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Unidade II - Body Art Ações Artísticas com o Corpo

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Linguagem Contemporânea: 
Performance e Vídeo
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Rita Farcia Jimenez
Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida
Body Art – Ações Artísticas com o Corpo
• Introdução
• Radicais (Acionistas) Vienenses
• Guerra e Corrupção: Panos de Fundo
• Novas Tecnologias, Novos Objetivos, Novos Corpos
• Body Art no Brasil
 · Conhecer e explanar a Linguagem Contemporânea no âmbito da 
performance e do vídeo e suas proposições, especificamente o Body 
Art – Ações Artísticas com o Corpo.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Body Art – Ações Artísticas 
com o Corpo
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Body Art – Ações Artísticas com o Corpo
Introdução
“A performance e a body art devem mostrar não o homo sapiens – que 
é como nos intitulamos do alto de nosso orgulho – e sim o homo vulne-
rabilis, essa pobre e exposta criatura, cujo corpo sofre o duplo trauma do 
nascimento e da morte, algo que pretende ignorar a ordem social.”
René Berger (1915-2009), escritor, filósofo e historiador da Arte
Apoiado no parachoque traseiro de 
um Volkswagen Beetle, o artista teve 
suas mãos fixadas com pregos no teto do 
automóvel. Como um Cristo crucificado, 
saiu de uma garagem, apresentando-se 
a um grupo de espectadores em Venice, 
Califórnia (Estados Unidos). O motor do 
carro foi acelerado ao máximo por dois 
minutos, simbolizando o som de uma dor 
martirizante. Logo depois, Burden re-
tornou para a garagem, como se tivesse 
ocorrido uma aparição.
Tatuagens, piercings, maquiagem, ci-
rurgias plásticas, escarificação – cortes 
superficiais na pele, produzindo cicatrizes 
mais ou menos pronunciadas, pinturas, 
queimaduras (marcas), além de vestimen-
tas e adornos corporais, são maneiras de 
se construir a relação de identidade e de 
diferenças por meio do próprio corpo. Figura 1 – Trans-fixed (1974), de Chris Burden, body art
Fonte: Wikimedia Commons
Ao longo do tempo, e em diversas culturas, o corpo tem sido modificado de 
maneira consistente e constante. As relações entre Arte e vida cotidiana, o rom-
pimento das barreiras entre Arte e não Arte e a importância decisiva do espec-
tador como parte integrante do trabalho constituem pontos centrais para a Arte 
contemporânea.
O corpo, que tanto foi tema de pinturas, de esculturas, do teatro e da dança, 
passa a se revelar como uma mídia fundamental da expressão artística, enfatizando 
a complexidade dos padrões de comportamento e problematizando as estruturas 
sociais às quais está submetido.
Para os artistas de artes performáticas, o corpo é o centro de todas as crises 
sociais, pois é primeiramente nele que se revelam as manifestações sociais, com 
seus objetivos e contradições. Assim, aceitando o corpo como o primeiro lugar de 
manifestação política, surge a body art, no final da década de 1960.
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Mas, a body art, ou a Arte do corpo, não se limita apenas a fazer algumas 
tatuagens. O artista utiliza a si próprio como suporte para expressar suas ideias. O 
corpo é encarado em sua materialidade (sangue, suor, química e física do corpo), 
como um vasto campo de possibilidades criativas. Em alguns casos, a linguagem 
pode assumir o papel de ritual ou a apresentação pública, aproximando-se de 
outras formas de manifestações, como o happening e a performance. Outras 
vezes, sua comunicação com o público se dá por meio de documentação, por meio 
de vídeos ou fotografias, articulando, também, com diferentes linguagens – dança, 
Música, Pintura, Teatro, Escultura, Literatura... E, o artista é, ao mesmo tempo, 
criador e criatura, transformando seu corpo no campo da experiência estética.
A body art, uma das mais controversas formas de Arte, disseminou-se pelo 
mundo, representando, sob muitos aspectos, uma reação à impessoalidade da Arte 
Conceitual e do Minimalismo, que não utilizaram, em grande parte desse período, 
o corpo do criador de Arte.
Nos exemplos em que assume a forma de um ritual público ou de uma 
performance, sobrepõe-se à performance art, embora seja criada frequentemente 
na intimidade e, em seguida, comunicada ao público por meio da documentação 
como em Auto Polaroid (1969-1971), do artista grego radicado nos Estados 
Unidos, Lucas Samaras (1936-), que transforma o espectador em uma testemunha.
Figura 2 - Auto Polaroid (1969-1971), de Lucas Samaras, body art/fotografi a
Fonte: moma.org
A body art, em benefício das emoções, utiliza todo o tipo de vestígio humano 
como exames clínicos, fotos, raios-X, voz, excrementos, fluídos... pois vê neles 
realidades tangíveis. Nascida em um grupo de artistas austríacos denominados 
Radicais (Acionistas) Vienenses, criado em 1962, tem fortes referências nas 
experiências de Marcel Duchamp (1887-1968) com o corpo como material.
