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resumo sobre Conhecimentos Gerais concurso

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CONHECIMENTOS GERAIS 
 
 
1 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 
Conhecimentos Gerais 
Brasil República – História, política, economia e cultura 
O Brasil República teve seu início com a proclamação da República declarada pelo Marechal 
Deodoro da Fonseca em 15 de novembro de 1889. Veja mais detalhes! 
O Brasil República teve seu início com a proclamação da República declarada pelo Marechal 
Deodoro da Fonseca em 15 de novembro de 1889. 
Esse ato foi um ato militarista, pois eles queriam o poder, e o país estava em crise com o fim da 
monarquia e a abolição da escravatura. Os latifundiários, também chamados de “a elite agrária”, 
estavam insatisfeitos com a forma que os governantes estavam administrando de forma conjunta com 
a participação das Forças Armadas. O Marechal Deodoro permaneceu no governo até 1891 quando 
renunciou o seu cargo passando a governar o vice-presidente Marechal Floriano Peixoto. 
Constituição de 1891 
Foi preciso criar uma nova Constituição, pois a antiga não representava as novas regras políticas e 
os novos interesses. A nova Constituição foi elaborada de forma que garantia os interesses do 
governo e das elites agrárias. Um avanço para a época foi constar na Constituição o voto aberto e o 
sistema presidencialista adotando a República Federativa o sistema institucional. O poder executivo 
era exercido pelo presidente da República e os estados eram governados pelos presidentes 
estaduais. 
 
A Política do Café com leite 
Os estados mais ricos e bem desenvolvidos eram os estados de Minas Gerais e São Paulo que 
atuavam com o grande crescimento no setor agrícola que visava à produção de café em São Paulo e 
a produção de leite em Minas Gerais. Os governantes favoreciam as regras e normas beneficiando 
esse setor da economia, enquanto a indústria que tentava a sua expansão sofria grandes 
consequências. Esses estados eram privilegiados, enquanto os demais sofriam com a escassez e 
com o abandono, principalmente, os estados do norte e nordeste do país. Constatamos essa situação 
até os dias atuais. 
Economia no Brasil República 
Por volta de 1930, a economia do país se intensificava com o processo da industrialização e o Brasil, 
por ser um país tropical, tudo que se plantava dava muito certo, tornando a agricultura um dos meios 
de exportação. O Brasil se tornava uma economia forte aos olhos do restante dos demais países e a 
sociedade passou gradativamente a deixar o campo para participar da vida ativa da cidade urbana. 
CONHECIMENTOS GERAIS 
 
 
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Cultura no Brasil República 
Com a urbanização, as pessoas se interessaram pelas artes, pela música e pela cultura. Nesse 
sentido, a produção cultural aumentou e novos movimentos foram se formando como o movimento da 
Bossa Nova e do Cinema Novo. Era preciso atrair a atenção da população para a diversão, e foi 
nessa ocasião que o esporte foi um meio atraente, garantindo a diversão. O futebol ganhou o 
interesse da população e tornou-se um grande negócio para empreendimentos no país, e continua 
sendo até os dias de hoje. 
A Chegada dos Europeus ao Continente que hoje chamamos de América 
A região da cidade de Jerusalém, na Palestina, onde atualmente fica o Estado de Israel é sagrada 
para os fiéis das três mais importantes religiões (ditas)* monoteístas do mundo: o judaísmo, o 
cristianismo e o islamismo. Desde épocas muito remotas, judeus, cristãos e muçulmanos fazem 
peregrinações a Jerusalém para venerar os Lugares Santos de suas respectivas fés. 
 Na Idade Média – e ainda hoje, em certa medida – os cristãos em geral acreditavam que os lugares 
onde os santos viveram, os objetos por eles usados e o que restava de seus corpos (as chamadas 
“Relíquias”) possuíam poderes milagrosos, como a cura de enfermos e a salvação para os 
pecadores. Havia vários lugares de veneração espalhadas por todo o mundo cristão, mas a Terra 
Santa, onde Jesus viveu, pregou e foi supliciado, era considerado o mais sagrado de todos. 
 
 Para os judeus, Jerusalém é a principal cidade de sua antiga pátria e ali se encontram vários locais 
sagrados, principalmente o “Muro das Lamentações”, ruínas do Templo de Salomão destruído pelos 
romanos no primeiro século de nossa era. Para os cristãos, é reverenciada por ter sido o local no qual 
Jesus de Nazaré viveu durante os três últimos anos de sua vida, pregou, fez discípulos e foi 
crucificado. Para os muçulmanos, Jerusalém é uma Cidade Santa porque foi dali, da “Cúpula do 
Rochedo”, situada no coração de Jerusalém – reza a Tradição que ainda é possível ver a marca do 
casco do cavalo alado que o levou – que Maomé subiu ao céu. 
Apesar da grande distância da Europa Ocidental, muitos peregrinos faziam uma longa e arriscada 
jornada para chegar a Jerusalém. Alguns iam primeiro para Roma e, em seguida, partiam de algum 
porto italiano para Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente ou Império Bizantino e, de 
lá, para a Palestina. As pessoas mais pobres percorriam todo o trajeto a pé. 
Os Europeus dependiam visceralmente das especiarias encontradas nas Índias (nome dado 
vagamente a toda a região sudeste do continente asiático). Em particular nos períodos mais quentes 
do ano as especiarias ou temperos (cravo, canela, noz moscada, pimenta...) eram fundamentais para 
a conservação e aprimoramento do sabor dos alimentos. A mesma rota usada pelos Peregrinos era 
também a rota dos mercadores (hoje eufemisticamente conhecidos como comerciantes) que iam da 
Palestina às Índias por terra e lá, trocavam produtos europeus pelas especiarias. Não raro, 
simplesmente saqueavam vilarejos hindus de suas riquezas e as vendiam na Europa com lucro de 
100%, independente da desgraça causada no local do saqueio. 
Após longo período de cerco, em 1453 as poderosas muralhas de Constantinopla caíram sob o poder 
dos canhões de Maomé III. A “Queda de Constantinopla” e sua ocupação pelos turcos otomanos 
(muçulmanos) marca o fim do Império Romano do Oriente. Muitos sábios migraram de Constantinopla 
para Roma, Veneza e Gênova, na península Itálica e ajudaram, com seus aportes, a incrementar o 
CONHECIMENTOS GERAIS 
 
 
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Renascimento Europeu. 
Em busca de um Caminho Marítimo para as Índias 
Com as rotas terrestres para as Índias completamente bloqueadas pois os inimigos mortais dos 
Europeus Ocidentais ocupavam toda a Palestina e até Constantinopla (hoje Istambul, na atual 
Turquia), além disso as disputas entre Católicos e Protestantes no Segundo Cisma do Cristianismo 
tornava a Europa Central uma área consideravelmente perigosa para os mercadores católicos da 
Península Ibérica. Era necessário encontrar um "Caminho Marítimo" para "as Índias". 
As viagens navais daqueles tempos podem ser comparadas – grosso modo – às viagens espaciais 
da era moderna. Inicialmente, somente Portugueses e Espanhóis dispunham dos conhecimentos 
técnicos necessários à construção de grandes embarcações e, com o auxílio de instrumentos 
aprendidos com os muçulmanos (como o astrolábio, por exemplo, instrumento fundamental ao fiel 
muçulmano para localizar a direção da cidade de Meca para suas preces diárias mesmo em dias 
nublados ou durante a noite) podiam navegar e orientar-se pelas estrelas, mesmo à noite. 
Após a Unificação do Reino de Espanha com o casamento de Fernando de Aragão com Isabel de 
Castela que possibilitou a união de forças necessárias à retomada de Granada, ao sul da Espanha 
(os muçulmanos ocuparam toda a Península Ibérica por cerca de 700 anos, daí muito de sua 
influência aparece na cultura daqueles povos e dos latino-americanos, nós, que descendemos deles) 
um navegador genovês (nascido em Gênova, na Península Itálica) chamado Cristóvão Colombo 
conseguiu os recursos necessários a subvencionar sua ambiciosa viagem de circunavegação – dar 
uma volta à Terra, que, já se sabia, era redonda – e chegar “ao Levante, viajando na direção do Sol 
Poente”. Só não contava mesmo encontrar um continente inteiro no meio do caminho - sorte dele, 
aliás, quenão contava com suprimentos, equipamentos e tripulação suficientemente motivada e 
crédula para chegar tão longe quanto a China, na hipótese de o Continente que hoje chamamos de 
América não existisse... 
 
No entretempo os Portugueses chegavam às Índias circunavegando o Continente Africano em 
viagens, para a época, cheias de perigos e aventuras. 
 
Após muitos contratempos Colombo chega às ilhas do Caribe e imagina haver chegado às ilhas de 
“Cipango” – nome pelo qual o Japão era conhecido – e, como Marco Polo 300 anos antes, embora 
viajando na direção contrária, chegar até o “Império Katai” – como era conhecida a China. Índios do 
Caribe faziam referência a um "Grande Reino" no Continente (referiam-se à Confederação Azteca) 
que Colombo interpretou como sendo o famoso "Império Catai" encontrado por Marco Polo 250 anos 
antes. Toma posse de todas as terras encontradas em nome dos reis Cristãos de Aragão e Castela – 
independentemente de serem terras habitadas por outros seres humanos, que receberam o nome de 
“índios” pois que se imaginava estar chegando às Índias. 
Colombo morreu acreditando haver descoberto uma rota marítima para as Índias, navegando em 
linha reta na direção do Sol Poente. Naquela época, era totalmente desconhecida a existência de um 
Continente inteiro e habitado por milhares de Nações de Seres Humanos diferentes no caminho entre 
a Europa e a Ásia. Este continente recebeu o nome de “América” pois foi o florentino (nascido em 
Florença, na Península Itálica) Américo Vespúcio, que navegou, estudando todo o litoral destas terras 
recém encontradas, o descobridor de que se tratava de um “Mundo Novo” – Mundus Novus é o título 
do Trabalho em que registra oficialmente, pela primeira vez na história do Ocidente, que havia um 
continente inteiro entre a Europa e a Ásia, continente que, como se disse, em sua homenagem leva o 
nome de “América”. 
CONHECIMENTOS GERAIS 
 
