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Ensino de Gramática na Perspectiva Enunciativa UNIDADE 2

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Ensino dE Gramática na PErsPEctiva Enunciativa
Unidade II
2 Reflexões cRíticas sobRe a GRamática NoRmativo‑tRadicioNal
A discussão que se inicia agora pretende chamar a atenção para vários equívocos, insuficiências 
e lacunas presentes na Gramática Tradicional (GT) e que acabam reforçando e justificando muitos 
dos problemas e das dificuldades do processo ensino‑aprendizagem nas aulas de língua e gramática 
na escola. Enfatizaremos aqui a divisão das palavras em classes gramaticais e seus problemas nos 
diferentes critérios de classificação, bem como outros aspectos que merecem reflexão e análise sobre os 
pressupostos da GT.
Para dividir as palavras em cada uma das dez classes (Substantivo, Adjetivo, Verbo, Advérbio etc.) 
as gramáticas se utilizam de critérios formais para definir, formular e descrever cada classe. A autora 
Margarida Basílio, em seu livro Teoria Lexical (1987), especificamente no capítulo Formação de Palavras 
e Classes de Palavras, reflete pontualmente sobre esses critérios de classificação de palavras, a saber: o 
critério semântico, o critério morfológico e o critério sintático.
A autora vai mostrar esses critérios funcionando pontualmente com as classes de Substantivo, 
Adjetivo, Verbo e Advérbio, por estarem intimamente ligadas à produção lexical – assunto pelo qual 
ela se interessa com intensidade. As classes Substantivo, Adjetivo e Verbo são puramente lexicais, 
abertas, variáveis, ou seja, possuem raiz (lexema) e portanto podem contribuir bastante nos processos 
de derivação e composição linguística, podendo ainda estar sujeitas à criação de novos itens lexicais 
(neologismos). A classe dos Advérbios, apesar de ser uma classe gramatical, fechada, invariável, será 
considerada na análise, pois está intimamente ligada à classe dos Adjetivos e, portanto, assume um 
pouco de sua produtividade (todo adjetivo acrescido do sufixo ‑mente se transforma automaticamente 
em um advérbio). “Dado que apenas substantivos, adjetivos, verbos e advérbios estão envolvidos nos 
processos de formação de palavras, vamos nos deter aqui apenas nessas classes” (BASÍLIO, 1987, p. 50).
2.1 critérios de classificação
São considerados como critérios de definição de classes as motivações internas à formação de 
palavras. Por isso a necessidade de se caracterizar cada critério em sua relevância.
Consensualmente, diz‑se que as classes de palavras definem‑se pelos critérios semântico, sintático 
e morfológico. Mais especificamente, cada critério desses corresponde à predominância de classificação 
em diferentes posições teórico‑gramaticais:
• gramática normativa (tradicional): predomínio do semântico (embora misturado aos outros dois) 
que estabelece significados para essencializar a natureza de cada classe;
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• gramática descritiva (estruturalista): predomínio do morfológico (embora também considere 
aspectos do sintático) que demarca as características formais de composição, derivação e 
funcionamento flexional de todas as classes de palavras;
• gramática gerativa transformacional: predomínio exclusivo do sintático que estabelece as 
características funcionais e distribucionais das classes, na relação/combinação das palavras com 
as outras.
Entretanto, tal questão é complexa e será abordada em relação aos processos de formação de 
palavras em português, pois, pelo que se verá na discussão proposta por Basílio (1987), nenhum desses 
critérios é suficientemente capaz de dar conta do total funcionamento de cada uma das dez classes de 
palavras (nem separadamente, nem conjuntamente). Vejamos mais de perto o funcionamento de cada 
um dos critérios em cada uma das classes mencionadas.
2.1.1 O critério semântico
O critério semântico relaciona‑se com o estabelecimento de “tipos de significado como base para a 
atribuição de palavras a classes”. (BASÍLIO, 1987, p. 50).
Conforme a autora, em geral, define‑se facilmente o substantivo como a palavra que designa o ser. 
Essa é a definição semântica. Embora nem todos os substantivos possam ser chamados exatamente de 
“seres”: o nada, a morte, o dom etc. são substantivos que não designam nem nomeiam seres. Você pode 
supor uma lista imensa de substantivos que não se encaixam nessa definição semântica.
O adjetivo é mais definível pelo critério sintático do que pelo semântico (dar a qualidade ou 
modificar o substantivo). Ele é um especificador do substantivo. Mesmo assim, a função semântica dos 
adjetivos (qualificar/modificar o substantivo) é sumamente importante na estrutura linguística, pois eles 
permitem a expressão ilimitada de conceitos: Veja‑se: criança: bonita/magra/sadia/malcriada/feliz/
autista/brasileira e assim por diante. O problema com sua definição semântica é que há outras palavras 
que desempenham a mesma função e não são adjetivos. Alguns substantivos podem qualificar outros: 
repórter burro, sapato rosa, escola‑padrão... Além disso, um numeral pode desempenhar o papel de 
modificador do substantivo: salto duplo.
No verbo, é comum nos depararmos com a seguinte definição semântica: “palavra que exprime 
ação, estado ou fenômeno de natureza”. Tal definição puramente semântica não é suficiente, dado que 
outras classes de palavras também podem exprimir ação, estado e fenômeno da natureza. O substantivo 
luta expressa claramente uma ação. O substantivo sono denota claramente um estado. O substantivo 
neve revela sem dúvida um fenômeno da natureza. Também a característica semântica relacionada 
à temporalidade dos verbos, relativa a passado, presente e futuro, não lhe é exclusiva. Os advérbios 
de tempo, por exemplo, também denotam essa particularidade: ontem, agora, amanhã etc. Daí a 
necessidade de se acrescer ao verbo a definição morfológica flexional.
No Advérbio, o caso é semelhante ao do adjetivo, já que ele, do ponto de vista semântico, permite a 
especificação/cirscunstancialização de ação, estado ou fenômeno descrito pelo verbo. Mas este critério 
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também não é suficiente, pois também é possível que outras palavras de outras classes desempenhem 
essa função de modificar o verbo. Por exemplo, os adjetivos em: “ele fala alto”, “ela chegou rápido”.
Ainda assim, o critério semântico é fundamental para a definição das classes, embora, como foi visto, 
não seja suficiente.
2.1.2 O critério morfológico
O critério morfológico implica a classificação de palavras a partir de suas características gramaticais, 
mais especificamente de seus paradigmas derivacionais e flexionais de classe, de gênero, de número, de 
grau, de pessoa e modo‑temporais.
Tanto o substantivo quanto o adjetivo apresentam categorias de gênero, número e grau 
específicas pelas flexões correspondentes, como aponta Basílio (1987). Entretanto, em geral, as 
mesmas flexões de número e gênero aplicadas ao substantivo também são aplicadas ao adjetivo 
(ex.: menininho bonitinho). Embora a derivação de diminutivo seja uma marca morfológica 
específica do substantivo, acaba contaminando o adjetivo. Em contrapartida, uma marca 
morfológica exclusiva do adjetivo seria a flexão de grau (ex.: belíssimo; finérrimo; facílimo). 
Mas também é possível observar alguns substantivos funcionando com essa marca morfológica 
(ex.: coisíssima). O que se pode entender é que o critério morfológico não distingue muito bem 
essas duas classes uma da outra.
Já com o verbo (por sua natureza flexional) e o advérbio (por sua forma invariável), tal critério é 
bastante suficiente.
2.1.3 O critério sintático
O critério sintático diz respeito à classificação a partir das propriedades distribucionais, ou seja, das 
posições sintagmático‑estruturais/funcionais das palavras na frase.
