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Da Citação à Execução Penal

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Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, 
ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
DA CITAÇÃO 
À EXECUÇÃO PENAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 
 
0800 283 8380 
 
www.ucamprominas.com.br 
 
 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, 
ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
RESUMO DA UNIDADE 
 
Esta unidade analisará em âmbito processual penal, as prisões cautelares e as 
medidas cautelares diversas da prisão as nulidades, os recursos e também a 
execução penal. Especificamente, foram enfocadas: a) as espécies de prisão 
cautelar e as demais medidas cautelares; b) a diferenciação entre nulidade relativa e 
absoluta; c) as espécies de recursos criminais; e d) os institutos da execução penal. 
Trata-se de uma pesquisa desenvolvida para detalhar cada um dos capítulos 
abordados pelo Código de Processo Penal trazendo seus desdobramentos 
doutrinários e jurisprudenciais. Justifica-se pela importância dos temas abordados 
para a formação do operador do direito ao qual se direciona essa especialização. 
 
Palavras- chave: Prisões e Medidas Cautelares Diversas da Prisão. Nulidades. 
Recursos. Execução Penal. 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ............................................................................... 5 
CAPÍTULO 1 – DA PRISÃO E DAS MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA 
PRISÃO....................................................................................................................... 6 
1.1 Disposições Gerais ............................................................................................ 6 
1.2 Prisão em Flagrante .......................................................................................... 8 
1.3 Prisão Preventiva ............................................................................................. 18 
1.4 Prisão Domiciliar .............................................................................................. 21 
1.5 Prisão Temporária ........................................................................................... 22 
1.6 Liberdade Provisória ........................................................................................ 25 
1.7 Medidas Cautelares Diversas da Prisão .......................................................... 33 
CAPÍTULO 2 – DAS NULIDADES ............................................................................ 34 
2.1 Conceito ........................................................................................................... 34 
2.2 Princípios ......................................................................................................... 35 
2.3 Espécies de Irregularidades ............................................................................ 39 
2.4 Nulidade Absoluta X Nulidade Relativa ........................................................... 40 
2.5 Nulidades cominadas no Código de Processo Penal ...................................... 41 
2.6 Momento Limite de Alegação das Nulidades ................................................... 51 
CAPÍTULO 3 – DOS RECURSOS ............................................................................ 52 
3.1 Teoria Geral dos Recursos .............................................................................. 52 
3.2 Pressupostos ................................................................................................... 53 
3.3 Prazos .............................................................................................................. 54 
3.4 Efeitos .............................................................................................................. 54 
3.5 Juízo de Admissibilidade ................................................................................. 55 
CAPÍTULO 4 – EXECUÇÃO PENAL ........................................................................ 63 
4.1 Noções Gerais ................................................................................................. 63 
4.2 Da Classificação .............................................................................................. 67 
4.3 Da Assistência ao Preso e ao Egresso ............................................................ 69 
4.5 Dos deveres, dos direitos e da disciplina ......................................................... 76 
4.6 Dos Órgãos da Execução Penal ...................................................................... 86 
4.7 Dos Estabelecimentos Penais ......................................................................... 92 
4.8 Da Execução das Penas em Espécie .............................................................. 93 
CAPÍTULO 5 – DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES E DA SENTENÇA, SUSPENSÃO 
CONDICIONAL DO PROCESSO E EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE ...................... 98 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, 
ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
5.1 Aspectos jurídicos das citações ....................................................................... 98 
3.2 Aspectos jurídicos das intimações ................................................................. 101 
3.3 Sentença, Suspensão Condicional do Processo e Extinção da Punibilidade 103 
3.4 Da suspensão condicional do processo......................................................... 107 
3.5 Da extinção da punibilidade ........................................................................... 111 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 115 
 
5 
 
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ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO 
 
A importância de um Curso de Pós-Graduação em Direito Penal e 
Processual Penal fundamenta-se na necessidade de reciclar e aperfeiçoar o 
profissional atuante e o estudioso da área criminal, a partir da atualização e 
enriquecimento dos conhecimentos constantes de sua evolução acadêmica. 
Nesse sentido, busca-se propiciar uma visão abrangente aos profissionais 
destes ramos do Direito, fundamentalmente, das modificações objetivas e 
processuais advindas da ordem constitucional de 1988 e as transformações 
infraconstitucionais. 
Este módulo tem como propósito apresentar uma visão objetiva, sistemática 
e aprofundada sobre as principais questões do Direito Processual Penal, sempre 
com base nos conceitos dos institutos jurídicos,nas controvérsias doutrinárias, 
jurisprudências e evolução legislativa. 
O objetivo é que, além de conhecimento técnico, o aluno consiga 
desenvolver um raciocínio crítico acerca dos temas tratados nesse módulo. 
O Brasil ocupa hoje o terceiro lugar no ranking dos países com maior 
população carcerária, ficando para trás apenas da China e dos Estados Unidos. 
Possui cerca de 622 mil presos, enquanto só teria 371 mil vagas. E a cada mês o 
país recebe 3 mil novos presos1. 
Sentenciados que são mortos por seus próprios companheiros, funcionários 
e familiares de detentos transformados em reféns, resgates e fugas audaciosas e 
espetaculares praticadas por criminosos. As regras nem sempre são cumpridas e a 
aplicação penal nem sempre é imposta de maneira adequada, pois, hoje em dia, o 
preso é esquecido, a corrupção dentro das cadeias e penitenciárias cresce de 
maneira assustadora, e ainda para piorar mais a situação, as facções se estendem 
dentro e fora dos presídios. Infelizmente habitua-se com um processo de caos, onde 
o que ocorre é a falência e desestruturação do sistema carcerário. 
Para que se inicie o debate, é necessário conhecer as regras e os 
questionamentos, por meio do estudo desse módulo. 
 
 
1https://www.bbc.com/portuguese/brasil-38537789 
6 
 
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CAPÍTULO 1 – DA PRISÃO E DAS MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA 
PRISÃO 
 
1.1 Disposições Gerais 
 
Assim como o Direito Processual Civil, o Processo Penal também reconhece 
a existência da tutela cautelar, bem como a tutela de conhecimento e de execução. 
Dentro Código de Processo Penal há medidas cautelares que são pessoais e outras 
patrimoniais. Nesta unidade serão analisadas as medidas cautelares pessoais, quais 
sejam: a prisão preventiva e as medidas cautelares diversas da prisão. 
A partir da Lei n. 12.403/11, a prisão em flagrante (que também será 
analisada nessa unidade) passou a ser considerada prisão em flagrante, uma prisão 
precautelar, ou seja, um estágio inicial que poderá ser convertido em prisão 
preventiva ou em medida cautelar diversa da prisão. 
A prisão consiste no cerceamento da liberdade de locomoção do indivíduo 
por meio do encarceramento. 
Em matéria penal há duas espécies de prisão, quais sejam, a prisão pena e 
a prisão processual. A primeira se efetiva quando do cumprimento da pena 
privativa de liberdade aplicada ao réu na sentença condenatória e é tratada na Parte 
Geral do Código Penal entre os artigos 32 a 42, bem como pela Lei de Execuções 
Penais. 
Tratada entre os artigos 282 a 318 do Código de Processo Penal e na Lei n. 
7.960/89 (prisão temporária), a prisão processual é, na realidade, uma medida 
cautelar dada a necessidade de isolar-se o suposto autor do crime durante a 
persecução penal, conforme situações previstas em lei. 
O Código de Processo Penal de 1941 determinava duas condições ao 
indivíduo que estava submetido ao curso de uma investigação criminal ou durante o 
processo penal: ou ele estaria sob prisão provisória ou em liberdade (AVENA, 2018, 
p. 1033). 
Entretanto, a partir da reforma trazida pela Lei n. 12.403/11, o indivíduo 
poderá estar em três condições distintas, quais sejam: submetido a medidas 
cautelares diversas da prisão, em prisão provisória ou aguardando em liberdade o 
desfecho da demanda criminal. 
7 
 
