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filosofia capítulo 11 - aRistÓtElEs 
1
FILOSOFIA E SOCIOLOGIA
SUMÁRIO
Capítulo 1
O que é filOsOfia? ............................................................................... 06
Capítulo 2
Os pré-sOcráticOs e a relaçãO entre physis, lOgOs e arché. .......... 10
Capítulo 3
Os sOfistas ........................................................................................... 14
Capítulo 4
O nascimentO da filOsOfia sOcrática ................................................. 17
Capítulo 5
platãO .................................................................................................. 21
Capítulo 6
intrOduçãO à sOciOlOgia .................................................................... 26
Capítulo 7
ViVer em sOciedade .............................................................................. 29
Capítulo 8
a sOciedade feudal ............................................................................ 32
Capítulo 9
a reVOluçãO industrial e a nOVa dinâmica sOcial ............................ 35
Capítulo 10
a reVOluçãO francesa e a transfOrmaçãO pOlítica ......................... 38
filosofia capítulo 11 - aRistÓtElEs 
2
SUMÁRIO
Capítulo 11
aristóteles......... ....................................................................................41
Capítulo 12
O helenismO........ ................................................................................... 46
Capítulo 13
filOsOfia medieVal: santO agOstinhO e tOmás de aquinO ................... 50
Capítulo 14
filOsOfia mOderna: a reVOluçãO científica.......................................... 53
Capítulo 15
maquiaVel e a filOsOfia pOlítica. .......................................................... 56
Capítulo 16
O nascimentO da sOciOlOgia......... ....................................................... 60
Capítulo 17 
émile durkheim – fatO sOcial........ ....................................................... 64
Capítulo 18
max weber – açãO sOcial........ ............................................................. 67
Capítulo 19
karl marx – mudança sOcial ............................................................... 70
Capítulo 20
as instituicões sOciais e O papel da educaçãO ......................................74
3
FILOSOFIA CApítULO 11 - ARIStÓtELES 
SUMÁRIO
Capítulo 21
teOria dO cOnhecimentO......... .............................................................. 78
Capítulo 22
a filOsOfia iluminista....... ..................................................................... 82
Capítulo 23
Os cOntratualistas ............................................................................... 86
Capítulo 24
intrOduçãO à ética ............................................................................... 90
Capítulo 25
estética – funções da arte .................................................................. 94
Capítulo 26
trabalhO e sOciedade......... ................................................................... 97
Capítulo 27 
meiOs de prOduçãO e fOrças prOdutiVas ........ ..................................102
Capítulo 28
a glObalizaçãO e seus dilemas........ ................................................... 105
Capítulo 29
cultura e indústria, escOla de frankfurt ......................................... 109
Capítulo 30
cOnceitO de cultura e diVersidade cultural ......................................112
filosofia capítulo 11 - aRistÓtElEs 
44
SUMÁRIO
Capítulo 31
os filósofos do séCulo xix......... ............................................................... 115
Capítulo 32
os filósofos da primeira metade do séCulo xx .......... ................................ 119
Capítulo 33
o existenCialismo ....................................................................................124
Capítulo 34
filosofia polítiCa Contemporânea .............................................................127
Capítulo 35
filosofia da CiênCia ...................................................................................131
Capítulo 36
poder e estado......... .............................................................................. 134
Capítulo 37 
formas de governo ........ ........................................................................137
Capítulo 38
movimentos soCiais - brasil e mundo ........ ...............................................139
Capítulo 39
o que é Cidadania?.................................................................................... 143
Capítulo 40
soCiedade do medo e Controle .................................................................149
filosofia capítulo 11 - aRistÓtElEs 
5
FILOSOFIA CApítULO 11 - ARIStÓtELES 
6
O QUE É FILOSOFIA?
Nesse primeiro capítulo buscaremos apontar cami-
nhos que direcionem para a compreensão sobre o que é 
a Filosofia, onde ela surgiu, qual o contexto sociocultural 
da época, e qual a sua relação com os mitos.
O Que é Filosofia?
Muitos poderiam arriscar uma resposta dizendo que 
a filosofia é uma área do conhecimento que nos ajuda a 
pensar, mas pensar é algo intrínseco do ser humano, não é? 
Conhecemos pessoas que nunca ouviram falar em filosofia 
e que pensam, certo? Então filosofia é algo que vai além. 
Há quem diga que filosofia nos ensina um pensar mais 
crítico, mas outras áreas também têm essa capacidade, a 
História, a Geografia, a Literatura, entre outras tantas, por 
exemplo. O que faz a Filosofia ser diferente de todas as 
outras áreas que nos ajudam a elaborar um pensamento 
crítico? Reformulando a pergunta: o que seria então um 
atributo exclusivo da Filosofia? Resposta: A Dúvida! A 
desconfiança! A Suspeita! A Interrogação! A filosofia é 
área do conhecimento que tem como palavra estrutural: 
por que/por quê. 
A mãe de todas as Ciências.
Filosofia: a mãe de todas as ciências. É possível fazer 
tal afirmação, porque até o século XVII não havia distinção 
entre Filosofia e Ciência. Desde o seu surgimento a 
Filosofia representava um conjunto de saberes. Ela surgiu 
na Grécia Antiga entre os séculos VI e VII antes de Cristo, 
seu nascimento pode ser entendido como uma nova 
organização do pensamento, que veio complementar e, 
gradualmente, se separar do mito. 
Atualmente a Filosofia e a Ciência se distinguem 
expressivamente, de forma simples poderíamos dizer que 
a ciência é a resposta, a filosofia é a pergunta. No entanto é 
uma pergunta que não almeja necessariamente a resposta, 
pois a partir no momento que a resposta é encontrada já 
não é mais Filosofia, mas sim Ciência. 
Vou te dar um exemplo:
Uma professora de cinquenta anos de idade que está 
prestes a se aposentar passa mal e vai para o hospital, seu 
quadro clínico piora com o passar dos dias e é informada 
que terá que fazer uma cirurgia, pois está com um tumor 
no intestino, a cirurgia é realizada e o tumor é retirado. Com 
novos exames descobre que tem vários tumores no fígado, 
faz mais duas cirurgias e os tumores são retirados. Durante o 
período de recuperação em casa, essa senhora vai adiando 
para iniciar a quimioterapia, pois se sente muito fraca, quan-
do inicia o tratamento os familiares tem o diagnóstico de 
que os tumores surgiram novamente, mas agora tomaram 
conta de outros órgãos; um ano depois essa professora que 
dedicou a vida toda à educação morre. Se perguntarmos 
por que ela morreu? Você saberia dar a resposta? O médico 
responderia que o câncer venceu! Mas a pergunta foi: Por 
que ela morreu, e não como ela morreu.
A Ciência é limitada! Ela é capaz de explicar como essa 
professora de cinquenta anos de idade, cheia de planos 
morreu, explica o que pode ser comprovado com exames e 
estudos, mas não é capaz de explicar: Por que ela morreu? 
Por que agora? Por que ela? Por que ela ainda se faz presen-
te mesmo não existindo fisicamente? Você sabe a resposta 
para essas perguntas?
Tudo aquilo que não é do campo das Ciências pode ser 
estudado no campo da Filosofia.
Relação: Mito e Filosofia.
O Mito (Mythos) era a forma de pensardos gregos. 
Apresentava-se como uma visão de mundo fundamentada 
em um conjunto de narrativas contadas de geração a 
geração por séculos, e que transmitiam às novas gerações as 
CAPÍTULO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • O QUE É FILOSOFIA?
7
filosofia e sociologiacapítulo 1 - o Que É filosofia?
experiências vividas pelos seus antecessores. O mito busca 
explicações definitivas sobre a natureza, e sua verdade 
independe de provas. Não podemos deixar de ressaltar a 
importância dos mitos para o funcionamento da sociedade, 
pois cumpriam uma função social moralizante de tal forma 
que essas narrativas ocupavam o imaginário dos cidadãos 
da pólis (cidade-estado) grega e direcionavam suas condutas. 
Através de exemplos contados nos poemas, além dos 
passados oralmente entre os membros da sociedade, os 
mitos ditavam as regras e deixavam claro o que era certo 
e errado. Aos poucos, porém, a moral estabelecida pelas 
narrativas míticas foi substituída pela ética e pelos valores 
da cidadania grega. Assim nasce a Filosofia, uma tentativa 
de elaborar respostas racionais para perguntas que eram 
respondidas pela mitologia.
Esta tentativa nasce das indagações sobre a natureza, 
com os chamados Filósofos da Natureza. A partir dos 
Sofistas - com seus ensinamentos sobre a política e a retórica 
- e principalmente com Sócrates a Filosofia renasce e os 
filósofos se voltam para o homem, para o conhecimento, os 
valores e a beleza. 
A mitologia foi, portanto, fundamental para o 
desenvolvimento do pensamento ocidental e para o 
surgimento da Filosofia. O naturalismo, que se manifestava 
nas origens da filosofia, já se evidenciava na própria 
religiosidade grega, na medida em que nem homens nem 
deuses são compreendidos como perfeitos e, mais do que 
isso, os deuses tinham desejos humanos, isso significa 
naturalizar até o sobrenatural. 
Os Mitos ditam as regras.
As crenças transmitidas pelos gregos ajudavam a 
comunidade a criar uma base de compreensão da realidade, 
e um ambiente de certezas que justificava a existência 
humana. Os mitos apresentavam uma religião politeísta 
(acreditavam em vários deuses), sem teoria escrita, 
concentrada na tradição oral, é isso que se entende por 
teogonia (theo-deus, gonia-origem). Vale salientar que essas 
narrativas foram sistematizadas no século IX a.C por Homero 
e por Hesíodo no século VII a.C. Ao articular religião, trabalho, 
poesia, os mitos traduziam o modo que o grego encontrava 
para expressar sua integração ao cosmos e à vida coletiva. 
Com o passar dos anos, e com as transformações sociais, 
políticas e econômicas da Grécia antiga, as explicações 
simplórias sobre a existência do universo foram perdendo 
convencimento, já não respondiam mais as novas perguntas 
que começaram a surgir a partir de tantas mudanças na 
vida daquelas pessoas. 
Condições históricas.
As condições históricas como o estabelecimento da vida 
urbana na pólis grega, a invenção da política e da moeda e 
as expansões marítimas juntamente com alguma influência 
oriental, geraram uma nova maneira de ver o mundo, uma 
nova modalidade de pensamento. Foi o momento do 
esplendor da Grécia. É esse contexto histórico que possibilitou 
que a Filosofia surgisse ali, e não em outro lugar do planeta.
(Acrópoles de Atenas)
Acredita-se que a filosofia nasceu de um processo de 
complemento/rompimento com a mitologia, não de forma 
brusca, mas a partir da busca por explicações racionais 
rigorosas e metódicas condizentes com a vida política e 
social dos gregos antigos, bem como com melhoramento 
de alguns conhecimentos já existentes, adaptados e 
transformados em ciência.
Cosmologia.
A filosofia nasce como uma tentativa de explicar a 
origem e a ordem do mundo de maneira racional, por 
isso é considerada nessa primeira fase uma cosmologia (o 
pensamento da ordem e organização do mundo). 
Definição da palavra.
Pitágoras definiu essa nova forma de compreender 
o mundo como algo ligado à sabedoria, uma busca pela 
sabedoria (filo - amor/amizade/ compartilhar. Sofia - 
sabedoria). Sendo assim, aquele que se dedicava a arte de 
questionar era considerado filósofo. Aquele que buscava 
alcançar a sabedoria e agir com base nela era visto como o 
amigo da sabedoria. 
A Inquietação. 
O primeiro passo para a filosofia é a inquietação, pois ela 
conduz ao questionamento. A Filosofia não é um questionar 
por questionar, ela exige a fundamentação racional do que é 
enunciado e pensado. O pensamento racional é o pensamento 
argumentado, debatido e compreendido pelo homem. 
Os primeiros filósofos e a autonomia da razão.
A Filosofia ocidental é dividida em períodos de acordo 
com as perguntas e discussões desenvolvidas conforme as 
necessidades do contexto. O primeiro período da filosofia é 
denominado de pré-socrático. Nesse momento (séculos VII, 
8
filosofia e sociologia capítulo 1 - o Que É filosofia?
VI e V) da reflexão filosófica, os filósofos estavam voltados 
para o cosmo, ou seja, para o universo, para a natureza, por 
isso são denominados de filósofos da natureza.
A Filosofia surge, portanto, quando alguns gregos, 
observadores da realidade, insatisfeitos com as explicações 
até então dada pela tradição, começaram a fazer perguntas 
e buscar respostas para elas, demonstrando que o mundo, 
os seres humanos, a Natureza, os acontecimentos e as 
ações humanas podem ser conhecidos pela razão humana, 
e que a própria razão é capaz de conhecer-se a si mesma.
A filosofia é a conquista da autonomia da razão (lógos) 
diante do mito e busca encontrar o porquê da existência de 
todas as coisas. Procura estruturar explicações para a origem 
de tudo nos elementos naturais e primordiais (água, ar, fogo, 
terra) por meio de combinações e movimentos. Enquanto o 
mito está no campo da imaginação, a filosofia exige a lógica 
e coerência racional que só o ser humano pode ter. 
EXERCíCIOS
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“Zeus ocupa o trono do universo. Agora o mundo está 
ordenado. Os deuses disputaram entre si, alguns triunfaram. 
Tudo o que havia de ruim no céu etéreo foi expulso, ou para 
a prisão do Tártaro ou para a Terra, entre os mortais. E os 
homens, o que acontece com eles? Quem são eles?” 
(VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os homens. Trad. de Rosa 
Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 56.)
Considerando que o mito era uma forma de 
conhecimento para os gregos, assinale a alternativa correta.
a) A verdade do mito obedece a critérios empíricos e 
científicos de comprovação.
b) O conhecimento mítico segue um rigoroso 
procedimento lógico-analítico para estabelecer suas 
verdades.
c) As explicações míticas constroem-se, de maneira 
argumentativa e autocrítica.
d) A verdade do mito obedece a regras universais do 
ensinamento racional, tais como a lei de não-contradição.
e) O mito busca explicações definitivas acerca do 
homem e do mundo, e sua verdade independe de provas.
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“A filosofia surge quando alguns gregos, admirados 
e espantados com a realidade, insatisfeitos com as 
explicações que a tradição lhes dera, começaram a fazer 
perguntas e buscar respostas para elas”.
(Marilena Chauí, Convite a Filosofia. 4. ed., Ática, 1995, p. 23).
A Filosofia grega deixou como herança para o Ocidente 
europeu:
a) A criação da dialética, fundamentada na luta de classes, 
como forma de explicação sociológica da realidade humana. 
b) A preocupação com a continuidade entre a vida e 
a morte, através da pratica de embalsamamento e outros 
cuidados funerários.
c) A aspiração ao conhecimento verdadeiro, à felicidade 
e à justiça, indicando que a humanidade não age 
caoticamente.
d) O nascimento das ciências humanas, implicando em 
conhecimentos autônomos e compartimentados.
e) A produção de uma concepção de historia linear, que 
tratava dos fins últimos do homem e da realização de um 
projeto divino.QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“Os homens, a divindade, o mundo formam um universo 
unificado, homogêneo, todo ele no mesmo plano: são as 
partes ou os aspectos de uma só e mesma physis que põem 
em jogo, por toda parte, as mesmas forças, manifestam a 
mesma potência de vida. As vias pelas quais essa physis 
nasceu, diversificou-se e organizou-se são perfeitamente 
acessíveis à inteligência humana: a natureza não operou 
‘no começo’ de maneira diferente de como o faz ainda, 
cada dia, quando o fogo seca uma vestimenta molhada 
ou quando, num crivo agitado pela mão, as partes mais 
grossas se isolam e se reúnem.”
(VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. Trad. de Ísis 
Borges B. da Fonseca. 12.ed. Rio de Janeiro: Difel, 2002. p.110.)
O texto apresentado demonstra que:
a) Para explicar o que acontece no presente é preciso 
compreender como a natureza agia “no começo”, ou seja, 
no momento original.
b) O nascimento, a diversidade e a organização dos 
seres naturais têm uma explicação natural e esta pode ser 
compreendida racionalmente.
c) A explicação para os fenômenos naturais pressupõe a 
aceitação de elementos sobrenaturais.
d) A razão é capaz de compreender parte dos fenômenos 
naturais, mas a explicação da totalidade dos mesmos está 
além da capacidade humana.
e) A diversidade de fenômenos naturais pressupõe 
uma multiplicidade de explicações e nem todas estas 
explicações podem ser racionalmente compreendidas.
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Sobre a passagem do mito à filosofia, na Grécia Antiga, 
podemos afirmar que:
a) Os poemas homéricos, em razão de muitos de seus 
componentes, já contêm características essenciais da 
compreensão de mundo grega que, posteriormente, se 
revelaram importantes para o surgimento da filosofia.
b) O naturalismo, que se manifesta nas origens 
da filosofia, já se evidencia na própria religiosidade 
grega, na medida em que nem homens nem deuses 
são compreendidos como seres perfeitos: onipotente, 
9
filosofia e sociologiacapítulo 1 - o Que É filosofia?
onipresente, onisciente.
c) A humanização dos deuses na religião grega era 
inadmissível, pois os deuses eram perfeitos e movidos por 
sentimentos superiores aos dos homens, isso contribuiu 
para o processo de racionalização da cultura grega, 
auxiliando o desenvolvimento do pensamento filosófico e 
científico.
d) O mito foi superado, cedendo lugar ao pensamento 
filosófico, devido à assimilação que os gregos fizeram da 
sabedoria dos povos orientais, sabedoria esta desvinculada 
de qualquer base religiosa.
e) Os poemas Hesíodo, não contêm características 
essenciais da compreensão de mundo grega, por isso não é 
possível relaciona-los ao surgimento da filosofia.
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“Há, porém, algo de fundamentalmente novo na 
maneira como os Gregos puseram a serviço do seu 
problema último – da origem e essência das coisas – 
as observações empíricas que receberam do Oriente e 
enriqueceram com as suas próprias, bem como no modo 
de submeter ao pensamento teórico e casual o reino dos 
mitos, fundado na observação das realidades aparentes do 
mundo sensível: os mitos sobre o nascimento do mundo.”
 Fonte: JAEGER, W. Paidéia. Tradução de Artur M. 
Parreira. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 197.
Sobre a relação mito e Filosofia, conclui-se que:
a) A filosofia se origina no Oriente sob o influxo da 
religião e apenas posteriormente chega à Grécia.
b) A filosofia representa uma ruptura radical em relação 
aos mitos.
c) Apesar de ser pensamento racional, a filosofia se 
desvincula dos mitos de forma gradual.
d) o pensamento filosófico necessita do mito para se 
expressar.
e) O mito já era filosofia, uma vez que buscava respostas 
para problemas discutidos até hoje.
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
O que implica o sistema da pólis é uma extraordinária 
preeminência da palavra sobre todos os outros instrumentos 
do poder. A palavra constitui o debate contraditório, a 
discussão, a argumentação e a polêmica. Torna-se a regra 
do jogo intelectual, assim como do jogo político.
 VERNANT, J.P. As origens do pensamento grego. Rio de 
Janeiro: Bertrand, 1992 (adaptado).
Na configuração política da democracia grega, em 
especial a ateniense, a ágora tinha por função
a) agregar os cidadãos em torno de reis que governavam 
em prol da cidade.
b) permitir aos homens livres o acesso às decisões do 
Estado expostas por seus magistrados.
c) constituir o lugar onde o corpo de cidadãos se reunia 
para deliberar sobre as questões da comunidade.
d) reunir os exércitos para decidir em assembleias 
fechadas os rumos a serem tomados em caso de guerra.
e) congregar a comunidade para eleger representantes 
com direito a pronunciar-se em assembleias.
GABARItO
1. E 2. C 3. B 4. A 5. C
6. C
ANOtAÇÕES
10
OS pRÉ-SOCRÁtICOS E A RELAÇÃO ENtRE 
pHYSIS, LOGOS E ARCHÉ.
Nesse capítulo buscaremos estudar os primeiros 
filósofos e os primeiros questionamentos dessa área de 
conhecimento que chamamos de Filosofia. A principal 
discussão desse capítulo será sobre a origem do universo. 
A partir desse momento o homem passa a usar a razão 
para encontrar na natureza a origem do universo.
A Abstração.
A Filosofia pré-socrática é filha do seu contexto 
sociocultural, pois, ao se propagar entre os gregos o uso 
da moeda, da escrita e do artesanato, inaugurou-se uma 
mentalidade que descobre e valoriza a abstração humana 
como esforço de uma inteligência individual. É tese 
bastante aceita hoje que o nascimento da filosofia na Grécia 
não foi um “milagre” realizado por um povo privilegiado, 
mas sim o ápice de um processo lento e gradual, tributário 
de um passado mítico, e influenciado por transformações 
políticas, econômicas e sociais.
Os primeiros Filósofos.
O poeta brasileiro, Mario Quintana (1906-1994), no 
poema “As coisas”, traduziu o sentimento comum dos 
primeiros filósofos da seguinte maneira: “O encanto 
sobrenatural que há nas coisas da Natureza! [...] se nelas 
algo te dá encanto ou medo, não me digas que seja feia ou 
má, é, acaso, singular”. Os primeiros filósofos da antiguidade 
clássica grega se preocupavam com cosmologia, estudando 
a origem do Cosmos, contrapondo a tradição mitológica 
das narrativas cosmogônicas. 
A Jônia foi o berço dos primeiros filósofos, mais 
especificamente em Mileto. De acordo com os próprios 
gregos os inauguradores do pensamento racional foram: 
Tales, Anaxímenes e Anaximandro. Com o objetivo de 
construir um novo modelo de conhecimento, retomaram 
os temas da mitologia grega, mas de forma racional, 
formulando hipóteses lógico-argumentativas.
tales de Mileto (640-546 a.C.)
“Tales foi o iniciador da filosofia da physis, pois foi o 
primeiro a afirmar a existência de um princípio originário 
CAPÍTULO 2 • • • • • • • • OS pRÉ-SOCRÁtICOS E A RELAÇÃO ENtRE pHYSIS, LOGOS E ARCHÉ
único, causa de todas as coisas que existem, sustentando que 
esse princípio é a água. Essa proposta é importantíssima... 
podendo com boa dose de razão ser qualificada como a 
primeira proposta filosófica daquilo que se costuma chamar 
civilização ocidental.” (REALE, Giovanni. História da filosofia: 
Antigüidade e Idade Média. São Paulo: Paulus, 1990. p. 29.)
Tales de Mileto (640-546 a.C.) é tido como o primeiro 
filósofo e o primeiro chefe da Escola de Mileto; Anaximandro 
(610-547 a.C.) e Anaxímenes (585-528 a.C.) foram seus 
discípulos. Para estes e outros filósofos, o mais importante 
é usar a razão (logos) para conhecer a natureza (physis), cujo 
objetivo é entender e explicar os fundamentos primeiros 
de que o mundo foi feito e que o vem mantendo da forma 
como está. Esses filósofos buscavam delimitar a arkhé (o 
princípio) na tentativa de buscar explicações racionais 
para o universo. Tales de Mileto, ao buscar um princípio 
unificador de todos os seres, concluiu quea água era a 
substância primordial, “a água é a origem de todas as 
coisas”, pois ele observou que tudo que tem vida necessita 
de água, a morte é a ausência da água. Tales atribuía à água 
a arkhé do universo.
A filosofia contribui para a crítica a uma religiosidade 
simplista ou meramente ritualista, não significa, porém, um 
rompimento com a religião. Por isso Tales afirmava que tudo 
estava cheio de deuses, ou seja, que as qualidades sensíveis 
que cercam os homens têm uma existência independente 
da vontade humana e o seu domínio está fora do alcance 
humano. Ou seja, ele é um filho de seu tempo, no qual a 
mitologia estava enraizada na consciência coletiva.
Anaximandro e Anaxímenes
Após Tales a Escola de Mileto contou com a liderança 
de Anaximandro e Anaxímenes. Eles deram continuidade à 
busca pela Arkhé. Para Anaximandro o princípio, ou elemento 
primordial, era o “ápeiron”, infinito ou indeterminado, a 
matéria eterna e indestrutível. Para Anaxímenes a origem 
de tudo era o ar infinito (pneuma ápeiron), ao observar a 
natureza percebe que o ar é o princípio de tudo, na medida 
em que permite a vida das pessoas, que, sem ele, perecem. 
Os seres sobrevivem mais tempo sem água do que sem ar, 
por isso concluir que o ar é a origem de tudo, contrapondo 
a ideia de seu mestre Tales.
pitágoras
Pitágoras (século VI a.C), é um dos filósofos mais importantes 
da filosofia pré-socrática. Para ele “a Matemática explica o 
mundo”. Acreditava na divindade dos números. Os números 
são a essência de todas as coisas. A medida da harmonia e, 
consequentemente, da desarmonia, segundo Pitágoras, é 
possibilitada pela matemática, particularmente pela relação 
numérica, aritmética e geométrica existente na realidade. 
Xenófanes (580-475 a.C.) e Zenão (480-430 a.C.) 
11
filosofia e sociologiacapítulo 2 - os pRÉ-socRÁticos e a RelaÇÃo eNtRe pHYsis, logos e aRcHÉ
Xenófanes (580-475 a.C.), e Zenão (480-430 a.C.) 
também marcaram esse período da filosofia. Xenófanes 
contribui com sua crítica à concepção de deuses 
antropomórficos, concepção própria da religião mítica. 
Zenão ficou conhecido por escrever sobre a imutabilidade 
dos seres. A defesa da imutabilidade do ser é, todavia, 
realizada por Parmênides, considerado por Aristóteles o pai 
da metafísica e da lógica. 
parmênides (530-460 a.C.) X Heráclito de Éfeso (540 
- 470 a.C)
As reflexões sobre o mundo e as relações sociais 
fazem parte da construção da Filosofia. O pensamento 
filosófico foi muito importante para a organização da sua 
sociedade e o estabelecimento de uma visão crítica de 
suas manifestações culturais. Uma das figuras marcantes 
da Filosofia Grega foi Parmênides, pois influenciou em 
muito o pensamento idealista da filosofia ocidental, 
dando destaque à ideia de permanência e considerando o 
movimento como uma ilusão dos sentidos. 
“...que é e que não é possível que não seja,/ é a vereda da 
Persuasão (porque acompanha a Verdade); o outro diz que 
não é e que é preciso que não seja,/ eu te digo que esta é uma 
vereda em que nada se pode aprender. De fato, não poderias 
conhecer o que não é, porque tal não é fatível./ nem poderia 
expressá-lo.”
(Nicola, Ubaldo. Antologia ilustrada de Filosofia. Editora Globo, 2005.) 
O texto acima expressa o pensamento de Parmênides 
de Eleia, que afirmava a imutabilidade de todas as coisas e 
a unidade entre ser e pensar. 
Para Parmênides “O Ser é”, não existe a possibilidade 
do não-ser, sendo assim: “O ser é, e o não ser não é”. Tanto 
Zenão, quanto Parmênides defendem a ideia de que não 
há movimento. 
Em contrapartida, para Heráclito de Éfeso (540 - 470 a.C) 
“Tudo se transforma”. O logos é identificado por Heráclito 
como o fogo; não somente o natural, material, mas 
também o fogo eterno e vivo que forjou todo o universo. 
Heráclito e Parmênides são apresentados como filósofos 
cujos pensamentos se opõem: o primeiro seria o pensador 
da mudança, da contradição, enquanto o outro seria o 
precursor da metafísica, na sua defesa da constância, da 
unicidade e da imobilidade do ser.
Empédocles (492-432 a.C.)
Empédocles (492-432 a.C.) marcou a filosofia com sua 
reflexão de que o mundo não é resultado de apenas um 
princípio, mas de quatro: a água, a terra, o ar e o fogo. Para 
ele todas as coisas do universo resultam da mistura desses 
elementos, e os responsáveis por esse movimento são as 
forças cósmicas opostas: o amor e o ódio.
“Ainda outra coisa te direi. Não há nascimento para 
nenhuma das coisas mortais, como não há fim na morte 
funesta, mas somente composição e dissociação dos 
elementos compostos: nascimento não é mais do que um 
nome usado pelos homens”.
(EMPÉDOCLES. Apud ARANHA/ MARTINS. Filosofando: Introdução à 
Filosofia. 3ª Ed., São Paulo: Moderna, 2006 - p. 86.). 
Percebemos neste fragmento citado uma continuidade 
do pensamento mítico que havia no início da filosofia, pois 
ainda encontramos a presença de certos resquícios da 
mitologia sendo usados para explicar o mundo. Por isso 
salientamos a inexistência de uma ruptura bruta entre as 
maneiras filosófica e mitológica de pensar.
Demócrito (470-380 a.C.)
Demócrito (470-380 a.C.) foi o fundador da teoria do 
Átomo. Para ele tudo é matéria. A alma é feita de átomos. O 
átomo é uma partícula indivisível. E os átomos são eternos. 
EXERCíCIOS
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“Mais que saber identificar a natureza das contribuições 
substantivas dos primeiros filósofos é fundamental perceber 
a guinada de atitude que representam. A proliferação de 
óticas que deixam de ser endossadas acriticamente, por 
força da tradição ou da ‘imposição religiosa’, é o que mais 
merece ser destacado entre as propriedades que definem 
a filosoficidade.”
(OLIVA, Alberto; GUERREIRO, Mario. Présocráticos: a invenção da 
filosofia. Campinas: Papirus, 2000. p. 24.)
A “guinada de atitude” que o texto afirma ter sido 
promovida pelos primeiros filósofos é:
a) A aceitação acrítica das explicações tradicionais 
relativas aos acontecimentos naturais.
b) A busca por uma verdade única e inquestionável, que 
pudesse substituir a verdade imposta pela religião.
c) A confiança na tradição e na “imposição religiosa” 
como fundamentos para o conhecimento.
d) A desconfiança na capacidade da razão em virtude 
da “proliferação de óticas” conflitantes entre si.
e) A discussão crítica das ideias e posições, que podem 
ser modificadas ou reformuladas.
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A filosofia surgiu na Grécia, no século VI a.C. Seus 
primeiros filósofos foram os chamados pré-socráticos e 
filósofos da natureza. Assinale a alternativa que expressa o 
principal problema por eles investigado.
a) A cosmologia, como investigação acerca da origem e 
da ordem do mundo.
c) A epistemologia, como avaliação dos procedimentos 
12
filosofia e sociologia capítulo 2 - os pRÉ-socRÁticos e a RelaÇÃo eNtRe pHYsis, logos e aRcHÉ
científicos.
d) A ética, enquanto investigação racional do agir 
humano.
b) A estética, enquanto estudo sobre o belo na arte.
e) A filosofia política, enquanto análise do Estado e sua 
legislação.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Os filósofos pré-socráticos tentaram explicar a 
diversidade e a transitoriedade das coisas do universo, 
reduzindo tudo a um ou mais princípios elementares, 
os quais seriam a verdadeira natureza ou ser de todas as 
coisas. Assinale o que for incorreto.
a) Tales de Mileto, o primeiro filósofo segundo 
Aristóteles, teria afirmado “tudo é água”, indicando, assim, 
um princípio material elementar, fundamento de toda a 
realidade.
b) Heráclito de Éfeso interessou-se pelo dinamismo do 
universo. Afirmou que nada permanece o mesmo, tudo 
muda; que a mudança é a passagem de um contrário ao 
outro e que a luta e a harmonia dos contrários são o que 
gera e mantém todas as coisas.
c) Parmênides de Eléia afirmou que o ser não muda. 
Deduziu a imobilidade e a unidadedo ser do princípio de 
que “o ser é” e “o não-ser não é”, elaborando uma primeira 
formulação dos princípios lógicos da identidade e da não-
contradição.
d) As teorias dos filósofos pré-socráticos foram pouco 
significativas para o desenvolvimento da filosofia e da 
ciência, uma vez que os pré-socráticos sofreram influência 
do pensamento mítico, e de suas obras apenas restaram 
fragmentos e comentários de autores posteriores.
e) Para Demócrito de Abdera, todo o cosmo se constitui 
de átomos, isto é, partículas indivisíveis e invisíveis que, 
movendo-se e agregando-se no vácuo, formam todas as 
coisas; geração e corrupção consistiriam, respectivamente, 
na agregação e na desagregação dos átomos.
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
O período pré-socrático é o ponto inicial das reflexões 
filosóficas. Suas discussões se prendem a Cosmologia, 
sendo a determinação da physis (princípio eterno e 
imutável que se encontra na origem da natureza e de 
suas transformações) ponto crucial de toda formulação 
filosófica. Em tal contexto, Leucipo e Demócrito afirmam 
ser a realidade percebida pelos sentidos ilusória. Eles 
defendem que os sentidos apenas capturam uma 
realidade superficial, mutável e transitória que acreditamos 
ser verdadeira. Mesmo que os sentidos apreendam “as 
mutações das coisas, no fundo, os elementos primordiais 
que constituem essa realidade jamais se alteram.” Assim, a 
realidade é uma coisa e o real outra. 
Para Leucipo e Demócrito a physis é composta 
a) pelas quatro raízes: o úmido, o seco, o quente e o frio. 
b) pelos átomos, pois tudo é matéria.
c) pela água, pois tudo que tem vida precisa de água. 
d) pelo fogo, pois tudo está em constante movimento.
e) pelo ilimitado, pois o cosmos é infinito.
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
O que há em comum entre Tales, Anaximandro e 
Anaxímenes de Mileto, entre Xenófanes de Colofão e 
Pitágoras de Samos? “Todos esses pensadores propõem 
uma explicação racional do mundo, e isso é uma reviravolta 
decisiva na história do pensamento” (Pierre Hadot). 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre as 
relações entre mito e filosofia, assinale a alternativa 
incorreta.
a) Os filósofos pré-socráticos são conhecidos como 
filósofos da physis porque as explicações racionais do 
mundo por eles produzidas apresentam não apenas o 
início, o princípio, mas também o desenvolvimento e o 
resultado do processo pelo qual uma coisa se constitui. 
b) O nascimento das explicações racionais do 
mundo é também o surgimento de uma nova ordem 
do pensamento, que bate de frente com o mito e rejeita 
todos os ensinamentos que existiam até então; foi um 
momento decisivo da história da filosofia, pois a negação 
do mito mostrava a superioridade dos filósofos, que eram 
semideuses. 
c) As explicações racionais do mundo elaboradas pelos 
pré-socráticos seguem o mesmo esquema ternário que 
estruturava as cosmogonias míticas na medida em que 
também propõem uma teoria da origem do mundo, do 
homem e da cidade. 
d) Os filósofos pré-socráticos não foram os primeiros 
a tratarem da origem e do desenvolvimento do universo, 
antes deles já existiam cosmogonias, mas estas eram de 
tipo mítico, descreviam a história do mundo como uma luta 
entre entidades personificadas. 
e) Tales de Mileto, um dos Sete Sábios, além de 
matemático e físico é considerado filósofo – o fundador da 
filosofia, segundo Aristóteles – porque em sua proposição 
“A água é a origem e a matriz de todas as coisas” está 
contida a proposição “Tudo é um”, ou seja, a representação 
de unidade. 
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A filosofia grega parece começar com uma ideia 
absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de 
todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos e levá-la 
a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque 
essa proposição anuncia algo sobre a origem das coisas; 
em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; 
e enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em 
estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um.
 NIETZSCHE, F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova 
Cultural, 1999.
13
filosofia e sociologiacapítulo 2 - os pRÉ-socRÁticos e a RelaÇÃo eNtRe pHYsis, logos e aRcHÉ
O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o 
surgimento da filosofia entre os gregos?
a) O impulso para transformar, mediante justificativas, 
os elementos sensíveis em verdades racionais.
b) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos 
seres e das coisas.
c) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa 
primeira das coisas existentes.
d) A ambição de expor, de maneira metódica, as 
diferenças entre as coisas.
e) A tentativa de justificar, a partir de elementos 
empíricos, o que existe no real.
GABARItO
1. E 2. A 3. D 4. B 5. B
6. C
ANOtAÇÕES
14
CAPÍTULO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • OS SOFIStAS
OS SOFIStAS
Este capítulo apresentará uma nova discussão 
e preocupação dos filósofos, surgem novos 
questionamentos e novas maneiras de abordagens 
filosóficas, o discurso passa a ser o tema principal nesse 
momento.
A palavra Sofista.
Na Grécia do século V a.C, a palavra “sofista” era utilizada 
com o sentido de “homem sábio”. No final do século, o termo 
“sofista” ganhou uma conotação prática e política, aplicado a 
quem escrevia ou a quem tinha a capacidade de transmitir a 
arte de falar bem, a retórica. Sócrates deu um novo sentido 
à palavra, sentido este que carregamos até o momento, no 
qual o termo “sofista” é visto de forma pejorativa: é aquele 
que engana e ilude. Entenderemos o porquê mais adiante. 
A profissão de Sofista.
Neste contexto histórico – final do século V a.C e início do 
IV a.C - o mundo grego vivia suas grandes guerras contra os 
Persas, os atenienses estavam vivendo uma transformação 
política e cultural, a inserção da Democracia como forma 
de governo. Atenas passou a ser a cidade de encontro dos 
grandes homens desse momento, mercadores, artistas e 
sábios de todas as regiões se dirigiam à famosa pólis, dentre 
os sábios estavam os Sofistas. Aproveitando tal situação, 
os sofistas se viram rodeados de homens que queriam 
encontrar o segredo do domínio dos cidadãos, afinal, na 
democracia vence aquele que tem o melhor poder de 
persuasão.
Os sofistas recebiam pagamentos por seus 
ensinamentos, o que era alvo de críticas dos atenienses, 
além do fato de serem estrangeiros, em sua maioria. 
Sócrates foi um dos principais críticos desses profissionais. 
Sócrates, ao contrário dos sofistas, dispensava 
gratuitamente o seu saber a quem desejasse, por isso 
achava vergonhoso vender o saber em praça pública, como 
os sofistas estavam acostumados a fazer.
Platão deixa registrado que Sócrates comparava os 
sofistas aos mercadores, pois vendiam seus conhecimentos 
como se fossem produtos e elogiavam os produtos que 
vendiam mesmo sem saber se são bons ou não. 
Para Sócrates os sofistas eram obrigados a adaptar sua 
mercadoria ao gosto dos compradores, sendo, portanto, 
incoerentes e despreocupados com a verdade. 
 “... aqueles que levam a ciência de cidade em cidade, ven-
dendo-a a retalho, elogiam sempre ao interessado tudo quan-
to vendem, mas talvez, meu caro, desconheçam o que é que 
desses artigos que vendem é bom ou mau para a alma...” 
(Platão. Protágoras. Trad. introdução e notas Ana da Piedade Elias 
Pinheiro. Lisboa: Relógio d’Água, 1999. Pág. 82)
A herança deixada pelos sofistas.
Mesmo diante de todas as críticas, é preciso reconhecer 
e considerar que, ao receberem pelos ensinamentos 
ministrados, os sofistas forçaram o reconhecimento do 
carácter profissional do trabalho de professor. Foram os 
primeiros professores, e essa é a herança que deixaram 
para a instituição escolar.
Além disso, os sofistas forneceram elementos 
fundamentais para o desenvolvimento da democracia, por 
terem valorizado,sobretudo, o espírito crítico, a palavra e 
as técnicas de argumentação. Os sofistas acreditavam que 
seus ensinamentos formavam cidadãos. A finalidade cívica 
da educação passa, claramente, para o primeiro plano. 
O rompimento com os filósofos pré-socráticos.
Os Sofistas criticam os estudos e preocupações dos pré-
socráticos, e a partir deles temos uma mudança do objeto 
de estudo, que deixou de ser a natureza/cosmos, passando 
para um olhar sobre homem, especificamente, para a arte 
da persuasão do homem. 
Local de trabalho desses profissionais.
Os Locais de trabalho dos sofistas eram os ambientes 
públicos mais frequentados, além das casas particulares 
dos que os podiam acolher e pagar por seus serviços. Eles 
viajavam de cidade em cidade à procura de alunos, alguns 
eram cativados por eles e decidiam ir junto com seus 
mestres. 
“não foi só pelo seu ensino, mas também pela atração do 
seu novo tipo espiritual e psicológico que os sofistas foram 
considerados como as maiores celebridades do espírito grego 
de cada cidade, onde por longo tempo deram tom, sendo 
hóspedes prediletos dos ricos e dos poderosos”
(JAEGER, Werner. Paidéia - A Formação do Homem Grego, Martins 
Fontes, São Paulo, 3ª edição, 1995. pág.347).
O que eles ensinavam?
Os Sofistas estudavam e ensinavam sobre os grandes 
poetas, desde Homero a Hesíodo, adaptando tais 
ensinamentos à realidade em que viviam e ao contexto dos 
compradores de seus conhecimentos. Suas interpretações 
dos poetas são em geral muito pragmáticas.
Os sofistas gostavam de acumular conhecimentos 
que pudessem ser aplicados no cotidiano, estudavam e 
procuravam decifrar os poemas, pois estes diziam muito 
sobre aquela sociedade. Outro motivo para estudar os 
poemas se justificava no fato deles auxiliarem na elaboração 
do discurso, pois a partir dos textos os sofistas aprendiam a 
dominar as palavras e isso culminava na arte de falar bem. 
Os sofistas dirigiam a Filosofia para as questões mais 
práticas e cotidianas, para a vida do homem, no mundo 
15
filosofia e sociologiacapítulo 3 - os sofistas
social dos homens, e não para as discussões mais amplas 
como as questões da natureza. 
Suas técnicas eram baseadas no poder do uso das 
palavras, na forma como debater, no discurso elaborado. 
Eles eram experientes nas relações humanas, viajavam 
de cidade em cidade, conheciam culturas diferentes, 
concepções de mundo variadas, o que fez com que 
acreditassem que não existia verdade absoluta, pois cada 
povo tinha suas próprias verdades, passaram a relativizar o 
mundo, e ensinar dessa forma.
Os Sofistas ensinavam como pegar um argumento fraco 
e transformá-lo em algo incontestável, da mesma forma que 
se podia pegar um argumento forte e tirar toda a sua força. 
E como dizia Protágoras, o mais conhecido dos Sofistas: 
“A verdade é relativa. É somente uma questão de opinião.” 
(Protágoras). Podemos dizer, a partir desta afirmação, que a 
verdade é uma questão de persuasão. Górgias (sofista) dizia 
que “o bom orador convence qualquer um de qualquer coisa”.
Os sofistas eram pragmáticos, relativistas, subjetivistas 
e céticos (no sentido de não acreditarem em verdades 
únicas). 
A moral e a Justiça para os Sofistas.
A moral é encarada pelos Sofistas não como lei racional 
do agir humano, mas como um empecilho que incomoda 
o homem.
Para os Sofistas a submissão à lei não torna os homens 
felizes, exemplo disso é que grandes malvados tem 
conseguido conquistar a felicidade, além de grande êxito 
no mundo e, aliás, a experiência ensina que, para triunfar 
no mundo, não é necessário justiça, mas prudência e 
habilidade.
Segundo os sofistas, a realização da humanidade está 
no engrandecimento ilimitado da própria personalidade, 
no prazer e no domínio. Na Grécia Antiga, um dos mais 
importantes representantes dos sofistas foi Protágoras 
de Abdera, que afirmava, o homem é quem dá valor às 
coisas, só cabe ao homem decidir o que é certo ou errado, 
o que possui valor e o que não possui. Para ele não existe 
“a verdade”, é o homem quem estabelece o que é verdade. 
Protágoras diz: “O homem é a medida de todas as coisas, 
das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, 
enquanto não são.”
EXERCíCIOS
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
No século V a.C., Atenas vivia o auge de sua democracia. 
Nesse mesmo período, os teatros estavam lotados, afinal, 
as tragédias chamavam cada vez mais a atenção. Outro 
aspecto importante da civilização grega da época eram 
os discursos proferidos na ágora. Para obter a aprovação 
da maioria, esses pronunciamentos deveriam conter 
argumentos sólidos e persuasivos. Nesse caso, alguns 
cidadãos procuravam aperfeiçoar sua habilidade de 
discursar. Isso favoreceu o surgimento de um grupo de 
filósofos que dominavam a arte da oratória. Esses filósofos 
vinham de diferentes cidades e ensinavam sua arte em 
troca de pagamento. Eles foram duramente criticados por 
Sócrates e são conhecidos como:
a) maniqueistas. 
b) sofistas. 
c) epicuristas. 
d) hedonistas. 
e) Naturalistas. 
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Pode-se dizer que o conjunto das ideias sofistas (tal 
como apresentado por Platão) se opõe ao propósito teórico 
dos pré-socráticos no tocante:
a) os sofistas especulam sobre a origem de todas as 
coisas e os pré-socráticos admitem a possibilidade da 
verdade. 
b) os sofistas não defendem a possibilidade de verdades 
universais e os pré-socráticos buscam o princípio de todas 
as coisas. 
c) os sofistas investigam o nomos buscando saber por 
que tudo é como é, e os pré-socráticos se voltam para a 
physis ocupando-se com saber como o princípio perpassa 
o múltiplo. 
d) os sofistas entendem que a linguagem representa 
a realidade e os pré-socráticos buscam as regras da 
linguagem.
e) os sofistas defendem a possibilidade de verdades 
universais e assim como os pré-socráticos buscam o 
princípio de todas as coisas.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Os Sofistas foram acusados por Platão e por Aristóteles 
de serem comerciantes do saber, mas hoje se reconhece 
suas contribuições em diversas áreas do conhecimento, 
como, por exemplo, para a retórica. São considerados 
Sofistas: 
a) Parmênides, Górgias, Crátes e Cícero. 
b) Xenofonte, Pitágoras, Heródoto e Crátes. 
c) Antifonte, Górgias, Protágoras e Pródico.
d) Empédocles, Protágoras, Antifonte e Sócrates.
e) Antifonte, Górgias, Heráclito e Parmênides.
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A sociedade grega criou seus mitos e deuses, mas 
também elaborou um pensamento filosófico que 
expressava sua preocupação com a verdade e a ética. 
Além de Aristóteles, Platão e Sócrates, muitos pensadores 
merecem ser citados e discutidos, como os sofistas, que:
a) formularam princípios éticos, revolucionários para 
16
filosofia e sociologia capítulo 3 - os sofistas
a época e de grande significado para o pensamento de 
Platão.
b) defenderam a liberdade de expressão, embora 
estivessem ligados à aristocracia ateniense, contrária à 
ampliação da cidadania.
c) construíram reflexões sobre o comportamento 
humano que serviram de base para Aristóteles pensar a sua 
metafísica.
d) ajudaram a consolidar o pensamento conservador 
grego, reafirmando a importância da mitologia.
e) criticaram a existência de verdades absolutas, 
afirmando ser o homem a medida de todas as coisas.
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“O legado da Grécia à filosofia ocidental é a filosofia 
ocidental.” (Bernard Williams. In: Finley M. I. O legado da 
Grécia, 1998.) A afirmação baseia-se no fato de que:
a) os gregos foram os criadores de quase todos os 
campos importantes do conhecimento filosófico, como a 
metafísica, a lógica, a ética e a filosofia política; 
b) os filósofos gregos foram lidos pelos romanos, depois 
totalmente negados pela tradição romântica medieval e,posteriormente, recuperados por iluministas.
c) a filosofia moderna ocidental deixou o pensamento 
filosófico grego para trás, recuperando como princípio 
básico o legado mítico dos helenos;
d) os sofistas, como Sócrates e Platão, responsáveis pela 
produção de obras no campo da mitologia, consolidaram 
os princípios da filosofia ocidental moderna;
e) a metafísica de Platão tem estruturado, até hoje, as 
bases conceituais e filosóficas do pensamento científico e 
tecnológico contemporâneo ocidental.
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os seus 
amigos presumiam que a justiça era algo real e importante. 
Trasímaco negava isso. Em seu entender, as pessoas 
acreditavam no certo e no errado apenas por terem sido 
ensinadas a obedecer às regras da sua sociedade. No 
entanto, essas regras não passavam de invenções humanas. 
RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.
O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no 
diálogo A República, de Platão, sustentava que a correlação 
entre justiça e ética é resultado de:
a) determinações biológicas impregnadas na natureza 
humana.
b) verdades objetivas com fundamento anterior aos 
interesses sociais.
c) mandamentos divinos inquestionáveis legados das 
tradições antigas.
d) convenções sociais resultantes de interesses 
humanos contingentes.
e) sentimentos experimentados diante de determinadas 
atitudes humanas.
GABARItO
1. B 2. B 3. C 4. E 5. A
6. D
ANOtAÇÕES
17
CAPÍTULO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • O NASCIMENtO DA FILOSOFIA SOCRÁtICA
O NASCIMENtO DA FILOSOFIA SOCRÁtICA: O 
MÉtODO SOCRÁtICO – DIÁLOGO, IRONIA E MAIÊUtICA.
Este capítulo tratará de um momento que foi o divisor 
de águas para a filosofia. Existe uma filosofia antes e 
uma filosofia pós-Sócrates, buscaremos compreender a 
importância desse pensador para o mundo Ocidental. A 
discussão principal não será mais sobre a natureza, mas 
sim sobre o Homem.