Conforme a autora, o substantivo pode exercer a posição de núcleo do sujeito(“O gato fugiu”), 
objeto (“Comi o lanche”) e agente da passiva (“Ana foi perseguida por um pit bull”) – e ainda funcionar 
como núcleo diante de determinantes: artigos (“a menina”), pronomes demonstrativos (“essa menina”), 
pronomes possessivos (“minha menina”), numerais (“três meninas”) e pronomes indefinidos (“toda 
menina”), modificadores (“boa menina”) e sintagmas preposicionados (“da menina”).
O adjetivo é definido como palavra que acompanha, modifica ou caracteriza o substantivo. Mas o 
critério sintático não o define suficientemente, pois não o distingue sintaticamente dos determinantes 
que também acompanham o substantivo.
O verbo oferece dificuldade para ser bem‑definido sintaticamente, pois o predicado pode não ser 
verbal. Então, praticamente, não há função sintática que seja privativa do verbo.
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O advérbio tem a função de modificador, por isso é bem‑definido sintaticamente, mas em toda a 
extensão do uso adverbial (pois esta classe não modifica isoladamente apenas o verbo, o adjetivo e o 
próprio advérbio, mas também pode modificar toda uma oração).
Conforme reflete Basílio (1987), quanto mais dependente a palavra, mais fácil defini‑la sintaticamente.
2.1.4 A conjunção dos critérios seria uma solução?
Basílio (1987) reflete sobre a possibilidade de se juntar todos os critérios complementarmente, 
já que cada um apresenta insuficiências diferentes na classificação das palavras, ou seja, em vez da 
predominância de um critério, a multiplicidade de critérios interdependentes para a classificação de 
palavras seria a solução?
É importante compreender que para cada classe as propriedades semânticas são diretamente 
ligadas às propriedades sintáticas e morfológicas. Há uma ligação óbvia, embora não uniforme, entre 
tais critérios e se coloca a questão se tal ligação poderia ser hierárquica em relação às propriedades de 
cada critério. Haveria um critério hierarquicamente dominante do qual os outros dois seriam derivados?
Para aprofundar esta questão sobre a possibilidade de hierarquia entre os critérios, veja‑se a Regra 
de Formação de Palavras:
[X] V  [[X]V + cão] S = [frustr] AR  [[frust] FRUSTRAR + ção] FRUSTRAÇÃO
Quando dizemos que ‑ção se adiciona a verbos para formar substantivos, 
queremos dizer que ‑ção só pode ser adicionado a formas que apresentam 
todo um esquema de flexão modo‑temporal e número‑pessoal? 
[Morfológico]. Ou queremos especificar que ‑ção só se adiciona a uma 
base que tenha que funcionar como núcleo de um predicado verbal? 
[Sintático]. Ou ainda que ‑ção seleciona bases que indiquem ações, 
eventos e estados? [Semântico]. Ou, mais ainda, queremos dizer que 
‑ção só se combina com bases que apresentem as três características em 
conjunto? (BASÍLIO, 1987, p. 56).
Para descrever os processos de formação de palavras, temos muitas decisões a tomar. Essencialmente, 
se devemos considerar as classes de palavras definidas pelos três critérios ao mesmo tempo ou 
hierarquicamente. A primeira possibilidade é facilmente derrubada pela análise detalhada de cada 
classe: não se pode trabalhar com todos os critérios ao mesmo tempo, pois um pode excluir o outro. 
Se a escolha for a segunda forma, ter‑se‑á de determinar qual o critério predominante em relação 
aos outros. O problema é que muitas vezes um critério é determinante para uma classe, mas para 
outra classe ele é insuficiente (por exemplo: o critério morfológico é determinante para a classe dos 
verbos, mas é insuficiente para a classe dos substantivos e dos adjetivos). Um critério pode, ainda, servir 
para descrever algumas palavras dentro de sua classe, mas pode ser insuficiente para outras palavras 
dentro desta mesma classe. (ex.: o critério semântico descreve bem verbos como lutar e correr, mas não 
descreve bem verbos como brilhar e azular).
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2.1.5 Um exemplo concreto
Para ilustrar um pouco mais essa discussão, a autora salienta um exemplo de problema para a 
classificação: o sufixo ‑vel. Em princípio, ‑vel combina‑se com verbos para formar adjetivos: lavar 
= lavável. Porém, temos ocorrências coloquiais que se dão a partir de substantivos: presidente = 
presidenciável, reitor = reitorável. “O fenômeno de extensão de base das formações em ‑vel ilustra o 
problema das classes de palavras no que concerne à especificação das bases sobre as quais o processo 
se aplica” (BASÍLIO, 1987, p. 57‑8).
Não se pode aplicar tal processo de formação a qualquer substantivo, mas somente àqueles 
que correspondem a cargos e funções, o que indica que tal disponibilidade para formações em 
‑vel vem de um fator semântico que se opõe a fatores morfológicos e sintáticos. Tal exemplo 
evidencia a importância da descrição hierárquica dos critérios na classificação dessas palavras. 
“Resta saber se em outros casos de formação de palavras teríamos uma situação equivalente” 
(BASÍLIO, 1987, p. 59).
2.2 Revisitando as dez classes de palavras a partir dos três critérios de 
classificação
Para observar mais cuidadosamente esta questão dos critérios de classificação das palavras, 
revisaremos cada uma das dez classes de palavras, a partir do seu funcionamento nos três critérios: 
morfológico, sintático e semântico.
 saiba mais
Sugerimos a leitura da obra a seguir, que discorre longamente sobre 
essas dez classes, observando o seu (não) funcionamento em cada critério.
MACAMBIRA, J. R. A estrutura morfossintática do português. São Paulo: 
Pioneira, 1978.
Apresentaremos um quadro sintético do que Macambira (1978) desenvolve e que foi esquematizado 
por Dias (1994). As “mãozinhas” ( ) com texto em vermelho indicam um mau funcionamento ou um 
não funcionamento no critério em questão.
 observação
Luiz Francisco Dias é atualmente professor de Linguística e Gramática 
da UFMG e desenvolveu em sala de aula, quando professor de Língua 
Portuguesa da UFPB, uma discussão sobre as classes de palavras da GT e seu 
(não) funcionamento com relação aos critérios semântico, morfológico e 
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sintático, sintetizando um quadro, a partir das considerações de Macambira 
(1978) e das definições de diferentes gramáticas tradicionais.
Quadro 6 – Substantivo
Definições de gramáticos tradicionais
A) Celso Cunha
1. “Palavra com que designamos ou nomeamos os seres em geral.” São, por conseguinte, substantivos:
a) os nomes de pessoas, animais, vegetais, lugares e coisas: Carlos, gato, palmeira, América, lápis
b) os nomes de ações, estados e qualidades, tomados como seres: devoção, civismo, mocidade, alegria, altura
2. “Do ponto de vista funcional, o substantivo é a palavra que serve, privativamente, de núcleo de sujeito, do objeto direto, do 
objeto indireto e do agente da passiva” (CUNHA, 1972, p.186 apud DIAS, 1994).
B) Rocha Lima
“Palavra com que nomeamos os seres em geral, e as qualidades, ações, ou estados, considerados em si mesmos, 
independentemente dos seres com que se relacionam” (LIMA, 1992, p. 61, apud DIAS, 1994).
C) Hildebrando André
“Nome do ser” (ANDRÉ, 1990 apud DIAS, 1994). 
Classificações 
a) Comum ou próprio
b) Concreto ou abstrato
c) Simples ou composto
d) Primitivo ou derivado
e) Coletivo
Critério morfológico Critério sintático Critério semântico
A) Quanto à flexão (paradigma 
flexional)
— Quadriforme: menino, menina, 
meninos, meninas;
— Biforme: livro, livros, animal, 
animais;
— Uniforme: lápis, pires, óculos, 
férias.
Aplica‑se também a artigo, 
adjetivo, numeral, pronome
B) Quanto à derivação (paradigma 
derivacional)
‑inho(a)
‑zinho(a)
‑ão(ona)
‑zão(zona)
pequeno grande
 Bocarra, casebre, lebre, 
rapazote, mas: Tertuliano(zão)?, 
Washington(zinho)?
