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Direito Processual Penal - Processo e Procedimento

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Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, 
ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL - 
PROCESSO E PROCEDIMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 
 
0800 283 8380 
 
www.ucamprominas.com.br 
 
 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, 
ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
RESUMO DA UNIDADE 
 
Esta unidade analisará os principais aspectos atinentes ao processo e o 
procedimento na seara penal. Especificamente, foram enfocados os aspectos gerais 
do processo e do procedimento partindo de sua necessária distinção, dos 
instrumentos hábeis a romper a inércia da jurisdição e o necessário respeito ao 
devido processo legal enquanto supraprincípio que reclama a necessária 
observância aos procedimentos fixados em lei. No âmago da técnica, percorremos 
as disposições legais e posições doutrinárias atinentes ao procedimento comum 
ordinário, sumário e sumaríssimo e aos procedimentos especiais a fim de 
demonstrar os pontos de aproximação e distanciamento entre os mais diversos 
procedimentos penais. O estudo é salutar para a compreensão lógica dos 
procedimentos nos âmbitos abstrato e prático. 
 
Palavras-chave: processo; penal; procedimento; rito; atos; audiência; instrução; 
julgamento; debates. 
 
 
 
 
 
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ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
SUMÁRIO 
 
 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ............................................................................... 4 
CAPÍTULO 1 – NOTAS INICIAIS SOBRE O PROCESSO E O PRECEDIMENTOS . 5 
1.1 Diferença entre processo e procedimento ......................................................... 5 
1.2 Ne procedat judex ex officio ............................................................................... 6 
1.3 Respeito ao devido processo legal .................................................................... 9 
1.4 Nulidades ......................................................................................................... 11 
1.5 Processo e procedimento: entendimentos do STF .......................................... 18 
CAPÍTULO 2 – PROCEDIMENTO COMUM ............................................................. 25 
2.1 Rito ordinário ................................................................................................... 25 
2.1.1 Citação ...................................................................................................... 27 
2.1.2 Resposta à acusação ................................................................................ 29 
2.1.3 Conflito de Jurisdição ................................................................................ 33 
2.1.4 Restituição Das Coisas Apreendidas ........................................................ 36 
2.1.5 Incidente de Falsidade .............................................................................. 38 
2.1.6 Incidente de Insanidade Mental do Acusado ............................................. 40 
2.1.7 Audiência de Instrução, Debates e Julgamento ........................................ 43 
2.2 Rito sumário ..................................................................................................... 51 
2.3 Rito sumaríssimo ............................................................................................. 53 
CAPÍTULO 3 – PROCEDIMENTO ESPECIAL ......................................................... 57 
3.1 Rito do Júri ....................................................................................................... 57 
3.2 Rito dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos ...................... 63 
3.3 Rito dos crimes contra a honra ........................................................................ 66 
3.4 Rito dos crimes contra a propriedade imaterial ................................................ 68 
3.5 Rito da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006) ......................................................... 70 
3.6 Suspensão condicional do processo ............................................................... 73 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 77 
 
4 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, 
ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO 
 
O estudo do processo e do procedimento é essencial para a compreensão 
global e adequada das diversas nuances do direito processual penal. 
O direito penal versa sobre o comportamento e a pena, enquanto o processo 
penal visa à efetivação do direito penal, pois entre o crime e a pena há um 
procedimento, isto é, a pena deve ser aplicada por meio de um processo. Assim, o 
processo penal é meio constitucionalmente adequado para a efetivação do direito 
penal. 
Diante da ocorrência de um crime, o Estado, enquanto detentor do 
monopólio do direito de punir, deverá aplicar uma pena previamente prevista na 
legislação penal. Para tanto, deve-se seguir um procedimento que consagre, entre 
outros princípios e garantias, o necessário contraditório, a ampla defesa, a 
publicidade, a imparcialidade. 
Nesse sentido, o processo penal é um conjunto de atos concatenados e 
lógicos que cuidam desde a ocorrência do crime à aplicação da pena. Os princípios 
e garantias são as bases na qual o processo penal se sustenta, tendo como principal 
fonte a Constituição Federal. Os princípios são valores que norteiam a criação, a 
interpretação e a aplicação da norma, enquanto as garantias permitem um processo 
justa, sem arbitrariedades por parte do Estado. 
Dentro desse panorama, a observância dos procedimentos é essencial para 
um processo válido e justo dentro do sistema processual penal acusatório que se 
consagrou no Brasil. 
Nesse norte, a compreensão dos diversos ritos consagrados na legislação 
processual penal pátria é essencial ao estudioso do Direito. 
 
 
5 
 
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ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
CAPÍTULO 1 – NOTAS INICIAIS SOBRE O PROCESSO E O PRECEDIMENTOS 
 
1.1 Diferença entre processo e procedimento 
 
Inicialmente é preciso diferenciar processo de procedimento, sendo o processo 
segundo Tourinho Filho “aquela atividade desenvolvida pelo Juiz com o concurso 
dos demais sujeitos processuais - partes e auxiliares da Justiça - visando a solução 
do litígio” e “conjunto de atos processuais que se sucedem, de forma coordenada, 
com a finalidade de resolver, jurisdicionalmente, o litígio,denomina-se processo”. E 
quanto ao procedimento, ensina ainda que é a “coordenação e ordem dos atos 
processuais” (2010, p. 703). 
 É possível vislumbrar que, no processo penal, o procedimento se divide em 
comum e especial (art. 394 do CPP1). O procedimento comum por sua vez se 
subdivide em ordinário, sumário e sumaríssimo. Quanto aos procedimentos 
especiais, suas regras são colacionadas no Código de Processo Penal, bem como 
pela Legislação Penal Especial e serão objetos de estudo, os crimes de 
competência do júri, os crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, os 
crimes contra a honra, os crimes contra a propriedade imaterial e os crimes na lei de 
drogas (Lei 11.343/2006). 
 
 
IMPORTANTE 
Ação direta de inconstitucionalidade. Arts. 39 e 94 da Lei 10.741/2003 (Estatuto do 
Idoso). (...) Aplicabilidade dos procedimentos previstos na Lei 9.099/1995 aos crimes 
cometidos contra idosos. (...) Art. 94 da Lei 10.741/2003: interpretação conforme à 
CB, com redução de texto, para suprimir a expressão “do Código Penal e”. Aplicação 
apenas do procedimento sumaríssimo previsto na Lei 9.099/1995: benefício do idoso 
com a celeridade processual. Impossibilidade de aplicação de quaisquer medidas 
despenalizadoras e de interpretação benéfica ao autor do crime. [ADI 3.096, rel. min. 
Cármen Lúcia, j. 16-6-2010, P, DJE de 3-9-2010.] 
 
1 Art. 394, CPP. O procedimento será comum ou especial. 
6 
 
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ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
1.2 Ne procedat judex ex officio 
 
Independentemente do procedimento a ser adotado, é certo que o processo 
se inicia com a apresentação de uma petição inicial, hábil a romper a inércia da 
jurisdição, dando início à ação penal. 
THEODORO JR. recomenda que conceituemos a jurisdição não somente 
como um poder, mas sim como uma função estatal, função esta de “declarar e 
realizar, de forma prática, a vontade da lei diante de uma situação jurídica 
controvertida”. 
Diz-se ser tal ofício estatal, instrumental, pois é tão-somente um 
“instrumento de que o próprio direito dispõe para impor-se à obediência dos 
cidadãos”, a fim de executar ou declarar existente ou não a pretensão de alguém 
com legitimidade e interesse em agir que se dispôs a tirar a jurisdição de sua inércia 
natural. 
Em suma, podemos dizer que a jurisdição é a função exclusiva e legítima do 
Estado, quando provocado, de dirimir litígios trocando a vontade das partes pela 
vontade da lei de forma definitiva2. 
Por seu turno, a ação penal é o direito público subjetivo de pleitear ao 
Estado a aplicação do direito penal objetivo, através do exercício da tutela 
jurisdicional. Para tanto, será necessária a provocação da jurisdição por aquele que 
detiver a titularidade da ação penal, uma vez que a jurisdição é inerte, de modo que 
não haverá procedimento de ofício. A afirmativa é expressão do princípio do ne 
procedat judex ex officio. Interessante mencionar que, no caso de inércia do 
Ministério Público, poderá o próprio ofendido propor ação penal privada subsidiária 
da pública a fim de tirar a jurisdição da inércia. 
São exceções ao princípio do ne procedat judex ex officio o habeas corpus, 
uma vez que pode ser concedido de ofício desde que se verifique que alguém está 
sofrendo ou na ameaça de sofrer coação à liberdade de locomoção e a decretação 
de prisão preventiva, no curso da ação penal. 
 