O rompimento com a primeira fase.
A partir dos sofistas, e essencialmente com Sócrates 
e Platão, a Filosofia encara o segundo período da história 
do pensamento grego, o chamado período antropológico. 
O interesse destes filósofos não gira mais ao redor da 
discussão sobre a natureza, mas em torno do homem.
Com Sócrates, a Filosofia é reinaugurada. Seu 
pensamento marca uma reviravolta na história humana, 
pois o ser humano voltou-se para si mesmo, e os seus 
questionamentos e discussões, a partir de então, são 
completamente diferentes das pré-socráticas. 
A Vida de Sócrates 
Por volta de 469 a.C. nascia em Atenas o mais respeitado 
de todos os filósofos Ocidentais: Sócrates. Filho de Sofrôni-
co, escultor, e de Fenáreta, parteira. A profissão de sua mãe 
será referência e a grande metáfora da filosofia socrática.
Durante o apogeu de Atenas, onde se instalou a primei-
ra democracia da história, ele conviveu com intelectuais, 
artistas, aristocratas e políticos. 
Por volta de seus 38 anos, convenceu-se de sua missão 
de mestre, pois foi considerado “o mais sábio dos homens”. 
Deduzindo que sua sabedoria só podia ser resultado da 
percepção da própria ignorância, passou a dialogar com as 
pessoas que se dispusessem a procurar a verdade e o bem. 
Por expor claramente seu modo de ver o mundo, acabou 
desagradando muitos atenienses. Criticou muitos aspectos 
da cultura grega, afirmando que muitas tradições, crenças 
religiosas e costumes não ajudavam no desenvolvimento 
intelectual dos cidadãos. 
Abaixo o trecho extraído do livro “Apologia de Sócra-
tes”, de Platão: 
“(…) descobrem uma multidão de pessoas que supõem 
saber alguma coisa, mas que na verdade pouco ou nada sa-
bem. (…) e afirmam que existe um tal Sócrates (…) que cor-
rompe a juventude. Quando se lhes pergunta por quais atos 
ou ensinamentos, não têm o que responder; não sabem, mas 
para não mostrar seu embaraço apresentam aquelas acusa-
ções que repetem contra todos os que filosofam: ‘as coisas do 
céu e o que há sob a terra; o não crer nos deuses; fazer preva-
lecer o discurso e a razão mais fraca’. Isso porque não querem 
dizer a verdade: terem dado prova de que fingem saber, mas 
nada sabem.” 
Condenado à morte por injúria contra os deuses e por 
corromper os jovens, ele se recusou a fugir ou a renegar 
suas convicções para salvar a vida. Ingeriu cicuta e morreu 
rodeado por amigos, em 399 a.C. 
Trecho da obra FÉDON (A imortalidade da alma)- obra 
de PLATÃO:
“- Estiveste tu mesmo, Fedão, junto de Sócrates no dia em 
que ele tomou veneno na prisão, ou ouviste de alguém?
Fedão - Não, eu mesmo, Equécrates.
Equécrates - Então, que disse o homem antes de morrer? 
E como foi a sua morte? Gostaria de saber tudo o que se 
passou. Recentemente, nenhum cidadão de Fliunte tem ido 
a Atenas, e há muito não nos vêm de lá forasteiros capazes 
de dar-nos informações seguras, salvo dizerem que morreu 
depois de tomar o veneno. Quanto ao mais, nada informam 
de particular.
Fedão - E também não ouviste contar como foi o 
julgamento?
Equécrates - Ouvimos, sim; alguém nos falou nisso. 
Surpreendeu- nos, justamente, ter sido bem antes o 
julgamento e ele só vir a morrer muito depois.
Que aconteceu, Fedão?”.
 (PLATÃO. FÉDON – A IMORTALIDADE DA 
ALMA. Livro de Domínio Público pg. 2 - PDF).
A morte de Sócrates deu vida á filosofia!
A crítica aos sofistas.
Os pensadores sofistas, os educadores profissionais da 
época, também se voltavam para o homem, mas com um 
objetivo mais prático e imediato: formar as elites dirigentes. 
Isso significava transmitir aos jovens não o valor e o método 
da investigação, mas um saber enciclopédico, além de 
desenvolver sua eloquência, que era a principal habilidade 
esperada de um político. 
Na Democracia o poder depende da capacidade de 
conquistar o povo pela persuasão, e os sofistas sabiam 
fazer isso muito bem, mais do que isso, vendiam esse saber. 
Sócrates não se conformava com tal prática, pois acreditava 
ser uma falta de respeito com a verdade. Os sofistas eram 
os mestres de eloquência e queriam conquistar fama e 
riqueza no mundo. Já Sócrates desejava libertar o ser 
humano, e não desenvolver técnicas para controlá-lo, que 
era a especialidade dos sofistas.
Observe o esquema abaixo:
QUAL A ORIGEM 
DO UNIVERSO?
COMO CONtROLAR 
OS HOMENS?
COMO LIBERtAR 
OS HOMENS?
 
pRÉ-SOCRÁtICOS SOFIStAS SÓCRAtES
18
filosofia e sociologia capítulo 4 - o NasciMeNto Da filosofia socRÁtica
A Filosofia Socrática e o seu legado
A preocupação de Sócrates era levar as pessoas, por 
meio do autoconhecimento, à sabedoria e à prática do 
bem, que para ele era o fim último do conhecimento.
“Enquanto tiver ânimo e puder fazê-lo, jamais deixarei de 
filosofar, de vos advertir, de ensinar em toda ocasião àquele 
de vós que eu encontrar, dizendo-lhe o que costumo: ‘Meu 
caro, tu, um ateniense, da cidade mais importante e mais 
reputada por sua sabedoria, não te envergonhas de cuidares 
de adquirir o máximo de riquezas, fama e honrarias, e de 
não te importares nem pensares na razão, na verdade e em 
melhorar tua alma”? (PLATÃO. Apologia de Sócrates, pg. 29).
Para Sócrates o verdadeiro conhecimento é aquele que 
vem de dentro. Daí o famoso: “Conhece-te a ti mesmo”.
Ele acreditava que a racionalidade, a verdade e a 
melhora da alma são valores que devem ser defendidos 
pelo filósofo. Vivia caminhando pela cidade grega como 
ninguém havia feito antes, com simplicidade, passava 
horas conversando com aqueles que queriam encontrar a 
verdade. Sócrates convencia as pessoas de que ninguém é 
mau, e que todo homem pode aprender a ser bom e feliz, 
bastando apenas conhecer a si mesmo. Ele sempre estava 
disposto a auxiliar todos que desejassem alcançar esse fim 
último.
Para Sócrates o homem é um composto de dois princí-
pios, corpo e alma. A partir de seu pensamento nasceram 
duas linhas de estudo da filosofia consideradas as grandes 
tendências do pensamento ocidental. 
a)	 Idealista, que partiu de Platão (427-347 a.C.), segui-dor de Sócrates. Ao distinguir o mundo concreto do mundo 
das ideias, deu ao mundo as ideias o status de realidade; 
b)	 Realista, partindo de Aristóteles (384-322 a.C.), dis-
cípulo de Platão que submeteu as ideias, às quais se chega 
pelo espírito, ao mundo real.
As duas etapas da atividade filosófica de Sócrates
O método socrático se divide em duas partes: a primeira 
destrutiva, pois elimina falsos saberes, conhecida como 
ironia; e a segunda construtiva, conhecida como Maiêutica, 
trata-se de um convite para a “busca” do conhecimento 
através do parto das ideias.
Ironia: “Só sei que nada sei”, a frase foi uma resposta aos 
que afirmavam que ele era o mais sábio dos homens. Após 
interrogar artesãos, políticos e poetas, Sócrates chegou 
à conclusão de que ele se diferenciava dos demais por 
reconhecer a sua própria ignorância. Através do diálogo, 
Sócrates levava o interlocutor a desembocar na sua própria 
ignorância, ou seja, a pessoa que conversava com Sócrates 
percebia-se como quem, na verdade, não sabia muito ou 
sabia muito pouco a respeito do objeto da discussão. É a 
fase do reconhecimento da ignorância, pois aquele que se 
reconhece como ignorante torna-se mais sábio por querer 
adquirir conhecimentos.
Maiêutica (do grego maieutiké - “arte do parto”): 
é a segunda etapa do método socrático, neste momento 
Sócrates auxilia no parto das ideias. Tendo como referência 
a profissão de sua mãe, que era parteira, Sócrates, através 
do diálogo, busca descobrir a verdade dos objetos de 
conhecimento em questão junto com seu interlocutor. Para 
ele não existe conhecimento sem diálogo, e é a maiêutica, 
ou engenhosa obstetrícia do espírito, que facilitava a 
parturição das ideias, do encontro com a verdade.
A Moral Socrática: seu maior legado. 
A Moral é considerada a parte mais importante da 
Filosofia socrática. Para Sócrates, devemos pensar bem 
para viver bem. O meio único de alcançar a felicidade, fim 
supremo do homem, é a prática da virtude e da moral. 
Para Sócrates o homem deve ser bom, pois é racional, 
e quanto maior a racionalidade do homem, maior a sua 
responsabilidade com o BEM.
O saber nos direciona para a virtude, pois a sabedoria 
se identifica com a virtude, e se o homem erra, não é 
por deliberação, mas por pura ignorância; se ele passa a 
conhecer a verdade, sua sabedoria faz dele um homem 
bom e, nesse caso, é impossível que o homem escolha o 
mal. A verdade, o bem, a justiça, a beleza são virtudes 
adquiridas pelo homem por meio do ensinamento, do 
reconhecimento de que se tem muito a aprender. Essas 
virtudes estão na alma humana e, portanto, mais do que 
o ser humano, é sua alma que deve ser educada. Ele queria 
saber como viver uma vida correta. A partir da ideia de que 
o conhecimento leva à felicidade, ele chega à conclusão de 
que o homem justo é o que sabe o que é a justiça.
“Se músico é o que sabe música, pedreiro o que sabe 
edificar, justo será o que sabe a justiça”.
Sócrates dedicou sua vida à problemática em torno 
do homem, buscando respostas para origem da essência 
humana. Após anos de estudos, Sócrates conclui que o 
homem é o seu consciente e isso é o que o distingue dos 
outros animais.  O homem é o seu intelecto, seus concei-
tos éticos, sua personalidade racional e moral, o homem é 
19
filosofia e sociologiacapítulo 4 - o NasciMeNto Da filosofia socRÁtica
aquilo que pensa. 
EXERCíCIO
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“Mas quem fosse inteligente (…) lembrar-se-ia de que 
as perturbações visuais são duplas, e por dupla causa, 
da passagem da luz à sombra, e da sombra à luz. Se 
compreendesse que o mesmo se passa com a alma, quando 
visse alguma perturbada e incapaz de ver, não riria sem 
razão, mas reparava se ela não estaria antes ofuscada por 
falta de hábito, por vir de uma vida mais luminosa, ou se, 
por vir de uma maior ignorância a uma luz mais brilhante, 
não estaria deslumbrada por reflexos demasiadamente 
refulgentes [brilhantes]; à primeira, deveria felicitar pelas 
suas condições e pelo seu gênero de vida; da segunda, ter 
compaixão e, se quisesse troçar dela, seria menos risível esta 
zombaria do que aquela que descia do mundo luminoso.” 
A República, 518 a-b, trad. Maria Helena da Rocha Pereira, Lisboa: 
Fundação Calouste Gulbenkian, 1987)
Sobre este trecho do livro VII de A República de Platão, 
é correto afirmar. 
a) A condição de quem vive nas sombras é digna de 
aceitação, pois nunca conseguiram sair.
b) O filósofo, sendo aquele que passa da luz à sombra, 
não tem problemas em retornar às sombras.
c) No trecho, é afirmado que o conhecimento não 
necessita de educação, pois quem se encontraria nas 
sombras facilmente se acostumaria à luz.
d) O filósofo é aquele que aceita sua condição de 
limitação ao mundo sensível, por isso respeita as sombras.
e) O trecho estabelece uma relação entre o mundo 
visível e o inteligível, fundada em uma comparação entre 
o olho e a alma.
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“O pior é que as pessoas esperavam que Sócrates 
respondesse por elas ou para elas, que soubesse as 
respostas às perguntas, como os sofistas pareciam saber, 
mas Sócrates, para desconcerto geral, dizia: “eu também 
não sei, por isso estou perguntando”.
(Marilena Chauí, Convite à filosofia, São Paulo. Ática, 2005. p. 41)
A partir do texto acima, escolha a alternativa que 
melhor exprime o método de filosofia socrática.
a) Assim como os sofistas, Sócrates se apresenta como o 
detentor do conhecimento. 
b) O objetivo da investigação filosófica é o exame da 
natureza e da cosmologia, pelo qual são delimitados os 
critérios racionais. A investigação socrática não se ocupa 
das questões éticas e políticas.
c) O aperfeiçoamento da alma só ocorre pelo abandono 
das preocupações éticas e pela posse de bens materiais é 
um valor inquestionável.
d) O método socrático está voltado para a compreensão 
dos fenômenos da natureza.
e) O método socrático se divide em duas partes, a 
primeira a chamada ironia, e a segunda trata-se do parto 
das ideias.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Sócrates representa um marco importante da história da 
filosofia; enquanto a filosofia pré-socrática se preocupava 
com o conhecimento da natureza (physis), Sócrates procura 
o conhecimento indagando o homem. 
A partir da análise a respeito da filosofia socrática, pode-
se afirmar que:
a) Sócrates, para não ser condenado à morte, negou, 
diante dos seus juízes, os princípios éticos da sua filosofia.
b) Discípulo de Platão, Sócrates utilizou, como 
protagonista da maior parte de seus diálogos, o seu mestre.
c) O método socrático compõe-se de duas partes: a 
maiêutica e a ironia.
d) Tal como os sofistas, Sócrates costumava cobrar 
dinheiro pelos seus ensinamentos.
e) Sócrates, ao afirmar que só sabia que nada sabia, 
queria ser igual aos sofistas que eram humildes e ensinavam 
sem cobrar por isso.
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A filosofia de Sócrates se estrutura em torno da sua 
crítica aos sofistas, que, segundo ele, não amavam a 
sabedoria nem respeitavam a verdade. O ataque à sofística 
aconteceu devido ao fato de Sócrates acreditar que:
a) o conhecimento verdadeiro só pode ser resultado de 
um diálogo contínuo do homem com os outros e consigo 
mesmo. 
b) o diálogo confronta opiniões e isso não leva 
ao conhecimento, sendo assim impossível alcançar a 
sabedoria. 
c) a verdade das coisas não é obtida na vida cotidiana 
dos homens, pois elas estão na natureza, sendo verdades 
prontas acabadas. 
d) o autoconhecimento não leva ao verdadeiro 
conhecimento, pois é a condição primária de todos os 
outros conhecimentos verdadeiros. 
e) a ciência (epistéme) é acessível a todos os homens, 
pois está limitada ao mundo das sensações.
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“Com efeito, senhores, temer a morte é omesmo que 
se supor sábio quem não o é, porque é supor que sabe 
o que não sabe. Ninguém sabe o que é a morte, nem se, 
porventura, será para o homem o maior dos bens; todos 
a temem, como se soubessem ser ela o maior dos males. 
A ignorância mais condenável não é essa de supor saber o 
que não se sabe?”
(Platão, A Apologia de Sócrates, 29 a-b, In . HADOT, P. O que é a Filosofia 
Antiga? São Paulo: Ed. Loyola,1999, p. 61.
20
filosofia e sociologia capítulo 4 - o NasciMeNto Da filosofia socRÁtica
Com base no trecho acima e na filosofia de Sócrates, é 
correto afirmar que 
a) Sócrates prefere a morte a ter que renunciar a sua 
missão, qual seja: buscar, por meio da filosofia, a verdade, 
para além da mera aparência do saber. 
b) Sócrates leva o seu interlocutor a conhecer a natureza, 
fazendo-o tomar consciência das contradições do cosmos.
c) Para Sócrates, pior do que a morte é admitir aos outros 
que nada se sabe. Deve-se evitar a ignorância a todo custo, 
ainda que defendendo uma opinião não devidamente 
examinada.
d) Para Sócrates, os verdadeiros sábios eram os sofistas, 
pois reconheciam sua ignorância e ensinavam através da 
maiêutica.
e) Admitir o não-saber, quando não se sabe, não define 
o sábio, segundo a concepção socrática, pois sábio é aquele 
que prova ao mundo o quanto sabe.
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A sabedoria de Sócrates, filósofo ateniense que viveu 
no século V a.C., encontra o seu ponto de partida na 
afirmação “sei que nada sei”, registrada na obra Apologia de 
Sócrates. A frase foi uma resposta aos que afirmavam que 
ele era o mais sábio dos homens. Após interrogar artesãos, 
políticos e poetas, Sócrates chegou à conclusão de que ele 
se diferenciava dos demais por reconhecer a sua própria 
ignorância. 
O “sei que nada sei” é um ponto de partida para a 
Filosofia, pois 
a) aquele que se reconhece como ignorante torna-se 
mais sábio por querer adquirir conhecimentos. 
b) é um exercício de humildade diante da cultura dos 
sábios do passado, uma vez que a função da Filosofia era 
reproduzir os ensinamentos dos filósofos gregos. 
c) a dúvida é uma condição para o aprendizado e a 
Filosofia é o saber que estabelece verdades dogmáticas a 
partir de métodos rigorosos. 
d) é uma forma de declarar ignorância e permanecer 
distante dos problemas concretos, preocupando-se apenas 
com causas abstratas.
GABARItO
1. E 2. E 3. C 4. A 5. A
6. A
ANOtAÇÕES
21
pLAtÃO: REpÚBLICA, tEORIA DAS IDEIAS, 
ALEGORIA DA CAVERNA.
Nesse capítulo nos dedicaremos ao estudo de um 
dos maiores filósofos do mundo Ocidental. Platão dá 
continuidade ás ideias desenvolvidas por Sócrates e vai 
além de seu mestre. Buscaremos compreender qual a 
herança deixada por ele para o pensar filosófico.
A Vida de platão 
Filho da Aristocracia, Platão nasceu em Atenas, por volta 
de 428 a.C. Aos vinte anos iniciou sua relação com Sócrates 
com quem conviveu oito anos, até a morte do mestre. 
Platão morreu em 348 a.C., com oitenta anos de idade.
Em 387 a.C, Platão ficou conhecido por toda Grécia 
Antiga, e passou a ser respeitado ao fundar a sua célebre 
escola: Academia. 
As preocupações de platão
 Sócrates e Platão acreditavam que a filosofia tem 
um fim prático, moral; é a grande ciência que resolve o 
problema da vida. Mas, diferentemente de Sócrates que 
estava preocupado em conhecer essencialmente o homem 
e se aprofundar no mundo intrínseco: “Conheça-te a ti 
mesmo”; Platão interessou-se vivamente pela política. 
Além disso, dedicou-se inteiramente às questões 
que estavam além do mundo físico e material, ao ensino 
filosófico e ao árduo trabalho de deixar tudo o que pôde 
registrado em suas obras, principalmente os ensinamentos 
de Sócrates, tendo em vista que este não deixou nada 
escrito. A forma dos escritos platônicos é o diálogo, cujo 
principal personagem é Sócrates. As primeiras obras 
divulgam as ideias socráticas; nas restantes Sócrates 
é a “boca” pela qual Platão “fala”. No livro “A República” 
encontramos sua filosofia política, cuja base é uma crítica 
social e uma proposta de reforma da sociedade que critica. 
A Crítica à Sociedade e uma proposta
Platão não estava satisfeito com a sociedade na qual 
vivia, pois acreditava que era injusta. Da maneira como 
estava organizada acabava criando pessoas egoístas e 
individualistas, que não estavam preocupadas com os 
problemas sociais, mas apenas com os seus problemas 
particulares. 
Platão idealizava uma sociedade na qual o bem comum 
fosse mais importante que os interesses individuais, para 
isso seria necessário que cada um cumprisse o seu papel.
Para o filósofo clássico, é necessário que existam 
três classes sociais bem definidas, cada qual com sua 
especificidade: os trabalhadores, que formam a classe 
produtiva; os guardiões ou guerreiros, que são os protetores 
CAPÍTULO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • pLAtÃO
da cidade; e os magistrados, que são os que a governam. 
O ideal é que cada pessoa desenvolva seu trabalho por 
aptidão, de forma que o seu verdadeiro e natural potencial 
seja utilizado da melhor maneira possível pela sociedade.
Platão propõe um modelo de organização política 
da sociedade que pode ser considerado estamental e 
antidemocrático. Para ele, o governo não deveria se pautar 
pelo princípio da maioria. Também criticava o fato de que 
no sistema democrático a maioria é convencida por aqueles 
que têm a melhor retórica, e naquele contexto os sofistas 
assumiam esse papel. 
Para Platão as pessoas são diferentes umas das outras, 
pois suas almas têm natureza diversa, de acordo com 
sua composição. Isso faz com que os homens devam 
ser distribuídos de acordo com essa natureza, divididos 
em grupos encarregados do governo, do controle e do 
abastecimento da pólis.   
Alma Cidade
Almas ou 
partes da alma  Virtude
Classes 
sociais
Funções na 
Cidade Ideal 
Alma Racional
É a alma 
superior, 
destina-se ao 
conhecimento 
das ideias. 
Localiza-se na 
cabeça
Sabedoria Filósofos
Supremos 
Guardiões 
da Cidade. O 
governo deve 
ser entregue 
a sábios, pois 
estes são os 
únicos que 
ascenderam às 
ideias superiores 
de Uno-Bem e 
Beleza.
Alma Irascível  
Esta alma está 
associada 
à vontade. 
Localiza-se no 
peito
Força Guerreiros
Dedicam-
se à defesa, 
manutenção da 
ordem. 
Alma 
concupiscente
É a mais baixa 
de todas 
as almas. É 
constituída 
pelos desejos 
e necessidades 
básicas. Está 
localizada no 
ventre
Moderação Produtores
Dedicam-se 
às atividades 
económicas, 
produção 
de bens e ao 
comércio.
22
filosofia e sociologia caPÍTUlo 5 - PlaTão
teoria das Ideias
Platão procurou compreender a relação entre o conceito 
e a realidade:
Exercite comigo:
Pense num urso polar!
Como você pode ter a imagem de um urso polar sem os 
seus olhos estarem vendo este animal na sua frente?
Você não está vendo um urso polar, mas a imagem dele 
está na sua cabeça neste momento. Como isso é possível?
Você pensa no urso polar, pois você tem o conceito de 
urso polar, mas você não está vendo um urso polar na sua 
frente neste exato momento, ou seja, ele não está na sua 
realidade, apenas na sua imaginação.
Segundo Platão, o conhecimento humano se divide 
em dois graus: o primeiro é conhecimento sensível, que 
está sujeito a mudanças e é relativo, pois cada um tem a 
sua maneira de conhecer. Por exemplo: um cego conhece a 
realidade de maneira diferente de uma pessoa que enxerga. 
O segundo é o conhecimento intelectual, universal, 
imutável, absoluto, que ilumina o primeiro conhecimento, 
sendo assim superior e transcendente. O conhecimento 
intelectual diz respeito aos conceitos, que para Platão 
são a priori, inatos no espírito humano, já nascemos com 
o conhecimento e o conhecer para ele é, na verdade, um 
recordar, relembrar o que já conhecemos.
Para Platão, deve existir, portanto, além do mundo 
material, outro mundo de realidades, ele o chama de 
mundo das Ideias. As ideias são realidadesobjetivas, 
modelos e arquétipos eternos de que as coisas visíveis são 
cópias imperfeitas. Assim a ideia de urso polar é o urso 
polar abstrato perfeito e universal de que todos os outros 
ursos polares são imitações transitórias e defeituosas. 
Existe uma ideia perfeita de urso polar, de homens, de 
cavalos, de tartarugas, de elefantes e de tudo que existe no 
mundo material. O que podemos perceber nesse mundo 
são apenas imitações do mundo perfeito.
O Demiurgo e as almas
Entre as ideias e a matéria estão o Demiurgo e as almas. 
O Demiurgo organiza o caos da matéria no modelo das 
ideias eternas, introduzindo no caos a alma, princípio de 
movimento e de ordem. O Demiurgo é uma espécie de 
deus que atua sobre a matéria informe, dando forma ao 
mundo, tendo como referência para sua organização o 
mundo das ideias.
A Alegoria da Caverna
Uma das passagens mais importantes de Platão é a 
Alegoria da caverna, Livro VII da obra “A República”.
“SÓCRAtES – Figura-te agora o estado da natureza 
humana, em relação à ciência e à ignorância, sob a forma 
alegórica que passo a fazer. Imagina os homens encerrados 
em morada subterrânea e cavernosa que dá entrada livre à 
luz em toda extensão. Aí, desde a infância, têm os homens 
o pescoço e as pernas presos de modo que permanecem 
imóveis e só vêem os objetos que lhes estão diante. Presos 
pelas cadeias, não podem voltar o rosto. Atrás deles, a certa 
distância e altura, um fogo cuja luz os alumia; entre o fogo 
e os cativos imagina um caminho escarpado, ao longo do 
qual um pequeno muro parecido com os tabiques que os 
pelotiqueiros põem entre si e os espectadores para ocultar-
lhes as molas dos bonecos maravilhosos que lhes exibem. 
GLAUCO - Imagino tudo isso.
SÓCRAtES - Supõe ainda homens que passam ao 
longo deste muro, com figuras e objetos que se elevam 
acima dele, figuras de homens e animais de toda a espécie, 
talhados em pedra ou madeira. Entre os que carregam tais 
objetos, uns se entretêm em conversa, outros guardam em 
silêncio. 
GLAUCO - Similar quadro e não menos singulares 
cativos! 
SÓCRAtES - Pois são nossa imagem perfeita. Mas, dize-
me: assim colocados, poderão ver de si mesmos e de seus 
companheiros algo mais que as sombras projetadas, à 
claridade do fogo, na parede que lhes fica fronteira? 
GLAUCO - Não, uma vez que são forçados a ter imóveis 
a cabeça durante toda a vida. 
SÓCRAtES - E dos objetos que lhes ficam por detrás, 
poderão ver outra coisa que não as sombras? 
GLAUCO - Não. 
SÓCRAtES - Ora, supondo-se que pudessem conversar 
não te parece que, ao falar das sombras que veem, lhes 
dariam os nomes que elas representam? 
GLAUCO - Sem dúvida. 
SÓRAtES - E, se, no fundo da caverna, um eco lhes 
repetisse as palavras dos que passam, não julgariam certo 
que os sons fossem articulados pelas sombras dos objetos? 
GLAUCO - Claro que sim. 
SÓCRAtES - Em suma, não creriam que houvesse nada 
de real e verdadeiro fora das figuras que desfilaram. 
23
filosofia e sociologiacaPÍTUlo 5 - PlaTão
GLAUCO - Necessariamente. 
SÓCRAtES - Vejamos agora o que aconteceria, se 
livrassem a um tempo das cadeias e do erro em que 
laboravam. Imaginemos um destes cativos desatado, 
obrigado a levantar-se de repente, a volver a cabeça, a 
andar, a olhar firmemente para a luz. Não poderia fazer 
tudo isso sem grande pena; a luz, sobre ser-lhe dolorosa, 
o deslumbraria, impedindo-lhe de discernir os objetos cuja 
sombra antes via. Que te parece agora que ele responderia 
a quem lhe dissesse que até então só havia visto fantasmas, 
porém que agora, mais perto da realidade e voltado para 
objetos mais reais, via com mais perfeição? Supõe agora 
que, apontando-lhe alguém as figuras que lhe desfilavam 
ante os olhos, o obrigasse a dizer o que eram. Não te parece 
que, na sua grande confusão, se persuadiria de que o que 
antes via era mais real e verdadeiro que os objetos ora 
contemplados? 
GLAUCO - Sem dúvida nenhuma. 
SÓCRAtES - Obrigado a fitar o fogo, não desviaria os 
olhos doloridos para as sombras que poderia ver sem dor? 
Não as consideraria realmente mais visíveis que os objetos 
ora mostrados? 
GLAUCO - Certamente. 
SÓCRAtES - Se o tirassem depois dali, fazendo-o subir 
pelo caminho áspero e escarpado, para só o liberar quando 
estivesse lá fora, à plena luz do sol, não é de crer que daria 
gritos lamentosos e brados de cólera? Chegando à luz do 
dia, olhos deslumbrados pelo esplendor ambiente, ser-lhe 
ia possível discernir os objetos que o comum dos homens 
tem por serem reais? 
GLAUCO - A princípio nada veria. 
SÓCRAtES - Precisaria de algum tempo para se afazer à 
claridade da região superior. Primeiramente, só discerniria 
bem as sombras, depois, as imagens dos homens e outros 
seres refletidos nas águas; finalmente erguendo os olhos 
para a lua e as estrelas, contemplaria mais facilmente os 
astros da noite que o pleno resplendor do dia. 
GLAUCO - Não há dúvida. 
SÓCRAtES - Mas, ao cabo de tudo, estaria, decerto, em 
estado de ver o próprio sol, primeiro refletido na água e nos 
outros objetos, depois visto em si mesmo e no seu próprio 
lugar, tal qual é. 
GLAUCO - Fora de dúvida. 
SÓCRAtES - Refletindo depois sobre a natureza deste 
astro, compreenderia que é o que produz as estações e 
o ano, o que tudo governa no mundo visível e, de certo 
modo, a causa de tudo o que ele e seus companheiros viam 
na caverna. 
GLAUCO - É claro que gradualmente chegaria a todas 
essas conclusões. 
SÓCRAtES - Recordando-se então de sua primeira 
morada, de seus companheiros de escravidão e da ideia 
que lá se tinha da sabedoria, não se daria os parabéns pela 
mudança sofrida, lamentando ao mesmo tempo a sorte 
dos que lá ficaram? 
GLAUCO - Evidentemente. 
SÓCRAtES - Se na caverna houvesse elogios, honras 
e recompensas para quem melhor e mais prontamente 
distinguisse a sombra dos objetos, que se recordasse com 
mais precisão dos que precediam, seguiam ou marchavam 
juntos, sendo, por isso mesmo, o mais hábil em lhes 
predizer a aparição, cuidas que o homem de que falamos 
tivesse inveja dos que no cativeiro eram os mais poderosos 
e honrados? Não preferiria mil vezes, como o herói de 
Homero, levar a vida de um pobre lavrador e sofrer tudo 
no mundo a voltar às primeiras ilusões e viver a vida que 
antes vivia? 
GLAUCO - Não há dúvida de que suportaria toda a 
espécie de sofrimentos de preferência a viver da maneira 
antiga. 
SÓCRAtES - Atenção ainda para este ponto. Supõe que 
nosso homem volte ainda para a caverna e vá assentar-se 
em seu primitivo lugar. Nesta passagem súbita da pura luz 
à obscuridade, não lhe ficariam os olhos como submersos 
em trevas? 
GLAUCO - Certamente. 
SÓCRAtES - Se, enquanto tivesse a vista confusa -- 
porque bastante tempo se passaria antes que os olhos 
se afizessem de novo à obscuridade -- tivesse ele de dar 
opinião sobre as sombras e a este respeito entrasse em 
discussão com os companheiros ainda presos em cadeias, 
não é certo que os faria rir? Não lhe diriam que, por ter 
subido à região superior, cegara, que não valera a pena o 
esforço, e que assim, se alguém quisesse fazer com eles o 
mesmo e dar-lhes a liberdade, mereceria ser agarrado e 
morto? 
GLAUCO - Por certo que o fariam. 
SÓCRAtES - Pois agora, meu caro GLAUCO, é só aplicar 
com toda a exatidão esta imagem da caverna a tudo o que 
antes havíamos dito. O antro subterrâneo é o mundo visível. 
O fogo que o ilumina é a luz do sol. O cativo que sobe à 
região superior e a contempla é a alma que se eleva ao 
mundo inteligível. Ou, antes, já que o queres saber, é este, 
pelo menos, o meu modo de pensar, que só Deus sabe se é 
verdadeiro. Quanto à mim, a coisa é como passo a dizer-te. 
Nos extremos limites do mundo inteligível está a ideia do 
bem, a qual só com muito esforço se pode conhecer, mas 
que, conhecida, se impõe à razão como causa universal 
de tudo o que é belo e bom, criadora da luz e do sol no 
mundo visível, autora da inteligência e da verdade no 
mundo invisível, e sobre a qual, por isso mesmo, cumpre 
ter osolhos fixos para agir com sabedoria nos negócios 
particulares e públicos.” (Fonte: “A República” de Platão)
A Alegoria da Caverna e o Conhecimento
Para Platão o processo de aprendizado é semelhante ao 
de sair da caverna; a saída é dolorosa e difícil, pois a luz do 
lado de fora é muito forte e os homens já estão acomodados 
e acostumados a viver com as sombras dentro da caverna, 
que, para Platão, é o mundo sensível, ou seja, o mundo 
material em que vivemos, um mundo de cópias, no qual o 
homem é escravo dos sentidos. 
Libertar-se é conseguir chegar ao mundo das ideias, o 
racional, pois Platão considera a alma humana prisioneira 
24
filosofia e sociologia caPÍTUlo 5 - PlaTão
do corpo, vivendo como se fosse um peregrino em busca 
do caminho de casa. Para tanto, deveria transpor os limites 
do corpo e contemplar o inteligível.
O filósofo é o homem que consegue se libertar da 
caverna e conhecer o mundo real que, para Platão, é o 
mundo das ideias, o lado de fora da caverna. O filósofo, após 
conhecer a verdade, volta para libertar os outros homens e 
conduzi-los para fora. Só o filósofo consegue olhar o sol e 
compreender toda a sua plenitude; e, portanto, ele é quem 
deve conduzir a sociedade para o bem. O bem é a realidade 
suprema, aquela que está acima do mundo das ideias, é o 
fim último do conhecimento, representado aqui pelo Sol, 
a luz mais forte, o bem é o último conhecimento que o 
homem pode alcançar.
EXERCíCIO
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides 
era que o objeto de conhecimento é um objeto de razão 
e não de sensação, e era preciso estabelecer uma relação 
entre objeto racional e objeto sensível ou material que 
privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. Lenta, 
mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-se em 
sua mente.
 ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da 
filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado).
O texto faz referência à relação entre razão e sensação, 
um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427 
a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa 
diante dessa relação?
a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as 
duas.
b) Privilegiando os sentidos e subordinando o 
conhecimento a eles.
c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e 
sensação são inseparáveis.
d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, 
mas a sensação não.
e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a 
sensação é superior à razão.
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“Sócrates: Imaginemos que existam pessoas morando 
numa caverna. Pela entrada dessa caverna entra a luz vinda 
de uma fogueira situada sobre uma pequena elevação que 
existe na frente dela. Os seus habitantes estão lá dentro 
desde a infância, algemados por correntes nas pernas e 
no pescoço, de modo que não conseguem mover-se nem 
olhar para trás, e só podem ver o que ocorre à sua frente. (...) 
Naquela situação, você acha que os habitantes da caverna, 
a respeito de si mesmos e dos outros, consigam ver outra 
coisa além das sombras que o fogo projeta na parede ao 
fundo da caverna?”.
 (PLATÃO. A República [adaptação de 
Marcelo Perine]. São Paulo: Editora Scipione, 2002. p. 83). 
Em relação ao célebre mito da caverna e às doutrinas 
que ele representa, assinale o que for incorreto. 
a) O mito da caverna faz referência ao contraste ser 
e parecer, isto é, realidade e aparência, que marca o 
pensamento filosófico desde sua origem e que é assumido 
por Platão em sua famosa teoria das Ideias.
b) No mito da caverna, Platão pretende descrever os 
primórdios da existência humana, relatando como eram a 
vida e a organização social dos homens no princípio de seu 
processo evolutivo, quando habitavam em cavernas.
c) O mito da caverna simboliza o processo de 
emancipação espiritual que o exercício da filosofia é capaz 
de promover, libertando o indivíduo das sombras da 
ignorância e dos preconceitos.
d) É uma característica essencial da filosofia de Platão 
a distinção entre mundo inteligível e mundo sensível; o 
primeiro ocupado pelas Ideias perfeitas, o segundo pelos 
objetos físicos, que participam daquelas Ideias ou são suas 
cópias imperfeitas.
e) No mito da caverna, o prisioneiro que se liberta e 
contempla a realidade fora da caverna, devendo voltar 
à caverna para libertar seus companheiros, representa o 
filósofo que, na concepção platônica, conhecedor do Bem 
e da Verdade, é o mais apto a governar a cidade.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Em sua alegoria da caverna, Platão deseja representar 
o processo de emancipação espiritual que o exercício 
da filosofia é capaz de promover, libertando o indivíduo 
das sombras da ignorância. A partir dos estudos sobre a 
teoria do conhecimento elaborada por Platão, assinale a 
alternativa que corresponde à última forma (eidos) a ser 
contemplada no mundo inteligível? 
a) a Sombra que representa o bem. 
b) a Natureza que representa o conhecimento. 
c) a Lua que ilumina a escuridão do Ser. 
d) a Sombra que representava o conhecimento.
e) o Sol que representa o Bem.
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A Filosofia de Platão e Aristóteles possuem lugar 
de destaque na História da Filosofia Ocidental. Suas 
concepções, que se opõem, mas não se excluem, são 
amplamente estudadas e debatidas devido à influência 
que exerceram, e ainda exercem, sobre o pensamento 
ocidental. Todavia é necessário salientar que o produto 
dos seus pensamentos se insere em uma longa tradição 
filosófica que remonta a Parmênides e Heráclito e que 
influenciou, direta ou indiretamente, entre outros, os 
25
filosofia e sociologiacaPÍTUlo 5 - PlaTão
racionalistas e empiristas.
Ao analisar a filosofia de Platão, assinale nas opções 
abaixo aquela que se identifica corretamente com suas 
concepções. 
a) A dicotomia aristotélica (mundo sensível X mundo 
inteligível) se opõe radicalmente as concepções de caráter 
empírico defendidas por Platão.   
b) A filosofia platônica é marcada pelo materialismo e 
pragmatismo, afastando-se do misticismo e de conceitos 
transcendentais.   
c) Para Platão, a realidade material e o conhecimento 
sensível são ilusórios.   
d) Segundo Platão a verdade é obtida a partir da 
observação das coisas, por meio da valorização do 
conhecimento sensível.   
e) As concepções platônicas negam veementemente a 
validade do Inatismo.   
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“A cidade pareceu-nos justa, quando existiam 
dentro dela três espécies de naturezas, que executavam 
cada uma a tarefa que lhe era própria; e, por sua vez, 
temperante, corajosa e sábia, devido a outras disposições e 
qualidades dessas mesmas espécies.(...) Logo, meu amigo, 
entenderemos que o indivíduo, que tiver na sua alma estas 
mesmas espécies, merece bem, devido a essas mesmas 
qualidades, ser tratado pelos mesmos nomes que a cidade”. 
 (PLATÃO. A república. Trad. de Maria Helena da Rocha Pereira. 7 
ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1993. p. 190.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a justiça 
em Platão, é correto afirmar:
a) A justiça deve ser vista como uma virtude que tem sua 
origem na alma, sendo independente das circunstâncias 
externas. 
b) A justiça consiste em dar a cada indivíduo aquilo que 
lhe é de direito, conforme o princípio universal de igualdade 
entre todos os seres humanos, homens e mulheres.
c) A verdadeira justiça corresponde ao poder do mais forte, 
o qual, quando ocupa cargos políticos, faz as leis de acordo 
com os seus interesses e pune a quem lhe desobedece.
d) As pessoas justas agem movidas por interesses ou 
por benefícios pessoais, havendo a possibilidade de ficarem 
invisíveis aos olhos dos outros.
e) Ser justo equivale a pagar dívidas contraídas e restituir 
aos demais aquilo que se tomou emprestado,atitudes que 
garantem uma velhice feliz.
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
SANZIO, R. Detalhe do afresco A Escola de Atenas. Disponivel em: http://
fil.chf.ufsc.br. Acesso em: 20 mar. 2013.
No centro da imagem, o filósofo Platão é retratado 
apontando para o alto. Esse gesto significa que o 
conhecimento se encontra em uma instância na qual o 
homem descobre a
a) suspensão do juízo como reveladora da verdade.
b) realidade inteligível por meio do método dialético.
c) salvação da condição mortal pelo poder de Deus.
d) essência das coisas sensíveis no intelecto divino.
e) ordem intrínseca ao mundo por meio da sensibilidade.
GABARItO
1. D 2. B 3. E 4. C 5. A
6. B
ANOtAÇÕES
26
INtRODUÇÃO À SOCIOLOGIA/ SOMOS 
tODOS SERES SOCIAIS
Nesse primeiro capítulo de Sociologia, buscaremos 
compreender o objeto de estudo dessa ciência. O 
principal objetivo é fazer a relação entre o ser humano 
e a sociedade. Partiremos da seguinte premissa: o ser 
humano é um ser social.
Você seria capaz de viver sozinho?
Tente se imaginar totalmente sozinho, isolado de todos 
os seres humanos. Como você viveria?
Sozinho você seria capaz de construir sua casa, 
conseguir seu alimento, proteger- se, cuidar da sua saúde, 
adquirir conhecimento, produzir arte, produzir utensílios, 
entre outras coisas? 
Sozinho você ainda seria um ser humano, ou um animal 
como qualquer outro?
O ser humano é um ser social.
Desde o momento do seu surgimento o homo sapiens 
sapiens, ou seja, a nossa espécie, organiza- se por meio 
de grupos. Os primeiros seres humanos só conseguiram 
sobreviver nas difíceis condições ambientais que os 
cercavam porque contavam com a colaboração do seu 
grupo. Separados eram fracos, mas juntos, um contribuía 
para a existência do outro.
Se precisássemos responder a seguinte pergunta: Por 
que vivemos em sociedade? 
A resposta seria simples: por necessidade!
O ser humano depende de outros seres humanos para 
sobreviver, depende do grupo para sobreviver. 
Tradicionalmente chegou-se ao conceito de que o que 
difere o ser humano dos outros animais é a sua capacidade 
de pensar. Sendo um animal pensante e frágil, com relação 
aos outros animais que disputam o meio com ele, o homem 
percebe que não é possível viver isolado, e para que sua 
existência ultrapassasse um simples conflito cotidiano, 
fazia-se necessário se organizar em sociedade.
A dependência do indivíduo em relação ao grupo existe 
desde o momento em que surgiram os primeiros seres 
humanos, e continua até hoje. 
Você nunca está inteiramente só.
Até mesmo quando pensamos que estamos sozinhos 
não deixamos de pertencer à sociedade, e de depender dos 
nossos semelhantes.
Você nunca está inteiramente só. O simples ato de 
ler um livro, no seu quarto com a porta fechada, envolve 
CAPÍTULO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • INtRODUÇÃO À SOCIOLOGIA
outras pessoas: o escritor; a editora, composta por vários 
funcionários que juntos fabricaram o livro; os operários 
que cortaram as árvores para dar origem ao papel; os 
entregadores que levaram esse livro para uma livraria ou 
diretamente para sua casa; além dos trabalhadores que 
construíram a sua casa, o lugar para onde o livro foi; tem 
também o carpinteiro que construiu a mesinha onde você 
coloca o livro para ler; dentre outros envolvidos que não 
cabe aqui listar, pois a lista não teria fim.
O que acontece quando vivemos isolados de outros 
seres humanos?
Conheça agora a história de Amala e Kamala, as meninas 
lobos.
“Na Índia, onde os casos de meninos-lobo foram relati-
vamente numerosos, descobriram em 1920 duas crianças, 
Amala e Kamala, vivendo no meio de uma de lobos. A pri-
meira tinha um ano e meio e veio a morrer um ano mais 
tarde. Kamala, de oito anos de idade, viveu até 1929. Não 
tinham nada de humano e seu comportamento era exata-
mente semelhante àquele de seus irmãos lobos.
Elas caminhavam de quatro, apoiando-se sobre os joe-
lhos e cotovelos para os pequenos trajetos e sobre as mãos 
e os pés para os trajetos longos e rápidos.
Eram incapazes de permanecer em pé. Só se alimenta-
vam de carne crua ou podre. Comiam e bebiam como os 
animais, lançando a cabeça para a frente e lambendo os 
líquidos. Na instituição onde foram recolhidas, passavam o 
dia acabrunhadas e prostradas numa sombra. Eram ativa e 
ruidosas durante a noite, procurando fugir e uivando como 
lobos. Nunca choravam ou riam. Kamala viveu oito anos na 
instituição que a acolheu, humanizando-se lentamente. 
Necessitou de seis anos para aprender a andar e, pouco an-
tes de morrer, tinha um vocabulário de apenas cinquenta 
palavras. Atitudes afetivas foram aparecendo aos poucos. 
Chorou pela primeira vez por ocasião da morte de Amala e 
se apegou lentamente às pessoas que cuidaram dela, bem 
como às outra com as quais conviveu. Sua inteligência per-
mitiu-lhe comunicar-se por gestos, inicialmente, e depois 
por palavras de um vocabulário rudimentar, aprendendo a 
executar ordens simples”. 
(LEYMOND, B. Le development social de l’enfant et 
del’adolescent. Bruxelles: Dessart, 1965. p 12-14.)
O texto acima descreve um estudo sociológico que 
nos leva a compreender que as características humanas 
dependem de uma vida social, do nosso convívio com 
outros seres humanos. 
As meninas-loba da Índia, por terem ficado isoladas, ou 
seja, sem contato com outras pessoas, não conseguiram se 
humanizar, não aprenderam a falar, não sorriam, andavam 
apoiadas nas mãos, uivavam como lobos, e sua visão era 
melhor à noite do que durante o dia, não sabiam usar 
utensílios, não agiam como o que denominamos seres 
27
filosofia e sociologiacaPÍTUlo 6 - iNTRoDUÇÃo À sociologia
humanos. 
Concluímos este capítulo afirmando que somos todos 
seres sociais, e é no convívio com outros seres humanos 
que nos tornamos verdadeiramente humanos. 
EXERCíCIOS
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Quando falamos em identidade, logo pensamos em 
quem somos. A construção de identidades como: “ser 
brasileiro”, “ser português”, “ser cigano”, “ser flamenguista”, 
“ser homem”, “ser mulher” é um processo sociocultural 
pelo qual se marca as fronteiras de pertencimento social e/
ou cultural. Tendo por base o anúncio transcrito acima, é 
correto afirmar que:
a) as identidades são estáticas, é algo natural, ela nos 
acompanha por toda a vida. 
b) as identidades são construídas nas relações sociais, 
são situacionais, relacionais e constroem-se na relação 
entre o “nós” e os “outros”, cria um nós coletivo. 
c) identidades surgem através de um determinismo 
geográfico que molda o nosso modo de ser e agir. 
d) identidades são produtos de marketing e gera 
vínculo entre os indivíduos. 
e) para sociologia as identidades são heranças genéticas.
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“As relações entre os seres humanos que vivem 
em sociedade são chamadas de relações sociais. Elas 
constituem a base da sociedade. Vale dizer que sem elas a 
sociedade não existiria. Essas relações supõem a existência 
de pessoas que interagem reciprocamente.” A partir do 
texto podemos afirmar que as relações sociais:
a) se transformam ao longo do tempo
b) são fixas e imutáveis
c) não interferem na sociedade
d) estimulam, mas não e interferem na sociedade.
e) são dinâmicas e imutáveis 
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Texto I
“Todos os dias, desde o momento em que desperta pela 
manhã até o instante em que, à noite, volta a adormecer, 
você convive com outras pessoas. Seja em casa, com a 
família, seja na escola, no trabalho, numa roda de amigos, 
no ‘bate-papo’ (...), nos momentos de lazer, no cinema, no 
campo de futebol, na igreja, você está sempre rodeado de 
outros seres humanos. Mesmo estando sozinho, o simples 
ato de escovar os dentes envolve muitas outras pessoas: os 
químicos que elaboraram o creme dental, os operários que 
fabricaram a escovas de dente, os que fizerama embalagem 
e assim por diante. Você nunca está inteiramente só.” 
(Oliveira, Pérsio Santo. Introdução à Sociologia. Ed.Ática. 2008 pag.07)
A partir do texto acima podemos depreender que:
a) O homem é um ser social que independe de outros 
seres humanos para viver, pois sua inteligência o faz 
autossuficiente.
b) O homem é um ser social, mas não precisa participar 
de um grupo social e conviver com pessoas para viver em 
sociedade.
c) O homem é um ser social, porém não depende de 
pessoas para o ato de escovar os dentes. 
d) O homem é um ser social, por isso depende de outros 
seres humanos para viver.
e) O homem participa de grupos sociais e convive 
com muitas pessoas, não por necessidade, mas por 
entretenimento.
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“Na Índia onde os casos de meninos-lobo foram 
relativamente numerosos, descobriram-se em 1920, 
duas crianças, Amala e Kamala, vivendo no meio de uma 
família de lobos, não tinham nada de humano e seu 
comportamento era exatamente semelhante àquele de 
seus irmãos lobos.”
A partir de uma compreensão sociológica podemos 
afirmar que sem o denso tecido das relações sociais 
simplesmente não há humanidade.