— Artigo
— Pronome possessivo
— Pronome demonstrativo
— Pronome indefinido
Substantivo = sernada, desenvolvimento, passado, brilho, 
altura, noite, temperatura.
 ladrão (é um ser ou uma qualidade/
defeito?)
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Quadro 7 – Adjetivo
Definições de gramáticos tradicionais
A) Celso Cunha
1. Espécie de palavra que serve para caracterizar os seres ou os objetos nomeados pelo substantivo, indicando‑lhes:
a) uma qualidade (ou defeito): moça gentil; pensamento obscuro;
b) o modo de ser: pessoa hábil;
c) o aspecto ou a aparência: jardim florido;
d) o estado: criança enferma.
Observação: Por vezes o adjetivo marca apenas uma relação de tempo, de espaço, de matéria, de finalidade, de propriedade, 
de procedência etc. Assim, em nota mensal, casa paterna, perfume francês relacionamos as noções de nota e mês (nota 
relativa ao mês), de casa e pais (casa onde habitam os pais) e de perfume e França (perfume procedente da França). De regra, 
esses adjetivos de relação não admitem graus de intensidade. Uma nota não pode ser mais mensal nem uma casa muito 
paterna, nem um perfume menos francês. (CUNHA, 1972, p. 251, apud DIAS, 1994).
B) Rocha Lima
“Palavra que modifica o substantivo, exprimindo aparência, modo de ser, ou qualidade”.
Exemplos: homem magro, gramática histórica, criança talentosa (LIMA, 1992, p. 86 apud DIAS, 1994).
C) Hildebrando André
“Palavra que expressa qualidade ou propriedade ou estado de ser” (ANDRÉ, 1990, p. 122 apud DIAS, 1994).
Classificações
a) Explicativo (expressa qualidade essencial do ser): pedra dura, gelo frio, leite branco.
b) Restritivo (expressa qualidade acidental do ser): pedra preciosa, gelo útil, leite caro.
c) Adjetivos pátrios: brasileiro, campinense, mineiro.
d) Locuções adjetivas: animal da noite, paixão sem freio, gente de fora, andar de cima.
Critério morfológico Critério sintático Critério semântico
A) Admite grau superlativo
‑íssimo(a) – feiíssimo
‑érrimo(a) – celebérrimo
‑limo(a) – facílimo
Muito/Pouco
 Muitíssimo, pouquíssimo, 
portuguesíssimo, coisíssima, 
(?)campinensíssimo, 
sem‑vergonhíssima
B) Admite sufixo adverbial –mente
 Primeiro, duplo, (?)calvo, (?)
campinense
Tão
quão
 Tão pouco, tão homem, tão 
burro, tão anjo
 Tão bem, (?)tão campinense, (?)
tão suposto
“Palavra que exprime qualidade”
 Bondade, bem
 O brilho do diamante ofuscava os olhos.
A altura das ondas impressionou o surfista.
Ela é charmosa.
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Quadro 8 – Verbo
Definições de gramáticos tradicionais
A) Celso Cunha
1) “Verbo é uma palavra de forma variável que exprime o que se passa, isto é, é um acontecimento representado no tempo:
“Ninguém ria, ninguém estranhava.”
“Éramos arrebatados pelo espaço.”
“Onde está a poesia da vida?”
“Cai o crepúsculo. Chove.”
2) O verbo não tem, sintaticamente, uma função que lhe seja privativa, pois também o substantivo e o adjetivo podem 
ser núcleos do predicado. Individualiza‑se, no entanto, pela função obrigatória de predicado, a única que desempenha na 
estrutura oracional” (CUNHA, 1972, p. 367 apud DIAS, 1994).
 “As formas nominais do verbo identificam‑se pelo fato de não poderem exprimir por si nem o tempo nem o modo. O ser 
valor temporal e modal está sempre em dependência do contexto em que aparecem” (Idem, p. 456).
B) Cegalla
“Verbo é uma palavra que exprime ação, estado, fato ou fenômeno.”
O criado abriu o portão [abriu exprime uma ação].
Fernando estava doente [estava: um estado, uma situação].
Nevou em São Joaquim [nevou: um fato, um fenômeno].
(CEGALLA, 1974, p.162 apud DIAS, 1994).
 A crise mexicana assustou os investidores.
 A guerra atingiu o mercado de capitais.
C) Enéas Martins de Barros
“É uma unidade morfossintática que se distingue das demais classes:
• pela conjugação, conjunto estruturado peculiar, oposto à declinação, que é um conjunto estruturado de formas atinentes 
ao substantivo, adjetivo ou pronomes;
• por suas propriedades sintáticas, pode ser determinado por um advérbio, mas não por um adjetivo; concorda com o núcleo 
do sintagma nominal sujeito.
Opõe‑se ao nome, constitui‑se o núcleo da frase, quer esta seja representada como junção de um grupo nominal (GN) e um 
grupo verbal (GV), que pode eventualmente ser composto de um verbo e de um GN; quer seja considerada como resultado de 
um relacionamento entre termos nominais efetuado através do verbo” (BARROS, 1985, p.114 apud DIAS, 1994).
 “Nem tudo são flores.”; “Há rosas aqui.” (não há concordância dos verbos com os núcleos dos SNs “tudo” e “rosas”).
 “O meliante fugiu rápido como um raio.” (não é um advérbio que está determinando o verbo, e sim um adjetivo). 
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Classificações
I. Modos verbais
Diferentes maneiras de um fato se realizar:
a) Indicativo (exprime um fato certo, positivo)
b) Subjuntivo (exprime um fato possível, duvidoso, hipotético)
c) Imperativo (exprime ordem, proibição, pedido)
II. Formas nominais
Diferentes apresentações do processo verbal:
a) Infinitivo (apresenta o processo verbal em potência)
b) Gerúndio (apresenta o processo verbal em curso)
c) Particípio (apresenta o resultado do processo verbal)
III. Tempos compostos e locuções verbais
a) Tempos compostos: formados de um verbo auxiliar (“ter” ou “haver”) mais um particípio, que é o verbo principal.
Tenho andado com dificuldade (pret. perfeito do indicativo)
Se ele não houvesse partido,... (pret. mais‑que‑perfeito do subjuntivo)
b) Locuções verbais: combinação de dois verbos, sendo o primeiro auxiliar e o segundo o verbo principal, que pode estar no 
infinitivo, no gerúndio ou no particípio.
1) “ter de” + verbo no infinitivo
Tenho de estudar hoje.
2) “haver de” + verbo no infinitivo
O País haverá de sair da crise.
3) “estar”, “andar”, “ir”, “vir” + verbo no gerúndio
Não estamos conseguindo ainda vencer a fome.
Venho reclamando dos erros de pontuação.
4) “ser” + verbo no particípio
Ela foi conquistada pelo olhar.
Se ela tivesse sido conquistada pelas pernas...
c) Locuções com auxiliares modais (querer, dever, saber, poder, ir, vir) + verbo no infinitivo
Ela quer estudar os modos verbais.
João vai conhecer Nova Jerusalém.
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Critério morfológico Critério sintático Critério semântico
..................
‑r
‑ndo
‑rei
‑ria
Ex.: amar, vender, partir, pôr
amando, vendendo, partindo, pondo
amarei, venderei, partirei, porei
amaria, venderia, partiria, poria
 Vou correndinho ali nos correios
Eu
Tu
Eles
Nós
Vós
Eles
Vou, sou, estou
Vais, és, estás
Vai, é, está
Vamos, somos...
