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Filosofia e Socioligia - 1ª- 2ª e 3ª séries Militar

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filosofia capítulo 11 - aRistÓtElEs 
1
FILOSOFIA E SOCIOLOGIA
SUMÁRIO
Capítulo 1
O que é filOsOfia? ............................................................................... 06
Capítulo 2
Os pré-sOcráticOs e a relaçãO entre physis, lOgOs e arché. .......... 10
Capítulo 3
Os sOfistas ........................................................................................... 14
Capítulo 4
O nascimentO da filOsOfia sOcrática ................................................. 17
Capítulo 5
platãO .................................................................................................. 21
Capítulo 6
intrOduçãO à sOciOlOgia .................................................................... 26
Capítulo 7
ViVer em sOciedade .............................................................................. 29
Capítulo 8
a sOciedade feudal ............................................................................ 32
Capítulo 9
a reVOluçãO industrial e a nOVa dinâmica sOcial ............................ 35
Capítulo 10
a reVOluçãO francesa e a transfOrmaçãO pOlítica ......................... 38
filosofia capítulo 11 - aRistÓtElEs 
2
SUMÁRIO
Capítulo 11
aristóteles......... ....................................................................................41
Capítulo 12
O helenismO........ ................................................................................... 46
Capítulo 13
filOsOfia medieVal: santO agOstinhO e tOmás de aquinO ................... 50
Capítulo 14
filOsOfia mOderna: a reVOluçãO científica.......................................... 53
Capítulo 15
maquiaVel e a filOsOfia pOlítica. .......................................................... 56
Capítulo 16
O nascimentO da sOciOlOgia......... ....................................................... 60
Capítulo 17 
émile durkheim – fatO sOcial........ ....................................................... 64
Capítulo 18
max weber – açãO sOcial........ ............................................................. 67
Capítulo 19
karl marx – mudança sOcial ............................................................... 70
Capítulo 20
as instituicões sOciais e O papel da educaçãO ......................................74
3
FILOSOFIA CApítULO 11 - ARIStÓtELES 
SUMÁRIO
Capítulo 21
teOria dO cOnhecimentO......... .............................................................. 78
Capítulo 22
a filOsOfia iluminista....... ..................................................................... 82
Capítulo 23
Os cOntratualistas ............................................................................... 86
Capítulo 24
intrOduçãO à ética ............................................................................... 90
Capítulo 25
estética – funções da arte .................................................................. 94
Capítulo 26
trabalhO e sOciedade......... ................................................................... 97
Capítulo 27 
meiOs de prOduçãO e fOrças prOdutiVas ........ ..................................102
Capítulo 28
a glObalizaçãO e seus dilemas........ ................................................... 105
Capítulo 29
cultura e indústria, escOla de frankfurt ......................................... 109
Capítulo 30
cOnceitO de cultura e diVersidade cultural ......................................112
filosofia capítulo 11 - aRistÓtElEs 
44
SUMÁRIO
Capítulo 31
os filósofos do séCulo xix......... ............................................................... 115
Capítulo 32
os filósofos da primeira metade do séCulo xx .......... ................................ 119
Capítulo 33
o existenCialismo ....................................................................................124
Capítulo 34
filosofia polítiCa Contemporânea .............................................................127
Capítulo 35
filosofia da CiênCia ...................................................................................131
Capítulo 36
poder e estado......... .............................................................................. 134
Capítulo 37 
formas de governo ........ ........................................................................137
Capítulo 38
movimentos soCiais - brasil e mundo ........ ...............................................139
Capítulo 39
o que é Cidadania?.................................................................................... 143
Capítulo 40
soCiedade do medo e Controle .................................................................149
filosofia capítulo 11 - aRistÓtElEs 
5
FILOSOFIA CApítULO 11 - ARIStÓtELES 
6
O QUE É FILOSOFIA?
Nesse primeiro capítulo buscaremos apontar cami-
nhos que direcionem para a compreensão sobre o que é 
a Filosofia, onde ela surgiu, qual o contexto sociocultural 
da época, e qual a sua relação com os mitos.
O Que é Filosofia?
Muitos poderiam arriscar uma resposta dizendo que 
a filosofia é uma área do conhecimento que nos ajuda a 
pensar, mas pensar é algo intrínseco do ser humano, não é? 
Conhecemos pessoas que nunca ouviram falar em filosofia 
e que pensam, certo? Então filosofia é algo que vai além. 
Há quem diga que filosofia nos ensina um pensar mais 
crítico, mas outras áreas também têm essa capacidade, a 
História, a Geografia, a Literatura, entre outras tantas, por 
exemplo. O que faz a Filosofia ser diferente de todas as 
outras áreas que nos ajudam a elaborar um pensamento 
crítico? Reformulando a pergunta: o que seria então um 
atributo exclusivo da Filosofia? Resposta: A Dúvida! A 
desconfiança! A Suspeita! A Interrogação! A filosofia é 
área do conhecimento que tem como palavra estrutural: 
por que/por quê. 
A mãe de todas as Ciências.
Filosofia: a mãe de todas as ciências. É possível fazer 
tal afirmação, porque até o século XVII não havia distinção 
entre Filosofia e Ciência. Desde o seu surgimento a 
Filosofia representava um conjunto de saberes. Ela surgiu 
na Grécia Antiga entre os séculos VI e VII antes de Cristo, 
seu nascimento pode ser entendido como uma nova 
organização do pensamento, que veio complementar e, 
gradualmente, se separar do mito. 
Atualmente a Filosofia e a Ciência se distinguem 
expressivamente, de forma simples poderíamos dizer que 
a ciência é a resposta, a filosofia é a pergunta. No entanto é 
uma pergunta que não almeja necessariamente a resposta, 
pois a partir no momento que a resposta é encontrada já 
não é mais Filosofia, mas sim Ciência. 
Vou te dar um exemplo:
Uma professora de cinquenta anos de idade que está 
prestes a se aposentar passa mal e vai para o hospital, seu 
quadro clínico piora com o passar dos dias e é informada 
que terá que fazer uma cirurgia, pois está com um tumor 
no intestino, a cirurgia é realizada e o tumor é retirado. Com 
novos exames descobre que tem vários tumores no fígado, 
faz mais duas cirurgias e os tumores são retirados. Durante o 
período de recuperação em casa, essa senhora vai adiando 
para iniciar a quimioterapia, pois se sente muito fraca, quan-
do inicia o tratamento os familiares tem o diagnóstico de 
que os tumores surgiram novamente, mas agora tomaram 
conta de outros órgãos; um ano depois essa professora que 
dedicou a vida toda à educação morre. Se perguntarmos 
por que ela morreu? Você saberia dar a resposta? O médico 
responderia que o câncer venceu! Mas a pergunta foi: Por 
que ela morreu, e não como ela morreu.
A Ciência é limitada! Ela é capaz de explicar como essa 
professora de cinquenta anos de idade, cheia de planos 
morreu, explica o que pode ser comprovado com exames e 
estudos, mas não é capaz de explicar: Por que ela morreu? 
Por que agora? Por que ela? Por que ela ainda se faz presen-
te mesmo não existindo fisicamente? Você sabe a resposta 
para essas perguntas?
Tudo aquilo que não é do campo das Ciências pode ser 
estudado no campo da Filosofia.
Relação: Mito e Filosofia.
O Mito (Mythos) era a forma de pensardos gregos. 
Apresentava-se como uma visão de mundo fundamentada 
em um conjunto de narrativas contadas de geração a 
geração por séculos, e que transmitiam às novas gerações as 
CAPÍTULO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • O QUE É FILOSOFIA?
7
filosofia e sociologiacapítulo 1 - o Que É filosofia?
experiências vividas pelos seus antecessores. O mito busca 
explicações definitivas sobre a natureza, e sua verdade 
independe de provas. Não podemos deixar de ressaltar a 
importância dos mitos para o funcionamento da sociedade, 
pois cumpriam uma função social moralizante de tal forma 
que essas narrativas ocupavam o imaginário dos cidadãos 
da pólis (cidade-estado) grega e direcionavam suas condutas. 
Através de exemplos contados nos poemas, além dos 
passados oralmente entre os membros da sociedade, os 
mitos ditavam as regras e deixavam claro o que era certo 
e errado. Aos poucos, porém, a moral estabelecida pelas 
narrativas míticas foi substituída pela ética e pelos valores 
da cidadania grega. Assim nasce a Filosofia, uma tentativa 
de elaborar respostas racionais para perguntas que eram 
respondidas pela mitologia.
Esta tentativa nasce das indagações sobre a natureza, 
com os chamados Filósofos da Natureza. A partir dos 
Sofistas - com seus ensinamentos sobre a política e a retórica 
- e principalmente com Sócrates a Filosofia renasce e os 
filósofos se voltam para o homem, para o conhecimento, os 
valores e a beleza. 
A mitologia foi, portanto, fundamental para o 
desenvolvimento do pensamento ocidental e para o 
surgimento da Filosofia. O naturalismo, que se manifestava 
nas origens da filosofia, já se evidenciava na própria 
religiosidade grega, na medida em que nem homens nem 
deuses são compreendidos como perfeitos e, mais do que 
isso, os deuses tinham desejos humanos, isso significa 
naturalizar até o sobrenatural. 
Os Mitos ditam as regras.
As crenças transmitidas pelos gregos ajudavam a 
comunidade a criar uma base de compreensão da realidade, 
e um ambiente de certezas que justificava a existência 
humana. Os mitos apresentavam uma religião politeísta 
(acreditavam em vários deuses), sem teoria escrita, 
concentrada na tradição oral, é isso que se entende por 
teogonia (theo-deus, gonia-origem). Vale salientar que essas 
narrativas foram sistematizadas no século IX a.C por Homero 
e por Hesíodo no século VII a.C. Ao articular religião, trabalho, 
poesia, os mitos traduziam o modo que o grego encontrava 
para expressar sua integração ao cosmos e à vida coletiva. 
Com o passar dos anos, e com as transformações sociais, 
políticas e econômicas da Grécia antiga, as explicações 
simplórias sobre a existência do universo foram perdendo 
convencimento, já não respondiam mais as novas perguntas 
que começaram a surgir a partir de tantas mudanças na 
vida daquelas pessoas. 
Condições históricas.