Sobre o fato acima mencionado, podemos concluir que:
a) O ser humano é um ser social, mas é capaz de viver 
sozinho e adquirir hábitos semelhantes a todos os outros, 
mesmo isolado.
b) As características humanas independem da 
convivência em sociedade.
c) A convivência em sociedade não interfere na 
construção da personalidade e os hábitos dos seres 
humanos.
d) O ser humano é um ser social que precisa viver em 
sociedade para se tornar humano.
e) O ser humano não é um ser social, pois é capaz de 
viver sozinho e adquirir hábitos semelhantes a todos os 
outros, mesmo isolado.
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A comunicabilidade é uma das características dos 
28
filosofia e sociologia caPÍTUlo 6 - iNTRoDUÇÃo À sociologia
grupos sociais “(...), ou seja, é a capacidade de o indivíduo 
se comunicar com seus semelhantes de forma a transmitir 
ideias, sentimentos, vontades, interesses, emoções. Essa 
capacidade evoluiu ao longo do tempo, passando de 
gestos de sinais à articulação de sons, ao desenvolvimento 
da linguagem, às primeiras manifestações artísticas, e 
à escrita (...). Hoje, utilizamos também novas formas de 
comunicação (internet, por exemplo), mas algumas das 
que foram criadas por nossos ancestrais mais remotos, 
como a linguagem, ainda continuam em vigor”.
a) a capacidade de se comunicar não evoluiu ao longo 
do tempo.
b) a comunicação não é importante para a manutenção 
dos grupos sociais.
c) a comunicação é essencial para a interação do 
indivíduo, é a “liga” entre indivíduo e sociedade.
d) toda comunidade é uma comunicação de massa.
e) a linguagem de sinais não é um meio de comunicação.
GABARItO
1.B 2.A 3.D 4.D 5.C
ANOtAÇÕES
29
CAPÍTULO 7 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • VIVER EM SOCIEDADE
Nesse capítulo buscaremos entender o funcionamento 
da sociedade, e compreender o que nos motiva a viver e 
conviver com os outros.
Como pessoas tão diferentes são capazes de viverem 
juntas e em harmonia na sociedade?
Para que se seja possível viver em sociedade é necessário 
que exista um consenso de qual é a melhor maneira de se 
viver. Para que a sociedade funcione, os seres humanos 
criam símbolos, líderes, regras, leis, segurança, papéis 
sociais, etc. Os homens aprender a viver em sociedade 
através da socialização, que é o processo de interiorização 
do mundo coletivo na mente do indivíduo. 
A Socialização ocorre através do contato social que é a 
origem vida em sociedade. O primeiro passo para que ocorra 
a socialização é o contato entre os seres humanos, que passa 
a estabelecer relações sociais, criando laço de identificação 
social, formas de organização e comportamento que são a 
base da constituição dos grupos sociais e da sociedade. Tais 
contatos podem ser primários ou secundários. 
•	 Os contatos sociais primários são pessoais, diretos, 
e que tem uma forte base emocional. Esses contatos são 
aqueles mantidos entre familiares e amigos. 
•	 Os contatos sociais secundários são impessoais, 
calculados e formais, por exemplo, o contato estabelecido 
entre vendedores e clientes.
A Sociologia é a ciência que se propõe a analisar como 
os seres humanos vivem em sociedade. O homem é um ser 
racional, mas é frágil, não consegue viver sozinho, por isso 
organiza-se em sociedades. Precisa interagir para alcançar o 
processo de socialização que o leva, através de experiências 
com outros seres, à criação de uma consciência acerca da 
realidade, que torna possível formar uma memória coletiva 
e a sua cultura.
O Homem compartilha uma herança genética que 
o define como ser humano. É capaz de desenvolver 
a linguagem e interagir constantemente com o 
meio, adaptando-se sempre que necessário para sua 
sobrevivência. 
“Não podemos viver isolados porque as nossas vidas estão 
ligadas por mil laços invisíveis”. Herman Melville
A Comunicação
O Homem transmite às gerações seguintes seu 
conhecimento através da comunicação, como por exemplo: 
oralidade, pintura e escrita. Sem comunicação não existe 
sociedade. O mundo atual criou novos meios de transmitir 
sua cultura para seus contemporâneos e para as gerações 
seguintes, meios que ultrapassam a tradicional escrita.
No século XXI, os conhecimentos sobre a realidade 
que nos cerca e a maneira de se viver são transmitidos 
instantaneamente na maior parte do planeta, criando uma 
“aldeia global”. Imagens, vídeos, letras, palavras, números 
e símbolos são transmitidos por meio da internet a todas 
as sociedades ditas civilizadas. As redes sociais, como, 
por exemplo, o Facebook, criaram um novo conceito de 
comunicação. 
A Sociologia
A Sociologia é uma ciência elaborada no século XIX. Para 
que o estudo de algo seja considerado ciência, ele precisa 
ter um objeto de investigação, um método para estudar 
esse objeto e apresentar uma validade de resultado, ou 
seja, uma resposta para a sociedade. A sociologia está 
amparada em tais critérios.
Podemos entender a Sociologia como uma das 
manifestações do pensamento moderno. A Sociologia 
pode ser vista como uma resposta racional às novas 
situações sociais colocadas pela revolução capitalista. 
Os principais fatos histórico-sociais que propiciaram o 
surgimento da Sociologia foram a Revolução Industrial, o 
Iluminismo e a Revolução Francesa.
O modo como os homens convivem é muito 
diversificado, variando de uma sociedade para sociedade, 
devido ao fato de terem suas regras particulares de 
convivência humana. 
Vale ressaltar que tais maneiras de se viver em 
sociedade podem se modificar por meio dos processos de 
transformações sociais. A situação da mulher, por exemplo, 
mudou radicalmente ao longo das últimas décadas, tanto 
no Brasil quanto em outras partes do mundo. As mulheres 
passaram a ter o Direito ao divórcio, e a entrada no mercado 
de trabalho, entre outros.
Como tais transformações ocorreram e ocorrem? O que 
leva uma sociedade a romper com sua tradição para criar 
uma nova maneira de viver em sociedade?
A Sociologia surge como uma tentativa de compreensão 
da realidade social do ser humano, buscando encontrar 
respostas para questionamentos como os feitos acima.
EXERCíCIOS
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Um volume imenso de pesquisas tem sido produzido 
para tentar avaliar os efeitos dos programas de televisão. 
A maioria desses estudos diz respeito a crianças - o que é 
bastante compreensível pela quantidade de tempo que elas 
passam em frente ao aparelho e pelas possíveis implicações 
desse comportamento para a socialização. Dois dos tópicos 
mais pesquisados são o impacto da televisão no âmbito do 
crime e da violência e a natureza das notícias exibidas na 
televisão. 
GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. 
30filosofia e sociologia caPÍTUlo 7 - ViVeR eM socieDaDe
O texto indica que existe uma significava produção 
científica sobre os impactos socioculturais da televisão na 
vida do ser humano. E as crianças, em particular, são as mais 
vulneráveis a essas influências, porque 
a) codificam informações transmitidas nos programas 
infantis por meio da observação.   
b) adquirem conhecimentos variados que incentivam o 
processo de interação social.   
c) interiorizam padrões de comportamento e papéis 
sociais com menor visão crítica.   
d) observam formas de convivência social baseadas na 
tolerância e no respeito.   
e) apreendem modelos de sociedade pautados na 
observância das leis.   
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“Para que a sociedade funcione sem graves conflitos, 
o ser humano tem de ser socializado. Socialização é o 
processo pelo qual a sociedade ou comunidade ou grupo 
social ensina a seus membros seus costumes e regras. 
A principal socialização se dá na primeira infância, por 
meio da família e da escola. É o que podemos chamar 
de socialização primária. Ela ocorre por meio dos outros 
significativos, que são todas as pessoas muito importantes 
em nossa vida e dos quais dependemos, como nossos 
pais, irmãos mais velhos e amigos íntimos. A socialização 
secundária se dá num âmbito maior, por meio de todas 
as interações que travamos durante a vida. Por meio da 
socialização adquirimos o “direito” de atuarmos no grupo 
social em questão. É por meio da socialização que vamos 
adquirindo o nosso Eu, isto é, nossa identidade”. 
(Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/18649428/O-processo-de-socializacao). 
A partir do texto, conclui-se que:
a) A socialização causa conflitos para a sociedade.
b) A socialização é fundamental para a vida em 
sociedade.
c) A socialização desumaniza o indivíduo da sociedade.
d) A socialização causa conflitos para o indivíduo.
e) a socialização aliena o individuo que não consegue 
pensar por si mesmo.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Os homens do campo são diferentes dos homens da 
cidade. A maneira como ambos olham para o mundo está 
amparada no meio social onde foram criados. Sendo assim, 
depreende-se que:
a) A Socialização primária se dá num âmbito mais amplo, 
por meio de todas as interações que travamos durante toda 
a vida.
b) A socialização secundária se dá na primeira fase 
de nossas vidas, por meio das instituições sociais mais 
próximas, como a família e a escola.
c) A socialização primária é a principal socialização, 
pois se dá na primeira fase de nossas vidas, os contatos 
que fazemos com as pessoas que consideramos mais 
importantes.
d) A socialização secundária é a principal socialização, 
pois são os contatos que fazemos com as pessoas mais 
importantes na formação do nosso “eu”.
e) A Socialização secundária se dá num âmbito mais 
amplo, por meio de todas as interações que travamos 
durante a vida, principalmente com nossos familiares.
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
O homem é um ser social. A sociabilidade, ou seja, 
a capacidade natural da espécie humana para viver em 
sociedade, desenvolve-se pelo processo de socialização. 
A socialização humana é o processo pelo qual o indivíduo 
passa a se adaptar as regras impostas pelo meio social no 
qual está inserido. 
A partir dessa afirmação qual das alternativas abaixo 
representa um processo de socialização.
a) é na vida em grupo que aprendemos a beber água 
quando estamos com sede.
b) é na vida em grupo que descobrimos que é possível 
viver sozinhos.
c) é na vida em grupo que nos tornamos realmente 
humanos.
d) a vida em sociedade não interfere na essência da vida 
humana.
e) é na vida em grupo que nos isolamos do mundo e 
nos reconhecemos humanos.
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
O contato social está na origem da vida em sociedade. 
É o primeiro passo para que ocorra a socialização, sendo 
assim, é através do contato entre seres humanos que são 
estabelecidos relações sociais, criando laço de identidade, 
formas de atuação e comportamento que são a base da 
constituição dos grupos sociais e da sociedade. Tais contatos 
podem ser primários ou secundários. Os contatos sociais 
primários são pessoais, diretos, e que tem uma forte base 
emocional. Os contatos sociais secundários são impessoais, 
calculados e formais. (Adaptado - Oliveira, Pérsio Santo) É 
31
filosofia e sociologiacaPÍTUlo 7 - ViVeR eM socieDaDe
importante destacar que as pessoas têm a vida baseada 
mais em contatos primários desenvolvem personalidades 
diferentes daquelas que têm a vida com predomínio de 
contatos secundários. Sendo assim, conclui-se que:
a) O lavrador tem a personalidade semelhante a do 
empresário urbano. 
b) O lavrador tem a personalidade bem diversa do 
empresário urbano, pois o primeiro tem uma vida baseada 
em contados secundários e o segundo em contatos 
primários.
c) O lavrador tem a personalidade semelhante a do 
empresário urbano, pois os dois tem uma vida baseada 
mais em contatos secundário.
d) O lavrador tem a personalidade bem diversa 
do empresário urbano, pois o primeiro tem uma vida 
baseada em contatos primários e o segundo em contatos 
secundários.
e) O lavrador e o empresário desconhecem o contato 
social.
GABARItO
1.C 2.B 3.C 4.C 5.D
ANOtAÇÕES
32
CAPÍTULO 8 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • A SOCIEDADE FEUDAL
A SOCIEDADE FEUDAL, O SURGIMENtO DO 
EStADO MODERNO E O MOVIMENtO ILUMINIStA 
NA SOCIEDADE EUROpEIA.
Esse capítulo tem como objetivo apresentar o 
nascimento da Sociologia a partir do contexto social do 
mundo Europeu, sendo assim, estudaremos algumas 
transformações sociais que ocorrem entre a Idade Média 
e o Iluminismo.
O nascimento da sociologia
O nascimento da Sociologia se deu no século XIX, 
como uma consequência das complexas transformações 
que ocorreram na Europa entre os séculos XIV e XVIII. 
A sociologia, como ciência, nasceu da discussão sobre 
os problemas sociais resultantes das transformações 
econômicas, políticas e culturais ocorridas nesses séculos. 
Era preciso compreender essa nova organização social 
que afetava o mundo europeu. Os três grandes eventos 
históricos, mencionados logo abaixo, foram culminantes 
para que surgisse, no século XIX, uma ciência voltada para 
a compreensão das transformações da sociedade humana. 
Eventos estes:
•	 A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra por 
volta de 1750: a sociedade capitalista.
•	 Iluminismo: descontentamento da burguesia com 
a estrutura vigente.
•	 A Revolução Francesa (1789): a queda do Antigo 
Regime.
A Sociologia é a ciência que estuda as interações sociais. 
A relação social começa na pré-história com a formação 
dos primeiros grupos. Como já exposto nos capítulos onze 
e doze, a vida em sociedade surge por uma questão de 
necessidade. 
A vida em sociedade é a vida dos diferentes vivendo 
juntos. A sociedade nasce com a formação de várias tribos, 
cada uma com costumes e hábitos diferentes.
O comportamento humano é complexo e diversificado. 
Cada indivíduo recebe influências do meio em que vive, 
forma-se de determinada maneira e age no contexto social 
de acordo com sua formação. O indivíduo aprende com o 
meio e também o transforma. 
De que maneira isso acontece? Com qual frequência 
o homem modifica seu meio? O que estimula as 
transformações e o que leva a sociedade a permanecer 
por longo tempo na mesma estrutura? Foram perguntas 
como estas que instigavam os que viriam a ser chamado 
de sociólogos.
O mundo Europeu é marcado por contradições e 
desigualdade. Para compreendermos o funcionamento 
da sociedade que vivemos atualmente, faz-se necessário 
perpassarmos por sociedades anteriores, que aos poucos 
foram construindo características que encontramos hoje 
no mundo Ocidental.
Feudalismo: Uma Sociedade Estamental 
Ao longo dos aproximadamentemil anos que 
denominados Idade Média, a sociedade europeia se 
estruturava no sistema feudal. 
O modo feudal de produção tinha como estrutura básica 
de seu desenvolvimento: a) as terras do senhor, ou seja, os 
feudos, propriedade do senhor, b) a propriedade limitada 
do senhor sobre o camponês servo, ou seja, um sistema de 
servidão. Cabe salientar que servidão não é escravidão, essa 
diferença é fundamental, pois o servo tinha certos direitos 
que o escravo nunca teve. 
A sociedade feudal já se apresentava mais complexa 
que a escravocrata, no entanto, menos dinâmica que 
a sociedade capitalista que assumiria a economia 
posteriormente.
No período medieval o poder estava nas mãos dos 
senhores feudais, que mantinham o controle sobre a maior 
parte das terras e sobre a sua sociedade. Este era um poder 
descentralizado, pois existiam vários senhores feudais cada 
um tinha poder apenas sobre seus servos.
A sociedade era estamental dividida três ordens: os 
que rezam, o clero; os que protegem, a nobreza; e os que 
trabalham, os servos.
O Surgimento do Estado Moderno
O Estado moderno marcou uma nova fase da 
sociedade europeia. Surgiu com o fim do feudalismo, que 
se deu devido ás revoltas sociais dos camponeses, com 
o descontentamento dos servos perante aos impostos 
cobrados pelo senhor feudal. A insatisfação com o contexto 
econômico levou ao renascimento comercial e urbano. 
O Estado Moderno é marcado pela centralização dos 
poderes, tendo início no século XIV. Este novo contexto 
histórico teve que vencer primeiramente os regionalismos, 
ou seja, a descentralização do poder; além do universalismo 
33
filosofia e sociologiacaPÍTUlo 8 - a socieDaDe feUDal
medieval, pois desejava a formação de uma sociedade 
nacional. 
“A gênese do Estado Moderno se encontra justamente 
na competição de vários pretendentes à hegemonia. Dois 
exemplos de monarquias modernas são a França e Inglaterra.” 
(Wanilton Dudek). 
Surge, portanto, a partir do processo de desintegração 
do mundo feudal e das relações políticas até então 
dominantes na Europa. Sai-se de organização de poderes 
fragmentados, representados pelos senhores feudais, 
iniciando uma nova fase da Europa com o poder nas mãos 
de um Rei que contou com o apoio da burguesia.
Para que a Nação se consolidasse, fazia-se necessário 
adotar algumas medidas, tais como: estabelecer um 
idioma comum, com o objetivo de fomentar o sentimento 
nacionalista; definir os territórios de cada governo 
nacional; transformar o suserano (senhor feudal) 
e o vassalo (servo) em soberano (rei) e súditos, 
respectivamente.
O Estado Moderno transformou a organização social 
através da criação de novas instituições: a) forças militares 
do Estado para manter a ordem interna e externa; b) 
burocracia administrativa, ou seja o grupo de funcionários 
que exerciam cargos na administração pública e cumpriam 
as ordens dos governantes; c) centralização das leis e da 
aplicação da justiça; d) centralização do sistema tributário 
criando impostos, taxas e tributos obrigatórios em todo o 
território para financiar seus gastos. 
O Iluminismo
Os séculos XVII e XVIII foram marcados pelo Iluminismo, 
um movimento filosófico e consequentemente social, que 
propôs novos valores baseados na racionalidade humana 
e na ideia de que a humanidade caminharia no sentido 
do progresso, da liberdade e da busca da felicidade. Este 
movimento correspondeu a uma revolução da mentalidade 
coletiva. 
A origem do iluminismo pode ser encontrada no 
século XV, pois justamente nesse século, o Renascimento 
trouxe, para os campos da filosofia, ciência e da arte, 
novos valores como o humanismo, o individualismo e o 
conhecimento baseado na razão, no método científico e no 
experimentalismo.
Foi um movimento que se apresentou como um 
instrumento de crítica ao Estado Moderno, principalmente 
no que se refere a suas estruturas básicas, isto é, ao 
absolutismo, ao mercantilismo e aos privilégios da 
nobreza, tendo em vista que foi um movimento burguês. 
A nova classe que surgirá na modernidade: a burguesia, 
engendrava uma revolução social através de uma revolução 
do imaginário europeu.
O Iluminismo apresentou uma concepção de 
racionalização do mundo, uma tentativa de compreensão 
de seu funcionamento. Diante desse contexto de profundas 
mudanças, fazia-se necessária a criação de uma ciência 
responsável por sistematizar e entender o funcionamento 
dessa nova sociedade que se erguia como fruto das 
revoluções, tal reivindicação gerou a Sociologia.
EXERCíCIOS
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real 
para suspender as leis ou seu cumprimento. Que é ilegal 
toda cobrança de impostos para a Coroa sem o concurso 
do Parlamento, sob pretexto de prerrogativa, ou em época 
e modo diferentes dos designados por ele próprio. Que é 
indispensável convocar com frequência os Parlamentos 
para satisfazer os agravos, assim como para corrigir, afirmar 
e conservar as leis.
 Declaração dos Direitos. Disponível em http://
disciplinas.stoa.usp.br. Acesso em: 20 dez. 2011 (adaptado).
No documento de 1689, identifica-se uma 
particularidade da Inglaterra diante dos demais Estados 
europeus na Época Moderna. A peculiaridade inglesa e o 
regime político que predominavam na Europa continental 
estão indicados, respectivamente, em:
a) Redução da influência do papa — Teocracia. 
b) Limitação do poder do soberano — Absolutismo. 
c) Ampliação da dominação da nobreza — República. 
d) Expansão da força do presidente — Parlamentarismo. 
e) Restrição da competência do congresso — 
Presidencialismo. 
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
O surgimento do Estado Moderno consagrou a separa-
ção entre política e religião. Os imperativos religiosos des-
gastaram-se para ordenar a vida social. O religioso passa a 
ser um sentido dentre outros. Obra da razão dos indivíduos: 
formas de organização social. O Estado moderno foi con-
cebido a imagem e semelhança dos seus artífices. A legiti-
midade da ordem social passa a ser obtida não mais pelas 
explicações teológicas, e sim pelo ordenamento jurídico. 
Dizem alguns que na chamada Idade Média o mundo ja-
zia em densas trevas. E disse o homem: Haja luz! E eis que 
foi formado o Estado Moderno. A Era das Luzes teria sido a 
inequívoca asseveração de que o indivíduo era dono de si e 
senhor do seu destino. O ocaso da tutela eclesiástica sobre 
a vida civil. 
(Por Valdemar Figueredo Filho) disponível em: http://revistaforum.com.
br/blog/2012/09/estado-moderno-separacao-entre-politica-e-religiao/ .
A partir do texto pode-se depreender que:
a) O Estado Moderno foi o rompimento com o mundo 
econômico feudal, no entanto, as ideias religiosas conti-
nuaram sendo a base política, com a permanência dos Pa-
pas no poder. 
34
filosofia e sociologia caPÍTUlo 8 - a socieDaDe feUDal
b) O Estado Moderno não rompe socialmente com a reli-
gião, ela passa a ser um sentido dentre outros, mas com me-
nor intensidade se comparado ao período medieval.
c) O Estado Moderno conservou o sistema econômico 
feudal, no entanto, as ideias religiosas deixaram de ser a 
base política, exemplificada com a retirada dos Papas do 
poder. 
d) O Estado Moderno rompe socialmente e politicamente 
com a religião, ela não faz mais sentido, pois o homem passa 
a ser o centro do universo, e Deus deixa de existir no imaginá-
rio da população. 
e) O Estado Moderno surgiu devido as reivindicações dos 
senhores feudais que já não davam mais conta da segurança 
de seus feudos, por isso são os principais patrocinadores dos 
reis que aparecem na Europa.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
O Estado Moderno teve que vencer primeiramente os 
regionalismos, ou seja, a descentralização do poder; além 
do universalismo medieval, pois desejava a formação de 
uma sociedade nacional. Para que a Nação se consolidasse, 
fazia-se necessárioadotar algumas medidas, tais como: es-
tabelecer um idioma comum, com o objetivo de fomentar 
o sentimento nacionalista; definir os territórios de cada 
governo nacional; transformar o suserano (senhor feu-
dal) e o vassalo (servo) em soberano (rei) e súditos. Po-
de-se concluir que o Estado Moderno:
a) Não conseguiu vencer o regionalismo, por isso nunca foi 
colocado em prática.
b) Só conseguiu vencer o nacionalismo com a ideia e o 
sentimento regionalista.
c) Ao estabelecer um idioma comum, ajudou na constru-
ção da identidade da nação.
d) Ao definir os territórios de cada nação, prejudicou a 
construção das Monarquias Nacionais.
e) Não conseguiu se consolidar no inicio do século XIV pois 
a centralização politica já existente na Europa não permitia 
tal transformação. 
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Para Max Weber o Estado moderno é “uma comunidade 
humana que, dentro dos limites de determinado território 
(...), reivindica o monopólio do uso legítimo da violência 
física”. “(...) o Estado consiste em uma relação de dominação 
do homem pelo homem, com base no instrumento da 
violência legítima – ou seja, da violência considerada como 
legítima” (61). “O Estado moderno é um agrupamento 
de dominação que apresenta caráter institucional e que 
procurou – com êxito – monopolizar, nos limites de um 
território, a violência física legítima como instrumento 
de domínio e que, tendo esse objetivo, reuniu nas mãos 
dos dirigentes os meios materiais de gestão” (66). Weber 
aponta três fundamentos da legitimidade da dominação 
do estado: 1) a tradição: “a autoridade do “passado 
eterno”; a autoridade dos costumes santificados pela 
validez imemorial e pelo hábito, enraizado nos homens, 
de respeitá-los”. 2) o carisma: “a autoridade que se baseia 
em dons pessoais e extraordinários de um indivíduo”. O 
seguidor do líder carismático trabalha “com a devoção de 
um crente em favor do êxito da causa de uma personalidade 
e não somente em favor das abstratas mediocridades 
contidas num programa”. 3) a legalidade: “a autoridade 
que se impõe pela crença na validez de um estatuto legal 
e de uma “competência” positiva, estruturada em regras 
racionalmente estabelecidas” 
 (disponível em http://stoa.usp.
br/alex/files/2173/12396/weberpolitica.pdf
A partir do texto III, pode- se afirmar que:
a) Os homens conseguem alcançar a liberdade através 
do Estado.
b) Os homens são dominados pelo Estado.
c) Os homens se veem livres da violência devido ao Es-
tado.
d) Os homens não são limitados pelo território do Es-
tado.
e) Os homens são os dominantes dentro do Estado, pois 
o poder está em suas mãos.
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
O racionalismo almejado pelos Iluministas do século 
XVIII batia de frente com as visões religiosas dos séculos 
anteriores. O Iluminismo colocava em pauta o mundo e 
tudo nele contido: o Homem e a Natureza. O iluminismo 
era claro, com relação ao homem: um indivíduo capaz de 
realizar intervenções e mudanças na natureza para que 
essa lhe proporcionasse conforto e prazer.
Seguindo esse raciocínio, pode-se dizer que, para o 
Homem das Luzes, a Natureza era:
a) misteriosa e incalculável, sendo a base da religiosidade 
do período, o lugar onde os homens reconheciam a 
presença física de Deus e sua obra de criação;
b) apenas reflexo do desenvolvimento da capacidade 
artística do homem, pois ajudava-o a criar a ideia de um 
progresso ilimitado relacionado à indústria;
c) um laboratório para os experimentos humanos, pois 
era reconhecida pelo homem como a base do progresso e 
entendimento do mundo; daí a fisiocracia ser a principal 
representante da industrialização iluminista;
d) a base do progresso material e técnico, fundamento 
das fábricas, sem a qual as indústrias não teriam condições 
de desenvolver a ideia de mercado;
e) infinita e inesgotável, constituindo-se um campo 
privilegiado da ação do homem, dando em troca condição 
de sobrevivência, principalmente no que se refere ao seu 
sustento econômico.
GABARItO
1.B 2.B 3.C 4.B 5.E
35
A REVOLUÇÃO INDUStRIAL E A NOVA 
DINÂMICA SOCIAL
Nesse capítulo buscaremos compreender as 
transformações sociais que ocorreram com a Revolução 
Industrial. Uma nova estrutura é instaurada na vida dos 
trabalhadores, nasce um novo modelo de sociedade, um 
novo ritmo de vida.
A Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra inaugura 
uma nova dinâmica social. A partir da afirmação do 
chamado de capitalismo industrial (XVIII), a sociedade 
não é mais dividida em estamentos como no feudalismo, 
surge um novo tipo de estratificação: a classe social, que é 
marcada por sua mobilidade social (mudança de posição 
social).
O nascimento do Capitalismo e suas fases
Antes do capitalismo industrial, o mundo europeu viver 
duas fases: o pré-capitalismo (XI ao XV); e o capitalismo 
mercantil (XV-XVIII), amparado no mercantilismo, que 
acredita que o comércio era a principal fonte geradora de 
riqueza. 
a)	 O pré-capitalismo
O pré-capitalismo refere-se à expansão do comércio 
artesanal, os artesãos independentes são os donos do 
meio de produção, e nos deparamos aqui com o trabalho 
assalariado. No entanto, paralelamente no campo, o sistema 
feudal prossegue com o trabalho servil, que de forma 
gradual vai dando espaço para o trabalho assalariado.
b)	 O capitalismo mercantil
O capitalismo mercantil, no contexto político do 
Absolutismo, dá continuidade ao trabalho independente, 
e o trabalho assalariado vai preenchendo o novo 
sistema que se inicia enquanto o antigo sistema servil 
vai desaparecendo. Neste momento o lucro passa a se 
concentrar nas mãos dos comerciantes. Este período foi 
marcado pelas Grandes Navegações, a criação de um 
mercado mundial a partir da colonização. Este período foi 
à transição do sistema feudal para o capitalismo de fato. 
A política econômica era o mercantilismo, uma maneira 
de olhar para a economia, baseada no acúmulo de metais 
preciosos; balança comercial favorável; e na intervenção 
do Estado na economia, tendo em vista que era um Estado 
Absolutista. A partir do Iluminismo tais ideias foram 
deixadas de lado.
c)	 O capitalismo industrial
Com o capitalismo industrial, o foco está na indústria, 
o capital se volta pra ela. Neste momento o trabalho servil 
pede definitivamente seu espaço, e os trabalhadores 
passam a receber salários por seus trabalhos, ou seja, 
vendem sua força de trabalho como meio de subsistência. 
CAPÍTULO 9 • • • • • • • • • • A REVOLUÇÃO INDUStRIAL E A NOVA DINÂMICA SOCIAL
O europeu se depara com uma nova maneira de enxergar o 
mundo e de viver nele.
As mudanças são profundas, o homem passa a ter novas 
experiências, desaparecem instituições até então vigentes, 
na medida em que surgem novas. Nascem novos hábitos 
no horário de acordar e dormir, além da alimentação, 
tendo em vista que anteriormente a vida europeia era 
essencialmente no campo, o ritmo de vida era outro. Com 
a Revolução Industrial o relógio é quem dita o tempo, não 
mais fenômenos naturais como a nascer e o pôr do sol. 
Diante de tantas transformações materiais, a maneira 
de pensar do mundo industrial também é modificada 
significativamente, tornando-se mais racional e científica, 
substituindo as explicações teológicas, filosóficas e de 
senso comum.
“Antes da Revolução Industrial, a atividade produtiva era 
artesanal e manual (daí o termo manufatura), no máximo 
com o emprego de algumas máquinas simples. Dependendo 
da escala, grupos de artesãos podiam se organizar e dividir 
algumas etapas do processo, mas muitas vezes um mesmo 
artesão cuidava de todo o processo, desde a obtenção da 
matéria-prima até à comercialização do produto final. Esses 
trabalhos eram realizados em oficinas nas casas dos próprios 
artesãos e os profissionais da época dominavam muitas (se 
não todas) etapas do processo produtivo.”(BURNS, Edward 
McNall. História da Civilização Ocidental. 36. ed. São Paulo: 
Globo, 1995, p. 513-514)A relação trabalhador/ meio de produção torna-
se problemática, pois o meio de produção passou a ser a 
máquina, e o trabalhador não tem a posse dela, ou seja, no 
processo de produção ele só pode oferecer a mão-de-obra, 
tornando-se dependente do dono dos meios de produção: 
o burguês. A produção através de máquinas elevou a 
quantidade de mercadorias produzida, alterando o valor 
simbólico e econômico desses produtos.
A Revolução Industrial concentrou nas mãos dos 
empresários o controle sobre as máquinas, as terras, e 
sobres os seres humanos denominados trabalhares, que 
não possuíam nada, apenas seu corpo como mão-de-obra, 
pobres e explorados.
“as consequências da rápida industrialização e 
urbanização levadas a cabo pelo sistema capitalista foram tão 
visíveis quanto trágicas: aumento assustador da prostituição, 
do suicídio, do alcoolismo, do infanticídio, da criminalidade, 
da violência, de surtos de epidemias de tifo e cólera que 
dizimavam parte da população, etc.” (MARTINS, CARLOS B)
Vale ressaltar que o processo de industrialização afetou 
diretamente o processo de urbanização, concentrando 
trabalhadores em bairros industriais com precárias 
condições de vida, com jornada de trabalho jornadas de 
trabalho absurdas para o contexto atual, pois eram em 
torno de catorze a dezesseis horas por dia, sem nenhuma 
direito trabalhista como existe hoje, por exemplo: férias, 
décimo terceiro, descanso remunerado, aposentadoria. 
36
filosofia e sociologia caPÍTUlo 9 - a ReVolUÇÃo iNDUsTRial e a NoVa DiNÂMica social
Todos esses direitos só foram conquistados no século XX, a 
partir de muitas lutas e greves.
Além do proletário e do burguês, a sociedade industrial 
é composta por uma classe média (profissionais liberais e 
pequenos produtores rurais) e por funcionários do Estado.
De fato esse novo mundo precisava ser compreendido 
a partir de um método de estudo, a fim de apresentar um 
resultado para sociedade, pois era necessário entende 
como o mundo europeu havia chegado a tal estágio e 
quais os caminhos ele poderia tomar.
EXERCíCIOS
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“... Um operário desenrola o arame, o outro o endireita, 
um terceiro corta, um quarto o afia nas pontas para a 
colocação da cabeça do alfinete; para fazer a cabeça do 
alfinete requerem-se 3 ou 4 operações diferentes, ...” 
SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. Investigação sobre a sua Natureza 
e suas Causas. Vol. I. São Paulo: Nova Culturas, 1985. 
A respeito do texto e do quadrinho são feitas as 
seguintes afirmações: 
I. Ambos retratam a intensa divisão do trabalho, à qual 
são submetidos os operários. 
II. O texto refere-se à produção informatizada e o 
quadrinho, à produção artesanal. 
III. Ambos contêm a ideia de que o produto da atividade 
industrial não depende do conhecimento de todo o 
processo por parte do operário. 
Dentre essas afirmações, apenas 
a) I está correta. 
b) II está correta. 
c) III está correta. 
d) I e II estão corretas. 
e) I e III estão corretas. 
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Até o século XVII, as paisagens rurais eram marcadas por 
atividades rudimentares e de baixa produtividade. A partir 
da Revolução Industrial, porém, sobretudo com o advento 
da revolução tecnológica, h ouve um desenvolvimento 
contínuo do setor agropecuário. São, portanto, observadas 
consequências econômicas, sociais e ambientais inter-
relacionadas no período posterior à Revolução Industrial, 
as quais incluem
a) a erradicação da fome no mundo.
b) o aumento das áreas rurais e a diminuição das áreas 
urbanas.
c) a maior demanda por recursos naturais, entre os quais 
os recursos energéticos.
d) a menor necessidade de utilização de adubos e 
corretivos na agricultura.
e) o contínuo aumento da oferta de emprego no setor 
primário da economia, em face da mecanização.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Homens da Inglaterra, por que arar para os senhores 
que vos mantêm na miséria? Por que tecer com esforços e 
cuidado as ricas roupas que vossos tiranos vestem?
Por que alimentar, vestir e poupar do berço até o túmulo 
esses parasitas ingratos que exploram vosso suor — ah, 
que bebem vosso sangue?
SHELLEY. Os homens da Inglaterra. Apud HUBERMAN, L. Historia da 
Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
A análise do trecho permite identificar que o poeta 
romântico Shelley (1792-1822) registrou uma contradição 
nas condições socioeconômicas da nascente classe 
trabalhadora inglesa durante a Revolução Industrial. Tal 
contradição está identificada
a) na pobreza dos empregados, que estava dissociada 
da riqueza dos patrões.
b) no salário dos operários, que era proporcional aos 
seus esforços nas indústrias.
c) na burguesia, que tinha seus negócios financiados 
pelo proletariado.
d) no trabalho, que era considerado uma garantia de 
liberdade.
e) na riqueza, que não era usufruída por aqueles que a 
produziam.
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A Inglaterra pedia lucros e recebia lucros. Tudo se 
transformava em lucro. As cidades tinham a sua sujeira 
lucrativa, suas favelas lucrativas, sua fumaça lucrativa, sua 
desordem lucrativa, sua ignorância lucrativa, seu desespero 
lucrativo. As novas fábricas e os novos alto-fornos eram 
como as Pirâmides, mostrando mais a escravização do 
homem que o seu poder. DEANE, P. A Revolução Industrial. 
Zahar, 1979 (adaptado) Qual relação é estabelecida no 
texto, entre os avanços tecnológicos ocorridos no contexto 
da revolução Industrial Inglesa, e as características das 
cidades industriais no início do século XIX?
a) A facilidade em se estabelecer relações lucrativas, 
transformava as cidades em espaços privilegiados para 
livre iniciativa, característica da nova sociedade capitalista.
b) O desenvolvimento de métodos de planejamento 
37
filosofia e sociologiacaPÍTUlo 9 - a ReVolUÇÃo iNDUsTRial e a NoVa DiNÂMica social
urbano, aumentava a eficiência do trabalho industrial.
c) A construção de núcleos urbanos integrados por 
meios de transporte facilitava o deslocamento dos 
trabalhadores das periferias até as fábricas.
d) A grandiosidade dos prédios onde se localizavam 
as fábricas, revelavam os avanços da engenharia e da 
arquitetura do período, transformando as cidades em 
locais de experimentação estética e artística.
e) O alto nível de exploração dos trabalhadores 
industriais, ocasionava o surgimento de aglomerados 
urbanos, marcados por péssimas condições de moradia, 
saúde e higiene.
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“...o produto da atividade humana é separado de seu 
produtor e açambarcado por uma minoria: a substância 
humana é absorvida pelas coisas produzidas, em lugar de 
pertencer ao homem...”
Dentre as consequências sociais da Revolução Industrial 
pode-se mencionar:
a) a melhoria das condições de habitação e 
sobrevivência para o operariado, proporcionada pelo surto 
de desenvolvimento econômico.
b) a ascensão social dos artesãos que reuniram seus 
capitais e suas ferramentas em oficinas ou domicílios 
rurais dispersos, aumentando os núcleos domésticos de 
produção.
c) a criação do Banco da Inglaterra, com o objetivo 
de financiar a monarquia e ser também, uma instituição 
geradora de empregos.
d) o desenvolvimento de uma camada social de 
trabalhadores, que destituídos dos meios de produção, 
passaram a sobreviver apenas da venda de sua força de 
trabalho.
e) o desenvolvimento de indústrias petroquímicas 
favorecendo a organização do mercado de trabalho, de 
maneira a assegurar emprego a todos os assalariados.
GABARItO
1.E 2.C 3.E 4.E 5.D
ANOtAÇÕES
38
A REVOLUÇÃO FRANCESA E A 
tRANSFORMAÇÃO pOLítICA NO MUNDO 
OCIDENtAL
Nesse capítulo buscaremos compreender as 
transformações sociais que ocorreram no mundo europeu 
a partir da Revolução Francesa. Uma nova estrutura 
política é instaurada na vidados cidadãos.
França e Inglaterra: contribuições diferentes
Todas as transformações mencionadas nos capítulos 
treze e quatorze resultam, no caso francês, na chamada 
Revolução Francesa (1789). No entanto, tal revolução 
local repercutiu no mundo ocidental, transformando-o 
politicamente. Economicamente a Inglaterra mexeu com 
a estrutura do mundo com sua Revolução Industrial, já 
ideológica e politicamente isso ficou por conta da França.
A semente da Revolução 
O Iluminismo francês criou um aparato de novas ideias, 
com um novo discurso acerca do imaginário político social, 
e elas tornaram- se as armas da revolução: liberdade; 
igualdade; fraternidade; divisão dos poderes em executivo, 
legislativo e judiciário; direitos humanos; constituição; 
Novo Estado; etc.
A Revolução Francesa teve como palco das 
manifestações o mais poderoso país da Europa da época. 
Naquele contexto a França era o país mais populoso da 
Europa. Enquanto a população passava fome, as pessoas 
que pertenciam à monarquia absolutista usufruíam de 
muitos privilégios. 
Venham todos!
A revolução Francesa chamou toda a nação para o 
debate público e político, atitude inadmissível no Estado 
Absolutista, tendo em vista que o mundo politico estava 
não mãos do Rei. Vale ressaltar que se tratou de uma 
revolução burguesa, mas com a participação popular, que 
via no movimento uma oportunidade de transformar o 
mundo miserável ao seu redor. Os trabalhadores urbanos, 
camponeses e a pequena burguesia comercial pagavam 
altíssimos impostos para manter os luxos da nobreza, e 
qualquer trabalhador que tentasse questionar a forma de 
governo vigente era preso na Bastilha (prisão política da 
monarquia) ou condenado à morte.
CAPÍTULO 10 • • • • • • • • • • A REVOLUÇÃO FRANCESA E A tRANSFORMAÇÃO pOLítICA
“Allons enfants de la Patrie
Le jour de gloire est arrivé !
Contre nous de la tyrannie
L’étendard sanglant est levé
L’étendard sanglant est levé
Entendez-vous dans nos campagnes
Mugir ces féroces soldats?
Ils viennent jusque dans vos bras.
Égorger vos fils, vos compagnes!
Aux armes citoyens
Formez vos bataillons
Marchons, marchons
Qu’un sang impur abreuve nos sillons” (Hino da França - 
La Marseillaise)
“Avante, filhos da Pátria,
O dia da Glória chegou.
Contra nós, a tirania
O estandarte encarnado se eleva!
Ouvis nos campos rugirem
Esses ferozes soldados?
Vêm eles até nós
Degolar nossos filhos, nossas mulheres.
Às armas cidadãos!
Formai vossos batalhões!
Marchemos, marchemos!
Nossa terra do sangue impuro se saciará!”
(tradução - A Marselhesa.
Uma Revolução Burguesa: o desejo pelo poder 
político.
A revolução foi uma manifestação contra a sociedade 
hierárquica que propunha à nobreza grandes privilégios, 
mas não estava tão preocupada com a sociedade 
democrática e igualitária, pois acreditavam na necessidade 
de uma distinção social ao defender a propriedade 
privada e uma assembleia representativa que não era 
democraticamente eleita.
Os representantes da pequena e média burguesia e 
das camadas populares desejavam justiça social e direitos 
políticos.  Com o tema Liberdade e Igualdade, o homem 
francês se questiona sobre a submissão que exerceu 
durante anos, desenvolvendo um novo olhar sobre a 
sociedade, vendo- se como participante dela.
Este novo homem ganha autonomia na vida social. E, 
diante da racionalização do mundo para compreender 
seu funcionamento (ideias amparadas do Iluminismo), 
surge a Sociologia como uma tentativa de compreensão, 
era a ciência que aparecia como fruto da revolução, das 
transformações sociais.
A revolução Francesa alterou completamente as relações 
sociais. Extinguindo a nobreza do controle do poder e a 
monarquia absoluta, a revolução criou uma nova estrutura 
social na França e posteriormente em toda a Europa. 
Mudanças e permanências
39
filosofia e sociologiacaPÍTUlo 10 - a ReVolUÇÃo fRaNcesa e a TRaNsfoRMaÇÃo PolÍTica
 
Como é possível observar, a ideia de igualdade ficou só 
na ideia, pois a burguesia ocupou o lugar da nobreza e fez 
do Estado um instrumento de interesse da sua classe social. 
Os direitos políticos, de votar e ser votado, eram direitos 
apenas da elite econômica, pois existia um modelo político 
de voto censitário, modelo este se difundiu pelo mundo 
Ocidental e que perdurou até o século XX.
A revolução conseguiu:
•	 Confiscar propriedades da Igreja,
•	 Transferir as funções da educação, que até então 
eram atribuições da Igreja e da família, para o Novo Estado 
que se formava,
•	 Acabou com os privilégios da Nobreza,
•	 O Novo Estado passou a auxiliar os empresários 
(burgueses). E a desigualdade continuava.
Com o surgimento da sociologia, cada esfera da 
sociedade passa por um cuidadoso olhar científico, com 
o objetivo de analisar e esclarecer como as mudanças 
ocorreram. 
EXERCíCIOS
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Algumas transformações que antecederam a Revolução 
Francesa podem ser exemplificadas pela mudança de 
significado da palavra “restaurante”. Desde o final da Idade 
Média, a palavra ‘restaurant’ designava caldos ricos, com 
carne de aves e de boi, legumes, raízes e ervas. Em 1765 
surgiu, em Paris, um local onde se vendiam esses caldos, 
usados para restaurar as forças dos trabalhadores. Nos anos 
que precederam a Revolução, em 1789, multiplicaram-se 
diversos ‘restaurateurs’, que serviam pratos requintados, 
descritos em páginas emolduradas e servidos não mais 
em mesas coletivas e mal cuidadas, mas individuais e 
com toalhas limpas. Com a Revolução, cozinheiros da 
corte e da nobreza perderam seus patrões, refugiados no 
exterior ou guilhotinados, e abriram seus restaurantes por 
conta própria. Apenas em 1835, o Dicionário da Academia 
Francesa oficializou a utilização da palavra restaurante com 
o sentido atual.
A mudança do significado da palavra restaurante ilustra
a) a ascensão das classes populares aos mesmos padrões 
de vida da burguesia e da nobreza.
b) a apropriação e a transformação, pela burguesia, de 
hábitos populares e dos valores da nobreza.
c) a incorporação e a transformação, pela nobreza, dos 
ideais e da visão de mundo da burguesia.
d) a consolidação das práticas coletivas e dos ideais 
revolucionários, cujas origens remontam à Idade Média.
e) a institucionalização, pela nobreza, de práticas 
coletivas e de uma visão de mundo igualitária.
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 Em 4 de julho de 1776, as treze colônias que vieram 
inicialmente a constituir os Estados Unidos da América (EUA) 
declaravam sua independência e justificavam a ruptura do 
Pacto Colonial. Em palavras profundamente subversivas 
para a época, afirmavam a igualdade dos homens e 
apregoavam como seus direitos inalienáveis: o direito à vida, 
à liberdade e à busca da felicidade. Afirmavam que o poder 
dos governantes, aos quais cabia a defesa daqueles direitos, 
derivava dos governados. Esses conceitos revolucionários 
que ecoavam o Iluminismo foram retomados com maior 
vigor e amplitude treze anos mais tarde, em 1789, na França.
Emília Viotti da Costa. Apresentação da coleção. In: Wladimir Pomar. 
Revolução Chinesa. São Paulo: UNESP, 2003 (com adaptações).
Considerando o texto acima, acerca da independência 
dos EUA e da Revolução Francesa, assinale a opção correta.
a) A independência dos EUA e a Revolução Francesa 
integravam o mesmo contexto histórico, mas se baseavam 
em princípios e ideais opostos.
b) O processo revolucionário francês identificou-se com 
o movimento de independência norte-americana no apoio 
ao absolutismo esclarecido.
c) Tanto nos EUA quanto na França, as teses iluministas 
sustentavam a luta pelo reconhecimento dos direitos 
considerados essenciais à dignidade humana.
d) Por ter sido pioneira, a Revolução Francesa exerceu 
forte influência no desencadeamento da independência 
norte americana.
e) Ao romper o Pacto Colonial, a Revolução Francesa 
abriu o caminho para as independências das colônias 
ibéricas situadasna América.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Em nosso país queremos substituir o egoísmo pela 
moral, a honra pela probidade, os usos pelos princípios, 
as conveniências pelos deveres, a tirania da moda pelo 
império da razão, o desprezo à desgraça pelo desprezo ao 
vício, a insolência pelo orgulho, a vaidade pela grandeza 
de alma, o amor ao dinheiro pelo amor à glória, a boa 
companhia pelas boas pessoas, a intriga pelo mérito, o 
espirituoso pelo gênio, o brilho pela verdade, o tédio da 
volúpia pelo encanto da felicidade, a mesquinharia dos 
grandes pela grandeza do homem. 
HUNT, L. Revolução Francesa e Vida Privada. In: PERROT, M. (Org.) 
História da Vida Privada: da Revolução Francesa à Primeira Guerra. Vol. 4. 
São Paulo: Companhia das Letras, 1991 (adaptado). 
O discurso de Robespierre, de 5 de fevereiro de 1794, 
do qual o trecho transcrito é parte, relaciona-se a qual dos 
grupos político-sociais envolvidos na Revolução Francesa? 
a) À alta burguesia, que desejava participar do poder 
legislativo francês como força política dominante. 
40
filosofia e sociologia caPÍTUlo 10 - a ReVolUÇÃo fRaNcesa e a TRaNsfoRMaÇÃo PolÍTica
b) Ao clero francês, que desejava justiça social e era 
ligado à alta burguesia. 
c) A militares oriundos da pequena e média burguesia, 
que derrotaram as potências rivais e queriam reorganizar a 
França internamente. 
d) À nobreza esclarecida, que, em função do seu 
contato, com os intelectuais iluministas, desejava extinguir 
o absolutismo francês. 
e) Aos representantes da pequena e média burguesia 
e das camadas populares, que desejavam justiça social e 
direitos políticos. 
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Na França, o rei Luís XIV teve sua imagem fabricada por 
um conjunto de estratégias que visavam sedimentar uma 
determinada noção de soberania. Neste sentido, a charge 
apresentada demonstra
a) a humanidade do rei, pois retrata um homem comum, 
sem os adornos próprios à vestimenta real.
b) a unidade entre o público e o privado, pois a figura 
do rei com a vestimenta real representa o público e sem a 
vestimenta real, o privado.
c) o vínculo entre monarquia e povo, pois leva ao 
conhecimento do público a figura de um rei despretensioso 
e distante do poder político.
d) o gosto estético refinado do rei, pois evidencia 
a elegância dos trajes reais em relação aos de outros 
membros da corte.
e) a importância da vestimenta para a constituição 
simbólica do rei, pois o corpo político adornado esconde 
os defeitos do corpo pessoal.