Ides, sois, estais
Vão, são, estão
 Chover, nevar
 Amar, correr, sentir (as formas 
nominais não aceitam essa relação 
sintática)
Verbo = exprime a cousa na perspectiva 
do tempo: ação, fenômeno, estados e 
outras cousas que o verbo possa exprimir 
(LAROCHETTE apud DIAS, 1994)
 “Além, muito além daquela serra que 
ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.”
 inundação, tiroteio (substantivos = ação)
 chuva, trovão (substantivos = fenômeno 
meteorológico)
 morte, sono (substantivos = estado)
O verbo indica os processos, quer se trate de 
ações, estados ou passagens de um estado 
para o outro (MEILLET apud DIAS, 1994)
 Amai! (com verbos imperativos não há 
processo/passagem de um estado a outro)
Quadro 9 – Advérbio
Definições de gramáticos tradicionais 
A) Celso Cunha
1) Advérbios são palavras que se juntam a verbos, para exprimir circunstâncias em que se desenvolve o processo verbal, e a 
adjetivos, para intensificar uma qualidade:
“Ternura leu‑o depressa e, meio atordoado, guardou‑o no bolso”.
2) Salienta‑se ainda que:
a) os advérbios chamados “de intensidade” podem reforçar o sentido de outro advérbio:
“A vida não lhes correra nem muitobem, nem muito mal”.
b) certos advérbios aparecem modificando toda a oração:
“Felizmente, estava vago o lugar de inspetor escolar”
(CUNHA, 1972, p. 498 apud DIAS, 1994).
B) Cegalla
“Advérbio é uma palavra que modifica o sentido do verbo, do adjetivo e do próprio advérbio.”
O navio chegou ontem.
Paulo jogou bem.
Paulo jogou muito bem.
A moça é muito linda.
(CEGALLA, 1974, p. 221 apud DIAS, 1994).
 O amigo aqui gosta muito de cerveja (o advérbio está modificando um substantivo).
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C) Enéas M. de Barros
“Pensamos que o advérbio é uma palavra intransitiva, com que se diferencia formalmente da preposição, que é transitiva. Assim:
Ele chegou depois e quis um lugar de honra (advérbio).
Ele chegou depois da irmã quando já não chovia (locução prepositiva).
É uma palavra adjunta, isto é, modificadora, porque pode ser determinante do adjetivo, do advérbio, do pronome, do verbo e até 
e orações e substantivos.”
(BARROS, 1985, p. 203 apud DIAS, 1994).
 Quase cem mortos: esse foi o resultado do terremoto (o advérbio está modificando um numeral).
 A pedra caiu quase sobre a minha cabeça (o advérbio está modificando uma preposição).
Classificações
a) Advérbios de afirmação: sim, certamente, efetivamente, realmente etc.
b) Advérbios de dúvida: acaso, possivelmente, provavelmente, talvez etc.
c) Advérbios de intensidade: bastante, demais, bem, mais, muito, pouco, tanto, tão, mais, meio etc.
d) Advérbios de lugar: abaixo, acima, adiante, aí, além, ali, aquém, aqui, através, atrás, cá, dentro, junto, longe, onde, perto etc.
e) Advérbios de modo: assim, bem, depressa, devagar, mal, melhor, pior, bondosamente etc.
f) Advérbios de tempo: agora, ainda, amanhã, anteontem, antes, breve, cedo, depois, hoje, jamais, nunca, sempre, outrora, já, 
logo etc.
g) Advérbio de negação: não.
h) Advérbios interrogativos: por quê? (causa); onde? (lugar); como? (modo); quando? (tempo).
 Só, somente (a palavra só pode ser adjetivo e advérbio; somente é advérbio, porém acompanha/modifica substantivos).
Locução adverbial
Formada de uma preposição com um substantivo, adjetivo ou advérbio.
Ex.: com certeza, sem dúvida, à direita, à esquerda, ao lado, de dentro, de longe, em cima, por ali, por dentro, por perto, à 
vontade, à toa, às avessas, de cor, em geral, em vão, passo a passo, por acaso, frente a frente, de forma alguma, de modo 
nenhum, à noite, de manhã, de vez em quando, em breve.
Obs.: de dentro = locução adverbial
dentro de = locução prepositiva
Critério morfológico Critério sintático Critério semântico
A) Terminado pelo sufixo
‑mente
B) responde às perguntas “Onde?”, 
“Quando?”, “Como?”
 Nunquinha (advérbio não deveria 
receber o sufixo ‑inha)
Tão
bem
quão
Palavra invariável
Ex.: tão depressa, bem depressa, 
quão depressa, tão tarde, tão cedo, 
tão perto, bem aqui, bem cedo, 
quão cedo etc.
 (?)tão/quão ali, (?)tão/quão 
acolá, (?)tão/quão aqui
“Palavra que exprime qualidade ou 
circunstância.”
 Ainda, cedo, cedinho, jamais, quase, nunca
 Eu durmo com tranquilidade/tranquilo/
tranquilamente
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Unidade II
Quadro 10 – Artigo
Definições de gramáticos tradicionais
A) Celso Cunha
“Dá–se o nome de artigo às palavras o (com as variações a, os, as) e um (com as variações uma, uns, umas), que se 
antepõem aos substantivos para indicar:
a) que se trata de um ser já conhecido do leitor ou ouvinte, seja por ter sido mencionado antes, seja por ser objeto de um 
conhecimento de experiência, como neste exemplo:
“A vila tomava ares de festa.”
b) que se trata de um simples representante de dada espécie ao qual não se fez menção anterior.
“O pequeno‑burguês britânico atinge ao auge da felicidade quando se encontra com um nobre, um lorde, um duque, um 
príncipe de casa real.”
No primeiro caso dizemos que o artigo é definido; no segundo, indefinido.”
(CUNHA, 1972, p. 214 apud DIAS, 1994).
B) Cegalla
“Artigo é uma palavra que antepomos aos substantivos para determiná‑los. Indica‑lhes, ao mesmo tempo, o gênero e o 
número.
Os artigos definidos determinam os substantivos de modo preciso, particular:
Viajei com o médico (um médico referido, conhecido, determinado).
Os artigos indefinidos determinam os substantivos de modo vago, impreciso, geral:
Viajei com um médico (um médico não referido, desconhecido, indeterminado)”
(CEGALLA, 1974, p.135 apud DIAS, 1994).
C) Rocha Lima
“O artigo é uma partícula que precede o substantivo, assim à maneira de ‘marca’ dessa classe gramatical” (LIMA, 1992, p. 84 
apud DIAS, 1994).
D) Enéas M. de Barros
“[O artigo] contribui, com seu poder expressivo, para a aplicação da ênfase, para a distinção dos sentidos, para a harmonia 
da frase. Num contexto como: ‘Guimarães Rosa, romancista brasileiro’, em que se omitiu o artigo antes do aposto, o escritor 
não passa de um entre os muitos romancistas brasileiros. Se, entretanto, for consignado o artigo antes do aposto: ‘Guimarães 
Rosa, o romancista brasileiro’, o aposto passará a ter outro valor. Guimarães Rosa é aí o romancista por excelência, o mais 
notório, o mais conhecido, o mais completo.
Do mesmo modo:
‘Este é bom automóvel’
‘Este é o bom automóvel’
O artigo eleva a categoria do objeto, atribuindo à qualidade um caráter de inexcedibilidade, de superioridade, um valor 
superlativante.
Também o indefinido oferece excelentes contribuições ao estilo. Seu caráter impreciso atribui à sensibilidade sentimentos de 
mistério, dilui e obscurece os efeitos, produzindo como que sobressaltos e impressões profundas.
• Tem caráter superlativante, tal a sua intensificação
Ex.: É uma naturalidade morrer. Transformar‑se, transmutar— se.
• Destina‑se, ainda, a colocar em cena uma pessoa ou um objeto. Depois dessa apresentação segue‑se o artigo definido
Ex.: Com uma toalha no pescoço e um copo na mão, chamou‑me para o banho.
