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Epidemia e desigualdade

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EPIDEMIA E DESIGUALDADE
Fábio Alexandre Barreto Geraldo Rosa
Gabriele Custódia Sandim
Laura Tiemi Nasu de Souza
Rafaela Coutinho de Alencar
Rhadhja Abder Gherbin Davalo
INTRODUÇÃO
 Pandemia é a disseminação mundial de uma nova doença, o que demonstra a gravidade da situação pela qual o mundo vem passando. Assim, aponta-se para a necessidade de ações efetivas para conter a disseminação do vírus entre a população, o que, de fato, deve incluir a população mais vulnerável. No entanto, medidas como o isolamento social e a higiene básica parecem impossíveis frente às dificuldades que a população mais fragilizada passa, como a insalubridade de suas moradias e/ou o desemprego.
O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo e, nesse contexto de pandemia, a Covid-19 apenas escancarou e exacerbou ainda mais as discrepâncias históricas já presentes em nosso país. Sob esse aspecto, os moradores de favelas e periferias, que já se encontravam desassistidos pelo poder público mesmo antes do advento da pandemia, visto que viviam em locais com condições precárias de infraestrutura e sem acesso aos serviços básicos, agora encontram-se ainda mais desamparados, o que representa uma barreira às recomendações da Organização Mundial de Saúde.
Portanto, podemos perceber que a parcela da população que mais necessita de assistência está sendo "esquecida" pelo Estado, e é por isso que a taxa de mortalidade e de propagação do vírus é maior entre essa população, o que dificulta que o Brasil supere, o mais rápido possível, este cenário.
2 PRINCIPAIS VÍTIMAS 
No Brasil, alguns dos principais afetados por essa desigualdade nos tempos atuais de pandemia são os trabalhadores de saúde; os povos indígenas; quilombolas; população de rua; e a população negra.
Na área da saúde, os técnicos e auxiliares, por estarem na linha de frente no combate ao COVID-19, são os que mais sentem as consequências dessa pandemia. O elevado número desses trabalhadores, que diariamente praticam cuidados primários em unidades de saúde, não dispõem de uma retaguarda assistencial e financeira para atenuar os efeitos da corona vírus. Como também, a necessidade de utilizarem o transporte público colocam em risco a si próprios e os que estão ao seu redor. 
A população indígena se encontra como um dos grupos sociais mais vulneráveis ao vírus, por conta das condições sociais, econômicas e de saúde que se encontram, como a falta de saneamento básico nessas aldeias. Além disso, outros fatores favorecem as consequências da pandemia nesse meio, como por exemplo a rejeição a tratamentos médicos (preferem suas ervas medicinais e rituais religiosos), a filosofia do uso coletivo (o convívio em casas comunitárias, o compartilhamento de utensílios).
A vulnerabilidade social e epidemiológica das populações quilombolas também se mostra de uma maneira muito parecida à dos povos indígenas, visto que, se encontram em extrema pobreza, falta de condições mínimas de saneamento básico e também, a enorme dificuldade em ter alcance aos serviços de saúde.
Como também, os moradores de rua e negros passam por problemas muito parecidos aos dos dois grupos anteriores, já que, não apresentam condições adequadas para morarem, não podendo realizar o isolamento social que a população mais favorecida realiza, o que se torna um fator que aumenta a probabilidade de contrair a COVID-19, entre outras doenças. Com a pandemia, o número de moradores de rua aumentou por razões como o desemprego. 
3 DESIGUALDADE DE RENDA
Algo que sempre existiu, mas apesar do auxílio emergencial que mascarou essa diferença, é um plano insustentável. 
Em 2017, dados fornecidos pelo IBGE, mostrou que 10% dos mais ricos recebiam 17 vezes mais do que os 40% mais pobres. Enquanto rendimento médio mensal dos mais ricos em 2017 foi de R$ 6.629, para os mais pobres foi de R$ 376 e o Grupo dos 10% mais ricos concentravam 43,1% da renda do país. Em 2019, antes da pandemia o IBGE mostra que 13 milhões de brasileiros viviam na extrema pobreza e 53 milhões na pobreza e com a pandemia o desemprego atingiu mais de 14 milhões de brasileiros. Todos esses dados refletem diretamente na vida dos brasileiros, principalmente dos mais pobres.