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“Um comerciante está acostumado a empregar o seu 
dinheiro principalmente em projetos lucrativos, ao passo 
que um simples cavalheiro rural costuma empregar o seu 
em despesas. Um frequentemente vê seu dinheiro afastar-
se e voltar às suas mãos com lucro; o outro, quando se separa 
do dinheiro, raramente espera vê-lo de novo. Esses hábitos 
diferentes afetam naturalmente os seus temperamentos e 
disposições em toda espécie de atividade. O comerciante é, 
em geral, um empreendedor audacioso; o cavalheiro rural, 
um tímido em seus empreendimentos...”
Adam Smith, A RIQUEZA DAS NAÇÕES, Livro III, capítulo 4)
Neste pequeno trecho, Adam Smith, contrapõe lucro a 
renda, pois geram racionalidades e modos de vida distintos.
A respeito do contexto histórico de emergência da 
Sociologia, marque a alternativa correta. 
a) A Sociologia consolidou-se, disciplinarmente, em 
resposta aos novos problemas e desafios desencadeados 
por transformações sociais, políticas, econômicas e 
culturais, cujos marcos históricos principais foram a 
Revolução Industrial e a Revolução Francesa.
b) Um dos principais legados do Iluminismo foi a 
crítica severa às concepções científicas da realidade 
social, combinada com a reafirmação de princípios e 
interpretações de cunho religioso. 
c) A crescente legitimidade científica do saber 
sociológico, produzido por autores como Auguste Comte e 
Émile Durkheim, deveu-se à sua forte crítica ao Iluminismo.
d) Herdeira direta das transformações sociais 
desencadeadas pela Revolução Industrial e pela Revolução 
Francesa, a Sociologia ignorou os métodos racionais de 
investigação em favor do conhecimento produzido pelo 
senso-comum.
e) A sociologia surgiu mediante a necessidade de se 
explicar a sociedade as questões teológicas inerentes 
daquele momento.
GABARItO
1.B 2.C 3.E 4.E 5.A
ANOtAÇÕES
41
FILOSOFIA
 ARISTÓTELES
Esse capítulo fechará a trilogia: Sócrates - Platão 
- Aristóteles, consagrada na história da Filosofia. 
Aristóteles é o mais completo dos três, discutiu sobre 
várias áreas do saber, veremos a seguir como ele 
desenvolveu sua filosofia e a herança deixada para nós.
Vida de Aristóteles 
Sócrates e Platão eram figuras de Atenas, Aristóteles um 
filósofo do Império Greco-Macedônico. Aristóteles (384- 
322 a.C.) nasceu em Estagira, cidade da Macedônia. Seu 
pai era o médico do rei da Macedônia, fato que contribuiu 
para sua formação tão ampla e completa. Aos 17 anos (por 
volta de 367 a.C), foi para a Academia de Platão em Atenas, 
convivendo 20 anos com seu mestre. O contexto histórico 
e social de Aristóteles pode ser considerado fundamental 
para suas escolhas pelo mundo sensível e experimental, e 
só posteriormente pelo mundo Metafísico.
Após a morte de Platão, Aristóteles retorna à Macedônia, 
torna-se preceptor de Alexandre, filho do Rei Filipe II. O 
menino Alexandre conquistou as cidades-Estado daquela 
região, e veio a ser intitulado como Alexandre, o Grande. 
Aristóteles foi um filósofo profissional, e não um professor 
de Filosofia. Ele não herdou a Academia de Platão, 
montando então o Liceu para competir com a Academia 
(período em que a Grécia estava sendo dominada por 
Alexandre, por isso Aristóteles retorna à Atenas para criar 
sua escola.)
No final de sua vida foge de Atenas, pois os Gregos já 
não viam mais os Macedônios com bons olhos. Aristóteles 
volta para Macedônia, para que Atenas não cometesse o 
segundo erro, condená-lo a morte, pois já havia cometido 
o primeiro condenando Sócrates. 
Aristóteles tinha um desejo pelo conhecimento, era 
curioso, e percorreu por vários campos de discussão. Foi 
um filósofo completo, estudou física, biologia, ética, lógica, 
política (...). Podemos dizer até que foi o primeiro “cientista” 
do mundo Ocidental.
A diferença entre platão e Aristóteles
Escola de Atenas, de Rafael Sanzio afresco, pintado de 1509 a 1510 Stanza della 
Segnatura (Vaticano)
De um lado Platão, com sua dialética, entendida como 
ápice do saber; do outro Aristóteles, com a lógica, entendida 
como conjunto de técnicas para bem argumentar. 
Deparamo-nos aqui com o embate entre o universal que é 
o conceito; e o particular, visto como realidade.
Platão apontando para acima e Aristóteles para baixo.
CAPÍTULO 11 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • ARIStÓtELES 
filosofia capítulo 11 - aRistÓtElEs 
42
Pense no seguinte problema: O que é a Escola?
A Sala de aula é a sala de aula, não é a escola. O corredor 
é o corredor. O professor é o professor, não é a escola. Os 
alunos são os alunos. O refeitório é o refeitório. Então, o que 
é a Escola no conceito universal? 
Para Platão a escola existe. Para Aristóteles só é possível 
conhecer cada coisa que compõe a Escola. Sendo assim, 
voltamos no embate entre o universal (conceito) e o 
particular (realidade).
 Platão é um estudioso da Matemática, de estudos 
abstratos e conceitos. Aristóteles tem um pai Médico, 
sendo assim parte do empírico, do real, do que pode ser 
entendido parte a parte, o particular.
O pensamento Sistemático
Aristóteles é uma espécie de enciclopedista de seu 
tempo, pois se depara com uma grande quantidade de 
saber já produzido desde os pré-socráticos até Platão, o 
que fundamentou a Filosofia daquele momento, pois tudoque havia sido produzido até Aristóteles, em seu conjunto, 
era o que denominava a Filosofia. Esta “ciência” buscava 
compreender a totalidade do conhecimento, e toda esta 
ânsia de saber cai nas mãos de Aristóteles, e cabe a ele 
sistematizar todo o conjunto de pensamentos e práticas 
humanas. 
A lógica 
Aristóteles hierarquizou todo o conhecimento que o 
mundo Grego havia elaborado, sistematizou partindo dos 
mais simples e inferiores aos mais complexos e superiores. 
Segundo Aristóteles, para que seja possível conhecer o 
objeto e o campo de estudo, faz-se necessário conhecer 
os princípios e as leis que governam o pensamento, o que 
chamamos de Lógica. 
A Lógica não é uma ciência, mas o meio pelo qual 
necessitamos passar para chegar à ciência. Sua intenção 
era engendrar um mecanismo seguro para a elaboração 
da ciência, encontramos esta pretensão na obra Organon, 
que é um conjunto de textos sobre lógica, no qual o filósofo 
sistematiza e problematiza algumas das afirmações que 
tinham sido feitas pelos pré-socráticos e por Platão. 
A Questão do Ser: O que É?
No que se refere à pergunta: O que é? Platão resolve 
com a teoria das formas. Aristóteles com a teoria as causas. 
Para Aristóteles o problema da teoria das formas de Platão é 
que este acredita que o pensamento sobre algo independe 
deste algo, ou seja, acima dos objetos que existem no 
mundo real existe um conceito abstrato deste objetivo. Já 
Aristóteles acredita que a observação dos objetos nos leva 
ao conceito deste objeto.
Exemplo: 
— Aristóteles acredita que observar vários cachorros e 
comparar os diferentes cachorros leva a um conceito de 
cachorro. Enquanto que Platão acredita que o conceito de 
cachorro existe mesmo sem conhecermos o cachorro.
Para responder a pergunta do ser, Aristóteles se utilizada 
da teoria das quatro causas diferentes e complementares: 
formal, material, eficiente, final. 
— Causa material: no exemplo da cadeira, a causa 
material é: madeira e metal.
— Causa formal: a própria cadeira, a forma de cadeira, 
pois com madeira e metal é possível fazer inúmeras coisas.
— Causa eficiente: a causa eficiente da cadeira é a ação 
do carpinteiro ou dos proletários da fábrica de cadeiras.
— Causa final: a causa final é a intenção do construtor, 
qual a finalidade? Para que serve a cadeira?
Para Aristóteles a essência de qualquer objeto é a sua 
finalidade. Entendendo isso, entendemos as coisas.
Física e Metafísica
 “o percurso naturalmente vai desde o mais cognoscível 
e mais claro para nós em direção ao mais claro e mais 
cognoscível por natureza...” 
(ARISTÓTELES - Física I,184a16-17)
Os seres da natureza e seu movimento são o objeto 
da física para Aristóteles. Para explicar o movimento da 
natureza e dos seres ele cria a teoria do Ato-Potência. 
O problema do movimento sempre esteve presente na 
Filosofia, desde o seu surgimento. Tal problema encontra 
seu grande paradoxo entre o “tudo muda” de Heráclito e a 
“permanência” de Parmênides. Aristóteles não nega o vir-
a-ser de Heráclito, nem o ser de Parmênides, mas articula 
essas duas concepções de mundo. O “movimento” significa 
a “mudança” e “devir”. 
O problema do movimento foi um dos principais 
desafios com que o pensamento Aristotélico se depara. 
A física aristotélica é, resumidamente, uma teoria do 
movimento.
“Tudo o que se move é movido por alguma coisa”.
No entanto, para explicar epistemologicamente o 
movimento, é preciso buscar respostas na Metafísica, onde 
encontramos às noções de ato e potência.
Aristóteles foi o primeiro filósofo a resolver os paradoxos 
do movimento pela teoria do ato e da potência.
filosofia capítulo 11 - aRistÓtElEs 
43
Resumindo: 
O ser é em Ato e Potência. Tudo está em Ato com 
Potência para se tornar outro Ato, que tem Potência para 
se tornar outro Ato, e assim sucessivamente. A transição de 
Ato para Potência é o que constitui o movimento segundo 
Aristóteles.
Exemplificando: 
A semente da laranja está em ato, com potência para ser 
uma árvore. Quando se torna árvore é árvore em ato, com 
potência para dar frutos, a laranja. A laranja é laranja em 
ato, com potência para se tornar suco.
Para Aristóteles este movimento Ato-Potência é um 
movimento natural. E o caminho do entendimento vai do 
simples ao complexo. Diante disso nos perguntamos: Para 
onde todas as coisas tendem?
A partir desta indagação, Aristóteles cria a compreensão 
da divindade como motor imóvel, ato puro que atrai todas 
as coisas, pois as coisas tendem para o mais complexo. O 
Ato Puro não se relaciona com o mundo. Deus, de acordo 
com esse pensamento, nem sequer conhece o mundo, uma 
vez que o conhecer é movimento, é atualização de uma 
potência, e a divindade, sendo perfeita, é ato puro. 
Para Aristóteles tudo que se move se move para o Motor 
Imóvel que é o Ato Puro. Tudo tende em direção ao Bem 
que é o Motor Imóvel. O Bem é como a força que move o 
Universo.
Ética e política
“Toda arte e toda investigação, assim como toda ação e 
toda escolha, tem em mira um bem qualquer; por isso foi dito, 
com muito acerto, que o Bem é aquilo a que todas as coisas 
tendem” 
(ARISTÓTELES. Os Pensadores. Ed Abril Cultural. São Paulo.1973. 1094 a, pag 249)
O trecho acima se refere às primeiras linhas da obra 
“Ética Nicômaco” de Aristóteles, no qual ele afirma que 
todas as coisas tendem em direção ao Bem.
Para Aristóteles o sentido da Ética é a Felicidade, e para 
encontrar a felicidade é preciso viver bem, logo existe uma 
intrínseca relação entre ética e bem. Aristóteles mostra, 
na obra “Ética Nicômaco” como viver bem, como buscar o 
bem. Acredita que a Política compreende melhor o que é 
felicidade, pois o homem só consegue realizar sua natureza 
na comunidade política. 
Para Aristóteles, para todas as coisas que fazemos existe 
um fim, evidentemente tal fim será o bem. A partir do 
momento que o ser humano percebe que o fim último é o 
bem, fica mais fácil alcança-lo.
O estudo do bem pertence, segundo o filósofo, à arte 
mestra, que para ele é a Política. A finalidade da política é o 
Bem Humano. O bem mais belo e mais divino é o alcançado 
por todos os membros da sociedade, e não apenas pelo 
individuo, pois “o homem é um animal Político”. E aquele 
que conhece o Bem fará o bem, pois é um bom juiz do 
assunto, e a ciência Política investiga as ações belas e justas. 
Aristóteles nos apresenta a virtude como o justo meio, a 
virtude é um ponto intermediário entre dois extremos. 
Sendo o Bem para onde tudo tende, acredita-se que 
é a finalidade das coisas. Para Aristóteles, o sumo Bem é 
um fim absoluto. Absoluto é aquilo que é desejável em si 
mesmo, e nunca no interesse de outra coisa. E a felicidade é 
absoluta, ela é sempre procurada em si mesma, nunca com 
vista em outra coisa. Em si mesma significa não esperar um 
resultado. Ou seja, se o homem tivesse uma função, ela 
seria fazer o BEM. 
ExErCÍCiOs 
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor conjunto 
de normas e naquela dotada de homens absolutamente 
justos, os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho 
trivial ou de negócios — esses tipos de vida são desprezíveis 
e incompatíveis com as qualidades morais —, tampouco 
devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o 
lazer é indispensável ao desenvolvimento das qualidades 
morais e à prática das atividades políticas”. 
VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado . São Paulo: Atual, 
1994. 
O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, 
permite compreender que a cidadania: 
(A) possui uma dimensão histórica que deve ser 
criticada, pois é condenável que os políticos de qualquer 
época fiquem entregues à ociosidade, enquanto o resto 
dos cidadãos tem de trabalhar.
(B) era entendida como uma dignidade própria dos 
grupos sociais superiores, fruto de uma concepção política 
profundamente hierarquizada da sociedade.
(C) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção 
política democrática,que levava todos os habitantes da 
pólis a participarem da vida cívica.
(D) tinha profundas conexões com a justiça, razão pela 
qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado às 
atividades vinculadas aos tribunais.
(E) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles 
que se dedicavam à política e que tinham tempo para 
resolver os problemas da cidade.
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
No que se refere à Filosofia Política, Aristóteles considera 
que só o homem é um animal político, porque somente 
ele é dotado de linguagem na forma de palavra (lógos) e 
com ela pode exprimir o bem e o mal, o justo e o injusto. O 
fato de os homens poderem estabelecer em comum esses 
valores é o que torna possível a vida social e política. 
Sobre o contexto político do autor mencionado acima, 
Assinale o que for incorreto.
filosofia capítulo 11 - aRistÓtElEs 
44
(A) A obra filosófica de Platão é isenta de qualquer mito, 
é o que permite caracterizá-la como sendo absolutamente 
racionalista.
(B) A retórica é a arte da eloquência, de bem falar e 
argumentar. Foi utilizada na Antiguidade Clássica como um 
dos principais recursos da política.
(C) Os sofistas desenvolveram e ensinaram a retórica 
como instrumentalização da linguagem cujo objetivo 
era torná-la uma estratégia para vencer adversários nos 
embates políticos.
(D) Para os gregos antigos, a palavra mito (mythos) 
significa narrativa, é a palavra que narra a origem dos 
deuses, do mundo, dos homens, da comunidade humana 
e da vida do grupo social.
(E) A linguagem para os gregos antigos tem duas formas 
de expressão: o mythos e o lógos. O mythos desenvolve a 
palavra mágica e encantatória; o lógos, a linguagem como 
poder de conhecimento racional.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 “No ethos (ética), está presente a razão profunda da 
physis (natureza) que se manifesta no finalismo do bem. Por 
outro lado, ele rompe a sucessão do mesmo que caracteriza 
a physis como domínio da necessidade, com o advento 
do diferente no espaço da liberdade aberto pela práxis. 
Embora, enquanto autodeterminação da práxis, o ethos se 
eleve sobre a physis, ele reinstaura, de alguma maneira, a 
necessidade de a natureza fixar-se na constância do hábito. 
(Adaptado de: VAZ, Henrique C. Lima. Escritos de Filosofia II. Ética e Cultura. 3ª 
edição. São Paulo: Loyola. Coleção Filosofia - 8, 2000, p.11-12.)
A partir do texto, é correto afirmar que a noção de 
physis, tal como empregada por Aristóteles, compreende: 
(A) A disposição da ação humana, que ordena a natureza.   
(B) A finalidade ordenadora, que é inerente à própria 
natureza.   
(C) A ordem da natureza, que determina o hábito das 
ações humanas.   
(D) A origem da virtude articulada, segundo a 
necessidade da natureza.   
(E) A razão matemática, que assegura ordem à natureza.   
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Em primeiro lugar, é claro que, com a expressão “ser 
segundo a potência e o ato”, indicam-se dois modos de ser 
muito diferentes e, em certo sentido, opostos. Aristóteles, 
de fato, chama o ser da potência até mesmo de não-ser, 
no sentido de que, com relação ao ser-em-ato, o ser-em-
potência é não-ser-em-ato. 
REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. Vol. II. Trad. de Henrique Cláudio 
de Lima Vaz e Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 1994, p. 349.
A partir da leitura do trecho acima e em conformidade 
com a Teoria do Ato e Potência de Aristóteles, assinale a 
alternativa correta. 
(A) Para Aristóteles, ser-em-ato é o ser em sua capacidade 
de se transformar em algo diferente dele mesmo, como, 
por exemplo, o mármore que é um ser-em-ato, em relação 
à estátua um ser-em-potência.   
(B) Para Aristóteles, ser-em-potência é o ser em sua 
capacidade de se transformar em algo diferente dele 
mesmo, como, por exemplo, a árvore (ser-em-ato) em 
relação à cadeira que é ser-em-potência, e nunca se tornará 
ato.   
(C) Para Aristóteles, a bem da verdade, existe apenas o 
ser-em-ato. Isto ocorre porque o movimento verificado no 
mundo material é apenas ilusório, e o que existe é sempre 
imutável e imóvel.   
(D) Segundo Aristóteles, o ato é próprio do mundo 
sensível (das coisas materiais) e a potência se encontra tão-
somente no mundo inteligível, apreendido apenas com o 
intelecto.   
(E) Segundo Aristóteles, a teoria do ato e potência 
explica o movimento percebido no mundo sensível. Tudo 
o que possui matéria possui potencialidade (capacidade de 
assumir ou receber uma forma diferente de si), que tende a 
se atualizar (assumindo ou recebendo aquela forma).   
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Aristóteles afirma que a justiça é “uma virtude completa, 
porém não em absoluto e sim em relação ao nosso próximo” 
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 332.
De acordo com essa caracterização, é correto dizer que 
a função própria e universal atribuída à justiça, no estado 
de direito, é 
(A) conceber e aplicar, de forma incondicional, ideias 
racionais com poder normativo positivo e irrestrito.   
(B) instituir um ideal de liberdade moral que não existiria 
se não fossem os mecanismos contidos nos sistemas 
jurídicos.   
(C) estabelecer a regência na relação mútua entre os 
homens, na medida em que isso seja possível por meio de 
leis.   
(D) promover, por meio de leis gerais, a reciprocidade 
entre as necessidades do Estado e as de cada cidadão 
individualmente.   
(E) determinar, para as relações sociais, critérios legais 
tão universais e independentes que possam valer por si 
mesmos.   
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais 
aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem 
estar separados como na inscrição existente em Delfos “das 
coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; 
porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos estes 
atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e 
entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade. 
ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. Das Letras, 2010.
filosofia capítulo 11 - aRistÓtElEs 
45
Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais 
excelentes atributos, Aristóteles a identifica como:
(A) busca por bens materiais e títulos de nobreza.
(B) plenitude espiritual e ascese pessoal.
(C) finalidade das ações e condutas humanas.
(D) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.
(E) expressão do sucesso individual e reconhecimento 
público.
QUESTÃO 7 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Texto I 
Olhamos o homem alheio às atividades públicas não 
como alguém que cuida apenas de seus próprios interesses, 
mas como um inútil; nós, cidadãos atenienses, decidimos 
as questões públicas por nós mesmos na crença de que 
não é o debate que é empecilho à ação, e sim o fato de não 
se estar esclarecido pelo debate antes de chegar a hora da 
ação. 
TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. 
Brasília: UnB, 1987 (adaptado). 
Texto II 
Um cidadão integral pode ser definido por nada mais 
nada menos que pelo direito de administrar justiça e 
exercer função públicas; algumas destas, todavia, são 
limitadas quanto ao tempo de exercício, de tal modo que 
não podem de forma alguma ser exercidas duas vezes pela 
mesma pessoa, ou somente podem sê-lo depois de certos 
intervalos de tempo prefixados. 
ARISTÓTELES. Política. Brasilía: UnB, 1985.
Comparando os textos I e II, tanto para Tucídides (no 
século V a.C.) quanto para Aristóteles (no século IV a.C.), a 
cidadania era definida pelo(a):
(A) Prestígio social. 
(B) Acúmulo de riqueza. 
(C) Participação política. 
(D) Local de nascimento. 
(E) Grupo de parentesco.
GABARItO
ExErCÍCiOs
01. B 02. A 03. B 04. E
05. C 06. C 07. C
ANOtAÇÕES
46
FILOSOFIA
O HELENISMO
Esse capítulo tem como objetivo explicar o inícioda 
difusão do pensamento grego pelo Ocidente e Oriente. 
É devido a esse momento histórico que nós estamos hoje 
estudando a Filosofia. O período Helenístico é o momento 
em que a cultura dos gregos que espalha pelo mundo.
O período Helenístico
O período denominado Helenístico marca o fim da 
Filosofia Clássica, que é a base da Filosofia Europeia:
— Sócrates
— Platão
— Aristóteles
Os gregos se autodenominam Helenos. Heleno foi 
um personagem da mitologia grega (grego em grego: 
Ελληνικά, Elliniká - heleno). Se fosse possível resumir o 
Helenismo, seria: período em que a cultura dos gregos é 
disseminada pelo mundo antigo. Neste momento a pólis 
grega como centro político perde sua hegemonia, pois a 
Grécia é invadida, primeiramente pelo Império Macedônio, 
e posteriormente pelo Império Romano. 
Os questionamentos levantados pelos filósofos 
clássicos tiveram continuidade durante este período, com 
ênfase nas discussões sobre a ética.
Ao perder a referência da pólis, os filósofos dizem que são 
cidadãos do mundo, e que agora o mundo é a sua cidade, 
pois estavam vivendo num contexto político imperial, 
no qual o mundo ocidental e oriental se encontrava sob 
o mesmo poderio. Este período também é chamado de 
cosmopolita. 
Tal período teve início com Alexandre, o Grande, rei 
da Macedônia. Alexandre foi aluno de Aristóteles, ambos 
admiradores da cultura grega. Alexandre levou a cultura 
grega por todos os cantos que conquistou, seus soldados 
se encarregaram desta missão ao se casarem com mulheres 
de outras culturas, a fim de criar laços que impossibilitariam 
revoltas contra o Império que se formava. 
Alexandre uniu à civilização Grega do Egito até a Índia. 
O centro cultural do helenismo passou a ser Alexandria, 
situada no Egito. Este momento marcou uma nova fase da 
história das civilizações antigas. Este período durou cerca 
de 300 anos, sendo marcado, portanto, pela centralidade 
das discussões acerca da ética, por significativas teorizações 
sobre a natureza, em um momento de crescente 
desagregação da pólis grega.
Contexto
— Aristóteles morreu em 322, período em que Atenas 
já havia perdido a sua posição hegemônica, devido à 
conquista de Alexandre Magno (356-323 a.C).
— Helenismo (de Alexandre até por volta do ano 50 
a.C): período de expansão da cultura grega. 
— A partir do ano 50 a.C, aproximadamente, Roma passou 
a assumir o predomínio militar.
— Foi um período de mistura de diferentes culturas: 
gregos, egípcios, romanos, babilônios, sírios e persas. 
— Mistura de concepções: religiosas, filosóficas e 
científicas.
— Usavam a mesma moeda.
— Falavam a mesma língua, o grego.
— Foi a primeira “globalização”.
CAPÍTULO 12 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • O HELENISMO
filosofiacapítulo 12 - o HElENisMo
47
Alexandria
— Era o ponto de encontro entre o Oriente e o Ocidente. 
Transformou-se na metrópole do conhecimento. 
— Alexandria possuía uma biblioteca com um acervo 
superior a 500 mil obras, o que era monumental para o 
período.
— A cidade passou a ser o centro da matemática, 
astronomia, biologia e medicina.
A Filosofia no período helenístico.
A Filosofia do helenismo continuou a investigar os 
problemas levantados por Sócrates, Platão e Aristóteles.
Questionamentos: Como seria a melhor maneira de 
viver e de morrer. Em que consistia a verdadeira felicidade 
e como ela podia ser alcançada? 
Resumindo as principais escolas do helenismo
Cínicos
A filosofia cínica foi fundada em Atenas por Antístenes 
por volta de 400 a.C.
Para os cínicos a verdadeira felicidade não depende 
de fatores externos como o luxo, o poder político e a boa 
saúde.
Para eles a verdadeira felicidade consistia em se libertar 
dessas coisas efêmeras.
A felicidade estava naquilo que poderia ser alcançado 
por todos. 
Diógenes: vivia dentro de um barril, só possuía uma 
túnica, um cajado e um embornal de pão. Para eles nós 
não deveríamos nos preocupar com a saúde, nem mesmo 
com o sofrimento e a morte. 
Estoicos
Os estoicos foram influenciados pelos cínicos, esta 
escola surgiu em Atenas por volta de 300a.C, fundada por 
Zenão (nascido na ilha de Chipre, por volta 333/332a.C). 
Considerava a filosofia como “arte de bem viver”. 
Os estóicos tinham uma fé materialista e negavam a 
transcendência, acreditando que virtuoso e feliz é o homem 
que vive de acordo com a natureza e a razão. 
Para eles cada pessoa era um mundo em miniatura, um 
microcosmo que era reflexo do macrocosmo. Acreditavam 
na ideia de um cosmo harmonioso governado por uma 
razão universal.
Defendiam o “Direito natural: válidos para todos, até 
mesmo para os escravos”. 
Para eles não havia diferença entre o homem e o 
universo. Também não havia diferença entre corpo e alma. 
Eram mais abertos à cultura contemporânea que os cínicos. 
Interessavam-se pela política.
Romanos que foram influenciados pelos estóicos 
gregos: 
O Imperador romano Marco Aurélio (121-180d.C);
Cícero (106-43a.C) cria o conceito de humanismo;
Sêneca (4a.C- 65d.C) sendo um estóico escreveu “para a 
humanidade, a humanidade é sagrada”.
Para os pensadores desta escola, existem leis naturais 
e os homens precisam saber encará-las e aceita-las: a 
enfermidade e a morte faziam parte da vida, assim como as 
coisas felizes. O ser humano precisa aceitar o destino.
Epicurismo
Epicuro nasceu em Samos em 341 a.C. 
Enquanto os cínicos e estóicos queriam suportar todas 
as formas de dor e sofrimento, os epicureus queriam afastar-
se de toda dor e sofrimento. Para eles o bem supremo era o 
prazer, e o verdadeiro prazer era a ausência de sofrimentos.
Ceticismo
Os céticos acreditavam que não podemos conhecer a 
verdade. Tudo o que temos são ideias que podem ou não 
ser verdadeiras, por isso nossas sensações não são nem 
verdadeiras nem falsas, nada se deve afirmar com certeza 
absoluta. A partir do momento em que compreendemos 
isso encontramos a paz e a tranquilidade da alma.
O primeiro filósofo totalmente cético foi Pirro de Élis, 
que ensinou que não há nada de que possamos estar 
seguros, pois todas as opiniões são igualmente válidas. 
O ceticismo pretende ajudar as pessoas a se 
acostumarem com o fato de que muito do que acontece 
está além do nosso controle. Ao percebemos que na vida 
nada é garantido, aceitamos mais facilmente a vida e nos 
libertamos das expectativas em relação às coisas. 
O ceticismo sustenta a impossibilidade de chegar a um 
juízo universal e indiscutível, dada a universal incerteza que 
envolve a natureza do mundo e do homem. Sendo assim, é 
impossível conhecer a verdade.
Neoplatonismo
“Influenciado pelos sincretismos religiosos, que se 
tornaram bastante comuns a partir do século I d.C., 
o neoplatonismo surgiu no Egito (especificamente 
em Alexandria) como um sincretismo filosófico. Este 
pensamento filosófico propunha uma nova abordagem 
das doutrinas de Platão, indo de encontro com algumas 
concepções aristotélicas, tradições herméticas e 
sincretismos helenísticos.”
filosofia capítulo 12 - o HElENisMo
48
ExErCÍCiOs
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
O Período Helenístico inicia-se com a conquista 
macedônica das cidades-Estado gregas. As correntes 
filosóficas desse período surgem como tentativas de 
remediar os sofrimentos da condição humana individual: 
o epicurismo ensinando que o prazer é o sentido da vida; 
o estoicismo instruindo a suportar com a mesma firmeza 
de caráter os acontecimentos bons ou maus; o ceticismo 
de Pirro orientando a suspender os julgamentos sobre os 
fenômenos. Sobre essas correntes filosóficas, assinale o que 
for incorreto.
(A) Os estóicos, acreditando na idéia de um cosmo 
harmonioso governado por uma razão universal, afirmaram 
que virtuoso e feliz é o homem que vive de acordo com a 
natureza e a razão.
(B) Conforme a moral estóica, nossos juízos e paixões 
dependem apenas dos deuses, e a importância das coisas 
provém da opinião que delastemos.
(C) Para o epicurismo, a felicidade é o prazer, mas o 
verdadeiro prazer é aquele proporcionado pela ausência 
de sofrimentos do corpo e de perturbações da alma.
(D) Para Epicuro, não se deve temer a morte, porque 
nada é para nós enquanto vivemos e, quando ela nos 
sobrevém, somos nós que deixamos de ser.
(E) O ceticismo de Pirro sustentou que, porque todas 
as opiniões são igualmente válidas e nossas sensações 
não são verdadeiras nem falsas, nada se deve afirmar com 
certeza absoluta, e da suspensão do juízo advém a paz e a 
tranquilidade da alma.
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“A ciência helenística obteve grande desenvolvimento. 
Na medicina, iniciou a fisiologia destacando os vasos 
sanguíneos e a circulação sanguínea. Na arte, somente 
os ricos e os soberanos podiam apreciá-la. Apresentava 
formas orientais onde evidenciavam o patético e o teatral 
juntamente com o idealismo clássico.” A literatura helenística 
apresentava muitas obras, mas infelizmente foram perdidas 
restando apenas alguns de seus fragmentos. 
(http://www.historiadomundo.com.br/idade-antiga/helenismo.htm).
O helenismo é um período da história da filosofia que 
se caracteriza pela 
(A) exclusividade que dá à dimensão prática da filosofia, 
em contraposição à dimensão investigativa das filosofias 
platônica e aristotélica. 
(B) importância que confere à lógica, à ética e à 
estética, como investigações necessárias para se alcançar a 
satisfação individual ou felicidade. 
(C) centralidade que atribui à ética, em meio a 
significativas teorizações sobre a natureza, em um 
momento de crescente desagregação da pólis grega. 
(D) valorização do indivíduo e sua ação, em detrimento 
da investigação lógica, fundamental em uma perspectiva 
como a de Aristóteles. 
(E) predominância de sistemas metafísicos voltados 
para a busca do bem comum, em oposição às perspectivas 
epistemológicas de Platão e Aristóteles.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
O filme Alexandre representou a vida do famoso 
imperador da Macedônia que constituiu um grande 
império, incluindo a Grécia, o Egito, a Síria, a Pérsia, indo 
até as fronteiras com a Índia. Alexandre foi educado pelo 
filósofo Aristóteles e o seu registro memorável na História 
deve-se, além de seus feitos militares, à difusão da cultura 
grega nas regiões do Oriente por ele conquistadas. Esse 
processo histórico-cultural, caracterizou-se pelo(a):
(A) formação de uma nova cultura, sem elementos 
culturais gregos nem orientais.
(B) desaparecimento das culturas orientais diante da 
cultura grega ou helênica.
(C) conflito cultural irreconciliável entre a cultura 
grega e as culturas orientais.
(D) desaparecimento da cultura grega diante das 
culturas orientais (persa e egípcia).
(e) constituição de uma cultura diferenciada, com 
elementos gregos e orientais.
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 Apesar de sua diversidade e suas diferenças teóricas, 
todas as escolas do helenismo colocam a ética como a 
parte mais importante da filosofia. Analise as afirmativas 
sobre as concepções éticas dessas escolas: 
(A) para os epicuristas o prazer é o bem ético, por isso 
defendiam o hedonismo radical. 
(B) o cético pirrônico deseja chegar a e permanecer na 
tranquilidade decidindo-se por alguma doutrina específica. 
(C) segundo os epicuristas o filósofo só encontrará a 
felicidade ética se admitir que tudo que ocorre no mundo 
é justo, porquanto se realiza segundo as leis de uma 
divindade racional. 
(D) os estóicos preconizavam que a virtude para chegar 
ao bem ético deveria basear-se nas inclinações e desejos. 
(E) os cínicos eram críticos dos costumes estabelecidos 
porque acreditavam que as cidades existentes afastavam 
os seres humanos da felicidade, que para eles consistia no 
retorno à natureza. 
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
O helenismo foi marcado pelo rompimento de fronteiras 
entre países e culturas. Quanto à religião houve uma 
espécie de sincretismo; na ciência, a mistura de diferentes 
experiências culturais; e a filosofia dos pré-socráticos e 
de Sócrates, Platão e Aristóteles serviu como fonte de 
filosofiacapítulo 12 - o HElENisMo
49
inspiração para diferentes correntes.
O período helenístico foi marcado por grandes 
transformações na civilização grega. Entre suas 
características, podemos destacar:
(A) Um completo afastamento da cultura grega com 
relação às tradições orientais, decorrente, sobretudo, das 
rivalidades com os persas e da postura depreciativa que 
considerava bárbaros todos os povos que não falavam o 
seu idioma.
(B) A manutenção da autonomia das cidades-Estado, 
a essa altura articuladas primeiro na Liga de Delos, sob 
o comando de Atenas e, posteriormente, sob a Liga do 
Peloponeso, liderada por Esparta.
(C) O desenvolvimento de correntes filosóficas que, 
diante do esvaziamento das atividades políticas das 
cidades-Estado, faziam do problema ético o centro de suas 
preocupações visando, principalmente, o aprimoramento 
interior do ser humano.
(D) A difusão da religião islâmica na região da Macedônia, 
terra natal de Felipe II, conquistador das cidades-Estado 
gregas.
(E) O apogeu da cultura helênica representado, 
principalmente, pelo florescimento da filosofia e do teatro 
e o estabelecimento da democracia ateniense.
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros, 
naturais e não necessários; outros, nem naturais nem 
necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos que 
não nos trazem dor se não satisfeitos não são necessários, 
mas o seu impulso pode ser facilmente desfeito, quando é 
difícil obter sua satisfação ou parecem ferradores de dano. 
(EPICURO DE SAMOS. Doutrinas principais, In SANSON, V. F..Textos de filosofia. 
Rio de janeiro. Eduff, 1974.
No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem 
tem como fim:
(A ) Alcançar o prazer moderado e a felicidade
(B) Valorizar os deveres e as obrigações sociais.
(C) Aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com 
resignação.
(D) Refletir sobre os valores e as normas dadas pela 
divindade.
(E) Defender a indiferença e a impossibilidade de se 
atingir o saber.
GABARItO
ExErCÍCiOs
01. B 02. C 03. E 04. E 05. C 06. A
ANOtAÇÕES
50
FILOSOFIA MEDIEVAL: SANtO AGOStINHO E tOMÁS 
DE AQUINO
Esse capítulo estudará a influência da filosofia grega 
no mundo cristão e a influência do mundo cristão na 
filosofia Ocidental. Estudaremos os principais filósofos 
do mundo medieval europeu.
O Imaginário Medieval
O tempo dos vivos sempre foi descrito como mais breve 
que um piscar de olhos, o que importava era a hora da 
morte, ou seja, a travessia para o outro mundo. 
No contexto cristão medieval, os vivos se preparavam 
para o que viria adiante. Existia um laço entre os mortos 
e vivos, e o mundo real não era visto como esse no qual 
estamos, mas aquele que existe depois dessa vida. Anjos e 
demônios disputavam constantemente a posse de nossas 
almas. Todos aguardavam ansiosamente pelo dia do juízo 
final, quando as forças do bem e do mal se enfrentariam. 
Ética e pecado
Para o cristianismo, a virtude se define por nossa relação 
com Deus e não com a cidade nem com os outros (concepção 
antiga de ética). Para os cristãos as duas primeiras virtudes 
são: a fé e a caridade. Partindo desta definição, percebemos 
a direta relação entre imoral e pecado, pois o homem moral 
é aquele que deve seguir as leis divinas, se ele não seguir, 
sua ação será em desacordo a norma, uma ação imoral. 
A Igreja Católica
A igreja era a estrutura da sociedade Medieval, ela 
protegia as almas das forças malignas. A busca por deus 
é a essência humana neste período. Sendo assim, onde 
podemos colocar a Filosofia nesta história?
O mundo ocidental era fundamentado no pensamento 
greco-romano quando se deu o nascimento do cristianismono século I d.C. Os apóstolos e os primeiros padres 
precisavam propagar os ensinamentos de Jesus Cristo, mas 
como fazer isso no mundo pagão? 
A patrística
No esforço de alcançar seus objetivos, os apóstolos e os 
primeiros padres da Igreja buscaram conciliar a nova religião 
com o pensamento filosófico dos gregos e romanos, pois 
sem tal conciliação não seria possível converter os pagãos. 
Nasce a chamada filosofia patrística, que tem como 
objetivo a evangelização e defesa da religião cristã 
contra os ataques dos antigos. Para fundamentar o novo 
pensamento, os padres buscaram adaptar a filosofia antiga, 
para que, assim, pudessem usá-la como argumento de 
autoridade.
A Patrística introduziu novas ideias: a criação do mundo 
a partir do nada; Deus como trindade una; pecado original; 
encarnação de Deus e juízo final. 
O grande tema da patrística é a possibilidade e 
impossibilidade de conciliar fé e razão. Nesse período que 
vai do século I ao século VII, a Patrística engendra a filosofia 
cristã. 
A Patrística tem como principal representante Santo 
Agostinho – Aurélio Agostinho De Hipona (354-430). Assim 
como os primeiros padres da Igreja, Santo Agostinho é 
herdeiro da filosofia de Platão, a qual buscou adaptar à fé 
cristã. Para Santo Agostinho a sabedoria perfeita e acabada 
só se daria através da revelação divina, ou seja, a fé é 
revelada por Deus. 
A filosofia de Santo Agostinho é essencialmente uma 
fusão das concepções cristãs com o pensamento platônico. 
Subordinando a razão à fé, Agostinho de Hipona afirma 
existirem verdades superiores e inferiores, sendo as 
primeiras compreendidas a partir da ação de Deus, fazendo 
assim uma analogia ao mundo das ideias da filosofia de 
Platão.
Agostinho formula sua teoria do conhecimento a partir 
da máxima “creio tudo o que entendo, mas nem tudo que 
creio conheço”. A posição do filósofo não impede que 
cada um busque a sabedoria com suas próprias forças; o 
que ainda não é conhecido pode ser revelado mediante a 
consulta da verdade interior.
Apesar de ter sido influenciado pela filosofia de 
Platão, por meio dos escritos de Plotino, o pensamento 
de Agostinho apresenta muitas diferenças se comparado 
ao pensamento de Platão.  Para Platão, por exemplo,  o 
conhecimento é, na verdade, um recordar, a alma reconhece 
as Ideias que ela contemplou antes de nascer; já Agostinho 
diz que o conhecimento é resultado da Iluminação divina. 
A Escolástica
Do século VIII ao século XIV a Igreja Católica dominava 
a Europa, e a partir do século XII surgem as primeiras 
Universidades e escolas onde a filosofia medieval será 
ensinada, por isso esta filosofia é conhecida como 
escolástica. O principal representante desta fase da 
Filosofia Medieval foi Tomás De Aquino (1225-1274), pois 
fez a melhor articulação entre filosofia e cristianismo na 
Filosofia Medieval. 
São Tomás de Aquino retomou o problema mais 
importante da Patrística, a conciliação entre fé e razão. 
Buscou provar racionalmente a existência de Deus com 
base em Aristóteles. São Tomás de Aquino vai de encontro 
com a filosofia de Aristóteles ao conceber o universo como 
uma hierarquia de seres, onde os superiores dominam os 
inferiores. 
Tomás de Aquino desenvolveu uma concepção 
destinada a conciliar fé e razão. Tinha por problema 
fundamental levar o homem a compreender a verdade 
revelada pelo exercício da razão.
CAPÍTULO 13 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • FILOSOFIA MEDIEVAL: SANtO AGOStINHO E tOMÁS DE AQUINO
filosofiacapítulo 13 - filosofia MEDiEVal: saNto aGostiNHo E toMÁs DE aQuiNo
51
ExErCÍCiOs
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 TEXTO I
Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento 
originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que 
outras coisas provêm de sua descedência. Quando o ar 
se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos 
são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar 
por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-se 
em água. A água, quando mais condensada, transforma-
se em terra, e quando condensada ao máximo possível, 
transforma-se em
pedras. BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 
(adaptado).
TEXTO II
Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: 
“Deus, como criador de todas as coisas, está no princípio 
do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos 
apresentam, em face desta concepção, as especulações 
contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se 
origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam 
os Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na 
verdade, dão impressão de quererem ancorar o mundo 
numa teia de aranha.” 
GILSON, E.: BOEHNER, P. Historia da Filosofia Crista. São Paulo: Vozes, 1991 
(adaptado).
Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram 
teses para explicar a origem do universo, a partir de uma 
explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego 
antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na 
sua fundamentação teorias que
(A) eram baseadas nas ciências da natureza.
(B) refutavam as teorias de filósofos da religião.
(C) tinham origem nos mitos das civilizações antigas.
(D) postulavam um princípio originário para o mundo.
(E) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Quando Édipo nasceu, seus pais, Laio e Jocasta, os 
reis de Tebas, foram informados de uma profecia na qual 
o filho mataria o pai e se casaria com a mãe. Para evita-la, 
ordenaram a um criado que matasse o menino. Porém, 
penalizado com a sorte de Édipo, ele o entregou a um casal 
de camponeses que morava longe de Tebas para que o 
criasse. Édipo soube da profecia quando se tornou adulto. 
Saiu então da casa de seus pais para evitar a tragédia. Eis 
que, perambulando pelos caminhos da Grécia, encontrou-
se com Laio e seu séquito, que, insolentemente, ordenou 
que saísse da estrada. Édipo reagiu e matou todos os 
integrantes do grupo, sem saber que entre eles estava seu 
verdadeiro pai. Continuou a viagem até chegar a Tebas, 
dominada por uma Esfinge. Ele decifrou o enigma da 
Esfinge, tornou-se rei de Tebas e casou-se com a rainha, 
Jocasta, a mãe que desconhecia.
Disponível em: http://www.culturabrasil.org. Acesso em 28 ago. 2010 (adaptado).
No mito Édipo Rei, são dignos de destaque os temas do 
destino e do determinismo. Ambos são características do 
mito grego e abordam a relação entre liberdade humana e 
providência divina. A expressão filosófica que toma como 
pressuposta a tese do determinismo é:
(A) “Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu 
tinha de mim mesmo.” Jean Paul Sartre
(B) “Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que 
Deus nela escreva o que quiser.” Santo Agostinho
(C) “Quem não tem medo da vida também não tem 
medo da morte.” Arthur Schopenhauer
(D) “Não me pergunte quem sou eu e não me diga para 
permanecer o mesmo.” Michel Foucault
(E) “O homem, em seu orgulho, criou a Deus a sua 
imagem e semelhança.” Friedrich Nietzsche
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 A arquitetura de uma época aponta não só para um 
determinado estilo artístico, mas também pode indicar 
traços de vida moral e política de um grupo humano. 
As torres das igrejas góticas, por exemplo, mostraram a 
verticalidade na relação entre Deus e o homem, o céu e a 
terra, o superior e o inferior, característica básica da cultura 
medieval. A respeito da concepção de moralidade no 
período medieval, pode-se afirmar que: 
(A) A conduta humana deve se pautar em regras 
derivadas da natureza, ao contexto social em que o sujeito 
vive. 
(B) A razão humana ocupa o lugar central na vida ética 
durante a idade média.
(c) A ética se preocupa, principalmente, com a 
autonomia moral do indivíduo. 
(D) A conduta humana não precisa estar ligada aos 
mandamentos, pois a ética é essencialmente humana, não 
se relaciona com a vida espiritual.
(E) A imoralidadeestá relacionada com a desobediência 
às leis divinas reveladas, está ligada ao pecado.
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 Em sua obra Suma Teológica, Tomás de Aquino escreve:
“Existe algo verdadeiríssimo, ótimo, nobilíssimo e, por 
conseguinte, o ser máximo, pois todas as coisas que são 
verdadeiras ao máximo são os maiores seres (...). O que é 
máximo em algum gênero é causa de tudo o que é daquele 
gênero.” (Tomás de Aquino, Suma teológica, I, q. 2, a. 1) 
“A perfeição do universo requer que haja coisas incorruptíveis 
assim como coisas corruptíveis, portanto, que haja coisas 
que possam deixar de ser boas, o que de fato por vezes 
ocorre.” (Tomás de Aquino, Suma teológica, I, q. 48, a. 2) 
filosofia capítulo 13 - filosofia MEDiEVal: saNto aGostiNHo E toMÁs DE aQuiNo
52
A partir do texto é possível afirmar respectivamente que:
(A) Deus é a causa da existência de todos os seres, assim 
como de toda bondade e qualquer perfeição; e, portanto, o 
mal não pode estar presente nas coisas.
(B) Deus é a causa da existência de todos os seres, assim 
como de toda bondade e qualquer perfeição; e o mal está 
presente nas coisas.
(C) filosoficamente, não se pode provar a existência de 
Deus, mas apenas de um gênero supremo (ser); e não se 
pode concluir pela presença ou não do mal nas coisas.
(D) filosoficamente, não se pode provar a existência de 
Deus, mas apenas dos gêneros relativos às perfeições; e o 
mal está presente nas coisas.
(E) Deus é a causa da existência de todos os seres, mas 
não é possível provar racionalmente tal afirmação. 
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Tomás de Aquino contribuiu para a vida intelectual foi 
a de valorizar a inteligência humana e sua capacidade de 
alcançar a verdade por meio da razão natural, inclusive a 
respeito de certas questões da religião. Discorrendo sobre a 
“possibilidade de descobrir a verdade divina”, ele diz que há 
duas modalidades de verdade acerca de Deus. A primeira 
refere-se a verdades da revelação que a razão humana não 
consegue alcançar, por exemplo, entender como é possível 
Deus ser uno e trino. A segunda modalidade é composta de 
verdades que a razão pode atingir, por exemplo, que Deus 
existe. 
Sendo assim, a afirmativa que melhor expressa o 
pensamento de Tomás de Aquino é: 
(A) A fé é o único meio do ser humano chegar à verdade, 
por isso a razão não é considerada. 
(B) O ser humano só alcança o conhecimento graças à 
revelação da verdade que Deus lhe concede, através da fé. 
(C) A Filosofia é capaz de alcançar todas as verdades 
acerca de Deus. 
(D) Mesmo limitada, a razão humana é capaz de alcançar 
certas verdades. 
(E) Deus é um ser absolutamente misterioso e o ser 
humano não pode 
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim, é preciso 
haver algum dirigente, pelo qual se atinja diretamente 
o devido fim. Com efeito, um navio, que se move para 
diversos lados pelo impulso dos ventos contrários, não 
chegaria ao fim de destino, se por indústria do piloto não 
fosse dirigido ao porto; ora, tem o homem um fim, para o 
qual se ordenam toda a sua vida e ação. Acontece, porém, 
agirem os homens de modos diversos em vista do fim, o 
que a própria diversidade dos esforços e ações humanas 
comprova. Portanto, precisa o homem de um dirigente 
para o fim.
AQUINO, T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei do Chipre. Escritos 
políticos de São Tomás de Aquino. Petrópolis: Vozes, 1995 (adaptado).
No trecho citado, Tomás de Quino justifica a monarquia 
como o regime de governo capaz de
(A) refrear os movimentos religiosos contestatórios.
(B) promover a atuação da sociedade civil na vida 
política.
(C) unir a sociedade tendo em vista a realização do bem 
comum.
(D) reformar a religião por meio do retorno à tradição 
helenística.
(E) dissociar a relação política entre os poderes temporal 
e espiritual.
QUESTÃO 7 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
TEXTO I
Não é possível passar das trevas da ignorância para a luz 
da ciência a não ser lendo, com um amor sempre mais vivo, 
as obras dos Antigos. Ladrem os cães, grunhem os porcos! 
Nem por isso deixarei de ser um seguidor dos Antigos. Para 
eles irão todos os meus cuidados e, todos os dias, a aurora 
me encontrará entregue ao seu estudo.
BLOIS, P. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média: texto e 
testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000.