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ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
A referida lei também determinou que a natureza da prisão processual é de 
uma medida cautelar. Portanto, para que haja aplicação da medida faz-se 
necessária a existência de dois requisitos: fumus boni iuris e periculum libertatis. 
O fumus comissi delicti (fumus boni iuris) consiste em uma 
“probabilidade da ocorrência de delito (e não de um direito), ou, mais 
especificamente, na sistemática do CPP, a prova da existência do crime e indícios 
suficientes de autoria” (LOPES JR., 2017, p. 17). Já o periculum libertatis 
(periculum in mora), decorre do perigo de fuga ou destruição de prova, por 
exemplo, que o imputado pode praticar em função de sua liberdade. 
As medidas cautelares de natureza pessoal possuem seis características 
principais: (1) jurisdicionalidade, (2) provisoriedade, (3) revogabilidade, (4) 
excepcionalidade, (5) substutividade e (6) cumulatividade. 
A jurisdicionalidade consiste no fato de que as medidas cautelares, em 
regra, devem ser impostas pelo Poder Judiciário. Excepcionalmente caberá à 
autoridade policial conceder fiança nos casos de infração, cuja pena privativa de 
liberdade máxima não seja superior a quatro anos, conforme disposição do art. 322, 
do CPP. 
O caráter provisório da medida cautelar consiste no fato de que seus 
efeitos apenas persistirão até que haja o provimento final da demanda. 
Cabe ressaltar, que a medida cautelar é excepcional e subsidiária, e 
apenas deverá ser decretada ou mantida caso haja necessidade para aplicação da 
lei penal. Verificando-se a necessidade de tal medida, o operador do direito deve 
aplicar ao caso aquela mais adequada (princípio da proporcionalidade em 
sentido estrito), ou seja, aquela que impuser menor restrição ao direito fundamental 
do acusado – art. 282, caput, CPP. 
Especificamente em relação à prisão preventiva, o atributo da 
excepcionalidade deve ser visto sob dois ângulos: 
excepcionalidade geral, significando que, assim como as 
demais cautelares, deve ser decretada apenas quando 
devidamente amparada pelos requisitos legais, em observância 
ao princípio constitucional da presunção de inocência, sob 
pena de antecipar a reprimenda a ser cumprida quando da 
condenação; e, ainda, excepcionalidade restrita, isto é, aquela 
relacionada a sua supletividade diante das demais providências 
cautelares diversas da prisão, em face do que dispõe o art. 
282, § 6.º, no sentido de que “a prisão preventiva será 
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determinada (apenas) quando não for cabível a sua 
substituição por outra medida cautelar”. (AVENA, 2018, p. 
1044) 
 
Logo, caso o motivo pelo qual a medida cautelar tenha sido necessária 
esteja superado, implicar-se-á na cessação da imposição da medida cautelar 
imposta ao indivíduo. 
A revogabilidade da medida cautelar advém da interpretação do art. 282., 
§5º, 1ª parte, do CPP, que afirma que “o juiz poderá revogar a medida cautelar 
quando verificar a falta de motivo para que subsista”. Essa característica é um 
desdobramento de sua provisoriedade. 
Ao juiz são dadas duas faculdades: (a) possibilidade de substituição da 
medida cautelar por outra, nas seguintes hipóteses: descumprimento da medida 
cautelar imposta e quando verificar a falta de motivo para que subsista a providência 
cautelar aplicada anteriormente – art. 282, § 4º, 2ª parte, e §5º, do CPP; e (b) a 
possibilidade de aplicação de quaisquer das medidas cautelares isolada ou 
cumulativamente – Ex.: art. 282, §4º, do CPP. 
Caso o indiciado ou réu venha a ser condenado, o tempo cumprindoem 
prisão cautelar será descontado de sua pena definitiva. A esse instituto dá-se o 
nome de detração. 
 
 
1.2 Prisão em Flagrante 
 
 A prisão em flagrante é uma espécie de prisão processual e está 
regulamentada entre os artigos 301 a 310 do Código de Processo Penal. 
 O flagrante está autorizado pelo art. 5º, inc. XI, da Constituição Federal: 
a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo 
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de 
flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, 
durante o dia, por determinação judicial; 
 
Trata-se de medida restritiva de liberdade de natureza cautelar e consistente 
em ato administrativo, haja vista a dispensa de autorização judicial para sua 
aplicação, que ocorre durante ou logo após a prática da infração. 
9 
 
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ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
Em momento posterior, essa prisão poderá receber análise judicial de 
legalidade e adequação que deverá escolher um dos caminhos previstos no art. 310, 
do CPP. 
O flagrante pode ser dividido em subespécies, quais sejam: (1) próprio; (2) 
impróprio; (3) presumido; (4) compulsório ou obrigatório; (5) facultativo; (6) esperado; 
(7) preparado ou provocado; (8) prorrogado;(9) forjado e (10) por apresentação. 
No flagrante próprio o agente é surpreendido cometendo a infração penal 
ou quando acaba de cometê-la. A prisão ocorre, no máximo, imediatamente após a 
infração – art. 302, inc. I e II, CPP. 
Já no flagrante impróprio, o agente é perseguido logo após a infração em 
situação que acredite ser o autor do crime. Entretanto, nessa hipótese não há limite 
temporal para que a perseguição seja encerrada – art. 302, inc. III, do CPP. 
Tratar-se-á de flagrante presumido ou ficto o momento em que o agente é 
preso, logo depois de cometer a infração, com instrumentos, armas, objetos ou 
papéis que se façam presumir que seja ele o autor daquela infração – art. 302, inc. 
IV, CPP. 
Considera-se sujeito ativo do flagrante aquele que efetua prisão, ou seja, 
pode ser qualquer do povo, integrante ou não da força policial. Mas é preciso 
ressaltar que este não se confunde com o condutor, que é aquele que apresenta o 
preso à autoridade policial, que presidirá a lavratura do auto, não sendo, 
obrigatoriamente, o mesmo que efetuou a prisão. 
Considera-se sujeito ativo compulsório, necessário ou obrigatório da 
prisão em flagrante aquele que tem o dever realizá-la (estrito cumprimento do dever 
legal), ou seja, a autoridade policial e seus agentes, sob pena de sanção disciplinar 
ou até mesmo de responsabilidade penal. Cabe ressaltar que a obrigação pressupõe 
a possibilidade de fazê-la – art. 301, in fine, CPP. 
 Cuida-se de flagrante facultativo da possibilidade que qualquer um do 
povo possa prender aquele que se encontre em situação de flagrante delito. Essa é 
uma situação opcional e que seu descumprimento não impõe qualquer tipo de 
sanção – art. 301, CPP. 
 O sujeito passivo é aquele apreendido em situação de flagrância e 
que se encontre em quaisquer das situações narradas pelo art. 302 do Código de 
Processo Penal. No entanto, há algumas exceções: 
10 
 