2 THEODORO JR. Pág. 36 a 38. 
 
7 
 
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Nesse sentido, o início da ação penal, aplicando-se os procedimentos 
aplicáveis à espécie, depende do oferecimento de uma denúncia ou de uma queixa-
crime. 
A denúncia é a petição inicial utilizada, exclusivamente, pelo Ministério 
Público para provocar a jurisdição a fim de se iniciar uma ação penal pública 
condicionada ou incondicionada, enquanto a queixa-crime é a petição inicial utilizada 
pelo ofendido/vítima ou seu representante legal para provocar a jurisdição a fim de 
se iniciar uma ação penal privada. 
 
 
IMPORTANTE 
O sistema processual penal acusatório, mormente na fase pré-processual, 
reclama deva ser o juiz apenas um “magistrado de garantias”, mercê da inércia 
que se exige do Judiciário enquanto ainda não formada a opinio delicti do 
Ministério Público. (...) 
mesmo nos inquéritos relativos a autoridades com foro por prerrogativa de 
função, é do Ministério Público o mister de conduzir o procedimento 
preliminar, de modo a formar adequadamente o seu convencimento a respeito 
da autoria e materialidade do delito, atuando o Judiciário apenas quando 
provocado e limitando-se a coibir ilegalidades manifestas. In casu: inquérito 
destinado a apurar a conduta de parlamentar, supostamente delituosa, foi 
arquivado de ofício pelo i. relator, sem prévia audiência do Ministério Público; 
não se afigura atípica, em tese, a conduta de deputado federal que nomeia 
funcionário para cargo em comissão de natureza absolutamente distinta das 
funções efetivamente exercidas, havendo juízo de possibilidade da 
configuração do crime de peculato-desvio (art. 312, caput, do CP). [Inq 2.913 
AgR, rel. p/ o ac. min. Luiz Fux, j. 1º-3-2012, P, DJE de 21-6-2012.] 
 
 
 
 
 
 
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IMPORTANTE 
Direito a mover ação penal privada subsidiária da pública. Art. 5º, LIX, da CF. 
Direito da vítima e sua família à aplicação da lei penal, inclusive tomando as 
rédeas da ação criminal, se o Ministério Público não agir em tempo. Relevância 
jurídica. Repercussão geral reconhecida. Inquérito policial relatado remetido 
ao Ministério Público. Ausência de movimentação externa ao Parquet por 
prazo superior ao legal (art. 46 do CPP). Surgimento do direito potestativo a 
propor ação penal privada. Questão constitucional resolvida no sentido de 
que: (i) o ajuizamento da ação penal privada pode ocorrer após o decurso do 
prazo legal, sem que seja oferecida denúncia, ou promovido o arquivamento, 
ou requisitadas diligências externas ao Ministério Público. Diligências internas 
à instituição são irrelevantes; (ii) a conduta do Ministério Público posterior ao 
surgimento do direito de queixa não prejudica sua propositura. Assim, o 
oferecimento de denúncia, a promoção do arquivamento ou a requisição de 
diligências externas ao Ministério Público, posterior ao decurso do prazo legal 
para a propositura da ação penal, não afastam o direito de queixa. Nem mesmo 
a ciência da vítima ou da família quanto a tais diligências afasta esse direito, 
por não representar concordância com a falta de iniciativa da ação penal 
pública. [ARE 859.251 RG, rel. min. Gilmar Mendes, j. 16-4-2015, P, DJE de 21-5-
2015, repercussão geral, Tema 811.] 
 
 
 
9 
 
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1.3 Respeito ao devido processo legal 
 
Nesse elastério, a denúncia e a queixa-crime são instrumentos essenciais ao 
jus persequendi, isto é, ao direito de perseguir em juízo a aplicação da lei penal, por 
meio do processo. O jus persequendi se dá, basicamente, em três etapas: o 
inquérito policial; a ação penal em primeira, segunda e instâncias superiores e a 
execução penal. Nossos estudos se voltam à segunda etapa do jus persequendi, 
mais especificamente aos procedimentos que compõem o processo penal. 
É certo que o processo penal, enquanto expressão do jus puniendi, deve 
obediência ao devido processo legal, eis que uma decisão válida deve ser 
construída em respeito aos seus procedimentos, é importante ressaltar que em toda 
a persecução penal deve estar presente o respeito ao devido processo legal, porque 
toda dinâmica processual deve estar em consonância a ele para falarmos em um 
processo válido e justo. 
Pois este, segundo NEVES, é o princípio base, norteador de todos os 
demais princípios a serem observados no processo judicial, trazendo conceito 
indeterminado de forma que tão-somente a previsão do devido processo legal pelo 
legislador, seria capaz de suprir a previsão dos demais princípios processuais 
(perigosamente, entretanto), visto que a partir dele seria capaz o juiz prever, no caso 
concreto, os outros princípios dele derivados3. 
No mesmo sentido, THEODORO JR. afirma que o due process of law traz, 
hodiernamente, a garantia a um processo justo, funcionando, dentre outras coisas, 
como um superprincípio, no qual se busca a razoabilidade e formas que 
proporcionem a celeridade de sua tramitação. 
Como, abaixo, assinala: 
Nesse âmbito de comprometimento com o “justo”, com a 
“correção”, com a “efetividade” e a “presteza” da prestação 
jurisdicional, o due process of law realiza, entre outras, a 
função de superprincípio, coordenando e delimitando todos os 
demais princípios que informam tanto o processo como o 
procedimento. Inspira e torna realizável a proporcionalidade e 
 
3 NEVES. Pág. 62 e 63. 
10 
 
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razoabilidade que deve prevalecer na vigência e harmonização 
de todos os princípios do direito processual de nosso tempo4. 
 
Vale-se, aqui, dizer que o devido processo legal traz consigo dois aspectos: 
um substancial, no qual a decisão oriunda do provimento jurisdicional deve fazer 
prevalecer, sempre, a supremacia das normas, dos princípios e dos valores 
constitucionais. E outro procedimental em que se impõe fiel respeito ao contraditório 
e à ampla defesa, decorrência do princípio constitucional da igualdade5. 
Desse modo, é importante se falar em substantive due process – devido 
processo legal em sentido material – pois não basta à prestação judicial a mera 
regularidade formal – respeito ao procedimento fixado em lei -, é-se necessário que 
esta seja substancialmente razoável e correta. Daqui, então, emergem os princípios 
da proporcionalidade e da razoabilidade, nos quais se ponderam os interesses em 
jogo, visando à justiça do caso concreto. 
Como afirma CÂMARA: 
O devido processo legal substancial deve ser entendido como 
uma garantia do trinômio ‘vida-liberdade-propriedade’. Através 
da qual se assegura que a sociedade só seja submetida a leis 
razoáveis, as quais devem atender aos anseios da sociedade, 
demonstrando assim sua finalidade social. Tal garantia 
substancial do devido processo legal pode ser considerada 
como o próprio princípio da razoabilidade das leis6. 
 