 
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Dividindo o Novo Mundo 
Ainda em 1494 não se tinha a dimensão das terras encontradas e as disputas entre portugueses e 
espanhóis causavam, por vezes, embaraços diplomáticos. Sendo as duas Nações católicas, 
solicitaram ao chefe de sua Igreja, o Sr. Giuliano della Rovere, reverenciado pelas duas Nações como 
“papa Júlio II” – o famoso patrão de Michelangelo Buonarotti, o escultor que foi obrigado a pintar o 
teto da Capela Sistina, uma das maiores obras de arte de toda a nossa história – que dividisse as 
terras encontradas e a serem encontradas entre eles. O Tratado de Tordesilhas, de 1494 divide o 
mundo entre portugueses e espanhóis. 
\Todas as terras encontradas e a serem encontradas até 370 léguas náutica a Oeste do Arquipélago 
de Cabo Verde pertenceriam a Portugal e todos os que estivessem além daquela linha demarcatória 
pertenceriam à Espanha. Evidentemente, não tardou a que os protestantes ingleses, holandeses e 
franceses também se fizessem ao mar e questionassem aquela divisão. Vale lembrar que o Sr. 
Giuliano della Rovere estava dividindo entre Portugal e Espanha terras habitadas por milhões de 
seres humanos que foram sistematicamente exterminado ao longo dos séculos. 
A ressaltar ainda que os reinos da Inglaterra, Holanda e França (profundamente influenciados pelo 
Segundo Grande Cisma no Cristianismo, a Reforma Protestante) não reconheciam a autoridade do 
Sr. Della Rovere para dividir o mundo chegando mesmo a desafiar-lhe a lhes mostrar "o testamento 
de Adão" concedendo aos católicos a posse de todas as terras do mundo... 
Mais adiante estudaremos como Portugal ampliou o território do Brasil pois, como se vê no mapa 
abaixo, o Tratado de Tordesilhas concedia muito mais território aos Espanhóis que aos Portugueses. 
 
O “achamento” do Brasil 
Este é o termo usado por Pero Vaz de Caminha, cronista da viagem da Frota de Cabral em direção 
às Índias. 
Trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha no Idioma Português como era escrito em 1500; clique 
sobre a imagem para vê-la ampliada 
 
CONHECIMENTOS GERAIS 
 
 
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A Carta de Pero Vaz de Caminha estará disponível novamente na sessão de Downloads da sua 
página Cultura Brasileira nos formatos PDF, RTF e HTML. 
Caso você, como eu, prefira ler livros em formato papel, tradicional, A Carta é encontrável em 
qualquer boa livraria ou através da Internet. 
Chegando ao que hoje chamamos de litoral da Bahia no dia 22 de abril de 1500, Pedro Álvarez 
Cabral, que liderava uma frota de 3 navios a caminho das Índias, celebra uma missa e reclama estas 
terras para o Monarca Português. Segundo alguns Autores, a frota de Cabral foi desviada para Oeste 
por uma sucessão de calmarias e tempestades; segundo outros, conhecedores das viagens de 
Colombo em 1492, os Portugueses propositalmente navegaram mais a Oeste a fim de verificar se 
encontrariam terras a serem reclamadas com base no Tratado de Tordesilhas. O termo utilizado por 
Pero Vaz de Caminha em sua famosa Carta foi “achamento” e, embora o idioma português tenha 
mudado muito em 512 anos, quem “acha” alguma coisa, é porque estava procurando, portanto, é 
plausível que a chegada de Cabral ao território que ele inicialmente chamou de “Ilha de Vera Cruz”, 
depois, ao perceber ser muito grande, recebe o nome de “Terra de Santa Cruz” e, com o passar dos 
anos e a descoberta de grandes quantidades de pau-brasil (de cuja seiva se extraía uma preciosa 
tintura vermelha para tecidos) estas terras são finalmente batizadas com o nome de Brasil. 
Desnecessário ressaltar o nível predatório a que chegou a extração do pau-brasil nestas terras. Havia 
grandes florestas daquelas árvores; questiono: quantos dos leitores deste texto já viram, 
efetivamente, uma única árvore de pau-brasil? Sintomático, não? 
 
Choque Cultural de Civilizações Diferentes 
Do ponto de vista dos portugueses que aqui chegaram, o que aconteceu foi um “descobrimento”, do 
ponto de vista dos chamados “índios”, o que aconteceu foi uma hecatombe e pode ser melhor 
descrito como Mecanismo de Conquista Colonial. Fato é que aquele (re)encontro de povos separados 
no tempo e no espaço por mais de 50.000 anos resultou numa “empresa lucrativa” para os Europeus 
e no extermínio em massa dos nativos. Vem daquele tempo a expressão “ficar entre a cruz e a 
espada”: ou o “índio” se converte ao cristianismo, veste roupas e se batiza, portanto vê a morte de 
sua própria identidade cultural, ou, se resistir, é passado ao fio da Espada e é exterminado, morre 
mesmo, fisicamente. 
Disse alguns parágrafos acima que as Grandes Navegações podem ser comparadas às viagens 
espaciais e volto aqui ao tema: imagine que seres inteligentes de um planeta situado em outro 
sistema estelar diferente do Solar dispusessem de tecnologia suficientemente avançada para 
atravessar o Espaço, estas distâncias que parecem intransponíveis até à mais avançada ciência 
contemporânea. Caravelas imensas que conseguiam atravessar o Oceano seguramente tinham para 
aqueles seres humanos que moravam nestas terras características similares. E os seres que vinham 
dentro delas pareciam também humanos. Este debate foi motivo de profunda discussão teológica na 
Europa “Os índios são seres humanos também ou animais parecidos?”; “Os índios têm alma?” – 
enquanto isso, os índios se questionavam se os recém-chegados eram humanos ou deuses. Todos 
faziam experiências ou concílios. Os índios experimentavam: por vezes mantinham um português 
debaixo d'água, no fundo de um rio ou lago, por algumas horas; se saísse incólume, era um deus, 
CONHECIMENTOS GERAIS 
 
 
6 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 
caso contrário, era humano também. Já os Europeus, em seus concílios religiosos decidiram 
simultaneamente que: 
Os índios têm alma e são, portanto, humanos. Deve-se convertê-los ao cristianismo, dentro do 
contexto da chamada "Contra-Reforma", "civilizá-los" segundo os padrões cristãos europeus. 
Os negros africanos eram considerados, como os escravos o eram pelos romanos, 
meros instrumenta vocalia, objetos de que se pode apropriar eque apresentam a curiosa 
característica de também falar, como os papagaios; contudo, não tinham alma e não podiam ser 
"salvos do pecado original", seja lá o que isso signifique. 
Imagine ainda que os seres extra-terrestres, hipoteticamente, aqui chegados, tomassem a si as 
mulheres terrestres e transformasse os homens em seus escravos obrigando-os a destruir suas 
casas e dar aos que chegaram todas as coisas de valor que tivessem, dando a uns poucos a 
alternativa de participar do processo de saque fazendo alianças com os extra-terrestres para explorar 
os seres humanos. Foi mais ou menos isso o que os Europeus fizeram com os índios: cooptaram 
alguns e subjugaram a maioria que acabou morta (física ou culturalmente). 
Todos sabemos que onde hoje fica o Rio de Janeiro moravam então os Carijós, “índios” aparentados 
aos Tupinambás que se pintavam (usando genipapo e urucum, vegetais com tinturas vermelha e 
enegrecida) com pequenos pontos na pele. Sabemos também que no idioma Tupinambá, assim 
como no Carijó, tanto a aldeia quanto a casa do “índio” é chamada de Oca. Como muitos iam até 
a Oca dos Carijós ou cari-oca, esta passou a ser a denominação de quem nasce naquela terra... ;) 
Hoje não há mais Oca, não há mais carijós e o pau-brasil (havia florestas de pau-brasil no hoje sertão 
nordestino, como hoje há muita madeira nobre no futuro “deserto amazônico” se não se contiver a 
ganância daqueles que desmatam a Amazônia) o pau-brasil, enfim, só se vê (quando se vê) em raras 
exibições reservadas para demonstrar um pouco da vegetação nativa... 
A mentalidade predatória das riquezas nativas segue avançando violentamente e é imaginável que, 
dentro de uns 50 a 100 anos se fale no "Deserto Amazônico", antiga Floresta... Depende de cada um 
de nós a conscientização e a preservação ambiental do mundo em que vivemos! 
 
Etnocentrismo e o "Abandono Salutar" do Brasil entre 1500 e 1530 
O interesse pelo Oriente – Como vimos, a armada de Pedro Álvares Cabral, em verdade, dirigia-se às 
“Índias” mas, seja acaso, tormentas, calmarias ou por propósito (o mais provável) chegou ao Brasil 
em 1500. Apesar de ter tomado posse da terra em nome do rei de Portugal, o principal interesse da 
monarquia, enfatize-se estava voltado para o Oriente, onde estavam as tão cobiçadas especiarias. 
O “Achamento” 
A Carta de Pero Vaz de Caminha fala em “achamento” destas terras, não fala em “descobrimento” ou 
“casualidade”. Tudo indica que, realmente, procuravam alguma terra, e a acabaram “achando”... O 
relato abaixo permite-nos uma idéia de como aconteceu este “achamento” segundo relatos de 
marujos da esquadra cabralina. 
Na terça-feira à tarde, foram os grandes emaranhados de “ervas compridas a que os mareantes dão 
o nome de rabo-de-asno”. Surgiram flutuando ao lado das naus e sumiram no horizonte. Na quarta-
CONHECIMENTOS GERAIS 
 