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ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
a) O Presidente da República não pode ser preso em flagrante, somente poderá 
ser preso com o advento de sentença condenatória transitada em julgado – art. 86, § 
3º, da CF; 
b) Os diplomatas estrangeiros podem desfrutar da possibilidade de não serem 
presos em flagrante, a depender dos tratados e convenções internacionais. Isso 
porque o art. 1º, inc. I, do CPP determina que suas regras são aplicáveis em todo o 
território nacional, salvo se houver disposição em sentido contrário em tratados, 
convenções ou regras de direito internacional ratificados pelo Brasil. Em virtude da 
Convenção de Viena de 1961 sobre Relações Diplomáticas, ratificada pelo Decreto 
n. 56.435/65, tanto os agentes diplomáticos, como os Embaixadores, não podem 
ser objeto de nenhuma forma de prisão (art. 29 da Convenção). Entretanto, em 
relação aos cônsules existe a Convenção de Viena de 1963, ratificada pelo Decreto 
n. 61.078/67, que, em seu art. 41, caput, estabelece que os funcionários consulares 
não poderão ser detidos ou presos preventivamente, exceto em caso de crime grave 
e em decorrência de decisão de autoridade judiciária competente, ou seja, 
imunidade dos Cônsules, portanto, é mais restrita do que a dos demais agentes 
diplomáticos; 
c) Os Deputados Federais e Senadores só podem ser presos em flagrante por 
crime inafiançável, devendo os autos serem remetidos à respectiva Casa em 24 
horas para a votação da maioria de seus membros para análise sobre a prisão – art. 
53, § 2º, CF. Entendendo a Casa pela manutenção da prisão, caberá ao STF 
converter a prisão em preventiva ou não – art. 53, § 1º, da CF; 
d) Os Deputados Estaduais só podem ser presos em flagrante por crime 
inafiançável, devendo os autos serem encaminhados em 24 horas à Assembleia 
Legislativa, para que se decida sobre a prisão e sua prerrogativa de foro perante o 
Tribunal de Justiça de seu respectivo Estado; 
d) Os Magistrados só poderão ser presos em flagrante por crime inafiançável, 
devendo a autoridade fazer a imediata comunicação e apresentação do magistrado 
ao Presidente do respectivo Tribunal – art. 33 da LC n. 35/79; 
e) Os membros do Ministério Público só poderão ser presos em flagrante por 
crime inafiançável, devendo a autoridade fazer em 24 horas a comunicação e 
apresentação do membro do MP ao respectivo Procurador-Geral– art. 40, inc. III, da 
Lei n. 8.625/93; 
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f) Os advogados somente poderão ser presos em flagrante, por motivo de exercício 
da profissão, em caso de crime inafiançável, sendo necessária a presença de 
representante da OAB, nas hipóteses de flagrante em razão do exercício 
profissional, para a lavratura do auto, sob pena de nulidade. Quando se tratar de 
crime afiançável no desempenho da advocacia, é vedada a prisão em flagrante, 
devendo a autoridade policial instaurar inquérito mediante portaria. Todavia, se o 
crime afiançável não for cometido no desempenho da profissão, será plenamente 
possível a prisão em flagrante, aplicando-se as regras comuns do Código de 
Processo Penal – art. 7º, § 3º, do Estatuto da OAB; 
g) Conforme determinação do art. 228 da Constituição e art. 27 do Código penal, os 
menores de 18 anos são inimputáveis, o que significa dizer que os menores de 18 
anos não estão sujeitos às regras do CPP, e aqueles que tiverem 12 anos ou mais e 
menos 18 anos, estarão sujeitos às regras do Estatuto da Criança e do Adolescente, 
praticando ato infracional e não infração penal, podendo sofrer apreensão em 
flagrante, e não uma prisão em flagrante. “Nenhum adolescente será privado de sua 
liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e 
fundamentada da autoridade judiciária competente” (art. 106, Lei nº8.069/1990); 
h) O motorista que prestapronto e integral socorro à vítima de acidente de 
trânsito não será preso em flagrante, nem lhe será exigida fiança (art. 301, CTB). 
 A doutrina e a jurisprudência criaram algumas classificações para diferenciar 
situações de flagrância e, a partir disto, estabelecer a sua validade. 
Quando alguém é induzido ou instigado a cometer um delito, e nessa 
oportunidade, toma-se providências para que este seja preso, denomina-se 
flagrante preparado. Esta é uma hipótese de consumação impossível e, portanto, é 
nulo por ser considerado atípico. 
Nessa toada, o Supremo Tribunal Federal editou a súmula n. 145: “Não há 
crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua 
consumação”, ou seja, trata-se de hipótese de crime impossível nos termos do art. 
17 do Código Penal. 
Contudo, o flagrante preparado não se confunde com o flagrante esperado, 
uma vez que neste, a autoridade policial tem conhecimento da prática da infração 
em determinado local e lá aguarda o momento da execução para que, nesse 
momento, possa prender o autor em flagrante. Nessa hipótese, não há qualquer 
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interferência externa ou induzimento para prática da infração, tudo transcorrerá em 
seu fluxo normal. Diante disto, não há que se falar em invalidade ou irregularidade 
do ato. 
Situação também diversa é a aquela ocorrida no flagrante forjado que, por 
ser considerado nulo, deve ter a prisão relaxada, haja vista que a prisão fora 
efetivada com base em provas que foram criadas a partir de uma infração penal que 
inexistiu. 
Advindo da antiga lei de combate às organizações criminosas, o flagrante 
prorrogado também conhecido como diferido, retardado ou prorrogado consiste 
na hipótese em que a autoridade policial tem a possibilidade de aguardar o momento 
mais adequado para realizar a prisão, podendo postergar sua intenção para que 
haja apenas no momento que julgar melhor para angariar provas contra os 
envolvidos. 
Atualmente essa espécie de flagrante é prevista em duas legislações: no 
artigo 8º da atual Lei de Organizações Criminosas (Lei n. 12.850/13) e no artigo 53, 
inc. II, da Lei de Drogas (Lei n. 11.343/2006). 
O agente que se entrega à polícia, espontaneamente, sem sequer ser 
perseguido, não está em situação de flagrância e, portanto, não se enquadra em 
nenhuma das hipóteses legais descritas não podendo ser autuado. 
Outro aspecto relevante no estudo da prisão em flagrante é a relação entre 
essa modalidade de prisão e algumas espécies de infração penal. 
Os crimes de ação penal privada ou de ação penal pública condicionada 
à representação dependem da manifestação de vontade do legitimado para que 
haja a lavratura do auto de prisão em flagrante. Isto se justifica pelo fato de que o 
auto de prisão inicia o inquérito policial e, para que isso ocorra faz-se necessária a 
autorização da vítima ou de seu representante, conforme disposição dos parágrafos 
§§ 4º e 5º do art. 5º do CPP. 
Considera-se crime habitual aquele que não se consuma em apenas um 
ato, pressupondo uma reiteração de condutas. Para parte da doutrina e, em especial 
Tourinho Filho e Frederico Marques, essa espécie de infração penal não admite 
prisão em flagrante, pois, esta retrataria apenas um recorte, um ato isolado do todo, 
da infração penal por inteiro, e que seria, portanto, conduta atípica. Para outros, a 
exemplo de Mirabete e Greco Filho, “compreendem possível a prisão em flagrante 
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quando o agente for surpreendido na prática de um dos atos que compõem a 
conduta delituosa, exigindo-se, porém, prova inequívoca de atos anteriores” 
(AVENA, p. 1121, 2018). Parte majoritária da doutrina adere ao entendimento de 
que é possível o flagrante no caso de crime habitual. 
Outra peculiaridade existe quando se trata da prisão em flagrante nos 
crimes permanentes, pois, essa só será possível enquanto não cessada a 
permanência – art. 303 do CPP. 
O auto de prisão em flagrante consiste em documento lavrado por 
autoridade policial local em que ocorreu a prisão-captura, ainda que tenha sido outro 
o local onde o crime fora praticado. 
O art. 308, do CPP adverte que na hipótese de que não haja autoridade 
policial no local onde o indivíduo fora capturado, o condutor deva levar o preso para 
a autoridade policial do lugar mais próximo. 
Conforme prevê o artigo 304 do CPP, na lavratura do auto de prisão em 
flagrante deverão ser ouvidos o condutor, duas testemunhas presenciais e o 
conduzido. Entretanto, caso não haja duas testemunhas presenciais poderão ser 
ouvidas duas testemunhas de apresentação do preso, conforme disposição do art. 
304, §1º, do CPP. 
O conduzido poderá manter-se em silêncio em exercício da garantia 
constitucional da autodefesa preconizada pelo art. 5º, inc. LXIII da CF. 
É importante salientar que as testemunhas presencial e de apresentação 
não se confundem, enquanto a primeira depõe acerca do crime praticado e de sua 
autoria, a segunda apenas confirma que o condutor apresenta o preso para a 
autoridade policial e que afirma ser ele o autor do delito. 
Difere-se ainda a testemunha de leitura (testemunha fedatária) que, de 
acordo com o art. 304, §3º, do CPP, caso o preso não saiba ler, o auto de prisão em 
flagrante deverá ser assinado por duas testemunhas que tenha presenciado a leitura 
deste. 
Em seguida, a prisão será imediatamente comunicada à autoridade 
judiciária, ao Ministério Público, à família do preso ou à pessoa por ele indicada – 
art. 306, caput, do CPP e art. 5º, inc. LXII, 2ª parte, da CF. 
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Essa comunicação não se confunde com a comunicação indicada no 
parágrafo 1º do mesmo artigo que determina o envio do auto de prisão em flagrante 
ao juízo em 24 horas. 
A nota de culpa é o documento entregue ao preso e assinado pela 
autoridade que lavra o auto de prisão em flagrante, devendo nela constar o motivo 
da prisão, o nome do condutor e das testemunhas. O prazo para entrega desse 
documento é de, no máximo, 24 horas, a partir da lavratura do auto de prisão em 
flagrante. 
Ao receber a nota de culpa o preso poderá assiná-la ou recusar-se a assiná-
la. Caso haja recusa, a autoridade deve fazer uma certidão constando recusa, que 
deve ser assinada por duas pessoas. Caso a nota de culpa não seja entregue, o 
flagrante deverá ser relaxado, em virtude da ausência de formalidade. A entrega 
deste documento assegura ao preso a identificação dos responsáveis por sua 
prisão2. 
A desobediência de quaisquer das formalidades do auto de prisão em 
flagrante enseja a nulidade do auto. Todavia, a nulidade atinge apenas o auto, não 
gerando outras consequências nas fases processuais seguintes. 
O juiz ao receber a cópia do flagrante deverá fundamentadamente tomar 
uma das decisões: relaxar a prisão ilegal; converter a prisão em flagrante em 
preventiva se presentes os requisitos do art. 312 doCPP ou conceder liberdade 
provisória com ou sem fiança. 
O inc. I do art. 310 do CPP que prevê como uma das alternativas o 
relaxamento da prisão decorre da garantia constitucional presente no art. 5º, inc. 
LXV, da CF de que a “prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade 
judiciária”. 
São consideradas circunstâncias ilegais que por consequência autorizam o 
relaxamento da prisão: 
a) Ausência de quaisquer dos requisitos formais na lavratura do auto de prisão em 
flagrante; 
b) inexistência de flagrante; 
c) atipicidade do fato narrado por aqueles ouvidos no auto de prisão; 
 