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UNIDADE Body Art – Ações Artísticas com o Corpo
Em Tonsure (1919), trabalho no qual cortes de cabelo em Duchamp foram 
registrados como arte; de Yves Klein (1928-1962), que utilizava corpos femininos 
como “pincéis vivos”, em Anthropometries (1960); e, de Piero Manzoni (1933-
1963), que assinava seu nome nos corpos das pessoas para criar a série Esculturas 
vivas (1961).
Figura 3 – Tonsure (1919), de Marcel 
Duchamp, body art/performence
Fonte: davidboeno.org
Figura 4 – Anthropemetries (1960), 
de Yves Klein, body art/performence
Fonte: Wikimedia Commons
Esculturas vivas (1961), de Piero Manzoni, body art: https://goo.gl/kvsJVj
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Várias das primeiras criações de body art parecem ter derivado diretamente 
dessas fontes. Autorretrato como fonte (1966), do artista norte-americano Bruce 
Nauman (1941-), exerce o papel de uma homenagem/referência ao famoso mic-
tório Fonte (1917), de Duchamp, ampliando o preceito duchampiano que inclui o 
próprio artista como obra. Nauman dá continuidade à afirmação de Duchamp de 
que tudo pode ser transformado em Arte.
O corpo é um tema recorrente na obra de 
Nauman, seja ele visto por meio do neon ou 
do vídeo. Suas criações exploram o corpo no 
espaço, as nuances psicológicas e os jogos 
de poder dos relacionamentos humanos, a 
linguagem corporal, o corpo do artista como 
recurso material e sua autoprocura narcisista.
Na performance Velocity Piece 1 e 2 
(1969), o artista norte-americano Barry Le 
Va (1941-)percorreu uma distância de 15 
metros dentro de uma Galeria de Arte até seu 
corpo se chocar contra a parede. O artista 
repetiu a ação, de um lado a outro da sala, 
até que as paredes ficassem manchadas de 
sangue, enquanto um equipamento gravava 
Figura 5 - Autorretrato como fonte (1966), de 
Bruce Nauman, body art. A imagem inclui o 
artista atuando, enquadrado pela moldura 
da Arte e não permanecendo do lado de 
fora, como um mero produtor
Fonte: lounge.obviousmag.org
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os ruídos de seus movimentos. Depois do evento, ao ouvir os resultados de sua 
performance, as pessoas seguiam o som dos passos de Barry em um movimento 
imaginário em pingue-pongue de suas cabeças.
Figura 6 – Velocity Piece 1 e 2 (1969), de Barry Le Va, body art
Fonte: artperformance.org
A manifestação da body art requer, para existir, uma situação performática, 
ainda que ela seja configurada apenas como uma experiência privada e individual 
do artista. Nem sempre ela se configura como um corpo atuando ao vivo diante de 
uma audiência, ainda que a body art tenha seu núcleo expressivo no corpo. Não é 
unicamente por intermédio dele que esse tipo de arte finalizará suas necessidades 
expressivas, vez que pode, como recurso de apropriação, ser veiculada em diferentes 
mídias, tais como vídeo, fotografia, apresentação ao vivo, ruídos, pinturas, esculturas 
e instalações, entre outras.
Conforme Lucia Santaella, em Culturas e artes do pós-humano – Da cultura 
das mídias à cibercultura (Paulus, 2003):
A body art é primariamente pessoal e privada. Seu conteúdo é autobio-
gráfico e o corpo é usado como o corpo próprio de uma pessoa particular 
e não como uma entidade abstrata ou desempenhando um papel. O con-
teúdo dessas obras coincide com o ser físico do artista que é, ao mesmo 
tempo, sujeito e meio da expressão estética. Os artistas eles mesmos são 
objetos de arte. Mesmo nos trabalhos criados para existir apenas na forma 
de documentação fotográfica ou videográfica, o poder da fisicalidade e a 
diretividade psicológica do gesto transcendem sua representação imagética
Com um vasto espectro de expressões diferenciadas e profundamente subjetivas, 
a body art abrange as ações sadomasoquistas do grupo austríaco Radicais 
Vienenses; o culto do corpo de Vito Acconci e Vettor Pisani; as autoflagelações de 
Gina Pane, com intervenções em seu próprio corpo, utilizando o tema da violência 
contemporânea; o questionamento dos papéis sexuais de Urs Lüthi, Annete 
Messager e Karina Sieverding; da francesa Orlan, que utiliza o próprio corpo como 
suporte para transformações e criações – sua ação é transformar-se esteticamente 
em outras pessoas, outras caras, tornando sua obra autorretratos reais; os quadros 
vivos de Gilbert & George; a paródia corporal de Arnulf Rainer, Bruce Nauman e 
Denis Masi...