As condições históricas como o estabelecimento da vida 
urbana na pólis grega, a invenção da política e da moeda e 
as expansões marítimas juntamente com alguma influência 
oriental, geraram uma nova maneira de ver o mundo, uma 
nova modalidade de pensamento. Foi o momento do 
esplendor da Grécia. É esse contexto histórico que possibilitou 
que a Filosofia surgisse ali, e não em outro lugar do planeta.
(Acrópoles de Atenas)
Acredita-se que a filosofia nasceu de um processo de 
complemento/rompimento com a mitologia, não de forma 
brusca, mas a partir da busca por explicações racionais 
rigorosas e metódicas condizentes com a vida política e 
social dos gregos antigos, bem como com melhoramento 
de alguns conhecimentos já existentes, adaptados e 
transformados em ciência.
Cosmologia.
A filosofia nasce como uma tentativa de explicar a 
origem e a ordem do mundo de maneira racional, por 
isso é considerada nessa primeira fase uma cosmologia (o 
pensamento da ordem e organização do mundo). 
Definição da palavra.
Pitágoras definiu essa nova forma de compreender 
o mundo como algo ligado à sabedoria, uma busca pela 
sabedoria (filo - amor/amizade/ compartilhar. Sofia - 
sabedoria). Sendo assim, aquele que se dedicava a arte de 
questionar era considerado filósofo. Aquele que buscava 
alcançar a sabedoria e agir com base nela era visto como o 
amigo da sabedoria. 
A Inquietação. 
O primeiro passo para a filosofia é a inquietação, pois ela 
conduz ao questionamento. A Filosofia não é um questionar 
por questionar, ela exige a fundamentação racional do que é 
enunciado e pensado. O pensamento racional é o pensamento 
argumentado, debatido e compreendido pelo homem. 
Os primeiros filósofos e a autonomia da razão.
A Filosofia ocidental é dividida em períodos de acordo 
com as perguntas e discussões desenvolvidas conforme as 
necessidades do contexto. O primeiro período da filosofia é 
denominado de pré-socrático. Nesse momento (séculos VII, 
8
filosofia e sociologia capítulo 1 - o Que É filosofia?
VI e V) da reflexão filosófica, os filósofos estavam voltados 
para o cosmo, ou seja, para o universo, para a natureza, por 
isso são denominados de filósofos da natureza.
A Filosofia surge, portanto, quando alguns gregos, 
observadores da realidade, insatisfeitos com as explicações 
até então dada pela tradição, começaram a fazer perguntas 
e buscar respostas para elas, demonstrando que o mundo, 
os seres humanos, a Natureza, os acontecimentos e as 
ações humanas podem ser conhecidos pela razão humana, 
e que a própria razão é capaz de conhecer-se a si mesma.
A filosofia é a conquista da autonomia da razão (lógos) 
diante do mito e busca encontrar o porquê da existência de 
todas as coisas. Procura estruturar explicações para a origem 
de tudo nos elementos naturais e primordiais (água, ar, fogo, 
terra) por meio de combinações e movimentos. Enquanto o 
mito está no campo da imaginação, a filosofia exige a lógica 
e coerência racional que só o ser humano pode ter. 
EXERCíCIOS
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“Zeus ocupa o trono do universo. Agora o mundo está 
ordenado. Os deuses disputaram entre si, alguns triunfaram. 
Tudo o que havia de ruim no céu etéreo foi expulso, ou para 
a prisão do Tártaro ou para a Terra, entre os mortais. E os 
homens, o que acontece com eles? Quem são eles?” 
(VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os homens. Trad. de Rosa 
Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 56.)
Considerando que o mito era uma forma de 
conhecimento para os gregos, assinale a alternativa correta.
a) A verdade do mito obedece a critérios empíricos e 
científicos de comprovação.
b) O conhecimento mítico segue um rigoroso 
procedimento lógico-analítico para estabelecer suas 
verdades.
c) As explicações míticas constroem-se, de maneira 
argumentativa e autocrítica.
d) A verdade do mito obedece a regras universais do 
ensinamento racional, tais como a lei de não-contradição.
e) O mito busca explicações definitivas acerca do 
homem e do mundo, e sua verdade independe de provas.
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“A filosofia surge quando alguns gregos, admirados 
e espantados com a realidade, insatisfeitos com as 
explicações que a tradição lhes dera, começaram a fazer 
perguntas e buscar respostas para elas”.
(Marilena Chauí, Convite a Filosofia. 4. ed., Ática, 1995, p. 23).
A Filosofia grega deixou como herança para o Ocidente 
europeu:
a) A criação da dialética, fundamentada na luta de classes, 
como forma de explicação sociológica da realidade humana. 
b) A preocupação com a continuidade entre a vida e 
a morte, através da pratica de embalsamamento e outros 
cuidados funerários.
c) A aspiração ao conhecimento verdadeiro, à felicidade 
e à justiça, indicando que a humanidade não age 
caoticamente.
d) O nascimento das ciências humanas, implicando em 
conhecimentos autônomos e compartimentados.
e) A produção de uma concepção de historia linear, que 
tratava dos fins últimos do homem e da realização de um 
projeto divino.QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“Os homens, a divindade, o mundo formam um universo 
unificado, homogêneo, todo ele no mesmo plano: são as 
partes ou os aspectos de uma só e mesma physis que põem 
em jogo, por toda parte, as mesmas forças, manifestam a 
mesma potência de vida. As vias pelas quais essa physis 
nasceu, diversificou-se e organizou-se são perfeitamente 
acessíveis à inteligência humana: a natureza não operou 
‘no começo’ de maneira diferente de como o faz ainda, 
cada dia, quando o fogo seca uma vestimenta molhada 
ou quando, num crivo agitado pela mão, as partes mais 
grossas se isolam e se reúnem.”
(VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. Trad. de Ísis 
Borges B. da Fonseca. 12.ed. Rio de Janeiro: Difel, 2002. p.110.)
O texto apresentado demonstra que:
a) Para explicar o que acontece no presente é preciso 
compreender como a natureza agia “no começo”, ou seja, 
no momento original.
b) O nascimento, a diversidade e a organização dos 
seres naturais têm uma explicação natural e esta pode ser 
compreendida racionalmente.
c) A explicação para os fenômenos naturais pressupõe a 
aceitação de elementos sobrenaturais.
d) A razão é capaz de compreender parte dos fenômenos 
naturais, mas a explicação da totalidade dos mesmos está 
além da capacidade humana.
e) A diversidade de fenômenos naturais pressupõe 
uma multiplicidade de explicações e nem todas estas 
explicações podem ser racionalmente compreendidas.
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Sobre a passagem do mito à filosofia, na Grécia Antiga, 
podemos afirmar que:
a) Os poemas homéricos, em razão de muitos de seus 
componentes, já contêm características essenciais da 
compreensão de mundo grega que, posteriormente, se 
revelaram importantes para o surgimento da filosofia.
b) O naturalismo, que se manifesta nas origens 
da filosofia, já se evidencia na própria religiosidade 
grega, na medida em que nem homens nem deuses 
são compreendidos como seres perfeitos: onipotente, 
9
filosofia e sociologiacapítulo 1 - o Que É filosofia?
onipresente, onisciente.
c) A humanização dos deuses na religião grega era 
inadmissível, pois os deuses eram perfeitos e movidos por 
sentimentos superiores aos dos homens, isso contribuiu 
para o processo de racionalização da cultura grega, 
auxiliando o desenvolvimento do pensamento filosófico e 
científico.
d) O mito foi superado, cedendo lugar ao pensamento 
filosófico, devido à assimilação que os gregos fizeram da 
sabedoria dos povos orientais, sabedoria esta desvinculada 
de qualquer base religiosa.
e) Os poemas Hesíodo, não contêm características 
essenciais da compreensão de mundo grega, por isso não é 
possível relaciona-los ao surgimento da filosofia.
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“Há, porém, algo de fundamentalmente novo na 
maneira como os Gregos puseram a serviço do seu 
problema último – da origem e essência das coisas – 
as observações empíricas que receberam do Oriente e 
enriqueceram com as suas próprias, bem como no modo 
de submeter ao pensamento teórico e casual o reino dos 
mitos, fundado na observação das realidades aparentes do 
mundo sensível: os mitos sobre o nascimento do mundo.”
 Fonte: JAEGER, W. Paidéia. Tradução de Artur M. 
Parreira. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 197.
Sobre a relação mito e Filosofia, conclui-se que:
a) A filosofia se origina no Oriente sob o influxo da 
religião e apenas posteriormente chega à Grécia.
b) A filosofia representa uma ruptura radical em relação 
aos mitos.
c) Apesar de ser pensamento racional, a filosofia se 
desvincula dos mitos de forma gradual.
d) o pensamento filosófico necessita do mito para se 
expressar.
e) O mito já era filosofia, uma vez que buscava respostas 
para problemas discutidos até hoje.
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
O que implica o sistema da pólis é uma extraordinária 
preeminência da palavra sobre todos os outros instrumentos 
do poder. A palavra constitui o debate contraditório, a 
discussão, a argumentação e a polêmica. Torna-se a regra 
do jogo intelectual, assim como do jogo político.
 VERNANT, J.P. As origens do pensamento grego. Rio de 
Janeiro: Bertrand, 1992 (adaptado).
Na configuração política da democracia grega, em 
especial a ateniense, a ágora tinha por função
a) agregar os cidadãos em torno de reis que governavam 
em prol da cidade.
b) permitir aos homens livres o acesso às decisões do 
Estado expostas por seus magistrados.
c) constituir o lugar onde o corpo de cidadãos se reunia 
para deliberar sobre as questões da comunidade.
d) reunir os exércitos para decidir em assembleias 
fechadas os rumos a serem tomados em caso de guerra.
e) congregar a comunidade para eleger representantes 
com direito a pronunciar-se em assembleias.
GABARItO
1. E 2. C 3. B 4. A 5. C
6. C
ANOtAÇÕES
10
OS pRÉ-SOCRÁtICOS E A RELAÇÃO ENtRE 
pHYSIS, LOGOS E ARCHÉ.
Nesse capítulo buscaremos estudar os primeiros 
filósofos e os primeiros questionamentos dessa área de 
conhecimento que chamamos de Filosofia. A principal 
discussão desse capítulo será sobre a origem do universo. 
A partir desse momento o homem passa a usar a razão 
para encontrar na natureza a origem do universo.
A Abstração.