 
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feira pela manhã, o vôo dos fura-buchos – uma espécie de gaivota – rompeu o silêncio dos mares e 
dos céus, reafirmando a certeza de que a terra se encontrava próxima. Ao entardecer, silhuetados 
contra o fulgor do crepúsculo, delinearam-se os contornos arredondados de “um grande monte”, 
cercado por terras planas, vestidas de um arvoredo denso e majestoso. 
Era 22 de abril ale 1500. Depois de 44 dias de viagem, a frota de Pedro Álvares Cabral vislumbrava 
terra – mais com alívio e prazer do que com surpresa ou espanto. Nos nove dias seguintes, nas 
enseadas generosas rio sul da Bahia, os 13 navios da maior amada já enviada às índias pela rota 
descoberta por Vasco da Gama permaneceriam reconhecendo a nova terra e seus habitantes. 
O primeiro contato, amistoso como os demais, deu-se já no dia seguinte, quinta-feira, 23 de abril. O 
capitão Nicolau Coelho, veterano das Índias e companheiro de Gama, foi a terra, em um batel, e 
deparou com 18 homens “pardos, nus, com arcos e setas nas mãos”. Coelho deu-lhes um gorro 
vermelho, uma carapuça de linho e um sombreiro preto. Em troca, recebeu um cocar de plumas e um 
colar de contas brancas. O Brasil, batizado Ilha de Vera Cruz, entrava, naquele instante, no curso da 
História. 
O descobrimento oficial do país está registrado com minúcia. Poucas são as nações que possuem 
uma “certidão de nascimento” tão precisa e fluente quanto a carta que Pero Vaz de Caminha enviou 
ao rei de Portugal, dom Manuel, relatando o “achamento” da nova terra. Ainda assim, uma dúvida 
paira sobre o amplo desvio de rota que conduziu a armada de Cabral muito mais para oeste do que o 
necessário para chegar à Índia. Teria sido o descobrimento do Brasil um mero acaso? 
É provável que a questão jamais venha a ser esclarecida. No entanto, a assinaturas do Tratado de 
Tordesilhas, que, seis anos antes, dera si Portugal a posse das terras que ficassem a 370 léguas (em 
torno de 2.000 quilômetros) a oeste de Cabo Verde explique a naturalidade com que a nova terra foi 
avistada, o conhecimento preciso das correntes e das rotas, as condições climáticas durante a 
viagem e a alta probabilidade de que o país já tivesse sido avistado anteriormente parecem ser a 
garantia de que o desembarque, naquela manhã de abril de 1500, foi mera formalidade: Cabral 
poderia estar apenas tomando posse de uma terra que os portugueses já conheciam, embora 
superficialmente. Uma terra pela qual ainda demorariam cerca de meio século para se interessarem 
de fato. 
Todas as culturas e civilizações humanas partilham algumas coisas em comum; por exemplo, tanto 
Esquimós, quanto Bosquímanos, Tupinambás, Astecas, Zulus, Mongóis, Japoneses e Europeus 
consideram a própria cultura ou civilização superior a todas as demais. Para os Ibéricos (Portugueses 
e Espanhóis) cristãos, com seu elã vital de "propagar o cristianismo católico" iam além e 
consideravam sua cultura ou civilização "a única válida" a exemplo dos estadunidenses hoje em dia, 
no século XXI. 
Aquela visão tacanha não permitiu ver a tremenda diversidade cultural entre as mais distintas 
civilizações e povos diferentes que aqui viviam: Tupinambás, Carijós, Tupiniquins, Ianomamis, 
Guaranis... Todos eram "índios sem cultura, sem rei nem lei" e tinham de receber a cultura e a 
religião ibéricas - a alternativa era a morte ("Ficar entre a cruz e a espada" tem precisamente este 
significado, por sinal). 
Apenas a título de ilustração ou curiosidade, todas as civilizações humanas têm a sua própria forma 
fazer sacrifícios humanos. Hoje em dia, nos EUA, a moda é julgar formalmente e, o considerado 
"culpado" de algo como "crime hediondo" é sacrificado através do uso da Cadeira Elétrica, da Forca 
ou da Injeção Letal. Na Península Ibérica ao tempo da conquista colonial do Brasil eram também 
muito comuns os sacrifícios humanos. A Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, nome 
eufemístico da Santa Inquisição, julgava - aplicando violentos métodos de tortura física e psicológica, 
extraindo confissões as mais diversas - e, ao término dos trabalhos, "abandonava ao braço secular" o 
corpo da vítima a ser sacrificada indicando como deveria ser. Um método muito popular de Sacrifício 
Humano na Península Ibérica ao tempo da conquista colonial era a fogueira. 
A vítima era queimada numa fogueira, em geral ainda em vida (como ocorreu com Giordano Bruno, 
por exemplo); em alguns casos eram garroteados - mortos por enforcamento através de um garrote 
em torno da garganta - e, a seguir, incinerados para delírio da platéia. Também no continente que 
hoje chamamos América, nos tempos da conquista colonial, se praticava o sacrifício humano: 
inimigos derrotados eram mortos e sua carne, devorada pelos vencedores - um ritual nem tão raro 
CONHECIMENTOS GERAIS 
 
 
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nem tão comum quanto os Sacrifícios Humanos perpetrados na Europa cristã, naturalmente. Mas uns 
não consideravam aos outros como praticando esse tipo de coisa... 
Agora, imagine que você desse de presente para um grupo de índios da Amazônia (onde não há 
eletricidade, água encanada, saneamento básico ou mesmo respeitopor parte da FUNAI - Funerária 
Nacional de Índios) um computador de último tipo, capaz de pegar o sinal da Internet por satélite e 
funcionar a bateria. Diante de tal peça, os Ianomami, respeitosos, o enfeitariam com penas, 
colocariam outros adereços comuns e deixariam o computador em exibição, todo enfeitado, a quem 
desejasse olhar. Estranho? E nós que pegamos seus instrumentos de trabalho - como arco-e-flexa, 
por exemplo - e penduramos como enfeite em nossas paredes? Qual a grande diferença? 
Enfim, em última instância, no mundo humano e sendo o ser humano como é, vence sempre quem 
dispõe de maior poderio bélico, não aquele povo que manifesta um tipo superior de moralidade. 
Assim, hoje já não há quase nada de cultura nativa nestepaíz. Os "índios" foram convertidos ou 
assassinados. 
Os Tupiniquins 
Ao longo dos dez dias que passou no Brasil, a armada de Cabral tomou contato com cerca de 500 
nativos. 
Eram, se saberia depois, tupiniquins – uma das tribos do grupo tupi-guarani que, no início do século 
16, ocupava quase todo o litoral do Brasil. Os tupis-guaranis tinham chegado à região numa série de 
migrações de fundo religioso (em busca da “Terra sem Males”, no começo da Era Cristã. Os 
tupiniquins viriam no sul da Bahia e nas cercanias de Santos e Bertioga, em São Paulo. Eram uns 85 
mil. Por volta de 1530, uniram-se aos portugueses na guerra contra os tupinambás-tamoios, aliados 
dos franceses. Foi uma aliança inútil: em 1570 já estavam praticamente extintos, massacrados par 
Mem de Sá, terceiro governador-geral do Brasil. 
O "Abandono Salutar" de 1500 a 1530 com poucas viagens exploratórias 
Primeiras Expedições 
O Brasil, ao contrario do Oriente, não possuía, em princípio, nenhum atrativo do ponto de vista 
comercial. Ao longo do período pré-colonial foram, entretanto, enviadas várias expedições a nosso 
pais. 
Primeiras expedições – Entre 1501 e 1502, Portugal enviou a primeira expedição com a finalidade de 
explorar e reconhecer o litoral brasileiro. Essa expedição, da qual se desconhece o nome do 
comandante, foi responsável pelo batismo de inúmeros lugares: cabo de S. Tomé, cabo Frio, São 
Vicente, etc. Com certeza, nessa expedição viajou o florentino Américo Vespúcio, que, 
posteriormente, em carta ao governante de Florença, Lourenço de Médici, irá declarar que não 
encontrou aqui nada de aproveitável. Apesar disso, constata a existência do pau-brasil, madeira 
tintorial conhecida dos europeus desde a Idade Média, que até então era importada do Oriente. 
O pau-brasil – As primeiras atividades econômicas concentraram-se, pois, na extração daquela 
madeira, segundo o regime de estanco, isto é, sua exploração estava sob regime de monopólio régio. 
Como era costume, o rei colocou em concorrência o contrato de sua exploração, que foi arrematada 
por um consórcio de mercadores de Lisboa chefiado pelo cristão novo Fernão de Noronha, em 1502. 
No ano seguinte (1503) Fernão de Noronha montou uma expedição pata a extração do pau-brasil e 
fez o primeiro carregamento do produto. 
No Brasil, foram estabelecidas então as feitorias, que eram lugares fortificados e funcionavam, ao 
mesmo tempo, como depósito de madeira. O pau-brasil era explorado através do escambo, no qual 
os indígenas forneciam a mão-de-obra para corte e transporte da madeira em troca de objetos de 
pouco valor para os portugueses. 
Brasil 1570. Padres solicitam às Autoridades portuguesas - a Metrópole do Brasil na época - que 
enviem órfãs para se casar com os rudes trabalhadores que aqui moravam pois estavam obcecados - 
como usualmente os padres sempre são - com a sexualidade dos trabalhadores que, além de os 
afastar da missa, produzia uma indesejável quantidade de mestiços e a prioridade então era o 
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"branqueamento da pele". 
 
O filme DESMUNDO revela de maneira realista o choque cultural entre meninas profundamente 
religiosas e seus maridos, brutais, acostumados com a dureza do trabalho e a lidar com o trabalho 
escravo. A maioria "amolece" a esposa como um domador de cavalos. Algumas se suicidam tentando 
voltar - a nado - a Portugal, algumas enlouquecem. A maioria, como desde sempre em terra brasilis, 
"se acomoda" à situação.. Alain Fresnot explorou este tema brilhantemente no filme "Desmundo". 
Reproduzo abaixo dois trechos apenas para "dar um gostinho" ;) 
Desmundo - Brasil 1570 - Os Casamentos 
 
Neste breve trecho do filme Desmundo - 2002, de Alain Fresnot, vemos claramente tanto a 
preocupação dos padres com a sexualidade dos homens que estavam trabalhando no Brasil 
(interessante como os padres SEMPRE se preocupam muito com a sexualidade. Tem por ela tanta 
obcessão quanto os famintos e os morbidamente obesos têm obcessão por comida...) 
 
Com a chegada de muitas órfãs criadas em instituições religiosas de Portugal espera-se tanto trazer 
os rudes "brasileiros" de volta à Igreja Católica quanto branquear a pele, deixando os habitantes de 
produzir mestiços à farta em ligações não sacramentadas pela Igreja Católica Apostólica Romana. 
 