TEXTO II
A nossa geração tem arraigado o defeito de recusar 
admitir tudo o que parece vir dos modernos. Por isso, 
quando descubro uma ideia pessoal e quero torná-la 
pública, atribuo-a a outrem e declaro: — Foi fulano de tal 
que o disse, não sou eu. E para que acreditem totalmente 
nas minhas opiniões, digo: — O inventor foi fulano de tal, 
não sou eu.
BATH, A. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média: texto e 
testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000.
Nos textos são apresentados pontos de vista distintos 
sobre as mudanças culturais ocorridas no século XII no 
Ocidente. Comparando os textos, os autores discutem o(a)
(A) produção do conhecimento face à manutenção dos 
argumentos de autoridade da Igreja.
(B) caráter dinâmico do pensamento laico frente à 
estagnação dos estudos religiosos.
(C) surgimento do pensamento científico em oposição à 
tradição teológica cristã.
(D) desenvolvimento do racionalismo crítico ao opor fé 
e razão.
(E) construção de um saber teológico científico.
GABARItO
ExErCÍCiOs
01. D 02. B 03. E 04. B
05. D 06. C 07. A
53
FILOSOFIA MODERNA: A REVOLUÇÃO CIENtíFICA
Nesse capítulo estudaremos um novo momento da 
história da filosofia, novas propostas de interpretação 
do mundo: a revolução do pensamento.
(A criação de Adão – Michelangelo – Capela Sistina – Roma – obra de 1508-
1512).
O Renascimento e a Filosofia Moderna
A filosofia Moderna é marcada por uma nova realidade. 
A vida dos homens é mudada significativamente no 
início dos tempos modernos devido à multiplicidade 
de inovações econômicas, sociais, políticas, religiosas e 
culturais. Podemos dizer que a Filosofia Moderna se inicia 
a partir do Renascimento, que marca a transição do mundo 
Medievo para o mundo Moderno. 
Em decorrência de tais mudanças, as bases do 
pensamento filosófico moderno são engendradas, 
nascendo progressivamente o homem individual, 
autônomo e consciente de si, e que começa a pôr a sua 
razão e as suas capacidades intelectuais a serviço de uma 
nova compreensão e transformação do mundo. É por isso 
que a filosofia predominante no Renascimento é uma 
filosofia humanista: o homem olhando para si mesmo.
O movimento de ideias, conhecido pelo nome de 
Renascença é marcado pela admiração à antiguidade 
clássica, dita pagã. A Filosofia deste período apresenta-se 
como uma reação as tendências medievais. Outras Obras 
de Platão e de Aristóteles são descobertas, obras que eram 
desconhecidas na Idade Média.
No fim do século XVI, a especulação filosófica levava 
o mundo Ocidental para uma reforma. No campo dos 
estudos experimentais Copérnico, Kepler, Newton, Torricelli 
e, sobretudo, Galileu levaram a ciência pelo caminho que 
conhecemos hoje. 
No campo especulativo, Bacon (empirista) e Descartes 
(racionalista), com seus métodos científicos diferentes, 
inauguraram uma nova teoria do conhecimento, marcando 
assim uma nova fase no mundo Europeu. Vale ressaltar aqui 
que essa confiança do homem em si mesmo resultou em 
transformações irreversíveis para a humanidade, como as 
Grandes Navegações e a Reforma Religiosa.
O pensamento naturalista e humanista
Esse pensamento naturalista e humanista da Renascença 
é uma mistura do novo e do antigo, do paganismo e do 
cristianismo. O humanismo é a tentativa de compreender o 
homem inserido na natureza e na história. O homem passa 
a ocupar o lugar central na natureza, e assume o papel de 
dominador dela. Neste contexto existe o predomínio da 
razão sobre a fé.No humanismo o homem se sente livre por buscar sua 
individualidade e com a negação da superioridade da vida 
contemplativa sobre a vida ativa. Vive-se um momento de 
afirmação da importância das leis, da ciência e da ética em 
detrimento da tão consagrada metafísica. É uma relação 
entre homem e natureza, entre ciência e arte, e o homem 
passa a valorizar a experiência e a observação sobre o 
mundo, a fim de dominá-lo. 
A criação de Adão – Michelangelo – Capela Sistina.
A Revolução Científica
 A Revolução Científica marca uma nova visão do 
mundo, ou seja, nasce um novo mundo. Tradicionalmente 
denomina-se Revolução Científica o período, entre os anos 
de 1550 e 1700, no qual ocorreram mudanças históricas na 
forma do pensamento Europeu. Acredita-se que ela teve 
início com Nicolau Copérnico (1473-1543), que propôs o 
modelo heliocêntrico, e terminou com Issac Newton (1642-
1727), que formulou Leis universais da natureza e foi um 
dos fundadores do Cálculo.
Desde o período medieval até por volta do século XVII, 
a maioria estudiosos eram clérigos ou trabalhavam em 
instituições controladas pela Igreja, apenas alguns queriam 
e conseguiam separar os seus estudos científicos da então 
Instituição consagrada. 
Já no começo do período Moderno, surgiram outras 
fontes de interesse e de financiamento para pesquisas. Uma 
dessas correntes estava associada à cortes reais. Alguns Reis 
passaram a patrocinar matemáticos, astrônomos, os que 
viriam a ser chamados de cientistas; isso foi fundamental 
para o surgimento de um mundo científico.
Com essa revolução, a ciência mudou sua forma e 
sua função, passando a ser repensada a partir da nova 
sociedade que estava surgindo. Os objetivos da ciência 
acabaram sendo redirecionados para uma era livre das 
influências religiosa e metafísica da idade média.
ExErCÍCiOs
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Acompanhando a intenção da burguesia renascentista 
de ampliar seu domínio sobre a natureza e sobre o espaço 
geográfico, através da pesquisa científica e da invenção 
tecnológica, os cientistas também iriam se atirar nessa 
CApítULO 14 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • FILOSOFIA MODERNA: A REVOLUÇÃO CIENtíFICA
filosofia Capítulo 14 -filosofia MoDERNa: a REVoluÇÃo CiENtífiCa
54
aventura, tentando conquistar a forma, o movimento, o 
espaço, a luz, a cor e mesmo a expressão e o sentimento. 
(SEVCENKO, N. O Renascimento. Campinas: Unicamp, 1984).
 O texto apresenta um espírito de época que afetou 
também a produção artística, marcada pela constante 
relação entre
(A) fé e misticismo.
(B) ciência e arte.
(C) cultura e comércio.
(D) política e economia.
(E) astronomia e religião.
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“(...) Depois de longas investigações, convenci-me por 
fim de que o Sol é uma estrela fixa rodeada de planetas 
que giram em volta dela e de que ela é o centro e a chama. 
Que, além dos planetas principais, há outros de segunda 
ordem que circulam primeiro como satélites em redor dos 
planetas principais e com estes em redor do Sol. (...) Não 
duvido de que os matemáticos sejam da minha opinião, se 
quiserem dar-se ao trabalho de tomar conhecimento, não 
superficialmente, mas duma maneira aprofundada, das 
demonstrações que darei nesta obra. Se alguns homens 
ligeiros e ignorantes quiserem cometer contra mim o 
abuso de invocar alguns passos da Escritura (sagrada), 
a que torçam o sentido, desprezarei os seus ataques: as 
verdades matemáticas não devem ser julgadas senão por 
matemáticos.” 
(COPÉRNICO, N. De Revolutionibus orbium caelestium). 
“Aqueles que se entregam à prática sem ciência são 
como o navegador que embarca em um navio sem leme 
nem bússola. Sempre a prática deve fundamentar-se 
em boa teoria. Antes de fazer de um caso uma regra 
geral, experimente-o duas ou três vezes e verifique se as 
experiências produzem os mesmos efeitos. Nenhuma 
investigação humana pode se considerar verdadeira 
ciência se não passa por demonstrações matemáticas.” 
(VINCI, Leonardo da. Carnets). O aspecto a ser ressaltado 
em ambos os textos para exemplificar o racionalismo 
moderno é
(A) a fé como guia das descobertas.
(B) o senso crítico para se chegar a Deus.
(C) a limitação da ciência pelos princípios bíblicos.
(D) a importância da experiência e da observação.
(E) o princípio da autoridade e da tradição.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 O Renascimento, enquanto fenômeno cultural 
observado na Europa Ocidental no início da Idade 
Moderna, encontra-se inserido no processo de transição do 
feudalismo para o capitalismo, expressando o pensamento 
e a visão de mundos próprios de uma sociedade mercantil 
e, portanto, mais aberta e dinâmica. Manifestando-se 
principalmente através das artes e da filosofia, o movimento 
renascentista tinha como eixo
(A) a sabedoria popular e o domínio da maioria, como 
mecanismo de combate ao poder aristocrático e de 
oposição aos novos segmentos sociais em ascensão.
(B) a oposição a todas as religiões organizadas, pois 
os princípios religiosos impediam a liberdade de opinião 
e tornavam o homem alienado. A igualdade jurídica de 
todos os indivíduos, suprimindo-se os privilégios de classe 
e equiparando os direitos e obrigações dos cidadãos.
(C) a liberdade de trabalho inerente a qualquer pessoa, 
como instrumento capaz de possibilitar a criação e o 
crescimento do ser humano, sendo necessário abolir as 
corporações de ofício.
(D) a valorização do homem por sua razão e por suas 
criações, difundindo a confiança nas potencialidades 
humanas e superando o misticismo dominante no período 
medieval.
(E) o Racionalismo e o Geocentrismo (convicção de 
que tudo pode ser explicado pela razão e pela ciência; 
concepção de que a Terra é o centro do universo).
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 O Renascimento, amplo movimento artístico, literário e 
científico, expandiu-se da Península Itálica por quase toda 
a Europa, provocando transformações na sociedade. Sobre 
o tema, é correto afirmar que:
(A) o racionalismo renascentista reforçou o princípio da 
autoridade da ciência teológica e da tradição medieval.
(B) houve o resgate, pelos intelectuais renascentistas, 
dos ideais medievais ligados aos dogmas do catolicismo, 
sobretudo da concepção teocêntrica de mundo.
(C) nesse período, reafirmou-se a ideia de homem 
cidadão, que terminou por enfraquecer os sentimentos de 
identidade nacional e cultural, os quais contribuíram para o 
fim das monarquias absolutas.
(D) o humanismo pregou a determinação das ações 
humanas pelo divino e negou que o homem tivesse a 
capacidade de agir sobre o mundo, transformando-o de 
acordo com sua vontade e interesse.
(E) os estudiosos do período buscaram apoio no método 
experimental e na reflexão racional, valorizando a natureza 
e o ser humano.
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 De uma forma inteiramente inédita, os humanistas, 
entre os séculos XV e XVI, criaram uma nova forma de 
entender a realidade. Magia e ciência, poesia e filosofia 
misturavam-se e auxiliavam-se, numa sociedade 
atravessada por inquietações religiosas e por exigências 
práticas de todo gênero. 
(Adaptado de Eugenio Garin, Ciência e vida civil no Renascimento italiano. São 
Paulo: Ed. Unesp, 1994, p. 11.) 
filosofia Capítulo 14 -filosofia MoDERNa: a REVoluÇÃo CiENtífiCa
55
Sobre o tema, é correto afirmar que: 
(A) O pensamento humanista implicava a total recusa 
da existência de Deus nas artes e na ciência, o que libertava 
o homem para conhecer a natureza e a sociedade. 
(B) A mistura de conhecimentos das mais diferentes 
origens - como a magia e a ciência - levou a uma 
instabilidade imprevisível, que lançou a Europa numa onda 
de obscurantismo que apenas o Iluminismo pôde reverter. 
(C) As transformações artísticas e políticas do 
Renascimento incluíram a inspiraçãonos ideais da 
Antiguidade Clássica na pintura, na arquitetura e na 
escultura. 
(D) As inquietações religiosas vividas principalmente ao 
longo do século XVI culminaram nas Reformas Calvinista, 
Luterana, Anglicana e finalmente no movimento da 
Contrarreforma, que defendeu a fé protestante contra seus 
inimigos.
(E) As inquietações religiosas vividas principalmente ao 
longo do século XII culminaram no movimento filosófico 
denominado Iluminismo.
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A filosofia encontra-se escrita neste grande livro que 
continuamente se abre perante nossos olhos (isto é, o 
universo), que não se pode compreender antes de entender 
a língua e conhecer os caracteres com os quais está escrito. 
Ele está escrito em língua matemática, os caracteres são 
triângulos, circunferências e outras figuras geométricas, 
sem cujos meios é impossível entender humanamente 
as palavras; sem eles, vagamos perdidos dentro de um 
obscuro labirinto.
 GALILEI, G. O ensaiador. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978. 
No contexto da Revolução Científica do século XVII, 
assumir a posição de Galileu Significava defender a 
(A) Continuidade do vínculo entre ciência e fá dominante 
na Idade Média. 
(B) Necessidade de o estudo linguístico ser 
acompanhado do exame matemático. 
(C) Oposição da nova física quantitativa aos pressupostos 
da filosofia escolástica. 
(D) Importância da independência da investigação 
cientifica pretendida pela Igreja. 
(E) Inadequação da matemática para elaborar uma 
explicação racional da natureza.
GABARItO
ExErCÍCiOs
01. B 02. D 03. D 04. E 05. C 06. C
ANOtAÇÕES
56
MAQUIAVEL E A FILOSOFIA pOLítICA
Esse capítulo dará início à filosofia política, trata-se 
de um momento fundamental para a filosofia ocidental. 
Maquiavel nos apresenta uma interpretação realista 
acerca da relação entre política e ética.
Nicolau Maquiavel: o representante do novo
 Na Idade Média a contemplação estava acima da 
ação. A partirdo Renascimento, os pensadores dão um 
maior valor à ação do homem. É o momento do elogio do 
homem e de um olhar para suas potencialidades que haviam 
sido deixadas de lado. A política ganha outra perspectiva, 
agora passa a ser fruto exclusivamente humano. 
O homem moderno se afasta da providência divina, 
da ideia de que os acontecimentos humanos são geridos 
por deus. O homem pensa em como lidar com todas as 
possibilidades em aberto. 
Vale salientar que não há um anti-cristianismo, mas 
um movimento de laicização. Não há uma crítica a Santo 
Agostinho e São Tomás, eles simplesmente são deixados de 
lado. 
Maquiavel (1469-1527) é um herdeiro direto desta 
tradição humanista. Maquiavel percebeu que o que faltava 
nesta guinada – Idade Média/Idade Moderna – era enfrentar 
o problema da política com a sua relação com a ética. 
Maquiavel parte do ponto de separação entre Política 
e Ética, propondo uma filosofia inovadora. Faz uma crítica 
aos utópicos e seu o alvo é Platão, pois este acreditava 
que era possível construir pela razão uma forma ideal de 
governo, a República ideal. 
Para Maquiavel a política deve ser pensada a partir de 
modelos racionais, é preciso pensar a partir da “verdade 
efetiva das coisas”. Ele retira um recurso precioso da politica 
clássica grega que era a ideia de uma república ideal. É uma 
reinvenção do olhar. Além de sua crítica a Platão, Maquiavel 
enfrenta o Humanismo e a Igreja.
Maquiavel deixa a discussão política ainda mais 
complexa, pois a vê com um resgate das possibilidades.
O Realismo político moderno
 Apresentando ao mundo moderno um realismo 
político, em sua obra O Príncipe, Maquiavel expõe conselhos 
políticos de interesse do Estado, buscando explicar não as 
formas ou regimes de governo, mas apenas como surge e 
como se mantém o Estado Moderno. Maquiavel se distancia 
da concepção idealista de Estado, ou seja, de como o Estado 
deveria ser, a fim de explicar como o Estado realmente é.
O príncipe - Capítulo XV 
“Mas, sendo minha intenção escrever algo de útil para 
quem por tal se interesse, pareceu-me mais conveniente ir 
em busca da verdade extraída dos fatos e não à imaginação 
dos mesmos, pois muitos conceberam repúblicas e 
principados jamais vistos ou conhecidos como tendo 
realmente existido. Em verdade, há tanta diferença de como 
se vive e como se deveria viver, que aquele que abandone 
o que se faz por aquilo que se deveria fazer, aprenderá 
antes o caminho de sua ruína do que o de sua preservação, 
eis que um homem que queira em todas as suas palavras 
fazer profissão de bondade, perder-se-á em meio a tantos 
que não são bons. Donde é necessário, a um príncipe que 
queira se manter, aprender a poder não ser bom e usar ou 
não da bondade, segundo a necessidade. Deixando de 
parte, assim, os assuntos relativos a um príncipe imaginário 
e falando daqueles que são verdadeiros, digo que todos 
os homens, máxime os príncipes por situados em posição 
mais preeminente, quando analisados, se fazem notar 
por alguns daqueles atributos que lhes acarretam ou 
reprovação ou louvor.” 
(MAQUIAVEL, O Príncipe).
O filho do seu tempo
Como filho do seu tempo, Maquiavel olha para o 
mundo a partir de um tempo e espaço. O tempo de Nicolau 
Maquiavel é a consolidação do Estado Moderno, o Estado 
Absolutista. O espaço é a Itália fragmentada, que vinha 
perdendo sua hegemonia comercial, pois regiões como 
a de Portugal e Espanha tornaram-se nações unificadas, 
capazes de uma organização que propiciou às Grandes 
Navegações e uma disputa no comércio internacional, 
até então concentrado na Itália e no Mar Mediterrâneo 
(Gênova e Veneza). Além disso, outros países que haviam se 
unificado como a França e Inglaterra também disputavam 
o Novo Mundo.
CApítULO 15 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • MAQUIAVEL E A FILOSOFIA pOLítICA
filosofia Capítulo 15 - MaQuiaVEl E a filosofia polítiCa
57
O objetivo de Maquiavel
 Com o objetivo de contribuir intelectualmente para 
uma Itália unificada, Maquiavel cria o protagonista dessa 
historia: O Príncipe, capaz de promover o Estado forte e 
estável. 
Maquiavel se propõe a analisar as técnicas do poder 
político, com o objetivo de compreender seu funcionamento 
de fato. Diferentemente de Thomas More que pensa em um 
Estado abstrato ideal-utópico, Maquiavel deseja descrever 
como o Estado efetivamente funciona. Seu livro, O Príncipe, 
é uma espécie de manual de governo para se conquistar 
e conservar o Estado, pautado no princípio de que os fins 
justificam os meios. Maquiavel apresenta uma concepção 
naturalista, partindo do pressuposto de que o Estado tem 
origens naturais. 
A separação entre Ética e política
A grande inovação atribuída a Maquiavel foi a separação 
entre ética e política. Para Maquiavel, comandar o Estado só 
é possível se o soberano possuir força e inteligência. Força 
para conquistar o poder; e a inteligência para mantê-lo. 
Filósofos como Platão, Aristóteles, Santo Agostinho 
e Thomas Morus, buscaram fundamentar como deveria 
ser o funcionamento de um Estado ideal. Enquanto que 
Maquiavel procurou desenvolver uma teoria a partir do 
que o Estado era de fato. 
Ao pensar o Estado real, Maquiavel observa que atitudes 
do governante não deveriam ser previstos em nenhuma 
lei ou norma moral; ao contrário, era cada situação que 
determinaria o que seria certo ou errado, moral ou imoral, 
bom ou mal, inaugura, assim, a “moral de circunstância”. 
O Estado é visto pelo filósofo realista como uma criação 
da humanidade, por isso está acima da religião e da moral 
transcendente. Isto implica uma racionalidade estratégica, 
técnica da razão prática, uma política adquire a sua 
própria moral. Com reação à atitude medieval, Maquiavel 
inaugura a ideia moderna de política como categoria e 
disciplina autônoma, como ciência política, no sentido de 
compreensão da origem humana e das formas de poder. 
Segundo Maquiavel, a moral política é marcada pela 
necessidade de atingir seus propósitos. Assim, afunção do 
príncipe é governar e manter a ordem social, esse é o seu 
fim último, e se os fins justificam os meios, qualquer meio 
para manter a ordem é válido. Sendo assim, o Príncipe não 
precisa se preocupar com a imagem que possam formar de 
sua pessoa, como a reputação de cruel. Maquiavel defendia 
o poder absolutista do Estado, com o poder concentrado 
nas mãos do governante.
“O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a 
reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo unido e 
leal. De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais 
clemente do que outros que, por muita piedade, permitem os 
distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo.” 
(MAQUIAVEL, N. O Príncipe.). 
O príncipe deve ser amado ou temido?
Pode-se afirmar que Maquiavel acredita que o 
governante deve ter como propósito a conquista e a 
manutenção do poder, mesmo que as atitudes para tal 
propósito não sejam éticas, pois, para ele, a política não 
depende da ética.
“Daqui nasce um dilema: é melhor ser amado que temido, 
ou o inverso? Respondo que seria preferível ser ambas as 
coisas, mas, como é muito difícil conciliá-las, parece-me muito 
mais seguro ser temido do que amado, se só se puder ser uma 
delas (...).” 
(MAQUIAVEL, N., O Príncipe). 
A justificativa filosófica do Absolutismo
Maquiavel faz a justificativa filosófica do absolutismo, 
para ele era necessária a concentração do poder em uma 
única pessoa. Sua filosofia se consolida na ideia de que 
ética e política são coisas totalmente diferentes. A política 
trabalha com razões diferentes da ética, e tem outros 
princípios. Na política vale tudo para manter a ordem, 
sendo assim, os fins justificam os meios. Para ele o que 
poderia ser moral na vida privada, poder ser fraqueza na 
vida pública e vice-versa; o que poderia ser imoral do ponto 
de vista da ética privada pode ser virtú política. 
Maquiavel é considerado realista por não fazer uma 
filosofia que explica como a sociedade deveria ser, mas por 
se amparar no que ela realmente é: desigual. Não aceita a 
ideia de boa comunidade política constituída para o bem 
comum e a justiça, pois a sociedade é originariamente 
dividida. Para ele a política resulta da ação social a partir 
das divisões sociais. 
Para os pensadores gregos, romanos e cristãos, a 
finalidade da política é a justiça e o bem comum. Já 
Maquiavel acreditava que a finalidade da politica é a tomada 
e manutenção do poder. Para ele o Estado deve estar acima 
dos indivíduos, e o governante não deve deixar-se envolver 
pelas regras morais quando está em jogo a razão do Estado.
Virtude e Fortuna
A oposição fortuna-virtude sempre esteve presente nas 
discussões éticas, mostrando-se inseparável da política. Até 
Maquiavel, o governante virtuoso era aquele cujas virtudes 
o protegiam do poderio da caprichosa inconstante fortuna. 
Maquiavel faz uma transformação sobre tal discussão. Para 
ele, a virtude é a capacidade do príncipe em ser flexível às 
circunstancias, mudando com elas, para agarrar e dominar 
a fortuna.
filosofia Capítulo 15 - MaQuiaVEl E a filosofia polítiCa
58
ExErCÍCiOs
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que 
o que acontece no mundo é decidido por Deus e pelo 
acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido 
às grandes transformações ocorridas, e que ocorrem 
diariamente, as quais escapam à conjectura humana. 
Não obstante, para não ignorar inteiramente o nosso 
livre arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte decida 
metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite 
o controle sobre a outra metade.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).
Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do 
poder em seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra 
o vínculo entre o seu pensamento político e o humanismo 
renascentista ao
(A) valorizar a interferência divina nos acontecimentos 
definidores do seu tempo.
(B) rejeitar a intervenção do acaso nos processos 
políticos.
(C) afirmar a confiança na razão autônoma como 
fundamento da ação humana.
(D) romper com a tradição que valorizava o passado 
como fonte de aprendizagem.
(E) redefinir a ação política com base na unidade entre 
fé e razão. 
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a 
reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo unido 
e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros poderá 
ser mais clemente do que outros que, por muita piedade, 
permitem os distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo. 
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Martin Claret, 2009.
No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão 
sobre a Monarquia e a função do governante.
A manutenção da ordem social, segundo esse autor, 
baseava-se na
(A) inércia do julgamento de crimes polêmicos.
(B) bondade em relação ao comportamento dos 
mercenários.
(C) compaixão quanto à condenação dos servos
(D) neutralidade diante da condenação dos servos.
(E) conveniência entre o poder tirânico e a moral do 
príncipe
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A política foi, inicialmente, a arte de impedir as pessoas 
de se ocuparem do que lhes diz respeito. Posteriormente, 
passou a ser a arte de compelir as pessoas a decidirem 
sobre aquilo de que nada entendem. 
(VALÉRY, P. Cadernos. Apud BENEVIDES, M. V. M. A cidadania ativa. São Paulo: 
Ática, 1996.)
Nessa definição, o autor entende que a história da 
política está dividida em dois momentos principais: um 
primeiro, marcado pelo autoritarismo excludente, e um 
segundo, caracterizado por uma democracia incompleta.
Considerando o texto, qual é o elemento comum a 
esses dois momentos da história política?
(A) A distribuição equilibrada do poder.
(B) O impedimento da participação popular.
(C) O controle das decisões por uma minoria
(D) A valorização das opiniões mais competentes
(E) A sistematização dos processos decisórios.
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 “Sendo, portanto, um príncipe obrigado a bem servir-
se da natureza da besta, deve dela tirar as qualidades da 
raposa e do leão, pois este não tem defesa alguma contra 
os laços, e a raposa, contra os lobos. Precisa, pois, ser 
raposa para conhecer os laços e leão para aterrorizar os 
lobos. Os que se fizeram unicamente de leões não serão 
bem sucedidos. Por isso um príncipe prudente não pode 
nem deve guardar a palavra dada quando isso se lhe 
torne prejudicial e quando as causas que o determinaram 
cessem de existir. Se os homens todos fossem bons, este 
preceito seria mau. Mas dado que são pérfidos e que não 
a observariam a teu respeito, também não és obrigado a 
cumpri-la para com eles.” 
(Maquiavel, O Príncipe. In Os Pensadores, Ed. Abril, São Paulo, 1973, p. 80.) 
Segundo a passagem acima, podemos inferir que:
(a) O leão representa a força que o príncipe deve ter. 
A raposa, por sua vez, representa a astúcia que o príncipe 
deve imprimir às suas ações. 
(B) O príncipe deve agir com a força de uma raposa e a 
astúcia de um leão.
(C) Os homens são bons por natureza e não precisam 
de proteção.
(D) O príncipe deve ser apenas como os leões para ser 
bem sucedido.
(E) O príncipe deve sempre guardar a palavra dada.
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Na obra O Príncipe, Maquiavel defendia o absolutismo 
como forma de consolidar e fortalecer o Estado. Entre seus 
argumentos, destaca-se:
(A) a necessidade de o governante cercar-se de bons 
conselheiros, com os quais dividiria o poder.
(B) a ideia de que somente a lei moral e religiosa limitaria 
os poderes do rei;
(C) a constante utilização da guerra como meio de 
filosofia Capítulo 15 - MaQuiaVEl E a filosofia polítiCa
59
demonstrar a força do Estado;
(D) o reconhecimento de que todos os meios utilizados 
para defender os interesses do governantee do Estado 
seriam justificados;
(E) o princípio da constante mudança das instituições, 
para que elas se adequassem sempre às novas situações.
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que 
temido ou temido que amado. Responde-se que ambas 
as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, 
é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja 
de faltar uma das duas. Porque dos homens que se pode 
dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, 
simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes 
fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os 
bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo 
está longe; mas quando ele chega, revoltam-se. 
MAQUIAVEL, N.O Príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.
A partir da análise histórica do comportamento humano 
em suas relações sociais e políticas, Maquiavel define o 
homem como um ser 
(A) munido de virtude, com disposição nata a praticar o 
bem a si e aos outros.
(B) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para 
alcançar êxito na política.
(C) guiado por interesses, de modo que suas ações são 
imprevisíveis e inconstantes.
(D) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-
social e portando seus direitos naturais.
(E) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas 
com seus pares. 
GABARItO
ExErCÍCiOs
01. C 02. E 03. C 04. A 05. D 06. C
ANOtAÇÕES
60
SOCIOLOGIA
O NASCIMENtO DA SOCIOLOGIA 
Esse capítulo tem como objetivo apresentar a teoria 
de Auguste Comte e a sua contribuição para a ciência da 
Sociedade. Estudaremos o Positivismo e sua influência no 
Brasil Republicano.
Auguste Comte (1798-1857)
“O amor por princípio, a ordem por base, o progresso por 
fim“ (COMTE, Auguste)
Auguste Comte, filósofo francês, inaugura o debate 
sobre um estudo científico da sociedade, pois é o primeiro 
a colocar em pauta a necessidade do surgimento de uma 
ciência que tivesse como objeto de estudo a da sociedade. 
Comte é o primeiro a empregar a palavra sociologia 
quando se referia ao estudo da sociedade, sendo, portanto, 
o pai do termo sociologia, mas não da Sociologia enquanto 
ciência. Foi no final do século XIX, com Émile Durkheim 
que a sociologia se tornou uma ciência.
 Em 1895, Durkheim escreve “Ás regras do método 
sociológico”, no qual delimitou o objeto de estudo, um 
método, e uma proposta de estudo que retornaria para 
sociedade, a fim de tornar a Sociologia uma ciência de 
interesse para mundo social.
Voltando a Auguste Comte, temos que ressaltar que 
a sociologia proposta por ele se tornará um instrumento 
que será utilizado para consolidar a ordem e o progresso 
sociedade.
O positivismo
O século XIX foi marcado por uma racionalização mundo. 
O homem passou a acreditar que poderia dominar a 
natureza, desde que a compreendesse. A ciência é resultado 
de tal vontade dominadora. O desenvolvimento científico 
e a criação de novas técnicas faziam com que o homem 
acreditasse na possibilidade de elaborar mecanismos para 
resolver todos os problemas da humanidade. O mundo 
estava nas mãos dos estudiosos, pensadores e cientistas. 
O positivismo propôs um método para analisar os seres 
humanos na sociedade, que seguiria a mesma lógica das 
ciências exatas. 
A proposta era olhar para o mundo material, o 
mundo real, pois o conhecimento decorre dos dados 
‘positivos’ da experiência, e pesquisador deve estudar o 
que se pode observar. Na medida em que os homens se 
atem aos fatos, ao mundo real, discussões do mundo 
teológico e metafísico devem ser desconsideradas para 
que a sociedade progrida, afinal não é possível verificar 
cientificamente os conhecimentos gerados nestas duas 
esferas de compreensão do mundo. Com isso Auguste 
Comte elabora a teoria dos três estados.
Os três estados
Segundo Comte em sua “Lei dos Três Estados”, o espírito 
humano, em seu esforço para explicar o universo, passa 
sucessivamente por três estados:
— Teológico (tudo é explicado por deuses ou por Deus);
— Metafísico (tudo é explicado num mundo conceitual, 
abstrato, além do mundo físico);
— Positivo (o mundo é explicado através de um 
conhecimento empírico, científico).
para o positivismo só há fatos
O positivismo buscou apresentar uma teoria de estudo 
que estava pautada em um esforço concreto de análise 
científica da sociedade.
Os critérios estabelecidos por esta corrente de 
pensamento eram rígidos e amparados na ideia de que 
toda afirmação e toda lei científica deve ter como ponto de 
partida a observação dos fatos, nas provas recolhidas pelos 
cientistas. O pensamento positivista guiará essa ciência 
que surgirá poucos anos depois: a Sociologia.
O positivismo no Brasil e sua influência na nova 
educação brasileira
No século XIX o Brasil ainda era muito dependente 
do pensamento Europeu. As grandes famílias que 
compunham a elite brasileira enviavam seus filhos para 
CApítULO 16 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • O NASCIMENtO DA SOCIOLOGIA 
sociologiacapítulo 16 - o NasciMENto Da sociologia 
61
Europa para estudarem, a fim de que voltassem prontos 
para assumirem o comando político e econômico no Brasil. 
Este intercâmbio resultava na produção de pensadores que 
reproduziam ideias europeias, sendo assim, o positivismo 
de Comte chega ao Brasil no século XIX, tendo como sua 
máxima na Proclamação da República em 1889.
O grupo social que teve a melhor receptividade das 
ideias de ordem para se alcançar o progresso foram os 
oficiais do exército. A frase ‘ordem e progresso’, que faz parte 
da bandeira brasileira é a maior representação influência 
positivista na política brasileira.
As reformas educacionais, logo no início da República, 
estavam firmemente amparadas no positivismo. A reforma 
educacional buscou uma laicização, a fim de romper com 
o tradicional ensino que ficou por mais de três séculos nas 
mãos dos setores religiosos no Brasil, primeiramente nas 
mãos dos jesuítas e depois nas escolas religiosas.
A Sociologia e a sua vinculação ao poder
Estudar a sociedade passou a ser interessante para os 
governos imperialistas do século XIX. A necessidade de 
ampliação das grandes potências europeias pedia uma 
melhor compreensão de territórios que se revelavam 
estranhos, mas de grande interesse, tais como a África e a 
Ásia. As potências europeias criaram um discurso civilizador 
que tinha em seu âmago o objetivo de moldar esses povos 
de acordo com os padrões europeus de sociedade, para 
que assim pudessem domina-los mais facilmente, eis o 
neocolonialismo.
O projeto civilizador estava pautado na ideia de 
hierarquia dos povos, uns melhores e evoluídos, o 
europeu, outros no “estado primitivo” no qual tais 
povos desconhecidos se encontravam. Os Europeus se 
apresentavam como bons homens que tinham como 
objetivo levar a civilização para os “primitivos”, os que não 
conseguiram se “desenvolver”. 
A fim de alcançar o objetivo de proposto, os 
colonizadores europeus buscaram estudos de cientistas 
e pensadores do século XIX para justificar a atuação das 
potências colonialistas europeias na Ásia e na África.
Partindo do pressuposto que a sociedade evolui, os 
Europeus, os “evoluídos”, buscaram justificar essa teoria 
a partir dos estudos de Charles Darwin, que foi a chave 
encontrada para abrir a porta da dominação europeia. 
O darwinismo social
Charles Darwin (1809-1882) acreditava no princípio 
da seleção natural, que determina quais membros da 
espécie têm mais chance de sobrevivência. Com o passar 
dos séculos, a seleção natural elimina as espécies antigas 
e produz novas e adaptadas. Os homens seriam produtos 
da seleção natural, tendo em vista que muitas especiais de 
animais desapareceram e o homem continua existindo.
A Teoria da Evolução teve consequências revolucionárias, 
e bateu de frente principalmente com as religiões, pois o 
criacionismo foi posto em xeque com debate científico. 
A Sociologia também foi afetada, pois algunspensadores sociais adaptaram os estudos darwinianos à 
discussão social, produzindo teorias que explicariam os 
problemas sociais e as diferenças entre os povos. 
A ideia de que só os mais fortes sobrevivem foram 
tomadas de Darwin para apoiar a defesa que faziam do 
individualismo econômico, da desigualdade social, e a 
dominação de um povo sobre outro.
Com a aplicação da teoria biológica de Darwin na ciência 
social, criou-se uma concepção de sociedade dividida entre 
fortes e fracos, dividida em raças superiores e inferiores, 
teoria que fundamentava o racismo, o nacionalismo, o 
etnocentrismo e principalmente o imperialismo, pois foi 
“provado cientificamente” que o fato dos europeus estarem 
dominando o mundo se dá devido à sua superioridade. 
Este era o discurso europeu no século XIX e que adentrou 
o século XX.
Assim, os primeiros sociólogos, que eram europeus, 
inspiraram-se nessas concepções influenciadas pelo 
darwinismo social para, a partir delas, compreenderem 
a sociedade. No entanto, essa transposição de conceitos 
das ciências físicas e biológicas para a compreensão das 
sociedades e das diferenças entre elas foi alvo de muitas 
críticas de sociólogos e antropólogos do século XX. 
Conforme a ciência da sociedade foi amadurecendo, o 
darwinismo social e o positivismo perderam sua força na 
esfera das discussões sobre a sociedade.
sociologia capítulo 16 - o NasciMENto Da sociologia 
62
ExErCÍCiOs
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Enquanto ciência que se propõe a estudar a sociedade, a 
sociologia nasce no séc. XIX após as revoluções burguesas, 
pensada, inicialmente a partir do positivismo elaborado 
por Augusto Comte. Para Auguste Comte:
(A) que a partir do momento em que os homens pensam 
cientificamente, a atividade principal das coletividades 
passa a ser a luta de classes que leva necessariamente à 
resolução de todos os conflitos. 
(B) a sociedade é regida por leis sociais tal como a 
natureza é regida por leis naturais; as ciências humanas 
devem utilizar os mesmos métodos das ciências naturais e 
a ciência deve ser neutra. 
(C) a sociedade humana atravessa três estágios 
sucessivos de evolução: o metafísico, o empírico e o 
teológico, no qual predomina a religião positivista. 
(D) a sociologia como ciência da sociedade, ao contrário 
das ciências naturais, não pode ser neutra porque tanto 
o sujeito quanto o objeto são sociais e estão envolvidos 
reciprocamente. 
(E) o processo de evolução social ocorre por meio da 
unidade entre ordem e progresso, o que necessariamente 
levaria a uma sociedade comunista. 
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Comte pensava que a organização científica da 
sociedade industrial levaria a atribuir a cada indivíduo um 
lugar proporcional à sua capacidade, realizando-se assim a 
justiça social e o progresso da sociedade.
O lema da bandeira do Brasil, “Ordem e Progresso”, 
indica a forte influência do positivismo na formação política 
do Estado brasileiro.
Qual das sentenças abaixo apresenta ideias contidas 
nesse lema:
(A) Crença na resolução dos conflitos sociais por meio 
do estímulo à coesão social e à evolução natural da nação.
(B) Ideais de movimentos juvenis, que visam superar os 
valores das gerações adultas.
(C) Denúncia dos laços de funcionalidade que unem as 
instituições sociais e garantem os privilégios dos ricos.
(D) Ideal de superação da sociedade burguesa através 
da revolução das classes populares.
(E) Negação da instituição estatal e da harmonia coletiva 
baseada na hierarquia social.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A Sociologia para se afirmar no campo das ciências 
adotou o Positivismo. Assinale a assertiva que melhor 
expressa o sentido do Positivismo sociológico.  Sobre 
o positivismo, como uma das formas de pensamento 
social, podemos afirmar que todas estão corretas, exceto: 
(A) é a primeira corrente teórica do pensamento sociológico 
preocupada em definir o objeto, estabelecer conceitos e 
definir uma metodologia. 
(B) derivou-se da crença no poder absoluto e exclusivo 
da razão humana em conhecer a realidade e traduzi-la sob 
a forma de leis naturais. 
(C) foi um pensamento predominante na Alemanha, no 
século XXI, nascido principalmente de correntes filosóficas 
da Ilustração. 
(D) nele, a sociedade foi concebida como um organismo 
constituído de partes integradas e coisas que funcionam 
harmoniosamente, segundo um modelo físico ou mecânico. 
(E) busca da objetividade e neutralidade – sociedade 
concebida como um organismo combinado de partes 
integradas e coesas que funcionam harmoniosamente, de 
acordo com um modelo físico ou mecânico de organização. 
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 Augusto Comte, em sua obra A filosofia da História 
sistematizou a célebre “Lei dos Três Estados” que tinha 
como objetivo mostrar porque o pensamento positivista 
deve imperar entre os homens. Sobre a “Lei do Três Estados” 
formulada por Comte, é correto afirmar que:
(A) o estado positivista apresenta-se na “Lei dos Três 
Es(tados” como o momento em que a observação prevalece 
sobre a imaginação e a argumentação, e na busca de leis 
imutáveis nos fenômenos observáveis. 
(B) na “Lei dos Três Estados” a argumentação 
desempenha um papel de primeiro plano no estado 
teológico. O estado teológico, na sua visão, corresponde a 
uma etapa posterior ao estado positivo. 
(C) o estado teológico, segundo está formulada na “Lei 
dos Três Estados”, não tem o poder de tornar a sociedade 
mais coesa e nenhum papel na fundamentação da vida 
moral. 
(D) Augusto Comte demonstra com essa lei que todas 
as ciências e o espírito humano desenvolvem-se na 
seguinte ordem em três fases distintas ao longo da história: 
a positiva, a teológica e a metafísica. 
(E) para Comte, o estado metafísico não tem contato 
com o estado teológico, pois somente o estado metafísico 
procura soluções absolutas e universais para os problemas 
do homem. 
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Auguste Comte (1798-1857) foi um pensador 
positivista que propôs uma nova ciência: a Sociologia, que 
inicialmente foi chamada de Física Social. Para Augusto 
Comte, uma das funções da Sociologia era encontrar leis 
sociais que conduzissem o progresso da humanidade. 
Sobre os estágios do progresso social discutidos pelo autor, 
é correto afirmar: 
(A) No estágio positivo, a vida social será explicada 
sociologiacapítulo 16 - o NasciMENto Da sociologia 
63
pela filosofia, triunfando sobre todas as outras formas de 
pensamento. 
(B) A imposição da disciplina era, para os positivistas, 
uma função primordial da família, pois ali os membros 
de uma sociedade aprenderiam, desde pequenos, a 
importância da obediência e da hierarquia.
(C) O positivismo é o estágio superior do progresso 
social, porque se sustenta nos métodos científicos. 
(D)A maturidade do espírito seria encontrada na ciência; 
por isso, na escola de inspiração positivista, os estudos 
literários e artísticos prevalecem sobre os científicos. 
(E) Defendeu a necessidade de substituir a educação 
europeia, ainda essencialmente científica, metafísica e 
literária, por uma educação teológica, conforme o espírito 
da civilização moderna. 
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
O filósofo Auguste Comte (1798 - 1857) preenche sua 
doutrina com uma imagem do progresso social na qual 
se conjugam ciência e política deve assumir o aspecto 
de uma ação científica e a política deve ser estudada de 
maneira científica (a física social). Desde que a Revolução 
francesa favoreceu a integração do povo na vida social, o 
posotivismo obstina-se no programa de uma comunidade 
pacífica. E o Estado, instituição do “reino absoluto da lei”, é 
a garantia da ordem que impede o retorno potencial das 
revoluções e engendra o progresso.
RUBY, C. Introduçãoà filosofia política. São Paulo: Unesp, 1998 (adaptado).
A característica do Estado positivo que lhe permite 
garantir não só a ordem, como também o desejado 
progresso das nações, é ser
(A) espaço coletivo, onde as carências e desejos da 
população se realizam por meio das leis.
(B) produto científico da física social, transcendendo e 
transformando as exigências da realidade.
(C) elemento unificador, organizando e reprimindo, se 
necessário, as ações dos membros da comunidade.
(D) programa necessário, tal como a Revolução Francesa, 
devendo portanto se manter aberto a novas insurreições.
(E) agente repressor, tendo um papel importante a cada 
revolução, por impor pelo menos um curto período de 
ordem.
GABARItO
ExErCÍCiOs
01. B 02. A 03. C 04. A 05. C 06.C
ANOtAÇÕES
64
 ÉMILE DURKHEIM – FAtO SOCIAL
Nesse capítulo estudaremos as teorias de Émile 
Durkheim e a sua importância para a consolidação da 
Sociologia enquanto ciência. 
Émile Durkheim (1858 -1917)
O Francês Émile Durkheim (1858 -1917) é considerado o 
pai da Sociologia enquanto ciência. Ele acreditava que seria 
possível estudar a sociedade se ela fosse encarada como 
coisa, seu estudo deveria seguir a mesma lógica que a física 
e a biologia, ou seja, um estudo racional e objetivo. Para 
analisar a sociedade que é tão complexa, seria necessário 
tomar os fatos sociais como objeto desse estudo.
Se os fatos sociais fossem encarados como coisa, seria 
possível estudar, analisar, compreender e apresentar uma 
explicação racional sobre eles, sobre a sociedade. Émile 
Durkheim acreditava que os fatos sociais são externos e 
objetivos, não depende da consciência individual para 
existir, mas segue leis externas. O sociólogo dizia que os 
fatos sociais são “maneiras coletivas de agir ou de pensar”, 
com isso exercem uma influencia sobre os indivíduos 
particulares.
Os Fatos sociais
O fato social, segundo Durkheim, consiste na nossa 
maneira de ser na sociedade, ou seja, no nosso jeito de 
pensar e de se manifestar no mundo. O fato social é um 
conjunto de medidas que nos são impostas ao longo 
da nossa existência. Nós somos obrigados a aceitar o 
que a sociedade impõe para que possamos conviver 
nela. As características do fato social são: exterioridade, 
generalidade e coercitividade.
— Exterioridade: o fato social é exterior ao individuo, 
pois antes mesmo de nascer, a sociedade já está pronta 
para ele. As regras já existem, a religião já está organizada, 
o sistema econômico e as instituições já existem. A única 
coisa que resta é aprender como a sociedade funciona para 
fazer parte dela. A escola já está lá, esperando para ensinar 
como que se vive em sociedade.
— Generalidade: o fato social é generalizado, todos 
devem seguir o padrão da sociedade, para que se possa 
viver coletivamente, é preciso que todos sigam as regras.
— Coercitividade: o fato social é coercitivo, pois somos 
obrigados a seguir. Os padrões culturais são impostos aos 
indivídu
Exemplo de fato social: 
Escola: a escola é um fato social, pois antes de nascermos 
ela já existia (exterioridade), todas as crianças devem ir para 
escola (generalidade) e se somos obrigados a ir para escola, 
se não formos seremos punidos socialmente (coercivo).
Casamento: o casamento é um fato social, pois antes 
de existirmos já existe o casamento (exterioridade), todas 
as pessoas precisam constituir uma família (generalidade), 
e os que não constituem uma família são cobrados pela 
sociedade (coercitividade).
Coesão Social e Anomia
Durkheim encarava a sociedade um organismo vivo 
que necessita de uma harmonia do todo para sobreviver. 
A coesão social é fundamental para o funcionamento da 
sociedade. No entanto, existem momentos em que esta 
coesão é abalada, e os problemas que surgem na sociedade 
são encarados por Durkheim como patologia social, que 
ele chamou de anomia. 
Para que o organismo social volte a funcionar faz-
se necessário curar a doença que o prejudica, e cabe 
ao sociólogo o papel de médico, que busca investigar, 
encontrar os fatos sociais adoecidos, apresentar a solução 
do problema, e dar o remédio que cure a sociedade.
Imagine que a sociedade é um corpo humano. Se um 
cachorro com raiva morder o braço deste corpo, todo 
o organismo ficará prejudicado, e não apenas o braço. 
Para Durkheim a sociedade é um todo integrado. Como a 
sociedade é uma rede de relação, qualquer ponto alterado 
desta rede modifica o conjunto como um todo. 
Podemos citar como exemplos de anomia: greves, 
manifestações, rebeliões, violência, o egoísmo das pessoas, 
entre outras.
CApítULO 17 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • ÉMILE DURKHEIM – FAtO SOCIAL
sociologiacapítulo 17 - ÉMilE DuRKHEiM – Fato social
65
Como pessoas tão diferentes conseguem viver 
juntas na sociedade?
Segundo Émile Durkheim o que mantem pessoas 
tão diferentes vivendo em harmonia em sociedade é o 
consenso entre os indivíduos. O consenso se dá na medida 
em que a consciência individual passa a se adequar, a se 
influenciar pela consciência coletiva que é responsável pela 
formação de nossos valores morais, e exerce uma pressão 
externa aos indivíduos no momento de suas escolhas. Este 
consenso gera uma solidariedade entre os indivíduos que 
pode ser de dois tipos: mecânica e orgânica. Para Durkheim 
a sociedade está em constante evolução, e quanto maior 
o grau de evolução, maior a quantidade de papéis sociais.
Solidariedade mecânica
A partir da ideia de evolução, Durkheim acreditava que 
a sociedade em sua fase primitiva se organizava a partir de 
poucos papéis sociais, por serem mais simples os integrantes 
dessa sociedade viveriam de maneira semelhante e, 
geralmente ligados por crenças e sentimentos comuns, o 
que  ele chama de consciência coletiva. Nesta modelo de 
sociedade, não há espaço para o individualismo, pois a 
forte ligação entre os membros não dá espaço para o eu 
individual. Podemos citar como exemplo algumas aldeias 
indígenas.
Solidariedade orgânica
Na concepção de Durkheim, as sociedades “modernas” 
aumentaram os papéis sociais, tornaram-se mais complexas, 
e por isso são chamadas por ele de sociedade que vivem na 
fase de solidariedade orgânica.
Nestas sociedades modernas, cada indivíduo tem 
uma função e depende dos outros para sobreviver. A 
Solidariedade Orgânica é resultado da complexidade da 
interação entre os indivíduos, pois as diferenças sociais 
são maiores, no entanto, são essas diferenças que unem os 
indivíduos devido à interdependência entre eles. 
ExErCÍCiOs
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Èmile Durkheim (1858 – 1917) sempre esteve 
preocupado com a coesão social, por isso acreditava que o 
Estado é fundamental numa sociedade que fica cada dia 
maior e mais complexa. Para Durkheim o Estado deve estar 
acima das organizações comunitárias. Durkheim dizia que 
o Estado “concentrava e expressava a vida social
Tendo como base o enunciado acima, assinale a 
afirmativa correta:
(A) Para Durkheim as organizações sociais estão acima 
do Estado.