Mas, outrossim, não se pode afastar, jamais, o seu sentido formal, que nada 
mais é que o direito de processar e de ser processado, de acordo com as normas 
processuais e princípios, devendo aquelas serem produzidas de forma válida, 
respeitando, também, um devido processo legal em âmbito legislativo. 
 
 
 
4 THEODORO. Pág. 24. 
5 THEODORO. Pág. 25. 
6 CÂMARA. Pág. 35 
11 
 
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1.4 Nulidades 
O não respeito ao procedimento estabelecido em lei para determinada 
persecução penal pode acarretar na nulidade do ato, contaminando, inclusive, os 
atos dele derivado. 
O artigo 563 do Código de Processo Penal, entretanto, afirma que 
 Nesse sentido, se o ato atinge sua finalidade sem causar prejuízo às partes, 
não deverá ser declarada sua nulidade por mera irregularidade formal. Essa é 
expresso do princípio da instrumentalidade das formas. 
 
IMPORTANTE 
PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO ESPECIAL. TRIBUNAL DO JÚRI. 
ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 563 E 593, III, A, DO CPP. INDEFERIMENTO 
DO PEDIDO DE TRANSMISSÃO DO CONTEÚDO DA MÍDIA DA AUDIÊNCIA DE 
CUSTÓDIA EM SESSÃO PLENÁRIA. DECISÃO MOTIVADA. NULIDADE NÃO 
CONFIGURADA. RESOLUÇÃO N. 213/CNJ. DESCABIMENTO DA ANÁLISE DE 
ATO NORMATIVO QUE NÃO SE ENQUADRA NO CONCEITO DE LEI 
FEDERAL. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE EFETIVO PREJUÍZO. 
ALEGAÇÕES GENÉRICAS. VERIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 
7/STJ. 1. Consoante orientação desta Corte Superior de Justiça, não 
caracteriza cerceamento de defesa o indeferimento de requerimento de 
produção de provas, quando o magistrado o faz, fundamentadamente, por 
considerá-las infundadas, desnecessárias ou protelatórias, como na 
hipótese em tela, em que ficou reconhecida a prescindibilidade, naquele 
momento processual, da reprodução da mídia contendo o interrogatório do 
recorrente realizado por ocasião da audiência de custódia, tal como 
solicitada pela defesa, motivação legítima, fundamentada na Resolução n. 
213 do Conselho Nacional de Justiça. 2. Não cabe a esta Corte Superior 
avaliar se foi ou não equivocada a adoção da citada resolução pelas 
instâncias ordinárias, porquanto inviável em sede de recurso especial a 
interpretação ou exame de ato normativo que não se enquadra no conceito 
de lei federal. Precedentes. 3. O reconhecimento de nulidades, no processo 
penal, com a consequente anulação do ato processual, reclama uma efetiva 
12 
 
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demonstração do prejuízo à parte, sem a qual prevalecerá o princípio da 
instrumentalidade das formas positivado pelo art. 563 do Código de 
Processo Penal. 4. Na hipótese dos autos, o recorrente não demonstrou, 
concretamente, a imprescindibilidade da prova requerida, tendo suscitado 
genericamente a questão. Assim, inviável o reconhecimento de qualquer 
nulidade processual, em atenção ao princípio do pas de nullité sans grief. 5. 
Para se determinar se a atitude da Juíza Presidente do Tribunal do Júri 
causou prejuízo concreto ao réu, seria necessário profunda análise dos 
elementos fáticos constantes dos autos, o que é vedado, em recurso 
especial, pelo disposto na Súmula 7/STJ. 6. Recurso especial improvido. 
(STJ - REsp: 1717508 MT 2018/0001712-3,Relator: Ministro SEBASTIÃO REIS 
JÚNIOR, Data de Julgamento: 26/02/2019, T6 - SEXTA TURMA, Data de 
Publicação: DJe 14/03/2019) 
 
 
Nesse sentido, a falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação 
estará sanada, desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, 
embora declare que o faz para o único fim de argui-la. O juiz ordenará, todavia, a 
suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá 
prejudicar direito da parte (art. 570, CPP). 
No âmbito do processo penal, o artigo 564 traz interessante rol 
exemplificativo segundo o qual a nulidade ocorrerá: 
- Por incompetência, suspeição ou suborno do juiz. Ao tratarmos do procedimento 
comum ordinário, destinaremos algumas linhas para tratar do procedimento das 
exceções de incompetência e de suspeição. 
- Por ilegitimidade de parte. 
- Por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato. 
- Por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: 
a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contravenções 
penais, a portaria ou o auto de prisão em flagrante; 
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o 
disposto no Art. 167; 
13 
 
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c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de 
curador ao menor de 21 anos; 
d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele intentada 
e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ação pública; 
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e 
os prazos concedidos à acusação e à defesa; 
f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com o rol de 
testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Júri; 
g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando a 
lei não permitir o julgamento à revelia; 
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos 
estabelecidos pela lei; 
i) a presença pelo menos de 15 jurados para a constituição do júri; 
j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua 
incomunicabilidade; 
k) os quesitos e as respectivas respostas; 
l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento; 
m) a sentença; 
n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha estabelecido; 
o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de sentenças e 
despachos de que caiba recurso; 
p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quorum legal para o 
julgamento; 
Demais a mais, ocorrerá ainda a nulidade, por deficiência dos quesitos ou 
das suas respostas, e contradição entre estas. 
Cumpre mencionar, nos termos do art. 572 do Código de Processo Penal, 
que a ausência de intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por 
ele intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de 
ação pública, a falta de intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal 
do Júri, quando a lei não permitir o julgamento à revelia e a falta de intimação das 
testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos estabelecidos pela 
lei considerar-se-ão sanadas: (a) se não forem arguidas, em tempo oportuno; (b) se, 
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praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim e (c) se a parte, ainda que 
tacitamente, tiver aceito os seus efeitos. 
Quanto ao momento de arguição da nulidade, exemplificativamente, temos 
que as nulidades: 
a) Da instrução criminal dos processos da competência do júri, nos prazos a que 
se refere o art. 406, CPP7. 
b) Ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois de anunciado o julgamento 
e apregoadas as partes (art. 447, CPP8); 
c) Verificadas após a decisão da primeira instância, nas razões de recurso ou 
logo depois de anunciado o julgamento do recurso e apregoadas as partes; 
d) Do julgamento em plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, logo 
depois de ocorrerem. 
Note-se, entretanto, que pelo princípio do venire contra factum proprium9 e 
do nemo auditur propriam turpitudinem allegans10, nenhuma das partes poderá 
arguir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou referente a 
formalidade cuja observância só à parte contrária interesse (art. 565, CPP). Além 
disso, não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na 
apuração da verdade substancial ou na decisão da causa (art. 566, CPP). 
Sobre o nemo auditur propriam turpitudinem allegans, interessante trazer à 
luz deste ensaio a jurisprudência abaixo, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, 
que embora trate de direito processual civil, é pertinente ao entendimento do tema: 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. 
NULIDADE DE CITAÇÃO. NULIDADE DE ALGIBEIRA. 
NULIDADE DE BOLSO. NEMO AUDITUR PROPRIAM 
TURPITUDINEM ALLEGANS. DECISÃO MANTIDA. 1. Trata-se 
de Agravo de Instrumento contra decisão a qual rejeitou a 
declaração de nulidade do ato citatório, sob o argumento de 
que o causídico constituído não possuía poderes para receber 
 