Tudo indica ser este o máximo de preocupação que Portugal dedicava ao Brasil até aquela época - 
antes da descoberta de veios de ouro e prata ou mesmo do início da exploração de terras cultiváveis. 
Ainda havia índios em quantidade por aqui, cabe acrescentar... 
Mineração no Brasil Colônia 
Condicionantes da mineração – Até o século XVII, a economia açucareira era a atividade 
predominante da colônia e o interesse metropolitano estava inteiramente voltado para o seu 
desenvolvimento. Porém, a partir de meados do século XVII, o açúcar brasileiro sofreu a forte 
concorrência antilhana, claro, os holandeses, uma vez “expulsos” passaram a produzir em suas 
colônias no Caribe, fazendo com que a Coroa portuguesa voltasse a estimular a descoberta de 
metais. 
Os paulistas, que conheciam bem o sertão, iriam desempenhar um papel importante nessa nova fase 
da história colonial. Já em 1674, destacou-se a bandeira de Fernão Dias Pais, que, apesar de não ter 
descoberto metais preciosos, serviu para indicar o caminho para o interior de Minas. Poucos anos 
depois, a bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva – o Anhangüera – abriria caminho para o Brasil 
central (Goiás e Mato Grosso). 
Descoberta do ouro e povoamento – A procura de metais preciosos no Brasil era bem antiga e datava 
do início da colonização, sobretudo depois da descoberta da rica mina de prata de Potosí, em 1545, 
na atual Bolívia. A criação do governo-geral em 1548, e a sua instalação no ano seguinte, foi um 
reflexo daquela descoberta. 
De fato, diversas foram as “entradas” (expedições sertanistas oficiais) que partiram da Bahia, Espírito 
Santo, Ceará, Sergipe e Pernambuco para o interior. 
Os principais exploradores do sertão, foram os paulistas. Com um irrisório apoio oficial, Fernão Dias 
Pais partiu em 1674 para o sertão, onde permaneceu por seis anos, chegando ao Jequitinhonha. 
Porém, não descobriu nada de valor. Em 1681 encontrou turmalinas acreditando serem esmeraldas. 
Contudo, durante os anos em que permaneceu no sertão, desbravou grande parte do interior das 
Gerais e abriu caminho para futuras descobertas de importância. 
Costuma-se atribuir o início da mineração à descoberta do ouro feita por Antônio Rodrigues Arzão, 
em 1693, embora a corrida do ouro começasse efetivamente com a descoberta das minas de Ouro 
Preto por Antônio Dias de Oliveira, em 1698. 
Além de se difundir pelo Brasil, a notícia chegou a Portugal através da correspondência dos 
governadores ao rei. 
De diversos pontos do Brasil começou a chegar grande quantidade de aventureiros, ávidos de rápido 
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enriquecimento. Mesmo de Portugal vieram, a cada ano, cerca de 10 mil pessoas, durante sessenta 
anos. 
A primeira conseqüência desse deslocamento maciço da população para as regiões das minas foi a 
grave carestia, que se tornou particularmente catastrófica nos anos 1697 – 1698 e, novamente, em 
1700 –1701. O jesuíta Antonil, que viveu nesse tempo, escreveu que os mineiros morriam à míngua, 
“com uma espiga de milho na mão, sem terem outro sustento”. 
População das minas: paulistas e emboabas – A população era bastante heterogênea, mas 
distinguiam-se claramente paulistas e forasteiros. Estes eram chamados, depreciativamente, pelos 
paulistas, de “emboabas”, que em língua tupi queria dizer “pássaro de pés emplumados” - referência 
irônica aos forasteiros, que usavam botas; os paulistas andavam descalços. 
Nesse tempo a população paulista era de mamelucos e índios que utilizavam como língua o tupi, mais 
do que o português. Embora minoritários, os paulistas hostilizavam e eram hostilizados pelos 
emboabas. Julgavam-se donos das minas por direito de descoberta. Mas a rivalidade entre paulistas 
e emboabas tinha outros motivos mais significativos. 
O comércio de abastecimento das Minas era controlado por alguns emboabas que auferiam grandes 
lucros. Dada a sua riqueza e a importância da atividade que exerciam, passaram a ter grande 
influência. Manuel Nunes Viana, português que veio ainda menino para a Bahia, era um desses ricos 
comerciantes e principal líder dos emboabas. Era proprietário de fazendas de gado no São Francisco 
e estava associado aos comerciantes da Bahia. 
A Guerra dos Emboabas – O estopim da guerra foi o desentendimento entre Nunes Viana e Borba 
Gato, que era guarda-mor das Minas e, portanto, representante do poder real. A fim de combater o 
contrabando do ouro, a Coroa havia proibido o comércio entre as Minas e a Bahia, com exceção do 
gado. Apesar dessa determinação, o comércio proibido continuou, sob a liderança de Nunes Viana. 
Borba Gato determinou então a expulsão de Nunes Viana das Minas, mas este não a acatou e foi 
apoiado pelos emboabas. 
Ora, a maior parte das Minas era ocupada pelos emboabas, e os paulistas estavam concentrados no 
rio das Mortes, de onde os emboabas decidiram, então, desalojá-los. Sendo minoritários, os paulistas 
se retiraram, mas um grupo deles, com maioria de índios, foi cercado pelos emboabas, que exigiram 
a rendição, prometendo poupar-lhe a vida caso depusesse as armas. Foi o que fizeram os paulistas. 
Mas, mesmo assim, foram massacrados no local que ganhou o nome de Capão da Traição. 
Expulsos das Minas, os paulistas penetraram em Goiás e Mato Grosso, onde novas jazidas seriam 
descobertas. 
A organização da economia mineira – Havia, basicamente, dois tipos de “empresas” mineradoras: a 
lavra (grande extração) e a faiscação (pequena extração). A lavra consistia numa exploração de 
dimensão relativamente grande em jazidas de importância e utilizava amplamente o trabalho escravo. 
À medida que essas jazidas iam se esgotando e sua exploração tomava-se antieconômica, ocorria o 
deslocamento das lavras para outras jazidas, deixando o que restara da anterior para a faiscação, 
praticada por pequenos mineradores. 
No Brasil, o ouro encontrava-se depositado na superfície ou em pequenas profundidades: inicialmente 
exploravam-se os veios (nos leitos dos rios), que eram superficiais; em seguida, os tabuleiros (nas 
margens), que eram pouco profundos; e, finalmente, as grupiaras (nas encostas), que eram mais 
profundas. Dizemos, por isso, que predominou o ouro de aluvião, que era depositado no fundo dos 
rios e de fácil extração, ao contrário das minas de prata do México e do Peru, que dependiam de 
profundas escavações. 
A extração do ouro de aluvião era, portanto, mais simples, mas de esgotamento mais rápido. Por essa 
razão, mesmo na organização das lavras, as empresas eram concebidas de modo a poderem se 
mobilizar constantemente, conferindo à atividade mineradora um caráter nômade. Por conseguinte, o 
investimento em termos de equipamento não podia ser de grande vulto. Seguindo as características 
de toda a economia colonial, a mineração era igualmente extensiva e utilizava o trabalho escravo. A 
técnica de extração, por sua vez, era rudimentar e mesmo o número de escravos para cada lavra era 
reduzido, embora haja notícias de lavras com mais de cem escravos. Na realidade, a manutenção de 
uma empresa com elevado e permanente número de escravos era incompatível com a natureza in-
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certa das descobertas e da produtividade das minas. 
São Paulo – A descoberta das minas funcionou como um poderoso estímulo às atividades 
econômicas em São Paulo. Porém, no início do século XVIII, a sua população mal ultrapassava 15 mil 
pessoas e uma boa parte dela foi para as minas. Em compensação, recebeu um acréscimo 
populacional proveniente de Portugal e já no final do século XVIII tinha perto de 117 mil habitantes. 
Assim, as lavouras foram se ampliando e multiplicaram-se as atividades manufatureiras. O porto de 
Santos ganhou súbita importância como porta de entrada para escravos e produtos importados 
europeus. 
Como as minas necessitavam de animais de carga e transporte, alguns paulistas deslocaramse para 
Paranaguá e Curitiba, onde dedicaram à criação. Outros foram buscar na região platina (Rio Grande 
do Sul, Uruguai e Argentina) o gado muar, essencial para o transporte. 
Os caminhos para as minas – Situadas no interior do centro-sul, as minas eram localidades de difícil 
acesso. De São Paulo aos núcleos mineradores a viagem era de sessenta dias. Havia três caminhos 
de acesso. O que foi aberto por Fernão Dias Pais passava por Atibaia e Bragança e alcançava a 
Mantiqueira. O outro, saindo de São Paulo, percorria Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Jacareí, 
Pindamonhangaba, Guaratinguetá e Lorena para chegar às três principais regiões mineradoras: 
Ribeirão do Carmo, Ouro Preto e rio das Velhas. Um terceiro caminho passava por Mogi-Guaçu e 
correspondia, grosso modo, ao traçado da Estrada de Ferro Mojiana, hoje desativada. 
A Bahia possuía uma ligação com Minas muito anterior à descoberta do ouro. O caminho foi aberto 
pelos bandeirantes paulistas no século XVII do sul para o norte. A vantagem dessa via era a sua 
segurança e conforto. Não faltavam pastos para os cavalos, nem alimento para os viajantes. As 
estradas eram mais largas e podiam ser percorridas sem medo de ataques indígenas. 
A Bahia estava apta a se integrar à economia mineira por várias razões: era um centro antigo de 
colonização e, como tal, tinha uma economia mais bem preparada para atender às demandas de 
Minas; a sua pecuária havia se expandido para o sertão e pelo rio São Francisco dirigindo-se para as 
minas; além disso, era um grande centro importador de produtos europeus e tinha a vantagem de 
estar mais próximo de Portugal do que os portos sulinos. 
Como aconteceu com outras regiões, grande contingente de baianos foi atraído pelas minas. Até 
senhores de engenho abandonaram tudo e se mudaram para lá com todos os seus bens e escravos. 
Mas as autoridades coloniais não viam a integração da Bahia na economia mineira com bons olhos. 
Não interessava ao rei que os baianos abandonassem a economia açucareira. Havia ainda a 
preocupação com a venda de escravos dos engenhos para as minas. Por outro lado, o contrabando 
do ouro era difícil de ser controlado na estrada de Minas à Bahia. Por isso, a Bahia foi proibida de 
fazer comércio com as Gerais, exceto no que se refere ao gado. A proibição, entretanto, foi inútil. 
Contrariando as determinações, os baianos continuaram tão ativos no comércio com as minas quanto 
os paulistas e os fluminenses. 
De qualquer modo, para efeitos legais, o comércio muito intenso mantido pelos mercadores baianos 
com as minas era considerado contrabando. E uma das maiores figuras desse contrabando era, 
justamente, Manuel Nunes Viana, que teve um destacado papel no episódio da Guerra dos 
Emboabas. 
O Rio de Janeiro, no começo, não dispunha de acesso direto às minas, o que dificultava o seu 
comércio. Mas rapidamente se beneficiou com a abertura do “caminho novo”, construído em três anos 
(de 1698 a 1701) e aperfeiçoado entre 1701 e 1707. 
Com a sua abertura, a viagem do Rio para Minaspoderia ser realizada em doze ou dezessete dias, 
conforme o ritmo da marcha. A vantagem do “caminho novo” era óbvia comparado com o de São 
Paulo a Minas, no qual se gastavam sessenta dias. E essa vantagem teve importantes 
conseqüências, pois transformou o Rio no principal fornecedor das minas e na principal rota de 
escoamento do ouro. São Paulo sofreu os efeitos da nova situação, mas graças à descoberta de 
minas em Goiás e Mato Grosso as perdas foram contrabalançadas. 
Sendo uma economia essencialmente importadora, a mineração dependia do abastecimento externo 
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de alimentos, ferramentas, objetos artesanais, incluindo os de luxo, gado, principalmente o muar, para 
transporte e tração e, finalmente, escravos. Três agentes se encarregaram desse abastecimento: o 
tropeiro, que trazia alimentos e outras mercadorias; o boiadeiro e os comboieiros, que chegavam com 
os escravos. 
A articulação econômica – Ao abrir-se como um grande mercado, a mineração foi responsável pela 
articulação econômica da colônia, integrando não apenas São Paulo, Rio e Bahia, mas também, 
através de São Paulo, a região sulina como um todo. 
O gado muar era essencial como meio de transporte. E o principal centro produtor estava localizado 
na região platina, que, tradicionalmente, fornecia esse gado para as minas peruanas. Com a 
decadência destas últimas, um novo estimulo para a sua criação veio de Minas. Assim se intensificou 
a ocupação da região platina, que resultou, no final, na incorporação do Rio Grande do Sul ao 
domínio português. 
Minas era também um grande mercado de escravos. A crescente demanda de mão-de-obra escrava 
provocou significativas alterações no tráfico. Na África, a moeda de compra de escravos era o fumo. A 
Bahia e Pernambuco tornaram-se, ao mesmo tempo, grandes produtores de fumo e agenciadores de 
escravos africanos, propiciando o aparecimento de armadores e traficantes brasileiros. 
Os traficantes nordestinos chegaram a superar a concorrência de nações poderosas como Inglaterra, 
França e Holanda, batendo também os portugueses. 
Beneficiados com a abertura do “caminho novo”, mercadores do Rio de janeiro se dedicaram 
intensamente ao tráfico, utilizando, como moeda de compra de escravos, aguardente (pinga), açúcar 
e até ouro. 
A intensificação do tráfico teve efeitos internos importantes. Na Bahia e em Pernambuco ocorreu a 
expansão da cultura do tabaco e, no Rio, do engenho de aguardente, destacando-se Parati. 
Assim, atuando como pólo de atração econômica, a mineração favoreceu a integração das várias 
regiões antes dispersas e desarticuladas. Surgiu, desse modo, um fenômeno antes desconhecido na 
colônia: a formação de um mercado interno articulado. Outra conseqüência importante da mineração 
foi a de ter deslocado o eixo econômico do nordeste para o sul, valorizando principalmente o porto do 
Rio de Janeiro. Não foi por acaso que em 1763, na administração pombalina, â capital da colônia 
acabou transferida da Bahia para o Rio de Janeiro. 
Contrabandeando – Portugal tinha, nesse quadro, uma posição parasitária. A Coroa procurava extrair 
o máximo de benefício através da cobrança de impostos, adotando medidas para evitar â sonegação 
e o contrabando. E não perdia nenhuma oportunidade para carrear o ouro para os seus cofres. Ela 
cobrava impostos nas alfândegas portuguesas e brasileiras, impunha taxas para â passagem de rios, 
estabelecia impostos para lojas e vendas e também sobre â comercialização de escravos, sem contar 
os impostos que incidiam diretamente sobre â mineração, como o quinto. 
Porém, Portugal tinha um ponto fraco: â sua indústria manufatureira era muito pouco desenvolvida, de 
modo que â maioria das mercadorias vendidas às minas era importada da Inglaterra. 
Os ingleses possuíam, só em Lisboa, cerca de noventa casas comerciais. Assim, lucravam 
indiretamente com o comércio entre Portugal e o Brasil e, também, diretamente através do 
contrabando. E esse contrabando era feito abertamente e, muitas vezes, com â cumplicidade das 
autoridades coloniais portuguesas. 
Os holandeses e franceses, que não tinham esse mesmo acesso, conseguiam introduzir suas 
mercadorias através do contrabando realizado com navios brasileiros na África, que, além de 
escravos, traziam seus produtos para serem vendidos nas minas. 
Mineração e urbanização. A atividade minerados era altamente especializada, de modo que toda 
mercadoria necessária ao consumo vinha de fora. Por isso, ao lado dos milhares de mineradores, 
foram se estabelecendo artesãos e comerciantes, dando à região das minas um povoamento com 
forte tendência urbanizados. Também â administração, preocupada em evitar o contrabando e â 
sonegação, favoreceu a urbanização. O agrupamento em cidades facilitava o controle sobre â 
produção minerados. Assim, rapidamente os arraiais de ouro se transformavam em centros urbanos: 
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Vila Rica do Ouro Preto, Sabará, Ribeirão do Carmo (atual Mariana), São João del Rei, etc. 
Por serem grandes as incertezas, â atividade mineira não permitia â constituição de empresas de 
grande vulto, em caráter permanente, salvo em casos reduzidíssimos dos grandes mineradores. Para 
as empresas de menor tamanho, devido às incertezas e à voracidade fiscal, â situação geral era â 
impermanência, o que resultou numa forma muito especial de trabalho escravo. Não podendo arcar 
com os custos da manutenção de uma escravaria numerosa, os pequenos mineradores davam aos 
escravos, em geral, uma autonomia e liberdade de iniciativa que não se conheceu nas regiões 
açucareiras. Muitas vezes trabalhavam longe de seu senhor ou mesmo por iniciativa própria, 
obrigados apenas à entrega da parte de seus achados. Essa situação possibilitou aos escravos 
acumularem para si um certo volume de riqueza que, posteriormente, foi utilizado na compra de sua 
alforria (liberdade). 
Apesar disso, não se deve concluir que â escravidão fosse menos rigorosa nas minas. Tal como nos 
centros açucareiros, â desigualdade foi reproduzida com â mesma intensidade e â pobreza 
contrastava com â opulência de uma minoria. Ao contrário do que se acreditava, â mineração não foi 
mais democrática. E mais: as grandes fortunas não tiveram origem na atividade minerados, mas no 
comércio. 
A administração das minas. Diferentemente das outras atividades econômicas da colônia, â 
mineração foi submetida â rigorosa disciplina e controle por parte da metrópole. Aqui, as restrições 
atingiram o seu ponto culminante. 
Desde o século XVII â mineração já se encontrava regulamentada. Os Códigos Mineiros de 1603 e 
161 S, embora admitissem â livre exploração das minas, impunham uma fiscalização rigorosa na 
cobrança do quinto (quinta parte do ouro extraído). 
Com as descobertas do final do século XVII, â metrópole elaborou um novo código, que substituiu os 
anteriores e perdurou até o final do período colonial: o Regimento dos Superintendentes, Guardas-
mores e Oficiais Deputados para as Minas de Ouro, que data de 1720. 
Para a aplicação efetiva das medidas contidas no regimento, foi criada â Intendência das Minas para 
cada capitania em que o ouro havia sido descoberto. A principal característica desse órgão era a sua 
completa independência em relação a outras autoridades coloniais. A intendência reportava-se 
diretamente ao Conselho Ultramarino. 
O mais alto cargo da intendência pertencia ao superintendente ou intendente, que aplicava a 
legislação e zelava pelos interesses da Coroa. Outro funcionário importante era o guarda-mor, a 
quem competia a repartição das datas (lotes de jazidas auríferas) e a fiscalização e observância do 
regimento em locais distantes; em certas circunstâncias cabia ao guarda mor nomear, pára substituí-
lo, os guardas-menores. 
A fim de evitar as sonegações, outro elemento veio a se agregar à administração: a Casa de 
Fundição. Na verdade, ela existia desde 1603 e, de acordo com o Código Mineiro da mesmadata, 
deveria ter uma função importante na arrecadação do quinto. Todo o ouro extraído deveria ser levado 
a essa casa e fundido em forma de barra, da qual se deduzia, automaticamente, o quinto da Coroa. 
Nas barras assim fundidas ficava impresso o selo real e só assim o ouro podia circular. 
Todas as descobertas deveriam ser comunicadas à intendência. Em seguida, os guardas-mores 
delimitavam a zona aurífera em diferentes datas. Em dia, hora e local previamente anunciados, fazia-
se a distribuição das datas: a primeira cabia ao descobridor, a segunda à Coroa, que a revendia 
posteriormente em leilão, e, a partir da terceira, procedia-se por sorteio, embora a dimensão das 
datas fosse proporcional ao número de escravos do pretendente. 
A exploração das datas deveria iniciar-se num prazo de quarenta dias. Caso contrário, o proprietário 
era obrigado a devolver o seu lote. Em caso de perda dos escravos, a data poderia ser vendida. 
Tributação em Minas – O objetivo da Coroa era garantir, por todos os meios, a sua renda. Desde o 
século XVII, existia uma legislação minerados que estipulava o pagamento de 20%° (1/5) do ouro 
descoberto e explorado. Com a descoberta do ouro em Minas, o primeiro problema foi o de saber de 
que modo esse imposto - o quinto - deveria ser cobrado: 
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Utilizaram-se, basicamente, três formas: a capitação, o sistema de fintas e as Casas de Fundição. 
A primeira a ser aplicada foi a capitação, que era, na prática, um imposto que incidia sobre o número 
de escravas de cada minerador, esperando-se, com isso, que a arrecadação correspondesse ao 
“quinto”. Mas essa medida gerou revoltas, pois os mineradores ficavam sujeitos ao pagamento 
mesmo que seus escravos não encontrassem ouro algum. 
Tentou-se, por isso, adotar o sistema de fintas, que consistia no pagamento, pela população 
minerados, de 30 arrobas anuais fixas, que, teoricamente, corresponderiam ao quinto. Mas quem não 
concordou dessa vez foi o rei, que obrigou à volta ao regime de capitação. Devido a novas revoltas, 
ele recuou e aceitou o sistema de fintas, cujo pagamento foi garantido pelas Câmaras Municipais 
locais. Esse sistema foi adotado em 1718. 
O rei continuava insatisfeito. Secretamente fez os seus funcionários trabalharem para a instalação 
das Casas de Fundição nas Minas. Segundo esse novo regime, os mineradores seriam obrigados a 
enviar o ouro em pó para ser fundido e transformado em barras com o selo real nas Casas de 
Fundição, onde o ouro seria automaticamente quietado. 
Em 1719, o governador de Minas, o conde de Assumar, anunciou a instalação, para o ano seguinte, 
das Casas de Fundição. A notícia deu origem a boatos, e os mineradores se revoltaram em vários 
lugares. O governo de Minas, entretanto, contava com uma tropa recémcriada, os dragões, que foi 
imediatamente utilizada para sufocar as rebeliões. Em junho de 1720 eclodiu em Vila Rica um sério 
levante organizado por grandes mineradores, ao qual aderiram também os setores populares 
encabeçados por F’ Filipe dos Santos. No processo, o movimento se radicalizou e acabou sendo 
controlado por este último. Provavelmente por sua sugestão, os revoltosos chegaram a pensar em 
assassinar o governador e declarar a independência da capitania. 
Dezesseis dias depois da eclosão da revolta, Assumar ocupou Vila Rica com 1500 soldados e pôs fim 
ao movimento. Filipe dos Santos foi sumariamente condenado e executado e o seu corpo 
esquartejado. 
Cinco anos depois dessa revolta, finalmente entraram em funcionamento as Casas de Fundição 
(1725). 
A Coroa e as autoridades coloniais achavam que o único modo de evitar o contrabando e a 
sonegação era retirar o máximo das minas. Assim, o desvio do ouro, se continuasse, seria menor. Por 
isso, dez anos depois, o rei ordenou o retorno ao sistema da capitação. Em 1751 a capitação foi 
novamente abolida para se adotar um sistema conjugado: Casas de Fundição e cobrança de cotas 
anuais fixadas em 100 arrobas (1500 kg). Além disso, ficou estabelecido que, se as cotas não fossem 
pagas, toda a população ficaria sujeita à derrama (cobrança forçada para completar as 100 arrobas). 
Esse recurso extremo e odiado pelos mineiros foi um dos fatores que levaram à Inconfidência Mineira 
em 1789. 
Distrito Diamantino – A opressão colonial havia se intensificado consideravelmente na mineração do 
ouro. Mas foi na extração do diamante que se estabeleceu a forma mais extrema dessa opressão. 
Os primeiros diamantes foram encontrados em 1729, e o regime de extração era semelhante ao do 
ouro até 1740. Dos diamantes extraídos pagava-se o quinto. Em 1740 alterou-se o regime de sua 
exploração, mediante o regime de concessão e contrato, que consistia na concessão de exploração a 
um único contratador, ficando este obrigado à entrega de uma parte da produção diamantífera. O 
primeiro contratador foi João Fernandes de Oliveira, sucedido mais tarde por Felisberto Caldeira 
Brant. Esse sistema perdurou até 1771, quando então se estabeleceu o monopólio real, com a 
instalação da Real Extração. 
No tempo de Pombal (1750 - 1777), a extração ficou limitada ao Distrito Diamantino, atual 
Diamantina, absolutamente isolado do resto da colônia. Sua administração era exercida pela 
Intendência dos Diamantes, cuja criação data de 1734. No distrito, o intendente possuía poder 
virtualmente absoluto, incluindo o direito de vida e morte sobre as pessoas de sua jurisdição. 
Ninguém podia entrar ou sair do distrito sem sua expressa autorização. A fim de evitar o contrabando, 
instalou-se um verdadeiro regime de terror, com estímulo à delação, o que favoreceu a criação de um 
clima de medo e total insegurança. 
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O declínio da mineração. A partir da segunda metade do século XVIII, a atividade mineradora 
começou a declinar, com a interrupção das descobertas e o gradativo esgotamento das minas em 
operação. O predomínio do ouro de aluvião, de fácil extração, não requeria uma tecnologia 
sofisticada. Porém, à medida que esses depósitos aluvionais se esgotavam, era necessário passar 
para a exploração das rochas matrizes (quartzo itabirito) extremamente duras e que demandavam 
uma tecnologia com maiores aperfeiçoamentos. Chegando nesse ponto, a mineração entrou em 
acentuada decadência. 
A quase completa ignorância dos mineradores (o conhecimento que se tinha era fruto da experiência) 
e a utilização pouco freqüente de novas técnicas, por falta de interesse e de capital, selaram o destino 
das minas no Brasil. A atividade se manteve porque a área de exploração era grande e as 
explorações foram conquistando essa região até que ela se exaurisse completamente nos inícios do 
século XIX. À Coroa só interessava o quinto. Assim, a partir de 1824, já na época do Brasil 
independente, concedeu-se o direito de prospecção a estrangeiros, que recomeçaram a explorar com 
melhores recursos técnicos e mão-de-obra barata. 
Inconfidência Mineira – 1789 
Há 225 aconteceu no Brasil uma rebelião de porte significativo – embora circunscrito principalmente a grupos 
intelectuais isolados a que se associaram proprietários de escravos e minas de ouro, enriquecidos e enfurecidos com 
a cobrança predatória de impostos de 20% (o “quinto dos infernos” que ninguém suportava). Hoje, um governo ainda 
menos legítimo que a Coroa Portuguesa, além de ser na prática ferrenho defensor de interesses estranhos àqueles 
dos moradores destas terras cobra impostos superiores a DOIS QUINTOS DOS INFERNOS que não revertem aos 
que os pagam, mas conta com o apoio ou, o que vem a ser o mesmo, a APATIA, de praticamente toda a população. 
Com uma nota macabra: a todo 21 de abril (data em que se rememora o enforcamento de Tiradentes) os cobradores 
dos impostos mais elevados do mundo se juntam, sob os aplausos entusiásticos da plebe ignara, para comemorar a 
bravura dos que lutaram principalmente contra impostos elevados... Não podemos nos esquecer disso quando, a 
cada anogovernos cobradores de impostos predatórios venham a "comemorar" os que lutavam, principalmente, 
contra os impostos elevados! 
Dificuldades Iniciais 
 