• Dada a sua grande força generalizadora, precedendo um nome no singular, traduz toda a espécie
Ex.: Um homem é um homem; um gato é um gato.
• A presença do indefinido permite entonação especial intensificadora
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Ex.: É uma beleza de mulher!; Uma delícia de prato!
• Precedido da preposição de, intensificando uma qualidade ou um defeito
Ex.: Era de uma beleza que chegava ao imponderável.
• Junto a numerais, traduz ideia aproximativa
Ex.: Pesava ele na ocasião uns cem quilos de corpo e umas tantas toneladas de coração.
• Indica membro de uma família de certa notoriedade
Ex.: Ela é uma Carneiro Ribeiro.; Ele é um Bragança.
• Traduz aspectos novos, diferentes, imprevistos, quase desconhecidos, de uma pessoa ou coisa.
Ex.: Desde que voltou da Europa, você é uma Alzira diferente, uma jovem meio desnacionalizada, talvez contrariada por voltar 
a ser uma Alzira de todo dia”
(BARROS, 1985, p. 229;233‑4 apud DIAS, 1994).
 A carne é fraca (o artigo determina ou generaliza a carne?).
 Dê‑me uma folha de papel (“uma” = artigo ou numeral?).
 Aquele um não é meu irmão (“um” generaliza ou particulariza?).
Critério morfológico Critério sintático Critério semântico
Assume flexões de gênero e número; 
recusa os sufixos aumentativo 
e diminutivo (característicos do 
substantivo) e os sufixos superlativos 
(característicos do adjetivo).
 Não é umazinha como você que 
vai me intimidar (o artigo assumiu 
derivação de diminutivo, própria de 
substantivos)
Formas o, a, os, as, um, uma, 
uns, umas que imediata ou 
mediatamente precedem o 
substantivo, e com ele formam 
sintagma:
• Imediatamente: o professor, os 
professores, um herói
• Mediatamente: o bom filho, uma 
boa irmã
 Este professor; meus 
professores; dois bons filhos; 
todo bom filho (demonstrativos, 
possessivos e numerais cumprem o 
mesmo papel sintático dos artigos)“Palavra acessória que particulariza ou 
generaliza o substantivo, conforme se trate do 
artigo definido ou indefinido”
 Meu livro (o pronome possessivo 
particulariza)
 Qualquer homem (o pronome indefinido 
generaliza)
Quadro 11 – Pronome
Definições de gramáticos tradicionais
A) Celso Cunha
“1) Os pronomes desempenham na frase funções equivalentes às exercidas pelos elementos nominais. Servem pois:
a) para representar um substantivo:
‘Invejava os homens e copiava‑os’
b) para acompanhar um substantivo, determinando‑lhe a extensão do significado:
‘Vi terras da minha terra./Por outras terras andei./Mas o que ficou marcado/No meu olhar fatigado,/Foram terras que 
inventei.’
No primeiro caso desempenham a função de um substantivo e, por isso, recebem o nome de pronomes substantivos, no 
segundo chamam‑se pronomes adjetivos, porque modificam o substantivo, que acompanham, como se fossem adjetivos.
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Unidade II
2) Facilmente, aliás, se distinguem na prática essas duas classes de pronomes, porque os pronomes substantivos aparecem 
isolados na frase, ao passo que os pronomes adjetivos se empregam sempre junto de um substantivo, com o qual concordam 
em gênero e número. Por exemplo, na frase:
‘Aquele é o corpo de meu filho.’
aquele é pronome substantivo, e meu, pronome adjetivo.”
(CUNHA, 1972, p. 276 apud DIAS, 1994).
B) Cegalla
“Pronomes são palavras que representam os nomes dos seres ou os determinam, indicando a pessoa do discurso.”
(CEGALLA, 1974, p. 150 apud DIAS, 1994).
C) Enéas M. de Barros
“O nome o define: substituto do nome: uma unidade linguística que, em determinado ponto da cadeia, representa ou 
substitui a unidade correspondente. Pode substituir:
• Um substantivo: Ela (Fernanda) é irmã de Eduardo;
• Um adjetivo: Dizem que o Eduardo é inteligente, e eu o sei;
• Um enunciado: Eduardo quebrou o vidro, mas eu sei que isto não foi ele...;
• Uma situação global: Isto é pura imaginação de vocês.
A NGB distingue dois tipos de pronomes:
• Pronome substantivo (classe principal)
• Pronome adjetivo (classe adjunta)
Mas há, ainda, uma terceira classe para acrescentar a essa divisão. É a do pronome relativo que constitui a classe de relação.
O pronome substantivo representa, de fato, o nome; o pronome adjetivo acompanha, como determinante, o substantivo. O 
pronome relativo, ao mesmo tempo que representa o nome, indica‑lhe a função em que se acha na frase, de acordo com o 
relacionamento que nesta passe a assumir. Assim:
Meu dever é este que estou enfrentando (‘Meu’ = pron. adjetivo; ‘este’ = pron. substantivo; ‘que’ = pron. relativo)” (BARROS, 
1985, p. 161 apud DIAS, 1994).
Classificações 
a) Pronomes pessoais
Substituem os nomes e representam as pessoas do discurso
1) Caso reto (função de sujeito)
— Eu, tu, ele, nós, vós, eles
2) Caso oblíquo (função de objeto ou complemento)
Me, mim, comigo, te, ti, contigo, o, a, os, as, lhe, lhes, se, si, consigo, nos, conosco, vos, convosco
Ex.: Eu te convido; Nós o ajudamos
b) Pronomes de tratamento
“Usado no trato cortês e cerimonial com as pessoas” (Cegalla).
Você, o senhor, Vossa Senhoria, Vossa Excelência, Vossa Santidade, Vossa Alteza
c) Pronomes possessivos
Referem‑se às pessoas do discurso, atribuindo‑lhes a posse de alguma coisa.
Meu, minha, meus, minhas, teu, seu (1ª pessoa do singular), nosso, vosso, seu (3ª pessoa do plural)
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d) Pronomes demonstrativos
São os que indicam o lugar, a posição ou a identidade dos seres, relativamente às pessoas do discurso.
Este, estes, esse, aquele, mesmo, próprio, tal, semelhante, isto, aquilo, o, a, os, as
Ex.: Estes rapazes são os mesmos que vieram ontem.
Os próprios sábios podem enganar‑se.
Há três casas: a do meio é nossa (ambíguo).
e) Pronomes indefinidos
Referem‑se à terceira pessoa do discurso, designando‑a de modo vago, impreciso, indeterminado.
1) Substituem o substantivo
Algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, ninguém, quem, tudo.
Ex.: Algo o incomoda?
Acreditam em tudo o que fulano diz ou sicrano escreve.
Quem avisa amigo é.
2) Acompanham o substantivo
Cada, certo, certas, alguns, demais, mais, menos, muitos, nenhum, outro, pouco, que, qualquer, quanto, tantos, todos, uns, 
vários.
Ex.: Menos palavras e mais ações.
Que loucura você cometeu!
Uns partem, outros ficam.
Fiquei bastante tempo à sua espera.
3) Locuções pronominais indefinidas
Cada qual, cada um, qualquer um, seja quem for, todo aquele que, um ou outro etc.
f) Pronomes interrogativos
Aparecem em frases interrogativas.
Ex.: Que há?; Que dia é hoje?; Quem foi?; Reagir contra quê?
g) Pronomes relativos
Representam nomes já referidos, com os quais estão relacionados. Daí denominarem‑se relativos.
O qual, os quais, cujo, quantos, quem, que, onde
Ex.: Armando comprou a casa que lhe convinha.
O lugar onde paramos era deserto.
Leve tantos ingressos quantos quiser.
