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Ação Penal e as Provas

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Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, 
ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
AÇÃO PENAL E AS PROVAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 
 
0800 283 8380 
 
www.ucamprominas.com.br 
 
 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, 
ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
RESUMO DA UNIDADE 
 
No presente módulo trataremos dos institutos da Ação Penal e da Teoria Geral das 
Provas. Especificamente, no que tange à ação penal, a abordagem se deu de forma 
bastante abrangente, indo desde o seu fundamento, cuja previsão se encontra no 
artigo 5º, XXXV da Constituição Federal, passando por seus principais aspectos 
(requisitos, espécies, titularidade, princípios e, inclusive a ação em si), finalizando 
com as consequências decorrentes da falta de seus pressupostos, prazos, hipóteses 
de rejeição da petição inicial (denúncia ou queixa-crime), bem como a análise dos 
recursos cabíveis contra o recebimento e rejeição desta. Já quanto ao estudo das 
provas, analisaremos, além de seu conceito (como meio instrumental utilizado tanto 
pela acusação quanto pela defesa para comprovar fatos), os meios de provas 
(perícia, interrogatório, confissão, declaração do ofendido, testemunhas, 
reconhecimento de pessoas e coisas, acareação, documentos, indícios, busca e 
apreensão), liberdade da prova, sistema de valoração, bem como seu ônus. 
 
Palavras-chave: Direito Processual Penal. Direito Penal. Ação Penal. Prova. 
 
 
 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, 
ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
SUMÁRIO 
 
 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ............................................................................... 5 
CAPÍTULO 1 – AÇÃO PENAL ................................................................................... 7 
1.1 Ação penal pública ............................................................................................ 8 
1.1.1 Ação penal pública incondicionada ............................................................. 9 
1.1.2 Ação penal pública condicionada à representação do ofendido ............... 10 
1.1.3 Ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça ...... 12 
1.2 Princípios da ação penal pública ..................................................................... 13 
1.3 Da ação penal privada ..................................................................................... 16 
1.3.1 Princípios da ação privada ........................................................................ 18 
CAPÍTULO 2 – DENÚNCIA E QUEIXA .................................................................... 21 
2.1 Requisitos ........................................................................................................ 23 
2.1.1 Endereçamento ......................................................................................... 24 
2.1.2 Qualificação do acusado ou fornecimento de dados que possibilitem sua 
identificação ....................................................................................................... 24 
2.1.3 Descrição dos fatos em todas as suas circunstâncias .............................. 25 
2.1.4 Classificação jurídica do fato ..................................................................... 29 
2.1.5 Pedido de condenação .............................................................................. 30 
2.1.6 Rol de testemunhas .................................................................................. 30 
2.2 Prazos .............................................................................................................. 31 
2.3 Causas de rejeição da denúncia ou queixa ..................................................... 32 
2.4 Recursos cabíveis contra o recebimento e rejeição da denúncia ou queixa-
crime ...................................................................................................................... 35 
CAPÍTULO 3 – DAS PROVAS ................................................................................. 36 
3.1 Ônus da prova ................................................................................................. 38 
3.2 Sistema de apreciação ou valoração da prova ................................................ 39 
3.3 Liberdade de prova .......................................................................................... 40 
3.4 Meios de prova ................................................................................................ 41 
3.4.1 Perícia ....................................................................................................... 41 
3.4.2 Interrogatório ............................................................................................. 42 
3.4.3 Confissão .................................................................................................. 44 
3.4.4 Declaração do ofendido ............................................................................ 45 
3.4.5 Testemunhas ............................................................................................ 46 
3.4.6 Reconhecimento de pessoas e coisas ...................................................... 49 
3.4.7 Acareação ................................................................................................. 49 
 
 
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ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
3.4.8 Documentos .............................................................................................. 50 
3.4.9 Indícios ...................................................................................................... 51 
3.4.10 Busca e apreensão ................................................................................. 51 
GLOSSÁRIO ............................................................................................................. 53 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 54 
 
5 
 
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APRESENTAÇÃO DO MÓDULO 
 
O estudo da ação penal relaciona-se à possibilidade de pedir ao Estado a 
aplicação do direito, isto é, a pretensão acusatória. 
Percebe-se, neste caso, a aplicabilidade de princípios constitucionais como 
o da inafastabilidade do poder jurisdicional ou direito fundamental de acesso à 
justiça. 
Contudo, é importante analisar a necessidade de preenchimento de 
exigências para o exercíciodo direito de ação. 
Especificamente quanto à ação penal pública, pode ser de duas espécies, 
incondicionada ou condicionada à representação do ofendido, a depender do crime. 
A ação penal pública incondicionada (cujo titular é o Ministério Público) é a 
regra no nosso ordenamento jurídico e, quando não for a medida, a lei declarará 
expressamente. 
Não obstante, a ação penal pública condicionada à representação do 
ofendido obedece ao art. 100, §1º do Código Penal, informando sua necessidade 
sempre que a lei exigir. Neste caso, trataremos dos procedimentos quando se tratar 
de representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça. 
Daremos enfoque também aos princípios relacionados a ambas as espécies 
de ação. 
Ainda, no estudo da ação penal, temos da espécie privada (cuja titularidade 
é do ofendido ou seu representante legal), onde analisaremos seus princípios e seu 
cabimento, que se dá somente em situações específicas definidas pela lei. A ação 
penal privada se divide em propriamente dita ou exclusiva, personalíssima ou 
subsidiária da pública. 
Adentraremos ainda no estudo procedimental para cada espécie de ação, 
especificando as características da denúncia e da queixa-crime, bem como, sua 
rejeição por ausência de pressupostos e, ainda, o cabimento de recursos. 
Por fim, é de suma importância, no que tange ao estudo das provas, embora 
trate-se de uma faculdade que tem a parte de demonstrar suas alegações no 
processo, ressaltarmos sua relevância, principalmente quanto aos benefícios de sua 
produção. 
6 
 
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ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
Analisaremos o sistema de valoração da prova, liberdade probatória, meios 
de provas, especificamente, a perícia, o interrogatório, a confissão, a declaração do 
ofendido, as testemunhas, o reconhecimento de pessoas e coisas, a acareação, 
documentos, indícios e a busca e apreensão. 
Importante ressaltar que todo o estudo se desenvolve de forma bastante 
detalhada, para que alcance fácil entendimento e com destaque nas principais 
características de cada instituto. 
 
 
7 
 
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CAPÍTULO 1 – AÇÃO PENAL 
 
De acordo com os ensinamentos de Tourinho Filho, ação penal é “o direito 
de pedir ao Estado (representado pelos seus Juízes) a aplicação do Direito Penal 
Objetivo. Ou o direito de pedir ao Estado-Juiz uma decisão sobre um fato relevante.” 
(2010, p. 160). Já GONÇALVES a descreve como sendo um “procedimento judicial 
iniciado pelo titular da ação quando há indícios de autoria e de materialidade a fim 
de que o juiz declare procedente a pretensão punitiva estatal e condene o autor da 
infração penal” (2014, p. 71). 
Deste modo, trata-se a ação penal de um direito de apresentar em juízo 
pretensão acusatória, sob o fundamento de que artigo 5º, inciso XXXV da 
Constituição da República Federativa do Brasil Federal, determinando que “a lei não 
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” conjugado 
com o princípio da inafastabilidade do poder jurisdicional ou direito fundamental de 
acesso à justiça. 
Pondera AURY LOPES JUNIOR que “(...) no processo penal, desde o início, 
é imprescindível que o acusador público ou privado demonstre a justa causa, os 
elementos probatórios mínimos que demonstrem a fumaça da prática de um delito, 
não bastando o cumprimento e critérios meramente formais.” 
O preenchimento de algumas exigências condiciona o regular exercício do 
direito de ação. Tais exigências dividem-se em condições da ação ou de 
procedibilidade, podendo ser genéricas ou específicas, confira-se: 
 
a. Genéricas - são as condições exigidas em todo e qualquer processo, são 
elas: 
I. Possibilidade jurídica do pedido: o pedido de condenação feito na inicial 
acusatória – denúncia ou queixa-crime – deve versar sobre um fato típico, ou seja, 
descrito em lei, demonstrando a congregação dos elementos exigidos no tipo penal. 
II. Legitimidade de parte ou “ad causam” (para causa): diz respeito 
sobre a capacidade de ser parte no processo penal, devendo ser ajuizado por quem 
detenha legitimidade e em face de quem possa responder pela imputação. Por 
conseguinte, sendo pública a ação penal terá legitimidade ativa para agir o Ministério 
8 
 
