no corpo todo. Os toques e massagens ajudam a pessoa a perceber o próprio corpo e a relaxar, além de ativar a circulação. Outras maneiras de estimular os sentidos da pessoa cuidada:
• Leia para ela trechos de livro, jornal ou revista.
• Coloque para tocar a música que ela mais gosta de ouvir. Se a pessoa consegue se movimentar, coloque o rádio ou o aparelho de som numa distância que ela consiga ligar e desligar sozinha.
• Mostre gravuras, revistas ou fotos e converse com ela sobre o que está sendo mostrado, quem são as pessoas das fotos, pois isso ajuda a pessoa a manter ativa a memória.
• Estimule a pessoa cuidada a realizar atividades de sua preferência e que lhe proporcionem prazer, respeitando o que ela pode e o que ela não consegue fazer.
• Encoraje a pessoa cuidada, desde que ela se sinta bem, a ajudar nas atividades domésticas simples, como varrer, tirar o pó, pois assim ela se sente útil e participante.
• Se a pessoa cuidada exercia uma atividade profissional, estimule-a a continuar quando possível, pois isso ajuda a ocupar o tempo e diminui o estresse.
• Converse com a família sobre a importância de incluir a pessoa cuidada nas atividades sociais da família e da comunidade, tais como: sair para fazer compras, visitar alguém, ir a uma festa, encontrar os amigos, ir à igreja e se distrair. Os amigos ou parentes que acompanham a pessoa nessas atividades devem respeitar suas limitações e transmitir calma e segurança.
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A pessoa cuidada com demência se sente melhor quando existe uma rotina de horários para as atividades do dia-a-dia. Essa rotina é extremamente importante, pois isso ajuda a
pessoa a organizar sua mente.
19 COMO AJUDAR NA COMUNICAÇÃO
Comunicar envolve, além das palavras que são expressas por meio da fala ou da escrita, todos os sinais transmitidos pelas expressões faciais, pela postura corporal e também pela proximidade ou distância que se mantém entre as pessoas; a capacidade e jeito de tocar, ou mesmo o silêncio em uma conversa.
Algumas vezes a pessoa cuidada pode ficar irritada por não conseguir falar ou se expressar, embora entenda o que falam com ela. Para facilitar a comunicação, serão descritas a seguir algumas dicas:
• Use frases curtas e objetivas.
• No caso de pessoas idosas, evite tratá-las como crianças utilizando termos inapropriados como “vovô”, “querido” ou ainda utilizando termos diminutivos desnecessários como “bonitinho”, “lindinho”, a menos que a pessoa goste.
• O cuidador deve repetir a fala, quando essa for erroneamente interpretada, utilizando palavras diferentes.
• Fale de frente, sem cobrir a boca, não se vire ou se afaste enquanto fala e procure ambientes iluminados para que a pessoa alémde ouvir veja o movimento dos lábios da pessoa que fala com ela, assim entenderá melhor.
• Aguarde a resposta da primeira pergunta antes de elaborar a segunda, pois a pessoa pode necessitar de um tempo maior para entender o que foi falado e responder. Não interrompa a pessoa no meio de sua fala, demonstrando pressa ou impaciência. É necessário permitir que ele conclua o seu próprio pensamento.
• Caso o cuidador não entenda a fala da pessoa cuidada, peça que escreva o que quer dizer. Se a pessoa cuidada não puder escrever, faça perguntas que ela possa responder com gestos e combine com ela que gestos serão usados, por exemplo: fazer sim ou não com a cabeça, franzir a testa ou piscar os olhos, entre outros.
• Diminua os ruídos no ambiente onde a pessoa cuidada permanece.
• Sempre que a pessoa demonstrar não ter entendido o que foi falado , repita o que falou com calma evitando constranger a pessoa cuidada.
• Procure falar de forma clara e pausada e aumente o tom de voz somente se isso realmente for necessário.
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• Verifique a necessidade e condições de próteses dentárias e/ou auditivas que possam estar dificultando a comunicação.
• Converse e cante com a pessoa, pois essas atividades estimulam o uso da voz.
• A música ajuda a pessoa cuidada a recordar pessoas, sentimentos e situações que ocorreram com ela, ajudando na sua comunicação.
• O toque, o olhar, o beijo, o carinho são outras formas de comunicação que ajudam o cuidador a compreender a pessoa cuidada e ser compreendido por ela.
20 Alterações que podem ser encontradas na comunicação
Algumas mudanças na maneira da pessoa cuidada se comunicar que podem sugerir alguma alteração do seu estado de saúde. Cuidador, observe alguns exemplos:
• Dificuldade para expressar uma ideia e, no lugar, usar uma palavra ou frase relacionada com essa ideia, por exemplo: em vez de dizer caneta, diz: “aquela coisa de escrever”.
