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ADC_Unidade 04

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ANÁLISE DINÂMICA 
DE CAPITAL DE GIRO 
Professora
Me. Edna Mitiko Ota
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 
Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
As imagens utilizadas neste livro foram 
obtidas a partir do site shutterstock.com
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação 
a Distância; OTA, Edna Mitiko.
 
 Análise das Demonstrações Contábeis. Edna Mitiko Ota.
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 
 27 p.
“Pós-graduação Universo - EaD”.
 1. Análises. 2. Contábeis. 3. EaD. I. Título.
ISBN: 978-85-459-0007-8
CDD - 22 ed. 657
CIP - NBR 12899 - AACR/2
DIREÇÃO
Reitor Wilson de Matos Silva 
Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho 
Pró-Reitor de Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva 
Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin 
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NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff / James Prestes / Tiago Stachon
Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho
Diretoria de Permanência Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional Débora Leite
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Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey
Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira
Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo
Projeto Gráfico Thayla Guimarães 
Designer Educacional Rossana Costa Giani 
Editoração Ellen Jeane da Silva 
Qualidade Textual Maria Fernanda Vasconcelos
07
14
16
sumário
CÁLCULO E INTERPRETAÇÃO DOS INDICADORES DE 
CAPITAL DE GIRO
CÁLCULO E INTERPRETAÇÃO DOS INDICADORES DE 
PRAZOS MÉDIOS
ANÁLISE CONJUNTA DOS INDICADORES DE PRAZOS MÉDIOS E 
ANÁLISE DE CAPITAL DE GIRO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 • Demonstrar os cálculos dos indicadores de capital de giro.
 • Analisar e interpretar os indicadores de capital de giro.
 • Aprender a calcular os indicadores de prazos médios.
 • Analisar e interpretar os indicadores de prazos médios.
 • Estudar os casos práticos para aplicação e análise dos indicadores.
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 • Cálculo e Interpretação dos Indicadores de Capital de Giro
 • Cálculo e Interpretação dos Indicadores de Prazos Médios
 • Análise conjunta dos indicadores de prazos médios e análise de capital de 
giro
ANÁLISE DINÂMICA DE CAPITAL DE GIRO 
INTRODUÇÃO
introdução
Olá, caro(a) aluno(a)!
A análise das demonstrações contábeis é uma ferramenta que muito auxilia 
a contabilidade no entendimento da situação econômica e financeira das em-
presas, utilizando-se de uma linguagem mais acessível a qualquer usuário, desde 
acionistas, gestores, concorrentes, fornecedores até instituições financeiras. 
Para que a análise das demonstrações contábeis possa ser executada, é ne-
cessário entender os conceitos básicos de contabilidade e seus relatórios, pois 
para efetuar os cálculos dos indicadores, se faz necessário conhecer a estrutu-
ra das demonstrações.
O correto conhecimento da estrutura das demonstrações associado à correta 
aplicação dos indicadores apresenta dados que, interpretados e explicados os 
motivos daqueles indicadores e suas variações, se tornam o resultado da análise. 
A análise das demonstrações contábeis, para sua execução, pode contar 
com várias ferramentas, como: a análise horizontal, análise vertical e indicado-
res econômicos e financeiros. 
O primeiro, análise horizontal, tende a mostrar a evolução de grupos ou 
contas, possibilitando a projeção de tendências para os próximos períodos, 
enquanto a análise vertical tem como finalidade mostrar a participação de 
cada conta dentro de seu grupo. Por fim, a análise por meio de indicadores 
econômicos e financeiros tem como objetivo demostrar a situação financei-
ra e econômica, por exemplo: se a empresa está utilizando Capital Próprio ou 
Capital de Terceiros para investimentos no Ativo Não Circulante e se isso não 
está resultando em endividamento e comprometendo a liquidez da empresa.
Os indicadores mais utilizados para análise das demonstrações e relatórios 
contábeis podem ser classificados em índices de: liquidez, estrutura de capi-
tais, rentabilidade, capital de giro e prazos médios.
Os índices de liquidez demonstram a capacidade de quitação das dívidas 
de curto e longo prazo, e também se existe dependência em transformar os 
estoques em numerários para quitar suas dívidas de curto prazo.
A finalidade dos indicadores de estrutura de capital é apresentar o endi-
vidamento da empresa, se o mesmo está concentrado a curto prazo e se isso é 
em decorrência dos investimentos do capital próprio em infraestrutura.