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Público, e, se privada for, deverá ser proposta pelo ofendido ou seu representante 
legal. Sobre a legitimidade passiva (contra quem será proposta a ação penal) deverá 
o indivíduo ser maior de 18 (dezoito) anos e pessoa física, com exceção dos crimes 
ambientais (Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998), caso em que poderá ser 
proposta em face de pessoa jurídica. 
III. Interesse de Agir - deve a ação penal basear-se nos indícios de autoria 
e de materialidade delitiva, demonstrando-os em seu corpo para sua admissão. 
Outrossim, deve inexistir quaisquer das causas de extinção de punibilidade. 
b) Específicas - são condições exigidas a depender do caso concreto, 
como, por exemplo, a representação da vítima, a requisição do Ministro da Justiça, 
dentre outras. Assim, não observada alguma condição específica para a 
procedibilidade da ação, o juiz a rejeitará, condicionando a nova propositura ao 
atendimento da condição, consoante artigo 43 do Código de Processo Penal. 
Para definir as ações penais, o Código Pena, em seu artigo 100, e o Código 
de Processo Penal levam em consideração o critério da classificação subjetiva, 
traduzido pela titularidade do direito de ação. Neste diapasão, a ação penal pode ser 
pública ou privada. 
 
 
1.1 Ação penal pública 
 
Nos termos do artigo 100, caput, do Código Penal “a ação penal é pública, 
salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido”. O Código de 
Processo Penal, em seu artigo 24, dispõe: “(...) nos crimes de ação penal pública, 
esta será promovida por denúncia do Ministério Público”, o que é recepcionado pela 
Constituição Federal, em seu artigo 129, dispositivo em que são arroladas as 
funções institucionais do Ministério Público.1 A ação penal pública divide-se em 
incondicionada e condicionada à representação do ofendido ou de seu 
representante legal. 
 
1
 O inciso I do artigo 129 da Constituição Federal lista como uma das funções do Ministério Público a de” 
promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei”. 
9 
 
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Seja qual for o crime, se ocorrer em desfavor do “patrimônio ou interesse da 
União, Estado e Município, a ação penal é pública” conforme determina o artigo 29, 
§ 2º do Código de Processo Penal. 
 
1.1.1 Ação penal pública incondicionadaA ação penal será pública incondicionada quando a lei não dispuser em 
contrário – o que se tem como regra no ordenamento jurídico pátrio –, sendo, 
portanto, de titularidade do Ministério Público, órgão que detém para si a 
possibilidade de propor a ação penal, a qual, não exige qualquer condição para agir 
além das condições gerais de qualquer ação. 
Impende-nos informar que alguns tipos penais não trazem a titularidade da 
ação penal em seu bojo, o que nos remete a errônea ideia de que a ação penal é 
pública incondicionada diante da falta de informação da titularidade. Todavia, por 
vezes, o legislador penal trouxe o exercício do direito de ação ao final do título, como 
no crime de estupro, descrito no artigo 213 do Código Penal (Dos Crimes Contra a 
Dignidade Sexual), cuja previsão de exercício está no artigo 225 do mesmo diploma, 
in verbis: “nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se 
mediante ação penal pública condicionada à representação.”. E o mesmo dispositivo 
em seu parágrafo único determina que “procede-se, entretanto, mediante ação penal 
pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa 
vulnerável.” 
 
10 
 
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1.1.2 Ação penal pública condicionada à representação do ofendido 
O artigo 100, § 1º do Código Penal diz que “a ação pública é promovida pelo 
Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido 
ou de requisição do Ministro da Justiça”. 
A titularidade para a propositura da ação penal pública condicionada é do 
Ministério Público, entretanto, como condição para que este possa ingressar com a 
inicial acusatória, a vítima deverá assim anuir, sendo a representação um 
pressuposto à procedibilidade para o início da ação penal. Quando a ação penal for 
condicionada, a lei o dirá expressamente, trazendo, em geral ao fim do artigo, o 
preceito de que somente procederá mediante representação, como são os casos 
dos artigos 129, caput e § 6° (lesão corporal leve e culposa, respectivamente – 
titularidade colacionada no artigo 88 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995) –
,147 (ameaça) e 213 (estupro) do Código Penal. 
É imprescindível apontar que nos crimes de lesão corporal de natureza leve 
e culposa oriundos de violência doméstica e familiar (Lei nº 11.340, de 07 de agosto 
de 2006) a titularidade para a propositura da ação penal pertence ao Ministério 
Público, segundo o julgamento no Supremo Tribunal Federal da ADI 4424/2012. 
Assim, a representação do ofendido é “a manifestação da vontade da vítima 
ou de seu representante legal no sentido de solicitar providências do Estado para 
apuração de determinado crime, e, concomitantemente, autorizar o Ministério 
Público a ingressar com a ação penal contra os autores do delito” (GONÇALVES, 
2014, p. 88). 
De acordo com o artigo 38 do Código de Processo Penal, a representação, 
como regra, deve ser formulada pelo ofendido. Sendo a vítima menor de 18 anos, 
incapaz, doente mental ou retardada deverá a representação ser apresentada pelo 
seu representante legal, ou, no caso de não possuírem representantes legais, o juiz 
deverá nomear um curador especial para representá-los, segundo autoriza o artigo 
33 do Código de Processo Penal. 
No caso de morte do ofendido ou caso seja declarado ausente mediante 
decisão judicial, o direito de representar pode ser exercido pelo cônjuge, 
companheiro, ascendente, descendente ou irmão, em conformidade com o artigo 24, 
§ 1º do Código de Processo Penal. Existindo mais de um legitimado, a solução mais 
adequada é a aplicação da ordem trazida no artigo 36 do Código de Processo Penal, 
11 
 
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a qual, determina que deva ser exercida primeiro pelo cônjuge, e na ausência desse, 
pelos demais, seguindo-se a ordem de parentesco mais próxima. 
A representação pode ser oferecida pessoalmente ou por procurador com 
poderes especiais, na forma oral (situação em que será reduzida a termo) ou por 
escrito, dirigida ao Juiz, Ministério Público ou à autoridade policial, e deverá conter 
todas as informações que possam servir de alicerce à apuração do fato criminoso, 
em consonância com a orientação capitulada no artigo 39 do Código de Processo 
Penal. 
O artigo 38 do Diploma Processual Penal pátrio combinado com o artigo 103 
do Código Penal exigem que a representação deva ser apresentada em 06 (seis) 
meses a partir da data em que a vítima, ou seu representante legal, tenham 
conhecimento do autor do fato criminoso – o que não se confunde com a data do 
fato. Não sendo oferecida no prazo legal, decairá o direito de ação, importando na 
extinção da punibilidade do agente, nos moldes do artigo 107, inciso IV do Código 
Penal. 
Insta esclarecer que o artigo 25 do Código de Processo Penal autoriza a 
possibilidade de retratação da representação do ofendido antes do oferecimento da 
denúncia, impedindo, assim, a propositura da ação penal. 
Por fim, sobre a possibilidade do ofendido oferecer novamente 
representação em desfavor do acusado depois de ter se retratado, temos que “a 
retratação da retração é possível, desde que feita antes de escoado o prazo 
decadencial” (MARCÃO, 2014, p. 235). 
 