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UNIDADE Body Art – Ações Artísticas com o Corpo
Radicais (Acionistas) Vienenses
Figura 7 – Autopintura, automutilação (1964), de Günter Brus, body art
Fonte: slought.org
Foram os Radicais Vienenses – também denominados Acionistas Vienenses – 
que desenvolveram e sistematizaram a body art, levando o gênero da performance 
a extremos. O grupo, formado em 1962, por Günter Brus (1938-), Otto Muehl 
(1925-2013), Hermann Nitsch (1938-) e Rudolf Schwarzkogler (1940-1969), fez 
do horror e da obscenidade elementos centrais de suas apresentações. Produzindo 
vídeos, pinturas e performances escatológicas e obscenas, e realizando em público 
uma série de situações tabu, seus integrantes eram perseguidos e eventualmente 
detidos pela polícia.
Schwarzkogler foi vítima desse comportamento: morreu com 29 anos em 
decorrência de suas próprias ações sobre seu corpo – ele pulou de uma janela em 
um suicídio público.
Em 1968, Muehl participa como coadjuvante da performance Art and 
revolution, de seu colega Günter Brus. Convidado a falar sobre a função da Arte 
na sociedade capitalista a um grupo de estudantes na Universidade de Viena, Brus 
fica nu, urina, bebe sua própria urina, automutila-se, defeca, espalha as fezes em 
seu corpo e finalmente se masturba enquanto canta o hino nacional austríaco. 
Dois anos depois, Muehl realiza uma de suas obras mais controversas. No vídeo 
Oh sensibility, o artista e uma performer encenam uma interação sexual com um 
ganso. Após uma longa sequência em que o animal é manipulado por Muehl e sua 
parceira, segue-se o clímax da ação: o artista mata o ganso, decapitando-o e, em 
seguida, utiliza a cabeça da ave para estimular sexualmente a mulher.
Aparentemente inaceitáveis tanto do ponto de vista moral quanto artístico, 
essas propostas foram, surpreendentemente, ganhando gradativamente status de 
vanguarda e conquistando o mundo da arte como a participação de Otto Muehl 
em duas exposições no Museu do Louvre (Posséder et détruire, em 2000, e La 
peinture comme crime, em 2002).
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A vida e a obra de Muehl e de Schwarzkogler, por exemplo, suscitam um questio-
namento: como avaliar a complexa produção do grupo? Há aqueles que idolatram 
seus integrantes pelo teor revolucionário de sua Arte e outros para quem os artistas 
não passam de perversos. Segundo Muehl e Nitsch, a podridão e a perversidade 
teriam, paradoxalmente, poderes curativos: o choque promovido pela indigesta 
Arte do grupo teria a capacidade de purificar e redimir.
Schwarzkogler produziu um total de seis ações em um período que durou pouco 
mais de um ano, dos quais apenas uma, Casamento (1965), foi realizada diante 
de uma plateia convidada. No lugar de fórmulas socialmente aceitáveis como troca 
de anéis, votos de fidelidade e brindes de champanhe, ele evoca imagens de con-
taminação (com a cor “clean” azul) a partir da separação, lesões, tortura e morte.
Casamento (1965), de Rudolf Schwarzkogler, body art: https://goo.gl/fGWVdK
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Animais mortos, incluindo peixes e galinhas, e os instrumentos médicos que 
evocavam métodos de tortura, apresentam-se regularmente em seu trabalho, assim 
como sua vestimenta branca ou seu corpo nu vistos na série Ações, realizada entre 
1965 e 1966.
Schwarzkogler não realizará em vida nenhuma exposição de suas ações ou de 
sua obra plástica. Suas ações ocorrem em espaços brancos, com poucos elementos 
(tesouras, lâminas de barbear, facas, cabos elétricos, seringas, fios etc.) e a câmara 
fotográfica como testemunha. Sua obra será marcada pela alquimia física, alteração 
formal do corpo, atmosfera hospitalar, castração e violação. Encerrado o ciclo de 
Ações, Schwarzkogler se volta para o desenho e para a escrita conceitual, mas suas 
obsessões em relação ao corpo permanecem.
3ª Ação (a) (1965) e 6ª Ação (b) (1966), de Rudolf Schwarzkogler, body art:
https://goo.gl/Z1mHZr e https://goo.gl/sotmh1Ex
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Guerra e Corrupção: Panos de Fundo
Na América, mais especificamente nos Estados Unidos, algumas das criações 
mais perturbadoras da body art foram realizadas durante as rebeliões estudantis 
e os protestos pelos direitos civis relacionados à Guerra do Vietnã, nos anos 
1960/1970 e ao escândalo político Watergate, que culminou com a renúncia do 
então presidente Richard Nixon, em 1974.
Contra um pano de fundo de atrocidades e corrupção, enfatizado pelos meios de 
comunicação americanos, Vito Acconci (1940-), Dennis Oppenheim (1938-2011) 
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UNIDADE Body Art – Ações Artísticas com o Corpo
e Chris Burden (1946-2015) criaram obras dolorosas, que implicavam o abuso de 
si mesmos, com subtextos masoquistas. Suas ações extremadas eram provas de 
resistência, envolvendo automutilação e dor ritualizada.