7 Art. 460, CPP. Antes de constituído o Conselho de Sentença, as testemunhas serão recolhidas a 
lugar onde umas não possam ouvir os depoimentos das outras. 
8 Art. 447, CPP. O Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz togado, seu presidente e por 25 (vinte 
e cinco) jurados que serão sorteados dentre os alistados, 7 (sete) dos quais constituirão o Conselho 
de Sentença em cada sessão de julgamento. 
9 Vedação do comportamento contraditório 
10 Ninguém pode se beneficiar da própria torpeza 
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a citação em nome da devedora. 2. Na espécie, cabível a 
aplicação da máxima latina nemo auditur propriam 
turpitudinem allegans, ou seja, ninguém pode se beneficiar 
da própria torpeza, uma vez que evidenciada tentativa de 
declaração de nulidade de algibeira, em clara oposição aos 
Princípios Colaborativos e de Boa-Fé que norteiam o Processo 
Civil atual. 3. Guardar a nulidade no bolso e querer 
apresentá-la tão somente em momento que lhe convém é 
comportamento altamente rechaçado pela Doutrina e 
Jurisprudência pátrias e atenta contra os Princípios Gerais 
do Direito. 4. Agravo de Instrumento conhecido, mas 
desprovido. (TJ-DF 07006377420188079000 DF 0700637-
74.2018.8.07.9000, Relator: EUSTÁQUIO DE CASTRO, Data 
de Julgamento: 22/08/2018, 8ª Turma Cível, Data de 
Publicação: Publicado no DJE:27/08/2018 . Pág.: Sem Página 
Cadastrada.) 
Quanto ao venire contra factum proprium, vejamos: 
PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 155, CAPUT, 
DO CÓDIGO PENAL. (1) IMPETRAÇÃO SUBSTITUTIVA DE 
RECURSO ESPECIAL. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. (2) 
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. AUSÊNCIA DE 
PROPOSTA. JUSTIFICATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO EM 
ALEGAÇÕES FINAIS. CONDUTA SOCIAL E 
CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME.JUÍZO NÃO DISCORDOU. 
MANTEVE-SE SILENTE. DEFESA EM ALEGAÇÕES FINAIS 
NÃO SE OPÔS. APÓS A SENTENÇA NÃO MANEJOU 
EMBARGOS DECLARATÓRIOS. EXPECTATIVA DE 
CONDUTA CONTRÁRIA À JÁ ASSUMIDA. BOA-FÉ OBJETIVA. 
VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM. NULIDADE. NÃO 
RECONHECIMENTO. (3) PENA-BASE. ACRÉSCIMO. (A) 
CIRCUNSTÂNCIAS E CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. 
INCREMENTO JUSTIFICADO. (B) ANTECEDENTES. FEITOS 
EM CURSO. SÚMULA 444 DO STJ. ILEGALIDADE. 
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RECONHECIMENTO. (4) WRIT NÃO CONHECIDO. ORDEM 
CONCEDIDA DE OFÍCIO. 1. É imperiosa a necessidade de 
racionalização do emprego do habeas corpus, em prestígio ao 
âmbito de cognição da garantia constitucional, e, em louvor à 
lógica do sistema recursal. In casu, foi impetrada indevidamente 
a ordem como substitutiva de recurso especial. 2. Não há 
manifesta ilegalidade a ser reconhecida. A relação processual é 
pautada pelo princípio da boa-fé objetiva, da qual deriva o 
subprincípio da vedação do venire contra factum proprium 
(proibição de comportamentos contraditórios). Na espécie, 
depreende-se que, em sede de apelação, a defesa pleiteou a 
nulidade, tendo em vista a ausência de proposta pelo Parquet de 
suspensão condicional do processo, aduzindo que o Juízo de 
primeiro grau não se manifestou. Todavia, verifica-se que o 
Ministério Público, em alegações finais, asseverou que não 
ofertaria o sursis processual, em razão da conduta social do 
paciente e das circunstâncias do crime. A Defesa, na mesma 
ocasião, não se opôs. Proferida a sentença, a Defesa não 
manejou embargos declaratórios. Ademais, é de ver que a pena 
do paciente é superior a 1 (um) ano de reclusão, bem como é 
idônea a justificativa apresentada pelo Parquet para não propor 
a suspensão condicional do processo. 3. A dosimetria é uma 
operação lógica, formalmente estruturada, de acordo com o 
princípio da individualização da pena. Tal procedimento envolve 
profundo exame das condicionantes fáticas, sendo, em regra, 
vedado revê-lo em sede de habeas corpus (STF: HC 97677/PR, 
1.ª Turma, rel. Min. Cármen Lúcia, 29.9.2009 - Informativo 561, 7 
de outubro de 2009. Na espécie, constitui fundamentação 
adequada para o acréscimo da pena-base, em 1/6 (um sexto), 
considerar como negativas as circunstâncias e consequências 
do crime (praticado contra uma irmã, com consequências graves 
para o patrimônio dela, o que autoriza a fixação da pena pouco 
acima do mínimo legal). Todavia, notabiliza-se que não há como 
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persistir o acréscimo com relação ao antecedentes, uma vez que 
feitos em cursos não podem ser utilizados para elevar a pena-
base (Súmula 444 do STJ), sendo imprescindível o decote do 
incremento sancionatório. 4. Habeas corpus não conhecido. 
Ordem concedida, de ofício, a fim de reduzir a pena do paciente 
para 1 (um) ano, 1 (mês) e 15 (quinze) dias de reclusão, mais 11 
(onze) dias-multa, mantidos os demais termos do acórdão. (STJ 
- HC: 223432 RJ 2011/0259891-2, Relator: Ministra MARIA 
THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 29/08/2013, 
T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 12/09/2013) 
No que tange a incompetência, reza o artigo 567 do Código de Processo 
Penal que a incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o 
processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente. 
Enquanto a nulidade por ilegitimidade do representante da parte poderá ser a todo 
tempo sanada, mediante ratificação dos atos processuais (Art. 568, CPP). 
No mesmo sentido, as omissões da denúncia ou da queixa, da 
representação, ou, nos processos das contravenções penais, da portaria ou do auto 
de prisão em flagrante, poderão ser supridas a todo o tempo, antes da sentença final 
(art. 569, CPP). 
De mais a mais, a exegese do art. 573 do Código Processo Penal 
recomenda que os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada serão renovados ou 
retificados. Mas, conforme dito alhures, a nulidade de um ato, uma vez declarada, 
causará a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam consequência, 
devendo o juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende. 
 
 
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1.5 Processo e procedimento: entendimentos do STF 
 