12 
 
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1.1.3 Ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça 
Trata-se de ação penal pública que depende do pedido feito pelo Ministro da 
Justiça, eis que referida requisição é uma condição de procedibilidade para o início 
da ação penal. 
A requisição é um ato com rigor formal, sendo necessária a observância de 
certas circunstâncias para seu oferecimento, a qual se destina ao Ministério Público 
(na figura do Procurador Geral de Justiça), e, com relação à legitimidade para a 
requisição, esta é privativa do Ministro da Justiça. 
Com relação ao prazo para a requisição em comento, a lei não determina 
qualquer limite, e no silêncio da lei a interpretação é no sentido de que possa ser 
feito a qualquer tempo, respeitando-se, porém, a prescrição do crime que opera a 
extinção da punibilidade, nos termos do artigo 107, inciso IV do Código Penal. 
Muito se discute se a requisição do Ministro da Justiça é retratável, pois a lei 
não prevê a possibilidade de retratação, dividindo-se a doutrina em duas correntes, 
sendo uma no sentido de ser a requisição irretratável – tendo em vista que o artigo 
25 do Código de Processo Penal só mencionou a retratação da representação 
(entendimento de José Frederico Marques, Fernando da Costa Tourinho Filho, 
Magalhães Noronha, Mirabete) –, e a segunda, que opina pela retratação da 
requisição – lastreada na aplicação da analogia prevista no artigo 3º do Código de 
Processo Penal (Damásio de Jesus, Luiz Flávio Gomes, Celso Delmanto, Renato 
Marcão). 
Assim sendo, temos como crimes de ação penal pública cuja persecução 
depende de requisição do Ministro da Justiça os cometidos por estrangeiro contra 
brasileirofora do Brasil (artigo 7º, §3º, alínea “b”, do Código Penal), e também os 
crimes de injúria praticados contra o Presidente da República (artigo 141, inciso I, 
combinado com o parágrafo único do artigo 145, ambos do Código Penal, e artigo 26 
da Lei nº 7.170, de 14 de dezembro de 1983 – Lei de Segurança Nacional). 
Quanto a seus efeitos, a requisição não vincula o Ministério Público no 
sentido da obrigatoriedade da propositura da ação, pois não se refere a uma ordem. 
Assim, mesmo havendo requisição, compete ao Ministério Público o exame da 
presença dos requisitos necessários ao oferecimento da denúncia, podendo propor 
a ação penal ou requerer seu arquivamento. 
 
13 
 
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1.2 Princípios da ação penal pública 
 
Os princípios, “constituem importantes instrumentos para que os julgadores 
balizem suas decisões e também para que o legislador atue dentro de determinados 
parâmetros na elaboração das leis. Trata-se de diretrizes genéricas e servem para 
definir limites, fixar paradigmas ou alcance das leis, bem como para auxiliar em sua 
interpretação” (GONÇALVES, 2014, P. 74). 
A ação penal pública possui princípios que lhe são peculiares, como 
veremos a seguir: 
i. Princípio da Oficialidade: A ação penal deve ser proposta pelo Ministério 
Público, que é o órgão oficial para ingressar com a inicial acusatória, conforme artigo 
129, inciso I da Constituição Federal. Segundo TOURINHO FILHO “ao Estado, e só 
ao Estado, cumpre punir aquele que inobservou a norma penal. E continua 
afirmando que “o Ministério Público tem o exercício da ação penal, mas esta não lhe 
pertence, e sim ao Estado. Aí está, pois, o princípio da oficialidade. Quem propõe a 
ação penal pública incondicionada é um órgão do estado, o Ministério Público. 
Órgão “oficial”, órgão do Estado, portanto.” (2010, p. 166). 
ii. Princípio da Obrigatoriedade ou da Legalidade Processual: Determina 
que verificada a apuração do fato criminoso, o Ministério Público, na ação penal 
pública, está obrigado a propor a exordial acusatória (denúncia) para que o processo 
seja iniciado, desde que exista justa causa. É o que descreve o artigo 24 do Código 
de Processo Penal, ao dispor que a ação penal será promovida por denúncia do 
Ministério Público. 
Preconiza Renato Brasileiro de Lima que a “obrigatoriedade de oferecer a 
denúncia não significa que, em sede de alegações orais (ou de memoriais), o 
Ministério Público esteja sempre obrigado a pedir a condenação do acusado. Afinal, 
ao Parquet também incumbe a tutela de interesses individuais indisponíveis, como a 
liberdade de locomoção. 
Logo, como ao Estado não interessa uma sentença injusta, nem tampouco a 
condenação de um inocente, provada sua inocência, ou caso as provas coligidas 
não autorizem um juízo de certeza acerca de sua culpabilidade, deve o Promotor de 
Justiça manifestar-se no sentido de sua absolvição. A propósito, o art. 385 do CPP 
dispõe que, nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença 
14 
 
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condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição” (2014, 
p. 215). 
Se a regra é a obrigatoriedade para a propositura da ação penal pelo 
Ministério Público, a esta cabe exceção, como é o caso do instituto da Transação 
Penal, aplicável às infrações penais de menor potencial ofensivo, prevista no artigo 
76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, a qual, obedecidas as regras ao 
instituo inerentes, permite ao Ministério Público deixar de propor a denúncia em 
razão da oferta de uma medida alternativa diversa da pena privativa de liberdade, 
que, caso seja aceita pelo acusado, obstará o oferecimento da denúncia. 
iii. Princípio da Indisponibilidade: Como a ação penal pertence ao Estado, 
(salvo as exceções) e não ao Ministério Público, este não poderá dispor, para 
desistir, transigir, ou acordar, quer seja a ação penal pública incondicionada ou 
condicionada, de acordo com o que prescreve o artigo 42 do Código de Processo 
Penal. Também não poderá, de igual modo, desistir de recurso que haja interposto, 
nos termos do artigo 576 do Código de Processo Penal. 
Assim, é de competência do Ministério Público a propositura de ação penal 
pública quando se trata de crime, e, uma vez ajuizada, esta torna-se indisponível, 
podendo ninguém, nem mesmo o Ministério Público, desistir da ação, tampouco do 
recurso que haja interposto, porque mesmo existindo a vítima, o direito na ação 
penal pública é coletivo e não apenas do ofendido que teve seu bem jurídico violado. 
Portanto, caso a vítima não queria prosseguir com o processo, nenhum efeito terá a 
vontade da parte, diante da indisponibilidade da ação em comento. 
Existem situações em que haverá certa flexibilização traduzida pela exceção 
à aplicação do princípio em referência, como por exemplo, nos casos das infrações 
de menor potencial ofensivo, onde, de acordo com o que determina o artigo 89 da 
Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995: 
 “Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, 
abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá 
propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não 
esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes 
os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena”. 
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Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, 
ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
Se decorrido o prazo da suspensão, tendo o acusado cumprido devidamente 
as condições estabelecidas, o processo será extinto, consoante determina o artigo 
89, §5º da referida lei. 
IV. Princípio da Indivisibilidade: Muito embora não seja um consenso na 
doutrina, prevalece o entendimento de que caso haja a apuração de infração penal 
que contenha mais de um acusado relacionado ao mesmo fato criminoso, a ação 
penal deve ser proposta contra todos os coautores conhecidos. Nesse sentido, o 
Ministério Público não poderá escolher contra quem ofertará a ação penal, devendo 
estender contra todos aqueles que de fato praticaram a ação penal. 
Esse é o posicionamento de Tourinho Filho afirmando que “se a propositura 
da ação penal constitui um dever, é claro que o órgão do Ministério Público não 
pode escolher em relação a quem deva ela ser proposta” (2010, p. 169). 
Contudo, há posição contrária segundo a qual a ação penal pública é 
divisível, e que entende ser possível ao Ministério Público desmembrar o processo e 
contra apenas um dos acusados, sem prejuízo do prosseguimento das investigações 
quanto aos demais envolvidos. Corroborando a esse entendimento, há inúmeros 
julgados nos Tribunais Superiores que afirmam não ser possível a aplicação do 
princípio da indivisibilidade na ação penal pública. 
Nesse sentido: 
“HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO 
ORDINÁRIO. DESCABIMENTO.COMPETÊNCIA DO 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DESTE SUPERIOR 
TRIBUNAL DEJUSTIÇA. MATÉRIA DE DIREITO ESTRITO.ALEGAÇÃO DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA 
INDIVISIBILIDADE PARA JUSTIFICAR O TRANCAMENTO 
DA AÇÃO PENAL OU A MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA 
DO JUÍZO. INVIABILIDADE. NÃO CABIMENTO DO 
REFERIDO POSTULADO NA AÇÃO PENAL PÚBLICA. 
IMPOSSIBILIDADE DECONCESSÃO DA ORDEM DE 
OFÍCIO. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. "(...) Não é o 
que ocorre no caso, pois um acusado não pode alegar 
ofensa ao princípio da indivisibilidade - que não cabe na 
ação penal pública - para sustentar ilegalidade no fato de 
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estar sendo processado, e outro indivíduo, que teria 
incorrido na mesma conduta, não. Compete ao Ministério 
Público, na condição de dominus litis, avaliar se há 
elementos de autoria e materialidade suficientes para a 
propositura da ação penal pública. Se determinada pessoa 
não foi denunciada é porque com relação a ela não está 
formada a opinio delicti, cuja aferição compete, em tal 
caso, exclusivamente ao Parquet. Habeas corpus não 
conhecido. (STJ, Relator: Ministra LAURITA VAZ, Data de 
Julgamento: 27/11/2012, T5 - QUINTA TURMA) 
Intranscendência: A ação penal não pode passar da pessoa do acusado, 
como determina ao artigo 5º, inciso XLV da Constituição Federal. Seguindo referida 
orientação, Tourinho Filho explica que “a ação penal é proposta apenas em relação 
à pessoa ou às pessoas a quem se imputa a prática da infração” (2010, p. 171). 
Assim, a propositura da ação penal não pode prejudicar terceiros alheios a 
prática criminosa e não será possível, como por exemplo, a propositura da inicial 
acusatória em desfavor dos pais do menor de idade, ou ao irmão do réu que venha a 
falecer no curso do processo. 
Frisa-se que, preenchidos os requisitos para tanto, a morte do acusado não 
impede a possibilidade de se pleitear a indenização civil ex delicito, haja vista um 
dos efeitos da sentença penal condenatória é tornar certa a obrigação de reparar o 
dano causado e o interessado poderá pleiteá-la aos herdeiros do acusado na esfera 
cível. 
 