• Não entender ou entender apenas parte do que falam com ela.
• Fala sem nexo ou sem sentido.
• Dificuldade para escrever e para entender o que está escrito.
• Não conseguir conversar, parar a conversa no meio, parece que não percebe as pessoas que estão perto dela, ou falar sozinha.
• Dificuldade para expressar as emoções: pode sorrir quando sente dor ou demonstrar tristeza e chorar quando está satisfeita, se agitar ou ficar ansioso ao expressar carinho e afeto.
• As dificuldades de comunicação são sinais frequentemente presentes na demência e outras doenças neurológicas. Caso o cuidador observe uma ou mais dessas alterações deve procurar a Unidade de Saúde.
É comum as pessoas idosas e também as pessoas com demência, doença de Alzheimer, esquecer de situações vividas, do nome de pessoas e coisas, trocar palavras. Essas situações provocam embaraços e angústia tanto à pessoa cuidada como aos familiares.
É importante que o cuidador ao se referir a alguém conhecido, explique à pessoa cuidada de quem está falando: “Maria, sua filha”; “João, seu vizinho”, assim a pessoa vai se situando melhor na conversa e vai relembrando pessoas e fatos que havia esquecido. É preciso falar com simplicidade e pedir que a pessoa toque objetos, retratos e quadros, isso ajuda a “puxar” a memória e a melhorar a conversa.
 
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21 Envelhecimento
Geralmente o abuso contra os idosos pode ser decorrente de uma ação cometida ou de uma omissão ou negligência, e pode ser ainda descrito como intencional ou não-intencional. As formas de abuso podem ser de natureza física, psicológica (envolvendo agressão emocional ou verbal), ou ainda a partir de maus tratos materiais e/ou financeiros. Independentemente de qual seja o tipo de abuso, ele certamente resulta em sofrimento desnecessário, dor e ferimentos, perda/violação de direitos humanos e diminuição da qualidade de vida para as pessoas mais velhas (MICHELETTI, 2011).
A diferenciação da terminologia utilizada (abuso, negligência ou exploração) depende da frequência dos maus tratos, da sua duração, severidade, consequências e ainda do contexto cultural: em alguns grupos a exploração econômica dos idosos pelos próprios familiares pode ser encarada como uma obrigação social, de forma que o problema pode ser encarado como um problema comunitário ao invés de individual. 
O abuso pode se dar uma única vez ou ser repetitivo, e geralmente se passa em um relacionamento em que existe uma expectativa de confiança, o que provoca danos e desconforto para a pessoa mais velha. Esse tipo de abuso pode ser dividido em cinco categorias:
 • Abuso físico – quando é infligida dor, lesão, coerção física ou restrição (por força física ou medicamentosa).
• Abuso psicológico e/ou emocional – quando há angústia mental. • Abuso financeiro ou material – quando há exploração ilegal ou imprópria dos recursos da pessoa mais velha.
• Abuso sexual – qualquer forma de contato sexual não consentido com pessoas mais velhas.
• Negligência – recusa ou falta de cumprimento da obrigação de cuidar. Considera tantos casos conscientes quanto inconscientes que possam causar sofrimento físico ou emocional na pessoa mais velha. Em alguns casos quando os membros familiares não conseguem prover comida e habitação para seus parentes idosos também pode se configurar uma situação de negligência.
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22 Abuso contra os idosos um problema social
Em algumas sociedades a harmonia familiar é um fator importante nas relações familiares, geralmente reforçada pelas tradições filosóficas e pelas políticas públicas. Nesse sentido é interessante que em algumas sociedades a consideração de determinados comportamentos como abusivos ou não depende de como o indivíduo se coloca em termos de harmonia familiar: em alguns países o grupo é primordial, e, portanto, é normal que um indivíduo se sacrifique em prol do grupo.
 É uma prática comum que os idosos sejam destituídos do posto de chefe de família e privados da sua autonomia em respeito a normas culturais, inclusive em países onde a família é a principal instituição social e a sensação de obrigação filial é forte. Mesmo a infantilização ou a superproteção pode deixar a pessoa mais velha isolada, deprimida e/ou desmoralizada, o que pode ser considerado uma forma de abuso (MICHELETTI, 2011). 