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Critério morfológico Critério sintático Critério semântico
A) O pronome rejeita
1. sufixos aumentativos (‑ão, ‑zão) e 
diminutivos (‑inho, ‑zinho)
2. sufixos superlativos (‑íssimo, 
‑érrimo, ‑limo) e o sufixo adverbial 
(‑mente)
Obs.: tudinho não significa “pequeno 
tudo”; nadinha não significa 
“pequeno nada”; mesmíssimo não 
significa “muito mesmo”
 Muitíssimo, pouquíssimo
B) O pronome admite oposição de 
pessoas gramaticais:
1. eu versus tu;
meu versus teu;
este versus esse.
2. eu e tu versus ele;
meu e teu versus seu;
este e esse versus aquele.
3. eu, tu, ele versus alguém;
meu, teu, seu versus alheio;
este, esse, aquele versus outro e 
qualquer.
 Próprio, certo, uns, tal
C) As formas pronominais não se 
distinguem por meio de flexão: 
fazem o plural não pelo acréscimo de 
sufixo, mas pela heteronímia:
O plural de eu não é “eus”, mas nós; 
o de tu não é “tus”, mas vós.
 Você – vocês, ele – eles, meu 
– meus, aquele – aqueles, próprio – 
próprios
A) Pronomes substantivos
Não se articulam com o 
substantivo: eu, isto, nada, tudo, 
algo, alguém, ninguém, quem etc.
B) Pronomes adjetivos
Articulam‑se com o substantivo, à 
semelhança do adjetivo: Meu (pai), 
este (caderno), outro (livro), cuja 
(voz), algum (dia), certo (homem) 
etc.
 Mero professor, suposto ladrão 
(“mero” e “suposto” = adjetivos – 
desempenham o mesmo papel)
A) Pronomes definidos: denotam a ideia de 
pessoa, posse, referência de maneira precisa. 
Os pessoais, os possessivos, os demonstrativos, 
os relativos
B) Pronomes indefinidos: denotam a ideia de 
referência de maneira vaga.
Os indefinidos
 Pronomes interrogativos
Quadro 12 – Numeral
Definições de gramáticos tradicionais
A) Celso Cunha
“Quando queremos indicar uma quantidade exata de pessoas ou coisas, ou assinalar o lugar que elas ocupam numa série, 
empregamos uma classe especial de palavras – os numerais” (CUNHA, 1972, p. 357 apud DIAS, 1994).
B) Cegalla
“Numeral é a palavra que exprime número” (CEGALLA, 1974, p. 471 apud DIAS, 1994). 
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Classificações
a) Cardinais
Os números básicos: um, dois, cem...
b) Ordinais
Indicam a ordem de sucessão que os seres e os objetos ocupam em determinada série: primeiro, segundo, décimo...
c) Multiplicativos
Indicam o aumento proporcional da quantidade, a sua multiplicação: dobro, triplo...
d) Fracionários
Exprimem a diminuição proporcional da quantidade, a sua divisão: meio, terço, quinze avos... (CUNHA, 1972, p. 358 apud 
DIAS, 1994):
Numerais coletivos: dezena, década, dúzia... Comportam‑se como substantivos: milhão, bilhão. Ex.: três milhões.
Critério morfológico Critério sintático Critério semântico 
Palavra supletiva cujo singularseja 
um ou uma. Rejeita o aumentativo, 
o diminutivo, o superlativo e o sufixo 
adverbial ‑mente.
 Não me deram chance, 
umazinha sequer
Obs.: milhões, dezenas etc. não são 
numerais (possuem singular: milhão, 
dezena); já os numerais ordinais e 
os multiplicativos flexionam‑se no 
plural e aceitam sufixo em ‑mente
Combina‑se imediatamente com o 
substantivo; não se deixa preceder 
por tão ou bem.
Dois cadernos, duas colegas
 Tinha bem quatro carros 
capotados na estrada
Expressa quantidade exata de pessoas ou 
coisas, ou ainda assinala o lugar que elas 
ocupam numa série.
 Emiti duas ordens hoje (“ordens” não é 
pessoa, nem coisa)
Quadro 13 – Interjeição
Definições de gramáticos tradicionais
A) Celso Cunha
“Interjeição é uma espécie de grito com que traduzimos de modo vivo nossas emoções. [...] O valor de cada forma interjectiva 
depende fundamentalmente do contexto e da entonação” (CUNHA, 1972, p. 547 apud DIAS, 1994).
B) Cegalla
“Interjeição é uma palavra ou locução que exprime um estado emotivo.”
Ex.: “Caramba! Isto é que se chama talento.”
“Puxa vida! Outra vez! – exclamou Gumercindo.”
(CEGALLA, 1974, p. 253 apud DIAS, 1994). 
Classificações
a) Alegria: oh!, ah!, viva!
b) Dor: ai!, ah!, ai de mim!
c) Espanto: oh!, puxa!
d) Advertência: cuidado!, atenção!, calma!
e) Aprovação: muito bem!, bravo!
f) Silêncio: psiu!, silêncio!
Locução interjetiva
Grupo de palavras com valor de interjeição: Quem me dera!; Valha‑me Deus!
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Critério morfológico Critério sintático Critério semântico
A) Exibe formas estranhas à estrutura 
do idioma: ah, há, ih, hi, psit, 
hum‑hum
B) Presença de entonação
 Deus queira que você volte
Alô (atendendo o telefone)
Palavra isolada, sem relação com as 
outras palavras, é sintaticamente 
solta, não forma sintagma com 
outra.
Ai! O lobo matou o cordeiro
Classe gramatical que geralmente forma 
sentido completo por si (palavra— frase)
Quadro 14 – Preposição
Definições de gramáticos tradicionais
A) Celso Cunha
“Chamam‑se de preposições os vocábulos gramaticais invariáveis que relacionam dois termos de uma oração, de tal modo 
que o sentido do primeiro (antecedente) é explicado ou completado pelo sentido do segundo (consequente). Assim:
Antecedente Preposição Consequente
Foi a Roma
Compareceu à hora prevista
Fugiu de casa
Vibrou de alegria
Mora com a família
Combinou com você
Fonte: Cunha (1972, p. 511 apud DIAS, 1994).
B) Cegalla
“A preposição vincula um termo dependente a um termo principal ou subordinante, estabelecendo entre ambos relações de 
posse, modo, lugar, causa, fim etc.
A motocicleta de Cláudio era nova.
Trabalhemos com alegria.
Isabel mora em Niterói.
Nos exemplos anteriores, as preposições ‘de’, ‘com’ e ‘em’ estabelecem relações de posse, modo, e lugar, respectivamente” 
(CEGALLA, 1974, p. 229 apud DIAS, 1994).
 Comprei este livro por 20 reais (relação de preço?)
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Classificações
a) Essenciais: palavras que sempre foram preposição. São elas: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, 
perante, por, sem, sob, sobre
Exemplos com a preposição de (ANDRÉ, 1990):
Casa de Pedro (posse), ponta da mesa (parte), parafuso da fechadura (pertença), piano de cauda (classificação), caixa de joia 
(finalidade), acontecimentos do Vietnã (lugar), espera de um mês (tempo), copo de vidro (matéria), copo de pinga (conteúdo), 
caneta de cem reais (preço) etc.
Exemplos com outras preposições:
Ir à cidade; dormir até dez horas por noite; lutar com as paixões; lutar contra as injustiças; viver em paz; ir para o norte; 
comunicar‑se por gestos; falar sobre leis.
b) Acidentais: palavras de outras classes gramaticais (principalmente advérbios) que acidentalmente funcionam como 
preposições. São elas: conforme, segundo, durante, mediante, visto, como, etc.
Ex.: vestir conforme a moda; ter como prêmio um abraço; comportar‑se segundo as etiquetas sociais; dormir durante a 
viagem; ser solto mediante fiança.
Locuções prepositivas
Formadas de advérbio + preposição
Abaixo de, cerca de, acima de, a fim de, em cima de, através de, a respeito de, em favor de, junto a, para com, de acordo com, 
por meio de, em vez de, diante de, ao longo de etc.