Acconci foi professor de Teoria da Arte na School of Visual Arts de Nova Ior-
que, entre 1968 e 1971. Em 1970, realizou trabalhos em vídeo e em película, 
como o filme Body art, concretizado entre 1970 e 1972. Conhecido no meio da 
arte como um dos precursores da body art nos anos 1970, nos Estados Unidos, 
suas performances e vídeos da época constituem um importante referencial para as 
gerações seguintes que discutiram – e ainda discutem – questões relacionadas à crí-
tica institucional,à Arte como ferramenta ativista e à sua aproximação com a vida.
Nas ações que realizou, Acconci aborda temáticas ligadas à relação entre o 
homem, o sexo, o prazer e o desejo. Em Trademarks (1970), o artista, sentado nu 
no chão morde seu próprio corpo em tantas partes quanto sua boca pode chegar. 
Trademarks (1970), de Vito Acconci, body art: https://goo.gl/cHiBM1
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Em Rubbing Piece (1970), apresentada em Nova Iorque, Acconci esfrega o 
próprio braço até produzir uma ferida. O sangue, o suor, o esperma, a saliva e 
outros fluidos corpóreos mobilizados nos trabalhos interpelam a materialidade do 
corpo, que se apresenta como suporte para cenas e gestos que tomam, por vezes, 
a forma de rituais e sacrifícios.
A Rubbing Piece (1970), de Vito Acconci, body art: https://goo.gl/BkUPQK
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Chris Burden é outro nome importante, um dos mais influentes das artes visuais 
na segunda metade do século XX. O norte-americano despontou no circuito nos 
anos 1970, no auge da performance. O artista se tornou uma das vozes mais 
influentes de sua geração e formou uma leva de novos artistas, que frequentaram 
suas aulas na Cal Arts, em Los Angeles, uma das Escolas de Arte mais prestigiadas 
dos Estados Unidos. Burden fez uma série controversa de ações, que incidiu colocar- 
-se em real perigo com a ajuda de armas, carros, fogo e cacos de vidro.
Sua obra mais conhecida é Shoot, de 1971, em que pediu para um amigo atirar 
em seu braço com um rifle dentro de uma Galeria de Arte em uma referência ao 
trauma causado pela Guerra do Vietnã: “Fiz essa performance durante a guerra, 
quando milhares de garotos da minha idade eram alvo de disparos”, lembrou 
Burden (MARTÍ, 2005). Foi tudo planejado para a bala passar de raspão e fazer 
rolar só uma gota de sangue, mas o ferimento foi bem maior.
Shoot (1971), de Chris Burden, body art: https://goo.gl/gTDtP1
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Dennis Oppenheim, artista do autoflagelo, foi apedrejado e se deixou queimar 
sob o sol e, seguindo a mesma linha, temos a italiana Gina Pane (1939-1990), uma 
artista de grandes investidas contra o corpo que, em seus atos extremos no sentido 
de automutilação, valoriza o gesto, o movimento do corpo. Com o sofrimento, 
pretendia acentuar o problema da violência da vida contemporânea na sua relação 
com a vulnerabilidade e com a própria passividade com que o indivíduo enfrenta 
estes temas.
Aproximando-se das orientações estéticas de outras artistas femininas, a obra 
de Gina Pane pretende abordar, por meio de sofrimento, a relação entre os se-
xos, os tabus, os estereótipos e o problema da dominação masculina, fazendo 
nascer uma nova abordagem, em que a marca estampada no corpo passa a sim-
bolizar o sofrimento.
Ação psyche (1974), de Gina Pane, body art: https://goo.gl/zWPPyp
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A violência e o masoquismo também estão presentes na obra da artista per-
formática francesa ORLAN (1947-) – seu nome é escrito com todas as letras em 
maiúsculo porque ela não quer se encaixar em linhas ou fileiras padronizadas.
A artista cria esculturas, fotografias, performances, vídeos e videogames, 
realidade aumentada, usando técnicas científicas e médicas, como cirurgia e 
biogenética. ORLAN faz de seu próprio corpo a matéria-prima para suas obras. 
Em um manifesto, em 1989, ela definiu seu trabalho como “Arte carnal”.
A artista defende posições inovadoras, interrogativas e subversivas, opondo-
-se ao determinismo natural, social e político e a todas as formas de dominação, 
supremacia masculina, religião, segregação cultural e racismo.
Misturando humor, muitas vezes em paródia ou mesmo de forma grotesca, suas 
obras provocativas chocam porque ela sacode os códigos pré-estabelecidos: “Sou 
o primeiro artista a usar a cirurgia como um meio e a alterar o objetivo da cirurgia 
plástica” (DEMPSEY, 2003, p.246), afirmou ORLAN.
A partir de 1990, a artista realizou nove cirurgias plásticas na série A 
reencarnação de Santa ORLAN, assumindo, em cada uma delas, novas formas 
e particularidades em seu rosto. Na primeira, implantou protuberâncias em cada 
lado da testa para, de acordo com sua concepção, fazer lembrar as sobrancelhas 
da Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. Essas mudanças pretendiam emprestar 
particularidades e ícones de beleza de grandes obras da história da arte, como O 
nascimento de Vênus (1484-86), de Botticelli, e O banho de Diana (1724), de 
François Boucher, entre outros. 