INTRODUÇÃO
introdução
Já os indicadores de rentabilidade mostram os resultados obtidos pelos 
investimentos na empresa e do capital dos sócios e investidores, bem como o 
lucro obtido sobre as vendas.
Auxiliando na identificação da situação financeira, os indicadores de capital 
de giro demonstram se as atividades operacionais da empresa são financiadas 
por capital próprio ou capital de terceiros, enquanto os prazos médios indicam 
se a política de prazos médios adotada não compromete na liquidez e endivi-
damento da empresa.
Esta aula tem a finalidade de apresentar os indicadores de capital de giro 
e prazos médios e a sua utilização, bem como sua interpretação. 
Pós-Universo 7
Assaf Neto (2012) enfatiza que o capital de giro envolve as atividades operacionais as 
quais passam pelas fases de compra, pagamento, fabricação e cobrança, e a cada uma 
delas deve-se formular decisões com relação aos investimentos operacionais, como:
 • Compras: quanto e quando comprar.
 • Fabricação: medir a capacidade de produção e o uso de tecnologia adequada.
 • Venda: estipular as condições de vendas (à vista, a prazo).
 • Cobrança: desenvolver política de cobrança, inadimplência.
 • Pagamentos: mensurar os recursos disponíveis, verificar novas captações.
Portanto, todos os recursos utilizados para o giro da empresa, desde a compra das 
mercadorias para estoque ou matéria para produção até o recebimento das vendas 
dessas mercadorias ou produtos acabados, são denominados capital de giro, que 
podem ser decorrentes de capital próprio ou capital de terceiros.
CÁLCULO E 
INTERPRETAÇÃO 
DOS INDICADORES 
DE CAPITAL DE 
GIRO
Pós-Universo 8
Para obter informações sobre o capital de giro, podem ser utilizados alguns indi-
cadores, a saber: Necessidade de Capital de Giro (NCG) ou Investimento Operacional 
em Giro (IOG); Capital Circulante Líquido (CCL), Capital Circulante Próprio (CCP) ou 
Capital de Giro Próprio (CGP), Saldo Disponível (SD) ou Saldo em Tesouraria (ST).
Como manter o capital de giro sob controle diante de um quadro de redução 
das vendas? 
reflita
Necessidade de Capital de Giro – NCG
A NCG envolve as origens e as aplicações de recursos na atividade operacional da 
empresa. Assim, é necessário para a sua determinação identificar no ativo circulante 
e no passivo circulante as contas decorrentes das atividades operacionais.
Segundo Matarazzo (2010, p. 284), “O Ativo Circulante Operacional (ACO) é o in-
vestimento que decorre automaticamente das atividades de compra/produção/
estocagem/venda, enquanto o Passivo Circulante Operacional (PCO) é o financiamen-
to, também automático, que decorre dessas atividades”. A diferença entre ambos é o 
quanto de capital a empresa precisa para financiar o giro, ou seja, a NCG.
Complementando este conceito, Marion (2010) comenta que todos os compo-
nentes operacionais que fazem parte do ciclo operacional devem ser inclusos na 
apuração da NCG, não se esquecendo de considerar os salários a pagar referentes à 
transformação da matéria-prima e os impostos relativos às vendas.
A diferença entre o Ativo Circulante Operacional (ACO) e o Passivo Circulante 
Operacional(PCO) demonstra o quanto a entidade necessita de capital para susten-
tar o giro de suas atividades, ou seja, a necessidade de capital de giro.
Segundo o IEF – Instituto de Estudos Financeiros, o capital de giro representa, 
em média, 30 a 40% do total dos ativos de uma empresa. O capital perma-
nente tem um peso maior sobre o total dos ativos, atingindo entre 60 e 70%.
Fonte: <http://www.ief.com.br/analise.htm>.
fatos e dados
Pós-Universo 9
Na sequência, apresenta-se um modelo de estrutura do balanço patrimonial de forma 
a visualizar a distribuição das contas do ativo circulante e passivo circulante em ope-
racional e financeiro.