(B) Para Durkheim o Estado prejudica a coesão social.
(C) Para Durkheim a vida social é representada pelo 
Estado.
(D) Para Durkheim não existe vida social enquanto 
existir coesão social.
(E) Para Durkheim o Estado se mantem através da 
ausência da coesão social.
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 De acordo com Emile Durkheim, o Estado não é 
antagônico ao indivíduo, pelo contrário, foi o Estado que 
emancipou o indivíduo do controle despótico e imediato 
dos de grupos como a família, a Igreja, dando-lhe um espaço 
mais amplo para o desenvolvimento de sua liberdade.
A partir do enunciado acima sobre o posicionamento 
de Durkheim em relação ao Estado, assinale a alternativa 
correta:
(A) O homem é livre devido à existência do Estado.
(B) As famílias tornam os seres humanos livres.
(C) As religiões libertam os seres humanos.
(D) O Estado caminha contra as ideias dosindivíduos.
(E) Os homens encontram a liberdade na religião e na 
família.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Émile Durkheim (1858-1917), afirmava ser o objeto 
de estudo dos sociólogos: uma representação coletiva 
que além de ser válida para todos os indivíduos que 
fazem parte de um determinado grupo, expressa a 
exterioridade e a coercitividade. As regras que regem 
o comportamento e as maneiras de se conduzir em 
sociedade podem ser denominadas, segundo o sociólogo, 
como fato social. Assinale a afirmativas correta sobre 
as características do fato social para Émile Durkheim. 
(A) O fato social é todo fenômeno que ocorre 
ocasionalmente na sociedade, como por exemplo, 
cumprimentar alguém da rua.
(B) O fato social caracteriza-se por exercer um poder 
de coerção sobre as consciências individuais. Além disso 
é exterior ao indivíduo e apresenta-se generalizado na 
coletividade.
(C) O fato social expressa o predomínio do ser individual 
sobre o ser social, pois o mais importante no fato social é a 
ação social.
(D) é característica do fato social dar liberdade ao 
indivíduo, em uma dada sociedade, de praticar ações e 
atitudes ligadas ao seu senso crítico. 
(e) O fato social se caracteriza por ser particular de 
cada indivíduo, sem interferência do grupo social no 
qual está inserido. 
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Segundo o sociólogo francês Emile Durkheim, a função 
do Estado é moral, pois ele deve realizar e organizar o ideário 
do individuo e assegurar-lhe pleno desenvolvimento. E 
isso se faria por meio da educação pública, voltada para 
uma formação moral sem fins conceituais ou religiosos. A 
partir da compreensão de Estado para Durkheim e de dos 
sociologia capítulo 17 - ÉMilE DuRKHEiM – Fato social
66
conceitos coesão social e anomia, assinale a alternativa 
correta.
(A) O Estado e a sociedade são inimigos, pois a função 
do Estado é tirar a liberdade dos indivíduos através da 
imposição da moral. 
(B) O Estado aprisiona o homem, por isso a sociedade 
está cada vez mais complexa, devido à sua falta de 
desenvolvimento.
(C) A sociedade cria o Estado, mas não é obrigação do 
Estado manter a coesão social.
(D) A coesão social e principalmente a anomia, 
garantem o funcionamento do Estado, devido à imposição 
dos princípios religiosos.
(E) O Estado mantem a coesão social, ou seja, o 
funcionamento da sociedade. 
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 “O dia em que os manifestantes bateram na porta do 
Planalto: A Reportagem de VEJA desta semana revela como 
Dilma Rousseff reagiu à maior manifestação popular desde 
as Diretas Já. Perdido, o governo tenta achar formas de 
ganhar tempo e vislumbrar um plano para serenar a fúria 
do povo. No dia 20 de junho de 2013, a presidente Dilma 
Rousseff ficou por quase duas horas acuada no Palácio do 
Planalto, impedida de deixar o local pela porta da frente 
por uma multidão que, do lado de fora, bradava contra a 
corrupção, a PEC 37, os gastos na Copa, ela, o seu governo, 
todos os governos e mais uma lista sem fim de insatisfações 
- todas naquele momento atribuídas aos políticos no poder. 
(http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/o-poder-acuado)
Assinale a alternativa correta sobre o significado de 
anomia social em Durkheim. 
(A) Ocorre quando há, nas sociedades modernas, 
com seus intensos processos de mudança, uma situação 
em que o conjunto de regras, valores e procedimentos 
são reconhecidos por todos os indivíduos, levando ao 
desenvolvimento da sociedade.
(B) Conceito que descreve os sentimentos de falta de 
objetivos e de desespero provocados pelo processo de 
mudanças do mundo moderno, os quais resultam na perda 
da influência das normas sociais sobre o comportamento 
individual. 
(C) Conceito que descreve a ocorrência, nas sociedades 
modernas, com seus intensos processos de mudança, de 
um estado de complementaridade e interdependência 
entre os indivíduos, o que leva a uma menor divisão do 
trabalho social e ao fortalecimento das instituições sociais. 
(D) Ocorre quando os sentimentos de falta de objetivos 
e de desespero provocados pelo processo de mudanças 
do mundo moderno resultam no fortalecimento da 
coesão social e da influência das normas sociais sobre o 
comportamento individual. 
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A sociologia ainda não ultrapassou a era das construções 
e das sínteses filosóficas. Em vez de assumir a tarefa de 
lançar luz sobre uma parcela restrita do campo social, 
ela prefere buscar as brilhantes generalidades em que 
todas as questões são levantadas sem que nenhuma seja 
expressamente tratada. Não é com exames sumários e por 
meio de intuições rápidas que se pode chegar a descobrir 
as leis de uma realidade tão complexa. Sobretudo, 
generalizações às vezes tão amplas e tão apressadas não 
são suscetíveis de nenhum tipo de prova.
DURKHEIM, E. O suicídio: estudo de sociologia. 
São Paulo: Martins Fontes, 2000.
O texto expressa o esforço de Émile Durkheim em 
construir uma sociologia com base na
(A) vinculação com a filosofia como saber unificado.
(B) reunião de percepções intuitivas para 
demonstração.
(C) formulação de hipóteses subjetivas sobre a vida 
social.
(D) adesão aos padrões de investigação típicos das 
ciências naturais.
(E) incorporação de um conhecimento alimentado 
pelo engajamento político.
GABARItO
ExErCÍCiOs
01. C 02. A 03. B 04. E 05. B 06. C
ANOtAÇÕES
67
 MAX WEBER – AÇÃO SOCIAL
Nesse capítulo estudaremos as teorias de Max Weber e 
a sua importância para o desenvolvimento da Sociologia 
enquanto ciência.
Max Weber (1864-1920)
 O Sociólogo Alemão Max Weber olhava para a 
sociedade de maneira diferente de Émile Durkheim. Weber 
acreditava que a sociedade pode ser compreendida a partir 
do conjunto das ações individuais, e não como meros 
reprodutores de fatos sociais.
Max Weber defendia a ideia de que o método da 
Sociologia não pode ser igual aos das Ciências da Natureza, 
pois ao estudar indivíduos na sociedade, faz-se necessário 
levar em consideração uma dimensão subjetiva. E o papel 
do sociólogo não seria o de descrever a sociedade, como 
defendia Durkheim, mas sua função seria a de interpretá-la. 
Ao interpretar a sociedade, o sociólogo busca os 
sentidos que os indivíduos dão a suas escolhas e atitudes, 
ou seja, é uma busca pela compreensão das ações sociais.
 
Ação Social
Max Weber definiu ação social como todo tipo de ação 
que o indivíduo faz, orientando-se pela ação de outros. 
Sendo assim, nem toda ação é uma ação social, para se 
encaixar neste conceito precisa que exista uma interação 
entre indivíduos, ou melhor, uma relação social. 
Por exemplo, ficar em uma fila do banco com mais vinte 
pessoas e não conversar com nenhuma delas não é uma 
ação social, só passa a ser uma ação social se houver relação 
entre as pessoas dessa fila.
Com o objetivo de tornar sua teoria mais compreensiva 
e, na tentativa de explicar a realidade social, Weber propôs 
uma divisão da ação social em quatro modalidades. 
— Ação tradicional: está diretamente ligada aos hábitos 
passados de pais para filhos.
— Ação afetiva: estão ligadas a sentimentos, afeto entre 
os praticantes desta ação social.
— Ação racional com relação a valores: são ações 
praticadas a partir de crença consciente num valor importante, 
independentemente do êxito desse valor na realidade.
— Ação racional com relação a fins: são ações ligadas a 
um objetivo, a um planejamento racional para alcançar o fim 
desejado.
Para Weber a ação social não é exterior ao indivíduo, 
como acreditava Durkheim com seu conceito de fato social.
Para Weber as normas e regras sociais são o resultado 
do conjunto de ações individuais. 
Max Weber acreditava que no âmago das relações 
entre os indivíduos existe uma constante luta, jogo de 
dominações. 
tipos de Dominação
A sociedade está constantemente em um jogode 
interesses, em um jogo de dominação. Para Weber a 
sociedade está estruturada em três tipos de dominações:
— Dominação Legal: é um tipo de dominação amparada 
nas leis. A dominação é legitimada pela lei, se o indivíduo não 
obedecer poderá ser punido. O respeito não é prestado ao 
dominador, mas à lei, é estruturado em regras racionalmente 
estabelecidas. Sendo assim, a autoridade tem seu poder 
garantido legalmente, por isso é um poder estável.
— Dominação Tradicional: esta dominação está 
amparada pela tradição. O que existe aqui é uma relação de 
fidelidade pautada nos ensinamentos morais que estruturam 
determinadas sociedades. As pessoas respeitam à pessoa de 
autoridade, e não às leis. Esta dominação está fortalecida 
pelo conformismo. O patriarcalismo é um exemplo deste tipo 
de dominação. 
— Dominação Carismática: a dominação carismática 
está amparada no respeito que os dominados têm pela 
pessoa da autoridade devido ao seu carisma, tal autoridade 
é reconhecida, é exaltada pelos dominados. A obediência à 
autoridade se dá devido às suas qualidades pessoais. Weber 
classifica esse a dominação carismática como instável, pois 
o dominador pode perder seu carisma, e nada mais assegura 
seu poder, a não ser ele mesmo.
CApítULO 18 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • MAX WEBER – AÇÃO SOCIAL 
sociologia capítulo 18 - MaX WEBER – aÇÃo social 
68
A Violência legítima 
Ao analisar o Estado Alemão, Max Weber afirma que 
o verdadeiro poder estatal está nas mãos da burocracia 
militar e civil. Sendo assim, para Weber, o Estado é uma 
relação de dominação, de homens dominando homens, 
mediante a violência considerada legítima. Para que essa 
relação exista, é necessário que os dominados obedeçam 
à autoridade dos que detém o poder. Podemos citar como 
exemplo de violência considerada legítima pela sociedade, 
os protestos pacíficos, que são reprimidos por policiais que 
usam da força física para conter as manifestações. 
ExErCÍCiOs
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“A ação social (incluindo tolerância ou omissão) 
orienta-se pela ação de outros, que podem ser passadas, 
presentes ou esperadas como futuras (vingança por 
ataques anteriores, réplica a ataques presentes, medidas 
de defesa diante de ataques futuros). Os ´outros` podem 
ser individualizados e conhecidos ou um pluralidade 
de indivíduos indeterminados e completamente 
desconhecidos”  
(Max Weber. Ação social e relação social. In M.M. Foracchi e J.S Martins. 
Sociologia e Sociedade. Rio de Janeiro, LTC, 1977, p.139). 
Max Weber, um dos clássicos da sociologia, autor dessa 
definição de ação social, que para ele constitui o objeto de 
estudo da sociologia, apontou a existência de quatro tipos 
de ação social. Quais são elas? 
(A) Ação tradicional, ação emotiva, ação racional com 
relação a fins e ação política não esperada. 
(B) Ação tradicional, ação afetiva, ação racional e ação 
carismática. 
(C) Ação tradicional, ação afetiva, ação política com 
relação a valores, ação política com relação a fins. 
(D) Ação tradicional, ação afetiva, ação racional com 
relação a fins, ação racional com relação a valores. 
(E) Ação tradicional, ação afetiva, ação política com 
relação a valores, ação racional com relação a fins. 
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Para Max Weber existem três formas de dominação 
legítima: a tradicional, a carismática e a legal. A dominação 
tradicional é legitima pelos costumes, valores tradicionais 
que nos levam ao conformismo. A dominação carismática 
está fundada do carisma pessoal, na qualidade de liderança 
individual. A dominação legal é legitimada pela legalidade 
que decorre de um estatuto, da competência funcional e 
das regras racionalmente criadas.
A partir da definição dos três fundamentos da 
legitimidade da dominação do Estado, assinale a afirmativa 
correta no que se refere à representação de cada um dos 
três tipos de dominação.
(A) A dominação carismática pode ser representada por 
funcionários públicos, a dominação tradicional é aquela 
exercida pelos patriarcas e a dominação legal exercida por 
políticos como Lula.
(B) A dominação tradicional é aquela exercida pelos 
patriarcas; a dominação carismática representada por 
políticos como Getúlio Vargas, e a dominação legal 
exercida, por exemplo, por funcionários públicos.
(C) A dominação tradicional pode ser representada por 
funcionários públicos; a dominação legal é aquela exercida 
pelos príncipes patrimoniais; e a dominação carismática 
pode ser representada por Adolf Hitler.
(D) A dominação legal é a exercida, por exemplo, por 
funcionários públicos; a dominação tradicional pode ser 
representada por políticos como a Presidente Dilma; e a 
dominação carismática pode ser representada pelo Padre 
Marcelo Rossi.
(E) A dominação legal é a exercida, por exemplo, pelo 
Padre Marcelo Rossi; a dominação tradicional pode ser 
representada por políticos como a Presidente Dilma; e a 
dominação carismática pode ser representada pelo Barack 
Obama.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Nas Ciências Sociais, particularmente na Ciência 
Política, definir o Estado sempre foi uma tarefa prioritária. 
As tentativas em definir o Estado fizeram com que vários 
intelectuais o vissem o de formas diferentes, com naturezas 
diferentes. Numa palestra intitulada Política como vocação, 
Max Weber nos adverte, por exemplo, que o Estado pode 
ser entendido como uma relação de homens dominando 
homens. 
A partir da perspectiva weberiana, podemos afirmar 
que a dominação do Estado:
(A) é exercida pela autoridade legal reconhecida, daí 
caracterizar-se fundamentalmente como dominação legal. 
(B) é estabelecida por meio da violência prioritariamente 
exercida contra grupos e classes excluídos social e 
economicamente. 
(C) ocorre a partir da imposição da razão de Estado, ainda 
que contra as vontades dos cidadãos que, normalmente, 
àquela resistem. 
(D) a exemplo da dominação de outras instituições, 
opera de forma genérica, exterior e coercitiva. 
(E) é fundamental para que a sociedade permaneça em 
harmonia e para manter a coesão social.
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“[...]. De um lado, nosso conhecimento não é uma 
reprodução do real, porque ele pode somente transpô-
lo, reconstruí-lo com a ajuda de conceitos, de outra 
parte, nenhum conceito e nem também a totalidade dos 
conceitos são perfeitamente adequados ao objeto ou ao 
mundo que eles se esforçam em explicar e compreender. 
Entre conceito e realidade existe um hiato intransponível. 
Disso resulta que todo conhecimento, inclusive a ciência, 
sociologiacapítulo 18 - MaX WEBER – aÇÃo social 
69
implica uma seleção, seguindo a orientação de nossa 
curiosidade e a significação que damos a isto que tentamos 
apreender”. 
(Max Weber) 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a 
relação entre a ciência social e verdade, é correto afirmar 
que, para Weber: 
(A) A ciência social, por tratar de um objeto cujas causas 
são infinitas, ao invés de buscar compreendê-lo, deve 
limitar-se a descrever sua aparência.
(B) A ciência social revela que a infinitude das variáveis 
envolvidas na geração dos fatos sociais permite a 
elaboração teórica totalizante a seu respeito.
(C) O conhecimento nas ciências sociais pode estabelecer 
parcialmente as conexões internas de um objeto, portanto, 
é limitado para abordá-lo em sua plenitude.
(D) Alguns fenômenos sociais podem ser analisados 
cientificamente na sua totalidade porque são menos 
complexos do que outros nas conexões internas de suas 
causas.
(E) O obstáculo para a ciência social estabelecer 
um conhecimento totalizante do objeto é o fato de 
desconsiderar contribuições de áreas como a biologia e a 
psicologia, que tratam dos eventos físicos e mentais.
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •• • • • • • • • • • • • • •
 Do ponto de vista do agente, o motivo é o fundamento 
da ação; para o sociólogo, cuja tarefa é compreender essa 
ação, a reconstrução do motivo é fundamental, porque, 
da sua perspectiva, ele figura como a causa da ação. 
Numerosas distinções podem ser estabelecidas e Weber 
realmente o faz. No entanto, apenas interessa assinalar que, 
quando se fala de sentido na sua acepção mais importante 
para a análise, não se está cogitando da gênese da ação, 
mas sim daquilo para o que ela aponta, para o objetivo 
visado nela; para o seu fim, em suma. 
(COHN, Gabriel Org.. Max Weber: sociologia. São Paulo: Ática, 1979.) 
A categoria weberiana que melhor explica o texto em 
evidência está explicitada em 
(A) O sociólogo deve investigar o sentido das ações que 
não são orientadas pelas ações de outros. 
(B) A luta de classes tem sentido porque é o que move a 
história dos homens. 
(C) Os fatos sociais não são coisas, e sim acontecimentos 
que precisam ser analisados. 
(D) O tipo ideal é uma construção teórica abstrata que 
permite a análise de casos particulares. 
(E) A ação social possui um sentido que orienta a 
conduta dos atores sociais. 
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A crescente intelectualização e racionalização não 
indicam um conhecimento maior e geral das condições sob 
as quais vivemos. Significa a crença em que, se quiséssemos, 
poderíamos ter esse conhecimento a qualquer momento. 
Não há forças misteriosas incalculáveis; podemos dominar 
todas as coisas pelo cálculo.
WEBER, M. A ciência como vocação. In: GERTH, H.; MILLS, W. (Org.). Max Weber: 
ensaios de sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1979 (adaptado).
Tal como apresentada no texto, a proposição de Max 
Weber a respeito do processo de desencantamento do 
mundo evidencia o(a)
(A) progresso civilizatório como decorrência da 
expansão do industrialismo.
(B) extinção do pensamento mítico como um 
desdobramento do capitalismo.
(C) emancipação como consequência do processo de 
racionalização da vida.
(D) afastamento de crenças tradicionais como uma 
característica da modernidade.
(E) fim do monoteísmo como condição para a 
consolidação da ciência.
GABARItO
ExErCÍCiOs
01. D 02. B 03. A 04. C 05. E 06. C
ANOtAÇÕES
70
KARL MARX – MUDANÇA SOCIAL
Nesse capítulo estudaremos as teorias de Karl 
Marx e a sua importância para as Ciências Humanas, 
especialmente para a Sociologia. Buscaremos entender 
sua nova proposta política e econômica, e o seu legado 
para o mundo ocidentalizado.
Karl Marx (1818-1883)
Alguns críticos apontam que muitos falam de Karl Marx, 
mas poucos pararam para ler, no mínimo a introdução de 
uma de suas obras. Por isso começaremos esse capítulo 
lendo partes das obras de Karl Marx para posteriormente 
fazermos juntos algumas considerações acerca deste 
pensador que marcou o século XIX, fundamentou o século 
XX, e continua sendo respeitado no século XXI.
O manifesto Comunista
Marx Começa sua obra O manifesto Comunista dizendo:
“A história de todas as sociedades que existiram até 
nossos dias tem sido a história das lutas de classes. Homem 
livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, mestre 
de corporação e companheiro, numa palavra, opressores 
e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa 
guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma 
guerra que terminou sempre, ou por uma transformação 
revolucionária, da sociedade inteira, ou pela destruição 
das duas classes em luta. Nas primeiras épocas históricas, 
verificamos, quase por toda parte, uma completa divisão 
da sociedade em classes distintas, uma escala graduada de 
condições sociais. Na Roma antiga encontramos patrícios 
cavaleiros, plebeus, escravos; na Idade Média, senhores, 
vassalos, mestres, companheiros, servos; e, em cada uma 
destas classes, gradações especiais. A sociedade burguesa 
moderna, que brotou das ruínas da sociedade feudal, não 
aboliu os antagonismos de classe. Não fez senão substituir 
novas classes, novas condições de opressão, novas formas 
de luta às que existiram no passado.” 
“As armas que a burguesia utilizou para abater o 
feudalismo, voltam-se hoje contra a própria burguesia. A 
burguesia, porém, não forjou somente as armas que lhe 
darão morte; produziu também os homens que manejarão 
essas armas - os operários modernos, os proletários. 
Com o desenvolvimento da burguesia, isto é, do capital, 
desenvolve-se também o proletariado, a classe dos 
operários modernos, que só podem viver se encontrarem 
trabalho, e que só encontram trabalho na medida em que 
este aumenta o capital. Esses operários, constrangidos a 
vender-se diariamente, são mercadoria, artigo de comércio 
como qualquer outro; em consequência, estão sujeitos a 
todas as vicissitudes da concorrência, a todas as flutuações 
do mercado. O crescente emprego de máquinas e a divisão 
do trabalho, despojando o trabalho do operário de seu 
caráter autônomo, tiram-lhe todo atrativo. O produtor 
passa a um simples apêndice da máquina e só se requer 
dele a operação mais simples, mais monótona, mais fácil de 
aprender. Desse modo, o custo do operário se reduz, quase 
exclusivamente, aos meios de manutenção que lhe são 
necessários para viver e perpetuar sua existência.”.
Marx finaliza sua obra gritando:
“Que as classes dominantes temam à ideia de uma 
revolução comunista! Os proletários nada têm a perder 
nela a não ser suas cadeias. Têm um mundo a ganhar.
proletários de todos os países, uni-vos!”. 
 (Marx e Engels)
 
O Estado e a burguesia
Para Marx o Estado é uma organização cujos interesses 
são os da classe dominante na sociedade capitalista, ou 
seja, a burguesia. 
 “Cada etapa da evolução percorrida pela burguesia foi 
acompanhada de um progresso político correspondente. 
Classe oprimida pelo despotismo feudal, associação 
armada e autônoma na comuna, aqui república urbana 
independente, ali terceiro estado tributário da monarquia; 
depois, durante o período manufatureiro, contrapeso da 
nobreza na monarquia feudal ou absoluto, base principal 
das grandes monarquias, a burguesia, com estabelecimento 
da grande indústria e do mercado mundial, conquistou, 
finalmente, a soberania politica exclusiva no Estado 
representativo moderno. O executivo no Estado moderno 
não é senão um comitê para gerir os negócios comuns de 
toda a classe burguesa.” (Marx, Karl. Manifesto Comunista).
O materialismo histórico
Marx e Engels em “A ideologia Alemã” criticam a 
concepção do idealismo de Hegel em que as ideias 
CApítULO 19 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • KARL MARX – MUDANÇA SOCIAL
sociologia
71
Capítulo 19 -KaRl MaRX – MuDaNÇa SoCIal
condicionam a realidade, ou seja, de que o mundo ideal 
interfere no mundo material. Para Marx a mudança da 
realidade está pautada no mundo material, pois para o 
pensador é o mundo material que interfere na maneira 
como pensamos, e não o contrário como defendia Hegel. 
De acordo com o materialismo histórico, o processo 
histórico, desde as sociedades mais remotas até à atual, se dá 
pelos confrontos entre diferentes classes sociais chamados 
por Marx de “luta de classes” que seriam decorrentes da 
“exploração do homem pelo homem”. Para Karl Marx a luta 
de classe é o motor da transformação social. Neste embate, 
a classe dominante procura conservar sua posição de 
dominante e as classes sociais exploradas buscam romper 
com essa lógica de exploração.
Infraestrutura
O conjunto das forças produtivas e das relações sociais 
caracterizam a base material, ou seja, a infraestrutura, que é 
o fundamento no qual constituem as instituições políticas 
e sociais, base essa que é expressa no conceito de modo 
de produção que serve para distinguir etapas da história 
humana. 
Superestrutura
Enquanto o mundo material, como os meios de 
produção, é denominado por Marx de infraestrutura, 
a maneira como as pessoas pensam, suas ideologias, 
concepção políticas, concepções religiosas,códigos morais, 
sistemas jurídicos, sistemas de ensino, de comunicação, o 
conhecimento filosófico e cientifico, entre outros formam a 
superestrutura, que no capitalismo legitimam os modos de 
produção e asseguram à classe burguesa sua manutenção 
como classe dominante e detentora dos meios de 
produção. 
A superestrutura é determinada pela infraestrutura, ou 
seja, a maneira na qual a economia de uma sociedade é 
organizada irá influenciar nas ideologias presentes nesta 
sociedade. O mundo material influencia as ideias, a maneira 
de pensar.
A propriedade e a desigualdade social
 “A primeira forma de propriedade é a propriedade 
tribal. Corresponde a um estágio não desenvolvido da 
produção em que um povo vive da caça e da pesca, 
criando animais ou, na fase mais elevada, da agricultura. 
(...) A divisão do trabalho, neste estágio, é muito elementar 
ainda, e está limitada a uma extensão da divisão natural do 
trabalho imposta pela família: a estrutura social é, portanto, 
resumida a uma extensão da própria família (…) A segunda 
forma é a antiga propriedade comunal e do Estado, que 
provém, particularmente, da união de várias tribos numa 
cidade, por acordo ou conquista, e ainda é acompanhada 
pela escravidão. Ao lado da propriedade comunal, já 
encontramos a propriedade privada móvel e, mais 
tarde, a imóvel, em desenvolvimento, mas como forma 
subordinada à propriedade comunal. (...) toda a estrutura da 
sociedade baseada em tal propriedade comunal, e com ela 
o poder do povo, entra em decadência na mesma medida 
em que progride a propriedade privada imóvel. A divisão 
do trabalho já está mais desenvolvida. Já encontramos 
o antagonismo entre a cidade e o campo, depois o 
antagonismo entre aqueles estados que representam 
interesses urbanos e os que representam interesses rurais 
e, dentro das próprias cidades, o antagonismo entre a 
indústria e o comércio marítimo. As relações de classe 
entre os cidadãos e os escravos estão, agora, totalmente 
desenvolvidas.” (MARX; ENGELS. A ideologia Alemã)
Alienação e Mais-valia
Para Marx a Alienação acontece na medida em que 
o trabalhador perde a consciência do valor real de seu 
trabalho. A alienação surge com a divisão social do trabalho, 
e com esta divisão surge a separação entre os que dirigem 
e os que executam o processo de trabalho. 
Ao fazer de sua capacidade de trabalho um meio 
para atingir determinados fins, como por exemplo, a 
sobrevivência, a sua atividade deixa de ser uma atividade 
livre e tornando-se trabalho alienado. Em consequência 
disso, o trabalhador não reconhece o produto de seu 
trabalho, é um produto “estranho”, sintoma de que seu 
trabalho é trabalho alienado. Quanto mais o trabalhador 
trabalha para o outro, mais alienado ele se torna, e mais 
pobre ele fica, pois o trabalho deveria libertar o homem. 
De uma forma simplória, podemos dizer que a mais-valia 
é produto desta alienação, em que o trabalhador recebe 
menos pelo tempo de trabalho realizado. 
 Jornal do Brasil, 19 de fevereiro de 1997.
ExErCÍCiOs
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Na produção social que os homens realizam, eles 
entram em determinadas relações indispensáveis e 
independentes de sua vontade; tais relações de produção 
correspondem a um estágio definido de desenvolvimento 
das suas forças matérias de produção. A totalidade dessas 
relações constitui a estrutura econômica da sociedade – 
fundamento real, sobre o qual se erguem as superestruturas 
politicas e jurídicas, e ao qual correspondem determinadas 
formas de consciência social 
(MARX, K. Prefácio à Crítica da economia política. In. MARX, k, ENGELS, F. Textos 
3. São Paulo. Edições Sociais, 1977 (adaptado).
Para o autor, a relação entre economia e politica 
estabelecida no sistema capitalista faz com que 
sociologia
72
Capítulo 19 -KaRl MaRX – MuDaNÇa SoCIal
(A) O proletariado seja contemplado pelo processo de 
mais-valia.
(B) O trabalho se constitua como fundamento real da 
produção material.
(C) A consolidação das forcas produtivas seja compatível 
com o progresso humano.
(D) A autonomia da sociedade civil seja proporcional ao 
desenvolvimento econômico.
(E) A burguesia revolucione o processo social de 
formação da consciência de classe.
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 O movimento operário ofereceu uma nova resposta 
ao grito do homem miserável no princípio do século XIX. A 
resposta foi à consciência de classe e a ambição de classe. 
Os pobres então se organizavam em uma classe específica, 
a classe operária, diferente da classe dos patrões (ou 
capitalistas). A Revolução Francesa lhes deu confiança: a 
Revolução Industrial trouxe a necessidade da mobilização 
permanente. 
(HOBSBAWN, E. J. A era das revoluções. São Paulo: Paz e Terra, 1977.) 
No texto, analisa-se o impacto das Revoluções Francesa 
e Industrial para a organização da classe operária. Enquanto 
a “confiança” dada pela Revolução Francesa era originária 
do significado da vitória revolucionária sobre as classes 
dominantes, a “necessidade da mobilização permanente”, 
trazida pela Revolução Industrial, decorria da compreensão 
de que.
(A) a competitividade do trabalho industrial 
exigia um permanente esforço de qualificação para o 
enfrentamento do desemprego.
(B) a completa transformação da economia 
capitalista seria fundamental para a emancipação dos 
operários.
(C) a introdução das máquinas no processo 
produtivo diminuía as possibilidades de ganho material 
para os operários.
(D) o progresso tecnológico geraria a distribuição de 
riquezas para aqueles que estivessem adaptados aos 
novos tempos industriais.
(E) a melhoria das condições de vida dos operários 
seria conquistada com as manifestações coletivas em 
favor dos direitos trabalhistas.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Karl Marx (1818 -1883), autor clássico da Sociologia, 
escreveu sobre questões que envolvem o Estado num 
período em que o capitalismo ainda estava em formação. 
Tal pensador não formulou uma teoria específica sobre 
Estado e poder, mas foram discussões presentes em suas 
obras.
 “Cada etapa da evolução percorrida pela burguesia foi 
acompanhada de um progresso político correspondente. 
Classe oprimida pelo despotismo feudal, associação 
armada e autônoma na comuna, aqui república urbana 
independente, ali terceiro estado tributário da monarquia; 
depois, durante o período manufatureiro, contrapeso da 
nobreza na monarquia feudal ou absoluto, base principal 
das grandes monarquias, a burguesia, com estabelecimento 
da grande indústria e do mercado mundial, conquistou, 
finalmente, a soberania politica exclusiva no Estado 
representativo moderno. O executivo no Estado moderno 
não é senão um comitê para gerir os negócios comuns de 
toda a classe burguesa.”
 (Marx, Karl. Manifesto Comunista. São Paulo: Boitempo, 1998. P.41-42.).
A partir do texto I, assinale a alterativa correta:
(A) A burguesia tinha o poder do Estado desde o sistema 
feudal.
(B) A burguesia buscou poder desde o feudalismo, mas 
nunca alcançou.
(C) A burguesia conseguiu ganhar espaço já com o 
Estado Moderno.
(D) A burguesia começou a ganhar força apenas no 
Estado representativo.
(E) A burguesia só conseguiu o poder durante o sistema 
feudal.
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Para Karl Marx existe uma intrínseca relação entre 
Estado e burguesia. A partir do trecho do livro manifesto 
Comunista, pode-se depreender que:
(A) Karl Marx faz uma crítica à situação na qual sua 
sociedade se encontrava, devido ao fato do Estado estar 
servindo aos interesses da burguesia.
(B) Marx era um burguês que estava defendendo sua 
classe, afirmando sua trajetória de conquistas, com o 
objetivo de justificar sua entrava no poder do Estado.
(C) Marx compreendia a situação histórica na qual sua 
sociedade se encontrava, demonstrando ser a favorda 
permanência da burguesia no poder.
(D) Karl Marx faz uma crítica à situação na qual sua 
sociedade se encontrava, devido ao fato do Estado estar 
servindo apenas a classe dos trabalhadores, os proletários.
(D) Karl Marx faz uma defesa sociológica à situação 
na qual sua sociedade se encontrava, devido ao fato do 
Estado estar servindo apenas a classe dos trabalhadores, os 
proletários.
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
(Adaptado ENEM) De acordo com as análises de Karl 
Marx, a história da humanidade é a história da luta de 
classes, a divisão social do trabalho revela duas classes que 
se contrapõem. Na produção capitalista, as duas classes 
antagônicas são as indicadas em 
sociologia
73
Capítulo 19 -KaRl MaRX – MuDaNÇa SoCIal
(A) senhor e escravo. 
(B) clero e burguesia.
(C) servos e senhores.
(D) nobreza e burguesia.
(E) burguesia e proletariado.
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Na produção social que os homens realizam, eles 
entram em determinadas relações indispensáveis e 
independentes de sua vontade; tais relações de produção 
correspondem a um estágio definido de desenvolvimento 
das suas forças materiais de produção. A totalidade dessas 
relações constitui a estrutura econômica da sociedade – 
fundamento real, sobre o qual se erguem as superestruturas 
política e jurídica, e ao qual correspondem determinadas 
formas de consciência social. 
MARX, K. Prefácio à Crítica da economia política. In: MARX, K.; ENGELS, F.Textos 
3. São Paulo: Edições Sociais, 1977 (adaptado).
Para o autor, a relação entre economia e política 
estabelecida no sistema capitalista faz com que 
(A) o proletariado seja contemplado pelo processo de 
mais-valia.
(B) o trabalho se constitua como o fundamento real da 
produção material.
(C) a consolidação das forças produtivas seja compatível 
com o progresso humano.
(D) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao 
desenvolvimento econômico.
(E) a burguesia revolucione o processo social de 
formação da consciência de classe
GABARItO
ExErCÍCiOs
01. B 02. B 03. C 04. A 05. E 06. B
ANOtAÇÕES
74
AS INStItUICÕES SOCIAIS E O pApEL DA EDUCAÇÃO
Nesse capítulo estudaremos as Instituições Sociais 
enquanto uma estrutura de organização social. As 
Instituições Sociais tem como objetivo atender as 
necessidades sociais, por isso é um objeto de estudo da 
Sociologia. Buscaremos entender como elas funcionam.
Uma definição
A sociedade criou mecanismos para que pudesse 
funcionar, dentre eles encontramos as instituições sociais. 
A instituição social é o conjunto de regras que tem 
como objetivo conservar e manter a organização de um 
grupo e satisfazer as necessidades dos indivíduos que 
dele participam. A Instituição é toda forma ou estrutura 
social instituída na sociedade, seu objetivo é atender as 
necessidades sociais.
As instituições são conservadoras, são formas de 
organização social estáveis, pois é uma espécie de padrão 
de controle, busca orientar a conduta dos indivíduos, seja 
na família, escola, governo, religião, empresa, polícia ou 
qualquer outra. Elas agem contra as mudanças, buscando 
a manutenção da ordem. 
Durkheim registra em sua obra o quanto acredita 
que essas instituições são importantes. O sociólogo é um 
grande defensor das instituições com todas as suas regras 
de controle, o que o deixou com reputação de conservador, 
o que causou antipatia a sua obra durante muitos anos.
Durkheim defende as instituições pautado num ponto 
fundamental, o de que o ser humano necessita se sentir 
seguro, protegido e respaldado. Uma sociedade sem regras 
claras entra em estado de anomia, sem organização, o que 
leva o ser humano ao caos e a angústia. 
Imagine se os policiais e as forças armadas não saíssem 
para as ruas para nos proteger, você sairia de casa? 
A interdependência entre as instituições.
A vida em sociedade é uma vida de interdependências. 
As instituições existem para cumprir um papel na 
sociedade, ou seja, toda as instituições que existem, 
existem para cumprir um papel especifico para fazer a 
sociedade funcionar, sendo assim, todas as instituições são 
interdependentes. 
Esta rede de relações é tão fundamental que qualquer 
alteração em determinada instituição pode acarretar 
mudanças maiores ou menores nas outras.
Podemos citar como exemplo a mudança na instituição 
familiar. A mudança nesta instituição, como por exemplo, 
a saída da mulher do lar para o mercado de trabalho, gera 
mudanças em outras instituições, como as empresas, a 
polícia, as forças armadas, o Estado, etc. Fez-se necessário 
reorganizar seus padrões de comportamento e suas regras 
e normas.
A família
A família é a primeira instituição da qual fazemos parte. 
Cada família tem suas próprias normas e costumes. A 
família é a instituição que exerce a primeira influência no 
processo de formação do indivíduo.
Esta instituição sofreu fortes transformações ao longo 
da história do homem, e vem sofrendo nos últimos anos. A 
ideia de família nuclear, composta por mãe, pai e filhos já 
se apresenta ultrapassada, tendo em vista que atualmente 
a concepção de família não está mais amparada na ideia de 
casais heterossexuais.
Além disso, o conceito “família” varia de acordo com a 
cultura de um povo. A família pode ser: monogâmica ou 
poligâmica. 
A instituição “família” tem como principais funções:
— Reprodutiva 
— Econômica 
— Educacional
Os índices de divórcio e o número de filhos de mães 
solteiras cresceram acentuadamente no Brasil. Segundo o 
IBGE (Instituto Brasileira de Geografia e Estatística), em 2011 
o Brasil registrou a maior taxa de divórcios nos últimos anos 
o número de divórcios chegou a 351.153, um crescimento 
de 45,6% em relação a 2010, quando foram registrados 
243.224. Foram 2,6 divórcios para cada mil habitantes de 
15 anos ou mais de idade, contra 1,8 separações em 2010.
A função nuclear reprodutiva da família está igualmente 
ameaçada, pois, na medida em que a ideia de família se 
modificou, muitos casais decidiram por não ter filhos. 
Devido a essas transformações, cresce o número de famílias 
monoparental: em muitos casos, os filhos moram só com o 
pai, ou só com a mãe.
A Escola
A escola é a instituição que faz uma ponte entre a família 
e o mundo público, entre a família e a sociedade.
A escola é a Instituição que busca adequar o indivíduo 
ao meio social que o envolve, busca transmitir a cultura 
acumulada de seu povo para as gerações do presente e do 
futuro. 
Ela integra o indivíduo na sociedade, criando padrões 
de comportamento que são considerados fundamentais 
para nossa vivência em sociedade. 
A Igreja
A religião é a uma das instituições mais importantes 
e antigas. A religião tem uma imensa capacidade de 
influenciar o comportamento dos seres humanos. O 
homem encontra na religião uma estabilidade para seus 
problemas intrínsecos e espirituais. A religião proporciona 
CApítULO 20 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •AS INStItUICÕES SOCIAIS E O pApEL DA EDUCAÇÃO
75
sociologiacapítulo 20-as iNstituicÕEs sociais E o papEl Da EDucaÇÃo
uma segurança emocional que nenhuma outra instituição 
fornece. Vale ressaltar que cada povo tem suas crenças 
religiosas e seus conceitos de verdade. A religião, assim 
como as outras instituições, está amparada em regras e 
normas que exigem obediência.
As mudanças nas outras instituições acabam 
pressionando a religião a rever seus dogmas. Podemos 
citar como exemplo as religiões cristãs que se deparam 
atualmente com questões como o casamento entre 
pessoas do mesmo sexo, o aborto, a separação no religioso, 
entre outras questões consideradas polêmicas. 
O Estado 
A instituição “Estado” é caracterizada pelo seu poder 
de coercitivo. Legalmente amparado, o Estado mantem 
a ordem social. Ele criou o seu direito de impor e obrigar 
os cidadãos a seguir suas regras. O Estado é o agente de 
controle por excelência. Além disso, é o único que pode 
legalmente usar a violência.Para Max Weber o Estado moderno é “uma comunidade 
humana que, dentro dos limites de determinado território 
(...), reivindica o monopólio do uso legítimo da violência 
física”. “(...) o Estado consiste em uma relação de dominação 
do homem pelo homem, com base no instrumento da 
violência legítima – ou seja, da violência considerada como 
legítima” (61). 
O Estado moderno é um agrupamento de dominação 
que apresenta caráter institucional e que procurou – com 
êxito – monopolizar, nos limites de um território, a violência 
física legítima como instrumento de domínio e que, tendo 
esse objetivo, reuniu nas mãos dos dirigentes os meios 
materiais de gestão. (Adaptado - disponível em http://stoa.
usp.br)
O Estado é a nação, e a Nação é um conjunto de pessoas 
ligadas entre si por vínculos permanentes, tais como:
— Idioma,
— Costumes,
— Valores,
— Religião,
O Estado é um conjunto de instituições políticas, dentre 
eles o que denominamos: governo. O governo faz parte 
do Estado, que é algo abstrato. Se te perguntarem: “O 
que é o Estado”, não encontrará uma resposta ligando-o á 
uma pessoa. Já o governo é fácil de identificar. O governo 
muda, mas o Estado permanece. Por exemplo, nos 
últimos anos tivemos o Governo do Presidente Fernando 
Henrique Cardoso, do Presidente Luíz Inácio Lula da Silva, 
da Presidente Dilma Rousseff e atualmente do Presidente 
Michel Temer. Mas o que é o Estado? O Estado é o Brasil, e 
não o Michel Temer. E o que é o Brasil? Ou melhor, quem 
é o Brasil? Perceba que é difícil de responder, por isso 
respondemos: “O Brasil é todo brasileiro”.
O presidente não governa sozinho, pois vivemos em 
uma República presidencialista que é dividida em três 
poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
ExErCÍCiOs
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“Instituição social é um conjunto de regras e 
procedimentos padronizados, reconhecidos, aceitos 
e sancionados pela sociedade e que tem grande valor 
social. A instituição não existe isolada das outras. Todas 
elas possuem uma interdependência mútua, de tal forma 
que uma modificação numa determinada instituição 
pode acarretar mudanças maiores ou menores nas 
outras. As instituições sociais servem como um meio para 
a satisfação das necessidades da sociedade. Nenhuma 
instituição surge sem que tenha surgido antes uma 
necessidade. Mas, além desse papel, as instituições 
sociais cumprem também o de servir de instrumento 
de regulação e controle das atividades do homem. 
As principais instituições sociais são: família, religião, 
econômica, política, educação e recreação.”
 (Pérsio Santos de Oliveira. Introdução à Sociologia. Ed. Ática. 2008)
Diante do texto apresentado é possível inferir que:
(A) As instituições sociais são totalmente independentes 
entre si. As mudanças estruturais de uma não interferem na 
estrutura da outra.
(B) As instituições sociais são criadas devido à 
necessidade da sociedade, pois é preciso que existam 
regras e padrões sociais para que a sociedade funcione.
(C) As instituições surgem sem que antes tenha surgido 
uma necessidade.
(D) A instituição família é mais importante que a 
política, pois ela é a única que cumpre o papel de servir de 
regulação e controle das atividades do homem.
(E) As instituições não possuem grande valor social 
devido a sua imposição a sociedade, fazendo com que 
todos percam a liberdade que faz do homem um ser social.
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Um dos principais objetivos do estudo da Sociologia 
é explicar o processo social, a construção histórica da 
sociedade, e mostrar que o que existe não foi sempre assim. 
Ela busca auxiliar a “desnaturalização” dos fatos sociais, a 
desconstruir alguns conceitos que, de tão repetidos que 
foram, parecem ser os únicos verdadeiros. Marque a opção 
que não está relacionada com o conceito destacado acima.
(A) Desnaturalizar é compreender que a realidade 
cotidiana é resultado de decisões, de interesses particulares 
ou coletivos, de ideologias;
(B) Não é uma tendência natural e imutável e pode ser 
modificada pela vontade humana;
76
sociologia capítulo 20-as iNstituicÕEs sociais E o papEl Da EDucaÇÃo
(C) Desnaturalizar é empreender a estagnação das 
formas de interpretação da sociedade, pois tudo já está 
determinado e certo.
(D) Desnaturalizar é pensar no mutável a todo instante 
e ter como certo as possibilidades de se pensar a mesma 
realidade ou conceito por vias diferentes.
(E) Todas as alternativas acima estão verdadeiras.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Florestan Fernandes (1920-1995), importante nome 
da Sociologia brasileira, estudou os povos Tupinambás, 
e sua pesquisa nos permite conhecer alguns elementos 
que caracterizam a educação das sociedades tribais. Três 
importantes valores perpassam a educação dos tupinambás 
que é o diferencial de uma sociedade “desescolarizada” 
(educação informal) aponte-as:
(A) A tradição, o valor da ação e o valor do exemplo;
(B) A tradição, o valor da palavra e o valor do exemplo;
(C) A educação dos menores, a pesca e o chefe da tribo;
(D) O valor da ação, o valor do exemplo e a magia.
(E) O Estado, a família, e a escola formal.
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Segundo um dos fundadores da sociologia moderna, 
Emile Durkheim, as instituições sociais são consideradas 
como uma maneira de proporcionar proteção a sociedade, 
e nas mesmas são aceitas as regras que geralmente são 
impostas pela sociedade, mantendo então uma organização 
do grupo, onde geralmente as necessidades dos indivíduos 
de cada grupo são saciadas. Sobre a concepção de Émile 
Durkheim (1858–1917) é correto afimar:
(A) É um dos representantes do pensamento 
progressista.
(B) Sua teoria faz a defesa da ordem social dominante.
(C) A escola não têm a função de imprimir valores 
morais e disciplinares.
(D) As crises não são causadas por aspectos morais, mas 
econômicos.
(E) As instituições sociais devem desaparecer, pois 
causam o estado de anomia.
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Sobre as instituições sociais, assinale a alternativa 
incorreta:
(A) A família pode ser definida como um grupo de 
pessoas diretamente unidas por conexões parentais, sejam 
decorrentes de sangue, casamento ou adoção.
(B) O casamento é a base definida da união entre duas 
pessoas de sexos diferentes, e responsável direto pelas 
constituições familiares, que devem ser sacralizadas e 
legais para serem considerados instituição. 
(C) Além da socialização primária de crianças, a família 
tem como papel a estabilização de personalidades, pois 
cabe a ela a assistência e apoio emocional de seus membros 
adultos.
(D) O casamento e família são instituições 
estabelecidas, mas que na atualidade passam por tensões 
e transformações. 
(E) Nas sociedades ocidentais, o casamento e a família 
estão associados à monogamia.
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
tEXtO I
O que vemos no país é uma espécie de espraiamento 
e a manifestação da agressividade através da violência. 
Isso se desdobra de maneira evidente na criminalidade, 
que está presente em todos os redutos — seja nas áreas 
abandonadas pelo poder público, seja na política ou no 
futebol. O brasileiro não é mais violento do que outros 
povos, mas a fragilidade do exercício e do reconhecimento 
da cidadania e a ausência do Estado em vários territórios 
do país se impõem como um caldo de cultura no qual a 
agressividade e a violência fincam suas raízes.
Entrevista com Joel Birman. A Corrupção é um crime sem rosto. IstoÉ. Edição 
2099; 3 fev. 2010
tEXtO II 
Nenhuma sociedade pode sobreviver sem canalizar as 
pulsões e emoções do indivíduo, sem um controle muito 
específico de seu comportamento. Nenhum controle desse 
tipo é possível sem que as pessoas anteponham limitações 
umas às outras, e todas as limitações sãoconvertidas, na 
pessoa a quem são impostas, em medo de um ou outro 
tipo.
ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
Considerando-se a dinâmica do processo civilizador, tal 
como descrito no Texto II, o argumento do Texto I acerca da 
violência e agressividade na sociedade brasileira expressa 
a:
(A) incompatibilidade entre os modos democráticos de 
convívio social e a presença de aparatos de controle policial.
(B) manutenção de práticas repressivas herdadas 
dos períodos ditatoriais sob a forma de leis e atos 
administrativos.
(C) inabilidade das forças militares em conter a violência 
decorrente das ondas migratórias nas grandes cidades 
brasileiras.
(D) dificuldade histórica da sociedade brasileira em 
institucionalizar formas de controle social compatíveis com 
valores democráticos.
(E) incapacidade das instituições político-legislativas 
em formular mecanismos de controle social específicos à 
realidade social brasileira.
77
sociologiacapítulo 20-as iNstituicÕEs sociais E o papEl Da EDucaÇÃo
QUESTÃO 7 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Ações de educação patrimonial são realizadas em 
diferentes contextos e localidades e têm mostrado 
resultados surpreendentes ao trazer à tona a autoestima 
das comunidades. Em alguns casos, promovem o 
desenvolvimento local e indicam soluções inovadoras de 
reconhecimento e salvaguarda do patrimônio cultural para 
muitas populações. 
PELEGRINI, S. C. A.; PINHEIRO, A. P. (orgs.). Tempo, memória e patrimônio 
cultural. Piauí: Edupi, 2010.