Em algumas sociedades as viúvas idosas são abandonadas e tem seus bens confiscados. Em alguns países existem ritos de passagem para viúvas que incluem expulsão de suas casas, violência sexual e casamentos levianos (um homem pode ser obrigado a se casar com a viúva do seu irmão caso eles não tenham tido filhos). Por incrível que pareça, ainda existem países que condenam mulheres à morte por bruxaria, comumente mulheres viúvas. Infelizmente esses casos de violência muitas vezes estão arraigados nos costumes sociais e não costumam ser considerados como abuso contra os idosos.
 Em algumas localidades maus tratos (como abuso verbal, negligência ativa e passiva, exploração financeira e sobre medicação) são diferenciados de abuso (quando há violência física, psicológica, sexual e roubo). Já em outros lugares, outras formas de abuso podem ser relevantes, como a perda de respeito pelos idosos, acusações de bruxaria, e o abuso sistematizado (maus tratos em clínicas -de saúde e em serviços burocráticos). 
 Os esforços para estimular a ação social contra o abuso de idosos depende do desenvolvimento de legislação e outras iniciativas políticas, e de um modo geral as ações podem ser descritas como estágios de um processo:
• Surgimento de um problema
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• Legitimação do problema
• Mobilização da ação
• Formulação de um plano oficial
• Implementação do plano.
 Em alguns países existem sistemas avançados de resposta contra o abuso contra idosos, que inclui desde a denúncia de abuso até o tratamento das vítimas. Além dos governos algumas Organizações não-Governamentais estão engajadas nesse sentido.
Em outros casos existe um sistema para lidar com os casos de abuso, porém sem a existência de políticas oficialmente anunciadas. Dessa forma, em diferentes países no mundo cada país se encontra em diferentes estágios de resolução do problema: alguns ainda estão na fasede reconhecimento do problema, realizando congressos e criando conselhos para análise da situação local; outros estão na legitimação do problema, criando centros de informação e pesquisa como resultado das campanhas contra o abuso; no Brasil já existem políticas públicas, leis e envolvimento de instituições do governo e não-governamentais, porém ainda não se pode dizer que há a implementação de um plano oficial para acabar com os abusos. 
A maioria dos programas estabelecidos para resolver o problema se encontram nos países mais desenvolvidos. Eles são geralmente realizados com o auxílio de profissionais do serviço social, da área de saúde ou do sistema legal em conjunção com os programas de combate à violência familiar. Apesar do abuso contra os idosos ser um existir em quase todos os países, aqueles menos desenvolvidos ainda não avançaram muito na criação de programas específicos.
Nesses países os casos de abuso geralmente são tratados por agências de serviço social governamental ou não, ainda que os funcionários dessas agências nem sempre estejam familiarizados com o assunto. Países em desenvolvimento com um forte programa local implantado são exceção, e em alguns simplesmente não há nem serviços sociais nem serviços de saúde para lidar com o abuso contra os idosos.
 Em geral, países que oferecem serviços para idosos maltratados, negligenciados ou explorados tem feito isso através da rede de saúde e de serviços sociais já existente. Esses casos frequentemente envolvem questões médicas, legais, éticas, psicológicas, financeiras, policiais e ambientais. Diretrizes e protocolos tem sido
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desenvolvido para ajudar o pessoal envolvido e geralmente é oferecido treinamento especial para eles.
O cuidado geralmente é planejado por equipes multiprofissionais de consultores, e geralmente esses serviços são prestados em estreita colaboração de forças-tarefa, geralmente com representantes do governo e do voluntariado, organizações privadas e de caridade, que oferecem serviços de consultoria, oferecem treinamento, auxiliam no desenvolvimento do modelo de legislação e identificam pontos fracos no sistema. Linhas telefônicas de ajuda para receber as denúncias de maus tratos são geralmente oferecidas como uma característica desses sistemas.
Em poucos lugares no mundo foi criado um sistema exclusivo para a denúncia de maus tratos contra adultos; nesses locais é feita uma investigação e avaliação dos casos, além do desenvolvimento de um plano de cuidados apropriados e monitoramento dos casos até que as agências de serviço social possam tomar conta. Há um interesse crescente em prover serviços para as vítimas de abuso parecidas com o que é feito para mulheres agredidas. Abrigos de emergência e grupos de suporte especificamente destinados a idosos vítimas de abuso ainda são relativamente novos.
Eles proporcionam um ambiente onde as experiências podem ser compartilhadas, desenvolvem o fortalecimento psicológico para lidar com os seus medos, insegurança, estresse e ansiedade, além de aumentar a sua autoconfiança. 