 
1.3 Da ação penal privada 
 
A regra é de que a ação penal é pública, cuja titularidade pertence ao 
Ministério Público. Mas existem situações que o Estado direciona a legitimidade de 
agir para o ofendido, ou seu representante legal, pois interessam diretamente à 
vítima, e nesses casos chamamos a ação penal de privada, de acordo com o que 
autoriza o artigo 30 do Código de Processo Penal que aduz: “Ao ofendido ou a quem 
tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada.” 
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ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
É importante destacar que mesmo a titularidade sendo da vítima, o direito de 
punir continua sendo do Estado, que “apenas concede ao ofendido ao seu 
representante legal o jus persequendi in judicio. Trata-se de um caso, no campo 
processual, de substituição processual (Tourinho Filho, 2010, p. 216). 
Os crimes de ação penal privada se procedem mediante o oferecimento de 
queixa-crime e encontram-se espalhados pelo Código Penal. Diante de sua 
excepcionalidade trazida pelo artigo 100, caput, a previsão sobre a titularidade da 
ação deve constar no tipo penal de forma expressa – “somente se procede mediante 
queixa.” 
De forma a exemplificar a disposição expressa quanto a titularidade da ação 
penal privada, trazemos os crimes contra a honra (artigos 138 a 145 do Código 
Penal), crimes contra a propriedade imaterial (artigos 183 a 195 do Código Penal), e 
o exercício arbitrário das próprias razões (artigo 345 do Código Penal), entre outros. 
O prazo para oferecimento da queixa-crime no caso de ação penal privada 
exclusiva e personalíssima é de 06 (seis) meses a contar da data do conhecimento 
do autor do fato, e com relação a ação penal privada subsidiária da pública, o prazo 
será de 06 (seis) meses a partir do dia em que se esgotar o limite para oferecimento 
da denúncia que deveria ter sido proposta pelo Ministério Publico, conforme 
determina o artigo 29 do Código de processo Penal. 
A ação penal privada se divide em três espécies, quais sejam: 
I. Propriamente dita ou exclusiva: É aquela que pode ser proposta pela 
vítima ou por seu representante legal. No caso de morte do ofendido ou declarada a 
sua ausência, o direito de propor a queixa-crime passará para qualquer uma das 
pessoas elencadas no artigo 31 do Código de Processo Penal, sendo elas: cônjuge, 
ascendente, descendente e irmão, os quais poderão prosseguir na ação penal já 
instaurada. 
São exemplos de crimes de ação penal privada exclusiva o dano (artigo 163, 
caput, e parágrafo único, IV do Código Penal), exercício arbitrário das próprias 
razões (artigo 345, parágrafo único do Código Penal) e os crimes de calúnia, injúria 
e difamação (artigos 138, 139, e 140 combinados com o artigo 145, todos do Código 
Penal). 
II. Personalíssima: A ação penal só poderá ser proposta pelo ofendido de 
maneira restrita. Nesse caso, com a morte da vítima, o direito de ingressar com a 
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queixa-crime não passa para outra pessoa de forma alguma, extinguindo-se a 
punibilidade do réu. Assim, o crime preceituado no artigo 236 do Código Penal 
(induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento para o casamento) e a 
titularidade para a propositura da ação penal fica a cargo do cônjuge enganado 
(artigo 236, parágrafo único do Código Penal). 
III. Subsidiária da pública ou supletiva: De acordo com o artigo 29 do 
Código de Processo Penal “será admitida ação privada nos crimes de ação pública, 
se esta não for intentada no prazo legal.” Portanto, se o Ministério Público não entrar 
com a ação penal que é pública, no prazo previsto, cabe ao ofendido propor ação 
penal privada subsidiária da pública. 
Nesse caso, a ação penal é originariamente de iniciativa pública, mas o 
Ministério Público não promove a ação penal no prazo estabelecido pela lei, e, em 
razão disso, o ofendido ou o seu representante legal poderão de forma subsidiária 
ajuizá-la, cuja previsão está determinada no artigo 5º, inciso LIX da Constituição 
Federal. 
 
1.3.1 Princípios da ação privada 
Princípio da Oportunidade ou Conveniência: a vítima não está obrigada a 
promover a ação penal, mesmo estando presentes as condições necessárias para a 
propositura da ação. Cabe ao ofendido optar por ingressar com a ação penal em 
desfavor daquele que violou seu bem jurídico tutelado pelo estado. Portanto, trata-se 
de uma faculdade da vítima em propor ou não a queixa-crime no prazo legal. 
Cumpre-nos salientar que caso não seja proposta a ação penal no prazo 
legal, haverá o instituto da decadência, que consiste na perda do direito de ingressar 
com a inicial acusatória em virtude de não tê-la feito no limite temporal exigido pela 
lei, consoante determina o artigo 38 do Código de processo Penal, imperando-se a 
extinção da punibilidade do agente, com fulcro no artigo 107, inciso IV do Código 
Penal. 
Pode ocorrer também a possibilidade do ofendido renunciar, dentrodo prazo 
decadencial, ao direito de oferecer a queixa-crime em desfavor do infrator, que 
consiste na desistência do direito de ingressar com a ação penal privada antes do 
término para fazê-lo, podendo se dar de forma expressa ou tácita Na renúncia 
expressa a vítima declarará que não exercerá seu direito de queixa e “constará de 
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declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com 
poderes especiais” de acordo com o artigo 50 do Código de Processo Penal. 
Já a renúncia tácita, o ofendido pratica ato incompatível com a intenção de 
iniciar a ação penal, o que faz presumir a ausência de vontade para propor a ação 
penal o que pode ser demonstrado por qualquer meio de prova, segundo o artigo 57 
do Código de Processo Penal. Cite-se, como exemplo, o fato de a vítima convidar o 
ofensor para ser padrinho de seu casamento, demonstrada está a renúncia tácita ao 
direito de agir. 
A renúncia ocorre antes da propositura da ação penal e é irretratável, 
consistindo em ato unilateral do ofendido, tendo em vista que não exige a aceitação 
por parte do ofensor. Caso haja mais de um infrator, o artigo 49 do Código de 
Processo Penal dispõe que “a renúncia ao direito de queixa, em relação a um dos 
autores do crime a todos se estenderá.” 
Princípio da Disponibilidade: Cabe ao ofendido decidir ingressar com uma 
ação penal contra o autor do fato, mas poderá a qualquer tempo desistir do 
prosseguimento do processo. Assim, a vítima que decide se quer prosseguir até o 
final da ação penal. A disponibilidade pode se ocorrer de duas formas: I. através 
perempção (artigo 60 do Código de Processo Penal); ou II. pelo perdão do ofendido 
(artigo 51 do Código de Processo Penal), sendo que os dois institutos são causas de 
extinção da punibilidade e aplicam-se a todos os tipos de ações privadas, com 
exceção da ação privada subsidiária da pública, uma vez que, nesta, o dever de agir 
cabe ao órgão do Ministério Público. 
Trata-se a perempção da própria desídia do ofendido, que embora tenha 
exercido seu direito de ação com a propositura da inicial acusatória, se torna inerte 
ao processo instaurado por sua vontade. Leciona Gustavo Badaró que “A 
perempção é a extinção do direito de ação, pelo desinteresse ou neglig6encia do 
querelante em prosseguir coma a ação” (apud, MARCÃO, p. 254). 
O instituto da perempção é aplicável apenas da ação penal privada 
exclusiva e personalíssima, pois no caso da ação penal privada subsidiária da 
pública, caso o querelante deixe de dar andamento ao processo, o Ministério Público 
poderá retomar a ação penal como parte. 
Com relação ao perdão do ofendido, só tem cabimento na ação penal 
privada exclusiva e personalíssima, possibilitando ao querelante (ofendido) mesmo 
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depois de ajuizada a ação penal privada, a possibilidade de perdoar o querelado 
(ofensor) abdicando do direito de prosseguir com o processo. Assim, de acordo com 
o artigo 105 do Código penal, “o perdão do ofendido, nos crimes em que se somente 
se procede mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação.” 
O perdão da vítima é ato bilateral por carecer da aceitação do ofensor para 
que produza seus efeitos jurídicos, tendo em vista a possibilidade de o réu querer 
provar sua inocência em juízo, devendo o perdão ocorrer antes do trânsito em 
julgado da decisão. Na existência de mais um querelado, o perdão oferecido a um, a 
todos aproveita, mas só terá efeito ao que aceitar, prosseguindo-se o feito em 
desfavor deste (artigo 51, parte final combinado com o artigo 106, inciso III, ambos 
do Código Penal). 
A aceitação do perdão do ofendido pode ocorrer de forma tácita, resultante 
de ato incompatível com o desejo de prosseguir coma ação penal (art. 106, § 1º do 
Código de Processo Penal) e de forma expressa, ocasião em que o querelado 
deverá “ser intimado a dizer, no prazo de 03 (três) dias, se o aceita, devendo, ao 
mesmo tempo, ser cientificado de que seu silêncio importará em aceitação” (art. 58 
do Código de Processo Penal). Com relação ao prazo para a oferta do perdão, esse 
se dará até o trânsito em julgado da sentença, conforme autoriza o artigo 106, § 2º 
do Código Penal. 
Princípio da Indivisibilidade: possuo previsão expressa no artigo 48 do 
Código de Processo Penal, in verbis: "A queixa contra qualquer dos autores do crime 
obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua 
indivisibilidade.” Portanto, a ação penal privada tem que ser proposta contra todos 
os coautores conhecidos segundo preconiza o artigo 48 do Código de processo 
Penal. 
O Estado dá ao ofendido a possibilidade de propositura da ação penal, mas, 
com base nesse princípio, a vítima não tem a faculdade de propor a ação penal em 
face de apenas um autor do fato, quando, na verdade, existiu mais de um agente na 
infração penal. Cabe ao ofendido dizer se propõe ou não a ação penal. Contudo, 
não lhe cabe escolher quem irá processar ou não. 
 