2 RT 433/455, STF; RHC 7.122/PA, STJ; RHC 20.625/BA, STJ 
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d) excesso de prisão da prisão. 
Se o juiz entender que os requisitos para decretação da preventiva estão 
presentes, poderá, nos casos a e b, decretar a prisão preventiva na mesma decisão 
em que relaxar a prisão em flagrante. Conforme art. 581, inc. V, do CPP, caberá 
recurso em sentido estrito contra decisão que relaxa prisão em flagrante. E da 
decisão que o mantém preso, caberá habeas corpus. 
Caso o magistrado entenda pela legalidade da prisão, deverá decidir pela 
concessão da liberdade provisória ou pela decretação da prisão preventiva. O juiz 
deve sempre optar pela medida de menor gravidade, devendo oferecer, inicialmente, 
a liberdade provisória, isoladamente ou cumulativamente com outra medida cautelar, 
nas seguintes hipóteses: 
a) Se observado que o fato fora praticado em situação de excludente de ilicitude – 
art. 310, parágrafo único, do CPP; ou 
b) se, já arbitrada a fiança, situação econômica do acusado não lhe permita prestá-la 
– art. 350, do CPP. 
Caso não seja nenhuma das hipóteses supramencionadas, o juiz poderá 
aplicar quaisquer das medidas cautelares alternativas à prisão, inclusive a fiança, 
seja isolada ou cumulativamente. 
Ainda assim, como última medida e em caráter excepcional, o juiz poderá 
decretar a prisão preventiva se presentes os requisitos dos artigos 312 e 313 do 
CPP – art. 310, caput, II, 1ª parte, do CPP – desde que haja motivação idônea para 
adoção dessa medida e “justificando a inadequação das medidas menos gravosas” 
(BADARÓ, p.1035, 2017). 
 
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ATENÇÃO 
O que é a audiência de custódia? 
 A audiência de custódia consiste no direito que a pessoa presa possui de 
ser conduzida sem demora à presença de autoridade judicial para que realize 
a análise da preservação de seus direitos fundamentais, observando-se: se 
sua prisão em flagrante foi legal ou deve ser relaxada; se a prisão cautelar 
deve ser decretada ou se ao preso possa ser concedido liberdade provisória 
ou outra medida cautelar diversa da prisão. 
 
 O artigo 306 do Código de Processo Penal prevê as providências a serem 
tomadas pela autoridade policial quando da captura da pessoa. 
 Ocorre que muitos Estados implantaram a audiência de custódia (também 
chamada de audiência de apresentação) por meio de normas emanadas pelo 
Poder Judiciário local que estabelecem a necessidade de que a pessoa 
presa seja apresentada a um juiz no prazo de 24 horas e que após a 
manifestação do Parquet e da defesa, decida-se pela manutenção ou não da 
prisão. 
 A audiência de custódia está prevista na Convenção Americana sobre 
Direitos Humanos (CADH), também conhecida como Pacto de São José da 
Costa Rica, no art. 7º, item 5, 1ª parte 
“toda pessoa presa, detida ou retida deve ser 
conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra 
autoridade autorizada por lei a exercer funções judiciais 
e tem o direito de ser julgada em prazo razoável ou de 
ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o 
processo”3. 
 O Pacto de São José da Costa Rica foi promulgado por meio do Decreto 
Presidencial n. 678/92. Conforme redação do art. 5º, §3º da CF, os tratados 
internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil foi signatário 
incorporam-se em nosso ordenamento jurídico com status de norma jurídica 
supralegal4. Portanto, a CADH é uma norma jurídica hierarquicamente 
superior a qualquer lei ordinária ou complementar, só estando abaixo, 
portanto de normas constitucionais. 
 Diante desse contexto, vários Tribunais Federais e Estaduais editaram atos 
normativos determinando a realização de audiências de custódia com 
fundamento no artigo 7º, item 5, da CADH. 
 Em agosto de 2015, o STF julgou a ADI 5240 proposta pela Associação 
dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol/Brasil) que questionava a 
realização das audiências de custódia por meio de provimento conjunto do 
Tribunal de Justiça de São Paulo e Corregedoria Geral da Justiça de São 
Paulo alegando ter havido inovação no ordenamento jurídico, uma vez que 
esta somente poderia ter sido criada por lei federal e jamais por provimento 
autônomo, uma vez que esta seria competência da União, por meio do 
Congresso Nacional.5. 
 
3http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D0678.htm 
4 RE 349.703/RS, DJe de 5/6/2009 
5http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=298112 
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ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
 Nessa ocasião, o STF entendeu não houve qualquer inovação no 
ordenamento jurídico, uma vez que o direito fundamental do preso de ser 
levado sem demora à presença do juiz está previsto na Convenção 
Americana dos Direitos do Homem, e também no Código de Processo Penal 
brasileiro. O procedimento apenas disciplinou normas vigentes. 
Em 15 de dezembro de 2015, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou 
a Resolução n. 213/2015 que regulamenta o procedimento nas audiências de 
custódia. A Resolução determina que todo preso em flagrante deverá ser 
apresentado pela autoridade policial, em até 24 horas após a prisão, ao juízo, 
para participação em audiência de custódia. 
Antes da apresentação da pessoa presa ao juiz, será assegurado seu 
atendimento prévio e reservado por advogado por ela constituído ou defensor 
público, sem a presença de agentes policiais, sendo esclarecidos por 
funcionário credenciado os motivos, fundamentos e ritos que versam sobre a 
audiência de custódia. Já na audiência, o magistrado, após explicar o que é a 
audiência de custódia e informar ao preso sobre o direito ao silêncio, 
questionará se lhe foi dada ciência e efetiva oportunidade de exercício dos 
direitos constitucionais inerentes à sua condição, particularmente o direito de 
consultar-se com advogado ou defensor público, o de ser atendido por 
médico e o de comunicar-se com seus familiares; indagará sobre as 
circunstâncias de sua prisão ou apreensão; perguntará sobre o tratamento 
recebido em todos os locais por onde passou antes da apresentação à 
audiência, questionando sobre a ocorrência de tortura e maus-tratos e 
adotando as providências cabíveis; verificará se houve a realização de 
exame de corpo de delito, determinando sua realização nos casos em que 
não tenha sido realizado,os registros se mostrarem insuficientes ou a 
alegação de tortura e maus-tratos referir-se a momento posterior ao exame 
realizado. 
O magistrado não deve formular perguntas com objetivo de produzir prova 
para a investigação ou ação penal relativas aos fatos objeto do auto de 
prisão em flagrante. “Após a oitiva da pessoa presa em flagrante delito, o juiz 
deferirá ao Ministério Público e à defesa técnica, nesta ordem, reperguntas 
compatíveis com a natureza do ato, devendo indeferir as perguntas relativas 
ao mérito dos fatos que possam constituir eventual imputação, permitindo-
lhes, em seguida, requerer o relaxamento da prisão em flagrante, a 
concessão da liberdade provisória sem ou com aplicação de medida cautelar 
diversa da prisão, a decretação de prisão preventiva ou a adoção de outras 
medidas necessárias à preservação de direitos da pessoa presa. 
Em seguida, o juiz decidirá, no próprio ato e de maneira fundamentada. O 
termo da audiência de custódia será apensado ao inquérito ou à ação penal. 
Observe-se, por fim, que a apresentação à autoridade judicial no prazo de 24 
horas também será assegurada às pessoas presas em decorrência de 
cumprimento de mandados de prisão cautelar ou definitiva, aplicando-se, no 
que couber, os procedimentos previstos na Resolução n. 213/2015 do CNJ” 
(GONÇALVES, p.337, 2018). 
 