Em países carentes de uma infraestrutura dos serviços sociais para realizar esses tipos de programas, projetos locais podem ser estabelecidos para ajudar a planejar programas para ajudar os idosos e desenvolver seus próprios serviços, assim como promover campanhas para mudança. Essas atividades também dão força e autoestima para os idosos. Em alguns países da Europa e da América Latina e na Austrália, os profissionais médicos prestam um papel de liderança na conscientização pública sobre o abuso contra os idosos. Entretanto poucos programas de intervenção para idosos vítimas de abuso estão alojados em ambientes hospitalares. Onde isso existe, eles geralmente são equipes de consultores, chamados quando eventualmente casos suspeitos de abuso são denunciados.
Aqueles envolvidos na provisão dos cuidados de saúde tem um função essencial em programas que rastreiam e detectam abuso. Apesar da impressão de que médicos seriam melhores para notar casos de abuso – em parte por conta da fé que a maioria dos
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idosos depositam neles – muitos doutores não diagnosticam abuso porque não é uma
parte do seu treinamento profissional formal e, portanto, nem sequer figura na sua lista de diagnósticos diferenciais. 
 Em salas de emergência também, ao que parece, pouca atenção normalmente é dada para as necessidades especiais das pessoas idosas. Profissionais da área de saúde geralmente se sentem mais confortáveis lidando com pessoas novas do que com velhos, e as preocupações dos pacientes são frequentemente ignoradas.
A maioria dos departamentos de emergência não utiliza protocolos para detectar e lidar com o abuso de idosos, e raramente se preocupam em notar os sinais de saúde mental ou comportamentais característicos do abuso, como depressão, tentativa de suicídio ou abuso de drogas e/ou álcool. Deveria existir uma investigação da condição de um paciente para um possível abuso se um médico ou outro profissional de saúde notasse algum dos seguintes sinais:
 • Demora entre a ocorrência de lesões ou adoecimento e a procura por auxílio médico.
• Explicações descabidas ou muito vagas para lesões ou adoecimento, dadas pelo paciente e/ou pelo cuidador.
• Histórias diferentes contadas pelo paciente e pelo cuidador.
• Visitas frequentes ao departamento de emergência por causa da piora de doenças crônicas, apesar da prescrição de um plano de tratamento para lidar com a situação em casa.
• Pacientes idosos com deficiências funcionais que aparecem sem o acompanhamento dos seus cuidadores.
• Achados laboratoriais inconsistentes com as história relatadas.
Ao conduzir a consulta, o médio ou o profissional de saúde deve:
• Entrevistar o paciente sozinho, perguntando diretamente sobre possíveis violências físicas, restrições ou negligência.
• Entrevistar o suposto abusador sozinho. 
• Prestar bastante atenção no relacionamento e no comportamento entre o paciente e o seu suposto abusador.
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• Conduzir uma avaliação geriátrica extensiva do paciente, incluindo aspectos médicos, funcionais, cognitivos e sociais.
• Documentar os vínculos sociais do paciente, formais e informais.
 Apesar do crescente interesse no problema, a maioria dos países ainda não introduziu legislação específica sobre o abuso de idosos. Aspectos particulares de abuso são geralmente cobertos pela lei criminal ou pelas leis civis, de direitos de propriedades, violência familiar ou saúde mental. Legislação específica e abrangente sobre o abuso contra idosos implicaria em um compromisso muito mais forte para a erradicação do problema.
Entretanto, mesmo onde tais leis existem, casos de abuso contra idosos foram raramente executados. Isso porque os idosos são geralmente relutantes – ou incapazes – de prestar queixas contra os membros da família, às vezes porque são considerados testemunhas não-confiáveis, ou por conta da natureza intrinsecamente oculta do abuso.
Enquanto o abuso contra os idosos for visto apenas como um problema com o seu cuidador, as ações legais provavelmente não serão uma medida muito eficiente. Analogamente às leis contra o abuso infantil, a maioria das leis sobre o abuso contra os idosos foram criadas para prevenir que as situações evidentes de abuso passassem despercebidas.
A denúncia obrigatória em alguns casos é considerada uma ferramenta valiosa, particularmente em situações onde a vítima é incapaz de se defender e/ou os profissionais são relutantes em referir os casos. Ainda não existem pesquisas sobre o impacto da denúncia obrigatória nos países onde ela foi implantada, mas a impressão é de que o relato dos casos tem menos a ver com os requisitos legais do que com os fatores organizacionais, éticos, culturais e profissionais.
 Campanhas educativas e de alerta ao público tem sido vitais para informar as pessoas sobre o abuso contra os idosos. A educação envolve não apenas o ensino de novas informações, mas também a mudança de atitudes e comportamentos, e se presta, nesse contexto, como uma estratégia preventiva fundamental.
A educação pode

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