Uma das áreas mais afetadas é a educação, que é um fator decisivo no nível de desigualdade de um país, sendo uma solução para reduzir tais taxas. É fato que já havia uma disparidade entre o ensino público e o ensino particular, mas o descaramento exacerbado mostra-se em alunos sem acesso à internet, aparelhos digitais e espaços adequados para estudo.
Uma outra questão que atingiu a população mais pobre de maneira expressiva foi o aumento da cesta básica. Aqueles que sobrevivem só com auxílio emergencial, tendo que sustentar outras pessoas, não têm uma renda nem para comer adequadamente, tendo que se preocupar com conta de água, luz e outras despesas. Ao mesmo tempo que a pessoa recebe o auxílio, do outro lado ela se depara com o preço do Arroz por R$ 25,00. Preço da carne por R$ 30,00, entre outros. Portanto, é nítido que a desigualdade de renda é um problema sério e atinge diversos setores da sociedade.
4 AUXÍLIO EMERGENCIAL
O auxílio emergencial é uma ajuda significativa para a população durante a pandemia, por prevenir também a queda do PIB no país, porém o governo não estabeleceu um plano de recuperação econômica. Segundo Laura Carvalho, economista e professora da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-SP), as famílias mais pobres ainda estão sofrendo os efeitos da recessão de 2015 e 2016, como a perda de renda, o desemprego e a precariedade no mercado de trabalho. Apesar disso tudo, os níveis de desigualdade decaem já que à medida que a renda dos mais pobres subiu um pouco mais, a classe média empobreceu, logo se aproximaram.
Ainda segundo Laura “O auxílio emergencial foi ajuda significativa, mas seu fim deixará desigualdade como herança”. 
Porém, esse efeito positivo é provisório, pois “Com o fim do auxílio e com a impossibilidade de se compatibilizar novos programas generosos de proteção social com o atual desenho de teto de gastos, essas desigualdades – que na verdade subiram, mas foram neutralizados pelo auxílio – vão aparecer, vão ir à tona”. Já que a renda per capita dos brasileiros está menor devido às sucessivas crises, ela acredita que levará duas décadas para recuperarmos a renda média que tínhamos em 2014. Afinal, a taxa de recuperação dos ricos é mais rápida que as do de menor renda. 
Por outro lado, este momento é uma oportunidade para o financiamento de políticas sociais com um imposto de renda mais alto para os ricos e a adotar um modelo econômico sustentável, de acordo com a “retomada verde”, um projeto por diversos países. Precisa-se de um modelo que combata as desigualdades financeiras e o acesso a serviços, para que empregos e novas tecnologias sejam geradas. Assim, será visado não só o crescimento econômico, como também algo que beneficie e todo, e não só desmatadores.
5 SUS
O SUS (Sistema Único de Saúde) abrange atendimentos desde a avaliação da pressão arterial até o transplante de órgãos, logo é um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública do mundo, e proporciona acesso integral e gratuito para toda a população do Brasil, sem discriminações
Ademais, é detentos de pilares em seu plano, essenciais para a superação da epidemia.
1) Universalidade: significa que todos têm acesso igualitário
2) Integralidade: todas as necessidades dos cidadãos brasileiros devem ser atendidas por completo
3) Equidade: apesar de atender a todos sem discriminação de qualquer ordem, os casos mais graves podem e devem ser priorizados, ou seja, dar mais para quem precisa mais.
4) Participação popular e controle social: todos podem auxiliar o governo a melhorar a aplicação dos recursos públicos para a saúde
5) Descentralização: não pode estar concentrado em algumas cidades e bairros privilegiados.
6) Hierarquização: o sistema pode ser organizado em níveis hierárquicos para otimizar recursos humanos, materiais e financeiros.
Assim, estima-se, segundoa Pesquisa Nacional de Saúde, que 80% da população depende do SUS.
Em tempos de pandemia, o SUS atua diretamente em institutos de pesquisa, como a FIOCRUZ, que fabrica equipamentos de testagem da COVID-19, além da vacina influenza, para que minimize os sintomas do novo vírus, que evita comorbidades.
5.1 LIMITAÇÕES E VANTAGENS DO SUS
Pode-se citar como limitações: as dificuldades do Ministério da Saúde em manter um comando único, com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, que, às vezes, não mantêm condutas não alinhadas às suas orientações; Ademais, o SUS é um sistema cronicamente subfinanciado, ou seja, as UTIs e os respiradores que tanto se discute hoje como necessidade, já deveriam existir independente do panorama pandêmico atual, pois desde que criado, o SUS nunca teve aporte de recursos suficientes e alinhados às garantias constitucionais que preconiza para os/as brasileiros/as, tanto que sempre fomos e continuamos sendo um dos países que menos investe per capita com saúde, como mostram diversos estudos.