A principal fonte documental, disponível ao historiador, referente àquele momento da História Nacional constitui os 
chamados “Autos da Devassa”; além de poemas de época, raras cartas e poucas atas (apreendidas antes que 
fossem destruídas) das muitas reuniões secretas ocorridas no período tratado. Tiradentes foi preso no Rio de Janeiro 
em janeiro de 1789 e todo o processo durou mais de dois anos. Os Autos da Devassa constituem um emaranhado de 
contradições e conflitos (disponível ao pesquisador na Biblioteca Nacional), elaborado em pesado jargão político e, 
embora a justiça portuguesa (que vergonha!) fosse superior em muitos aspectos à justiça brasileira neste século XXI 
já traz em si as deformidades a que nos acostumamos aqui na Colônia: suborno, meias-verdades, confissões 
extraídas através de tortura e, naturalmente, apresenta somente um aspecto da Inconfidência: como era visto pela 
Coroa Portuguesa. Como no aparato judicial brasileiro contemporâneo, lida-se com parcialismo, omissão de fatos e 
distorção de outros; o que torna a tarefa de recomposição de todo o movimento realmente tarefa hercúlea. Tentarei 
me fixar nos dados que não são conflitantes e no que a historiografia crítica já conseguiu levantar acerca do período 
estudado, sempre citando as fontes, quando existentes. 
A descoberta de ouro e pedras preciosas em Minas Gerais e a cobrança predatória de impostos por 
parte da coroa portuguesa 
 