O corpo se torna um readymade modificado, não mais aquele readymade 
tradicional, que basta estar assinado. A arte de ORLAN busca expor a realidade 
obsoleta do corpo para inaugurar uma morte seguida de ressurreição. Ela luta 
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UNIDADE Body Art – Ações Artísticas com o Corpo
contra a hipervalorizarão da estética pela estética, colocando-se contra normas 
e valores que a estética transmite sem qualquer embasamento ético que deveria 
precedê-la.
Figura 8 – 1ª Cirurgia-performance (1990), de ORLAN, Paris, body art
Fonte: orlan.eu
9ª Cirurgia-performance (1993), de ORLAN, Nova York, body art: https://goo.gl/TR99vY
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Enquanto se submetia às cirurgias, ORLAN se manteve consciente a maior parte 
do tempo, desenhando com seu dedo manchado de sangue e declamando partes 
de seu Manifesto de arte carnal: “Posso observar meu próprio corpo aberto, sem 
sofrimentos... Me vejo inteira, por dentro, até as entranhas... Um novo estado de 
espelho...” (CANTON, 2009).
Em outra série mais recente, realizada por ORLAN, intitulada Auto-hibridi-
zação, ela conta com a manipulação de imagens por computador para exibir 
seu rosto, misturado a formas que chegam a padrões de beleza de diferentes 
culturas e civilizações, como as pré-colombianas, as africanas e a chinesa, entre 
outras. Por isso mesmo, ORLAN diz: “Esse é meu corpo, esse é meu software” 
(ULPIANO, 2010).
Em depoimento ao jornal britânico The Guardian, a artista declarou:
O narcisismo é muito importante. Ele está na capacidade de mostrar algo 
interessante sobre a nossa sociedade. Já a dor é anacrônica. Existem 
anestesias, morfinas. Se eu experimentasse a dor, não teria como, 
durante algumas partes das cirurgias, ler meus textos ou desenhar com 
meu sangue.
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Figura 9 – Self-hybridations (2000-2003), de ORLAN, body art
Fonte: orlan.eu
Figura 10 – Reconfi guração auto-hibridização (2006), de ORLAN, body art/performance
Fonte: orlan.eu
Interferências no corpo como as realizadas por ORLAN começaram a ser 
denominadas de body modification (modificação do corpo), ações que agregam 
acessórios ao corpo e intervém no seu projeto original, sendo que o corpo 
passa a sofrer modificações das mais diversas formas, chegando a perder a 
aparência humana. A body modification cria novas formas corporais, texturas 
e cores, tatuagens e introduz novos elementos, tornando o corpo diferenciado e 
surpreendente em permanente exposição, o tempo todo. Não há separação entre 
a vida e a obra, entre o sujeito criador e o objeto criado.
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UNIDADE Body Art – Ações Artísticas com o Corpo
Novas Tecnologias, Novos 
Objetivos, Novos Corpos
No final do século XX, novas tecnologias ampliaram o objetivo da Arte do corpo. 
A artista libanesa Mona Hatoum (1952-) mostra no vídeo Corpo 
Outro fator importante no que se refere à Arte do corpo hoje é o esvaziamento da 
questão política que caracterizara a body art. Ao longo do tempo, os aspectos outro-
ra dramáticos da liberação do corpo foram se transformando e, atualmente, está 
voltado mais para o indivíduo do que para a coletividade. Reina uma arte introspec-
tiva com as características de um diário: intimista, confessional, particular. No discur-
so sobre o corpo, há um deslocamento do social ao privado, ou da política rumo à 
psicologia. O que um dia foi celebração comunitária converteu-se em certa solidão.
Corpo estrangeiro (1994) de Mona Hatoum, body art: https://goo.gl/UujPCz
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Hoje, o trabalho de muitos artistas parece sugerir que a Tecnologia seja uma 
extensão e uma prótese do homem em uma evolução sem precedentes. A En-
genharia Genéticaencontra soluções até pouco tempo impensáveis – cuida do 
corpo antes mesmo de ele vir ao mundo, a inseminação artificial faz o homem 
existir mesmo onde não seria possível, as pró-
teses tecnológicas, os transplantes de órgãos e 
as células-tronco fazem o homem viver mais e 
mais... a cirurgia estética repara falhas e nos 
transformamos no que queremos ser. Para onde 
vai o nosso corpo? Para a obsolescência?
O trabalho de muitos artistas contemporâneos 
parece indicar algumas direções que respondem 
– em parte – essa questão. O australiano Stelarc 
(1946-) – pseudônimo de Stelios Arcadiou – é 
um artista performático cujas obras concentram-
-se fortemente no futurismo e na extensão das 
capacidades do corpo humano. Ele trabalha na 
conexão entre o corpo natural e o corpo arti-
ficial: “Nós criamos instrumentos e tecnologias 
cujas capacidades de percepção superam de lon-
ge as nossas, em questão de evolução, estamos 
em crise... o nosso corpo está se tornando obso-
leto...” (COSTA, 2003, p. 310), afirmou.