 
 
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CAPÍTULO 2 – DENÚNCIA E QUEIXA 
 
A elaboração de uma petição inicial pela parte que possui a titularidade é 
condição necessária à propositura da ação penal, peça onde deverá atender a todos 
os requisitos exigidos por lei, como a exposição por escrito dos fatos que, em tese, 
constituem o ilícito penal. Deve conter ainda, de forma manifesta, o interesse de que 
seja aplicada a lei penal ao presumido autor da infração, bem como a indicação das 
provas em que se fundamenta a pretensão punitiva. 
Nesse sentido, o Código de Processo Penal divide as espécies de exordial 
acusatória entre denúncia e queixa-crime. Chamamos de denúncia o petitório 
inaugural oferecido pelo Ministério Público nos crimes de ação penal pública 
(incondicionada ou condicionada à representação do ofendido ou requisição do 
Ministro da Justiça), nos moldes do artigo 24 do Código de Processo Penal. E será 
denominada de queixa-crime a inicial proposta pelo ofendido ou seu representante 
legal nos crimes de ação penal privada, consoante preceitua o artigo 100, § 2º do 
Código Penal. 
Através do conceito etimológico, a palavra denúncia, ou seja, a “peça 
inauguratória de ação penal, de iniciativa do Ministério público” (Larousse Cultural. 
Dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Editora Universo, 1992, p. 317), advém 
do verbo denunciar, do latim denuntiare, significando anunciar, “fazer denúncia de; 
acusar, delatar”. 
Em sentido estrito, na técnica do Direito Penal, para o autor De Plácido e 
Silva, “diz-se denúncia o ato mediante o qual o representante do Ministério Público 
formula sua acusação perante o juiz competente a fim de que se inicie a ação penal 
contra a pessoa a quem se imputa a autoridade de um crime ou contravenção”. 
O doutrinador Fernando da Costa Tourinho Filho conceitua a denúncia 
como: [...] o ato processual por meio do qual o Representante do MinistérioPúblico 
leva ao conhecimento do Juiz, respaldado em provas colhidas no inquérito ou em 
outras peças de informação, a notícia de uma infração penal, diz quem a cometeu e 
pede seja instaurado o respectivo processo em relação a ele. 
O referido autor expõe ainda que “a denúncia, na técnica processual 
brasileira, significa a peça inaugural da ação penal, quando promovida pelo 
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ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
Ministério Público”. E, seguindo em sua obra, conclui o conceito da seguinte forma: 
“Assim, a denúncia é o ato processual por meio do qual o Estado-Administração, 
pelo seu órgão competente, que é o Ministério Púbico, dirige-se ao Juiz, dando-lhe 
conhecimento de um fato que reveste os caracteres de infração penal e 
manifestando a vontade de ver aplicada a sanctio júris ao culpado.” 
No mesmo sentido, porém de forma um pouco mais abrangente, Hidejalma 
Muccio traz o seguinte conceito de denúncia: 
“A denúncia constitui o ato processual escrito ou oral do órgão 
do Ministério Público que, em nome do Estado-Administração, 
nos crimes de ação penal pública, seja incondicionada, ou 
condicionada à requisição do Ministro da Justiça, ou à 
representação do ofendido ou de quem legalmente o 
represente, desde que presente a condição (representação ou 
requisição), invoca perante o Estado-Juiz a prestação da tutela 
jurisdicional, deduzindo-lhe com observância dos requisitos 
previstos no art. 41 do Código de Processo Penal e demais 
outros decorrentes do próprio ordenamento jurídico processual 
penal, a pretensão punitiva, dano início à ação (ao processo) 
contra o autor da infração penal, objetivando sua 
responsabilização e a aplicação do Direito Penal objetivo.” 
(MUCCIO, Hidejalma. 2001, p. 17). 
 
Utilizando-se de analogia ao Direito Civil, José Frederico Marques explica 
que “a denúncia está para a ação penal pública como a petição inicial para a ação 
civil. Uma e outra constituem o instrumento formal da apresentação do pedido em 
juízo para ser dado início à ação” (MARQUES, José Frederico.2001, p. 135), 
instaurando-se, após a citação do acusado, a instância ou relação processual. 
Segundo o aludido autor, a denúncia seria, portanto “o ato processual em 
que se formaliza a acusação, ou ato instrumental para início da actio poenalis de 
caráter público.” (MARQUES, José Frederico. 2001, p. 135). 
 
 
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2.1 Requisitos 
 
De forma exemplificativa, o artigo 41 do Código de Processo Penal colaciona 
exigências que deverão ser obedecidas no momento da formulação da denúncia ou 
queixa, sob pena da exordial acusatória ser rejeitada. 
Ensina o jurista, Fernando Capez, sobre o tema: 
“A denúncia ou a queixa são peças acusatórias iniciadoras da 
ação penal, consistem em uma exposição por escrito de fatos 
que constituem, em tese, ilícito penal, com a manifestação 
expressa da vontade de que se aplique a lei penal a quem é 
presumivelmente seu autor e a indicação das provas em que 
se alicerça a pretensão punitiva. A denúncia é a peça 
acusatória inaugural da ação penal pública (condicionada ou 
incondicionada); a queixa, peça acusatória inicial da ação penal 
privada.” (CAPEZ, 2008, p. 148). 
 