A Filosofia pré-socrática é filha do seu contexto 
sociocultural, pois, ao se propagar entre os gregos o uso 
da moeda, da escrita e do artesanato, inaugurou-se uma 
mentalidade que descobre e valoriza a abstração humana 
como esforço de uma inteligência individual. É tese 
bastante aceita hoje que o nascimento da filosofia na Grécia 
não foi um “milagre” realizado por um povo privilegiado, 
mas sim o ápice de um processo lento e gradual, tributário 
de um passado mítico, e influenciado por transformações 
políticas, econômicas e sociais.
Os primeiros Filósofos.
O poeta brasileiro, Mario Quintana (1906-1994), no 
poema “As coisas”, traduziu o sentimento comum dos 
primeiros filósofos da seguinte maneira: “O encanto 
sobrenatural que há nas coisas da Natureza! [...] se nelas 
algo te dá encanto ou medo, não me digas que seja feia ou 
má, é, acaso, singular”. Os primeiros filósofos da antiguidade 
clássica grega se preocupavam com cosmologia, estudando 
a origem do Cosmos, contrapondo a tradição mitológica 
das narrativas cosmogônicas. 
A Jônia foi o berço dos primeiros filósofos, mais 
especificamente em Mileto. De acordo com os próprios 
gregos os inauguradores do pensamento racional foram: 
Tales, Anaxímenes e Anaximandro. Com o objetivo de 
construir um novo modelo de conhecimento, retomaram 
os temas da mitologia grega, mas de forma racional, 
formulando hipóteses lógico-argumentativas.
tales de Mileto (640-546 a.C.)
“Tales foi o iniciador da filosofia da physis, pois foi o 
primeiro a afirmar a existência de um princípio originário 
CAPÍTULO 2 • • • • • • • • OS pRÉ-SOCRÁtICOS E A RELAÇÃO ENtRE pHYSIS, LOGOS E ARCHÉ
único, causa de todas as coisas que existem, sustentando que 
esse princípio é a água. Essa proposta é importantíssima... 
podendo com boa dose de razão ser qualificada como a 
primeira proposta filosófica daquilo que se costuma chamar 
civilização ocidental.” (REALE, Giovanni. História da filosofia: 
Antigüidade e Idade Média. São Paulo: Paulus, 1990. p. 29.)
Tales de Mileto (640-546 a.C.) é tido como o primeiro 
filósofo e o primeiro chefe da Escola de Mileto; Anaximandro 
(610-547 a.C.) e Anaxímenes (585-528 a.C.) foram seus 
discípulos. Para estes e outros filósofos, o mais importante 
é usar a razão (logos) para conhecer a natureza (physis), cujo 
objetivo é entender e explicar os fundamentos primeiros 
de que o mundo foi feito e que o vem mantendo da forma 
como está. Esses filósofos buscavam delimitar a arkhé (o 
princípio) na tentativa de buscar explicações racionais 
para o universo. Tales de Mileto, ao buscar um princípio 
unificador de todos os seres, concluiu quea água era a 
substância primordial, “a água é a origem de todas as 
coisas”, pois ele observou que tudo que tem vida necessita 
de água, a morte é a ausência da água. Tales atribuía à água 
a arkhé do universo.
A filosofia contribui para a crítica a uma religiosidade 
simplista ou meramente ritualista, não significa, porém, um 
rompimento com a religião. Por isso Tales afirmava que tudo 
estava cheio de deuses, ou seja, que as qualidades sensíveis 
que cercam os homens têm uma existência independente 
da vontade humana e o seu domínio está fora do alcance 
humano. Ou seja, ele é um filho de seu tempo, no qual a 
mitologia estava enraizada na consciência coletiva.
Anaximandro e Anaxímenes
Após Tales a Escola de Mileto contou com a liderança 
de Anaximandro e Anaxímenes. Eles deram continuidade à 
busca pela Arkhé. Para Anaximandro o princípio, ou elemento 
primordial, era o “ápeiron”, infinito ou indeterminado, a 
matéria eterna e indestrutível. Para Anaxímenes a origem 
de tudo era o ar infinito (pneuma ápeiron), ao observar a 
natureza percebe que o ar é o princípio de tudo, na medida 
em que permite a vida das pessoas, que, sem ele, perecem. 
Os seres sobrevivem mais tempo sem água do que sem ar, 
por isso concluir que o ar é a origem de tudo, contrapondo 
a ideia de seu mestre Tales.
pitágoras
Pitágoras (século VI a.C), é um dos filósofos mais importantes 
da filosofia pré-socrática. Para ele “a Matemática explica o 
mundo”. Acreditava na divindade dos números. Os números 
são a essência de todas as coisas. A medida da harmonia e, 
consequentemente, da desarmonia, segundo Pitágoras, é 
possibilitada pela matemática, particularmente pela relação 
numérica, aritmética e geométrica existente na realidade. 
Xenófanes (580-475 a.C.) e Zenão (480-430 a.C.) 
11
filosofia e sociologiacapítulo 2 - os pRÉ-socRÁticos e a RelaÇÃo eNtRe pHYsis, logos e aRcHÉ
Xenófanes (580-475 a.C.), e Zenão (480-430 a.C.) 
também marcaram esse período da filosofia. Xenófanes 
contribui com sua crítica à concepção de deuses 
antropomórficos, concepção própria da religião mítica. 
Zenão ficou conhecido por escrever sobre a imutabilidade 
dos seres. A defesa da imutabilidade do ser é, todavia, 
realizada por Parmênides, considerado por Aristóteles o pai 
da metafísica e da lógica. 
parmênides (530-460 a.C.) X Heráclito de Éfeso (540 
- 470 a.C)
As reflexões sobre o mundo e as relações sociais 
fazem parte da construção da Filosofia. O pensamento 
filosófico foi muito importante para a organização da sua 
sociedade e o estabelecimento de uma visão crítica de 
suas manifestações culturais. Uma das figuras marcantes 
da Filosofia Grega foi Parmênides, pois influenciou em 
muito o pensamento idealista da filosofia ocidental, 
dando destaque à ideia de permanência e considerando o 
movimento como uma ilusão dos sentidos. 
“...que é e que não é possível que não seja,/ é a vereda da 
Persuasão (porque acompanha a Verdade); o outro diz que 
não é e que é preciso que não seja,/ eu te digo que esta é uma 
vereda em que nada se pode aprender. De fato, não poderias 
conhecer o que não é, porque tal não é fatível./ nem poderia 
expressá-lo.”
(Nicola, Ubaldo. Antologia ilustrada de Filosofia. Editora Globo, 2005.) 
O texto acima expressa o pensamento de Parmênides 
de Eleia, que afirmava a imutabilidade de todas as coisas e 
a unidade entre ser e pensar. 
Para Parmênides “O Ser é”, não existe a possibilidade 
do não-ser, sendo assim: “O ser é, e o não ser não é”. Tanto 
Zenão, quanto Parmênides defendem a ideia de que não 
há movimento. 
Em contrapartida, para Heráclito de Éfeso (540 - 470 a.C) 
“Tudo se transforma”. O logos é identificado por Heráclito 
como o fogo; não somente o natural, material, mas 
também o fogo eterno e vivo que forjou todo o universo. 
Heráclito e Parmênides são apresentados como filósofos 
cujos pensamentos se opõem: o primeiro seria o pensador 
da mudança, da contradição, enquanto o outro seria o 
precursor da metafísica, na sua defesa da constância, da 
unicidade e da imobilidade do ser.
Empédocles (492-432 a.C.)
Empédocles (492-432 a.C.) marcou a filosofia com sua 
reflexão de que o mundo não é resultado de apenas um 
princípio, mas de quatro: a água, a terra, o ar e o fogo. Para 
ele todas as coisas do universo resultam da mistura desses 
elementos, e os responsáveis por esse movimento são as 
forças cósmicas opostas: o amor e o ódio.
“Ainda outra coisa te direi. Não há nascimento para 
nenhuma das coisas mortais, como não há fim na morte 
funesta, mas somente composição e dissociação dos 
elementos compostos: nascimento não é mais do que um 
nome usado pelos homens”.
(EMPÉDOCLES. Apud ARANHA/ MARTINS. Filosofando: Introdução à 
Filosofia. 3ª Ed., São Paulo: Moderna, 2006 - p. 86.). 
Percebemos neste fragmento citado uma continuidade 
do pensamento mítico que havia no início da filosofia, pois 
ainda encontramos a presença de certos resquícios da 
mitologia sendo usados para explicar o mundo. Por isso 
salientamos a inexistência de uma ruptura bruta entre as 
maneiras filosófica e mitológica de pensar.
Demócrito (470-380 a.C.)
Demócrito (470-380 a.C.) foi o fundador da teoria do 
Átomo. Para ele tudo é matéria. A alma é feita de átomos. O 
átomo é uma partícula indivisível. E os átomos são eternos. 
EXERCíCIOS
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“Mais que saber identificar a natureza das contribuições 
substantivas dos primeiros filósofos é fundamental perceber 
a guinada de atitude que representam. A proliferação de 
óticas que deixam de ser endossadas acriticamente, por 
força da tradição ou da ‘imposição religiosa’, é o que mais 
merece ser destacado entre as propriedades que definem 
a filosoficidade.”
(OLIVA, Alberto; GUERREIRO, Mario. Présocráticos: a invenção da 
filosofia. Campinas: Papirus, 2000. p. 24.)
A “guinada de atitude” que o texto afirma ter sido 
promovida pelos primeiros filósofos é:
a) A aceitação acrítica das explicações tradicionais 
relativas aos acontecimentos naturais.
b) A busca por uma verdade única e inquestionável, que 
pudesse substituir a verdade imposta pela religião.
c) A confiança na tradição e na “imposição religiosa” 
como fundamentos para o conhecimento.
d) A desconfiança na capacidade da razão em virtude 
da “proliferação de óticas” conflitantes entre si.
e) A discussão crítica das ideias e posições, que podem 
ser modificadas ou reformuladas.