Percorridas temáticas como a necessária distinção entre processo e 
procedimento e o imprescindível respeito aos procedimentos legais, importa - a nós 
– adentrarmos, a título de elucidação prática, em alguns entendimentos do Supremo 
Tribunal Federal sedimentados em súmulas. 
Nesse sentido, a súmula vinculante 11 prescreve que somente será lícito o 
uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à 
integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a 
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal 
do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se 
refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. 
Note-se da simples exegese do enunciado a necessidade de justificativa por 
escrito pelo magistrado para o uso de algema em réu preso, conforme ponderado 
pelo Ministro Luiz Fux: 
No caso em comento, o enunciado da Súmula Vinculante 11 
assentou o entendimento de que a utilização de algemas se 
revela medida excepcional, notadamente quando envolver 
processos perante o Tribunal do Júri em que jurados poderiam 
ser influenciados pelo fato de o acusado ter permanecido 
algemado no transcurso do julgamento. Com efeito, a utilização 
das algemas somente se legitima em três situações, a saber: (i) 
quando há fundado receio de fuga, (ii) quando há resistência à 
prisão ou (iii) quando há risco à integridade física do próprio 
acusado ou de terceiros (e.g., magistrados ou autoridades 
policiais). Mais que isso, é dever do agente apresentar, 
posteriormente, por escrito, as razões que o levaram a 
proceder à utilização das algemas. Do contrário, haverá a 
responsabilização tanto do agente que efetuou a prisão 
(criminal, cível e disciplinar) quanto do Estado, bem como a 
decretação de nulidade da prisão e/ou dos atos processuais 
referentes à constrição ilegal da liberdade ambulatorial do 
indivíduo. Ocorre que, in casu, a autoridade reclamada (Juízo 
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da 2ª Vara Criminal da Comarca de Americana/SP) apresentou 
extensa fundamentação ao indeferir o pedido de relaxamento 
da prisão. Daí por que se mostra infundada a pretensão dos 
reclamantes. [Rcl 12.511 MC, rel. min. Luiz Fux, dec. 
monocrática, j. 16-10-2012, DJE 204 de 18-10-2012.] 
De maisa mais, cumpre asseverar, conforme vimos ao tratarmos de 
nulidades, que, sendo relativa, faz-se necessária a comprovação de efetivo prejuízo 
à defesa em razão do uso injustificado de algema. Veja-se: 
(...) é de registrar-se, tal como assinalado pelo Ministério 
Público Federal em seu douto parecer, que o uso injustificado 
de algemas em audiência, ainda que impugnado em momento 
procedimentalmente adequado, traduziria causa de nulidade 
meramente relativa, de modo que o seu eventual 
reconhecimento exigiria a demonstração inequívoca, pelo 
interessado, de efetivo prejuízo à defesa — o que não se 
evidenciou no caso —, pois não se declaram nulidades 
processuais por mera presunção, consoante tem proclamado a 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (...). O 
entendimento ora referido reafirma a doutrina segundo a qual a 
disciplina normativa das nulidades no sistema jurídico brasileiro 
rege-se pelo princípio de que “Nenhum ato será declarado 
nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou 
para a defesa” (CPP, art. 563 (...)). Esse postulado básico — 
pas de nullité sans grief — tem por finalidade rejeitar o excesso 
de formalismo, desde que a eventual preterição de 
determinada providência legal não tenha causado prejuízo para 
qualquer das partes (...). [Rcl 16.292 AgR, rel. min. Celso de 
Mello, 2ª T, j. 15-3-2016, DJE 80 de 26-4-2016.]. 
Outro súmula vinculante, cuja observância interessa ao objeto deste ensaio 
é a de súmula vinculante 14 ao rezar que é direito do defensor, no interesse do 
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em 
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia 
judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. 
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A referida súmula foi aprovada em 02 de fevereiro de 2009 e teve como 
referências legislativas os artigos 1º, III; e art. 5º, XXXIII, LIV e LV, CF/1988; 9º e 10, 
CPP/1941; 6º, parágrafo único; e 7º, XIII e XIV, Lei 8.906/1994. 
Importa-nos trazer à baila o voto do Ministro Cezar Peluso, no Habeas 
Corpus 88.190, cujo brilhantismo serviu de precedente representativo para sua 
edição. Vejamos: 
Há, é verdade, diligências que devem ser sigilosas, sob risco 
de comprometimento do seu bom sucesso. Mas, se o sigilo é aí 
necessário à apuração e à atividade instrutória, a formalização 
documental de seu resultado já não pode ser subtraída ao 
indiciado nem ao defensor, porque, é óbvio, cessou a causa 
mesma do sigilo. (...) Os atos de instrução, enquanto 
documentação dos elementos retóricos colhidos na 
investigação, esses devem estar acessíveis ao indiciado e ao 
defensor, à luz da Constituição da República, que garante à 
classe dos acusados, na qual não deixam de situar-se o 
indiciado e o investigado mesmo, o direito de defesa. O sigilo 
aqui, atingindo a defesa, frustra-lhe, por conseguinte, o 
exercício. (...) 5. Por outro lado, o instrumento disponível para 
assegurar a intimidade dos investigados (...) não figura título 
jurídico para limitar a defesa nem a publicidade, enquanto 
direitos do acusado. E invocar a intimidade dos demais 
investigados, para impedir o acesso aos autos, importa 
restrição ao direito de cada um dos envolvidos, pela razão 
manifesta de que os impede a todos de conhecer o que, 
documentalmente, lhes seja contrário. Por isso, a autoridade 
que investiga deve, mediante expedientes adequados, 
aparelhar-se para permitir que a defesa de cada paciente tenha 
acesso, pelo menos, ao que diga respeito a seu constituinte. 
[HC 88.190, voto do rel. min. Cezar Peluso, 2ª T, j. 29-8-2006, 
DJ de 6-10-2006.] 
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Alheio à vinculação em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à 
administração pública, importa-nos, igualmente, trazer à luz outros entendimentos 
sumulados pelo Supremo Tribunal Federal, conforme passaremos a listar. 
• Conforme estudado, o desrespeito procedimental pode ensejar na nulidade 
do procedimento, nesse sentido o STF tem entendido que: 
Súmula 155 - É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da 
expedição de precatória para inquirição de testemunha. 
Súmula 156 - É absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de quesito 
obrigatório 
Súmula 160 - É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não 
arguida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício. 
Súmula 162 - É absoluta a nulidade do julgamento pelo júri, quando os quesitos da 
defesa não precedem aos das circunstâncias agravantes. 
Súmula 206 - É nulo o julgamento ulterior pelo júri com a participação de jurado que 
funcionou em julgamento anterior do mesmo processo. 
Súmula 351 - É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da 
Federação em que o juiz exerce a sua jurisdição. 
Súmula 352 - Não é nulo o processo penal por falta de nomeação de curador ao réu 
menor que teve a assistência de defensor dativo. 
Súmula 361 - No processo penal, é nulo o exame realizado por um só perito, 
considerando-se impedido o que tiver funcionado, anteriormente, na diligência de 
apreensão. 
Súmula 366 - Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, 
embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se 
baseia. 
Súmula 431 - É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância, sem 
prévia intimação, ou publicação da pauta, salvo em habeas corpus 
Súmula 523 - No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas 
a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu. 
Súmula 706 - É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência 
penal por prevenção. 
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Súmula 707 - Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer 
contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a 
nomeação de defensor dativo. 
Súmula 708 - É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos 
da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir 
outro. 
Súmula 712 - É nula a decisão que determina o desaforamento de processo da 
competência do júri sem audiência da defesa. 
• O princípio do impulso oficial prescreve que, uma vez iniciado o 
procedimento, a relação processual desenvolver-se-á por impulso oficial, 
seguindo a ordem procedimental. Nesse sentido, as partes devem observar 
os prazos prescritos em lei. Sobre os prazos, o Supremo Tribunal Federal 
sedimentou entendimento que: 
 
� Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com 
efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na 
segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que 
começará no primeiro dia útil que se seguir (súmula 310). 
� O prazo do recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal, em 
habeascorpus ou mandado de segurança, é de cinco dias (súmula 
319). 
� O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a correr 
imediatamente após o transcurso do prazo do Ministério Público 
(súmula 448). 
� Não exige a lei que, para requerer o exame a que se refere o art. 777 
do Código de Processo Penal, tenha o sentenciado cumprido mais de 
metade do prazo da medida de segurança imposta (súmula 520). 
� É de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do 
juiz da execução penal (súmula 700). 
� No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não 
da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem 
(súmula 710). 
 
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• Veremos, em momento oportuno, ao tratarmos da fase de decisão no rito 
comum ordinário, que encerrada a instrução probatória, se entender cabível 
nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos 
de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o 
Ministério Público deverá aditar a denúncia ou a queixa. Todavia, adianta-se 
que a súmula 453 adverte que não se aplica à segunda instância o referido 
instituto da mutatio libelli disposto no art. 384 Código de Processo Penal. 
 
• No que diz respeito à fixação da competência, cumpre a observância das 
súmulas: 
 
� Súmula 603 - A competência para o processo e julgamento de 
latrocínio é do Juiz singular e não do Tribunal do Júri. 
� Súmula 611 - Transitada em julgado a sentença condenatória, 
compete ao Juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna. 
� Súmula 704 - Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e 
do devido processo legal a atração por continência ou conexão do 
processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos 
denunciados. 
A suspensão condicional do processo, a ser melhor estudada mais adiante, 
está prevista no artigo 89 da Lei 9.099/95, de sorte que nos crimes em que a pena 
mínima cominada for igual ou inferior a um ano, o Ministério Público, ao oferecer a 
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde 
que o acusado cumpra determinados requisitos. Nesse elastério, segundo o STF, 
reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, 
mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a 
questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de 
Processo Penal11 (súmula 696), para que este proponha a suspensão condicional 
 
11 Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito 
policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, 
fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará 
outro órgão do Ministério Público para oferece-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então 
estará o juiz obrigado a atender. 
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do processo, designe outro órgão do Ministério Público para propô-la, ou insista na 
não propositura. 
Feitas as devidas considerações, passaremos no próximo capítulo ao estudo 
procedimento comum, disposto no Código de Processo Penal. 
 