Assim, os requisitos para a propositura da inicial acusatória estão contidos 
no artigo 41 do Código de Processo Penal, são eles: 
-Descrição do fato em todas suas circunstâncias: deve o titular da ação 
penal (Ministério Público ou Ofendido) descreve de forma minuciosa o fato criminoso 
de forma a permitir o exercício da ampla defesa e o respeito ao contraditório, não 
bastando para tanto, a mera menção à infração penal. 
--Qualificação do acusado ou fornecimento de dados que possibilitem sua 
identificação: a inicial acusatória deve mencionar a qualificação do acusado, e caso 
não disponha dos elementos civis, é possível informar as características físicas ou 
apelido, deficiência ou tatuagem para que possa de forma inequívoca ser 
encontrado. 
-Classificação jurídica do fato: necessário se faz referida classificação, vez 
que o Acusado se defende dos fatos e não da capitulação jurídica. 
-Rol de testemunhas (se houver): Caso não seja apresentado o rol de 
testemunhas no momento do oferecimento da denúncia ou queixa, a prova será 
considerada preclusa, não sendo possível a indicação de testemunhas em 
aditamento à inicial ou em outra oportunidade processual, a não ser que haja 
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referência a determinada pessoa no curso da instrução, oportunidade em que 
poderá ser requerida a oitiva da testemunha pelo Juízo. 
--Pedido de condenação; 
-Endereçamento da petição: a quem se destina dentro das regras de 
competência estabelecida nos artigos 69 e seguintes do Código de Processo Penal. 
--Nome, cargo e a posição funcional do denunciante; 
-Assinatura. 
Impende destacar que a não observância dos requisitos citados resultará na 
inépcia da inicial acusatória e tem por consequência a sua rejeição, nos moldes do 
art. 395, inciso I, do Código de Processo Penal, conforme restará abaixo explicitado 
 
2.1.1 Endereçamento 
No sentido de se determinar o órgão que será responsável para o 
processamento do feito de acordo com a lei, o petitório inaugural deve conter o 
correto endereçamento do juiz ou tribunal competente para o processo. 
É importante ressaltar que o endereçamento equivocado caracteriza mera 
irregularidade sanável com a remessa dos autos ao juiz competente. Confira-se: “o 
endereçamento equivocado não impede o recebimento da vestibular acusatória, 
sanando-se, irregularidade, com a remessa ou recebimento dos autos pelo Juízo 
realmente competente (STF, RHC 60.126). 
 
2.1.2 Qualificação do acusado ou fornecimento de dados que possibilitem sua 
identificação 
Faz-se necessário apontar na exordial acusatória o conjunto de qualidades 
pelas quais se possa identificar o denunciado, distinguindo-o das demais pessoas 
pela identificação através do nome, sobrenome, endereço, filiação entre outros. 
Qualificar, conforme leciona Fernando Capez, “é apontar o conjunto de 
qualidades pelas quais se possa identificar o denunciado, distinguindo-o das demais 
pessoas.” (CAPEZ, 2008, p. 150). Esta qualificação somente é prescindível se for 
possível obter-se a identificação do acusado, seja por identificação datiloscopia, 
exame de DNA, reconhecimento pessoal da vítima, ou mediante outros dados. 
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Diante da impossibilidade de qualificação direta, a identificação poderá ser 
através do fornecimento de traços físicos característicos do autor (sexo, altura, cor, 
idade,etc...) conforma autoriza o artigo 259 do Código de Processo Penal. 
Contudo, ante a dificuldade em se qualificar de modo completo o acusado, 
deve-se levar em conta os vários sinais singulares que possam individualizá-lo, 
sempre tendo em vista que, caso essa qualificação não seja possível, a denúncia 
será rejeitada por desrespeito ao seu aspecto formal. 
Assim explica o doutrinador Fernando da Costa Tourinho Filho: 
“Pode acontecer de alguém ser preso em flagrante e continuar 
preso. Nenhuma dúvida quanto à identidade física. Quando do 
interrogatório, a cargo da Autoridade Policial, o indiciado 
forneceu dados inexatos a respeito de sua identidade civil: 
nome, filiação, endereço etc. (Pode até configurar o crime de 
falsa identidade). Como proceder o Promotor quando for ofertar 
denúncia? Limitar-se-á a louvar-se nas informações prestadas 
(a menos haja prova em contrário), e se, no curso da instrução 
ou da execução da pena, for descoberta sua verdadeira 
identidade, será feita a devida correção, nos termos do art. 259 
CPP. Aliás, quando do envio da ficha datiloscopia ao 
Departamento de Investigação, se ele já foi identificado, a 
correção será feita mais facilmente. Se não for possível a 
descoberta da sua identidade real, ele cumprirá a pena sob 
aqueles dados falsos.” (TOURINHO FILHO, Fernando da 
Costa. Manual de processo penal, 2010, p. 143). 
 