ATIVO PASSIVO
Circulante
Ativo Circulante Financeiro
Caixa e bancos
Aplicações de liquidez 
imediata
Aplicações de liquidez não 
imediata
Passivo Circulante Financeiro
Instituições de crédito
Duplicatas/títulos descontados
Dividendos a pagar
Circulante
Ativo Circulante Operacional
Contas a receber de clientes
Estoques
Adiantamento a 
fornecedores
Outros valores a receber
Despesas do exercício 
seguinte
Passivo Circulante Operacional
Fornecedores
Salários e encargos sociais
Impostos e taxas
Não 
Circulante
Realizável a longo prazo
Direitos realizáveis após o 
término do exercício
Valores a receber de 
coligadas/controladas
Passivo não circulante
Financiamentos
Debêntures
Impostos parcelados
Não 
Circulante
Investimentos
Imobilizado
Intangível
Patrimônio Líquido
Capital
Reservas
Lucros ou prejuízos acumulados
Tabela 1 - Estrutura do balanço patrimonial para fins de NCG
Fonte: adaptada de Assaf Neto (2012, p. 407)
E para a determinação da necessidade de capital de giro, pode-se utilizar a seguinte 
fórmula:
NCG = ACO - PCO
Onde: NCG = Necessidade de Capital de Giro
 ACO = Ativo Circulante Operacional
 PCO = Passivo Circulante Operacional
Pós-Universo 10
Assaf Neto (2012) complementa que as seguintes circunstâncias básicas ocorrem nas 
empresas em relação ao ACO e PCO:
 • ACO > PCO: é normal na grande maioria das empresas, existindo uma NCG 
para a qual a empresa deve encontrar fontes de financiamento, podendo 
ser fontes de capital de terceiros ou de capital próprio.
 • ACO = PCO: a NCG é igual a zero, a empresa não precisa financiar o giro.
 • ACO < PCO: nesse caso, a empresa tem mais financiamentos operacionais 
do que investimentos operacionais, portanto, sobram recursos das ativida-
des operacionais que poderão ser utilizados pela empresa.
Toma-se como exemplo o valor de $ 18.000,00 para o ACO e $ 15.000 para o PCO, 
apresentando a primeira situação em que o ACO > PCO, no qual do investimento de 
$ 18.000,00 em atividades operacionais do ativo circulante, $ 15.000,00 foram origina-
dos de capital de terceiros de atividades operacionais, o saldo restante de $ 3.000,00 
deve ser decorrente de capital de terceiros a curto ou a longo prazo e capital próprio.
Matarazzo (2010) esclarece que para financiar as necessidades de capital de giro, 
a empresa poderá recorrer a três fontes de financiamento, sendo: Capital Circulante 
Próprio; Empréstimos e Financiamentos Bancários de Longo Prazo e Empréstimos 
Bancários de Curto Prazo; e Duplicatas Descontadas.
Na grande maioria das empresas, existe a necessidade de capital de giro, para a 
qual são necessárias fontes de financiamento, que podem ser decorrentes de capital 
próprio (aumento de capital ou lucro) ou de terceiros (empréstimos e financiamen-
tos de curto ou de longo prazo).
Na análise do capital de giro, o ideal seria que a empresa não necessitasse de 
capital de giro, ou seja, ACO = PCO, no entanto, uma parcela representativa das em-
presas brasileiras tem essa necessidade de capital de giro, que representaria ACO > 
PCO. Isso não é ruim caso a captação de recursos tenha um gasto menor que o be-
nefício por ela gerado. Por exemplo: a empresa contrata capital de terceiros de longo 
prazo com encargos financeiros, digamos um empréstimo de longo prazo, e investe 
em estoques e prazos para seus clientes, com isso aumentando as vendas, gerando 
lucros maiores que os encargos financeiros da dívida. E quando as vendas forem re-
cebidas, serão utilizadas para o pagamento da dívida quando no seu vencimento.
Pós-Universo 11
Capital Circulante Líquido (CCL)
O Capital Circulante Líquido (CCL) pode ser definido pelo nível de recursos perma-
nentes aplicados no curto prazo, ou seja, o uso para o Capital de Giro de recursos de 
terceiros a longo prazo ou recursos próprios.
Assaf Neto (2012, p.170) conceitua o Capital Circulante Líquido como “o exce-
dente das aplicações a curto prazo (em ativo circulante) em relação às captações de 
recursos processadas também a curto prazo (passivo circulante)”.