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A filosofia surgiu na Grécia, no século VI a.C. Seus 
primeiros filósofos foram os chamados pré-socráticos e 
filósofos da natureza. Assinale a alternativa que expressa o 
principal problema por eles investigado.
a) A cosmologia, como investigação acerca da origem e 
da ordem do mundo.
c) A epistemologia, como avaliação dos procedimentos 
12
filosofia e sociologia capítulo 2 - os pRÉ-socRÁticos e a RelaÇÃo eNtRe pHYsis, logos e aRcHÉ
científicos.
d) A ética, enquanto investigação racional do agir 
humano.
b) A estética, enquanto estudo sobre o belo na arte.
e) A filosofia política, enquanto análise do Estado e sua 
legislação.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Os filósofos pré-socráticos tentaram explicar a 
diversidade e a transitoriedade das coisas do universo, 
reduzindo tudo a um ou mais princípios elementares, 
os quais seriam a verdadeira natureza ou ser de todas as 
coisas. Assinale o que for incorreto.
a) Tales de Mileto, o primeiro filósofo segundo 
Aristóteles, teria afirmado “tudo é água”, indicando, assim, 
um princípio material elementar, fundamento de toda a 
realidade.
b) Heráclito de Éfeso interessou-se pelo dinamismo do 
universo. Afirmou que nada permanece o mesmo, tudo 
muda; que a mudança é a passagem de um contrário ao 
outro e que a luta e a harmonia dos contrários são o que 
gera e mantém todas as coisas.
c) Parmênides de Eléia afirmou que o ser não muda. 
Deduziu a imobilidade e a unidadedo ser do princípio de 
que “o ser é” e “o não-ser não é”, elaborando uma primeira 
formulação dos princípios lógicos da identidade e da não-
contradição.
d) As teorias dos filósofos pré-socráticos foram pouco 
significativas para o desenvolvimento da filosofia e da 
ciência, uma vez que os pré-socráticos sofreram influência 
do pensamento mítico, e de suas obras apenas restaram 
fragmentos e comentários de autores posteriores.
e) Para Demócrito de Abdera, todo o cosmo se constitui 
de átomos, isto é, partículas indivisíveis e invisíveis que, 
movendo-se e agregando-se no vácuo, formam todas as 
coisas; geração e corrupção consistiriam, respectivamente, 
na agregação e na desagregação dos átomos.
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
O período pré-socrático é o ponto inicial das reflexões 
filosóficas. Suas discussões se prendem a Cosmologia, 
sendo a determinação da physis (princípio eterno e 
imutável que se encontra na origem da natureza e de 
suas transformações) ponto crucial de toda formulação 
filosófica. Em tal contexto, Leucipo e Demócrito afirmam 
ser a realidade percebida pelos sentidos ilusória. Eles 
defendem que os sentidos apenas capturam uma 
realidade superficial, mutável e transitória que acreditamos 
ser verdadeira. Mesmo que os sentidos apreendam “as 
mutações das coisas, no fundo, os elementos primordiais 
que constituem essa realidade jamais se alteram.” Assim, a 
realidade é uma coisa e o real outra. 
Para Leucipo e Demócrito a physis é composta 
a) pelas quatro raízes: o úmido, o seco, o quente e o frio. 
b) pelos átomos, pois tudo é matéria.
c) pela água, pois tudo que tem vida precisa de água. 
d) pelo fogo, pois tudo está em constante movimento.
e) pelo ilimitado, pois o cosmos é infinito.
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
O que há em comum entre Tales, Anaximandro e 
Anaxímenes de Mileto, entre Xenófanes de Colofão e 
Pitágoras de Samos? “Todos esses pensadores propõem 
uma explicação racional do mundo, e isso é uma reviravolta 
decisiva na história do pensamento” (Pierre Hadot). 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre as 
relações entre mito e filosofia, assinale a alternativa 
incorreta.
a) Os filósofos pré-socráticos são conhecidos como 
filósofos da physis porque as explicações racionais do 
mundo por eles produzidas apresentam não apenas o 
início, o princípio, mas também o desenvolvimento e o 
resultado do processo pelo qual uma coisa se constitui. 
b) O nascimento das explicações racionais do 
mundo é também o surgimento de uma nova ordem 
do pensamento, que bate de frente com o mito e rejeita 
todos os ensinamentos que existiam até então; foi um 
momento decisivo da história da filosofia, pois a negação 
do mito mostrava a superioridade dos filósofos, que eram 
semideuses. 
c) As explicações racionais do mundo elaboradas pelos 
pré-socráticos seguem o mesmo esquema ternário que 
estruturava as cosmogonias míticas na medida em que 
também propõem uma teoria da origem do mundo, do 
homem e da cidade. 
d) Os filósofos pré-socráticos não foram os primeiros 
a tratarem da origem e do desenvolvimento do universo, 
antes deles já existiam cosmogonias, mas estas eram de 
tipo mítico, descreviam a história do mundo como uma luta 
entre entidades personificadas. 
e) Tales de Mileto, um dos Sete Sábios, além de 
matemático e físico é considerado filósofo – o fundador da 
filosofia, segundo Aristóteles – porque em sua proposição 
“A água é a origem e a matriz de todas as coisas” está 
contida a proposição “Tudo é um”, ou seja, a representação 
de unidade. 
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A filosofia grega parece começar com uma ideia 
absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de 
todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos e levá-la 
a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque 
essa proposição anuncia algo sobre a origem das coisas; 
em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; 
e enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em 
estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um.
 NIETZSCHE, F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova 
Cultural, 1999.
13
filosofia e sociologiacapítulo 2 - os pRÉ-socRÁticos e a RelaÇÃo eNtRe pHYsis, logos e aRcHÉ
O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o 
surgimento da filosofia entre os gregos?
a) O impulso para transformar, mediante justificativas, 
os elementos sensíveis em verdades racionais.
b) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos 
seres e das coisas.
c) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa 
primeira das coisas existentes.
d) A ambição de expor, de maneira metódica, as 
diferenças entre as coisas.
e) A tentativa de justificar, a partir de elementos 
empíricos, o que existe no real.
GABARItO
1. E 2. A 3. D 4. B 5. B
6. C
ANOtAÇÕES
14
CAPÍTULO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • OS SOFIStAS
OS SOFIStAS
Este capítulo apresentará uma nova discussão 
e preocupação dos filósofos, surgem novos 
questionamentos e novas maneiras de abordagens 
filosóficas, o discurso passa a ser o tema principal nesse 
momento.
A palavra Sofista.
Na Grécia do século V a.C, a palavra “sofista” era utilizada 
com o sentido de “homem sábio”. No final do século, o termo 
“sofista” ganhou uma conotação prática e política, aplicado a 
quem escrevia ou a quem tinha a capacidade de transmitir a 
arte de falar bem, a retórica. Sócrates deu um novo sentido 
à palavra, sentido este que carregamos até o momento, no 
qual o termo “sofista” é visto de forma pejorativa: é aquele 
que engana e ilude. Entenderemos o porquê mais adiante. 
A profissão de Sofista.
Neste contexto histórico – final do século V a.C e início do 
IV a.C - o mundo grego vivia suas grandes guerras contra os 
Persas, os atenienses estavam vivendo uma transformação 
política e cultural, a inserção da Democracia como forma 
de governo. Atenas passou a ser a cidade de encontro dos 
grandes homens desse momento, mercadores, artistas e 
sábios de todas as regiões se dirigiam à famosa pólis, dentre 
os sábios estavam os Sofistas. Aproveitando tal situação, 
os sofistas se viram rodeados de homens que queriam 
encontrar o segredo do domínio dos cidadãos, afinal, na 
democracia vence aquele que tem o melhor poder de 
persuasão.
Os sofistas recebiam pagamentos por seus 
ensinamentos, o que era alvo de críticas dos atenienses, 
além do fato de serem estrangeiros, em sua maioria. 
Sócrates foi um dos principais críticos desses profissionais. 
Sócrates, ao contrário dos sofistas, dispensava 
gratuitamente o seu saber a quem desejasse, por isso 
achava vergonhoso vender o saber em praça pública, como 
os sofistas estavam acostumados a fazer.
Platão deixa registrado que Sócrates comparava os 
sofistas aos mercadores, pois vendiam seus conhecimentos 
como se fossem produtos e elogiavam os produtos que 
vendiam mesmo sem saber se são bons ou não. 
Para Sócrates os sofistas eram obrigados a adaptar sua 
mercadoria ao gosto dos compradores, sendo, portanto, 
incoerentes e despreocupados com a verdade. 
 “... aqueles que levam a ciência de cidade em cidade, ven-
dendo-a a retalho, elogiam sempre ao interessado tudo quan-
to vendem, mas talvez, meu caro, desconheçam o que é que 
desses artigos que vendem é bom ou mau para a alma...” 
(Platão. Protágoras. Trad. introdução e notas Ana da Piedade Elias 
Pinheiro. Lisboa: Relógio d’Água, 1999. Pág. 82)
A herança deixada pelos sofistas.
Mesmo diante de todas as críticas, é preciso reconhecer 
e considerar que, ao receberem pelos ensinamentos 
ministrados, os sofistas forçaram o reconhecimento do 
carácter profissional do trabalho de professor. Foram os 
primeiros professores, e essa é a herança que deixaram 
para a instituição escolar.
Além disso, os sofistas forneceram elementos 
fundamentais para o desenvolvimento da democracia, por 
terem valorizado,sobretudo, o espírito crítico, a palavra e 
as técnicas de argumentação. Os sofistas acreditavam que 
seus ensinamentos formavam cidadãos. A finalidade cívica 
da educação passa, claramente, para o primeiro plano. 
O rompimento com os filósofos pré-socráticos.
Os Sofistas criticam os estudos e preocupações dos pré-
socráticos, e a partir deles temos uma mudança do objeto 
de estudo, que deixou de ser a natureza/cosmos, passando 
para um olhar sobre homem, especificamente, para a arte 
da persuasão do homem. 
Local de trabalho desses profissionais.
Os Locais de trabalho dos sofistas eram os ambientes 
públicos mais frequentados, além das casas particulares 
dos que os podiam acolher e pagar por seus serviços. Eles 
viajavam de cidade em cidade à procura de alunos, alguns 
eram cativados por eles e decidiam ir junto com seus 
mestres. 
“não foi só pelo seu ensino, mas também pela atração do 
seu novo tipo espiritual e psicológico que os sofistas foram 
considerados como as maiores celebridades do espírito grego 
de cada cidade, onde por longo tempo deram tom, sendo 
hóspedes prediletos dos ricos e dos poderosos”
(JAEGER, Werner. Paidéia - A Formação do Homem Grego, Martins 
Fontes, São Paulo, 3ª edição, 1995. pág.347).
O que eles ensinavam?
Os Sofistas estudavam e ensinavam sobre os grandes 
poetas, desde Homero a Hesíodo, adaptando tais 
ensinamentos à realidade em que viviam e ao contexto dos 
compradores de seus conhecimentos. Suas interpretações 
dos poetas são em geral muito pragmáticas.