Logo ao início do século XVIII (1701 – 1800, a diferença de um ano deve-se ao fato de o calendário 
gregoriano, que usamos, começar no ano 1, não no “ano zero”, naturalmente) encontraram-se 
algumas jazidas de ouro e diamantes em rios e córregos nas “minas gerais”. Colônia de Exploração 
desde que as primeiras caravelas aqui chegaram até nossos dias, o Brasil existe para o 
enriquecimento da Metrópole que, ao saber da existência de ouro toma conta de todo o processo 
extrativo criando uma forma similar às atuais “parcerias público-privadas” concedendo a gente de 
confiança do reino a exploração das reservas naturais. Com as consequências previsíveis em todo o 
modelo capitalista não regulamentado: corrupção, desvio, roubo, fraude... A ganância da “gente de 
confiança” falou mais alto que qualquer eivor de vínculo patriótico ou pessoal para com o Estado ou a 
Monarquia Portuguesa. 
 
Em meados do século XVIII (1740 – 1750) as descobertas de novos e ricos filões de ouro atingiram 
seu ápice e muitos potentados mantinham escravos arrancando o ouro da pedra para transferir a 
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Portugal. A Coroa ficava, por decreto, com 1/5 de todo o ouro extraído do Brasil. Em 1720 foram 
ativadas as Casas de Fundição e proibida a circulação do ouro em pó, visando evitar as constantes 
fraudes e evasões – assim como o surgimento de uma incipiente moeda nacional. 
 
Todo o ouro produzido no Brasil deveria ser fundido e “quintado”, após o que recebiam a gravação de 
um selo real, “Quintado”, o que o tornava legal e propriedade do dono da reserva extrativista. 
 
Apesar daquelas medidas, muitos proprietários, principalmente ligados ao clero, conseguiam desviar 
partes significativas de ouro e diamantes para seus familiares e amigos na Metrópole usando, por 
exemplo, ícones de santos esculpidos com um furo no interior justamente para o transporte das 
riquezas ilegalmente traficadas para fora do Brasil – eram os famosos “santos do pau oco”... 
 
Evidentemente as reservas de ouro e pedras preciosas são limitadas e chegam a um natural 
esgotamento, dependendo da velocidade em que se processe sua extração. No caso do ouro, o 
esgotamento começou a se demonstrar mais agudo a partir de 1780; estima-se que, entre 1740 e 
1744 se extraiu mais de 10 Toneladas de ouro (montanhas de ouro se transformaram em grandes 
lagos em pouco tempo, dada a voracidade da extração); já entre 1776 a 1780 essa quantidade não 
chegava a 4 Toneladas. 
 