De acordo com a conceituação exposta, o Capital Circulante Líquido pode ser 
obtido com a seguinte equação:
Capital Circulante Líquido = Ativo Circulante – Passivo Circulante
O Capital Circulante Líquido está diretamente relacionado ao Índice de Liquidez Corrente, 
pois a parcela do resultado deste, que excede $ 1,00, é justamente o que indica a pro-
porção existente de Ativo Circulante Líquido. Toma-se como exemplo o Ativo Circulante 
totalizando $ 50.000,00 e o Passivo Circulante $ 40.000,00, esses dados apresentam um 
Capital Circulante Líquido de $ 10.000,00. O valor de $ 10.000,00 demonstra uma folga 
financeira após o pagamento das dívidas de curto prazo no valor de $ 40.000,00.
Caso a equação resultasse em um valor negativo, significaria que não existe folga 
financeira, dessa forma, as dívidas a curto prazo são maiores que os valores a curto 
prazo existentes para quitá-las.
Capital Circulante Próprio (CCP)
O Capital Circulante Próprio, ou Capital de Giro Próprio, corresponde à parcela do 
Ativo Circulante que não é financiada por recursos de terceiros.
De acordo com a conceituação exposta, o Capital Circulante Próprio pode ser 
aplicado com a seguinte equação:
Capital Circulante Próprio = Patrimônio Líquido – Ativo Não Circulante
Para Silva (2001, p. 352), “o capital de giro próprio é aquela parcela do ativo circulan-
te que é financiada com recursos próprios, isto é, o que sobra do patrimônio líquido 
após o comprometimento dos recursos próprios com o ativo não circulante”. Dessa 
forma, pode-se concluir que o CCP é a parcela do Patrimônio Líquido utilizada para 
financiar o Ativo Circulante.
Pós-Universo 12
Sabendo-se que determinada empresa apresenta um Patrimônio Líquido de $ 
100.000,00 e um Ativo Não Circulante de $ 80.000,00, tem-se um Capital Circulante 
Líquido de $ 20.000,00, isso demonstra que o Patrimônio Líquido contribui para os 
investimentos no Ativo Circulante com $ 20.000,00. No caso da equação apresentar-
-se negativa, observa-se uma situação em que o Patrimônio Líquido é insuficiente 
para os investimentos no ativo não circulante, sendo necessários recursos de capital 
de terceiros para ajudar nesses investimentos.
Saldo Disponível (SD) ou Saldo em Tesouraria (ST)
O Saldo Disponível ou Saldo em Tesouraria é obtido pela diferença entre o Capital 
Circulante Líquido (CCL) e a Necessidade de Capital de Giro (NCG). Para Assaf Neto 
(2012, p. 214), “é a medida de margem de segurança financeira de uma empresa, que 
indica sua capacidade interna de financiar um crescimento da atividade operacional”.
Assaf Neto (2012) também comenta que um Saldo Disponível negativo pode de-
monstrar a ineficiência de investimentos entre recursos e aplicações, sendo que em 
recursos de curto prazo podem estar financiamentos, investimentos permanentes, 
o que não é benéfico para a continuidade da entidade.
Saldo Disponível = Capital Circulante Líquido - Necessidade de Capital de Giro
ou
Saldo Disponível = Ativo Circulante Financeiro – Passivo Circulante Financeiro
Utilizando os dados do exemplo, no qual tinha-se $ 50.000,00 de Ativo Circulante e $ 
40.000,00 para Passivo Circulante, considera-se, dos $ 50.000,00 do Ativo Circulante, 
$ 35.000,00 para ativo circulante operacional e $ 15.000,00 para ativo circulante fi-nanceiro; e dos $ 40.000,00 do passivo circulante, $ 30.000,00 para passivo circulante 
operacional e o saldo restante de $ 10.000,00 passivo circulante financeiro.
A partir dessa informação, é possível determinar a necessidade de capital de giro 
de $ 5.000,00, resultado da diferença entre $ 35.000,00 e $ 30.000,00. Isso nos mostra 
que $ 5.000,00 dos investimentos no ativo circulante operacional necessitam de 
outras fontes de recursos (capital de terceiros ou capital próprio).
Pós-Universo 13
Sabendo-se que o ativo circulante financeiro é de $ 15.000,00 e o passivo finan-
ceiro circulante de $ 10.000,00, tem-se um saldo disponível de $ 5.000,00, ou seja, 
na comparação entre numerários em disponibilidades da empresa (caixa, banco 
conta movimento, aplicações financeiras) e dívidas contraídas em instituições fi-
nanceiras a curto prazo, tem-se uma sobra financeira de $ 5.000,00, que pode ser 
utilizada para os investimentos no ativo circulante operacional.