Figura 11 – Third hand (1980-2002), 
de Stelarc, body art
Fonte: stelarc.org
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A ideia central do artista vai ao encontro da superação dos limites físicos da 
natureza humana. Ele não se preocupa apenas pela dimensão puramente estética 
ou tecnológica do seu trabalho, mas também coloca questões pertinentes em nível 
filosófico e científico e defende a mutação física sintética para alcançar um grau de 
superioridade humana.
Em 2007, Stelarc implantou uma terceira 
orelha no seu braço. A orelha foi criada por 
modernos processos de cultivo em laboratório 
de tecido humano e, posteriormente, implan-
tada, de forma subcutânea, em seu braço. O 
artista afirma que vai continuar a fazer cirur-
gias, de forma que a orelha implantada no 
braço pareça ainda mais realista e com melhor 
definição estética. O conceito final do artista é 
implantar um microfone ligado a um transmis-
sor Bluetooth de modo a que a orelha do bra-
ço transmita o que o braço dele “ouve”, para 
qualquer um que queira ouvir isso na Internet.
O filósofo italiano Mario Costa, em A arte 
no século XXI – A humanização das tecnolo-
gias (UNESP, 2003) vaticina: “Que o corpo se 
encontre atualmente no seu declínio, que ele 
vai se fazendo vazio e obsoleto, é, enfim, uma 
constatação de fato sobre a qual nenhuma dú-
vida pode subsistir”.
Body Art no Brasil
No Brasil, artistas como Antonio Manuel (1947-) e Gretta Sarfaty (1947-) 
desenvolveram trabalhos de body art a partir da década de 1970, mas não são 
muitos artistas que se encaixam nessa vertente da Arte contemporânea. A partir 
dos anos 2000, surgiram na cena nacional os nomes de Priscilla Davanzo (1978-) 
e do amazonense radicado em Recife (Pernambuco) Rodrigo Braga (1976-).
A partir de alguns trabalhos em vídeo do artista português radicado no Brasil, 
desde 1953, Antonio Manuel, realizados na década de 1970, podemos identificar 
conteúdos evidentes relacionados à loucura e à violência discutidos a partir do 
corpo, da memória e da morte.
Figura 12 – Ear on arm (2003-2012), 
de Stelarc, body art
Fonte: stelarc.org
19
UNIDADE Body Art – Ações Artísticas com o Corpo
A participação do artista no Salão Nacional de 
Arte Moderna de 1970, no Rio de Janeiro, propon-
do o próprio corpo como obra, foi marcante. Tendo 
sua proposta recusada pelo júri, na noite de abertu-
ra da exposição, ele, totalmente nu, apresentou-se 
ao público como obra rejeitada.
Para o crítico Mario Pedrosa (1901-1981), Manuel 
apresentou o ato como obra, irresistível e, ao mesmo 
tempo, irreprimível. Ninguém pode impor uma ex-
clusão, porque não havia regulamento que impedisse 
que a obra se fizesse ou que o ato se realizasse.
Contemporânea de Antonio Manuel, a grega Gretta 
Sarfaty, radicada no Brasil desde 1954, também de-
senvolveu, no início de sua carreira, trabalhos relacio-
nados à body art. Aos 25 anos começa a expor pro-
fissionalmente. Por conta de sua produção artística e 
exposições, muda-se para Paris, Milão e Nova Iorque, 
ganhando reconhecimento internacional.
O crítico de arte Roberto Pontual afirmou, nas páginas do Jornal do Brasil, 
em 1979:
O trabalho de Gretta foi originalmente mais relacionado com a linguagem 
da fotografia, especialmente durante sua recente estadia na Europa. Seu 
foco principal tem sido sempre o corpo da mulher, incluindo o seu próprio 
corpo como um símbolo de condição das mulheres na nossa sociedade.
Figura 14 – Autofotos IV (1976), de Gretta Sarfaty, body art, fotografia (48 cm x 33 cm)
Fonte: gretta.info
Figura 13 – O corpo é a obra 
(1976), de Antonio Manuel, 
body art/performance
Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br
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Gretta Sarfaty faz o registro permanente do seu corpo e de seu psiquis-
mo. Ela utiliza para estes registros todos os suportes e mídias dispo-
níveis, tais como telas, pinturas, papel, desenhos, fotografias, vídeos, 
holografias, performances etc. Gretta faz igualmente o registro de suas 
fantasias e de seus relacionamentos. Desta maneira, ela aparece de-
formada, envolta em rendas negras, deitada na cama, em movimento, 
misturada com outros personagens. Ela realiza estes trabalhos individu-
almente e, em alguns casos, através da junção e esforço de vários artis-
tas e técnicos. Gretta Sarfaty é, desta maneira, o ego mais registrado 
da história da arte ocidental e oriental. Não há notícia de outro artista 
que tenha sido de tal maneira esmiuçado, revirado ao avesso, deforma-
do, reencarnado e submetido às mais variadas possibilidades da mídia 
do que a brasileira Gretta Sarfaty. (...) A base inicial deste trabalho 
é a figura humana, representada de maneira expressionista. Depois, 
dentro do mesmo espírito, a artista permite-se a liberdade de elaborar 
esta figura e transformá-la, com o objetivo de tornar explícitos os seus 
estados de ansiedade, morbidez, desgosto, esperanças e, finalmente, as 
percepções que teve de vidas pregressas e funções carmáticas. Amiga 
de novidades, Gretta procurou conhecer todos os instrumentos à sua 
disposição, desde a simples pintura até a utilização do computador, do 
vídeo e da holografia (KLINTOWITZ, 1988).