Critério morfológico Critério sintático Critério semântico
A) Pertencerá à subclasse das preposições essenciais toda palavra que 
ocupar a posição da lacuna em um dos três esquemas seguintes:
___ mim
___ ti
___ si
Ex.: a mim, a ti, a si; de mim, de ti, de si; sem mim, sem ti, sem si.
B) Pertencem à subclasse de preposições acidentais as palavras 
invariáveis que podem ocupar a posição da lacuna no seguinte 
esquema:
Aqui tudo muda ___ o inverno.
Ex.: Aqui tudo muda durante/fora/salvo/menos/conforme/segundo o 
inverno.
Para os casos de nem, até, mesmo, só, vale o seguinte esquema:
___ o inverno falhou.
Ex.: Nem/até/mesmo/só o inverno falhou.
Obs.: os critérios mórfico e semântico não têm validade como critérios 
classificatórios, no caso da preposição 
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Unidade II
Quadro 15 – Conjunção
Definições de gramáticos tradicionais
A) Celso Cunha
“Os vocábulos gramaticais que servem para relacionar duas orações ou dois termos semelhantes da mesma oração chamam‑se 
conjunções” (CUNHA, 1972, p. 533 apud DIAS, 1994).
B) Hildebrando André
“Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações entre si, ou que, dentro da mesma oração, liga dois termos entre si 
independentes. Exemplos:
Ligando orações
‘Vestia uma cueca preta e calçava enormes tamancos.’
‘Sua Majestade entende que este dia já foi bastante desgraçado.’
Ligando termos
‘Pedro e Paulo viajaram.’
‘Quero que você compre um romance ou um livro de versos.’” (ANDRÉ, 1990, p. 230 apud DIAS, 1994).
Classificações 
a) Conjunções coordenativas
“São as que ligam duas orações ou dois termos (dentro da mesma oração), sendo que ambos os elementos ligados permanecem 
entre si independentes” (ANDRÉ, 1990, p. 232 apud DIAS, 1994).
• Principais conjunções coordenativas
E, nem, não só... mas também (aditivas), mas, porém, contudo, entretanto, todavia (adversativas), ou, ou...ou, ora...ora, quer...
quer (alternativas), logo, portanto, por consequência (conclusivas), pois, porque, que (explicativas)
Exemplos:
“O médico não veio nem me telefonou.”
“Não só estudamos as lições, mas também fizemos as tarefas.”
“Estudava muito, porém não tinha método.”
“Decida‑se: ou fuja, ou enfrente as consequências.”
“Penso, logo existo.”
“Choveu durante a noite, pois as ruas estão molhadas.”
b) Conjunções subordinativas
“Ligam duas orações, subordinando uma à outra” (CEGALLA, 1974, p. 500 apud DIAS, 1994).
• Principais conjunções subordinativas
Que, se (integrantes) porque, que, pois, como, porquanto, visto que, já que, desde que, (causais) como, assim como, (tão 
ou tanto) como, (mais) do que, (tanto) quanto (comparativas) embora, conquanto, que, ainda que, mesmo que, dado que 
(concessivas), se, caso, desde que, salvo se, a não ser que, a menos que, dado que (condicionais), como, conforme, segundo 
(conformativas), tal que, de sorte que, de forma que, sem que (consecutivas), para que, a fim de que (finais), à proporção que, 
à medida que, ao passo que, quanto mais... mais (proporcionais), quando, enquanto, logo que, sempre que, antes que, até que, 
agora que (temporais)
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Exemplos:
“Sabemos que a vida é breve.”
“Já que é impossível, não insistirei.”
“Ele era arrastado como uma folha pelo vento.”
“Ela vestia‑se bem, embora não fosse rica.”
“Ficaremos sentidos se você não vier.”
“Comprarei o quadro, desde que não seja caro.”
“As coisas não sãocomo dizem.”
“Minha mão tremia tanto que mal podia escrever.”
“Afastou‑se depressa para que não o víssemos.”
“À medida que se vive mais se aprende.”
“Venha quando você quiser.”
Critério morfológico Critério sintático Critério semântico
A) Conjunção subordinativa: introduz oração inversível
– Eu vi por trás o cadafalso (primeira posição), quando me ofereceram 
o trono (segunda posição).
– Quando me ofereceram o trono (primeira posição), eu vi por trás o 
cadafalso (segunda posição).
Exceções: consecutivas e comparativas.
B) Conjunção coordenativa: não aceita a inversão
– Sofro, mas espero.
– * Mas espero, sofro.
C) Tanto a conjunção coordenativa quanto a subordinativa ocupam a 
posição da lacuna no esquema seguinte
Verbo finito ___ Verbo finito.
Exemplos: Penso, logo existo.
Choro porque sofro.
Espero e confio.
Seguirei quando puder.
Voltarei, embora lamente.
Obs.: os critérios mórfico e semântico não têm validade como critérios 
classificatórios, no caso da preposição 
Considerando que todas as classes de palavras, definidas pela GT, apresentam desvios e maus 
funcionamentos em relação aos diferentes critérios de classificação, é importante notar que há algo de 
muito inadequado e que precisa ser mais bem‑investigado e aprofundado nas descrições gramaticas e, 
por tabela, no ensino de gramática. Vejamos, a seguir, algumas considerações de Perini (2005) a respeito 
dessa discussão.
Em seu livro Sofrendo a Gramática, Perini (2005) reflete a respeito de uma suspeita “repugnância” 
pela disciplina Gramática. Ele provoca: “ninguém quer ser gramático!”. Se se pergunta a um jovem ou 
adolescente o que quer ser quando crescer, salvo situações muitíssimo excepcionais, é mesmo improvável 
que se ache algum que declare querer ser um gramático. Esta disciplina é mesmo motivo de horror para 
muitos jovens, ou, pelo menos, de muita insegurança: se se pergunta a alguém “Você sabe gramática?”, 
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dificilmente alguém vai declarar com segurança que sim. Isso só pode demonstrar que há algo de podre 
no reino da gramática, sugere Perini (2005). Essa matéria não tem por que ser mais difícil do que as 
outras. Assim, o autor aponta três sintomas de que há algo de errado que precisa ser investigado no 
estudo/ensino de gramática:
1) Polêmica (que persiste entre pais, professores, teóricos): “A gramática não 
serve para nada” X “Sem gramática não é possível aprender português”. Não 
deve ser nem uma coisa nem outra. Mas há algo de muito errado com esse 
tipo de questionamento e afirmação, pois isso não acontece com outras 
disciplinas.
2) Ninguém escolhe a profissão de ser gramático: tal escolha parece, no 
mínimo, excêntrica.
3) Os alunos não sabem gramática: estudam nove anos a mesma coisa 
(classes de palavras e análise sintática) e não sabem... Diferentemente 
de outras matérias em que há um nível de aprendizado mais gradual e 
progressivo (PERINI, 2005, 47‑8).
Diante desses três sintomas de que há algo errado com o estudo/ensino de gramática, o autor afirma 
não ter a “cura”, mas ter sugestões para diminuir o “sofrimento”.
Ele dá o diagnóstico: o ensino de gramática tem três defeitos (PERINI, 2005, p. 49‑54):
• Os objetivos estão malcolocados: de modo geral, a escola garante (e a sociedade reforça) que 
estudar gramática levará o aluno a ler e escrever bem, e isso não é uma verdade. As habilidades 
de ler e escrever bem dependem de outras práticas bem diferentes do mero conhecimento 
técnico‑gramatical‑metalinguístico e da habilidade linguístico‑textual. Não é por ser um(a) 
doutor(a) em linguística e por acaso dominar bem as regras e metalinguagens gramaticais que 
isso habilita alguém a escrever sobre o que bem entender... Você poderia escrever um artigo 
sobre física quântica ou mesmo uma análise sobre desempenho e as vantagens dos novos carros 
elétricos no Japão? Claro que a sua habilidade linguístico‑textual depende em parte do seu 
domínio linguístico, mas, antes de tudo, só se escreve/fala bem sobre o que se sabe! Mais do que 
apenas conhecer regras gramaticais, você precisa ter lido e conhecer muito bem desses assuntos 
para poder escrever bem sobre eles.