Também o saldo disponível de $ 5.000,00 pode ser obtido pela diferença entre 
$ 10.000,00 (Capital Circulante Líquido) e $ 5.000,00 (Necessidade de Capital de 
Giro); pode-se observar que recursos de terceiros de longo prazo ou do patrimônio 
líquido estão sendo utilizados para esse fim. Caso o saldo disponível fosse negati-
vo, representaria que recursos de terceiros de curto prazo estavam, também sendo 
utilizados para esse fim.
Quanto maior o saldo disponível negativo, maior a utilização de recursos 
de terceiros de curto prazo.
atenção
Pós-Universo 14
Os índices de atividade, também denominados índices de prazos médios, permitem 
que sejam analisados o desempenho operacional da empresa e sua necessidade de 
investimento em giro, ou seja, são considerados dinâmicos, pois demonstram o tempo 
que a empresa demora, em média, para receber suas vendas, pagar suas compras e 
renovar seus estoques.
De acordo com Matarazzo (2010, p. 260),
 “
A conjugação dos três índices de prazos médios leva à análise dos ciclos 
operacionais e de caixa, elementos fundamentais para a determinação de es-
tratégias empresariais, tanto comerciais quanto financeiras, geralmente vitais 
para a determinação do fracasso ou sucesso de uma empresa.
Segundo Bruni (2011, p. 179),
 “
O estudo dos prazos permite entender os giros das contas contábeis ou 
como estas se renovam. Os diferentes prazos recebidos ou concedidos igual-
mente afetam os diferentes ciclos de um negócio – com a capacidade de 
intervir sobre as contas operacionais, como contas a receber ou fornecedo-
res, ou capital de giro [...].
CÁLCULO E 
INTERPRETAÇÃO 
DOS INDICADORES 
DE PRAZOS 
MÉDIOS
Pós-Universo 15
Conforme os autores, os prazos médios permitem entender o giro das contas con-
tábeis e, consequentemente, as estratégias e políticas empresariais adotadas pela 
empresa ou pelo seguimento.
Tabela 2 - Indicadores de Prazos Médios
Prazo Médio de Recebimento de Vendas – PMRV Duplicatas a Receber x 360
Vendas Líquidas
Prazo Médio de Pagamento de Compras – PMPC Fornecedores x 360
Compras
Prazo Médio de Renovação de Estoques – PMRE Estoques x 360
CPV
Ciclo Operacional – CO PMRE + PMRV
Ciclo Financeiro – CF CO – PMPC
Fonte: Matarazzo (2010) e Silva (2012)
O investimento da empresa em Duplicatas a Receber é determinado pelo índice de 
PMRV, representando a média de tempo que a entidade demora a receber as vendas 
efetuadas (MATARAZZO, 2010).
Iudícibus (1998, p.106) reforça a afirmativa: “indica quantos dias, semanas ou 
meses a empresa deverá esperar, em média, antes de receber suas vendas a prazo”.
O PMRV informa o tempo que em média deve ser aguardado para receber as 
vendas de seus clientes, ou seja, o período entre a venda e o seu recebimento. Caso 
o indicador seja de 30 dias, o período para transformar a venda em recursos mone-
tários, em média, é de 30 dias.
Assim como o anterior, o PMPC pode fornecer informações em dias ou meses, 
semanas etc. No entanto, este quociente representa a outra face da questão, deter-
mina o tempo médio que a empresa demora a pagar suas contas (IUDÍCIBUS, 1998).
O índice de Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV), em comparação 
com o Prazo Médio de Pagamento de Compras (PMPC), vem determinar a posição 
favorável ou desfavorável da empresa em relação as suas compras e vendas. A enti-
dade se encontrará em uma posição favorável quando seu prazo de pagamento das 
compras estiver maior que o prazo de recebimento das vendas, se ocorrer o inverso, 
a empresa estará em uma posição desfavorável.
O PMRE demonstra quantas vezes se renovou o estoque em decorrência das 
vendas do período. Portanto, quanto menor o tempo médio de renovação de estoque, 
melhor será para a empresa (IUDÍCIBUS, 1998).
Pós-Universo 16
A análise das demonstrações contábeis deve, sempre que possível, utilizar para sua 
elaboração os dados apresentados por mais de um período para que possa ser obser-
vada a sua evolução histórica ao longo do tempo, permitindo também a projeção de 
tendências. Também devem ser observadas informações do mercado econômico no 
qual a empresa se encontrar inserida, como: inflação, demanda, concorrência, política 
governamental, pois esses fatores influenciam nas informações a serem geradas na 
análise. No entanto, não serão encontrados nos demonstrativos e relatórios contábeis.