2.1.3 Descrição dos fatos em todas as suas circunstâncias 
A denúncia e a queixa-crime devem ser precisas, não podendo haver 
acusação vaga; com o objetivo de permitir a ampla defesa e viabilizar a aplicação da 
lei penal, deve ser feita com a correta delimitação do tema ou imputação do fato 
criminoso. Para tanto, devem ser incluídas todas as circunstâncias que cercam o 
fato, principalmente as elementares. 
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ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
Entretanto, as circunstâncias acidentais, como é o caso das agravantes 
genéricas, quando não mencionadas na denúncia, podem ser supridas até a 
sentença, consoante o artigo 569 do Código de Processo Penal. 
No caso de concurso de agentes, quando não for o caso de ações 
uniformes, e houver divisão de tarefas, a denúncia deve indicar de forma precisa a 
conduta de cada um dos coautores ou partícipes, afinal o artigo 29 do Código Penal 
prevê que a pena seja aplicada na medida da culpabilidade de cada agente. 
Nem sempre é possível ser individualizada a conduta de cada um dos 
coautores e partícipes. Para tanto, Fernando Capez aduz que os tribunais têm 
admitido a narração genérica da conduta desses agentes, devendo, entretanto, o 
autor deixar bem clara a existência das elementares do concurso de agentes.( 
CAPEZ, 2008, p. 148). Segue, o autor em referência, expondo o atual entendimento 
dos tribunais superiores acerca deste assunto: 
“No caso dos crimes de autoria coletiva, o Superior Tribunal de 
Justiça vem entendendo que, quando a acusação não tem 
elementos para especificar a conduta de cada coautor e 
partícipe, a fim de não viabilizar a persecução penal, é possível 
fazer uma narração genérica do fato, sem descrever a conduta 
de cada um, uma vez que a inaugural poderá ser emendada 
até a sentença condenatória. ([...] 6ª T., RHC 2.438-4, j. 4-5-
1993; 6ª T., HC 2.840-6, j. 11-10-1994; 5ª T., RHC 4. 251-6, j. 
15-2-1995; 6ª T., HC 4.721/RJ, rel. Min. William Patterson, 
DJU, 28 Abr. 1997, p. 15918.” (CAPEZ, Fernando. Curso de 
processo penal, 2008, p. 149). 
[...] Na mesma linha, o Supremo Tribunal Federal vem se 
posicionado, sob o argumento de que a impunidade estaria 
assegurada se se reclamasse do Ministério Público, no 
momento da denúncia, a individualização das condutas, dada a 
maneira como os delitos de autoria coletiva são cometidos.” ( 
[...] STF, HC 73.903-2/ CE, DJU, 25 abr. 1997, p. 15200.” 
(CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal, 2008, p. 149). 
“[...] Convém frisar, no entanto, que a peça acusatória não 
pode, a pretexto de ser genérica, omitir os mais elementares 
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requisitos que demonstrem estar presentes as indispensáveis 
condições para a causa petendi. A atuação do rigorismo do art. 
41 do Código Penal, não implica em admitir-se denúncia que 
nem de longe demonstre a ação ou omissão praticada pelos 
agentes, o nexo de causalidade com o resultado danoso ou 
qualquer elemento indiciário de culpabilidade[...]” (Nesse 
sentido, STJ, 1ª T., HC 3.335-3, rel Min. Cid Flaquer 
Scartezzini, j. 24-5-1995, v. u., DJU, 7 out. 1995, p. 23050.” 
(CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal, 2008, p. 149). 
Diante da impossibilidade da denúncia ou queixa serem 
imprecisas, é que também não se admite que estas sejam 
alternativas, pois torna a acusação incerta, além de dificultar ou 
até mesmo inviabilizar o exercício da defesa. 
 A descrição do fato jurídica é necessária pois possibilita o acesso ao 
acusado, logo de início, ao exercício da ampla defesa. “Conhecendo com precisão 
todos os limites da imputação, poderá o acusado a ela se contrapor o mais 
amplamente possível, desde, então, a delimitação temática da peça acusatória, em 
que se irá fixar o conteúdo da questão penal.” (Pacelli, 2009, p. 144). 
Assim, “a descrição do fato deve ser minuciosa, não se admitindo a 
imputação vaga e imprecisa, que impossibilite ou dificulte o exercício da defesa. O 
autor deve incluir na peça inicial todas as circunstâncias que cercaram o fato, sejam 
elas elementares ou acidentais, que possam, de alguma forma, influenciar na 
apreciação do crime e na fixação e individualização da pena. Se a deficiência na 
narrativa não impedir a compreensão da acusação a denúncia deve ser recebida. A 
omissão de alguma circunstância acidental (não constitutiva do tipo penal) não 
invalida a queixa ou a denúncia, podendo ser suprida até a sentença”. (CPP, art. 
569).( CAPEZ, 2008, p. 148.) 
Nesse sentido é o entendimento do Supremo Tribunal Federal: 
 ‘o processo penal do tipo acusatório repele, por ofensivas à 
garantia da plenitude de defesa, quaisquer imputações que se 
demonstrem vagas, indeterminadas, omissas ou ambíguas. 
Existe, na perspectiva dos princípios constitucionais que regem 
o processo penal, entre a obrigação estatal de oferecer 
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acusação formalmente precisa e juridicamente apta e o direito 
individual de que dispõe o acusado à ampla defesa. A 
imputação penal omissa ou deficiente, além de constituir 
transgressão do dever jurídico que se impõe ao Estado, 
qualifica-se como causa de nulidade absoluta’ (1ª T., HC 
70.763-DF, rel Min. Celso de Mello, DJU, Séc. I, 23 set. 1994, 
p. 514) 
Já com relação aos crimes societários de autoria coletiva, o 
Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça de maneira majoritária 
não admitem que a denúncia seja genérica, devendo a inicial acusatória descrever 
de forma pormenorizada a conduta de cada um. Veja-se posicionamento a respeito: 
STF:1) Habeas Corpus. Crimes contra o Sistema Financeiro 
Nacional (Lei no 7.492, de 1986). Crime societário. 2) Alegada 
inépcia da denúncia, por ausência de indicação da conduta 
individualizada dos acusados. 3) Mudança de orientação 
jurisprudencial, que, no caso de crimes societários, entendia 
ser apta a denúncia que não individualizasse as condutas de 
cada indiciado, bastando a indicação de que os acusados 
fossem de algum modo responsáveis pela condução da 
sociedade comercial sob a qual foram supostamente praticados 
os delitos. Precedentes: HC nº 86.294-SP, 2ª Turma, por 
maioria, de minha relatoria, DJ de 03.02.2006; HC nº 85.579-
MA, 2ª Turma, unânime, de minha relatoria, DJ de 24.05.2005; 
HC nº 80.812-PA, 2ª Turma, por maioria, de minha relatoria p/ 
o acórdão, DJ de 05.03.2004; HC nº 73.903-CE, 2º Turma, 
unânime, Rel. Min. Francisco Rezek, DJ de 25.04.1997; e HC 
nº 74.791-RJ, 1ª Turma, unânime, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 
de 09.05.1997. 4) Necessidade de individualização das 
respectivas condutas dos indiciados. 5) Observância dos 
princípios do devido processo legal (CF, art. 5o, LIV), da ampla 
defesa, contraditório (CF, art. 5º, LV) e da dignidade da pessoa 
humana (CF, art. 1º, III). Precedentes: HC no 73.590-SP, 1º 
Turma, unânime, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 13.12.1996; e 
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HC nº 70.763-DF, 1ª Turma, unânime, Rel. Min. Celso de 
Mello, DJ de 23.09.1994. 6) No caso concreto, a denúncia é 
inepta porque não pormenorizou, de modo adequado e 
suficiente, a conduta do paciente. 7) Habeas corpus deferido. 
[HC 86879 ― Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA ― Rel. p/ 
Acórdão: Min. GILMAR MENDES ― Julgamento: 21/02/2006 
―2ª Turma ― DJU 16/06/2006, p.28] 
STJ: HABEAS CORPUS. DIREITO PROCESSUAL PENAL. 
CRIME CONTRA A ORDEM ECONÔMICA. DENÚNCIA 
GENÉRICA. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ORDEM 
CONCEDIDA. 1) A denúncia, à luz do disposto no artigo 41 do 
Código de Processo Penal, deve conter a descrição do fato 
criminoso, com todas as suas circunstâncias e, por 
consequência, no caso de concurso de agentes, a definição da 
conduta de cada autor ou partícipe. 2) A imputação genérica, 
que culmina por inverter o ônus da prova, fazendo incumbência 
do denunciado demonstrar que nada teve a ver com o fato 
descrito na acusatória inicial, nega a garantia constitucional à 
ampla defesa. 3) Ordem concedida. [HC 35251/MG 
(2004/0062450-7) ― Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO 
― 6ª Turma ―Julgamento: 04/10/2005 ― DJU 01/08/2006, p. 
549] 
 
2.1.4 Classificação jurídica do fato 
A correta classificação da infração penal, embora seja necessária, não é 
requisito essencial da denúncia, já que o juiz, nos moldes dos artigos 383 e 384 do 
Código de Processo Penal, poderá dar classificação diversa àquela trazida na peça 
inaugural, ou seja, o Juiz só está adstrito aos fatos narrados na exordial, e o 
acusado também se defende do que foi narrado quanto à sua pretensa conduta 
cometida e não da capitulação que dela resulta. 
Inclusive, caso se verifique novas provas de que os fatos ocorreram de 
forma diversa, a classificação poderá ser modificada, conforme permite artigo 384 do 
Código de Processo Penal. Ainda, eventual erro na tipificação da infração penal, 
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poderá ser corrigido até a prolação da sentença, consoante permite o artigo 383 do 
mesmo Diploma. 
Assim, é possível que o juiz exerça certo controle sobre as petições iniciais 
oferecidas pelo Ministério Público ou querelante, recebendo-as já na fase vestibular 
do processo com capitulação legal diversa da indicada pelo titular da ação penal 
quando constatado de plano excessos no poder de acusar. 
No que diz respeito ao dispositivo legal imputado ao réu, este deverá 
necessariamente restar expresso na peça acusatória, não bastando somente a 
menção da nomenclatura jurídica, já que é de fundamental importância para o 
encaminhamento para a vara competente, resultando na competência para o 
processamento do feito. 
 
2.1.5 Pedido de condenação 
O requerimento final é a conclusão lógica da causa de pedir apontado na 
peça inaugural, sendo, de rigor, a formulação do pedido de condenação do acusado. 
De acordo com os ensinamentos de Renato Marcão “como petição inicial que são, a 
denúncia, e também a queixa devem conter pedido de condenação do apontado 
autor do delito, conforme os fatos narrados. 
A inicial acusatória não se presta a simples comunicação de um fato, de 
maneira que incumbe àquele que apresentá-la em juízo deduzir pedido 
juridicamente possível. Cabe ao autor da ação penal postular a prestação 
jurisdicional condenatória. Se, ao contrário, a petição não contiver pedido, não 
poderá ser recebida. Vale dizer: deve ser rejeitada” (MARCÃO,2014, p. 266). 
 