Os sofistas gostavam de acumular conhecimentos 
que pudessem ser aplicados no cotidiano, estudavam e 
procuravam decifrar os poemas, pois estes diziam muito 
sobre aquela sociedade. Outro motivo para estudar os 
poemas se justificava no fato deles auxiliarem na elaboração 
do discurso, pois a partir dos textos os sofistas aprendiam a 
dominar as palavras e isso culminava na arte de falar bem. 
Os sofistas dirigiam a Filosofia para as questões mais 
práticas e cotidianas, para a vida do homem, no mundo 
15
filosofia e sociologiacapítulo 3 - os sofistas
social dos homens, e não para as discussões mais amplas 
como as questões da natureza. 
Suas técnicas eram baseadas no poder do uso das 
palavras, na forma como debater, no discurso elaborado. 
Eles eram experientes nas relações humanas, viajavam 
de cidade em cidade, conheciam culturas diferentes, 
concepções de mundo variadas, o que fez com que 
acreditassem que não existia verdade absoluta, pois cada 
povo tinha suas próprias verdades, passaram a relativizar o 
mundo, e ensinar dessa forma.
Os Sofistas ensinavam como pegar um argumento fraco 
e transformá-lo em algo incontestável, da mesma forma que 
se podia pegar um argumento forte e tirar toda a sua força. 
E como dizia Protágoras, o mais conhecido dos Sofistas: 
“A verdade é relativa. É somente uma questão de opinião.” 
(Protágoras). Podemos dizer, a partir desta afirmação, que a 
verdade é uma questão de persuasão. Górgias (sofista) dizia 
que “o bom orador convence qualquer um de qualquer coisa”.
Os sofistas eram pragmáticos, relativistas, subjetivistas 
e céticos (no sentido de não acreditarem em verdades 
únicas). 
A moral e a Justiça para os Sofistas.
A moral é encarada pelos Sofistas não como lei racional 
do agir humano, mas como um empecilho que incomoda 
o homem.
Para os Sofistas a submissão à lei não torna os homens 
felizes, exemplo disso é que grandes malvados tem 
conseguido conquistar a felicidade, além de grande êxito 
no mundo e, aliás, a experiência ensina que, para triunfar 
no mundo, não é necessário justiça, mas prudência e 
habilidade.
Segundo os sofistas, a realização da humanidade está 
no engrandecimento ilimitado da própria personalidade, 
no prazer e no domínio. Na Grécia Antiga, um dos mais 
importantes representantes dos sofistas foi Protágoras 
de Abdera, que afirmava, o homem é quem dá valor às 
coisas, só cabe ao homem decidir o que é certo ou errado, 
o que possui valor e o que não possui. Para ele não existe 
“a verdade”, é o homem quem estabelece o que é verdade. 
Protágoras diz: “O homem é a medida de todas as coisas, 
das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, 
enquanto não são.”
EXERCíCIOS
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
No século V a.C., Atenas vivia o auge de sua democracia. 
Nesse mesmo período, os teatros estavam lotados, afinal, 
as tragédias chamavam cada vez mais a atenção. Outro 
aspecto importante da civilização grega da época eram 
os discursos proferidos na ágora. Para obter a aprovação 
da maioria, esses pronunciamentos deveriam conter 
argumentos sólidos e persuasivos. Nesse caso, alguns 
cidadãos procuravam aperfeiçoar sua habilidade de 
discursar. Isso favoreceu o surgimento de um grupo de 
filósofos que dominavam a arte da oratória. Esses filósofos 
vinham de diferentes cidades e ensinavam sua arte em 
troca de pagamento. Eles foram duramente criticados por 
Sócrates e são conhecidos como:
a) maniqueistas. 
b) sofistas. 
c) epicuristas. 
d) hedonistas. 
e) Naturalistas. 
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Pode-se dizer que o conjunto das ideias sofistas (tal 
como apresentado por Platão) se opõe ao propósito teórico 
dos pré-socráticos no tocante:
a) os sofistas especulam sobre a origem de todas as 
coisas e os pré-socráticos admitem a possibilidade da 
verdade. 
b) os sofistas não defendem a possibilidade de verdades 
universais e os pré-socráticos buscam o princípio de todas 
as coisas. 
c) os sofistas investigam o nomos buscando saber por 
que tudo é como é, e os pré-socráticos se voltam para a 
physis ocupando-se com saber como o princípio perpassa 
o múltiplo. 
d) os sofistas entendem que a linguagem representa 
a realidade e os pré-socráticos buscam as regras da 
linguagem.
e) os sofistas defendem a possibilidade de verdades 
universais e assim como os pré-socráticos buscam o 
princípio de todas as coisas.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Os Sofistas foram acusados por Platão e por Aristóteles 
de serem comerciantes do saber, mas hoje se reconhece 
suas contribuições em diversas áreas do conhecimento, 
como, por exemplo, para a retórica. São considerados 
Sofistas: 
a) Parmênides, Górgias, Crátes e Cícero. 
b) Xenofonte, Pitágoras, Heródoto e Crátes. 
c) Antifonte, Górgias, Protágoras e Pródico.
d) Empédocles, Protágoras, Antifonte e Sócrates.
e) Antifonte, Górgias, Heráclito e Parmênides.
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A sociedade grega criou seus mitos e deuses, mas 
também elaborou um pensamento filosófico que 
expressava sua preocupação com a verdade e a ética. 
Além de Aristóteles, Platão e Sócrates, muitos pensadores 
merecem ser citados e discutidos, como os sofistas, que:
a) formularam princípios éticos, revolucionários para 
16
filosofia e sociologia capítulo 3 - os sofistas
a época e de grande significado para o pensamento de 
Platão.
b) defenderam a liberdade de expressão, embora 
estivessem ligados à aristocracia ateniense, contrária à 
ampliação da cidadania.
c) construíram reflexões sobre o comportamento 
humano que serviram de base para Aristóteles pensar a sua 
metafísica.
d) ajudaram a consolidar o pensamento conservador 
grego, reafirmando a importância da mitologia.
e) criticaram a existência de verdades absolutas, 
afirmando ser o homem a medida de todas as coisas.
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“O legado da Grécia à filosofia ocidental é a filosofia 
ocidental.” (Bernard Williams. In: Finley M. I. O legado da 
Grécia, 1998.) A afirmação baseia-se no fato de que:
a) os gregos foram os criadores de quase todos os 
campos importantes do conhecimento filosófico, como a 
metafísica, a lógica, a ética e a filosofia política; 
b) os filósofos gregos foram lidos pelos romanos, depois 
totalmente negados pela tradição romântica medieval e,posteriormente, recuperados por iluministas.
c) a filosofia moderna ocidental deixou o pensamento 
filosófico grego para trás, recuperando como princípio 
básico o legado mítico dos helenos;
d) os sofistas, como Sócrates e Platão, responsáveis pela 
produção de obras no campo da mitologia, consolidaram 
os princípios da filosofia ocidental moderna;
e) a metafísica de Platão tem estruturado, até hoje, as 
bases conceituais e filosóficas do pensamento científico e 
tecnológico contemporâneo ocidental.
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os seus 
amigos presumiam que a justiça era algo real e importante. 
Trasímaco negava isso. Em seu entender, as pessoas 
acreditavam no certo e no errado apenas por terem sido 
ensinadas a obedecer às regras da sua sociedade. No 
entanto, essas regras não passavam de invenções humanas. 
RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.
O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no 
diálogo A República, de Platão, sustentava que a correlação 
entre justiça e ética é resultado de:
a) determinações biológicas impregnadas na natureza 
humana.
b) verdades objetivas com fundamento anterior aos 
interesses sociais.
c) mandamentos divinos inquestionáveis legados das 
tradições antigas.
d) convenções sociais resultantes de interesses 
humanos contingentes.
e) sentimentos experimentados diante de determinadas 
atitudes humanas.
GABARItO
1. B 2. B 3. C 4. E 5. A
6. D
ANOtAÇÕES
17
CAPÍTULO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • O NASCIMENtO DA FILOSOFIA SOCRÁtICA
O NASCIMENtO DA FILOSOFIA SOCRÁtICA: O 
MÉtODO SOCRÁtICO – DIÁLOGO, IRONIA E MAIÊUtICA.
Este capítulo tratará de um momento que foi o divisor 
de águas para a filosofia. Existe uma filosofia antes e 
uma filosofia pós-Sócrates, buscaremos compreender a 
importância desse pensador para o mundo Ocidental. A 
discussão principal não será mais sobre a natureza, mas 
sim sobre o Homem.
O rompimento com a primeira fase.
A partir dos sofistas, e essencialmente com Sócrates 
e Platão, a Filosofia encara o segundo período da história 
do pensamento grego, o chamado período antropológico. 
O interesse destes filósofos não gira mais ao redor da 
discussão sobre a natureza, mas em torno do homem.
Com Sócrates, a Filosofia é reinaugurada. Seu 
pensamento marca uma reviravolta na história humana, 
pois o ser humano voltou-se para si mesmo, e os seus 
questionamentos e discussões, a partir de então, são 
completamente diferentes das pré-socráticas. 
A Vida de Sócrates 
Por volta de 469 a.C. nascia em Atenas o mais respeitado 
de todos os filósofos Ocidentais: Sócrates. Filho de Sofrôni-
co, escultor, e de Fenáreta, parteira. A profissão de sua mãe 
será referência e a grande metáfora da filosofia socrática.
Durante o apogeu de Atenas, onde se instalou a primei-
ra democracia da história, ele conviveu com intelectuais, 
artistas, aristocratas e políticos. 
Por volta de seus 38 anos, convenceu-se de sua missão 
de mestre, pois foi considerado “o mais sábio dos homens”. 
Deduzindo que sua sabedoria só podia ser resultado da 
percepção da própria ignorância, passou a dialogar com as 
pessoas que se dispusessem a procurar a verdade e o bem. 
Por expor claramente seu modo de ver o mundo, acabou 
desagradando muitos atenienses. Criticou muitos aspectos 
da cultura grega, afirmando que muitas tradições, crenças 
religiosas e costumes não ajudavam no desenvolvimento 
intelectual dos cidadãos. 