Na sequência são apresentados os indicadores de capital de giro e prazos médios cal-
culados por meio das demonstrações contábeis de uma loja de roupas e acessórios para 
o público feminino, masculino e infantil relativos aos anos de 2009, 2010, 2011 e 2012.
ANÁLISE 
CONJUNTA DOS 
INDICADORES DE 
PRAZOS MÉDIOS 
E ANÁLISE DE 
CAPITAL DE GIRO
Pós-Universo 17
Analisando os indicadores de capital de giro da empresa, observa-se que ela possui 
necessidade de capital de giro em todos os anos da amostra, necessidade essa que 
aumenta a cada ano. Essa necessidade de capital de giro revela que é preciso fontes 
de recursos para suprir os investimentos nas atividades operacionais, principalmen-
te em estoques, em decorrência do aumento dos estoques como consequência da 
inauguração de novas unidades e do centro de distribuição.
Tabela 3 - Indicadores de Prazos Médios
Capital de Giro 2009 2010 2011 2012
Necessidade de Capital de Giro 416.959 161.008 124.220 187.076
Saldo em Tesouraria 1.245.002 1.237.306 1.361.519 1.664.330
Capital de Giro Próprio 437.194 305.639 56.548 (12.896)
Capital Circulante Líquido 534.247 450.954 493.654 715.937
Prazos Médios
Prazo Médio de Renovação de Estoques 68 71 102 97
Prazo Médio de Recebimento de Vendas 107 55 59 64
Prazo Médio de Pagamento de Compras 88 78 95 95
Ciclo Operacional 175 127 161 161
Ciclo Financeiro 86 48 66 66
Fonte: a autora
As fontes de recursos, no caso, são originadas em 2009, 2010 e 2011 de capital próprio 
e capital de terceiros de longo prazo; no ano de 2012, somente utiliza-se o capital de 
terceiros de longo prazo.
A inauguração de novas unidade e do centro de distribuição, bem como os investi-
mentos para aquisição de uma nova marca de roupas para comercializar, tem solicitado 
um aporte de recursos cada vez maior, conforme verificado na conta imobilizado do 
Balanço Patrimonial da empresa. Observa-se que os recursos originados de capital 
próprio têm nos três primeiros anos da amostra cumprido essa função, no entanto, em 
2012, os recursos do capital próprio não são mais suficientes (capital de giro próprio ne-
gativo de 12.896), e nesse caso são utilizados capital de terceiros de longo prazo.
Pós-Universo 18
Com os indicadores de capital circulante líquido e saldo em tesouraria positivos, 
é possível concluir que a empresa tem capacidade para quitar suas dívidas de curto 
prazo, pois possui mais ativo circulante que passivo circulante.
Capital Circulante Líquido
715,937
493,654
450,954
534,247
Capital de Giro Próprio
Saldo em Tesouraria
Necessidade de Capital de Giro
-20
0,0
00
20
0,0
000
40
0,0
00
60
0,0
00
80
0,0
00
1,000
,00
0
1,2
00
,00
0
1,4
00
,00
0
1,6
00
,00
0
1,8
00
,00
0
2009 2010 2011 2012
(12,896)
56,548
305,639
437,194
1,664,330
1,361,519
1,237,306
1,245,002
187,076
124,220
161,008
416,959
Figura 1 - Capital de giro – Lojas Renner
Fonte: a autora
Pela análise dos prazos médios, é possível verificar que a Empresa mantém mais es-
toques ao longo dos anos e tem reduzido o seu prazo médio de recebimento das 
vendas, dessa forma, o ciclo operacional que tinha se reduzido de 2009 para 2010 de 
175 para 127 dias, voltou a aumentar para 161 dias em 2011 e 2012, como consequên-
cia do aumento do prazo médio de estocagem, ou seja, mais estoques contribuem 
para o aumento da necessidade de capital de giro.
O prazo médio de pagamento de suas compras teve uma pequena oscilação de 
2010 para 2011, assim, o ciclo financeiro que corresponde ao período de pagamento 
das compras até o recebimento das vendas reduziu-se, melhorando o período ne-
cessário para suprir os investimentos no ciclo operacional.