 
SAIBA MAIS: 
A TRAJETÓRIA DO DIREITO PENAL: MODERNIDADE; GARANTISMO E 
CONSTITUIÇÃO 
Acesse: CONPEDI 
 
 
 
INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS 
 
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal. 11ª ed. Rio de Janeiro: 
2009. 
 
PEREIRA E SILVA, Igor Luis. Princípios Penais. 1ª Ed. Editora Juspodivm, 2012. 
 
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2013. 
 
REIS, Alexandre Cebrian Araújo; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito 
Processual Penal Esquematizado. 3ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 
 
TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual 
Penal. 8ª Ed. Editora Juspodivm, 2013. 
 
TOURINHO FILHO. Fernando da Costa. Manual de Processo Penal. 13ª Ed. São 
Paulo: Saraiva, 2010. 
 
TUCCI, Rogério Lauria. Do Corpo de Delito no Direito Processual Penal Brasileiro. 
São Paulo: Saraiva, 1978. 
25 
 
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CAPÍTULO 2 – PROCEDIMENTO COMUM 
 
Conforme dito alhures, o procedimento comum se subdivide em ordinário, 
sumário e sumaríssimo. O artigo 394, §1º do Código de Processo Penal bem dispõe 
que o procedimento será: (a) ordinário quando tiver por objeto crime cuja sanção 
máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de 
liberdade; (b) sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada 
seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade e (c) sumaríssimo, para 
as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei. 
 
 
2.1 Rito ordinário 
 
O processamento do rito ordinário está estabelecido nos artigos 394 a 405 
do Código de Processo Penal e está direcionado às infrações penais cuja pena 
máxima prevista seja igual ou superior a 4 anos de pena privativa de liberdade. 
O rito ordinário possui as seguintes fases: 
 
 
 
Oferecimento 
da denúncia ou 
queixa-crime
Recebimento Citação 
Audiência de 
instrução e 
julgamento
Despacho do 
juiz 
Resposta à 
acusação 
Alegações finais Sentença
26 
 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, 
ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
Em suma, havendo o oferecimento da denúncia ou a queixa, o juiz poderá 
recebe-la ou rejeita-la. Havendo o recebimento da denúncia ou da queixa-crime, 
deverá haver a citação do réu para apresentação de sua resposta à acusação. 
Apresentada a defesa, o juiz deverá despachar reconhecendo a hipótese de 
absolvição sumária ou afastando-a, ocasião em que designará audiência de 
instrução, interrogatório e julgamento, em 60 dias, cuja dinâmica contempla a oitiva 
da vítima, oitiva das testemunhas de acusação e das testemunhas de defesa (8 
testemunhas para cada um12), esclarecimentos do peritos, reconhecimento e 
acareações e interrogatório do réu. Finalizada a instrução, não havendo o 
requerimento de diligências, deverá as partes apresentar suas alegações finais orais 
ou seus memoriais para, por fim, o magistrado proferir a competente sentença, 
encerrando, em regra, o primeiro grau de jurisdição. Vejamos com mais afinco a 
dinâmica processual. 
Note que com o oferecimento da denúncia ou queixa-crime, o juiz poderá 
rejeitar a exordial acusatória liminarmente se verificar a ocorrência das hipóteses 
constantes no rol do artigo 395 do CPP, in verbis: 
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
I - for manifestamenteinepta; 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício 
da ação penal; 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
 
Não sendo o caso de rejeição liminar, a inicial será recebida, o juiz ordenará 
a citação do acusado para responder aos termos da acusação. 
 
 
 
 
 
 
12 Art. 401, CPP. Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas arroladas pela 
acusação e 8 (oito) pela defesa. §1º Nesse número não se compreendem as que não prestem 
compromisso e as referidas. §2º A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas 
arroladas, ressalvado o disposto no art. 209 deste Código. 
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ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
 
 
IMPORTANTE 
Aplicam-se a todos os processos o procedimento comum, salvo disposição 
legal em contrário, bem como se aplicam subsidiariamente aos 
procedimentos especial, sumário e sumaríssimo as disposições do 
procedimento ordinário 
 
 
2.1.1 Citação 
No processo penal, a citação é o ato essencial para a validade do processo, 
conforme expressamente dispõe o artigo 363 do Código de Processo Penal e é o 
momento em que o réu é cientificado acerca da existência da ação penal, para que 
possa vir a juízo para se ver processar e realizar a sua defesa. A finalidade da 
citação é dar ciência do inteiro teor da imputação e para o chamamento do acusado 
para que possa exercer o seu direito de defesa. 
A citação pode ser real (pessoal) quando feita diretamente ao acusado, por 
mandado: através de oficial de justiça, quando o réu encontra-se em local certo e 
sabido dentro da jurisdição do juízo processante (art. 351 CPP); por carta 
precatória: quando está em local conhecido, mas fora da jurisdição do juízo 
processante (art. 353 CPP); por carta rogatória: o réu está no exterior em local 
conhecido (art. 368 CPP), e o prazo prescricional ficará suspenso até o 
cumprimento. 
Já a citação ficta será feita por edital: quando o acusado foi procurado mas 
não foi encontrado, encontrando-se em local incerto e não sabido. 
Existe também no ordenamento processual pátrio a citação por hora certa, 
e ocorre o oficial de justiça verifica que o réu está se ocultando para não ser citado 
(art. 362 CPP). 
O artigo 366 do CPP determina que se o réu for citado por edital e não 
comparecer e não constituir defensor, os prazos do curso do processo e da 
prescrição ficarão suspensos. E nesse sentido a súmula 415 do STJ define o prazo 
que deve durar a suspensão em referência: “O período de suspensão do prazo 
prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada". Ao determinar a 
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suspensão, o juiz pode verificar se é caso da decretação da prisão preventiva do 
acusado, ou se existe a necessidade de produção antecipada de alguma prova 
considerada urgente, cuja decisão deverá ser motiva, consoante determina a súmula 
455 do STJ: “A decisão que determina a produção antecipada de provas com base 
no artigo 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando 
unicamente o mero decurso do tempo”. 
 
 
FIQUE LIGADO 
A essência do processo penal consiste em permitir ao acusado o direito de 
defesa. 
O julgamento in absentia fere esse direito básico e constitui uma fonte 
potencial de erros judiciários, uma vez que o acusado é julgado sem que se 
conheça a sua versão. Julgamento in absentia propriamente dito ocorre 
somente quando o acusado não é, em nenhum momento processual, 
encontrado para citação, sendo esta então realizada por edital, fictamente, e 
não quando o acusado, citado pessoalmente, escolhe tornar-se revel. O art. 
420 do CPP, com a redação determinada pela Lei 11.689/2008, não viola a 
ampla defesa; pois, ainda que procedida a intimação ficta por não ser o 
acusado encontrado para ciência pessoal da pronúncia, o ato foi precedido 
por anterior citação pessoal após o recebimento da denúncia, ainda na fase 
inicial do processo. A norma processual penal aplica-se de imediato, 
incidindo sobre os processos futuros e em curso, mesmo que tenham por 
objeto crimes pretéritos. O art. 420 do CPP, com a redação determinada pela 
Lei 11.689/2008, como norma processual, aplica-se de imediato, inclusive 
aos processos em curso, e não viola a ampla defesa. [RHC 108.070, rel. min. 
Rosa Weber, j. 4-9-2012, 1ª T, DJE de 5-10-2012.] 
 