2.1.6 Rol de testemunhas 
O arrolamento das testemunhas é facultativo por ocasião da propositura do 
petitório inaugural, entretanto, caso não seja apresentado nesta oportunidade – 
quando do oferecimento da denúncia –, haverá preclusão da prova. 
Impende esclarecer que, com fundamento no princípio da Busca da Verdade 
Real, havendo esquecimento ou até mesmo diante da impossibilidade de arrolá-las 
no momento em que a lei exige, e estas surgirem no curso do processo, é possível 
indicar ao juiz as testemunhas relevantes ao deslinde da causa e requerer a oitiva 
delas como sendo testemunhas do juízo (artigo 209 do Código de Processo Penal). 
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2.2 Prazos 
 
O artigo 46 do Código de Processo Penal dispõe que o prazo para 
oferecimento da denúncia é, em regra, de 15 (quinze) dias se o denunciado estiver 
solto, e de 05 (cinco) dias caso o acusado esteja preso, contados a partir do dia em 
que o Ministério Público receber os autos do Inquérito Policial. 
Segundo Renato Marcão, “caso o Ministério Público requeira diligências 
(CPP, art. 16), o prazo de 15 (quinze) dias será restituído integralmente e voltará a 
correr da data em que referido órgão receber novamente os autos” (2014, p. 269). 
A legislação extravagante possui prazos diversificados para o oferecimento 
da denúncia ou queixa, sendo eles: 
-02 (dois) dias, nos crimes contra a economia popular (artigo 10 da Lei nº 
1.521, de 26 de dezembro de 1951); 
--10 (dez) dias crimes eleitorais (artigo 357 da Lei nº 4.737, de 15 de julho de 
1965); 
-48 (quarenta e oito) horas, nos crimes de abuso de autoridade (artigo 13 da 
Lei nº 4.898, de 09 de dezembro de 1965); 
-10 (dez) dias, nos crimes de tráfico de drogas e assemelhados (artigo 54 da 
Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006). 
Com relação ao oferecimento da queixa-crime, o prazo para o oferecimento 
é decadencial e será em regra de 06 (seis) meses, a contar da data do 
conhecimento da autoria da infração penal na ação penal privada propriamente dita 
e personalíssima., conforme determina o artigo 38 do Código de Processo Penal. 
Consoante ensinamento de Renato Marcão “na contagemdo prazo 
decadencial, segue-se a regra do artigo 10 do Código Penal, segundo o qual deve 
ser computado o dia do começo e excluído o dia final. Vencido o prazo sem 
ajuizamento da inicial, operar-se-á a decadência do direito de queixa, devendo o juiz 
julgar extinta a punibilidade com fundamento no artigo 107, inciso IV, do Código 
Penal” (2014, p. 270). 
No que tange à propositura da peça inaugural da ação penal privada 
subsidiária da pública, o prazo será de 06 (seis) meses a contar do término do prazo 
do Ministério Público para propor a ação penal. 
 
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2.3 Causas de rejeição da denúncia ou queixa 
 
Se a petição inicial atender os requisitos exigidos pela lei, será recebida e 
dará início à fase judicial da persecução penal, determinando, assim, a citação do 
acusado para responder os termos da acusação. Portanto, “o despacho do juiz, 
atestando a perfeição técnica da inicial acusatória, formaliza o início da do processo 
penal, que estará integralizado com a realização da citação (art. 363, CPP). 
Contudo, impõe-se que a inicial atenda não só aos requisitos formais do art. 
41 do CPP, como também não esteja maculada por uma daquelas hipóteses 
esboçadas no art. 395 do CPP, que levariam à sua rejeição” (TÁVORA, 2013, p. 
199). 
Já Renato Marcão coloca que “deve ser rejeitada a inicial acusatória que não 
estiver formalmente em ordem e substancialmente autorizada (amparada em 
elementos de convicção colhidos em inquérito policial; termo circunstanciado ou 
outros documentos que lhe sirvam de base)” (2014, p. 853). 
Assim, o artigo 395 do Código de Processo Penal determina as causas que 
farão o juiz rejeitar a denúncia ou queixa, quais sejam: 
-Inépcia da inicial (artigo 395, inciso I, do Código de Processo Penal): 
Consistindo na falta de atendimento dos requisitos quanto à forma e conteúdo da 
peça inicial, bem como os demais indicados no artigo 41 do Código de Processo 
Penal; 
-Falta de pressuposto processual ou condição para o exercício da ação 
penal (artigo 395, inciso II, do Código de Processo Penal): Refere-se a ausência de 
capacidade para ser parte, diante da ilegitimidade ativa ou passiva, bem como falta 
de possibilidade jurídica do pedido e interesse de agir; 
Uma das correntes doutrinárias entende que os pressupostos processuais 
são as condições mínimas para a existência da relação processual, que são: um 
órgão investido de jurisdição, o pedido e as partes. Presente essas condições, a 
relação processual existe. 
Uma outra corrente doutrinária não se contenta com os chamados 
pressupostos de existência, porque não basta que a relação processual seja 
constituída; é preciso que ela, uma vez existente, se desenvolva validamente. 
Falam, então, nos pressupostos de validez. Sustentam que, sem os de existência, 
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haverá um “não-processo”, enquanto que a ausência dos pressupostos de validez 
“implica na existência do processo, porém, inválido, ineficaz...” São, assim, 
pressupostos de validade tudo quanto é exigido para a validade da relação 
processual constituída, como um órgão jurisdicional competente, não suspeito ou 
impedido, a existência de coisa julgada ou de litispendência, a ausência de nulidade 
etc.” (MUCCIO, Hidejalma. 2001, p. 72.) 
Já as condições da ação, “são os requisitos essenciais para que possa 
exercer o direito de ação e, assim, ter direito ao julgamento do mérito.” (Mendonça, 
2008, p. 260). 
Estas, segundo a maior parte da doutrina, estão divididas em três condições: 
a) possibilidade jurídica do pedido; 
b) legitimidade da parte (legitimatio ad causam) ou legitimidade de agir; e 
c) Interesse de agir ou interesse legítimo. 
-Falta de justa causa para o exercício da ação penal (artigo 395, inciso III, 
do Código de Processo Penal): É imprescindível a existência de indícios, ainda que 
mínimos, para o exercício da ação penal. Consistem estes nos indícios de autoria e 
materialidade delitiva, sendo, outrossim, necessário que haja conexão entre os fatos 
que foram apurados e a imputação dirigida ao acusado. 
Nesse diapasão, “para ser viável a ação penal, além da regularidade da 
inicial acusatória, é preciso estar demonstrada a ocorrência do ilícito penal imputado, 
a autoria e a materialidade (sendo caso), razão pela qual deve estar acompanhada 
de elementos de convicção” (MARCÃO, 2014, p. 857). 
Impende ainda destacar que conforme explica Andrey Borges de Mendonça, 
a jurisprudência é contumaz em entender que inexiste justa causa para a ação penal 
nos seguintes casos, a) quando o fato for manifestamente atípico; 
b) quando já estiver extinta a punibilidade; e 
c) quando a imputação não vier lastreada em um mínimo suporte probatório, 
a demonstrar a sua viabilidade e seriedade da acusação. 
Neste sentido, é o entendimentos nos seguintes julgados: 
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 168, §1º, III, 
DO CP. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. FALTA DE 
JUSTA CAUSA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. AUSÊNCIA DE 
DOLO. I - O trancamento de ação por falta de justa causa, 
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na via estreita do writ, somente é viável desde que se 
comprove, de plano, a atipicidade da conduta, a incidência de 
causa de extinção da punibilidade ou ausência de indícios de 
autoria ou de prova sobre a materialidade do delito, hipóteses 
não ocorrentes na espécie (Precedentes). II - In casu, se a 
recorrente não foi a destinatária da ordem judicial, constata-se, 
prima facie, que não agiu com dolo, de modo que deve ser 
trancada a ação penal contra ela instaurada pela suposta 
prática do delito de desobediência. Recurso provido. (Superior 
Tribunal de Justiça .Habeas Corpus nº 17046, da 5ª Turma. 
Relator: Min. Felix Fischer). 
PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS 
CORPUS. ART. 297 DO CÓDIGO PENAL. TRANCAMENTO 
DA AÇÃO PENAL. FALTA DE JUSTA CAUSA. ALEGAÇÃO DE 
ATIPICIDADE DA CONDUTA DESCRITA NA DENÚNCIA E DE 
EQUÍVOCO NA QUALIFICAÇÃO JURÍDICA DO FATO. I - O 
trancamento de ação por falta de justa causa, na via estreita do 
writ, somente é viável desde que se comprove, de plano, a 
atipicidade da conduta, a incidência de causa de extinção da 
punibilidade ou ausência de indícios de autoria ou de prova 
sobre a materialidade do delito, hipóteses não ocorrentes na 
espécie (Precedentes). II - O delito previsto no art. 301, § 1º, do 
Código Penal não é próprio, podendo qualquer pessoa ser seu 
sujeito ativo. (Precedentes) III- In casu, se o objeto da falsidade 
material foi certidão negativa de débito, o delito imputado ao 
paciente na exordial acusatória deve, em atendimento ao 
princípio da especialidade, ser desclassificado do art. 297, 
caput, para o art. 301, § 1º, do Código Penal. IV - Se pena 
máxima cominada ao crime de falsidade material de atestado 
ou certidão é de 2 (dois) anos, e, entre a data do fato e o 
recebimento da denúncia transcorreu o referido lapso

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