Pós-Universo 19
Prazo Médio de
Renovação de
Estoques
68 71
97
55 59
64
88
78
95 95
86
48
66 66
175
127
161 161
102 107
Prazo Médio de
Recebimento de
Vendas
Prazo Médio de
Pagamento de
Compras
Ciclo Operacional Ciclo Financeiro
Figura 2 - Prazos Médios – Lojas Renner
Fonte: a autora
É fundamental que toda empresa, seja qual for o seu ramo de negócio, in-
dústria, comércio ou prestação de serviços, procure ajustar os seus Ciclos 
Operacional e Financeiro para que as suas necessidades de recursos sejam 
cobertas com um menor custo possível.
São algumas alternativas que podem ajudar neste ajuste, possibilitando uma 
menor dependência de recursos, a redução dos prazos e financiamento aos 
clientes, e o aumento do prazo de pagamento aos fornecedores.
Fonte: http://www.sebraepr.com.br/Por talSebrae/ar t igos/
Lab-%E2%80%93-Planejamento-financeiro
fatos e dados
http://www.sebraepr.com.br/PortalSebrae/artigos/Lab-%E2%80%93-Planejamento-financeiro
http://www.sebraepr.com.br/PortalSebrae/artigos/Lab-%E2%80%93-Planejamento-financeiro
atividades de estudo
1. Considere os seguintes dados extraídos do Balanço Patrimonial de determinada 
empresa: 
Ativo Circulante R$ Passivo Circulante R$
Disponível 10.000,00 Fornecedores 60.000,00
Aplicação Financeira 8.000,00 Salários a pagar 10.000,00
Duplicatas a Receber 90.000,00 Dividendos a pagar 5.000,00
Estoques 50.000,00 Empréstimos bancários 120.000,00
O saldo em tesouraria, ou saldo disponível, é de:
a) R$ 52.000,00
b) R$ 15.000,00
c) R$ 117.000,00
d) R$ 70.000,00
e) R$ -107.000,00
2. Determinada empresa apresenta os seguintes prazos médios:
Prazo Médio de Renovação de Estoques ............ 40 dias
Prazo Médio de Pagamento de Compras ........... 30 dias
Prazo Médio de Recebimento de Vendas ........... 20 dias
A partir dos prazos acima, assinale a alternativa correta:
a) O ciclo operacional é de 30 dias e o ciclo financeiro de 60 dias.
b) O ciclo operacional é de 60 dias e o ciclo financeiro de 30 dias.
c) O ciclo operacional é de 40 dias e o ciclo financeiro de 50 dias.
d) O ciclo operacional é de 50 dias e o ciclo financeiro de 40 dias.
e) O ciclo operacional é de 70 dias e o ciclo financeiro de 50 dias.
atividades de estudo
3. Avalie as afirmativas a seguir:
I. Prazo Médio de Renovação de Estoques: período em que os estoques da empresa 
permanecem na prateleira.
II. Prazo Médio de Recebimento de Vendas: prazo utilizado pela empresa desde o 
momento da compra dos produtos até o recebimento pelas suas vendas.
III. Prazo Médio de Pagamento de Compras: período entre a compra dos produtos 
e o seu pagamento.
IV. Ciclo Operacional: prazo aguardado pela empresa entre as vendas dos produtos 
e o seu recebimento.
V. Ciclo Financeiro: prazo em que a empresa terá que obter recursos para suprir o 
seu ciclo operacional.
Diante da avaliação dos itens acima, é correto afirmar que:
a) Somente I, III e V estão corretas.
b) Somente II e IV estão corretas.
c) Somente I e III estão corretas.
d) Somente IV e V estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas estão corretas.
4. Assinale a alternativa correta:
a) Indicadores de Capital de Giro mostram os prazos médios adotados para gerar 
mais resultados.
b) Indicadores de Prazos Médios mostram a capacidade financeira de quitação das 
dívidas.
c) Indicadores de Capital de Giro demonstram se há necessidade de fontes de re-
cursos para as atividades operacionais e também se o capital próprio é suficiente 
para essa função.
d) Indicadores de Liquidez e de Capital de Giro estão intimamente relacionados, pois 
trabalham com o ativo circulante financeiro.
e) Indicadores de Estrutura e Capital e Prazos Médios em nada se relacionam, pois 
um afeta a rentabilidade e outro a liquidez.
atividades de estudo
5. Avalie as afirmativas a seguir:
I. Saldo positivo da Necessidade de Capital de Giro: Aplicações de recursos nas ativi-
dades operacionais de curto prazo maiores que as origens, também de curto prazo.