 
 
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2.1.2 Resposta à acusação 
 
Em todos os procedimentos, comuns e especiais, ressalvados o 
procedimento do júri e dos juizados especiais, haverá resposta escrita da defesa, 
após a citação do réu. O acusado terá o prazo de 10 dias para apresentar a defesa 
escrita (art. 396, CPP). Na resposta à acusação, o réu deverá arguir preliminares, 
alegar tudo que interesse à defesa do acusado, apresentar documentos e 
justificações, requerer a produção das provas que entenda relevantes e arrolar as 
testemunhas de no máximo 8, sob pena de preclusão. 
Apresentada a resposta à acusação, o juiz verificará se é caso de absolvição 
sumária, estampada no artigo 397 do Código de Processo Penal13, podendo 
entender: 
a) Pela existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato: trata-se 
do reconhecimento do estado de necessidade, da legítima defesa, do 
estrito cumprimento do dever legal e ou do exercício regular de direito, 
dispostos nos artigos 23, 24 e 25 do Código Penal. De mais a mais, faz-se 
possível a exclusão da ilicitude do fato pelo consentimento do ofendido, 
nos crimes cujo bem jurídico é disponível. 
b) Pela existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, 
salvo inimputabilidade: trata-se das hipóteses de coação moral irresistível 
e obediência hierárquica, previstas no artigo 22 do Código Penal. 
Ademais, também pode haver a exclusão da culpabilidade pelo erro de 
proibição (art. 21 do Código Penal) e pela embriaguez completa acidental 
(art. 28, II, § 1º, Código Penal). Note-se que, pelo fato de a doença mental 
depender de prova pericial, a inimputabilidade não pode ser alegada por 
ocasião da resposta à acusação. 
 
13 Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá 
absolver sumariamente o acusado quando verificar: I - a existência manifesta de causa excludente da 
ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo 
inimputabilidade; III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou IV - extinta a 
punibilidade do agente. 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, 
ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.c) Que o fato narrado evidentemente não constitui crime: em tal hipótese, a 
denúncia ou a queixa-crime traz para apreciação uma conduta atípica. A 
descrição fática não pode ser subsumida a qualquer figura penal. 
d) Pela extinção da punibilidade do agente: trata-se da chamada preliminar 
de 
mérito posto que, alegada uma das causas do artigo 107 do Código Penal, 
induz à análise meritória. 
 
Ainda que o artigo 396-A do Código de Processo Penal expresse que a 
resposta à acusação é momento oportuno para o oferecimento de documentos e 
justificações, é certo que, a teor do artigo art. 231 do mesmo diploma legal, salvo os 
casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer 
fase do processo. Trata-se da homenagem ao princípio da verdade real, tal regra 
visa à eficácia da prova em detrimento do excesso de formalismo. Uma vez 
apresentado o documento, deve ser garantido o contraditório à parte contrária. 
Ressalta-se que documento é o objeto material em que se insere uma 
expressão de cunho intelectual por meio de escritos, sinais ou imagens. Nesse 
sentido, o art. 232 do Código de Processo Penal bem dispõe que se consideram 
documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares. 
Além disso, à fotografia do documento, devidamente autenticada, deve ser dado 
mesmo valor do original. 
Note-se, por oportuno, que as cartas particulares interceptadas ou obtidas 
por meios criminosos não serão admitidas em juízo, em homenagem à vedação à 
utilização de provas ilícitas. Ademais, a interceptação de correspondência constitui 
crime contra a liberdade individual (crime de violação de correspondência). Todavia, 
o destinatário da correspondência poderá utilizá-la como defesa, ainda que sem o 
consentimento do signatário. 
Cumpre salientar que, não sendo caso de absolvição sumária, por não estar 
presente qualquer das hipóteses do artigo 397 do Código de Processo Penal, o 
advogado não deve na resposta à acusação tratar-se do mérito da causa, isso 
porque nessa fase do processo é impossível a absolvição arrimada no artigo 386 do 
Código de Processo Penal. Nesse sentido, a resposta à acusação deve apenas 
promover o requerimento de provas e juntar os documentos pertinentes, ocasião em 
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que o juiz determinará o prosseguimento do feito, ordenará a intimação das partes, 
do defensor e, se for o caso, do querelante e do assistente (arts. 39914 e 40015 do 
CPP), e marcará a audiência de instrução debates e julgamento que deverá ocorrer 
no prazo de 60 dias. 
De mais a mais, o manejo de alguma das exceções dispostas no artigo 95 
do Código de Processo Penal deve ser feito em petição apartada no mesmo 
momento do oferecimento da resposta à acusação, mas, em regra, não 
suspenderão o regular andamento da ação penal16. 
 
2.1.2.1 Exceções 
Conforme dito alhures, no mesmo prazo da apresentação da resposta à 
acusação, poderá o réu opor as seguintes exceções: (a) suspeição; 
(b) incompetência de juízo; (c) litispendência; (d) ilegitimidade de parte; (e) coisa 
julgada. 
É certo que o juiz deverá espontaneamente afirmar suspeição por escrito, 
declarando o motivo legal e remetendo de imediato o processo ao seu substituto, 
intimadas as partes (art. 97, CPP). 
Não o fazendo, a parte interessa deverá fazê-lo em petição assinada por ela 
própria ou por procurador com poderes especiais, aduzindo as suas razões 
acompanhadas de prova documental ou do rol de testemunhas (art. 98, CPP). 
 
14 Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando 
a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do 
assistente. §1º O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo o poder 
público providenciar sua apresentação. §2º O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. 
15 Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 
(sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas 
arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, 
bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e 
coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado. §1º As provas serão produzidas numa só audiência, 
podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. §2º Os 
esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento das partes. 
16 Art. 111, CPP. As exceções serão processadas em autos apartados e não suspenderão, em regra, 
o andamento da ação penal. 
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Frisa-se que a arguição de suspeição deverá ser analisada antes de 
qualquer outra, salvo quando fundada em motivo superveniente (art. 96, CPP). 
Apresentada a exceção de suspeição o juiz poderá reconhecê-la ou não a aceitar. 
Se reconhecer a suspeição, o juiz sustará a marcha do processo, mandará 
juntar aos autos a petição do recusante com os documentos que a instruam, e por 
despacho se declarará suspeito, ordenando a remessa dos autos ao substituto 
(art. 99, CPP). Caso não aceite, todavia, o juiz mandará autuar em apartado a 
petição, dará sua resposta dentro em três dias, podendo instruí-la e oferecer 
testemunhas, e, em seguida, determinará sejam os autos da exceção remetidos, 
dentro em 24 vinte e quatro horas, ao juiz ou tribunal a quem competir o julgamento 
(art. 100, CPP). 
Nessa hipótese, se reconhecida, preliminarmente, a relevância da arguição, 
o juiz ou tribunal, com citação das partes, marcará dia e hora para a inquirição das 
testemunhas, seguindo-se o julgamento, independentemente de mais alegações 
(§1º, artigo 100, CPP). De outro lado, se a suspeição for de manifesta 
improcedência, o juiz ou relator a rejeitará liminarmente (§1º, artigo 100, CPP). 
A consequência lógica para a decisão de procedência da exceção de 
suspeição é o reconhecimento da nulidade de todos os atos do processo principal. 
Além disso, deverá o juiz pagar as custas, no caso de erro inescusável. Caso, 
entretanto, a exceção for rejeitada, evidenciando-se a malícia do excipiente, a este 
será imposta multa (Art. 101, CPP). 
Importante ressaltar que se for arguida a suspeição do órgão do Ministério 
Público, o juiz, depois de ouvi-lo, decidirá, sem recurso, podendo antes admitir a 
produção de provas no prazo de três dias (art. 104, CPP). No mesmo sentido, 
também poderão ser objeto da exceção de suspeição os peritos, os intérpretes e os 
serventuários ou funcionários de justiça, decidindo o juiz de plano e sem recurso, à 
vista da matéria alegada e prova imediata (art. 105, CPP). 
Alheio ao processo penal, no âmbito do inquérito policial, o Código de 
Processo Penal, em seu art. 107, fixa a impossibilidade de opor suspeição às 
autoridades policiais nos atos do inquérito, mas ressaltar que estas deverão se 
declarar suspeitas, quando ocorrer motivo legal. 
Por seu turno, a exceção de incompetência do juízo poderá ser oposta, 
verbalmente ou por escrito, no prazo de defesa, ocasião em que, se, ouvido o 
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Ministério Público, for aceita a declinatória, o feito será remetido ao juízo 
competente, onde, ratificados os atos anteriores, o processo prosseguirá. Mas caso 
seja recusada a incompetência, o juiz continuará no feito, fazendo tomar por termo a 
declinatória, se formulada verbalmente (art. 108, CPP). Ademais, é obrigação do 
magistrado se declarar, nos autos, incompetente se em qualquer fase do processo 
sobrevier motivo para tanto, independentemente de alegação da parte interessada 
(art. 109, CPP). 
O mesmo procedimento, no que for compatível, deverá ser observado no 
caso das exceções de litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada (art. 110, 
CPP). Certo que se a parte houver de opor mais de uma dessas exceções, deverá 
fazê-lo numa só petição ou articulado (art. 110, §1º CPP). Urge salientar que a 
exceção de coisa julgada somente poderá ser oposta em relação ao fato principal, 
que tiver sido objeto da sentença (art. 110, §2º CPP). 
 
