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Herpes Vírus Simples Congênito

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HERPES SIMPLES VÍRUS 
→A infecção congênita pelo HSV, embora de baixa prevalência, é responsável por 0,2% de todas as internações 
no período neonatal e por 0,6% de todas as mortes nesse mesmo período nos Estados Unidos. 
→O HSV é vírus DNA membro da família Herpesviridae. Infecta o ser humano através de inoculação oral, genital, 
mucosa conjuntival ou pele com solução de descontinuidade. Daí infecta os nervos terminais de onde é transportado, 
via axônios, até as raízes ganglionares dorsais, onde permanece latente durante toda a vida do hospedeiro. 
→No estado de latência, esses vírus não são suscetíveis às drogas antivirais. 
→Dois tipos de HSV de interesse humano são descritos: HSV1 e HSV2. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
→Estima-se que a infecção neonatal pelo HSV ocorra em 1/3.000 a 1/20.000 nascimentos nos Estados Unidos. São 
descritos 3 modos de transmissão da infecção: 
• intrauterina: muito rara. Ocorre por meio de viremia materna ou infecção ascendente do trato genital, mesmo com 
membranas íntegras; 
• perinatal: responde por 85% do total. Ocorre por meio do contato do recém-nascido com o trato genital materno 
infectado, com lesões ou não; 
• pós-natal: cerca de 10% das infecções; ocorre quando um cuidador com infecção ativa (p.ex., herpes labial) tem 
contato próximo com um recém-nascido. 
 
QUADRO CLÍNICO 
INFECÇÃO INTRAUTERINA 
→Na infecção transmitida por viremia materna predominam sinais de infecção placentária, como infarto, necrose, 
calcificações e sinais de envolvimento fetal grave como hidropsia. 
→A morte do concepto geralmente ocorre. 
→Os sobreviventes exibem lesões de pele (vesículas, ulcerações ou cicatrizes, aplasia cutânea), lesões oculares e 
graves anomalias do SNC, como microcefalia e hidranencefalia. 
INFECÇÃO PERINATAL 
→Doença localizada na pele, olhos e boca: os sintomas estão presentes nas primeiras duas semanas de vida. As 
lesões de pele apresentam-se como vesículas agrupadas sob uma base eritematosa que podem estar localizadas 
ou disseminadas. A presença de hiperemia conjuntival, associada a lacrimejamento intenso, chama a atenção para 
o diagnóstico. Vesículas na região periorbital, ceratite e coriorretinite também podem fazer parte do quadro. O 
acometimento da orofaringe caracteriza-se pela presença de úlceras na boca, palato e língua; 
ATENÇÃO: Muitos casos de doença mucocutânea apresentam lesão neurológica em longo prazo caracterizada por 
quadriplegia espástica, microcefalia e cegueira. Essas manifestações,de modo geral, se tornam aparente no final 
do primeiro ano de vida. 
→Doença do SNC: os sintomas iniciam-se em torno da segunda ou terceira semana de vida. Cerca de 60 a 70% 
dos recém-nascidos com lesões na pele apresentam envolvimento do SNC. As manifestações clínicas incluem: 
convulsões, letargia, irritabilidade, tremores, recusa alimentar, instabilidade térmica e fontanela anterior tensa. O 
liquor apresenta pleiocitose à custa de células mononucleares, glicose relativamente baixa e proteína 
moderadamente elevada. O eletroencefalograma (EEG) apresenta alterações precoces, como descargas 
epileptiformes focais ou multifocais; 
→doença disseminada: ocorre em 25% dos casos. Envolve múltiplos órgãos, como fígado, pulmões, adrenais, SNV, 
pele, olhos e boca. As manifestações clínicas são muito semelhantes à sepse causada por outros microrganismos 
e incluem febre ou hipotermia, apneia, letargia, irritabilidade, desconforto respiratório, distensão abdominal. Com a 
progressão da doença, podem surgir hepatite, ascite, icterícia, neutropenia, trombocitopenia, coagulação 
intravascular disseminada, derrame pleural, enterocolite necrotizante, convulsões e choque. A mortalidade 
ultrapassa 80% nessa forma de doença. 
 