Abaixo o trecho extraído do livro “Apologia de Sócra-
tes”, de Platão: 
“(…) descobrem uma multidão de pessoas que supõem 
saber alguma coisa, mas que na verdade pouco ou nada sa-
bem. (…) e afirmam que existe um tal Sócrates (…) que cor-
rompe a juventude. Quando se lhes pergunta por quais atos 
ou ensinamentos, não têm o que responder; não sabem, mas 
para não mostrar seu embaraço apresentam aquelas acusa-
ções que repetem contra todos os que filosofam: ‘as coisas do 
céu e o que há sob a terra; o não crer nos deuses; fazer preva-
lecer o discurso e a razão mais fraca’. Isso porque não querem 
dizer a verdade: terem dado prova de que fingem saber, mas 
nada sabem.” 
Condenado à morte por injúria contra os deuses e por 
corromper os jovens, ele se recusou a fugir ou a renegar 
suas convicções para salvar a vida. Ingeriu cicuta e morreu 
rodeado por amigos, em 399 a.C. 
Trecho da obra FÉDON (A imortalidade da alma)- obra 
de PLATÃO:
“- Estiveste tu mesmo, Fedão, junto de Sócrates no dia em 
que ele tomou veneno na prisão, ou ouviste de alguém?
Fedão - Não, eu mesmo, Equécrates.
Equécrates - Então, que disse o homem antes de morrer? 
E como foi a sua morte? Gostaria de saber tudo o que se 
passou. Recentemente, nenhum cidadão de Fliunte tem ido 
a Atenas, e há muito não nos vêm de lá forasteiros capazes 
de dar-nos informações seguras, salvo dizerem que morreu 
depois de tomar o veneno. Quanto ao mais, nada informam 
de particular.
Fedão - E também não ouviste contar como foi o 
julgamento?
Equécrates - Ouvimos, sim; alguém nos falou nisso. 
Surpreendeu- nos, justamente, ter sido bem antes o 
julgamento e ele só vir a morrer muito depois.
Que aconteceu, Fedão?”.
 (PLATÃO. FÉDON – A IMORTALIDADE DA 
ALMA. Livro de Domínio Público pg. 2 - PDF).
A morte de Sócrates deu vida á filosofia!
A crítica aos sofistas.
Os pensadores sofistas, os educadores profissionais da 
época, também se voltavam para o homem, mas com um 
objetivo mais prático e imediato: formar as elites dirigentes. 
Isso significava transmitir aos jovens não o valor e o método 
da investigação, mas um saber enciclopédico, além de 
desenvolver sua eloquência, que era a principal habilidade 
esperada de um político. 
Na Democracia o poder depende da capacidade de 
conquistar o povo pela persuasão, e os sofistas sabiam 
fazer isso muito bem, mais do que isso, vendiam esse saber. 
Sócrates não se conformava com tal prática, pois acreditava 
ser uma falta de respeito com a verdade. Os sofistas eram 
os mestres de eloquência e queriam conquistar fama e 
riqueza no mundo. Já Sócrates desejava libertar o ser 
humano, e não desenvolver técnicas para controlá-lo, que 
era a especialidade dos sofistas.
Observe o esquema abaixo:
QUAL A ORIGEM 
DO UNIVERSO?
COMO CONtROLAR 
OS HOMENS?
COMO LIBERtAR 
OS HOMENS?
 
pRÉ-SOCRÁtICOS SOFIStAS SÓCRAtES
18
filosofia e sociologia capítulo 4 - o NasciMeNto Da filosofia socRÁtica
A Filosofia Socrática e o seu legado
A preocupação de Sócrates era levar as pessoas, por 
meio do autoconhecimento, à sabedoria e à prática do 
bem, que para ele era o fim último do conhecimento.
“Enquanto tiver ânimo e puder fazê-lo, jamais deixarei de 
filosofar, de vos advertir, de ensinar em toda ocasião àquele 
de vós que eu encontrar, dizendo-lhe o que costumo: ‘Meu 
caro, tu, um ateniense, da cidade mais importante e mais 
reputada por sua sabedoria, não te envergonhas de cuidares 
de adquirir o máximo de riquezas, fama e honrarias, e de 
não te importares nem pensares na razão, na verdade e em 
melhorar tua alma”? (PLATÃO. Apologia de Sócrates, pg. 29).
Para Sócrates o verdadeiro conhecimento é aquele que 
vem de dentro. Daí o famoso: “Conhece-te a ti mesmo”.
Ele acreditava que a racionalidade, a verdade e a 
melhora da alma são valores que devem ser defendidos 
pelo filósofo. Vivia caminhando pela cidade grega como 
ninguém havia feito antes, com simplicidade, passava 
horas conversando com aqueles que queriam encontrar a 
verdade. Sócrates convencia as pessoas de que ninguém é 
mau, e que todo homem pode aprender a ser bom e feliz, 
bastando apenas conhecer a si mesmo. Ele sempre estava 
disposto a auxiliar todos que desejassem alcançar esse fim 
último.
Para Sócrates o homem é um composto de dois princí-
pios, corpo e alma. A partir de seu pensamento nasceram 
duas linhas de estudo da filosofia consideradas as grandes 
tendências do pensamento ocidental. 
a)	 Idealista, que partiu de Platão (427-347 a.C.), segui-dor de Sócrates. Ao distinguir o mundo concreto do mundo 
das ideias, deu ao mundo as ideias o status de realidade; 
b)	 Realista, partindo de Aristóteles (384-322 a.C.), dis-
cípulo de Platão que submeteu as ideias, às quais se chega 
pelo espírito, ao mundo real.
As duas etapas da atividade filosófica de Sócrates
O método socrático se divide em duas partes: a primeira 
destrutiva, pois elimina falsos saberes, conhecida como 
ironia; e a segunda construtiva, conhecida como Maiêutica, 
trata-se de um convite para a “busca” do conhecimento 
através do parto das ideias.
Ironia: “Só sei que nada sei”, a frase foi uma resposta aos 
que afirmavam que ele era o mais sábio dos homens. Após 
interrogar artesãos, políticos e poetas, Sócrates chegou 
à conclusão de que ele se diferenciava dos demais por 
reconhecer a sua própria ignorância. Através do diálogo, 
Sócrates levava o interlocutor a desembocar na sua própria 
ignorância, ou seja, a pessoa que conversava com Sócrates 
percebia-se como quem, na verdade, não sabia muito ou 
sabia muito pouco a respeito do objeto da discussão. É a 
fase do reconhecimento da ignorância, pois aquele que se 
reconhece como ignorante torna-se mais sábio por querer 
adquirir conhecimentos.
Maiêutica (do grego maieutiké - “arte do parto”): 
é a segunda etapa do método socrático, neste momento 
Sócrates auxilia no parto das ideias. Tendo como referência 
a profissão de sua mãe, que era parteira, Sócrates, através 
do diálogo, busca descobrir a verdade dos objetos de 
conhecimento em questão junto com seu interlocutor. Para 
ele não existe conhecimento sem diálogo, e é a maiêutica, 
ou engenhosa obstetrícia do espírito, que facilitava a 
parturição das ideias, do encontro com a verdade.
A Moral Socrática: seu maior legado. 
A Moral é considerada a parte mais importante da 
Filosofia socrática. Para Sócrates, devemos pensar bem 
para viver bem. O meio único de alcançar a felicidade, fim 
supremo do homem, é a prática da virtude e da moral. 
Para Sócrates o homem deve ser bom, pois é racional, 
e quanto maior a racionalidade do homem, maior a sua 
responsabilidade com o BEM.
O saber nos direciona para a virtude, pois a sabedoria 
se identifica com a virtude, e se o homem erra, não é 
por deliberação, mas por pura ignorância; se ele passa a 
conhecer a verdade, sua sabedoria faz dele um homem 
bom e, nesse caso, é impossível que o homem escolha o 
mal. A verdade, o bem, a justiça, a beleza são virtudes 
adquiridas pelo homem por meio do ensinamento, do 
reconhecimento de que se tem muito a aprender. Essas 
virtudes estão na alma humana e, portanto, mais do que 
o ser humano, é sua alma que deve ser educada. Ele queria 
saber como viver uma vida correta. A partir da ideia de que 
o conhecimento leva à felicidade, ele chega à conclusão de 
que o homem justo é o que sabe o que é a justiça.
“Se músico é o que sabe música, pedreiro o que sabe 
edificar, justo será o que sabe a justiça”.
Sócrates dedicou sua vida à problemática em torno 
do homem, buscando respostas para origem da essência 
humana. Após anos de estudos, Sócrates conclui que o 
homem é o seu consciente e isso é o que o distingue dos 
outros animais.  O homem é o seu intelecto, seus concei-
tos éticos, sua personalidade racional e moral, o homem é 
19
filosofia e sociologiacapítulo 4 - o NasciMeNto Da filosofia socRÁtica
aquilo que pensa. 
EXERCíCIO
QUESTÃO 1 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“Mas quem fosse inteligente (…) lembrar-se-ia de que 
as perturbações visuais são duplas, e por dupla causa, 
da passagem da luz à sombra, e da sombra à luz. Se 
compreendesse que o mesmo se passa com a alma, quando 
visse alguma perturbada e incapaz de ver, não riria sem 
razão, mas reparava se ela não estaria antes ofuscada por 
falta de hábito, por vir de uma vida mais luminosa, ou se, 
por vir de uma maior ignorância a uma luz mais brilhante, 
não estaria deslumbrada por reflexos demasiadamente 
refulgentes [brilhantes]; à primeira, deveria felicitar pelas 
suas condições e pelo seu gênero de vida; da segunda, ter 
compaixão e, se quisesse troçar dela, seria menos risível esta 
zombaria do que aquela que descia do mundo luminoso.” 
A República, 518 a-b, trad. Maria Helena da Rocha Pereira, Lisboa: 
Fundação Calouste Gulbenkian, 1987)
Sobre este trecho do livro VII de A República de Platão, 
é correto afirmar. 
a) A condição de quem vive nas sombras é digna de 
aceitação, pois nunca conseguiram sair.
b) O filósofo, sendo aquele que passa da luz à sombra, 
não tem problemas em retornar às sombras.
c) No trecho, é afirmado que o conhecimento não 
necessita de educação, pois quem se encontraria nas 
sombras facilmente se acostumaria à luz.
d) O filósofo é aquele que aceita sua condição de 
limitação ao mundo sensível, por isso respeita as sombras.
e) O trecho estabelece uma relação entre o mundo 
visível e o inteligível, fundada em uma comparação entre 
o olho e a alma.