 A valorização dos bens mencionados encontra-se 
correlacionada a ações educativas que promovem a(s);
(A) evolução de atividades artesanais herdadas do 
passado.
(B) representações sociais formadoras de identidades 
coletivas. 
(C) mobilizações políticas criadoras de tradições 
culturais urbanas. 
(D) hierarquização de festas folclóricas praticadas por 
grupos locais. 
(E) formação escolar dos jovens para o trabalho 
realizado nas comunidades.
QUESTÃO 8 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Quando surgiram as primeiras notícias sobre a 
presença de seres estranhos, chegados em barcos 
grandes como montanhas, que montavam numa espécie 
de veados enormes, tinham cães grandes e ferozes e 
possuíam instrumentos lançadores de fogo, Montezuma 
e seus conselheiros ficaram pensando: de um lado, talvez 
Quetzalcóatl houvesse regressando, mas, de outro, não 
tinham essa confirmação. 
PINSKY, J. et alii. História da América através de textos. São Paulo: Contexto, 
2007 (adaptado). 
A dúvida apresentada inseria-se no contexto da 
chegada dos primeiros europeus à América, e sua origem 
estava relacionada ao 
(A) domínio da religião e do mito. 
(B) exercício do poder e da política. 
(C) controle da guerra e da conquista. 
(D) nascimento da filosofia e da razão. 
(E) desenvolvimento da ciência e da técnica.
GABARItO
ExErCÍCiOs
01. B 02. C 03. A 04.B
05. B 06. D 07. B 08. A
ANOtAÇÕES
78
FILOSOFIA
 tEORIA DO CONHECIMENtO : RACIONALISMO 
(RENÉ DESCARtES) X EMpIRISMO (DAVID HUME)
Nesse capítulo estudaremos a questão do 
conhecimento. O problema do conhecimento é uma das 
questões filosóficas mais investigadas durante toda a 
história da Filosofia. A seguir conheceremos os principais 
filósofos dessa discussão e as suas teorias.
O problema do conhecimento 
É possível conhecer as coisas que existem no mundo?
Qual o limite do conhecimento humano?
Questionamentos como esses eram feitos desde os 
filósofos pré-socráticos. A diferença sempre esteve na 
maneira como cada filósofo abordava esse tema. Podemos 
dividir tal abordagem em racionalismo e empirismo, que 
representam concepções opostas sobre a aquisição do 
conhecimento. 
As sementes 
Os dois filósofos mais consagrados da Filosofia Clássica 
- Platão e Aristóteles - poderiam ser colocados como os 
representantes das sementes que engendraram as duas 
correntes de pensamento acerca do conhecimento.
Platão (427 a. C.- 347 a. C.) desenvolve uma compreensão 
de mundo partindo da ideia de que para chegar à verdade 
era preciso ultrapassar os dados da experiência, que era 
vista por ele como incapaz de atingir o mundo inteligível, 
local onde se encontra o conhecimento verdadeiro, o 
princípio de todas as coisas.
Já Aristóteles (384 a.C.-322 a. C) era divergente, pois 
acreditava que o conhecimento está no mundo sensível, 
classificado por ele como o mundo real. Para Aristóteles, 
apenas por meio das informações adquiridas através da 
experiência é que se podem tirar conclusões, e destas 
criar regras que explicam o funcionamento da Natureza. 
A partir desta concepção de aquisição do conhecimento, 
Aristóteles funda as ciências da natureza, representando 
então o realismo, que parte sempre do empírico.
A denominação racionalismo e empirismo só entram 
em vigor na Filosofia Moderna, pois neste período os 
filósofos se classificam como pertencentes a uma dessas 
correntes de pensamento.
O Racionalismo
O racionalismo é uma corrente filosófica que coloca em 
evidência as limitações dos sentidos como fornecedores do 
conhecimento verdadeiro. Para o racionalismo a razão é a 
única fonte de conhecimento. Os sentidos podem enganar 
o homem apresentando um falso conhecimento, mas 
a razão não. A verdade só pode ser alcançada através da 
razão.
A escola racionalista, inaugurada por René Descartes 
(1596-1650), tinha como fundamento para o conhecimento 
verdadeiro os conceitos imutáveis, como por exemplo, os 
conceitos da matemática: 2 + 2 = 4, esses conceitos são 
imutáveis, dois mais dois serão sempre igual a quatro. 
Para os filósofos racionalistas todo conhecimento deve ser 
construído através de um método de investigação racional: 
o método dedutivo. Este método tem como ponto de 
partida o todo, conceitos universais, para chegar às partes.
 Os principais representantes dessa corrente filosófica 
foram Descartes, Nicolas Malebranche (1638-1715), Baruch 
Espinosa (1632-1677) e Leibniz (1646-1716).
Descartes acreditava que os conhecimentos válidos não 
provêm da experiência, mas são inatos. Para Descartes, faz-
se necessário colocar em dúvida qualquer conhecimento 
que não seja claro e distinto. 
“Experimentei algumas vezes que os sentidos eram 
enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em 
quem já nos enganou uma vez.” 
(Descartes, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979).
“... desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas 
opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois 
eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia 
ser senão mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar 
seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de 
todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar 
tudo novamente a fim de estabelecer um saber firme e 
inabalável.” 
(Descartes, R. Meditações Concernentes à Primeira Filosofia. São Paulo: 
Moderna, 2001 – Adaptado)
CAPÍTULO 21 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •tEORIA DO CONHECIMENtO
79
filosofia e sociologiacapítulo 21 - teoRia Do coNHeciMeNto
O conhecimento claro e distinto pode ser obtido através 
da análise racional. O pensamento de Descartes se articula 
com o platônico, amparado em princípios tidos como 
racionais e universalmente válidos. 
Descartes colocou em questão as verdades 
fundamentadas na tradição, a ponto de duvidar de tudo e 
então estabeleceu suas premissas. 
•	 Duvido da existência de tudo ao meu redor.
•	 Se duvido de tudo, a minha única certeza é de que 
eu existo, pois estou aqui duvidando.
•	 Se duvido é porque penso.
•	 “Cogito ergo sum” – Penso, logo existo. 
Sendo assim, o conhecimento passa então a ter 
necessidade de uma base lógica.
O Empirismo
O empirismo, enquanto corrente filosófica, teve origem 
na Inglaterra com Francis Bacon (1561-1626) – um dos 
elaboradores do método científico. Segundo Bacon todo 
conhecimento precisa necessariamente passar pelo crivo 
da experiência, semexperiência não há conhecimento.
Os sucessores intelectuais de Bacon foram os empiristas 
ingleses: Thomas Hobbes (1588-1674), John Locke (1632-
1704), George Berkeley (1685-1753) e David Hume (1711-
1776).
Os questionamentos desses filósofos estavam 
amparados no problema do conhecer. Os empiristas 
voltaram-se para as ciências naturais e experimentais. 
Como filhos de seu tempo, os filósofos ingleses refletiam o 
ambiente pragmático de sua nação.
É possível, a partir da experiência sensível, chegar às leis 
universais? 
John Locke
John Locke acreditava que o ser humano nasce uma 
“tábula rasa”, uma folha em branco, e as experiências 
vão escrevendo o conhecimento nela, negando assim 
a concepção racionalista da existência de ideias inatas. 
Para o filósofo inglês, todo o conhecimento é construído 
a partir dos sentidos, e posteriormente é trabalhado 
pela razão. Algo só é verdadeiro se for comprovado na 
experimentação. Assim, de observação em observação 
chega-se ao funcionamento do sistema, que tem como 
ponto de partida as partes para chegar ao todo, ou seja, 
pelo método indutivo.
David Hume
David Hume (1721-1776) foi o principal filósofo da 
corrente de pensamento empirista moderna. Para Hume, 
no início do conhecimento, estão as percepções que 
provocam impressões. Segundo o empirista, as ideias 
derivam dessa experiência que causa emoções, levando o 
ser humano a converter suas sensações em conhecimento 
sobre algo. 
Para Hume o que mais rege o conhecimento é o costume 
ou hábito. Ele acreditava que o hábito é o princípio com base 
no qual, da simples constatação da contiguidade e sucessão 
entre dois fenômenos, se infere também a necessidade da 
conexão entre os dois fenômenos, considerando-os um 
como “causa” e o outro “efeito” (REALE, 2007, p. 137). 
O conhecimento para Hume é todo baseado na 
experiência, partindo e derivando do mundo empírico. 
A partir do exposto sobre o empirismo podemos 
afirmar que tal corrente filosófica forneceu a base para a 
ciência moderna, que está essencialmente amparada na 
experiência. 
Um olhar diferente: a proposta Kantiana
O representante das ideias Iluministas na Alemanha 
Immanuel Kant (1724-1804) é reconhecido como um marco 
na história da Filosofia com a sua revolução copernicana, 
pois renovou o debate sobre o conhecimento. 
Assim como Copérnico, que afirmou que a Terra não 
era o centro do Universo, Kant buscou provar que o 
lugar atribuído ao objeto do conhecimento é que estava 
equivocado. Para Kant não se deve colocar como centro do 
debate acerca do conhecimento o objeto a ser conhecido, 
mas a razão que busca conhecê-lo.
Kant criticou a ideia de uma razão absoluta, inaugurando 
o Idealismo Alemão. Ele encontrou a solução para a 
divergência entre racionalismo e empirismo.
A solução para a oposição entre o racionalismo e o 
empirismo foi chamada por ele mesmo de “Revolução 
copernicana da filosofia”. Kant tentou provar que tanto os 
inatistas quanto os empiristas estavam errados. Ou seja, os 
conteúdos do conhecimento não eram inatos nem eram 
adquiridos pela experiência. Para Kant a razão é a 
priori, uma estrutura inata, mas é vazia e sem conteúdo. A 
razão não depende da experiência para existir, já esta é a 
posteriori, pois o conteúdo que preenche a estrutura vazia 
é obtido pela experiência. 
Baseado nessas premissas, Kant afirma que o 
conhecimento é racional e verdadeiro. Mas Kant ressalta 
que o homem não é capaz de conhecer “a coisas em si”. Para 
Kant a realidade não está nas coisas, mas no ser humano. 
simULAdO
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
tEXtO I
Há já algum tempo eu me percebi de que, desde meus 
primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como 
verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em 
princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui 
duvidoso e incerto. Era necessário tentar seriamente, uma 
vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que 
80
filosofia e sociologia capítulo 21 - teoRia Do coNHeciMeNto
até então dera crédito, e começar tudo novamente a fim de 
estabelecer um saber firme e inabalável. 
(Descartes, R. Meditações Concernentes à Primeira Filosofia. São Paulo: 
Moderna, 2001 – Adaptado)
tEXtO II
É o caráter radical do que se procura que exige a 
radicalização do próprio processo de busca. Se todo o 
espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que 
aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada pela 
própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas 
que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida. 
(SILVA, F.L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 
– Adaptado).
A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam 
que, para viabilizar a reconstrução radical do conhecimento, 
deve-se:
(A) retomar o método da tradição para edificar a ciência 
com legitimidade.
(B) questionar de forma ampla e profunda as antigas 
ideias e concepções.
(C) investigar os conteúdos da consciência dos homens 
menos esclarecidos.
(D) buscar uma via para eliminar da memória saberes 
antigos e ultrapassados.
(E) encontrar ideias e pensamentos evidentes que 
dispensam ser questionados.
 
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 Até hoje admita-se que nosso conhecimento se devia 
regular pelos objetos; porém, todas as tentativas para 
descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso 
conhecimento, malogravam-se com esse pressuposto. 
Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão 
melhor as tarefas da metafísica, admitindo que os objetos 
se deveriam regular pelo nosso conhecimento. 
(Kant, I. Crítica a razão pura. Lisboa, 1994 – Adaptado).
O Trecho em questão é uma referência ao que ficou 
conhecido como revolução copernicana na filosofia. Nele 
confrontam-se duas posições filosóficas que
(A) assumem pontos de vista opostos acerta da natureza 
do conhecimento.
(B) defendem que o conhecimento é impossível, 
restando-nos somente o ceticismo.
(C) revelam a relação de interdependência entre os 
dados da experiência e a reflexão filosófica.
(D) apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, 
na primazia das ideias em relação aos objetos.
(E) refutam-se mutuamente quando à natureza do 
nosso conhecimento e são ambas recusadas por Kant.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Os produtos e seu consumo constituem a meta 
declarada do empreendimento tecnológicos. Essa meta 
foi proposta pela primeira vez no inicio da Modernidade, 
como expectativa de que o homem poderia domina a 
natureza. No entanto, essa expectativa, convertida em 
programa anunciado por pensadores como Descartes e 
Bacon e impulsionado pelo Iluminismo, não surgiu de um 
prazer de poder”, “de um mero imperialismo humano”, mas 
da aspiração de libertar o homem e de enriquecer sua vida, 
física e culturalmente. (
Cupani, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques. Scientias 
Studia, São Paulo, 2004 – Adaptado)
Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes 
e Bacon, e o projeto iluminismo concebem a ciência como 
uma forma de saber que almeja libertar o homem das 
intempéries da natureza. Nesse contexto, a investigação 
científica consiste em 
(A)expor a essência da verdade e resolver 
definitivamente as disputas teóricas ainda existentes.
(B)oferecer a última palavra acerca das coisas que 
existem e ocupar o lugar que outrora foi da filosofia.
(C) ser a expressão da razão e servir de modelo para 
outras áreas do saber que almejam o progresso.
(D) explicitar as leis gerais que permitem interpretar a 
natureza e eliminar os discursos éticos e religiosos.
(E) explicar a dinâmica presente entre o fenômenos 
naturais e impor limites aos debates acadêmicos.
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
tEXtO I
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram 
enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em 
quem já nos enganou uma vez.
DESCARTES,R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
tEXtO II
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma 
ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado, 
precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva 
esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer 
impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa 
suspeita. 
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 
(adaptado).
Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a 
natureza do conhecimento humano. A comparação dos 
excertos permite assumir que Descartes e Hume
(A) defendem os sentidos como critério originário para 
considerar um conhecimento legítimo.
81
filosofia e sociologiacapítulo 21 - teoRia Do coNHeciMeNto
(B) entendem que é desnecessário suspeitar do 
significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica.
(C) são legítimos representantes do criticismo quanto à 
gênese do conhecimento.
(D) concordam que conhecimento humano é impossível 
em relação às ideias e aos sentidos.
(E) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos 
no processo de obtenção do conhecimento.
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 David Hume nasceu na cidade de Edimburgo, em pleno 
Século das Luzes, denominação pela qual ficou conhecido 
o século XVIII. Para investigar a origem das ideias e como 
elas se formam, Hume parte, como a maioria dos filósofos 
empiristas, do cotidiano das pessoas. Do ponto de vista de 
um empirista, 
(A) não existem ideias inatas. 
(B) não existem ideias abstratas. 
(C) não existem ideias a posteriori. 
(D) não existem ideias formadas pela experiência. 
(E) não existe a razão. 
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Nunca nos tornaremos matemáticos, por exemplo, 
embora nossa memória possua todas as demonstrações 
feitas por outros, se nosso espírito não for capaz de resolver 
toda espécie de problemas; não nos tornaríamos filósofos, 
por ter lido todos os raciocínios de Platão e Aristóteles, sem 
poder formular um juízo sólido sobre o que nos é proposto. 
Assim, de fato, pareceríamos ter aprendido, não ciências, 
mas histórias.
Descartes, R. Regras para a orientação do espírito.
Em sua busca pelo saber verdadeiro, o autor considera o 
conhecimento, de modo crítico, como resultado da
(A) Investigação de natureza empírica
(B) Retomada da tradição intelectual
(C) Imposição de valores ortodoxos
(D) Autonomia do sujeito pensante
(E) Liberdade do agente moral
QUESTÃO 7 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
É o caráter radical do que se procura que exige a 
radicalização do próprio processo de busca. Se todo o 
espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que 
aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada pela 
própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas 
que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida.
SILVA, F. l. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 
(adaptado).
Apesar de questionar os conceitos da tradição, a dúvida 
radical da filosofia cartesiana tem caráter positivo por 
contribuir para o(a)
(A) dissolução do saber científico.
(B) recuperação dos antigos juízos.
(C) exaltação do pensamento clássico.
(D) surgimento do conhecimento inabalável.
(E) fortalecimento dos preconceitos religiosos.
QUESTÃO 8 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 Todo o poder criativo da mente se reduz a nada mais do 
que a faculdade de compor, transpor, aumentar ou diminuir 
os materiais que nos fornecem os sentidos e a experiência. 
Quando pensamos em uma montanha de ouro, não 
fazemos mais do que juntar duas ideias consistentes, ouro 
e montanha, que já conhecíamos. Podemos conceber um 
cavalo virtuoso, porque somos capazes de conceber a 
virtude a partir de nossos próprios sentimentos, e podemos 
unir a isso a figura e a forma de um cavalo, animal que nos 
é familiar.
HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril 
Cultural, 1995.
Hume estabelece um vínculo entre pensamento e 
impressão ao considerar que
(A) os conteúdos das ideias no intelecto têm origem na 
sensação.
(B) o espírito é capaz de classificar os dados da 
percepção sensível.
(C) as ideias fracas resultam de experiências sensoriais 
determinadas pelo acaso.
(D) os sentimentos ordenam como os pensamentos 
devem ser processados na memória.
(E) as ideias têm como fonte específica o sentimento 
cujos dados são colhidos na empiria.
GABARItO
simULAdO
01. B 02. A 03. C 04. E
05. A 06. D 07. D 08. A
ANOtAÇÕES
82
A FILOSOFIA ILUMINIStA 
Nesse capítulo buscaremos compreender o contexto 
Europeu do período denominado Iluminista. Entenderemos 
esse momento histórico como uma manifestação filosófica 
e crítica ao sistema até então vigente.
Uma manifestação filosófica
O Iluminismo foi um movimento intelectual e filosófico 
ocorrido no século XVIII, que atingiu todas as esferas do 
mundo europeu e consequentemente todo o mundo 
Ocidental.
Amparado no ideal da razão e na crítica à Idade Média, 
que era encarada como o período da estagnação do pensar, 
os Iluministas se viam como os iluminadores dos possíveis 
caminhos do mundo do conhecimento, a fim de levar o 
mundo ao progresso. O maior exemplo disso foi a criação 
da enciclopédia.
 Essencialmente burguês, o movimento 
iluminista apresentava um discurso que era divergente ao 
autoritarismo. Com forte presença na França, os iluministas 
buscaram compreender a crise que se iniciava no governo 
absolutista, discutiam sobre a política e a sociedade como 
um todo. 
Na esfera social, o debate ficava pautado na 
desigualdade, os iluministas problematizaram a divisão da 
sociedade em “estados” ou “ordens”, divisão que limitava 
a burguesia e o povo em geral, a fim de privilegiar e 
privilegiava a aristocracia. 
 Dando continuidade aos questionamentos já 
levantados no século XVII pelo inglês John Locke sobre a 
crise do absolutismo, os iluministas franceses estruturaram 
um pensamento que se apresentou como base das 
transformações que ocorreram no final do século XVIII e no 
século XIX.
A crítica ao absolutismo
Os filósofos iluministas franceses fizeram uma forte 
crítica ao absolutismo, pensadores como Montesquieu 
(1689–1755), Voltaire (1694-1778), Rousseau (1712-1778) 
e os enciclopedistas. Tais filósofos marcaram a história da 
Filosofia por suas propostas de mudança social. 
Montesquieu
Montesquieu propôs à França um novo modelo político, 
uma nova maneira de governar que se apresentava 
fortemente contra o absolutismo vigente naquela nação.
O grande legado do filósofo iluminista foi a ideia da 
descentralização do poder, baseado na divisão do poder em 
três: Executivo, responsável pela administração, aquele que 
executa a lei; Legislativo, poder que cria as leis; e Judiciário, 
que julga os que não obedecem as leis, garantindo que elas 
sejam cumpridas. 
A divisão do poder impede o surgimento de governos 
autoritários e tiranos. Montesquieu apresentou um modelo 
de governo democrático. Além disso, acreditava na 
necessidade da separação entre igreja e Estado.
A sua obra mais importante foi O Espírito das Leis, na 
qual Montesquieu apresenta os três modelos políticos 
vigentes na Europa de sua época: a monarquia, a república 
e o despótico.
 Para Montesquieu a democracia estaria pautada 
em leis que garantiriam a liberdade dos cidadãos.
“É verdade que nas democracias o povo parece fazer o 
que quer; mas a liberdade política não consiste nisso. Deve-
se ter sempre presente em mente o que é independência 
e o que é liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo 
o que as leis permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo 
o que elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os 
outros também teriam tal poder.” 
(MONTESQUIEU. Do Espirito das Leis. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997).
Voltaire
 Voltaire foi um dos pensadores que defendeu a 
consolidação dos Direitos Humanos. Amparado na ideia 
de liberdade,Voltaire se dedicou na defesa da tolerância 
religiosa, e da igualdade entre burgueses e nobres. 
 Além da liberdade religiosa, Voltaire defendia 
a liberdade de expressão. Foi um dos maiores críticos da 
Igreja Católica devido ao seu histórico repressor.
 Na tentativa de se distanciar da Metafísica, Voltaire 
ressalta a necessariedade de se compreender o mundo 
natural a partir de um olhar realista, e não mais Metafísico, 
pois para ele este nada respondia. O bem e o mal não são 
ordens divinas, mas conceitos criados pela sociedade a fim 
de discernir o que é útil ou desnecessário para a sociedade.
Para Voltaire a razão é o que existe de mais “divino” no 
homem, ela garante a liberdade do ser humano. Pensar é o 
maior poder do homem. 
O Iluminismo e os filósofos alemães 
Immanuel Kant
Além de sua revolução no campo da teoria do 
conhecimento, Kant afirmava que o esclarecimento deu 
ao homem a liberdade, pois a autonomia da capacidade 
racional é a expressão da maioridade do homem.
Segundo Kant:
 “(...) o esclarecimento é a saída do homem de sua 
menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade 
é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a 
direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado 
dessa menoridade se a causa dela não se encontra na 
falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem 
CAPÍTULO 22 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • A FILOSOFIA ILUMINIStA 
83
filosofia e sociologiacapítulo 22 - a filosofia iluMiNista 
de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem 
coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal 
é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são 
as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, 
depois que a natureza de há muito os libertou de uma 
condição estranha, continuem, no entanto, de bom grado 
menores durante toda a vida.” 
(KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985)
Hegel 
Para Hegel (1770-1831) a consciência é o referencial das 
coisas que existem. O homem é um sujeito consciência de 
si. 
Para o idealismo hegeliano as ideias condicionam a 
realidade, a consciência tem uma relação de poder com as 
coisas que existem. 
Para Hegel a história da humanidade é uma 
consequência do processo dialético, a história é movida 
pela contradição.
 DIALÉTICA: 
 Tese + Antítese = Síntese. 
simULAdO 
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 É verdade que nas democracias o povo parece fazer o 
que quer; mas a liberdade política não consiste nisso. Deve-
se ter sempre presente em mente o que é independência 
e o que é liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo 
o que as leis permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo 
o que elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os 
outros também teriam tal poder. 
MONTESQUIEU. Do Espirito das Leis. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997 
(adaptado).
A característica de democracia ressaltada por 
Montesquieu diz respeito
(A) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao 
tomar as decisões por si mesmo.
(B) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à 
conformidade às leis.
(C) à possibilidade de o cidadão participar no poder e, 
nesse caso, livre da submissão às leis.
(D) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é 
proibido, desde que ciente das consequências.
(E) ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo 
com seus valores pessoais.
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Esclarecimento é a saída do homem de sua 
menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade 
é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a 
direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado 
dessa menoridade se a causa dela não se encontra na 
falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem 
de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem 
coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal 
é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são 
as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, 
depois que a natureza de há muito os libertou de uma 
condição estranha, continuem, no entanto, de bom grado 
menores durante toda a vida. 
KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 
(adaptado).
Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, 
fundamental para a compreensão do contexto filosófico da 
Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por 
Kant, representa:
(A) a reivindicação de autonomia da capacidade racional 
como expressão da maioridade.
(B) o exercício da racionalidade como pressuposto 
menor diante das verdades eternas.
(C) a imposição de verdades matemáticas, como caráter 
objetivo, de forma heterônoma.
(D) a compreensão de verdades religiosas que libertam 
o homem da falta de entendimento.
(E) a emancipação da subjetividade humana de 
ideologias produzidas pela própria razão.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Entre os séculos XVI e XVIII ocorreram diversas 
transformações culturais na Europa ocidental. Assinale a 
seguir a opção que identifica corretamente uma dessas 
transformações:
(A) o desenvolvimento do pensamento científico, nos 
séculos XVII e XVIII, baseava-se na crítica, no empirismo e 
no naturalismo.
(B) o movimento reformista, no século XVI, caracterizou-
se por uma unidade de pensamento e práticas nos diversos 
países nos quais se difundiu.
(C) a Contrarreforma, expressa no Concílio de Trento, 
entre 1545 e 1563, alterou os dogmas católicos a partir 
de um enfoque humanista, que extinguiu os Tribunais da 
Santa Inquisição.
(D) o Iluminismo, no século XVIII, baseando-se no 
racionalismo, criticou os fundamentos do poder da Igreja, 
apoiando os princípios do poder monárquico absoluto.
(E) o Liberalismo econômico, na segunda metade do 
século XVIII, criticava o sistema colonial, defendendo a 
manutenção dos monopólios como geradores de riqueza 
84
filosofia e sociologia capítulo 22 - a filosofia iluMiNista 
a sociedade.
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 “Não se veem, porventura (...) povos pobres em terras 
vastíssimas, potencialmente férteis, em climas dos mais 
benéficos? E, inversamente, não se encontra, por vezes, 
uma população numerosa vivendo na abundância em um 
território exíguo, até algumas vezes em terras penosamente 
conquistadas ao oceano, ou em territórios que não são 
favorecidos por dons naturais? Ora, se essa é a realidade, 
é por existir uma causa sem a qual os recursos naturais (...) 
nada são (...). Uma causa geral e comum de riqueza, causa 
que, atuando de modo desigual e vário entre os diferentes 
povos, explica as desigualdades de riqueza de cada um 
deles (...)” 
(SMITH, Adam. Apud HUGON, Paul. “História das Doutrinas Econômicas.” São 
Paulo: Atlas, 1973.)
O texto anterior evidencia a preocupação, por parte 
de pensadores do século XVIII, com a fonte geradora de 
riqueza. As “escolas” econômicas do período - Fisiocracia 
e Liberalismo - apresentavam, contudo, discordâncias 
quanto a essa fonte.
Os elementos geradores de riqueza para a Fisiocracia e 
para o Liberalismo eram, respectivamente:
(A) terra e trabalho
(B) agricultura e capital
(C) indústria e comércio
(D) metal precioso e tecnologia
(E) indústria e artesanato 
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 O Iluminismo do século XVIII abrigava, dentre seus 
valores, o racionalismo. Tal perspectiva confrontava-se 
com as visões religiosas do século anterior. Esse confronto 
anunciava que o homem das luzes encarava de frente 
o mundo e tudo nele contido: o Homem e a Natureza. O 
iluminismo era claro, com relação ao homem: um indivíduo 
capaz de realizar intervenções e mudanças na natureza 
para que essa lhe proporcionasse conforto e prazer.
Seguindo esse raciocínio, pode-se dizer que, para o 
Homem das Luzes, a Natureza era:
(A) misteriosa e incalculável, sendoa base da 
religiosidade do período, o lugar onde os homens 
reconheciam a presença física de Deus e sua obra de 
criação;
(B) infinita e inesgotável, constituindo-se um campo 
privilegiado da ação do homem, dando em troca condição 
de sobrevivência, principalmente no que se refere ao seu 
sustento econômico;
(C) apenas reflexo do desenvolvimento da capacidade 
artística do homem, pois ajudava-o a criar a ideia de um 
progresso ilimitado relacionado à indústria;
(D) um laboratório para os experimentos humanos, pois 
era reconhecida pelo homem como a base do progresso e 
entendimento do mundo; daí a fisiocracia ser a principal 
representante da industrialização iluminista;
(E) a base do progresso material e técnico, fundamento 
das fábricas, sem a qual as indústrias não teriam condições 
de desenvolver a ideia de mercado.
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas 
de maneira que o poder seja contido pelo poder. Tudo 
estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo 
dos principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses 
três poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções 
públicas e o de julgar os crimes ou as divergências 
dos indivíduos. Assim, criam-se os poderes Legislativo, 
Executivo e Judiciário, atuando de forma independente 
para a efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se 
uma mesma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes 
concomitantemente. 
MONTESQUIEU, B. Do Espírito das Leis. São Paulo: Abril Cultural, 1979 
(adaptado).
A divisão e a independência entre os poderes são 
condições necessárias para que possa haver liberdade 
em um Estudo. Isso pode ocorrer apenas sob um modelo 
político em que haja
(A) exercício de tutela sobre atividades jurídicas e 
políticas.
(B) consagração do poder político pela autoridade 
religiosa.
(C) concentração do poder nas mãos de elites técnico-
científicas.
(D) estabelecimento de limites aos atores públicos e às 
instituições do governo.
(E) reunião das funções de legislar, julgar e executar nas 
mãos de um governo eleito.
QUESTÃO 7 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
No período do Iluminismo, no século XVIII, o filósofo 
Montesquieu defendia:
(A) Divisão dos poderes executivo, legislativo e judiciário.
(B) Divisão da riqueza nacional.
(C) Divisão da política em nacional e internacional.
(D) Formação de um Poder Moderador no Congresso 
Nacional.
(E) Implantação da ditadura moderna.
QUESTÃO 8 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia 
regular pelos objetos; porém, todas as tentativas para 
descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso 
conhecimento, malogravam-se com esse pressuposto. 
85
filosofia e sociologiacapítulo 22 - a filosofia iluMiNista 
Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão 
melhor as tarefas da metafísica, admitindo que os objetos 
se deveriam regular pelo nosso conhecimento. 
KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 1994 (adaptado).
O trecho em questão é uma referência ao que ficou 
conhecido como revolução copernicana na filosofia. Nele, 
confrontam-se duas posições filosóficas que
(A) assumem pontos de vista opostos acerca da natureza 
do conhecimento.
(B) defendem que o conhecimento é impossível, 
restando-nos somente o ceticismo.
(C) revelam a relação de interdependência entre os 
dados da experiência e a reflexão filosófica.
(D) apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, 
na primazia das ideias em relação aos objetos.
(E) refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso 
conhecimento e são ambas recusadas por Kant.
GABARItO
Simulado
01. B 02. A 03. A 04. A
05. B 06. D 07. A 08. A
ANOtAÇÕES
86
OS CONtRAtUALIStAS: tHOMAS HOBBES, 
JEAN-JACQUES ROUSSEAU E JOHN LOCKE
Esse capítulo é dedicado ao estudo da Filosofia Política. 
Buscando compreender as consagradas explicações sobre 
o surgimento do Estado, analisaremos a seguir os filósofos 
contratualistas.
FILOSOFIA pOLítICA
A Filosofia Política moderna é estruturada a partir de 
três grandes pensadores que também contribuíram com 
outros temas para a Filosofia, são eles: Hobbes, Locke e 
Rousseau. 
Os três pensadores desenvolveram o conceito do 
“Contrato Social”, que dá origem ao Estado Civil do qual 
fazemos parte. Defendem que o Estado foi constituído 
a partir de um contrato firmado entre os homens, um 
consenso para garantir a existência social. 
Tais pensadores são divergentes quanto ao 
funcionamento do Estado de Natureza e do Estado Civil, 
e quanto aos motivos que levaram a criação do contrato, 
veremos as diferenças a seguir:
 
thomas Hobbes (1588-1679)
O pensador inglês acreditava que o contrato social 
entre os homens foi feito devido ao fato de viverem uma 
constante guerra de todos contra todos. Ele defendia a 
teoria de que o homem é mal por natureza. Para Hobbes o 
Estado de Natureza e o Estado Civil eram caracterizados da 
seguinte maneira:
Estado de Natureza Estado Civil (Sociedade)
CONtRAtO SOCIAL
•	 Os homens são 
livres;
•	 Os homens vivem 
isolados;
•	 Os homens 
vivem numa luta 
permanente;
•	 Os homens são 
violentos;
•	 Os homens têm os 
mesmos desejos 
básicos, por isso 
guerreiam entre si, 
•	 Vivem em 
c o m p e t i ç ã o 
constante, em 
estado de guerra. 
•	 O governante 
precisa ter o poder 
absoluto para 
manter a ordem, 
é a criação do 
Estado Soberano;
•	 Os homens criam 
um corpo político, 
uma pessoa 
artificial que se 
chama Estado;
•	 O Estado precisa 
ser um mostro 
forte como um 
Leviatã;
•	 Reina a insegurança;
•	 A guerra de todos 
contra todos;
•	 Neste Estado reina o 
medo, o grande medo: 
da morte violenta. 
•	 É uma vida sem 
garantias, o mais forte 
sempre vence o mais 
fraco;
•	 A posse de terras não 
tem o reconhecimento, 
a única lei é a força.
•	 “o homem é o lobo do 
homem”
•	 O soberano detém 
a espada e a lei, 
enquanto que os 
governados ganham 
a vida e a propriedade 
dos bens;
•	 O regime político 
mais capaz de 
cumprir tal finalidade 
é a monarquia, no 
entanto, para Hobbes 
o soberano pode ser 
um rei, um grupo de 
aristocratas ou uma 
assembleia, para ele 
o importante não 
é a quantidade de 
governantes, pois 
o fundamental é a 
determinação de 
quem possui o poder 
ou a soberania, o poder 
deve ser absoluto.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)
Rousseau nasceu em Genebra - Suíça, mas viveu 
praticamente a vida toda na França. Acreditava que o 
homem é bom por natureza, ou seja, é essencialmente 
bom, no entanto é corrompido pela sociedade.
“O homem nasce livre e em toda parte encontra-se a 
ferros.” (Rousseau).
“Toda nossa sabedoria consiste em preconceitos 
servis; todos os nossos usos são apenas sujeição, coação, e 
constrangimento. O homem nasce, vive e morre na escravidão: 
ao nascer cosem-no numa malha; na sua morte pregam-no 
num caixão: enquanto tem figura humana é encadeado pelas 
nossas instituições.” (Rousseau). 
“O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro 
que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer isto é meu 
e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-
lo. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores 
não pouparia ao gênero humano aquele que, arrancando 
as estacas ou enchendo o fosso, tivesse gritado a seus 
semelhantes: ‘Defendei-vos de ouvir esse impostor; estareis 
perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a 
terra não pertence a ninguém!’”. (Rousseau)
Para Rousseau o poder emana do povo, e considera que 
o povo tem a soberania. Foi um defensor da Democracia 
e teve grande influência na Revolução Francesa. Para o 
pensador, o Estado de Natureza e o Estado Civil eram 
caracterizados da seguinte maneira:
CAPÍTULO 23 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • OS CONtRAtUALIStAS
87
filosofia e sociologiacapítulo 23 - os coNtRatualistas
Estado de Natureza EstadoCivil (Sociedade)
CONtRAtO SOCIAL
•	 Os homens são 
livres;
•	 Os homens são 
bons;
•	 Vivem isolados 
pelas florestas 
sobrevivendo do 
que a natureza os 
oferece;
•	 Os homens 
desconhecem a 
luta, porque não 
precisam lutar por 
nada, tudo é de 
todos;
•	 O homem é o “Bom 
Selvagem”; um ser 
inocente.
•	 O homem perde sua 
inocência a partir 
do surgimento 
da propriedade 
privada, que surge 
quando alguém 
cerca o terreno e 
diz “é meu”;
•	 Temos aqui 
a origem da 
desigualdade entre 
os homens.
•	 Neste Estado reina 
a guerra de todos 
contra todos, 
pois todos lutam 
pela propriedade 
privada que não 
existia no estado de 
natureza.
•	 No estado 
civil o homem 
tem o direito à 
propriedade.
•	 Neste Estado reina 
a insegurança, a 
luta, e o medo da 
morte.
•	 O governante nada 
mais é do que o 
r e p r e s e n t a n t e 
do povo, ou 
seja, recebe uma 
delegação para 
exercer o poder em 
nome do povo.
•	 Rousseau distingue 
a soberania de 
governo, atribuindo 
ao povo a soberania 
inalienável.
•	 O governante não 
é o soberano, mas 
o representante da 
soberania popular.
•	 Os homens são 
cidadãos do Estado 
e súditos da lei.
•	 O regime político 
mais capaz 
de cumprir tal 
finalidade, segundo 
Rousseau, é a 
democracia.
John Locke (1632-1704)
O filósofo inglês John Locke é considerado o pai do 
liberalismo. Locke acreditava que o Estado Civil surgiu 
devido ao fato da necessidade de uma organização de 
acordo com os interesses de todos.
Os cidadãos devem escolher o seu governante, que 
deverá cumprir com seu papel que é garantir os direitos 
naturais do homem, o direito à vida, à liberdade e à 
propriedade privada. 
As leis devem ser representação da vontade da 
Assembleia e não fruto da vontade de um soberano. Locke 
criticava o absolutismo.
Para o pensador, o Estado de Natureza e o Estado Civil 
eram caracterizados da seguinte maneira:
Estado de Natureza Estado Civil (Sociedade)
CONtRAtO SOCIAL
•	 Existem os 
direitos naturais 
(Jusnaturalismo):
-Vida;
-Liberdade;
- P r o p r i e d a d e 
privada (que é 
fruto legítimo do 
trabalho).
•	 O homem não é 
nem bom, nem 
mau.
•	 No Estado Civil 
e n c o n t r a m o s 
o surgimento 
do Direito Civil, 
que existe para 
preservar os 
direitos naturais;
•	 Este Estado 
assegura por 
meio das leis a 
posse de bens e a 
legitima na forma 
de propriedade 
privada;
•	 Este Estado surge 
em nome da 
segurança e da paz.
•	 Se o governante 
não cumprir 
com seu dever, 
o povo tem total 
autonomia para 
tirá-lo do poder.
•	 As leis devem 
ser expressão 
da vontade da 
assembleia e não 
fruto da vontade 
de um soberano.
•	 O poder pertence 
ao povo e é por 
ele conferido ao 
soberano.
•	 A função do 
Estado não é a de 
criar ou instituir 
a propriedade 
privada, mas 
de garanti-la e 
defendê-la (teoria 
do Estado liberal).
simULAdO 
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Para Hobbes, criar uma sociedade submetida à lei e na 
qual os seres humanos vivam em paz e deixem de guerrear 
entre si, pressupõe que todos os homens renunciem a sua 
liberdade original e deleguem a um só deles (o soberano) 
88
filosofia e sociologia capítulo 23 - os coNtRatualistas
o poder completo e inquestionável. A Filosofia Política 
Moderna, associada à teoria política de Hobbes, justifica 
qual modalidade de governo:
(A) Sistema Republicano
(B) Sistema Parlamentar
(C) Monarquia Absoluta
(D) Monarquia censitária
(E) Sistema democrático
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 “Hobbes realiza o esforço supremo de atribuir ao 
contrato uma soberania absoluta e indivisível [...]. Ensina 
que, por um único e mesmo ato, os homens naturais 
constituem-se em sociedade política e submetem-se a 
um senhor, a um soberano. Não firmam contrato com esse 
senhor, mas entre si. É entre si que renunciam, em proveito 
desse senhor, a todo o direito e toda liberdade nocivos à 
paz”. 
(CHEVALLIER, Jean-Jacques. As grandes obras políticas de Maquiavel a nossos 
dias. Trad. de Lydia Cristina. 7. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1995. p. 73.)
A frase que representa a teoria de Hobbes em relação a 
sua concepção de Estado de Natureza é:
(A) O homem é um bom selvagem, mas a sociedade o 
corrompe.
(B) O homem é o construtor do próprio homem.
(C) O homem está em constante guerra, sendo lobo do 
homem. 
(D) O homem é um animal político por natureza.
(E) O homem é livre e igual, incapaz de matar outro 
homem.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Thomas Hobbes e John Locke fazem parte da mesma 
escola filosófica, a do direito natural ou jusnaturalista, que 
se baseia no trinômio “estado de natureza”, “contrato social” 
e “estado civil”. Apesar de divergirem em relação a esses 
conceitos, Hobbes e Locke convergem quanto à ideia de 
que: 
(A) os indivíduos renunciam à liberdade irrestrita de que 
gozam no estado de natureza para ganhar do soberano a 
segurança. 
(B) o contrato social consiste num pacto de submissão 
entre indivíduos livres e iguais. 
(C) os governados são portadores do direito natural de 
resistir às arbitrariedades do governante no estado civil. 
(D) o trabalho é o legitimador da propriedade privada 
no estado de natureza. 
(E) a autoridade soberana deve ser dividida no estado 
civil entre o rei e o parlamento. 
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 “Se todos os homens são, como se tem dito, livres, 
iguais e independentes por natureza, ninguém pode ser 
retirado deste estado e se sujeitar ao poder político de 
outro sem o seu próprio consentimento. A única maneira 
pela qual alguém se despoja de sua liberdade natural e se 
coloca dentro das limitações da sociedade civil é através do 
acordo com outros homens para se associarem e se unirem 
em uma comunidade para uma vida confortável, segura e 
pacífica uns com os outros, desfrutando com segurança de 
suas propriedades e melhor protegidos contra aqueles que 
não são daquela comunidade”. 
(LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo civil. Trad. de Magda Lopes e 
Marisa Lobo da Costa. Petrópolis: Vozes, 1994. p.139.)
A partir do texto acima, pode-se afirmar que:
(A) No Estado de Natureza os homens não têm direito à 
propriedade privada.
(B) No Estado de Natureza os homens são considerados 
livres e iguais.
(C) No Estado de Natureza não existe liberdade e 
propriedade.
(D) No Estado de Natureza os homens têm uma vida 
confortável.
(E) No Estado de Natureza existem leis e organização 
social.
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 “O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro 
que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer isto é 
meu, e encontrou pessoas suficientemente simples para 
acreditá-lo.” 
(ROUSSEAU, Jean-Jacques). 
A partir do trecho da obra de Rousseau, é possível 
afirmar que:
(A) a desigualdade faz parte da natureza de todos os 
animais.
(B) o mundo nunca será desigual, desde que o homem 
acredite em Deus.
(C) a desigualdade social é resultado dos Direitos 
naturais do homem.
(D) a propriedade privada é um Direito Natural do ser 
humano.
(E) a desigualdade social nasce na Sociedade Civil.
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 O filósofo inglês John Locke (1632-1704) é um dos 
fundadores da concepção liberal da vida política. Em sua 
defesa da liberdade como um atributo que o homem possui 
desde que nasce, ele diz: “Para compreender corretamente 
o que é o poder político e derivá-lo a partir de sua origem, 
devemos considerar qual é a condição em que todos os 
homens se encontram segundo a natureza. E esta condição 
é a de completa liberdade para poder decidir suas ações 
e dispor de seus bens e pessoas do modo que quiserem, 
respeitados os limites das leis naturais, sem precisar solicitar 
a permissão ou de depender da vontade de qualquer outro 
ser humano.”
Assinale o documento histórico que foi diretamenteinfluenciado pelo pensamento de Locke. 
89
filosofia e sociologiacapítulo 23 - os coNtRatualistas
(A) O livro “O que é a propriedade?”, de Proudhon (1840) 
(B) O “Manifesto Comunista”, de Karl Marx e Frederico 
Engels (1848) 
(C) A “Concordata” estabelecida entre Napoleão e o 
Vaticano (1801) 
(D) A declaração da “Doutrina Monroe” (1823) 
(E) A “Declaração de Independência” dos Estados Unidos 
(1776)
QUESTÃO 7 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 A natureza fez os homens tão iguais, quanto às 
faculdades do corpo e do espírito, que, embora por vezes se 
encontre um homem manifestamente mais forte de corpo, 
ou de espírito mais vivo do que outro, mesmo assim, quando 
se considera tudo isto em conjunto, a diferença entre um e 
outro homem não é suficientemente considerável para que 
um deles possa com base nela reclamar algum benefício a 
que outro não possa igualmente aspirar.
HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
Para Hobbes, antes da constituição da sociedade civil, 
quando dois homens desejavam o mesmo objeto, eles
(A) entravam em conflito.
(B) recorriam aos clérigos.
(C) consultavam os anciãos.
(D) apelavam aos governantes.
(E) exerciam a solidariedade.
QUESTÃO 8 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Desde a Idade Moderna, quase todas as sociedades 
enfrentaram o dilema de optar entre duas concepções 
distintas e opostas sobre o poder. Dois filósofos ingleses 
Thomas Hobbes e John Locke foram responsáveis por 
sintetizarem essas concepções. Segundo Thomas Hobbes, 
o ser humano em seu estado natural é selvagem e cada um 
é inimigo do outro; mas, quando o ser humano abre mão 
de sua própria liberdade e a autoridade plena do Estado 
é estabelecida, passam a predominar a ordem, a paz e a 
prosperidade. Para John Locke, o ser humano já é dotado 
em seu estado natural dos direitos de vida, liberdade e 
felicidade e, assim, a autoridade do Estado só é legítima 
quando reconhece e respeita esses direitos e, para que isso 
se concretize, é necessário limitar os poderes do Estado.
Assinale a alternativa que apresenta as duas concepções 
políticas associadas, respectivamente, a esses filósofos.
(A) Mercantilismo e Fisiocracia. 
(B) Classicismo e Barroco. 
(C) Absolutismo e Liberalismo. 
(D) Subjetivismo e Objetivismo. 
(E) Nacionalismo e Internacionalismo. 
GABARItO
simULAdO
01. C 02. C 03. A 04. B
05. E 06. E 07. A 08. C
ANOtAÇÕES
90
INtRODUÇÃO À ÉtICA 
(CAtEGORISMO X CONSEQUENCIALISMO)
Nesse capítulo estudaremos um assunto muito 
importante para o ser humano e a sua convivência social, 
nos dedicaremos às discussões acerca da Ética. Teremos 
como principal base teórica o filósofo Immanuel Kant. 
Senso Moral e Consciência Moral
Segundo a filósofa brasileira Marilena Chaui senso 
moral é a maneira como avaliamos nosso comportamento 
e dos nossos semelhantes, a conduta e a ação de outras 
pessoas, segundo ideias como as de justiça e injustiça, 
certo e errado, bem e mal. 
Já a consciência moral não se limita aos nossos 
sentimentos morais, mas se refere também a avaliação de 
conduta que nos levam a tomar decisões por nós mesmos, 
a agir em conformidade com elas e a responder por elas 
perante os outros. 
Sendo assim é possível afirmar que as atitudes 
amparadas nesses conceitos variam de cultura para cultura, 
por exemplo, a ideia de poligamia, que é considerada 
correta para determinadas culturas e errada para outras.
O senso moral e a consciência moral têm como 
pressuposto fundamental a ideia de liberdade. Referem-
se a valores, a sentimentos amparados nos valores e a 
decisões que conduzem as ações dos indivíduos.
Os valores morais
Cotidianamente não percebemos que os valores 
morais são culturais. O senso moral e da consciência 
moral do indivíduo surgem através de uma educação em 
determinada cultura. O fato de nascermos inundados por 
esses valores nos faz acreditar que são naturais, quando 
na verdade são culturais. Essa naturalização dos conceitos 
morais nos leva, muitas vezes, ao etnocentrismo, pois 
sempre veremos a nossa cultura como certa, tendo em 
vista que para nós é o natural. O olhar filosófico exige uma 
desnaturação desses valores. Para desnaturalizar a moral 
é preciso percebê-la e reconhecê-la como uma criação 
histórico-cultural.
Ética
A ética é um campo de estudo da Filosofia que busca 
compreender a relação dos indivíduos com a sociedade 
que o cerca, levando em consideração os costumes e 
valores de cada cultura.
Por sermos seres racionais, somos livres para escolher o 
que é melhor para nós. Mas o que é melhor para mim? Do 
ponto de vista da ética, o que é melhor pra mim deve estar 
relacionado ao que é melhor para todos que vivem comigo 
em sociedade.
Os valores éticos se tornam uma garantia de nossa 
condição de seres viventes em sociedade, eles garantem 
nossa liberdade de sujeitos racionais, pois esses valores são 
construídos pelos próprios seres humanos, que tem como 
principal objetivo proibir moralmente a violência. Sendo 
assim, podemos afirmar que a ética é normativa, pois suas 
normas determinam permissões e proibições para que seja 
possível viver em sociedade. 
Independentemente do conteúdo e da forma que cada 
cultura lhe dá, todas as culturas tem um princípio ético, 
amparado na ideia de bem e mal, certo e errado, e no 
princípio de virtude. 
Todas as culturas consideram a virtude como a 
excelência, a realização da melhor maneira de ser e atuar 
em sociedade. Sendo assim, o virtuoso é o individuo ativo, 
que controla internamente seus impulsos e suas paixões, 
agindo conforme a razão. 
Kant e sua concepção Ética: O Imperativo Categórico
“Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao 
mesmo tempo querer que ela se torne lei universal.”