 
 
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1.3 Prisão Preventiva 
 
A prisão preventiva é uma prisão de natureza cautelar ampla exclusivamente 
decretada pelo juiz de ofício ou a requerimento das partes quando presentes seus 
requisitos previstos em lei e ocorrerem as hipóteses autorizadoras, tanto durante a 
fase de inquérito policial, bem como na fase processual, antes do trânsito em julgado 
da sentença. 
É sabido que a decretação de tal medida tem caráter excepcional e apenas 
deverá ser adotada quando a liberdade do indivíduo possa comprometer a prestação 
jurisdicional. Destarte, não há que se falar em violação à presunção de inocência, 
uma vez que esta prisão tem caráter meramente processual, não constituindo pena, 
devendo, conforme art. 5º, inc. LXI, da CF, ser escrita e devidamente fundamentada 
por autoridade judiciária competente. Caso a fundamentação seja considerada 
insuficiente ensejará a revogação da prisão por meio da interposição de habeas 
corpus6. 
Essa modalidade de prisão rege-se pelos princípios da “taxatividade, 
adequação e proporcionalidade, não se sujeitando a regime de aplicação 
automática” (GONÇALVES, p. 339, 2018). 
A prisão preventiva pode ser requerida pelo Ministério Público, pela 
autoridade policial, pelo querelante no caso de ação penal privada, pelas partes da 
ação penal podem requerem medidas cautelares para instrumentalizá-las, em caso 
de necessidade de tutela cautelar, e, após a alteração da Lei n. 12.403/2011, o 
assistente de acusação também passou a ter legitimidade para requerer a prisão 
preventiva. 
Outra modificação trazida pela Lei n. 12.403/2011, refere-se ao fato de que o 
juiz somente poderá decretar prisão ex officio no curso da ação penal, portanto, 
após o oferecimento da denúncia ou queixa – art. 311 e art. 282, §2º, do CPP. Por 
consequência, durante a fase de inquérito policial não será possível a decretação de 
 
6 Victor Eduardo Rios Gonçalves (Direito Processual..., p.339) entende que “tem natureza interlocutória simples 
a decisão que decreta ou denega a prisão preventiva. Em caso de decretação, mostra-se cabível o habeas corpus 
e, na denegação, o recurso em sentido estrito (art. 581, V, do CPP). Cabe ainda recurso em sentido estrito contra 
a decisão que revoga a prisão preventiva, admitindo-se, também, a impetração de mandado de segurança para a 
obtenção de efeito suspensivo ao recurso para que, em eventual liminar, o tribunal mantenha o réu preso até a 
decisão de mérito”. 
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ofício de prisão preventiva pelo juiz, sendo tal hipótese viabilizada apenas a 
requerimento do Ministério Público ou da autoridade policial. 
Entretanto, para que haja a decretação da prisão preventiva faz-se 
necessário a presença do pressuposto positivo e do pressuposto negativo e as 
hipóteses de cabimento da prisão presentes no artigo 313, do CPP. 
O pressuposto positivo, ou seja, o fumus comissi delicti consiste na prova 
da existência do crime e indício suficiente de autoria associado a, no mínimo, uma 
das hipóteses de periculum libertatis, quais sejam: garantia da ordem pública, da 
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a 
aplicação da lei penal – art. 312, caput, do CPP. 
O pressuposto negativo consiste no fato de que para que seja decretada a 
prisão preventiva, o agente não pode estar acobertado por nenhuma das 
excludentes de ilicitude, conforme prescreve o art. 314, do CPP. 
São hipóteses de periculum libertatis – art. 312, do CPP: 
a) Garantia da ordem pública: a expressão ordem pública confere um conceito 
extremamente vago, indeterminado, e dessa amplitude semântica se valem as 
decretações da maior parte das prisões preventivas. 
Como bem cita BADARÓ7, a jurisprudência tem utilizado a expressão para 
ressignificar várias situações, quais sejam, de periculosidade do indivíduo, gravidade 
do delito, comoção social, credibilidade das instituições, perversão do crime, 
repercussão midiática, preservação da integridade física do acusado ou ameaça a 
prestação jurisdicional. 
A corrente intermediária confere interpretação constitucional à acepção da 
expressão ordem pública, acreditando que a mesma está em perigo quando o 
criminoso simboliza um risco, pela possível reiteração criminosa, caso permaneça 
em liberdade. 
b) Garantia da ordem econômica: essa hipótese foi incluída ao art. 312, do CPP 
pela Lei n. 8.884/94 com a finalidade de prevenir e reprimir os crimes contra a ordem 
tributária (artigos 1º a 3º da Lei n. 8.137/90), os crimes contra o sistema financeiro 
(Lei n. 7.492/86), os crimes contra a ordem econômica (artigos 4º a 6º da Lei n. 
8.137/90 e a Lei n. 8.176/91), etc. 
 
7 Gustavo Badaró, Processo Penal..., p. 1041-1042. 
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c) Conveniência da Instrução criminal (tutela da prova): tutela-se a livre 
produção probatória, evitando que haja o comprometimento da busca da verdade. 
Consiste em prisão cautelar instrumental. 
d) Assegurar aplicação da lei penal: tem por fim evitar a fuga do agente que 
deseja eximir-se de eventual cumprimento da sanção penal. É conhecida como 
prisão cautelar final. 
Todas as hipóteses de periculum libertatis analisadas acima autorizam a 
decretação da prisão preventiva desde o início, originariamente. Todavia, o 
parágrafo único do artigo 312 do CPP prevê a hipótese de decretação de prisão 
preventiva em caso de descumprimento de quaisquer das obrigações impostas 
por forças de outras medidas cautelares, ou seja,trata-se de hipótese que requer 
um contexto inicial que exija tutela cautelar que encontre adequação em medida 
diversa à prisão, mas que, posteriormente, em virtude do descumprimento dessa 
medida, acarretou na aplicação de medida mais severa, qual seja, a prisão 
preventiva. 
São hipóteses de cabimento da decretação da prisão preventiva – art. 313, 
CPP: 
I - Crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 
4 (quatro) anos; 
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em 
julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Código Penal; 
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, 
adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a 
execução das medidas protetivas de urgência; . 
O parágrafo único do mesmo artigo determina que também será admitida a 
prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou 
quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso 
ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra 
hipótese recomendar a manutenção da medida. 
A prisão preventiva é regida pela cláusula rebus sic stantibus, ou seja, 
cessados os motivos que justificam a manutenção da prisão, a revogação é 
obrigatória, devendo o juiz revogar a medida, de ofício, ou por provocação, sem a 
necessidade de oitiva prévia do Ministério Público. O promotor será apenas 
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intimado da decisão judicial, para se desejar, apresentar o recurso cabível à espécie. 
Contudo, uma vez presentes novamente os permissivos legais, nada obsta a que o 
juiz a decrete novamente, quantas vezes se fizerem necessárias. 
 