DIAGNÓSTICO 
→Todos os recém-nascidos que apresentem algum grau de suspeição clínica devem ser submetidos ao 
rastreamento para infecção por HSV. 
→Os testes laboratoriais incluem hemograma completo, transaminases, bilirrubinas, ureia e creatinina, amônia, PCR 
para HSV DNA no sangue, liquor com PCR para HSV DNA, swab das lesões de pele e mucosas para identificação 
do HSV por imunofluorescência direta e cultura viral. 
→O isolamento do vírus em cultura de tecidos e sangue é a técnica mais específica para o diagnóstico da infecção 
pelo HSV, mas não é um método disponível na prática diária. Assim, a detecção do HSV DNA pela PCR tem sido o 
método de escolha para o diagnóstico de infecção pelo vírus HSV por causa de sua alta sensibilidade. 
→Entretanto, resultados falsos-negativos podem ocorrer principalmente no liquor, quando existir grande quantidade 
de hemácias ou proteína elevada. 
→A imunofluorescência direta é um método que permite rápida identificação do antígeno viral, além de identificar o 
tipo (HSV1 ou HSV2). Os testes sorológicos normalmente não ajudam no diagnóstico da infecção neonatal, mas 
podem ser usados no pré-natal, como método de prevenção da infecção congênita. 
AVALIAÇÃO POR BIOIMAGEM 
A ultrassonografia fetal pode ser útil ao demonstrar as lesões no cérebro fetal, porém, ao nascimento, o diagnóstico 
deve ser confirmado pela ressonância magnética, que tem mostrado melhor sensibilidade que a TC, principalmente 
no acompanhamento de lesões cerebrais. A radiografia de tórax pode ser útil para demonstrar pneumonite 
intersticial, e a ultrassonografia abdominal pode mostrar o envolvimento do fígado, rins e ascite. 
 
TRATAMENTO 
→O tratamento da infecção por HSV é feito com aciclovir, EV, na dose de 60 mg/kg/dia, dividido em 3 doses diárias, 
a cada 8 horas. 
→O tempo de terapia antiviral depende do tipo de infecção. 
→Na doença localizada na pele, olhos e boca, o tempo mínimo é de 14 dias. 
→Na doença de envolvimento sistêmico ou que atinge o SNC, o tratamento mínimo é de 21 dias. 
→O ganciclovir pode ser usado como terapêutica alternativa, na dose de 6 mg/kg/dose a cada 12 horas. 
 
PROGNÓSTICO 
→Depende do tipo de apresentação clínica: 
• na doença disseminada, a mortalidade dentro de 1 ano é de 29%, e cerca de 80% dos sobreviventes podem 
apresentar exame neurológico normal; 
• na doença do SNC, a mortalidade dentro de 1 ano é em torno de 4%, porém somente 30% dos sobreviventes 
apresentam exame neurológico normal; 
• na doença da pele, olhos e boca, a mortalidade é rara, e menos de 2% dos que receberam tratamento com aciclovir 
apresentam retardo no desenvolvimento neuropsicomotor. 
 
PREVENÇÃO 
→As estratégias de prevenção da infecção intrauterina e perinatal pelo HSV passam pela identificação das 
gestantes de alto risco, indicação de cesariana e terapia antiviral materna: 
• gestantes com infecção ativa devem ser mantidas sob precauções de contato, e o parto cesariano deve ser 
indicado até 4 horas após o rompimento das membranas; 
• recém-nascidos internados com infecção ativa devem ser mantidos em isolamento de contato, no mesmo quarto 
que as mães; 
• recém-nascidos cujas genitoras apresentem lesões herpéticas na mama não devem ser amamentados na mama 
afetada e as lesões devem ser cobertas para evitar a contaminação; 
• parentes e outros indivíduos portadores de lesões herpéticas (herpes labial, gengivoestomatite) não devem entrar 
em contato com o recém-nascido; 
• o risco de transmissão é maior em recém-nascidos de parto vaginal, com mais de 4 horas de ruptura das 
membranas; 
• o risco de transmissão é baixo (menor que 2%) em recém-nascidos de mães com infecção recorrente; 
• ainda não existem vacinas licenciadas e efetivas contra os vírus HSV1 e HSV2. 
 
 
REFERÊNCIA 
Cadernos de Atenção à Saúde – Ministério da Saúde 
Obstetrícia – Rezende e Zugaib

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