A filosofia ética de Immanuel Kant (1724-1804) 
está fundamentada na frase acima. Essa é a formula do 
imperativo categórico. Por máxima pode-se entender o 
princípio subjetivo de uma ação, distinto do princípio 
objetivo, ou seja, da lei prática, válida para todo ser racional. 
No imperativo categórico a ação é representada como boa 
em si, e não como meio para qualquer outra coisa.
Para Kant, ao obedecer à lei o indivíduo obedece a sua 
própria vontade, pois o homem é um ser racional. Segundo 
o filósofo alemão, a lei protege a liberdade. A vontade 
absolutamente boa visa à boa disposição para agir na 
proteção dessa liberdade, como base de todo bem que 
possa ser alcançado. A natureza racional busca a realização 
da razão.
Sendo assim, a vontade absolutamente boa quer a 
realização do Imperativo Categórico. A moral é a razão, 
não tem a ver com a cultura, mas com a razão, que todo ser 
racional possui. Neste sentido: 
É errado dizer: “não vou mentir para ser feliz”
O correto é: “não vou mentir porque não devo mentir”.
Com isso Kant coloca em evidência a relação entre: 
LIBERDADE, RAZÃO, DEVER. 
O imperativo categórico é a proteção da liberdade. O 
ser racional pensa e escolhe em termos de bem e de mal, e 
a escolha é racional. 
A autonomia da vontade liga a vontade à universalização 
da conduta: “haja de maneira que a sua conduta se torne 
uma máxima universal”.
Para Kant, ser racional é ter consciência da sua liberdade 
de escolha. Ser moral é ser livre. Sendo assim, a liberdade 
está ligada ao conceito de autonomia, que é a base de 
todos os seres racionais. O homem se pensa como livre, por 
isso é um ser moral, pois escolhe se fará o bem ou o mal.
A Filosofia moral Kantiana é definida como Imperativo 
Categórico, pois pode ser sintetizada em: o dever pelo 
dever.
CAPÍTULO 24 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • INtRODUÇÃO À ÉtICA
91
filosofia e sociologiacapítulo 24 - iNtRoDuÇÃo À Ética
Ética Consequencialista
As teorias consequencialistas exibem três características 
importantes. Em primeiro lugar, aplicam-se diretamente 
a atos individuais. Em segundo lugar, prescrevem a 
maximização do bem, isto é, afirmam que os agentes 
morais estãosob a obrigação permanente e ilimitada de 
dar origem aos melhores estados de coisas ou situação. 
Em terceiro lugar, pressupõem uma teoria do valor que 
resulta numa avaliação dos estados de coisas em termos 
estritamente impessoais. 
(adaptado - http://www.ifl.pt)
O exemplo típico da ética teleológica e consequencialista 
(que busca se preocupar com o que a ação produz) é a ética 
utilitarista, pois identifica a moralidade com a promoção do 
bem-estar coletivo. Já a teoria deontológica da experiência 
moral acredita que o dever é superior ao homem. 
•	 a teoria deontológica antepõem o justo ao bom.
•	 a teoria teleológica antepõem o bom ao justo.
•	 a teoria deontológica não é utilitarista.
•	 a teoria teleológica interpreta o justo como algo 
que maximiza o bom.
O Utilitarismo clássico de Jeremy Bentham (1789) 
defende que agir acertadamente é escolher, entre as 
opções disponíveis, aquela que resulta no maior total 
do prazer. Pressupondo uma teoria hedonista do valor, 
segundo a qual o prazer é o único bem fundamental e a 
dor o único mal. Sendo assim, pode-se depreender que o 
útil está relacionado à felicidade.
Podemos considerar o utilitarismo como uma variante 
do consequencialismo que consiste em avaliar uma ação 
pelo seu resultado e não, à maneira de Kant, pela intenção 
que preside à sua realização. O Utilitarismo é uma corrente 
filosófica que surgiu no século XVIII, na Inglaterra. Tal 
corrente afirma a utilidade como o valor máximo no 
qual a elaboração de uma ética deve se fundamentar. O 
utilitarismo baseia-se na compreensão empírica de que os 
homens regulam suas ações de acordo com o prazer a e dor, 
compreendendo a utilidade igualmente como felicidade. 
Os utilitaristas não aceitam sem restrições o princípio 
segundo o qual o fim justifica os meios. Para Bentham, é 
necessário: a) que o fim seja bom; b) que os meios sejam 
bons ou que os seus inconvenientes sejam menores do 
que o bem esperado do fim; c) que seja como for os meios 
implicados comportem mais bem (ou menos mal) do que 
todos os outros que permitiriam alcançar o mesmo fim”. 
(Adaptado - AUROUX, Sylvain; WEIL, Yvonne - Dicionário de Filosofia.
A partir do texto apresentado, pode-se afirmar que o 
utilitarismo prega uma moral baseada apenas na obtenção 
de prazer individual? Não, pois o utilitarismo compreende 
a felicidade como o maior prazer do maior número de 
pessoas. Se fosse individual não seria um problema da ética.
Ética Cristã
A ética cristã se diferencia da filosofia moral grega 
que estava amparada as ações e nas atitudes práticas do 
sujeito moral, pois nela existe a ideia de intenção. Na ética 
cristã as intenções também são julgadas como virtuosas 
ou viciosas. Por exemplo, a intenção de roubar ou matar 
alguém, mesmo sem colocá-la em prática, é considerada 
imoral para o cristianismo.
A ética para Rousseau
“Rousseau (1712-1778) acreditava que o dever não 
é uma imposição externa, mas sim que nos força a 
recordar nossa boa natureza originaria. Obedecendo ao 
dever, estamos obedecendo a nós mesmos, aos nossos 
sentimentos e não a razão, pois esta privilegia a utilidade 
e interesses individuais, sendo assim responsável pela 
sociedade egoísta e perversa. Já Immanuel Kant (1724-
1804) opõe-se à “moral do coração”, afirmando o papel 
da razão na ética, pois para ele somos agressivos, cruéis, 
destrutivos, egoístas, ávidos de prazeres que nunca nos 
saciam e pelos quais somos capazes de matar.” 
(adaptado, Marilena Chauí). 
Rousseau defendia em sua filosofia que a consciência 
moral e o sentimento do dever são inatos, são “a voz da 
natureza e o dedo de Deus” em nosso coração. Nascemos 
puros e bons, mas somos corrompidos pela sociedade que 
está preocupada com a propriedade privada e interesses 
privados. Para Rousseau a natureza humana e a ética estão 
intrinsicamente relacionadas, pois para o pensador: “o 
homem é bom por natureza”.
simULAdO 
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A ética precisa ser compreendida como um 
empreendimento coletivo a ser constantemente retomado 
e rediscutido, porque é produto da relação interpessoal e 
social. A ética supõe ainda que cada grupo social se organize 
sentindo-se responsável por todos e que crie condições 
para o exercício de um pensar e agir autônomos. A relação 
entre ética e política é também uma questão de educação 
e luta pela soberania dos povos. É necessária uma ética 
renovada, que se construa a partir da natureza dos valores 
sociais para organizar também uma nova prática política. 
CORDI et al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2007 (adaptado).
O Século XX teve de repensar a ética para enfrentar 
novos problemas oriundos de diferentes crises sociais, 
conflitos ideológicos e contradições da realidade.
Sob esse enfoque e a partir do texto, a ética pode ser 
compreendida como
(a) instrumento de garantia da cidadania, porque 
através dela os cidadãos passam a pensar e agir de acordo 
com valores coletivos.
(b) mecanismo de criação de direitos humanos, porque 
é da natureza do homem ser ético e virtuoso.
(c) meio para resolver os conflitos sociais no cenário 
da globalização, pois a partir do entendimento do que é 
efetivamente a ética, a política internacional se realiza.
92
filosofia e sociologia capítulo 24 - iNtRoDuÇÃo À Ética
(D) parâmetro para assegurar o exercício político 
primando pelos interesses e ação privada dos cidadãos.
(E) aceitação de valores universais implícitos numa 
sociedade que busca dimensionar sua vinculação a outras 
sociedades.
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 Na ética contemporânea, o sujeito não é mais um sujeito 
substancial, soberano e absolutamente livre, nem um 
sujeito empírico puramente natural. Ele é simultaneamente 
os dois, na medida em que é um sujeito histórico-social. 
Assim, a ética adquire um dimensionamento político, 
uma vez que a ação do sujeito não pode mais ser vista e 
avaliada fora da relação social coletiva. Desse modo, a ética 
se entrelaça, necessariamente, com a política, entendida 
esta como a área de avaliação dos valores que atravessam 
as relações sociais e que interliga os indivíduos entre si. 
SEVERINO, A. J. Filosofia. São Paulo: Cortez, 1992 (adaptado).
O texto, ao evocar a dimensão histórica do processo de 
formação da ética na sociedade contemporânea, ressalta
(A) os conteúdos éticos decorrentes das ideologias 
político-partidárias.
(B) o valor da ação humana derivada de preceitos 
metafísicos.
(C) a sistematização de valores desassociados da cultura.
(D) o sentido coletivo e político das ações humanas 
individuais.
(E) o julgamento da ação ética pelos políticos eleitos 
democraticamente.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 A ética exige um governo que amplie a igualdade 
entre os cidadãos. Essa é a base da pátria. Sem ela, muitos 
indivíduos não se sentem “em casa”, experimentam-se 
como estrangeiros em seu próprio lugar de nascimento. 
SILVA, R. R. Ética, defesa nacional, cooperação dos povos. OLIVEIRA, E. R. (Org.) 
Segurança & Defesa Nacional: da competição à cooperação regional. São Paulo: 
Fundação Memorial da América Latina, 2007 (adaptado).
Os pressupostos éticos são essenciais para a estruturação 
política e integração de indivíduos em uma sociedade. De 
acordo com o texto, a ética corresponde a
(A) valores e costumes partilhados pela maioria da 
sociedade
(b) preceitos normativos impostos pela coação das leis 
jurídicas
(c) normas determinadas pelo governo, diferentes das 
leis estrangeiras
(d) transferência dos valores praticados em casa para a 
esfera social
(e) proibição da interferência de estrangeiros em nossa 
pátria
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 O brasileiro tem noção clara dos comportamentos éticos 
e morais adequados, mas vive sob o espectro da corrupção, 
revela pesquisa. Se o país fosse resultado dos padrões 
morais que as pessoas dizemaprovar, pareceria mais com a 
Escandinávia do que com Bruzundanga (corrompida nação 
fictícia de Lima Barreto). 
FRAGA, P. Ninguém é inocente. Folha de S. Paulo. 4 out. 2009 (adaptado).
O distanciamento entre “reconhecer” e “cumprir” 
efetivamente o que é moral constitui uma ambiguidade 
inerente ao humano, porque as normas morais são
(A) decorrentes da vontade divina e, por esse motivo, 
utópicas.
(B) parâmetros idealizados, cujo cumprimento é 
destituído de obrigação.
(C) amplas e vão além da capacidade de o indivíduo 
conseguir cumpri-las integralmente.
(D) criadas pelo homem, que concede a si mesmo a lei à 
qual deve se submeter.
(E) cumpridas por aqueles que se dedicam inteiramente 
a observar as normas jurídicas.
 
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 “Ética (do grego ethos, que significa modo de ser, 
caráter, comportamento) é o ramo da filosofia que busca 
estudar e indicar o melhor modo de viver no cotidiano e 
na sociedade. Diferencia-se da moral, pois enquanto esta 
se fundamenta na obediência a normas, tabus, costumes 
ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos 
recebidos, a ética, ao contrário, busca fundamentar o bom 
modo de viver pelo pensamento humano.” 
(disponível em http://filosofiapratica.tumblr.com)
A partir do texto acima, pode-se inferir que:
(A) Moral é uma análise da ética.
(B) Ética e moral são princípios religiosos
(C) Moral é cultural e ética universal
(D) Ética se fundamente em tabus
(E) Ética não pode ser articulada à moral
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A pura lealdade na amizade, embora até o presente 
não tenha existido nenhum amigo leal, é imposta a todo 
homem, essencialmente, pelo fato de tal dever estar 
implicado como dever em geral, anteriormente a toda 
experiência, na ideia de uma razão que determina a 
vontade segundo princípios a priori.
KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Barcarolla, 
2009.
A passagem citada expõe um pensamento caracterizado 
pela:
(A) eficácia prática da razão empírica.
(B) transvaloração dos valores judaico-cristãos.
(C) recusa em fundamentar a moral pela experiência.
93
filosofia e sociologiacapítulo 24 - iNtRoDuÇÃo À Ética
(D) comparação da ética a uma ciência de rigor 
matemático.
(E) importância dos valores democráticos nas relações 
de amizade.
QUESTÃO 7 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A promessa da tecnologia moderna se converteu 
em uma ameaça, ou esta se associou àquela de forma 
indissolúvel. Ela Vai além da constatação da ameaça física. 
Concebida para a felicidade humana, a submissão da 
natureza, na sobremedida de seu sucesso, que agora se 
estende à própria natureza do homem, conduziu ao maior 
desafio já posto ao ser humano pela sua própria ação. O 
novo continente da práxis coletiva que adentramos com 
a alta tecnologia ainda constitui, para a teoria ética, uma 
terra de ninguém.
JONAS, H. O princípio da responsabilidade. Rio de Janeiro: Contraponto; 
Editora PUC-Rio, 2011 (adaptado).
As implicações éticas da articulação apresentada no 
texto impulsionam a necessidade de construção de um 
novo padrão de comportamento, cujo objetivo consiste 
em garantir o(a)
(A) pragmatismo da escolha individual.
(B) sobrevivência de gerações futuras.
(C) fortalecimento de políticas liberais.
(D) valorização de múltiplas etnias.
(E) promoção da inclusão social.
QUESTÃO 8 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 Autonomia da vontade é aquela sua propriedade graças 
à qual ela é para si mesma a sua lei (independentemente da 
natureza dos objetos do querer). O princípio da autonomia 
é, portanto: não escolher senão de modo a que as máximas 
da escolha estejam incluídas simultaneamente, no querer 
mesmo, como lei universal. 
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de 
Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, 1986, p. 85. 
De acordo com a doutrina ética de Kant: 
(A) O Imperativo Categórico não se relaciona com a 
matéria da ação e com o que deve resultar dela, mas com a 
forma e o princípio de que ela mesma deriva. 
(B) O Imperativo Categórico é um cânone que nos 
leva a agir por inclinação, vale dizer, tendo por objetivo a 
satisfação de paixões subjetivas. 
(C) Inclinação é a independência da faculdade de 
apetição das sensações, que representa aspectos objetivos 
baseados em um julgamento universal. 
(D) A boa vontade deve ser utilizada para satisfazer 
os desejos pessoais do homem. Trata-se de fundamento 
determinante do agir, para a satisfação das inclinações.
GABARItO
simULAdO
01. A 02. D 03. A 04. D
05. C 06. C 07. B 08. A
ANOtAÇÕES
94
 EStÉtICA – FUNÇÕES DA ARtE
Nesse capítulo estudaremos um assunto que está 
presente em nosso cotidiano, que vemos por todos os lados 
e muitas vezes não paramos para refletir a seu respeito: a 
arte.
Estética
A palavra estética vem do grego “aistheses” que significa 
capacidade de sentir, compreensão pelos sentidos, 
sensibilidade. Filosoficamente a estética está voltada para 
as ideias de criação e percepção artísticas, ligada à noção 
de beleza. Sendo assim, a arte faz parte da estética e vai 
ocupar um lugar privilegiado em tal reflexão filosófica.
Como definir o que belo e feio? O que é beleza?
A Filosofia desde Platão busca conceituar o que é arte 
e beleza. Para Platão, o “belo em si” independe das obras 
individuais que buscam o belo.
A partir dessa concepção de belo ideal fundamentada 
por Platão, criou-se o que denominamos de estética 
normativa, pois para que algo seja considerado belo deve 
estar dentro do padrão estabelecido. 
Os filósofos empiristas relativizaram o conceito de 
belo, com isso a beleza poderia variar de indivíduo para 
individuo. A concepção de belo deixou o objeto e passou 
para o sujeito, não existe mais o belo em si, mas um sujeito 
que julga se é belo ou não, que está relacionada à recepção 
de cada indivíduo. O gosto agora é relativo.
Algumas posições filosóficas sobre o belo:
• Kant tentou ultrapassar a dicotomia objetividade 
x subjetividade, afirmando que o belo é aquilo que 
agrada universalmente, ainda que não se possa justificá-
lo intelectualmente. O objeto belo passa a residir na 
sensibilidade do sujeito. Logo, o princípio do juízo estético 
é o sentimento do sujeito e não o conceito do objeto.
• Já para Hegel o conceito de belo é histórico, 
pois afirma que a beleza muda através dos tempos. A 
transformação da arte depende mais da cultura e da visão 
de mundo vigente do que de uma exigência interna do 
belo.
• Para a Fenomenologia de Husserl, o belo é uma 
qualidade de certos objetos singulares que nos são dados 
à percepção. Sendo assim, cada objeto singular estabelece 
seu próprio tipo de beleza.
Qual a Função da arte?
Tendo em vista que arte é “toda atividade humana 
submetida a regras com vista à fabricação de alguma 
coisa”, podemos dizer que a função da arte variou ao longo 
da história, pois a produção humana variou ao longo da 
História. Na Idade Média servia para ensinar os principais 
preceitos da religião católica e dos relatos bíblicos. 
Finalidade pedagógica da arte.
 No final do século XIX e início do século XX, o 
“realismo socialista” procurava retratar a melhoria das 
condições de vida do trabalhador e as principais figuras da 
revolução socialista visando despertar o sentimento cívico 
e manter a lealdade da população, conscientizando-a de 
sua situação socioeconômica. Finalidade social da arte.
Sendo assim, a função da arte se transforma ao longo 
da história.
No século XX, com a escola de Frankfurt, surge a crítica 
à indústria cultural. Os filósofos dessa escola acreditavam 
que a arte estava sendo sacrificada pelo capitalismo.
As críticas continuam:
“Depois de um século de colonização política e 
geográfica, as potências industriais começaram a 
colonizar a grande reserva que é a alma humana. Os novos 
domínios seriam a inteligência, a vontade, o sentimentoe 
a imaginação de centenas de milhares de seres humanos 
que veem cinema, ouvem rádio, veem e ouvem televisão. A 
técnica feita indústria permitiu a consolidação de grandes 
complexos, produtores e fornecedores de imagens, de 
palavras e de ritmos, que funcionam como um sistema 
entre mercantil e cultural.” 
(BOSI, Ecléa. Cultura de massa e cultura popular, 1972.)
O texto acima se refere criticamente ao advento dos 
meios de comunicação de massa, que invadem cada 
dia mais o cotidiano das sociedades contemporâneas. 
A filosofia da arte tem a função de compreender como o 
mundo compreende a arte.
 Atualmente a estética é vista como toda 
investigação filosófica que tem por objeto as artes. A 
estética busca compreender como se dá a realização da 
beleza, além de interpretar a reação dos receptores à obra 
de arte. 
simULAdO
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 Na antiga Grécia, o teatro tratou de questões como 
destino, castigo e justiça. Muitos gregos sabiam de cor 
inúmeros versos das peças dos seus grandes autores. Na 
Inglaterra dos séculos XVI e XVII, Shakespeare produziu 
peças nas quais temas como o amor, o poder, o bem e o 
mal foram tratados. Nessas peças, os grandes personagens 
falavam em verso e os demais em prosa. No Brasil colonial, 
CAPÍTULO 25 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • EStÉtICA – FUNÇÕES DA ARtE
95
filosofia e sociologiacapítulo 25 - estÉtica – fuNÇÕes Da aRte
os índios aprenderam com os jesuítas a representar peças 
de caráter religioso. Esses fatos são exemplos de que, em 
diferentes tempos e situações, o teatro é uma forma
(A) de manipulação do povo pelo poder, que controla 
o teatro.
(B) de diversão e de expressão dos valores e problemas 
da sociedade.
(C) de entretenimento popular, que se esgota na sua 
função de distrair.
(D) de manipulação do povo pelos intelectuais que 
compõem as peças.
(E) de entretenimento, que foi superada e hoje é 
substituída pela televisão.
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A concepção de arte tem mudado ao longo dos 
séculos. A arte como imitação da natureza e a arte como 
expressão e construção são, respectivamente, concepções 
dos seguintes períodos antigo e contemporâneo.  Da 
Antiguidade até os dias de hoje a classificação das artes 
veio passando por mudanças significativas. É incorreto 
dizer que: 
(A) a arte é pensada por Aristóteles em sua relação com 
a ética e a política, com as quais forma o conjunto dos 
saberes práticos, distintamente da ciência, que ele define 
como saber teórico. 
(B) as ditas belas-artes surgiram com a noção de 
estética e se distinguiram das artes liberais pelo seu sentido 
autônomo e desinteressado (não utilitário), resultado da 
expressão criadora do artista. 
(C) Platão considera as artes imitativas ou miméticas 
como uma das formas de acesso ao conhecimento 
verdadeiro, já que representam a realidade tal como ela é. 
(D) a filosofia, do ponto de vista da poética, estuda as 
obras de arte no sentido da “fabricação” (de seres, ações e 
gestos artificiais). 
(E) a classificação das artes em liberais (dignas do 
homem livre) e mecânicas (próprias do trabalhador manual) 
seguiu o padrão determinado pela estrutura social antiga, 
fundada na escravidão.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 Temos que repudiar a ideia de que só com palavras se 
pensa, pois que pensamos também com sons e imagens, 
ainda que de forma subliminar, inconsciente, profunda! Temos 
que repudiar a ideia de que existe uma só estética, soberana, à 
qual estamos submetidos — tal atitude seria nossa rendição 
ao pensamento único, à ditadura da palavra — e que, como 
sabemos, é ambígua. O pensamento sensível, que produz arte 
e cultura, é essencial para a libertação dos oprimidos, amplia 
e aprofunda sua capacidade de conhecer. Só com cidadãos 
que, por todos os meios simbólicos (palavras) e sensíveis (som 
e imagem), se tornam conscientes da realidade em que vivem 
e das formas possíveis de transformá-la, só assim surgirá, um 
dia, uma real democracia. 
Augusto Boal. A estética do oprimido. Rio de Janeiro: Garamond, 2009, p. 16.
Augusto Boal, um dos expoentes do Teatro de Arena de 
São Paulo, atuou como diretor, dramaturgo e pesquisador, 
e notabilizou-se com a criação do Teatro do Oprimido, um 
método dinâmico que visa à democratização dos meios 
de produção teatrais. Considerando essas informações e o 
texto acima, assinale a opção correta. 
(A) O Teatro de Arena desenvolveu-se em um momento 
de estabilidade política, tendo sua atuação centrada na 
realização de comédias leves. 
(B) Bastante rígido, o método elaborado por Augusto 
Boal caracteriza-se por priorizar a execução de exercícios 
de preparação corporal e vocal de atores profissionais. 
(C) Como dramaturgo, Augusto Boal ganhou 
notoriedade internacional por trabalhar com atores 
consagrados nas maiores emissoras de TV do Brasil.
(D) A estética do oprimido prevê a atuação direta dos 
cidadãos — todos potencialmente atores (espectadores) 
— no sentido de encontrarem, coletivamente, alternativas 
para a transformação de uma realidade opressora. 
(E) a arte do teatro do oprimido ganhou destaca por 
trabalhar com ideias e programas do governo e por ser 
realizado apenas nos maiores teatros do Brasil.
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“A rua era das mais animadas da cidade; por todo o dia 
estivera cheia de gente. Mas agora, ao anoitecer, a multidão 
crescia de um minuto para outro; e quando se acenderam 
os lampiões de gás, duas densas, compactas correntes de 
transeuntes cruzavam diante do café. Jamais me sentira num 
estado de ânimo como o daquela tarde; e saboreei a nova 
emoção que de mim se apossara ante o oceano daquelas 
cabeças em movimento. Pouco a pouco perdi de vista o que 
acontecia no ambiente em que me encontrava e abandonei-
me completamente à contemplação da cena externa.” 
(Walter Benjamin – Sobre alguns temas em Baudelaire) 
O texto nos leva a uma compreensão de estética como: 
(A) uma concepção de que o belo não está em uma 
forma definida, mas na plasticidade do cotidiano. 
(B) um estudo do caos humano representado pela 
multidão e suas relações econômicas. 
(C) estabelecimento de um padrão de beleza para a 
obra de arte. 
(D) técnica de reprodução da obra de arte em massa. 
(E) imitação do mundo sensível. 
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 a arte é uma forma de compreender e transformar 
a realidade. Nos últimos anos, observa-se a presença 
considerável de questões ligadas à arte nas escolas formais 
96
filosofia e sociologia capítulo 25 - estÉtica – fuNÇÕes Da aRte
e informais. Sobre o tema, aponte qual alternativa reflete 
essa visão. 
(A) A arte conduz o espírito humano a uma forma de 
vida completamente destituída de interesses materiais e 
sociais. 
(B) Muitos artistas contribuíram para grandes 
transformações sociais, provocando a supervalorização 
econômica das obras de arte. 
(C) O discurso estético tem a capacidade de atrair as 
pessoas, porque lida fundamentalmente com a perspectiva 
de harmonia e beleza. 
(D) Conhecendo a arte de cada época, as sociedades 
presentes têm melhores condições de decidir quanto à 
tendência estética atual. 
(E) Há uma função pedagógica da arte que é traduzida 
pela ideia de que ela leva a conhecer o que escapa ao 
discurso da ciência e de outras linguagens discursivas. 
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Nos últimos anos, observa-se a presença considerável de 
questões ligadas à arte nas escolas formais e informais. Isto 
se dá, segundo alguns teóricos que se ocupam do discurso 
estético, porque a arte é uma forma de compreender e 
transformar a realidade. Aponte qual alternativa reflete 
essa visão. 
(A) A arte conduz o espírito humano a uma forma de 
vida completamentedestituída de interesses materiais e 
sociais. 
(B) Muitos artistas contribuíram para grandes 
transformações sociais, provocando a supervalorização 
econômica das obras de arte. 
(C) O discurso estético tem a capacidade de atrair as 
pessoas, porque lida fundamentalmente com a perspectiva 
de harmonia e beleza. 
(D) Conhecendo a arte de cada época, as sociedades 
presentes têm melhores condições de decidir quanto à 
tendência estética atual. 
(E) Há uma função pedagógica da arte que é traduzida 
pela ideia de que ela leva a conhecer o que escapa ao 
discurso da ciência e de outras linguagens discursivas.
QUESTÃO 7 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Temos que repudiar a ideia de que só com palavras 
se pensa, pois que pensamos também com sons e 
imagens, ainda que de forma subliminar, inconsciente, 
profunda! Temos que repudiar a ideia de que existe uma 
só estética, soberana, à qual estamos submetidos — tal 
atitude seria nossa rendição ao pensamento único, à 
ditadura da palavra — e que, como sabemos, é ambígua. O 
pensamento sensível, que produz arte e cultura, é essencial 
para a libertação dos oprimidos, amplia e aprofunda sua 
capacidade de conhecer. Só com cidadãos que, por todos 
os meios simbólicos (palavras) e sensíveis (som e imagem), 
se tornam conscientes da realidade em que vivem e das 
formas possíveis de transformá-la, só assim surgirá, um dia, 
uma real democracia. 
Augusto Boal. A estética do oprimido. Rio de Janeiro: Garamond, 2009, p. 16.
Augusto Boal, um dos expoentes do Teatro de Arena de 
São Paulo, atuou como diretor, dramaturgo e pesquisador, 
e notabilizou-se com a criação do Teatro do Oprimido, um 
método dinâmico que visa à democratização dos meios 
de produção teatrais. Considerando essas informações e o 
texto acima, assinale a opção correta. 
(A) O Teatro de Arena desenvolveu-se em um momento 
de estabilidade política, tendo sua atuação centrada na 
realização de comédias leves. 
(B) Bastante rígido, o método elaborado por Augusto 
Boal caracteriza-se por priorizar a execução de exercícios 
de preparação corporal e vocal de atores profissionais. 
(C) Como dramaturgo, Augusto Boal ganhou 
notoriedade internacional com a peça Eles não usam 
Blacktie. 
(D) A estética do oprimido prevê a atuação direta dos 
cidadãos — todos potencialmente atores (espect-atores) 
— no sentido de encontrarem, coletivamente, alternativas 
para a transformação de uma realidade opressora.
QUESTÃO 8 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“A solução da antinomia do gosto encontra aqui sua 
explicação e seu significado. Contrariamente ao que 
afirma o racionalismo clássico, o juízo de gosto não se 
fundamenta em conceitos (regras) determinados: portanto, 
torna-se impossível ‘disputar’ acerca dele como se tratasse 
de um juízo de conhecimento científico. No entanto, ele 
não se limita a remeter à pura subjetividade empírica do 
sentimento, porque se baseia na presença de um objeto, 
que se é belo (...), desperta uma ideia necessária da razão 
que é, enquanto tal, comum à humanidade. Portanto, é 
em referência a essa ideia determinada (..) que é possível 
‘discutir’ o gosto e ampliar a esfera da subjetividade pura 
para visar uma partilha não dogmática da experiência 
estética com outrem enquanto outro homem” 
(LUC FERRY: Homo aestheticus: a invenção do gosto na era democrática). 
A partir da leitura do texto acima, é correto afirmar que: 
(A) o dito “questão de gosto não se discute” tem sentido, 
uma vez que o gosto não é objeto científico. 
(B) os juízos de gosto concorrem para a constituição da 
cultura e da socialidade. 
(C) se pode e se deve discutir e formular juízos de gosto, 
embora sirvam apenas como exercícios teóricos. 
(D) o discutir sobre o gosto é condição suficiente para o 
entendimento entre as subjetividades. 
(E) o autor aponta um outro critério científico, além dos 
métodos científicos conhecidos.
GABARItO
simULAdO
01. B 02. C 03. D 04. A
05. E 06. E 07. D 08. A
97
SOCIOLOGIA
 tRABALHO E SOCIEDADE: OS MODOS DE 
pRODUÇÃO E O MODO DE pRODUÇÃO CApItALIStA.
Nesse capítulo buscaremos estudar algumas questões 
cotidianas a partir da perspectiva sociológica. Nosso 
principal objetivo é compreender o conceito de trabalho e 
a sua importância para a manutenção da sociedade.
trabalho
Tudo o que é produzido pelo homem materialmente, 
e toda atividade humana que resulte em serviço é 
considerado trabalho. Bens e serviços são resultados do 
trabalho do homem. O trabalho é um ato social, pois, para 
produzir bens e serviço, os homens estabelecem uma 
relação entre si, denominada relação de produção.
Bens e serviço 
Um carro é um bem ou um serviço? 
Uma aula ministrada pelo professor de Sociologia é um 
bem ou serviço?
Todo material existente na natureza que passa por um 
processo de transformação pelo homem é considerado 
um bem. Toda atividade econômica desenvolvida para 
satisfazer as necessidades do homem é considerado 
serviço. Portanto, um carro é um bem e a aula é um serviço. 
Para que o sistema econômico funcione há uma 
interligação entre os bens e serviços. Por exemplo, o 
vendedor de uma loja de carros presta serviço com o 
objetivo de vender um bem. Ambos estão relacionados à 
transformação da natureza em benefício do homem.
Como ocorre o processo de transformação da natureza? 
Através do trabalho, que está ligado aos meios utilizados 
para se produzir um bem ou serviço. 
O indivíduo sozinho não é capaz de produzir tudo o 
que precisa para viver, por isso vive em sociedade. Em 
sociedade participamos de uma teia de relações que 
economicamente consistem em produzir bens e serviços, 
distribui-los, e consumi-los. 
 
O processo de produção
Todo processo de produção consiste na associação de 
três coisas: 
Trabalho humano,
a) Matéria-prima, 
b) Instrumentos para produzir, ou seja, para 
transformar a natureza. 
Os meios de produção somados ao trabalho humano 
resultam no que denominamos como força produtiva.
Modos de produção
O modo de produção é o jeito de se produzir em 
determinado momento histórico, é um conjunto de fatores 
que tem como objetivo produzir os bens e serviços que 
serão consumidos pela sociedade. O modo de produção 
é resultado da articulação entre as forças produtivas e as 
relações entre os membros da sociedade, objetivando a 
produção.
Ao longo da história da espécie humana encontramos 
diferentes modos de produção que estão diretamente 
ligados ao contexto sociocultural em que os povos se 
encontravam. Na medida que os modos de produção 
se modificavam, as relações sociais ganhavam outras 
características.
Vejamos agora os diferentes modos de produção:
 
•	 Modo de produção primitivo ou modo comunal 
de produção
Por volta de 10 mil anos antes de Cristo, alguns grupos 
humanos se tornaram sedentários devido ao domínio da 
agricultura. Sendo assim, começaram a cultivar a terra e a 
criar animais.
Na comunidade primitiva os homens trabalhavam 
juntos cooperando uns com os outros em prol do grupo 
como um todo, e não individualmente. A terra era o 
principal meio de produção e tudo que era produzido 
nela era propriedade de todos, inclusive a própria terra era 
propriedade de todos. A propriedade privada, a concepção 
de meu e de posse não existiam entre os integrantes dos 
grupos. 
No modo de produção primitivo não existia competição. 
A base das relações entre os integrantes do grupo estava 
amparada na cooperação para o desenvolvimento do grupo 
como um todo. Ou seja, não existe relação de dominação 
entre os que possuem os meios de produção e os que 
trabalham, pois ninguém possui os meios de produção, a 
terra era de todos. Essa relação de cooperação dispensava a 
existência de mecanismos de controle, como o Estado, por 
isso não existia Estado nesse modelo de sociedade.
•	 Modo de produção escravista
A História não identificou com exatidão onde e 
quando as comunidades comunais deram espaço para o 
surgimento das sociedades escravistas.O que é identificado 
historicamente é que as guerras entre grupos levavam à 
escravidão dos derrotados. Este modelo econômico tem 
como principais representantes as sociedades grega e 
romana.
A palavra trabalho é derivada da palavra latina 
tripallium que significa: instrumento de tortura. Nas 
CAPÍTULO 26 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • tRABALHO E SOCIEDADE
98
filosofia e sociologia capítulo 26 - tRaBalHo e socieDaDe
sociedades escravistas, diferentemente das primitivas, as 
terras, os instrumentos de produção, e os escravos eram 
propriedade de um indivíduo, o senhor. O escravo era visto 
como um instrumento de trabalho de posse do seu dono. 
Nas sociedades grega e romana a palavra trabalho estava 
associada à ideia de atividade torturante e penosa.
Os senhores eram donos dos meios de produção, da 
mão-de-obra e do produto do trabalho dos escravos. Esse 
modelo de sociedade estava amparado na dominação e 
na competição pela posse. Sendo assim, foi necessário o 
surgimento do Estado como um mecanismo de controle 
para que os que tinham a posse pudessem ter a garantia 
de seus bens. O Estado surge para garantir a propriedade 
privada.
O modelo econômico escravista foi reformulado na 
Idade Moderna no que denominamos escravismo colonial.
•	 Modo de produção asiático
O modo de produção asiático está amparado no 
fortalecimento do Estado. Neste modelo econômico 
encontramos o controle do Estado sobre os meios de 
produção e força de trabalho. O imperador sendo o 
representante desse Estado é o dono de tudo. Abaixo dele 
estão os sacerdotes, os nobres e os guerreiros. Existiam 
também os administradores, que faziam parte de um grupo 
muito poderoso, pois eram representantes do Imperador.
O modo de produção asiático predominou na América 
pré-colombiana com os Incas, Astecas e Maias, também no 
Egito, na China, na Índia e em outras partes do mundo.
Nesses Estados, a parte produtiva ficava nas mãos 
dos escravos e camponeses que mantinham os grupos 
privilegiados. Os altos custos para manter os setores 
improdutivos geraram revoltas que, ao longo da história, 
deram fim ao modo de produção asiático.
•	 Modo de produção feudal
O Modo de produção feudal está amparado na 
propriedade do senhor sobre a terra e o trabalho agrícola 
do servo, na relação entre o senhor e o servo. 
O senhor feudal não tem a posse do servo, mas sim do 
seu trabalho na terra, o servo está ligado à terra. Os servos 
não eram escravos. Eles serviam em troca de proteção e 
alimentação. Trabalhavam para o senhor e para si mesmos.
A sociedade feudal também era composta por religiosos, 
artesãos e mercadores.
•	 O modo de produção capitalista
O modo de produção capitalista consiste na produção 
de mercadorias objetivando o lucro, além disso, é 
caracterizado por suas relações assalariadas de produção. 
O capitalismo é um sistema econômico amparado na 
divisão entre meios de produção e trabalho: 
a) Os meios de produção como propriedade privada 
da burguesia, substituindo a propriedade feudal, 
b) O trabalho assalariado, substituindo o trabalho 
servil do feudalismo. 
O capitalismo é um modo de produção dividido 
basicamente em duas classes sociais: 
a) a dos proprietários dos meios de produção 
b) a dos proletários, que são obrigados a vender a 
sua força de trabalho.
O capitalismo não existe em lugar nenhum em estado 
puro, pois é um sistema econômico que acontece no 
mundo social, e quando se trata de sociedade, não existem 
rupturas históricas, as mudanças sociais ocorrem por 
meio de um processo que carrega muito das sociedades 
passadas. Sendo assim, ao lado dessas duas classes 
fundamentais (proprietários e proletários) vivem outras 
classes sociais, tais como:
a) Classe dos proprietários individuais de meios de 
produção e troca, 
b) Pequenos artesãos, 
c) Pequenos camponeses, 
d) Pequenos comerciantes. 
e) Proprietários fundiários semifeudais (muito 
encontrado em países subdesenvolvidos)
f ) Desempregados
Entre outras...
A lógica desse sistema faz com que o conjunto de 
elementos da vida econômica seja transformado em 
mercadoria, tais como: a terra, os instrumentos de trabalho, 
as máquinas, o capital-dinheiro, e até mesmo a mão-de-
obra. Tudo é mercadoria!
O nascimento do modo de produção capitalista está 
diretamente vinculado à criação do mercado mundial, 
com produção mercantil, juntamente com a Revolução 
Industrial. Essas transformações foram fundamentais para 
a consolidação da burguesia capitalista. 
- A burguesia e o Capitalismo
O Estado Moderno é marcado pelo fortalecimento da 
burguesia, uma classe reconhecida pelo Estado Absoluto 
como “parceira” estratégica. A corte, na tentativa de 
permanecer no poder, elabora um jogo político que está 
amparado na articulação de relações entre essa “classe 
nova”, a burguesia, e a “classe velha”, a nobreza.
A burguesia foi crescendo e ganhando corpo na 
medida em que o poder político passava a depender 
financeiramente de seus recursos. A burguesia cria o 
capitalismo na medida em que o capitalismo cria a 
burguesia.
99
filosofia e sociologiacapítulo 26 - tRaBalHo e socieDaDe
O sistema capitalista tem como base a desigualdade 
entre: os que possuem os meios de produção e os que 
possuem a mão-de-obra.
simULAdO
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilônia várias vezes destruída.
Quem a reconstruiu tantas vezes?
Em que casas da Lima dourada moravam os 
construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que a 
Muralha da China ficou pronta?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
Quem os ergueu? Sobre quem triunfaram os césares?
BRECHT, B. Perguntas de um trabalhador que lê. Disponível em: http://
recantodasletras.uol.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010.
Partindo das reflexões de um trabalhador que lê um livro 
de História, o autor censura a memória construída sobre 
determinados monumentos e acontecimentos históricos. 
A crítica refere-se ao fato de que
(A) os agentes históricos de uma determinada sociedade 
deveriam ser aqueles que realizaram feitos heróicos ou 
grandiosos e, por isso, ficaram na memória.
(B) a História deveria se preocupar em memorizar os 
nomes de reis ou dos governantes das civilizações que se 
desenvolveram ao longo do tempo.
(C) grandes monumentos históricos foram construídos 
por trabalhadores, mas sua memória está vinculada aos 
governantes das sociedades que os construíram.
(D) os trabalhadores consideram que a História é uma 
ciência de difícil compreensão, pois trata de sociedades 
antigas e distantes no tempo.
(E) as civilizações citadas no texto, embora muito 
importantes, permanecem sem terem sido alvos de 
pesquisas históricas.
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 A economia solidária foi criada por operários, no 
início do capitalismo industrial, como resposta à pobreza 
e ao desemprego que resultavam da utilização das 
máquinas, no início do século XIX. Com a criação de 
cooperativas (de produção, de prestação de serviços, de 
comercialização ou de crédito), os trabalhadores buscavam 
independência econômica e capacidade de controlar as 
novas tecnologias, colocando-as a serviço de todos os 
membros da empresa. Essa ideia persistiu e se espalhou: 
da reciclagem ao microcrédito, já existem milhares de 
empreendimentos desse tipo hoje em dia, em várias partes 
do mundo. Na economia solidária, todos os que trabalham 
são proprietários da empresa. Trata-se da possibilidade de 
uma empresa sem divisão entre patrão e empregados, sem 
busca exclusiva pelo lucro e mais apoiada na qualidade 
do que na quantidade de trabalho, em convivência com a 
economia de mercado. 
SINGER, Paul. A recente ressurreição da economia solidária no Brasil. Disponível 
em: <http://www.cultura.ufpa.br/itcpes/documentos/ecosolv2.pdf>. Acesso em: 23 
mar. 2009. (com adaptações).A economia solidária, no âmbito da sociedade capitalista, 
institui complexas relações sociais, demonstrando que
(A) a fraternidade entre patrões e empregados, comum 
no cooperativismo, tem gerado soluções criativas para o 
desemprego desde o início do capitalismo.
(B) a rejeição ao uso de novas tecnologias torna a 
empresa solidária mais ecologicamente sustentável que os 
empreendimentos capitalistas tradicionais.
(C) a prosperidade do cooperativismo, assim como a da 
pirataria e das formas de economia informal, resulta dos 
benefícios do não pagamento de impostos.
(D) as contradições inerentes ao sistema podem resultar 
em formas alternativas de produção.
(E) o modelo de cooperativismo dos regimes comunistas 
e socialistas representa uma alternativa econômica 
adequada ao capitalismo.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
 As mulheres quebradeiras de coco-babaçu dos Estados 
do Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins, na sua grande maioria, 
vivem numa situação de exclusão e subalternidade. O 
termo quebradeira de coco assume o caráter de identidade 
coletiva na medida em que as mulheres que sobrevivem 
dessa atividade e reconhecem sua posição e condição 
desvalorizada pela lógica da dominação, se organizam em 
movimentos de resistência e de luta pela conquista da terra, 
pela libertação dos babaçuais, pela autonomia do processo 
produtivo. Passam a atribuir significados ao seu trabalho 
e as suas experiências, tendo como principal referência 
sua condição preexistente de acesso e uso dos recursos 
naturais. ROCHA, M. R. T. A luta das mulheres quebradeiras 
de coco-babaçu, pela libertação do coco preso e pela posse 
da terra. In: Anais do VII 
Congresso Latino-Americano de Sociologia Rural, Quito, 2006 (adaptado).
A organização do movimento das quebradeiras de coco 
de babaçu é resultante da 
(A) constante violência nos babaçuais na confluência de 
terras maranhenses, piauienses, paraenses e tocantinenses, 
região com elevado índice de homicídios. 
(B) falta de identidade coletiva das trabalhadoras, 
migrantes das cidades e com pouco vínculo histórico com 
as áreas rurais do interior do Tocantins, Pará, Maranhão e 
Piauí.  
100
filosofia e sociologia capítulo 26 - tRaBalHo e socieDaDe
(C) escassez de água nas regiões de veredas, ambientes 
naturais dos babaçus, causada pela construção de açudes 
particulares, impedindo o amplo acesso público aos 
recursos hídricos.   
(D) progressiva devastação das matas dos cocais, em 
função do avanço da sojicultura nos chapadões do Meio-
Norte brasileiro.   
(E) dificuldade imposta pelos fazendeiros e posseiros 
no acesso aos babaçuais localizados no interior de suas 
propriedades.   
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
tEXtO I
A Europa entrou em estado de exceção, personificado 
por obscuras forças econômicas sem rosto ou localização 
física conhecida que não prestam contas a ninguém e se 
espalham pelo globo por meio de milhões de transações 
diárias no ciberespaço. ROSSI, C. Nem fim do mundo nem 
mundo novo. 
Folha de S. Paulo, 11 dez. 2011 (adaptado).
tEXtO II
Estamos imersos numa crise financeira como nunca 
tínhamos visto desde a Grande Depressão iniciada em 1929 
nos Estados Unidos. Entrevista de George Soros. Disponível 
em:
 www.nybooks.com. Acesso em: 17 ago. 2011 (adaptado).
A comparação entre os significados da atual crise 
econômica e do crash de 1929 oculta a principal diferença 
entre essas duas crises, pois
(A) o crash da Bolsa em 1929 adveio do envolvimento 
dos EUA na I Guerra Mundial e a atual crise é o resultado 
dos gastos militares desse país nas guerras do Afeganistão 
e Iraque.
(B) a crise de 1929 ocorreu devido a um quadro de 
superprodução industrial nos EUA e a atual crise resultou 
da especulação financeira e da expansão desmedida do 
crédito bancário.
(C) a crise de 1929 foi o resultado da concorrência dos 
países europeus reconstruídos após a I Guerra e a atual 
crise se associa à emergência dos BRICS como novos 
concorrentes econômicos.
(D) o crash da Bolsa em 1929 resultou do excesso de 
proteções ao setor produtivo estadunidense e a atual crise 
tem origem na internacionalização das empresas e no 
avanço da política de livre mercado.
(E) a crise de 1929 decorreu da política intervencionista 
norte-americana sobre o sistema de comércio mundial e a 
atual crise resultou do excesso de regulação do governo 
desse país sobre o sistema monetário.
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Na imagem do início do século XX, identifica-se um 
modelo produtivo cuja forma de organização fabril 
baseava-se na
(A) autonomia do produtor direto. 
(B) adoção da divisão sexual do trabalho. 
(C) exploração do trabalho repetitivo.
(D) utilização de empregados qualificados.
(E) incentivo à criatividade dos funcionários.
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
No final do século XX e em razão dos avanços da 
ciência, produziu-se um sistema presidido pelas técnicas da 
informação, que passaram a exercer um papel de elo entre 
as demais, unindo-as e assegurando ao novo sistema uma 
presença planetária. Um mercado que utiliza esse sistema 
de técnicas avançadas resulta nessa globalização perversa.
SANTOS, M. Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Record, 2008 (adaptado).
Uma consequência para o setor produtivo e outra para 
o mundo do trabalho advindas das transformações citadas 
no texto estão presentes, respectivamente, em:
(A) Eliminação das vantagens locacionais e ampliação 
da legislação laboral.
(B) Limitação dos fluxos logísticos e fortalecimento de 
associações sindicais.
(C) Diminuição dos investimentos industriais e 
desvalorização dos postos qualificados.
(D) Concentração das áreas manufatureiras e redução 
da jornada semanal.
(E) Automatização dos processos fabris e aumento dos 
níveis de desemprego.
101
filosofia e sociologiacapítulo 26 - tRaBalHo e socieDaDe
QUESTÃO 7 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Na imagem, estão representados dois modelos de 
produção. A possibilidade de uma crise de superprodução 
é distinta entre eles em função do seguinte fator:
(A) Origem de matéria-prima.
(B) Qualificação de mão de obra.
(C) Velocidade de processamento.
(D) Necessidade de armazenamento.
(E) Amplitude do mercado consumidor.
GABARItO
simULAdO
01. C 02. D 03. E 04. B 05. C 06. E 07. D
ANOtAÇÕES
102
MEIOS DE pRODUÇÃO E FORÇAS pRODUtIVAS. 
O MODO SOCIALIStA (MARXISMO) E AS IDEIAS 
ANARQUIStAS
Esse capítulo buscará apresentar algumas características 
do meio de produção socialista e as principais diferenças 
das ideias anarquistas.
Modo de produção socialista
Karl Marx (1818-1883) apresentou ao mundo o chamado 
“socialismo científico”. 
O Socialismo é um conjunto de ideias e concepções que 
tem como objetivo socializar os meios de produção. 
Ao analisar os modos de produção pelos quais a espécie 
humana perpassou ao longo de sua existência, Karl Marx 
percebe que o motor que impulsiona a História é a luta 
entre os dominantes e os dominado. 
“A história de todas as sociedades tem sido a história 
das lutas de classe. Classe oprimida pelo despotismo feudal, 
a burguesia conquistou a soberania política no Estado 
moderno, no qual uma exploração aberta e direta substituiu 
a exploração velada por ilusões religiosas. A estrutura 
econômica da sociedade condiciona as suas formas jurídicas, 
políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas. Não é a consciência 
do homem que determina o seu ser, mas, ao contrário, são as 
relações de produção que ele contrai que determinam a sua 
consciência.” (Adaptado de K. Marx e F. Engels)
Marx compreendia que os problemas sociais são 
consequências das desigualdades entre as classes, e a 
única maneira de igualdade entre os homens seria o fim da 
propriedade privada. 
O fim do capitalismo daria lugar primeiramente ao 
socialismo para que a partir dessa fase

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