Quanto às vantagens: sistema público universal para mais de 100 milhões de pessoas, ou seja, se a população não o tivesse, como nos Estados Unidos da América, poderia se endividarem indo a um hospital para uma simples avaliação, ou até ter seu atendimento negado por não poder pagar ou não possuir vínculo empregatício formal. Um estrangeiro no Brasil possui a vantagem de, a qualquer momento, se apresentar sintomatologia para COVID-19, poder ter o mesmo atendimento que qualquer cidadão brasileiro, pois nossa constituição garante sem qualquer exclusão ou xenofobia. Outrossim, há a capilaridade que o SUS possui no país quase que inteiro (apesar de uma parcela significativa da população ainda não possuir ou não saber que possui direito ao acesso), o que facilita a detecção de casos sintomáticos suspeitos, acompanhamento dos isolados domiciliares, busca ativa de grupos de risco, vacinação pela influenza, dentre tantas ações para minimizar os efeitos da pandemia e monitorar seus efeitos para além do pico da curva de casos confirmados e mortes pela COVID-19. 
Em outras realidades de países no qual não possuem um sistema gratuito de saúde na atual pandemia do novo Corona vírus, têm sofrido muito mais impactos letais, e têm repensado a partir de pressão social para garantir saúde como direito (humano fundamental) de todos e dever do Estado.
Ademais, algumas leis foram introduzidas no ordenamento jurídico: 
LEI Nº 13.979, DE 6 DE FEVEREIRO DE 2020 - Dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus responsável pelo surto de 2019.
PORTARIA Nº 356, DE 11 DE MARÇO DE 2020 - Dispõe sobre a regulamentação e operacionalização do disposto na Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020, que estabelece as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus (COVID-19).
REFERÊNCIAS
APÚBLICA. Entrevista com Laura Carvalho. Disponível em: https://apublica.org/2020/11/laura-carvalho-auxilio-emergencial-foi-ajuda-significativa-mas-deixara-desigualdade-como-heranca/. Acesso em: 16 nov. 2020.
CONASEMS. Reconhecer a importância do SUS é o primeiro passo contra a pandemia. Disponível em: https://www.conasems.org.br/reconhecer-a-importancia-do-sus-e-o-primeiro-passo-contra-a-pandemia-defendaosus/. Acesso em: 13 nov. 2020.
DIÁRIA DO AÇO. Por que o auxílio emergencial não diminuiu a desigualdade?. Disponível em: https://www.diariodoaco.com.br/noticia/0081560-por-que-o-auxilio-emergencial-nao-diminuiu-a-desigualdade. Acesso em: 13 nov. 2020.
G1 GLOBO. Desemprego diante da pandemia bate recorde e atinge mais de 14 milhões de brasileiros, diz IBGE. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/10/16/mais-de-41-milhoes-de-brasileiros-ficaram-desempregados-diante-da-pandemia-aponta-ibge.ghtml. Acesso em: 16 nov. 2020.
GOV UFBA. Coronavírus: uma pandemia que explicita desigualdades sociais. Disponível em: https://coronavirus.ufba.br/coronavirus-uma-pandemia-que-explicita-desigualdades-sociais. Acesso em: 7 nov. 2020.
NEXO. A desigualdade de renda no Brasil é alta. E vai piorar. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/05/11/A-desigualdade-de-renda-no-Brasil-%C3%A9-alta.-E-vai-piorar. Acesso em: 16 nov. 2020.
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO SERGIPE. SUS tem papel fundamental durante a pandemia. Disponível em: https://www.saude.se.gov.br/sus-tem-papel-fundamental-durante-a-pandemia/. Acesso em: 14 nov. 2020.
SOCIO AMBIENTAL. COVID-19 and Indigenous Peoples. Disponível em: https://covid19.socioambiental.org/. Acesso em: 10 nov. 2020.
UNIVERSIDADE DA FRONTEIRA DO SUL. Professor explica sobre o SUS no contexto da pandemia. Disponível em: https://www.uffs.edu.br/campi/chapeco/noticias/professor-explica-sobre-o-sus-no-contexto-da-pandemia. Acesso em: 11 nov. 2020.

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