 
1.4 Prisão Domiciliar 
 
A prisão domiciliar é tratada nos artigos 317 e 319 do CPP introduzidos pela 
Lei n. 12.403/2011. Trata-se, na realidade, de maneira especial de cumprimento da 
prisão preventiva, sem que constitua modalidade autônoma de medida cautelar 
pessoal. 
Essa substituição da prisão preventiva possibilita que o indiciado ou réu 
permaneça fechado em sua residência em determinadas hipóteses, só podendo dela 
ausentar-se com autorização judicial. Trata-se de direito subjetivo do preso que tem 
como hipóteses: 
a) Se for maior de 80 anos; 
b) se estiver extremamente debilitado por motivo de doença grave; 
c) se tratar-se de pessoa imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 
6 anos de idade ou com deficiência; 
d) se cuidar de gestante; 
e) se for mulher com filho de até doze anos de idade incompletos; 
f) se for homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até doze 
anos de idade incompletos. 
Cabe ressaltar que a prisão domiciliar dos artigos 317 e 318 do Código de 
Processo Penal não se confundem com aquela prevista no art. 117 da Lei de 
Execuções Penal (Lei n. 7.210/84) que se destina ao condenado por sentença 
definitiva e que, portanto, cumpre pena em regime aberto, bem como também não 
se confunde com a medida cautelar diversa da prisão estipulada pelo art. 319, inc. V 
também no CPP, que denomina-se recolhimento domiciliar no período noturno e nos 
dias de folga. 
O art. 318, do CPP utiliza o verbo poderá para indicar a existência de 
discricionariedade do juiz. No entanto, havendo prova idônea que confirme hipótese 
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legal, o juiz deverá conceder a medida, independentemente de outros fatores, haja 
vista que se trata de direito subjetivo do réu. 
 
 
1.5 Prisão Temporária 
 
A prisão temporária é uma prisão de natureza cautelar, com prazo 
preestabelecido de duração, cabível exclusivamente na fase do inquérito policial, 
determinando o encarceramento em razão das infrações seletamente indicadas na 
legislação. Tem por fim impedir que o investigado possa dificultar a colheita de 
provas durante a fase investigativa de crimes de maior gravidade. 
A medida poderá ser decretada pelo juiz por representação da autoridade 
policial ou a requerimento do Ministério Público, não sendo possível a decretação de 
prisão temporária ex officio. 
Essa modalidade restringe sua aplicabilidade à cláusula de reserva 
jurisdicional e, em face do disposto no art. 2º da que a instituiu, qual seja, a Lei n. 
7.960/1989, somente podendo ser decretada pela autoridade judiciária, mediante 
representação da autoridade policial ou requerimento do Ministério Público. A 
temporária não pode ser decretada de ofício pelo juiz, pressupondo provocação. 
A prisão temporária apenas estará em harmonia com o princípio da 
presunção de inocência se admitida como prisão processual em caráter cautelar e 
suas hipóteses de cabimentos forem analisadas conjuntamente aos pressupostos do 
periculum libertatis e fumus comissi delicti8. 
O art. 1º da Lei n. 7.960/1989 trata da matéria, admitindo a temporária nas 
seguintes hipóteses: 
I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial; 
II - quando o Indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos ao 
esclarecimento de sua identidade; 
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na 
legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: 
a) homicídio doloso; 
b) sequestro ou cárcere privado; 
 
8 Badaró, Processo Penal..., v.5, p. 1060. 
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c) roubo; 
d) extorsão; 
e) extorsão mediante sequestro; 
f) estupro; 
g) atentado violento ao pudor9; 
h) rapto violento10; 
i) epidemia com resultado de morte; 
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal 
qualificado pela morte; 
l) quadrilha ou bando11; 
m) genocídio, em qualquer de suas formas típicas; 
n) tráfico de drogas; 
o) crimes contra o sistema financeiro; 
p) os crimes hediondos e assemelhados, quais sejam, tráfico, tortura e terrorismo, 
mesmo os não contemplados no rol do art. 1º da Lei n. 7.960/1989, por força do § 4º 
do art. 2º da Lei n. 8.072/1990 (Lei de Crimes Hediondos), são suscetíveis de prisão 
temporária. 
Muito se discute acercado cabimento da temporária no que tange ao 
preenchimento dos elementos que justifiquem a decretação da medida. Há várias 
correntes sobre o tema, predominando aquela que admite a prisão temporária com 
base no inciso III obrigatoriamente, uma vez que ele materializaria o fumus comissi 
delicti, trazendo o rol dos crimes que admitem essa modalidade prisão e, além dele, 
uma das hipóteses que representam o periculum libertatis, quais sejam, os incisos I 
ou II: ou é imprescindível para as investigações, ou o indiciado não possui residência 
fixa, ou não fornece elementos para a sua identificação. 
 
9 “Assim, como a conduta — privação da liberdade de alguém para fim libidinoso — continua sendo ilícita, 
tendo havido apenasalteração na capitulação jurídica, cabível a prisão temporária para quem a realizar. O crime 
de atentado violento ao pudor também consta do dispositivo, contudo, tal delito foi revogado pela Lei n. 
12.015/2009, tendo sido unificado com o crime de estupro”. (GONÇALVES, p. 352, 2018) 
10 “O crime de rapto violento consta desse dispositivo, porém foi revogado como infração penal autônoma e, nos 
termos da Lei n. 11.106/2005, passou a ser considerado figura qualificada do crime de sequestro (art. 148, § 1º, 
V, do CPP)”. (GONÇALVES, p. 352, 2018) 
11 “A Lei n. 12.850/2013 modificou a denominação do crime de quadrilha para associação criminosa e passou a 
exigir o envolvimento de apenas três pessoas para sua configuração (antes eram necessárias quatro pessoas). 
Assim, é possível a prisão temporária no crime de associação criminosa”. (GONÇALVES, p. 352, 2018) 
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ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
Em regra geral, a prisão temporária é decretada por 5 dias, prorrogáveis por 
mais 5 dias em caso de comprovada e extrema necessidade. Entretanto, se tratando 
de crimes hediondos e assemelhados, como por exemplo tráfico, terrorismo e tortura 
(parágrafo 4º, art. 2º, Lei n. 8.072/1990), o prazo da prisão temporária é de 30 dias, 
prorrogáveis por mais 30 dias, em caso de comprovada e extrema necessidade. 
Lembrando-se que a prorrogação pressupõe requerimento fundamentado, 
cabendo ao magistrado deliberar quanto a sua admissibilidade e ouvir membro do 
Ministério Público quando o pedido for realizado pela autoridade policial, não 
cabendo prorrogação de ofício. 
Conforme redação do artigo 2º, § 7º da Lei n. 7.960/89, vencido o prazo de 
duração da medida o preso deve ser colocado em liberdade imediatamente, 
independentemente da expedição de alvará de soltura. 
O juiz ao receber o requerimento do Ministério Público ou a representação 
da autoridade policial, devendo nessa última hipótese ouvir membro do Parquet, terá 
vinte e quatro horas para proferir sua decisão, decretando, de forma fundamentada, 
a prisão temporária ou indeferindo-a. 
O magistrado poderá, de ofício, ou em razão de pedido do Ministério Público 
ou da defesa, determinar a realização de algumas providências: que o preso lhe seja 
apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade policial e 
submete-lo a exame de corpo de delito. 
Por interpretação extensiva ao art. 581, V, do CPP, cabe recurso em sentido 
estrito contra a decisão que denega a decretação da prisão temporária e habeas 
corpus contra aquela que a decreta. Se a prisão for mesmo decretada, será 
expedido um mandado de prisão em duas vias e uma delas será entregue ao 
indiciado e servirá como nota de culpa. 
A prisão apenas será executada após a expedição do respectivo mandado. 
Após a prisão, a autoridade deve informar ao preso acerca de seus direitos 
constitucionais12— o direito de permanecer calado, de ter sua prisão comunicada 
 
12O uso de algemas. Súmula Vinculante n. 11: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado 
receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a 
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e 
de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. 
Possibilidade excepcional de usar algemas e necessidade de apresentar justificativa por escrito: "Ementa: (...). 
Ato reclamado proferido em conformidade com o enunciado sumular (que permite, excepcionalmente, o uso de 
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aos familiares ou pessoa por ele indicada etc. Conforme redação do art. 3º da Lei n. 
7.960/89, os presos temporários devem permanecer, obrigatoriamente, separados 
dos demais detentos (provisórios ou condenados). Em todas as comarcas e seções 
judiciárias deve haver plantão permanente de vinte e quatro horas do Poder 
Judiciário e do Ministério Público para apreciação dos pedidos de prisão temporária. 
 