II. Saldo negativo do Saldo em Tesouraria: Valores disponíveis no Ativo Circulante 
Financeiro maiores que as dívidas no Passivo Circulante Financeiro.
III. Saldo positivo do Capital de Giro Próprio: Patrimônio Líquido superior ao Ativo 
Não Circulante.
IV. Prazo Médio de Renovação de Estoque positivo: Período utilizado pela empresa 
entre a compra e venda dos produtos.
V. Ciclo Financeiro negativo: Quanto menor, poderá trazer como consequência um 
maior endividamento.
Diante da avaliação dos itens acima, é incorreto afirmar que:
a) Somente a I está incorreta.
b) Somente a II e IV estão incorretas.
c) Somente a III está incorreta.
d) Nenhuma das alternativas está incorreta.
e) Todas as alternativas estão incorretas.
resumo
Os indicadores de capital de giro e prazos médios são também fortes aliados para a execução da 
análise das demonstrações contábeis. Os dois grupos podem apresentar informações que im-
pactam tanto na situação financeira como na econômica.
O primeiro grupo tem o objetivo de mostrar quais fontes de recursos (capital de terceiros ou 
capital próprio) são utilizados para financiar os investimentos em atividades operacionais (ativo 
circulante operacional).
Enquanto o segundo grupo apresenta a política de prazos médios utilizados pela empresa, e se 
esses são adequados, de forma que não interfiram no nível de endividamento ou de liquidez, ou 
mesmo nos indicadores de capital de giro.
Caso a política de prazos médios do ciclo operacional (compra até o recebimento das vendas) for 
elevado, consequentemente apresentará uma necessidade de capital de giro elevada, podendo 
também apresentar um elevado endividamento, comprometendo a liquidez.
material complementar
Análise Financeira das Empresas
Autor: José Pereira da Silva
Editora: Atlas
Sinopse: O livro do autor José Pereira da Silva, com o título Análise 
Financeira das Empresas, tem como objetivo mostrar a análise financeira 
como uma poderosa ferramenta para tomada de decisão, para dirigen-
tes, analistas, investidores, credores e estrategistas.
referências
ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 
10ª ed. São Paulo: Atlas, 2012.
BRAGA, Hugo Rocha. Demonstrações Contábeis: estrutura, análise e interpretação. 7ª.ed. São 
Paulo: Atlas, 2012.
BREALEY, Richard A.; MYERS, Stewart C. Principles of corporation finance. New York: McGraw-
Hill, 2003.
BERENSTEIN, Leopold A.; WILD, John J. Analysis of Financial statements. New York: McGraw-
Hill, 1999.
MARION, José Carlos. Análise das Demonstrações Contábeis: Contabilidade Empresarial. 6ª 
ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MATARAZZO, Dante Carmine. Análise Financeira de Balanços: Abordagem Básica e Gerencial. 
7ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MARTINS, Eliseu, DINIZ, Josedilton A., MIRANDA, Gilberto J. Análise avançada das demonstra-
ções contábeis: uma abordagem crítica. São Paulo: Atlas, 2012.
OLINQUEVITCH, José L., SANTI FILHO, Armando de. Análise de Balanços paracontrole geren-
cial. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.
PORTAL BRASIL. Disponível em: <http://www.portalbrasil.net/ipca.htm>. Acesso em: 22 nov. 2013.
REED, Edward W. Commercial bank management. New York: Harper & Row, 1963.
RENNER. Disponível em: <http://www.mzweb.com.br/renner/web/conteudo_pt.asp?idioma=0&-
conta=28&tipo=21079>. Acesso em: 22 nov. 2013.
SILVA, José Pereira da. Análise financeira das Empresas. 10ª ed. São Paulo: Atlas, 2012.
WESTON, J. Fred; BRIGHMAN, Eugene F. Managerial finance. New York: Holt, Rinehart and Winston, 
1972.
resolução de exercícios
1. e) R$ -107.000,00
2. b) O ciclo operacional é de 60 dias e o ciclo financeiro de 30 dias.
3. c) Somente I e III estão corretas.
4. c) Indicadores de Capital de Giro demonstram se há necessidade de fontes de recur-
sos para as atividades operacionais e também se o capital próprio é suficiente para 
essa função.
5. b) Somente a II e IV estão incorretas.
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	CÁLCULO E INTERPRETAÇÃO DOS INDICADORES DE PRAZOS MÉDIOS
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