QUESTÃO 2 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“O pior é que as pessoas esperavam que Sócrates 
respondesse por elas ou para elas, que soubesse as 
respostas às perguntas, como os sofistas pareciam saber, 
mas Sócrates, para desconcerto geral, dizia: “eu também 
não sei, por isso estou perguntando”.
(Marilena Chauí, Convite à filosofia, São Paulo. Ática, 2005. p. 41)
A partir do texto acima, escolha a alternativa que 
melhor exprime o método de filosofia socrática.
a) Assim como os sofistas, Sócrates se apresenta como o 
detentor do conhecimento. 
b) O objetivo da investigação filosófica é o exame da 
natureza e da cosmologia, pelo qual são delimitados os 
critérios racionais. A investigação socrática não se ocupa 
das questões éticas e políticas.
c) O aperfeiçoamento da alma só ocorre pelo abandono 
das preocupações éticas e pela posse de bens materiais é 
um valor inquestionável.
d) O método socrático está voltado para a compreensão 
dos fenômenos da natureza.
e) O método socrático se divide em duas partes, a 
primeira a chamada ironia, e a segunda trata-se do parto 
das ideias.
QUESTÃO 3 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Sócrates representa um marco importante da história da 
filosofia; enquanto a filosofia pré-socrática se preocupava 
com o conhecimento da natureza (physis), Sócrates procura 
o conhecimento indagando o homem. 
A partir da análise a respeito da filosofia socrática, pode-
se afirmar que:
a) Sócrates, para não ser condenado à morte, negou, 
diante dos seus juízes, os princípios éticos da sua filosofia.
b) Discípulo de Platão, Sócrates utilizou, como 
protagonista da maior parte de seus diálogos, o seu mestre.
c) O método socrático compõe-se de duas partes: a 
maiêutica e a ironia.
d) Tal como os sofistas, Sócrates costumava cobrar 
dinheiro pelos seus ensinamentos.
e) Sócrates, ao afirmar que só sabia que nada sabia, 
queria ser igual aos sofistas que eram humildes e ensinavam 
sem cobrar por isso.
QUESTÃO 4 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A filosofia de Sócrates se estrutura em torno da sua 
crítica aos sofistas, que, segundo ele, não amavam a 
sabedoria nem respeitavam a verdade. O ataque à sofística 
aconteceu devido ao fato de Sócrates acreditar que:
a) o conhecimento verdadeiro só pode ser resultado de 
um diálogo contínuo do homem com os outros e consigo 
mesmo. 
b) o diálogo confronta opiniões e isso não leva 
ao conhecimento, sendo assim impossível alcançar a 
sabedoria. 
c) a verdade das coisas não é obtida na vida cotidiana 
dos homens, pois elas estão na natureza, sendo verdades 
prontas acabadas. 
d) o autoconhecimento não leva ao verdadeiro 
conhecimento, pois é a condição primária de todos os 
outros conhecimentos verdadeiros. 
e) a ciência (epistéme) é acessível a todos os homens, 
pois está limitada ao mundo das sensações.
QUESTÃO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
“Com efeito, senhores, temer a morte é omesmo que 
se supor sábio quem não o é, porque é supor que sabe 
o que não sabe. Ninguém sabe o que é a morte, nem se, 
porventura, será para o homem o maior dos bens; todos 
a temem, como se soubessem ser ela o maior dos males. 
A ignorância mais condenável não é essa de supor saber o 
que não se sabe?”
(Platão, A Apologia de Sócrates, 29 a-b, In . HADOT, P. O que é a Filosofia 
Antiga? São Paulo: Ed. Loyola,1999, p. 61.
20
filosofia e sociologia capítulo 4 - o NasciMeNto Da filosofia socRÁtica
Com base no trecho acima e na filosofia de Sócrates, é 
correto afirmar que 
a) Sócrates prefere a morte a ter que renunciar a sua 
missão, qual seja: buscar, por meio da filosofia, a verdade, 
para além da mera aparência do saber. 
b) Sócrates leva o seu interlocutor a conhecer a natureza, 
fazendo-o tomar consciência das contradições do cosmos.
c) Para Sócrates, pior do que a morte é admitir aos outros 
que nada se sabe. Deve-se evitar a ignorância a todo custo, 
ainda que defendendo uma opinião não devidamente 
examinada.
d) Para Sócrates, os verdadeiros sábios eram os sofistas, 
pois reconheciam sua ignorância e ensinavam através da 
maiêutica.
e) Admitir o não-saber, quando não se sabe, não define 
o sábio, segundo a concepção socrática, pois sábio é aquele 
que prova ao mundo o quanto sabe.
QUESTÃO 6 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A sabedoria de Sócrates, filósofo ateniense que viveu 
no século V a.C., encontra o seu ponto de partida na 
afirmação “sei que nada sei”, registrada na obra Apologia de 
Sócrates. A frase foi uma resposta aos que afirmavam que 
ele era o mais sábio dos homens. Após interrogar artesãos, 
políticos e poetas, Sócrates chegou à conclusão de que ele 
se diferenciava dos demais por reconhecer a sua própria 
ignorância. 
O “sei que nada sei” é um ponto de partida para a 
Filosofia, pois 
a) aquele que se reconhece como ignorante torna-se 
mais sábio por querer adquirir conhecimentos. 
b) é um exercício de humildade diante da cultura dos 
sábios do passado, uma vez que a função da Filosofia era 
reproduzir os ensinamentos dos filósofos gregos. 
c) a dúvida é uma condição para o aprendizado e a 
Filosofia é o saber que estabelece verdades dogmáticas a 
partir de métodos rigorosos. 
d) é uma forma de declarar ignorância e permanecer 
distante dos problemas concretos, preocupando-se apenas 
com causas abstratas.
GABARItO
1. E 2. E 3. C 4. A 5. A
6. A
ANOtAÇÕES
21
pLAtÃO: REpÚBLICA, tEORIA DAS IDEIAS, 
ALEGORIA DA CAVERNA.
Nesse capítulo nos dedicaremos ao estudo de um 
dos maiores filósofos do mundo Ocidental. Platão dá 
continuidade ás ideias desenvolvidas por Sócrates e vai 
além de seu mestre. Buscaremos compreender qual a 
herança deixada por ele para o pensar filosófico.
A Vida de platão 
Filho da Aristocracia, Platão nasceu em Atenas, por volta 
de 428 a.C. Aos vinte anos iniciou sua relação com Sócrates 
com quem conviveu oito anos, até a morte do mestre. 
Platão morreu em 348 a.C., com oitenta anos de idade.
Em 387 a.C, Platão ficou conhecido por toda Grécia 
Antiga, e passou a ser respeitado ao fundar a sua célebre 
escola: Academia. 
As preocupações de platão
 Sócrates e Platão acreditavam que a filosofia tem 
um fim prático, moral; é a grande ciência que resolve o 
problema da vida. Mas, diferentemente de Sócrates que 
estava preocupado em conhecer essencialmente o homem 
e se aprofundar no mundo intrínseco: “Conheça-te a ti 
mesmo”; Platão interessou-se vivamente pela política. 
Além disso, dedicou-se inteiramente às questões 
que estavam além do mundo físico e material, ao ensino 
filosófico e ao árduo trabalho de deixar tudo o que pôde 
registrado em suas obras, principalmente os ensinamentos 
de Sócrates, tendo em vista que este não deixou nada 
escrito. A forma dos escritos platônicos é o diálogo, cujo 
principal personagem é Sócrates. As primeiras obras 
divulgam as ideias socráticas; nas restantes Sócrates 
é a “boca” pela qual Platão “fala”. No livro “A República” 
encontramos sua filosofia política, cuja base é uma crítica 
social e uma proposta de reforma da sociedade que critica. 
A Crítica à Sociedade e uma proposta
Platão não estava satisfeito com a sociedade na qual 
vivia, pois acreditava que era injusta. Da maneira como 
estava organizada acabava criando pessoas egoístas e 
individualistas, que não estavam preocupadas com os 
problemas sociais, mas apenas com os seus problemas 
particulares. 
Platão idealizava uma sociedade na qual o bem comum 
fosse mais importante que os interesses individuais, para 
isso seria necessário que cada um cumprisse o seu papel.
Para o filósofo clássico, é necessário que existam 
três classes sociais bem definidas, cada qual com sua 
especificidade: os trabalhadores, que formam a classe 
produtiva; os guardiões ou guerreiros, que são os protetores 
CAPÍTULO 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • pLAtÃO
da cidade; e os magistrados, que são os que a governam. 
O ideal é que cada pessoa desenvolva seu trabalho por 
aptidão, de forma que o seu verdadeiro e natural potencial 
seja utilizado da melhor maneira possível pela sociedade.
Platão propõe um modelo de organização política 
da sociedade que pode ser considerado estamental e 
antidemocrático. Para ele, o governo não deveria se pautar 
pelo princípio da maioria. Também criticava o fato de que 
no sistema democrático a maioria é convencida por aqueles 
que têm a melhor retórica, e naquele contexto os sofistas 
assumiam esse papel. 
Para Platão as pessoas são diferentes umas das outras, 
pois suas almas têm natureza diversa, de acordo com 
sua composição. Isso faz com que os homens devam 
ser distribuídos de acordo com essa natureza, divididos 
em grupos encarregados do governo, do controle e do 
abastecimento da pólis.   
Alma Cidade
Almas ou 
partes da alma  Virtude
Classes 
sociais
Funções na 
Cidade Ideal 
Alma Racional
É a alma 
superior, 
destina-se ao 
conhecimento 
das ideias. 
Localiza-se na 
cabeça
Sabedoria Filósofos
Supremos 
Guardiões 
da Cidade. O 
governo deve 
ser entregue 
a sábios, pois 
estes são os 
únicos que 
ascenderam às 
ideias superiores 
de Uno-Bem e 
Beleza.
Alma Irascível  
Esta alma está 
associada 
à vontade. 
Localiza-se no 
peito
Força Guerreiros
Dedicam-
se à defesa, 
manutenção da 
ordem. 
Alma 
concupiscente
É a mais baixa 
de todas 
as almas. É 
constituída 
pelos desejos 
e necessidades 
básicas. Está 
localizada no 
ventre
Moderação Produtores
Dedicam-se 
às atividades 
económicas, 
produção 
de bens e ao 
comércio.
22
filosofia e sociologia caPÍTUlo 5 - PlaTão
teoria das Ideias
Platão procurou compreender a relação entre o conceito 
e a realidade:
Exercite comigo:
Pense num urso polar!