 
1.6 Liberdade Provisória 
 
A partir da interpretação da Constituição de 1988, é possível perceber que a 
liberdade é a regra, enquanto a prisão cautelar ocupa uma posição provisória, de 
exceção, conforme pode-se perceber diante do princípio da presunção de inocência 
– art. 5º, inc. LVII, da CF. 
Trata-se de um direito subjetivo garantido constitucionalmente no art. 5º, inc. 
LXVI, da CF: “ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir 
liberdade provisória, com ou sem fiança”. 
Diante desse contexto, a liberdade provisória configura-se como situação de 
liberdade dada àquele preso em flagrante, atendidos requisitos para que possa 
aguardar ao processo em liberdade, pagando fiança ou não fiança, conforme 
determinar o caso, sem que haja liberdade plena. 
Este instituto tem por fim inibir a continuidade de uma prisão cautelar 
desnecessária, mas em contrapartida mantém o acusado vinculado ao processo. 
 
algemas, desde que justificada sua necessidade) - Precedentes - Recurso de Agravo improvido." (Rcl 25495 
AgR, Relator Ministro Celso de Mello, Segunda Turma, julgamento em 7.3.2017, DJe de 28.4.2017) 
Uso injustificado de algema: nulidade relativa e necessidade de demonstrar o prejuízo: "Mesmo que assim não 
fosse, é de registrar-se, tal como assinalado pelo Ministério Público Federal em seu douto parecer, que o uso 
injustificado de algemas em audiência, ainda que impugnado em momento procedimentalmente adequado, 
traduziria causa de nulidade meramente relativa, de modo que o seu eventual reconhecimento exigiria a 
demonstração inequívoca, pelo interessado, de efetivo prejuízo à defesa - o que não se evidenciou no caso -, pois 
não se declaram nulidades processuais por mera presunção, consoante tem proclamado a jurisprudência do 
Supremo Tribunal Federal: (...) O entendimento ora referido reafirma a doutrina segundo a qual a disciplina 
normativa das nulidades no sistema jurídico brasileiro rege-se pelo princípio de que 'Nenhum ato será 
declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa' (CPP, art. 563 - grifei). 
Esse postulado básico - 'pas de nullité sans grief' - tem por finalidade rejeitar o excesso de formalismo, desde 
que a eventual preterição de determinada providência legal não tenha causado prejuízo para qualquer das 
partes (...). (Rcl 16292 AgR, Relator Ministro Celso de Mello, Segunda Turma, julgamento em 15.3.2016, DJe 
de 26.4.2016) 
Atenção para o art. 292, parágrafo único do Código de processo Penal alterado pela Lei n. 13.434/2017. 
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Com a nova redação do art. 319, foi estabelecido um sistema 
polimorfo, com amplo regime de liberdade provisória, com 
diferentes níveis de vinculação aoprocesso, estabelecendo um 
escalonamento gradativo, em que no topo esteja a liberdade 
plena e, gradativamente, vai-se descendo, criando restrições à 
liberdade do réu no curso do processo pela imposição de 
medidas cautelares diversas, como o dever de comparecer 
periodicamente, de pagar fiança, a proibição de frequentar 
determinados lugares, a obrigação de permanecer em outros 
nos horários estabelecidos, a proibição de ausentar-se da 
comarca sem prévia autorização judicial, o monitoramento 
eletrônico, o recolhimento domiciliar noturno. Quando nada 
disso se mostrar suficiente e adequado, chega-se à ultima ratio 
do sistema: a prisão preventiva. 
Dessa forma, a liberdade provisória é uma medida alternativa, 
de caráter substitutivo em relação à prisão preventiva, que fica 
efetivamente reservada para os casos graves, em que sua 
necessidade estaria legitimada. (LOPES JR., p. 118, 2017) 
 
É importante ressaltar que os institutos a seguir não se confundem: 
relaxamento da prisão em flagrante ou em prisão preventiva devido à ilegalidade da 
prisão seja ela originária ou posterior13;a revogação da prisão preventiva ou da 
medida cautelar diversa da prisão ou a concessão da liberdade provisória com ou 
sem fiança. 
Há discussão doutrinária acerca natureza do instituto que pode acarretar em 
consequências distintas14: 
1ª corrente – liberdade provisória ligada a prisão em flagrante: Trata-se de 
vantagem que garante ao preso em flagrante responder ao processo em liberdade – 
art. 310, inc. III, do CPP. 
2ª corrente – liberdade provisória como instituto autônomo: trata-se de 
mecanismo aplicado quando imposta uma das medidas cautelares alternativas à 
prisão dispostas nos art. 319 e 320, do CPP. Conforme interpretação do art. 321, do 
CPP, se acusado estiver cumprindo a medida cautelar será considerado liberdade 
provisória, ainda que não estivesse preso em flagrante. Este dispositivo admitiria a 
concessão de liberdade provisória antes de realizada a prisão. 
3ª corrente – liberdade provisória aplicável apenas ao preso em flagrante, se 
presentes as hipóteses autorizadoras: esta corrente compreende que tal 
 
13 BADARÓ, p. 1120, 2017. 
14 AVENA, p. 1198, 2018. 
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benefício apenas seria aplicável às prisões em flagrante, uma vez que o art. 310, 
inc. III, do CPP é disciplinado no capítulo que trata da “prisão em flagrante” e traz a 
expressão “liberdade provisória”. Completando o referido artigo, o art. 321 refere 
quando se utiliza do verbo “conceder”, ou seja, depreende-se que se trata de a uma 
concessão de benefício a alguém que já se encontra preso, condição prévia para tal 
concessão. 
A doutrina clássica classifica o instituto em: (1) obrigatória, (2) permitida e (3) 
vedada. 
• Liberdade Provisória Obrigatória: refere-se a um direito incondicional do 
infrator que ficará em liberdade, mesmo tendo sido surpreendido em 
flagrante. 
• Liberdade Provisória Permitida: É admitida quando não estiverem 
presentes os requisitos de decretação da preventiva, e quando a lei não vedar 
expressamente. 
• Liberdade Provisória Vedada: É vedada quando couber prisão preventiva e 
nas hipóteses que a lei estabelecer expressamente a proibição. 
Contudo, muito se questiona em se fazer a distinção entre a liberdade 
provisória obrigatória da liberdade provisória permitida, haja vista que não se trata 
de uma faculdade do magistrado15. 
Em resumo, as hipóteses em que a liberdade provisória é vedada pela lei 
encontram abrigo nos artigos 323 e 324, do CPP. Há hipótese de vedação no artigo 
44 da Lei n. 11.343/2006, que dispõe que os crimes relacionados ao tráfico de 
drogas previstos nos artigos 33, caput e § 1º, e 34 a 37 dessa Lei eram insuscetíveis 
de liberdade provisória, bem como no art. 7º da Lei n. 9.034/1995, determinando a 
vedação de concessão da liberdade provisória aos agentes com intensa e efetiva 
participação em organização criminosa. 
Entretanto, em relação a vedação constante na Lei de Drogas foi declarada 
inconstitucional pelo STF, de forma incidental, no julgamento do Habeas Corpus n. 
104.339/SP (DJ 05.12.2012). A partir de então “firmou-se o sentido de que está 
superada a vedação irrestrita à concessão do benefício aos agentes de crime 
relacionado à narcotraficância, facultando-se ao julgador deixar de concedê-lo, 
 