Body Art Hoje no Brasil
Conhecida pelo processo radical de tatuagem, que fez com que, no ano 2000, 
ela realizasse As vacas comem duas vezes a mesma comida – o título provém 
da composição Maneiras, de Arnaldo Antunes e David Calderoni (1998) – a artista 
e pesquisadora Priscilla Davanzo (1978-) articula vários tipos de experimentação 
corporal em uma crítica à superficialidade da condição humana.
Na ação, ela tatuou manchas de vacas em todo o seu corpo como vemos nas 
vacas holandesas, que são malhadas. A sua opção pela vaca não é fortuita; é 
porque elas digerem duas vezes o mesmo alimento e isso cria uma comparação 
com o humano pouco profundo: “Nós não digerimos bem as ideias que recebemos 
de filmes, livros e jornais” (FREY, 2014).
Com graduação em Artes Plásticas e mestrado em Artes Visuais, ambos pelo 
Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Priscilla apresenta 
visão crítica sobre as simulações e as mudanças apenas aparentes, defendendo 
veracidade nas alterações corporais, cada vez maiores com o uso de novas 
tecnologias.
A body modification realizada por Priscilla difere da body art por permane-
cer todo o tempo em exposição no seu corpo; não há separação nunca entre a 
vida e a obra, entre o sujeito criador e o objeto criado: “O sujeito é objeto e não 
deixará de ser, independentemente do tempo e do espaço em que se encontre” 
(FREY, 2014).
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UNIDADE Body Art – Ações Artísticas com o Corpo
Se eu me pintasse de vaca com uma tinta (uma tinta guache ou uma 
tinta qualquer), eu seria vaca por um dia, mas se eu me tatuo, se é uma 
coisa permanente, eu estou me propondo a ser vaca para sempre. Esta 
é a diferença: você não está brincando de ser vaca, você está sendo 
vaca... Essa coisa do permanente assusta as pessoas, porque ninguém 
quer assumir esses compromissos. A tatuagem permanente representa 
um conceito totalmente diferente. Seriaoutra coisa se ela fosse pinta-
da com uma tinta guache, por exemplo, principalmente no caso das 
tatuagens de vaca que eu faço no meu corpo. Assim, eu estou sendo 
vaca para sempre, não estou brincando de ser vaca (DAVANZO apud 
GARCIA, 2000).
Priscilla Davanzo no documentário Geotomia (Marcelo Garcia, 2000):
https://youtu.be/eaY8-vYoVYUEx
pl
or
Conforme Katia Canton (Corpo, identidade e erotismo, 2009), a ideia de 
permanência e verdade, associadas à preocupação de Priscilla em seu trabalho, 
inclui a possibilidade da dor, como um sentir que faz parte da vida humana: “A 
dor, para ela, é um elemento que pode ser incorporado nas práticas artísticas, 
assim como é aceito em atividades cotidianas ligadas ao culto do corpo, como 
tratamentos de beleza e exercícios físicos”, afirma a autora.
Esse elemento da dor, segundo a artista, não equivale à violência. Em Pour être 
plus belle et plus efficiente (2005), Priscilla colhe flores naturais de um jardim 
e as costura na pele. Trata-se de um embelezamento com dor, em uma crítica às 
práticas cosméticas.
Pour être plus belle et plus efficiente (2005), de Priscilla Davanzo, body art:
https://goo.gl/QLc278Ex
pl
or
Enquanto Priscilla Davanzo produz marcas reais em seu próprio corpo, o artista 
pernambucano Rodrigo Braga faz uso de técnicas de manipulação de imagens 
que, conforme Katia Canton, “geram resultados radicais, causando desconforto e 
repulsa” (2009, p. 38).
As séries Fantasia de compensação e Risco de desassossego, ambas de 
2004, bem como Sem título, de 2005, “são quase insuportáveis de se ver, ainda 
que o observador tenha consciência do tratamento de imagem realizado” (2009, 
p. 38), afirma a autora.
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Em Fantasia de compensação, o artista apresenta uma sequência de imagens 
em que ele mesmo incorpora pedaços da cabeça de um cão morto.
Por intermédio de uma cirurgia, o focinho, as orelhas e parte da cabeça do cão 
são costurados ao seu rosto.
 
Figura 15 – Fantasia de compensação (2004), de Rodrigo Braga, body art, fotografi a (30 cm x 45 cm)
Fonte: rodrigobraga.com.br
Em Risco de desassossego (2004), Rodrigo Braga tem parte de palitos 
de fósforo implantados na sua testa, no pescoço, atrás da orelha, em uma das 
bochechas e na nuca. Posteriormente, o palito é aceso.