Como você pode ter a imagem de um urso polar sem os 
seus olhos estarem vendo este animal na sua frente?
Você não está vendo um urso polar, mas a imagem dele 
está na sua cabeça neste momento. Como isso é possível?
Você pensa no urso polar, pois você tem o conceito de 
urso polar, mas você não está vendo um urso polar na sua 
frente neste exato momento, ou seja, ele não está na sua 
realidade, apenas na sua imaginação.
Segundo Platão, o conhecimento humano se divide 
em dois graus: o primeiro é conhecimento sensível, que 
está sujeito a mudanças e é relativo, pois cada um tem a 
sua maneira de conhecer. Por exemplo: um cego conhece a 
realidade de maneira diferente de uma pessoa que enxerga. 
O segundo é o conhecimento intelectual, universal, 
imutável, absoluto, que ilumina o primeiro conhecimento, 
sendo assim superior e transcendente. O conhecimento 
intelectual diz respeito aos conceitos, que para Platão 
são a priori, inatos no espírito humano, já nascemos com 
o conhecimento e o conhecer para ele é, na verdade, um 
recordar, relembrar o que já conhecemos.
Para Platão, deve existir, portanto, além do mundo 
material, outro mundo de realidades, ele o chama de 
mundo das Ideias. As ideias são realidadesobjetivas, 
modelos e arquétipos eternos de que as coisas visíveis são 
cópias imperfeitas. Assim a ideia de urso polar é o urso 
polar abstrato perfeito e universal de que todos os outros 
ursos polares são imitações transitórias e defeituosas. 
Existe uma ideia perfeita de urso polar, de homens, de 
cavalos, de tartarugas, de elefantes e de tudo que existe no 
mundo material. O que podemos perceber nesse mundo 
são apenas imitações do mundo perfeito.
O Demiurgo e as almas
Entre as ideias e a matéria estão o Demiurgo e as almas. 
O Demiurgo organiza o caos da matéria no modelo das 
ideias eternas, introduzindo no caos a alma, princípio de 
movimento e de ordem. O Demiurgo é uma espécie de 
deus que atua sobre a matéria informe, dando forma ao 
mundo, tendo como referência para sua organização o 
mundo das ideias.
A Alegoria da Caverna
Uma das passagens mais importantes de Platão é a 
Alegoria da caverna, Livro VII da obra “A República”.
“SÓCRAtES – Figura-te agora o estado da natureza 
humana, em relação à ciência e à ignorância, sob a forma 
alegórica que passo a fazer. Imagina os homens encerrados 
em morada subterrânea e cavernosa que dá entrada livre à 
luz em toda extensão. Aí, desde a infância, têm os homens 
o pescoço e as pernas presos de modo que permanecem 
imóveis e só vêem os objetos que lhes estão diante. Presos 
pelas cadeias, não podem voltar o rosto. Atrás deles, a certa 
distância e altura, um fogo cuja luz os alumia; entre o fogo 
e os cativos imagina um caminho escarpado, ao longo do 
qual um pequeno muro parecido com os tabiques que os 
pelotiqueiros põem entre si e os espectadores para ocultar-
lhes as molas dos bonecos maravilhosos que lhes exibem. 
GLAUCO - Imagino tudo isso.
SÓCRAtES - Supõe ainda homens que passam ao 
longo deste muro, com figuras e objetos que se elevam 
acima dele, figuras de homens e animais de toda a espécie, 
talhados em pedra ou madeira. Entre os que carregam tais 
objetos, uns se entretêm em conversa, outros guardam em 
silêncio. 
GLAUCO - Similar quadro e não menos singulares 
cativos! 
SÓCRAtES - Pois são nossa imagem perfeita. Mas, dize-
me: assim colocados, poderão ver de si mesmos e de seus 
companheiros algo mais que as sombras projetadas, à 
claridade do fogo, na parede que lhes fica fronteira? 
GLAUCO - Não, uma vez que são forçados a ter imóveis 
a cabeça durante toda a vida. 
SÓCRAtES - E dos objetos que lhes ficam por detrás, 
poderão ver outra coisa que não as sombras? 
GLAUCO - Não. 
SÓCRAtES - Ora, supondo-se que pudessem conversar 
não te parece que, ao falar das sombras que veem, lhes 
dariam os nomes que elas representam? 
GLAUCO - Sem dúvida. 
SÓRAtES - E, se, no fundo da caverna, um eco lhes 
repetisse as palavras dos que passam, não julgariam certo 
que os sons fossem articulados pelas sombras dos objetos? 
GLAUCO - Claro que sim. 
SÓCRAtES - Em suma, não creriam que houvesse nada 
de real e verdadeiro fora das figuras que desfilaram. 
23
filosofia e sociologiacaPÍTUlo 5 - PlaTão
GLAUCO - Necessariamente. 
SÓCRAtES - Vejamos agora o que aconteceria, se 
livrassem a um tempo das cadeias e do erro em que 
laboravam. Imaginemos um destes cativos desatado, 
obrigado a levantar-se de repente, a volver a cabeça, a 
andar, a olhar firmemente para a luz. Não poderia fazer 
tudo isso sem grande pena; a luz, sobre ser-lhe dolorosa, 
o deslumbraria, impedindo-lhe de discernir os objetos cuja 
sombra antes via. Que te parece agora que ele responderia 
a quem lhe dissesse que até então só havia visto fantasmas, 
porém que agora, mais perto da realidade e voltado para 
objetos mais reais, via com mais perfeição? Supõe agora 
que, apontando-lhe alguém as figuras que lhe desfilavam 
ante os olhos, o obrigasse a dizer o que eram. Não te parece 
que, na sua grande confusão, se persuadiria de que o que 
antes via era mais real e verdadeiro que os objetos ora 
contemplados? 
GLAUCO - Sem dúvida nenhuma. 
SÓCRAtES - Obrigado a fitar o fogo, não desviaria os 
olhos doloridos para as sombras que poderia ver sem dor? 
Não as consideraria realmente mais visíveis que os objetos 
ora mostrados? 
GLAUCO - Certamente. 
SÓCRAtES - Se o tirassem depois dali, fazendo-o subir 
pelo caminho áspero e escarpado, para só o liberar quando 
estivesse lá fora, à plena luz do sol, não é de crer que daria 
gritos lamentosos e brados de cólera? Chegando à luz do 
dia, olhos deslumbrados pelo esplendor ambiente, ser-lhe 
ia possível discernir os objetos que o comum dos homens 
tem por serem reais? 
GLAUCO - A princípio nada veria. 
SÓCRAtES - Precisaria de algum tempo para se afazer à 
claridade da região superior. Primeiramente, só discerniria 
bem as sombras, depois, as imagens dos homens e outros 
seres refletidos nas águas; finalmente erguendo os olhos 
para a lua e as estrelas, contemplaria mais facilmente os 
astros da noite que o pleno resplendor do dia. 
GLAUCO - Não há dúvida. 
SÓCRAtES - Mas, ao cabo de tudo, estaria, decerto, em 
estado de ver o próprio sol, primeiro refletido na água e nos 
outros objetos, depois visto em si mesmo e no seu próprio 
lugar, tal qual é. 
GLAUCO - Fora de dúvida. 
SÓCRAtES - Refletindo depois sobre a natureza deste 
astro, compreenderia que é o que produz as estações e 
o ano, o que tudo governa no mundo visível e, de certo 
modo, a causa de tudo o que ele e seus companheiros viam 
na caverna. 
GLAUCO - É claro que gradualmente chegaria a todas 
essas conclusões. 
SÓCRAtES - Recordando-se então de sua primeira 
morada, de seus companheiros de escravidão e da ideia 
que lá se tinha da sabedoria, não se daria os parabéns pela 
mudança sofrida, lamentando ao mesmo tempo a sorte 
dos que lá ficaram? 
GLAUCO - Evidentemente. 
SÓCRAtES - Se na caverna houvesse elogios, honras 
e recompensas para quem melhor e mais prontamente 
distinguisse a sombra dos objetos, que se recordasse com 
mais precisão dos que precediam, seguiam ou marchavam 
juntos, sendo, por isso mesmo, o mais hábil em lhes 
predizer a aparição, cuidas que o homem de que falamos 
tivesse inveja dos que no cativeiro eram os mais poderosos 
e honrados? Não preferiria mil vezes, como o herói de 
Homero, levar a vida de um pobre lavrador e sofrer tudo 
no mundo a voltar às primeiras ilusões e viver a vida que 
antes vivia? 
GLAUCO - Não há dúvida de que suportaria toda a 
espécie de sofrimentos de preferência a viver da maneira 
antiga. 
SÓCRAtES - Atenção ainda para este ponto. Supõe que 
nosso homem volte ainda para a caverna e vá assentar-se 
em seu primitivo lugar. Nesta passagem súbita da pura luz 
à obscuridade, não lhe ficariam os olhos como submersos 
em trevas? 
GLAUCO - Certamente. 
SÓCRAtES - Se, enquanto tivesse a vista confusa -- 
porque bastante tempo se passaria antes que os olhos 
se afizessem de novo à obscuridade -- tivesse ele de dar 
opinião sobre as sombras e a este respeito entrasse em 
discussão com os companheiros ainda presos em cadeias, 
não é certo que os faria rir? Não lhe diriam que, por ter 
subido à região superior, cegara, que não valera a pena o 
esforço, e que assim, se alguém quisesse fazer com eles o 
mesmo e dar-lhes a liberdade, mereceria ser agarrado e 
morto? 
GLAUCO - Por certo que o fariam. 
SÓCRAtES - Pois agora, meu caro GLAUCO, é só aplicar 
com toda a exatidão esta imagem da caverna a tudo o que 
antes havíamos dito. O antro subterrâneo é o mundo visível. 
O fogo que o ilumina é a luz do sol. O cativo que sobe à 
região superior e a contempla é a alma que se eleva ao 
mundo inteligível. Ou, antes, já que o queres saber, é este, 
pelo menos, o meu modo de pensar, que só Deus sabe se é 
verdadeiro. Quanto à mim, a coisa é como passo a dizer-te. 
Nos extremos limites do mundo inteligível está a ideia do 
bem, a qual só com muito esforço se pode conhecer, mas 
que, conhecida, se impõe à razão como causa universal 
de tudo o que é belo e bom, criadora da luz e do sol no 
mundo visível, autora da inteligência e da verdade no 
mundo invisível, e sobre a qual, por isso mesmo, cumpre 
ter os

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