15 BADARÓ, Processo penal..., 5ª ed., p. 1120, 2017 e no mesmo sentido AVENA, Processo Penal..., 10ª ed., p. 
1199, 2018. 
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unicamente, quando presentes os requisitos do art. 312 do CPP, o que deve ser 
analisado caso a caso” (AVENA, p. 1200, 2018). 
Em relação à vedação da Lei n. 9.034/95, esta foi tacitamente revogada pelo 
art. 1º, inc. II da Lei n. 12.694/12 e, posteriormente tal legislação fora integralmente 
revogada pela Lei n. 12.850/13. 
Outra hipótese de vedação à liberdade provisória que foi declarada 
inconstitucional pelo STF na ADI 3.112/DF, estava no artigo 21 do Estatuto do 
Desarmamento – Lei n. 10.826/03. 
São hipóteses de liberdade provisória obrigatória: 
a) Infrações de menor potencial ofensivo - art. 69, parágrafo único, da Lei n. 
9.099/95: prevê que àquele surpreendido quando da prática de infração de menor 
potencial ofensivo, em sendo “imediatamente encaminhado ao juizado” ou 
assumindo o compromisso de a ele comparecer, “não se imporá prisão em flagrante, 
nem se exigirá fiança”; 
b) Porte de drogas para consumo pessoal - art. 48, § 2º, da Lei n. 11.343/06: A 
Lei de Drogas apresenta uma situação peculiar, pois, o usuário de drogas será 
encaminhado à lavratura do termo circunstanciado, com a colheita do respectivo 
compromisso de comparecimento. Contudo, mesmo não se comprometendo, ainda 
assim está vedada a sua detenção (§ 3º, art. 48). Mesmo não assumindo o 
compromisso, ainda assim não ficará preso, o que configura mais um caso de 
liberdade provisórias em fiança incondicionada. 
c) Acidentes de trânsito de que resultem vítimas, havendo prestação de 
socorro - art. 301 da Lei 9.503/97: trata-se de hipótese que não prevê prisão em 
flagrante haja vista que houve prestação de socorro. Por configurar crime de menor 
potencial ofensivo, aplica-se o regramento do art. 69, parágrafo único da Lei n. 
9.099/97 (art. 294, da Lei n. 9.503/97). 
d) Infrações que permitem ao réu livrar-se solto (art. 283, § 1º, do CPP): caberá 
liberdade provisória, àqueles que estiverem respondendo por infrações a que a 
multa seja a única pena comida – art. 283, § 1º, do CPP. Por conseguinte, faz-se 
possível a aplicação do art. 309, do CPP que autoriza a autoridade policial a liberar o 
indivíduo, logo após a lavratura do auto de prisão em flagrante, independentemente 
do arbitramento de fiança. 
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Considerando a liberdade provisória o gênero, há de se reconhecer a 
existência das seguintesespécies: 
• Liberdade provisória com fiança; 
• Liberdade provisória sem fiança. 
A fiança é uma garantia real, patrimonial, prestada para se assegurar a 
liberdade do indiciado ou réu durante o processo penal desde que preenchidas 
determinadas condições, sendo efetivada por meio do pagamento em dinheiro ou na 
entrega de valores ao Estado. 
Este instituto apenas poderá ser aplicado pela autoridade policial às 
infrações leves punidas com penas privativas de liberdade não superior a quatro 
anos conforme determinação do art. 322, do CPP. 
Após o requerimento para arbitramento de fiança, advindo por indiciado/réu 
ou Ministério Público, o magistrado tem o prazo de quarenta e oito horas para decidir 
sobre a concessão e, caso ultrapasse tal prazo, caberá habeas corpus por 
constrangimento ilegal. 
Trata-se de crimes inafiançáveis: 
- o crime de racismo; 
- os crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos 
definidos como crimes hediondos; 
- os crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem 
constitucional e o Estado Democrático. 
 
 Conceito Fiança Vínculo 
Restringida a 
quais tipos de 
infrações? 
Liberdade 
provisória 
sem fiança 
e sem 
vínculo 
ocorrerá quando a 
liberdade provisória for 
concedida 
obrigatoriamente, sem 
que haja nenhuma 
condição ao 
beneficiado, devendo a 
� � 
- infrações cuja 
pena de multa é a 
única cominada 
- infrações cujo 
máximo de pena 
privativa de 
liberdade, seja 
30 
 
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autoridade policial 
lavrar o auto, e em 
seguida liberar o 
agente 
isolada, 
cumulada ou 
alternada, não 
ultrapasse a três 
meses 
Liberdade 
provisória 
sem fiança 
e com 
vinculação 
O infrator permanecerá 
em liberdade, 
submetendo-se às 
exigências legais, sem 
necessidade de 
realizar nenhum 
implemento pecuniário. 
Há duas 
possibilidades: 
havendo excludente de 
ilicitude com vínculo de 
comparecimento a 
todos os atos e 
havendo a concessão 
de fiança sendo o 
acusado 
hipossuficiente aplicar-
se-a a liberdade 
provisória. 
� � Demais infrações 
 
É preciso salientar que o instituto da liberdade provisória, quando concedida 
mediante fiança, é sempre condicionada, exigindo a lei, que afiançado esteja 
compelido ao adimplemento pecuniário e outros deveres: 
- comparecimento perante a autoridade, toda vez que for intimado para os atos do 
inquérito e da instrução; 
- impossibilidade de mudar de residência, sem prévia permissão da autoridade 
competente; 
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- proibição de ausentar-se por mais de oito dias de sua residência, sem comunicar 
àquela autoridade o lugar em que poderá ser encontrado; 
- vedação à prática de novas infrações. 
Ocorrerá a quebra da fiança quando houver o descumprimento injustificado 
de algum dos deveres descritos acima pelo afiançado, podendo ser determinada de 
ofício ou por provocação e tem as seguintes consequências: 
– recolhimento ao cárcere, efetivando-se a prisão que foi evitada pela prestação de 
fiança, ou restabelecendo-se aquela previamente existente. 
– perda de metade do valor caucionado, que será destinado ao Tesouro Nacional 
(Fundo Penitenciário Nacional, art. 346, CPP). A outra parte será devolvida. Mesmo 
que ao final o réu seja absolvido, a quebra não é revertida. 
– impossibilidade, naquele mesmo processo, de nova prestação de fiança (art. 324, 
I, CPP). 
A decisão judicial que impõe a quebra da fiança admite recurso em sentido 
estrito conforme o art. 581, inc. VII, CPP. 
De acordo com o art. 584, §3º, do CPP, o recurso terá efeito suspensivo 
apenas quanto ao perdimento da metade do valor prestado em fiança, podendo ser 
interposto até mesmo pelo terceiro que prestou fiança em favor de outrem. 
Caso seja julgado procedente, a fiança volta a subsistir, sendo o afiançado 
colocado em liberdade, retornando todos seus efeitos - art. 342, CPP. 
Havendo trânsito em julgado da sentença condenatória e caso o condenado 
venha a frustrar a efetiva punição, negando-se ou evadindo-se para não cumprir a 
pena, fugindo da autoridade policial, a fiança poderá ser julgada perdida – art. 345, 
do CPP. 
Mais uma vez, esta decisão admite o recurso em sentido estrito, por meio do 
mesmo fundamento legal, e também tem efeito suspensivo quanto à destinação do 
valor remanescente, conforme se depreende do art. 584, caput, CPP. 
Na mesma toada, será considerada cassada a fiança que: 
– for concedida por equívoco. Deve ser cassada, de ofício, ou por provocação. 
Somente o judiciário pode determinar a cassação. 
– ocorra uma inovação na tipificação do delito, reconhecendo-se a existência de 
infração inafiançável (art. 339, CPP). Oferecida a denúncia, a fiança deve ser 
prontamente cassada, seja por requerimento do Ministério Público, seja de ofício. 
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– houver aditamento da denúncia, imputando-se mais uma infração ao réu. Como no 
concurso material as penas mínimas devem ser somadas, se isso ocorrer e 
ultrapassar o limite legal (pena mínimade dois anos), deve haver a cassação. 
A decisão de cassação da fiança admite recurso em sentido estrito, 
entretanto, sem efeito suspensivo. Uma vez julgado procedente o recurso, a fiança 
será reestabelecida. Se a fiança for cassada, diz-se que a mesma foi julgada 
inidônea. 
 
 
ATENÇÃO 
É possível que haja a cassação em fase recursal. 
 
 
Em alguns casos, é possível que o valor da fiança não seja suficiente, ou 
que haja depreciação material ou perecimento de bens hipotecados ou caucionados; 
ou que haja nova classificação do delito, que tenha repercussão, em razão da 
alteração da pena, no quantitativo da fiança etc. Nestas hipóteses, é preciso que 
haja o reforço da fiança, conforme art. 340 do CPP. 
Caso não haja o reforço, a fiança vai ser julgada sem efeito, sendo o valor 
inicialmente prestado devolvido, com o consequente recolhimento ao cárcere, 
expedindo-se mandado de prisão. 
Contra a decisão que julga sem efeito a fiança caberá recurso em sentido 
estrito, sem efeito suspensivo. 
É possível que haja dispensa do reforço caso o agente seja considerado 
hipossuficiente. Nesta hipótese, o agente permanece em liberdade com pleno efeito 
da fiança prestada. 
 
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1.7 Medidas Cautelares Diversas da Prisão 
 
As medidas cautelares diversas da prisão estão previstas no art. 319, do 
CPP, quais sejam: 
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas 
condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades;

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