Entre a extraordinária voracidade do contratado para a extração e a voracidade tributária da Coroa 
Portuguesa – que custava a crer num “esgotamento dos veios” e considerava mais provável um 
incremento na fraude e nos desvios. 
 
Daí adveio uma série de decretos estipulando uma cota de 100 arrobas anuais de ouro para a Coroa. 
Caso a colônia não atingisse a meta imposta pelo FMI, digo, pela Coroa Portuguesa, era decretada a 
Derrama, que consistia num saque sistemático de toda a colônia com vistas a arrancar dos colonos 
todos os bens de valor até que se atingisse a meta estabelecida pelo FMI, digo, pela Coroa 
Portuguesa. 
A Derrama 
O Brasil, à época, não contava com um Exército Regular; foi criada uma milícia armada pela coroa 
com a finalidade de impor as normas ditadas pela Metrópole: o infame “Esquadrão de Cavalaria 
Ligeira da Guarda do Ilustríssimo e Excelentíssimo Vice-Rei do Estado” mais conhecido como 
“Dragões”. Sob ordem do Vice-Rei no Brasil, os Dragões invadiam casas – sem distinção de classe 
social ou mesmo vínculo com a atividade mineradora – e as saqueavam até atingir a cota 
estabelecida pela Coroa. Aquele tipo de saque sistemático era chamado de “Derrama” e, ficando 
claro que se devia ao fato de a colônia não haver atingido a cota prevista para o “quinto” – 20% – 
tornou-se comum a reclamação contra “o quinto dos infernos!” 
 
Ressalto que o quinto dos infernos – tão antipático e motivo principal da eclosão da Inconfidência 
Mineira – não constituía sequer uma parcela dos dois ou três quintos dos infernos que o governo 
federal brasileiro cobra dos cidadãos hoje em impostos embutidos nos alimentos, medicamentos, 
aluguéis, serviços diversos, etc. Isto ALÉM do Imposto de Renda sobre a Pessoa Física (que não 
incide sobre a renda, isenta de impostos, mas sobre o Trabalho) E o pagamento pelos serviços que o 
governo federal deveria prestar publicamente mas não o faz. Estima-se que o trabalhador brasileiro, 
hoje, trabalhe cerca de 6 meses somente para pagar impostos, mais 2 meses para pagar por serviços 
(de educação, saúde e serviços diversos que o governo federal deveria prestar aos cidadãos, hoje 
reduzidos à categoria de “consumidores”). 
 
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Houve duas ações de Derrama, evidentemente de surpresa; uma que durou todo o ano de 1762 e, 
após violento saque à população local, atingiu a meta de 100 arrobas (cerca de uma tonelada e meia 
de ouro); a segunda teve início em 1768 e levou três longos anos de agonia para saquear o que a 
Coroa Portuguesa havia determinado. 
 
Em 1788 a tensão na colônia era insuportável e já se antevia uma nova Derrama para 1789. Chegara 
a hora de tomar algum tipo de providência... 
 
O movimento se articula. Precariamente, embora... 
 
Eram anos em que a Filosofia do Iluminismo se impunha na Europa e os EUA haviam conquistado 
sua independência em relação à Inglaterra após combates sangrentos em 1776. Os “pais fundadores” 
da nova nação do Norte articularam o movimento também – como ocorrerá na Inconfidência Mineira – 
de cima para baixo e também sem sequer pensar em propor a abolição da escravidão. 
 
Estudantes brasileiros frequentavam a então prestigiosa Universidade de Coimbra (que, 
deploravelmente, decaiu tanto que hoje em dia outorga títulos de Doutor “Honoris Causa” até a 
analfabetos como o Sr. Lula da Silva). No século XVIII Coimbra era um potente farol propagador das 
luzes do iluminismo e estava ainda em seu apogeu. 
 
Segundo os Autos da Devassa, uma reunião composta por seis participantes deu início a toda a 
conspiração. Teve lugar na casa do Tenente-Coronel Francisco Paula Freire de Andrade em finais de 
dezembro de 1788; o comandante da Sexta Companhia de Dragões estaria insatisfeito com a 
possibilidade de o Vice-Rei, Visconde de Barbacena, removê-lo do cargo numa reestruturação da 
milícia; os demais conspiradores eram: 
 
O empresário de mineraçãoe intelectual Inácio José de Alvarenga Peixoto 
 
O filho do capitão-mor de Vila Rica (atual Ouro Preto) José Álvares Maciel 
 
O padre José da Silva de Oliveira Rolim 
 
O vigário de São José Carlos Correa de Toledo 
 
E finalmente aquele que levará a culpa por todo o movimento, o obscuro alferes (único pobre do 
grupo, com fama de louco e estuprador mas um excelente propagandista do ideário independentista 
do Brasil, que era disso que se tratava agora, Liberdade Ainda que Tardia!): Joaquim José da Silva 
Xavier, o Tiradentes eera um Alferes (hoje chamamos àquela Graduação de Aspirante-a-Oficial) 
 
Naquele encontro ficou estabelecida a data da deflagração do movimento, seus primeiros passos e 
um projeto para a nova Nação Independente: 
 
Segundo os Dragões, a Derrama estava prevista para fevereiro de 1789 e a data certa seria 
transmitida aos conspiradores através da senha “hoje é dia do batizado” 
 
O Alferes (Asírante a Oficial) Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes) iniciaria uma agitação em Vila 
Rica e pequenos grupos ampliariam o tumulto. Convocados os Dragões, o tenente-coronel Freire de 
Andrade retardaria a chegada dos soldados permitindo a Tiradentes deslocar-se até Cachoeira, 
residência oficial do Visconde de Barbacena, que deveria ser executado e Tiradentes regressar a Vila 
Rica com a cabeça do tirano. Propositalmente atrasados, os Dragões, liderados por Freire de 
Andrade perguntariam à turba o que queriam, ao que todos deveriam bradar LIBERDADE. Cidade 
controlada por Freire de Andrade, estimavam contar com a adesão de outras localidades, proclamar a 
República, ler a declaração de Independência. Estava prevista ainda a criação de uma fábrica de 
pólvora e a utilização do quinto para o pagamento de tropas e gastos com uma campanha que se 
imaginava longa. 
 
Depois da primeira reunião, a casa de Freire de Andrade passou a ser frequentada por quantos eram 
simpatizantes a um movimento republicano e independentista no Brasil. Por simplificação, costuma-
se dividir os envolvidos naquele sonho – que logo se transformaria em pesadelo – em três grupos: 
 
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Ideólogos, principalmente representados por: 
 
O desembargador Tomás Antônio Gonzaga e o advogado veterano Cláudio Manuel da Costa 
 
Ativistas ou agitadores, principalmente representados por 
 
Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes), Padre Rolim e o tenente-coronel Freire de Andrade 
 
Fisiológicos – que aderiram ao movimento por motivos pessoais, se a revolução fosse vitoriosa, suas 
enormes dívidas para com a Coroa seriam extintas. Deste grupo saem os traidores 
 
Joaquim Silvério dos Reis e Domingos de Abreu Vieira 
Quem foi Tiradentes? 
Ao contrário de todos os participantes do movimento era o único pobre: não era proprietário de minas 
nem tinha dívidas para com a coroa. Portava ideais e, embora claramente não liderasse um 
movimento composto por juízes, advogados e coronéis, foi de uma dignidade ímpar assumindo a si 
toda a culpa pela conspiração e o movimento, sem delatar ninguém, mesmo quando, no auge da 
Devassa, todos apontassem os dedos para o barbeiro, mascate e dentista. Sim, que a Odontologia 
não tem origem na medicina, mas na barbearia... Antes da invenção da anestesia, o barbeiro aparava 
os pelos da cabeça e da face e, caso encontrasse um cliente se queixando de dores de dente, dava-
lhe muito aguardente, sugeria que se segurasse a arrancava o vilão da boca do queixoso (daí a 
alcunha “Tiradentes”, séculos antes da invenção da anestesia, das próteses ou dos tratamentos de 
canal...) 
 
A critério do leitor, Tiradentes seduziu ou foi seduzido por uma moça de 16 anos que o acusou de 
estupro e, como ocorria muito naquele período, foi obrigado a casar-se com ela; ele de pronto e até 
de bom gosto aquiesceu, mas ficou com a alcunha de “estuprador”... A idade média para o 
casamento das moças até o início do século XX no Brasil era de 13 anos e, aquelas que chegavam 
aos 14, 15 anos de idade já começavam a ficar desesperadas com a possibilidade de não 
conseguirem se casar, traço da cultura brasileira até o início do século passado. À luz deste dado, 
sabemos não serem raros os casos de moças de 15 ou mais anos de idade a alegarem sedução ou 
estupro para obrigar seu Amado relutante a tomar a decisão de se casar. Por isto, deixo este tipo de 
julgamento a critério do eventual leitor... 
 
Alistou-se na Sexta Companhia de Dragões (era subalterno a Freire de Andrade, portanto) e 
amargava anos sem promoção vendo seus colegas serem promovidos a cada vez mais altos cargos 
enquanto ele patinava na condição do que hoje chamamos de “aspirante a oficial”, então “alferes”. 
 
Complementando a renda com suas atividades de barbeiro-dentista e vendedor ambulante, passeava 
intimorato pelas ruas de Vila Rica distribuindo panfletos e gritando “Viva a República!” O que lhe 
valeu a fama de pessoa mentalmente desequilibrada – embora excêntrico demais para ser preso, 
repita-se, jamais foi promovido na carreira militar. 
 
Conhecedor dos rudimentos da filosofia iluminista então em voga, foi, de longe, o mais importante e 
entusiasta propagador e divulgador das idéias de República e Independência em nossas paragens 
naquela época. 
 
Desconfiado ou acautelado, o Visconde de Barbacena postergava a deflagração da Devassa e, 
quando Tiradentes viajou para o Rio de Janeiro, então capital da Colônia, em busca de apoio, foi 
aprisionado a 10 de janeiro de 1789. O Visconde de Barbacena iniciou um processo investigatório – 
recebendo grosso suborno para eximir alguns conspiradores da lista a ser entregue à Devassa que a 
Coroa Portuguesa faria, enriqueceu espantosamente. O processo levou mais de dois anos para ser 
levado a cabo, houve várias condenações – algumas mais brandas, outras mais severas, todas 
comutadas “magnanimamente” pela Coroa, como era costume na época, somente Tiradentes foi 
condenado à forca e esquartejamento. 
 