Em Sem título (2005), o rosto do artista é pintado com camadas grossas de 
tinta vermelha, que também cobrem seu olho por dentro: “O mais desconcertante 
em seu trabalho é justamente a junção da repulsa com a consciência de que se trata 
de uma obra cujas imagens são manipuladas digitalmente”, analisa Katia Canton.
Figura 16 – Risco de desassossego (2004), de Rodrigo Braga, body art, fotografi a (30 cm x 45 cm)
Fonte: rodrigobraga.com.br
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UNIDADE Body Art – Ações Artísticas com o Corpo
Figura 17 – Sem título (2005), de Rodrigo Braga, body art, fotografia (10 cm x 15 cm)
Fonte: rodrigobraga.com.br
A pesquisadora Christine Greiner (O corpo artista como desestabilizador de 
certezas, 2005) afirma:
[...] assim como a atividade sexual e a experiência da morte (próxima 
ou anunciada), a atividade estética representa no processo evolutivo uma 
ignição para a vida. Uma espécie de atualização de um estado corporal 
sempre latente e fundamentalmente necessário para nossa sobrevivência. 
Isso significa que todo corpo muda de estado cada vez que percebe o 
mundo. Mas, dessa experiência, necessariamente arrebatadora, nascem 
deslocamentos de pensamentos que serão, por sua vez, operadores de 
outras experiências sucessivas, prontas a desestabilizar outros contextos 
(corpos e ambientes) mapeados instantaneamente de modo que o risco se 
tornará inevitavelmente presente.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Revista eletrônica Performatus
http://performatus.net/
 Livros
The artist’s body
WARR, T. (ed.). The artist’s body. Londres: Phaidon Press, 2003.
 Vídeos
Tônus 1
Rodrigo Braga. Tônus 1, 2012, body art.
https://vimeo.com/55520783
4ª Ação
Rudolf Schwarzkogler. 4ª Ação, 1965, body art.
https://youtu.be/8bzQk3jBr_A
Priscilla Davanzo
https://vimeo.com/priscilladavanzo
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UNIDADE Body Art – Ações Artísticas com o Corpo
Referências
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de experimentação. São Paulo: Perspectiva, 2002.
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Alameda, 2004.
COSTA, M. Corpo e redes. In: DOMINGUES, D. (org.). A arte no século XXI – A 
humanização das tecnologias. São Paulo: UNESP, 2003.
DEMPSEY, A. Estilos, escolas & movimentos. São Paulo: Cosac naify, 2003.
DOMINGUES, D. (org.). A arte no século XXI – A humanização das tecnologias. 
São Paulo: UNESP, 2003.
GLUSBERG, J. A arte da Performance. São Paulo: Perspectiva, 1987.
GREINER, C. O corpo artista como desestabilizador de certezas. In: COCCHIARALE, 
F e MATESCO, V. (org.) Corpo. São Paulo: Itaú Cultural, 2005.
SANTAELLA, L. Culturas e artes do pós-humano – Da cultura das mídias à 
cibercultura. São Paulo: Paulus, 2003.
WESTCOTT, J. Quando Marina Abramovic morrer: uma biografia. São Paulo: 
SESC, 2015.
Sites visitados
BARBOSA, E. R. L. O corpo representado na arte contemporânea – o 
simbolismo do corpo como meio de expressão artística. 19º ENCONTRO DA 
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Cachoeira/Bahia, 2010. Disponível em: <http://www.anpap.org.br/anais/2010/
pdf/cpa/eduardo_romero_lopes_barbosa.pdf>. Acesso em: 19 nov. 2016.
COHEN, R. Performance como linguagem – Criação de um tempo-espaço 
de experimentação. São Paulo: Perspectiva, 2002. Disponível em: <https://
disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/82649/mod_resource/content/1/
COHEN%20Renato%20-%20Performance%20como%20linguagem.pdf>. 
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unicentro.br/bitstream/123456789/158/1/INTRODU%C3%87%C3%83O%20
A%20ARTE%20DA%20PERFORMANCE%20-%20Clovis%20Marcio%20
Cunha.pdf>. Acesso em: 8 nov. 2016.
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DAVANZO, P. apud GARCIA, M. Documentário Geotomia. 2000. Disponível em: 
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________. Tudo sobre arte – Os movimentos e as obras mais importantes de todos 
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FREY, T. Priscilla Davanzo: a arte de avacalhar com o corpo imaculado. eRevista 
Performatus, Inhumas, ano 2, n. 8, 2014.
GRAHAM-DIXON, A. Arte: o guia definitivo. São Paulo: Publifolha, 2012.
KLINTOWITZ, J. Uma viagem pelo ego de Gretta Sarfaty. Jornal da Tarde, São 
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MATESCO, V. Corpo, ação e imagem: consolidação da performance como 
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a-politica/> Acesso em: 10 jov. 2016.
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