2.1.3 Conflito de Jurisdição 
O artigo 113 do Código de Penal bem observa que as questões atinentes à 
competência se resolverão não só pela exceção própria, como também pelo conflito 
positivo ou negativo de jurisdição. Nesse sentido, cumpre ressaltar que haverá 
conflito de jurisdição quando duas ou mais autoridades judiciárias se considerarem 
competentes (conflito positivo), ou incompetentes (conflito negativo), para conhecer 
do mesmo fato criminoso ou quando entre elas surgir controvérsia sobre unidade de 
juízo, junção ou separação de processos.17 
Nesse diapasão, tem-se o presente exemplo de conflito negativo de 
competência: 
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PENAL. 
PROCESSO PENAL. CRIMES DE TRÁFICO ILÍCITO DE 
ENTORPECENTES. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. 
TRANSNACIONALIDADE DE UMA DAS CONDUTAS. 
CONEXÃO (CPP, ART. 76). APREENSÃO DE 3 KG DE 
CRACK REALIZADA EM FOZ DO IGUAÇU - PR (PONTE DA 
AMIZADE). FATO ISOLADO NOS AUTOS. CONDUTAS DE 
 
17 Art. 114 do Código de Processo Penal 
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TRÁFICO DE ENTORPECENTES E POSSE ILEGAL DE 
ARMAS E MUNIÇÃO NA CIDADE DE RIO GRANDE - RS. 
AUSÊNCIA DE LIAME ENTRE AS CONDUTAS. 
INAPLICABILIDADE DA SÚMULA N. 122 DO STJ. 
DESMEMBRAMENTO DO INQUÉRITO. 1. A conexão exigida 
pela doutrina e pela jurisprudência, para atrair a competência 
da Justiça Federal em relação às outras condutas praticadas 
pelo (s) réu (s), deve atender a uma das circunstâncias dos 
incisos do art. 76 do Código de Processo Penal, de modo a 
permitir a alteração da competência material taxativamente 
prevista na Constituição Federal. 2. Na espécie, a 
transnacionalidade de uma das condutas de tráfico ilícito de 
entorpecentes, relativa a quatro membros da organização 
criminosa, restou isolada na investigação conduzida pela 
Polícia Federal, cujos elementos colhidos não apontam liame 
daquele flagrante, realizado em Foz do Iguaçu - PR, na Ponte 
da Amizade, com a posterior descoberta de armas de fogo, 
munição e outras substâncias entorpecentes - que não 
carregam indícios de origem externa -, em poder dos demais 
componentes da quadrilha, na Cidade de Rio Grande - RS, e, 
tampouco, com novas operações da organização criminosa em 
solo estrangeiro. 3. Salvo essa conduta de comprovada 
transnacionalidade de quatro dos investigados, os demais 
crimes (arts. 33, caput, e 35 da Lei n. 11.343/06 e art. 12 da Lei 
n. 10.826/03) devem ser processados e julgados perante a 
Justiça Estadual, à míngua de circunstâncias fáticas que 
evidenciam as hipóteses de modificação de competência 
disciplinadas no art. 76 do CPP, o que impõe o 
desmembramento do inquérito policial e afasta a aplicação da 
Súmula n. 122 do STJ. 4. Conflito conhecido para declarar 
competente o Juízo de Direito da 2ª Vara Criminal de Rio 
Grande - RS, restando a competência do Juízo Federal da 2ª 
Vara e Juizado Criminal de Rio Grande - SJ/RS apenas em 
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relação ao suposto delito de tráfico internacional de 
entorpecentes, determinando-se o desmembramento do 
inquérito policial, na forma decidida pelo Juízo suscitado. (STJ - 
CC: 125826 RS 2012/0252372-4, Relator: Ministro ROGERIO 
SCHIETTI CRUZ, Data de Julgamento: 27/08/2014, S3 - 
TERCEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 05/09/2014). 
 
Verificado o conflito, este poderá, nos termos do art. 115 do CPP, ser 
suscitado pela parte interessada, pelos órgãos do Ministério Público junto a qualquer 
dos juízos em dissídio ou por qualquer dos juízes ou tribunais em causa. 
Importante ressaltar a necessária observância do artigo 116 do diploma legal 
em comento que impõe que os juízes e tribunais, sob a forma de representação, e a 
parte interessada, sob a de requerimento, darão parte escrita e circunstanciada do 
conflito, perante o tribunal competente, expondo os fundamentos e juntando os 
documentos comprobatórios. 
Quanto ao procedimento, é certo que quando negativo o conflito, os juízes e 
tribunais poderão suscitá-lo nos próprios autos do processo. 
Já no caso de conflito positivo, uma vez distribuído o feito, o relator poderá 
determinar imediatamente que se suspenda o andamento do processo. Note-se que 
a suspensão imediata se trata de uma faculdade do relator, assim expedida ou não a 
ordem de suspensão, o relator requisitará, em prazo determinado, informações às 
autoridades em conflito, remetendo-lhes cópia do requerimento ou representação. 
Recebidas as informações requisitadas, e depois de ouvido o procurador-geral, o 
conflito será decidido na primeira sessão, salvo se a instrução do feito depender de 
diligência. 
Proferida a decisão, as cópias necessárias serão remetidas, para a sua 
execução, às autoridades contra as quais tiver sido levantado o conflito ou que o 
houverem suscitado. 
Cumpre salientar que, nos termos do art. 117 do Código de Processo Penal, 
o Supremo Tribunal Federal, mediante avocatória, restabelecerá a sua jurisdição, 
sempre que exercida por qualquer dos juízes ou tribunais inferiores. 
 
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2.1.4 Restituição Das Coisas Apreendidas 
O artigo 6º do Código de Processo Penal ao estabelecer a dinâmica do 
inquérito policial prescreve que logo que tiver conhecimento da prática da infração 
penal, a autoridade policial deverá, entre outras providências, apreender os objetos 
que tiverem relação com o fato. 
No entanto, as coisas apreendidas poderão ser restituídas. Salvo os 
instrumentos e produtos do crime, cuja perda é efeito da condenação criminal, 
ressalvada a hipótese de pertencerem ao lesado ou a terceiro de boa-fé. Verificada 
a impossibilidade

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