Outra vítima foi Cláudio Manuel da Costa que, na véspera de morrer aprisionado num cubículo 
improvisado como prisão na casa de um acólito do Visconde de Barbacena, elaborou longa lista de 
conspiradores da qual constavam vários potentados já eximidos – a peso de alto suborno – pelo 
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próprio Vice-Rei... Versão oficial para a morte de Cláudio Manuel da Costa, advogado decano e 
poeta: “suicídio”... 
Os propósitos dos revoltosos 
 
Sem dúvida a cobrança de impostos predatórios por parte da Coroa Portuguesa que, como volta a 
acontecer 225 depois no Brasil, impede o desenvolvimento da colônia e ainda, hoje como então, os 
impostos não revertem a favor daqueles que o pagam. Contra aqueles impostos de 20% - o “quinto 
dos infernos” – principalmente a insurreição encontra seu principal combustível. Os revoltosos 
almejavam ainda a Independência do Brasil – um tema também atual, a conquista da nossa 
Independência está ainda, e sempre, na ordem do dia! – e a implantação de um governo republicano 
– o que, 225 anos depois segue sendo desejável, por sinal. 
 
Padres, juízes e coronéis eram donos de minas de ouro e prata, assim como de escravos, portanto a 
abolição não constava de seus propósitos iniciais que, basicamente, circunscrevia-se à luta por: 
 
Independência do Brasil 
 
Implantação de um Regime Republicano 
 
Ativação da manufatura e industrialização do Brasil, principalmente de ferro e pólvora, além de 
tecidos e outros itens proibidos pela Potência que então nos dominava, Portugal. 
 
O Resultado 
 
Como já tradicional na Historiografia Brasileira, os fisiológicos e traidores vencem os idealistas. 
 
Aqueles que ingressaram no movimento por motivos pragmáticos, não ideológicos, como Joaquim 
Silvério dos Reis, que via na Independência uma forma de se livrar das dívidas para com a Coroa 
Portuguesa encontrou um meio bem mais pragmático de manter a solvência e cair ainda mais na 
simpatia das benesses da Coroa: traiu o movimento, entregando os revoltosos. 
 
Os de “alta estirpe”apressaram-se a prestar juras de inocência e apodar toda a culpa no “Alferes 
Louco”, o que servia inclusive aos interesses da Coroa por tornar um movimento liderado por alguém 
de tais origens algo pouco digno de ser minimamente considerado sério. Evidentemente não era o 
líder do movimento – se é que líder o movimento tinha, que até isso é obscuro pela pouca 
documentação que nos ficou – mas seguramente contava-se entre seus mais ferrenhos e 
entusiasmados defensores e propagadores. 
 
Lendo-se os Autos da Devassa fica-se envergonhado pela postura pusilânime de gente 
profundamente envolvida na conspiração que se apressou em protestar inocência ou ingenuidade 
legando toda a culpa a Tiradentes que, com muita dignidade, a ninguém delatou e assumiu toda a 
culpa pelo movimento. A primeira vítima da Devassa foi o advogado e poeta Cláudio Manoel da 
Costa, encarcerado e suicidado num presídio improvisado após ser submetido a bárbara tortura e 
confessar o envolvimento de muitos potentados que haviam subornado o Visconde de Barbacena 
para que não aparecessem como envolvidos. Como no caso Vladimir Herzog, tudo aponta na direção 
de um assassinato disfarçado em “suicídio”, mas jamais se terá certeza. O que se pode afirmar com 
segurança é que sua morte foi muito útil ao Visconde de Barbacena e a todos quantos este protegia 
As Condenações e o Destino dos Conspiradores 
 
Somente Joaquim José da Silva Xavier (“de alcunha Tiradentes”) cumpriu a sentença de 
enforcamento, que aconteceu com grande pompa e circunstância no Rio de Janeiro, capital da 
Colônia, sob os aplausos da plebe ignara e salvas de canhão numa cidade toda enfeitada para a 
grande ocasião da imolação pública de um dissidente que, na sequência e como determinava a 
justiça, foi esquartejado sendo as partes de seu corpo enviadas aos locais onde “pregava suas idéias 
odiosas”. A cabeça de Tiradentes foi salgada e enviada a Vila Rica a fim de ser exposta na praça do 
Palácio, o que nunca aconteceu pois, apesar da vigilância dos guardas, a cabeça foi roubada e não 
mais apareceu. Da sentença constava ainda a “declaração de infâmia”, extensiva a seus filhos e 
netos, além da destruição de sua casa. 
 
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Além de Cláudio, Manoel da Costa, vitimado antes da conclusão do processo, e de Tiradentes, 
supliciado conforme se decretou, também foram açoitados publicamente, após darem três voltas em 
torno do patíbulo em que sucumbiu Tiradentes três dias antes, ou seja, no dia 23 de abril de 1790, 
dois outros peixes pequenos: Vitorino Gonçalves Veloso e José Martins Borges. 
 
O padre José da Silva de Oliveira Rolim recebeu perdão total (embora tudo indicasse estar ele tão ou 
mais envolvido no movimento que o “alferes louco”) e morreu prestigioso e influente em sua terra 
natal, Diamantina. 
 
O desembargador Tomás Antônio Gonzaga foi exilado mas prosperou imensamente na África, 
morrendo rico e influente. 
 
O tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade morreu também na África, rico e prestigioso, 
após 17 anos no exílio. 
 
Joaquim Silvério dos Reis, regiamente recompensado pela Coroa Portuguesa, mudou-se para o 
Maranhão onde viria a morrer de causas naturais em fevereiro de 1819. 
 
Atualidade do Movimento 
 
Quando D. João VI transferiu a coroa para seu filho não houve uma ruptura institucional que 
possibilitasse ao Brasil receber o título de Nação Independente ou mesmo Soberana. O golpe militar 
que implantou uma forma presumivelmente republicana no Brasil em 1889 pouco mais foi que uma 
farsa em que o mais notável foi a ausência da participação popular. 
 
Independência e República, portanto, seguem sendo ideais distantes, metas ainda não atingidas 
pelos brasileiros... 
 
A cada 21 de Abril os sucessivos desgovernos que cobram dos súditos o dobro ou o triplo do 
montante que deflagrou a Inconfidência Mineira sobem em palanques e enaltecem a ousadia dos que 
lutaram por baixos impostos, independência e república (como se já houvéssemos atingido pelo 
menos parte daqueles ideais). Espantosa mesmo é a concordância bovina do povo anestesiado, que 
se deixa levar mais por discursos e propaganda, desprezando sua vida real. 
A Expansão Napoleônica, o Bloqueio Continental, Fuga da Família Real para o Brasil 
Napoleão e o Império – Napoleão chegou ao poder através do golpe de 18 Brumário, em 1799, que 
pôs fim à Revolução Francesa ao dissolver o Diretório. A partir disso, foi concentrando o poder em 
suas mãos até que, em 1804, proclamou-se imperador da França. 
O Bloqueio Continental – Com a Revolução Francesa havia se iniciado uma longa luta entre a França 
revolucionária e os países absolutistas que se sentiam ameaçados pelo seu exemplo. Com a 
ascensão de Napoleão, essa luta ganhou um novo impulso. Em 1805, Inglaterra, Prússia, Áustria e 
Rússia uniram-se pela terceira vez contra a França, coligação que Napoleão desfez com relativa 
facilidade, mas não conseguiu vencer a Inglaterra. Esta, graças à sua posição insular e sua poderosa 
marinha, manteve-se intocável. Para fazer face ao poderio britânico, Napoleão decretou o Bloqueio 
Continental em 1806, fechando o continente europeu à Inglaterra. Ele procurou, assim, criar toda 
sorte de dificuldades econômicas, a fim de desorganizar a economia inglesa. 
 
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Todavia, o bloqueio contrariava também os poderosos interesses econômicos do continente e, logo 
de início, encontrou fortes oposições. Outra fragilidade do bloqueio encontrava-se no fraco 
desempenho das indústrias francesas, incapazes de ocupar o grande vazio deixado pelo súbito corte 
do fornecimento britânico. Além disso, os produtos coloniais, cuja distribuição era controlada pela 
Inglaterra, teriam de encontrar substitutos adequados. 
Portugal e o bloqueio – A economia portuguesa havia muito se encontrava subordinada à inglesa. Daí 
a relutância de Portugal em aderir incondicionalmente ao bloqueio. Napoleão resolveu o impasse 
ordenando a invasão do pequeno reino ibérico. Sem chances de resistir ao ataque, a família real 
transferiu-se para o Brasil em 1808, sob proteção inglesa. Começou então, no Brasil, o processo que 
iria desembocar, finalmente, na sua emancipação política. 
A Transferência da Corte para o Brasil 
O duplo aspecto das guerras napoleônicas – As guerras napoleônicas (1805-1815) apresentaram 
dois aspectos importantes: de um lado, a luta contra as nações absolutistas do continente europeu e, 
de outro, contra a Inglaterra, por força das disputas econômicas entre essas duas nações burguesas. 
As principais nações continentais - Áustria, Prússia e Rússia - foram subjugadas por Napoleão a 
partir de 1806, em razão da sua imbatível força terrestre. Entretanto, foi no confronto com a Inglaterra 
que as dificuldades tomaram forma, paulatinamente, até asfixiarem por completo as iniciativas 
napoleônicas. 
Em 1806, apesar de o domínio continental estar aparentemente assegurado, a Inglaterra resistiu a 
Napoleão, favorecida pela sua posição insular e sua supremacia naval, sobretudo depois da batalha 
de Trafalgar (1805), em que a França foi privada de sua marinha de guerra. 
Strangford e a política britânica para Portugal – Sem poder responder negativa ou positivamente ao 
ultimatum francês por ocasião do Bloqueio Continental, a situação de Portugal refletia com toda a 
clareza a impossibilidade de manter o status quo *. Pressionada por Napoleão, mas incapaz de lhe 
opor resistência, e também sem poder prescindir da aliança britânica, a Corte portuguesa estava 
hesitante. Qualquer opção significaria, no mínimo, o desmoronamento do sistema colonial ou do que 
dele ainda restava. A própria soberania de Portugal encontrava-se ameaçada, sem que fosse 
possível vislumbrar uma solução aceitável. Nesse contexto, destacou-se o papel desempenhado por 
Strangford, que, como representante diplomático inglês, soube impor, sem vacilação, o ponto de vista 
da Coroa britânica. 
Para a Corte de Lisboa colocou-se

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