• A metodologia é muito inadequada: um professor de história prova uma informação (por exemplo, 
havia índios aqui séculos atrás) com fatos constatáveis, artefatos arqueológicos, resultado 
de pesquisas; o professor de gramática impõe informações com regras autoritárias (o certo é 
assim). Aliás, o autoritarismo parece essencial nas aulas de gramática: quantas vezes não nos 
deparamos com perguntas incômodas como: “Professor(a), por que não posso iniciar um período 
com próclise?” ou “Por que máximo se escreve com x e massa com ss?” E a resposta é sempre: 
“Porque sim, porque o correto é...”.
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• A matéria Gramática precisa de organização lógica: sim, isso é duro de admitir, mas a verdade é 
que a matéria que se ensina na escola com o nome de Gramática não tem lógica em muitas de 
suas normatizações (como se pôde observar na descrição das classes gramaticais apresentadas 
na seção anterior). O autor, para esclarecer rapidamente esta afirmação, dá o exemplo da noção 
gramatical de sujeito. Ele refere que essa definição aparece ambígua e confusa em algumas 
gramáticas, oscilando entre “ser que pratica a ação” e “ser sobre o qual se faz uma declaração”. O 
autor critica que a própria gramática não respeita suas regras. Ele cita uma conhecida gramática 
dos autores Celso Cunha e Lindley Cintra, mas indica que esse mesmo problema aparece em 
diversas gramáticas tradicionais.
Encontramos [...] a seguinte definição de sujeito: “Sujeito é o ser sobre o qual 
se faz uma declaração” (p.119). Muito bem, isso nos diz com certa clareza o 
que é um sujeito. Mas a própria gramática não respeita essa definição. Em 
outras passagens, os autores chamam de “sujeito” outra coisa que não é 
aquilo que foi definido com esse nome. Assim, na página 125 dizem:
“Algumas vezes o verbo não se refere a uma pessoa determinada, ou por 
se desconhecer quem executa a ação, ou por não haver interesse no seu 
conhecimento. Dizemos então que o sujeito é indeterminado.”
Mas o que tem a ver o sujeito com quem pratica a ação? O sujeito não 
é o termo sobre o qual se faz uma declaração? Deveríamos ter sujeito 
indeterminado quando não se sabe, ou não se quer dizer, sobre quem se faz 
a declaração. Mas aqui o autor simplesmente pulou para outra concepção 
de sujeito, sem nem sequer avisar: sujeito seria o elemento que pratica a 
ação. Na página 122, encontramos a frase:
Quem disse isso?
E o pronome quem vem marcado como sujeito. Mas qual é a declaração 
que se faz sobre quem? Aliás, essa frase, que é uma pergunta, nem sequer 
contém uma declaração. Logo, segundo a definição dada, não deveria ter 
sujeito, pois nela não se faz declaração sobre coisa alguma. Novamente os 
autores desrespeitam a definição que eles mesmos deram.
Vamos à página 126; ali se encontra a frase:
Na sala havia três quadros do pintor.
Essa frase é dada como sem sujeito. Não há dúvida de que essa frase 
contém uma declaração; mas será uma declaração sobre nada (já que não 
há sujeito)? Será possível fazer uma declaração sobre nada? Para mim, pelo 
menos, essa frase faz uma declaração sobre a sala e também sobre os três 
quadros... Afinal de contas, o que é realmente o sujeito? Não é possível que 
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a definição varie de frase para frase; mas essa é a impressão que se tem 
(PERINI, 2005, 52‑4).
O problema é que as gramáticas escolares não são organizadas de maneira lógica. Mas o que se pode 
fazer? O autor dá algumas sugestões:
• Redefinir os objetivos (parar de prometer o que não se pode cumprir).
• Para que estudar gramática, então,se ela não serve para nada? Pelo mesmo motivo que se estudam 
muitíssimas outras coisas que não têm aplicabilidade direta em nossa vida – o sistema solar, 
relevo, história geral, arqueologia etc. Simplesmente porque, na condição de cidadãos, temos o 
direito (e o dever) de saber um pouco sobre um monte de coisas da nossa história, do universo, da 
sociedade, da geografia, das ciências de modo geral.
• O professor de gramática terá de parar com a pretensão de determinar como a língua deve ser. 
Terá de dizer como a língua é, como funciona, e não como deveria ser. Sobre isso o autor dá o 
exemplo da pronúncia coloquial da palavra chimpanzé, que muitos pronunciam chipanzé.
• É preciso melhores gramáticas. As definições devem ser claras e compreensíveis, aplicáveis: “Se 
digo que uma vaca é um animal de quatro patas, não tenho o direito de afirmar que Mimosa é 
uma vaca porque tem manchas no lombo” (PERINI, 2005, p. 56).
2.2.1 Três problemas básicos, segundo Perini (2002)
No capítulo “Três Problemas Básicos”, do livro Para uma Nova Gramática do Português, Perini (2002) 
reflete acerca de três problemas, que, como o título já sugere, estão na base dos desencontros da 
gramática tradicional:
• relação entre o aspecto semântico e o formal;
• noção de paradigma gramatical;
• distinção entre classes e funções.
2.2.1.1 O formal e o semântico
Perini (2002) retoma a crítica aos critérios de classificação da GT. Ele evidencia a fragilidade (ainda 
que reconheça sua importância) do critério semântico, argumentando que idealmente uma boa 
gramática deveria descrever as formas da língua e explicitar o relacionamento dessas formas com o 
significado que elas veiculam. Mas isso nem sempre acontece, como foi visto nas seções anteriores, em 
que as descrições não raras vezes se distanciam do significado proposto para a classe a que pertencem. 
“As relações entre a forma e o conteúdo são extremamente complexas, e em grande parte permanecem 
obscuras ainda hoje para os linguistas” (PERINI, 2002, p. 22).
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O autor enfatiza a importância da análise linguística considerando forma‑conteúdo, mas sem perder 
de vista a responsabilidade que a correspondência entre estas descrições provoca, funcionando como 
efeito generalizador. A GT dá essa relação como simples: “para cada forma sintática ou morfológica o 
significado básico e só um [...] uma questão de justaposição: a forma X tem o significado Y” (PERINI, 
2002, p. 22). Porém não é bem isso o que ocorre sempre com essa correspondência.
Ele dá exemplos de não identidade entre a descrição formal e a semântica de algumas formas. De acordo 
com uma gramática tradicional, “Verbo é [...] a palavra que exprime um fato (ação, estado ou fenômeno) 
representado no tempo [...] O verbo apresenta as variações de número, de pessoa, de modo, de tempo 
e de voz” (CUNHA, 1975, p. 253 apud PERINI, 2002, p. 23). Veja‑se que na definição de verbo aparecem 
as duas noções: semântica (expressão de fato representado no tempo) e formal (apresenta variações 
de número, pessoa, modo etc.). Entretanto, o autor evidencia que é fácil encontrar palavras que 
correspondam a uma das definições e não à outra.
Por exemplo, em “A chuva de ontem lavou a minha rua”, embora chuva represente um fenômeno 
e ontem represente o tempo passado, assim como luta representa uma ação, não podemos afirmar 
que essas palavras sejam verbos, mesmo que elas correspondam parcialmente ao que indica a definição 
dessa classe. Podemos constatar que a palavra chuva corresponde a um fenômeno natural que está 
representado no tempo passado (ontem), mas não podemos classificá‑la como verbo, mesmo que ela 
esteja atendendo ao funcionamento de uma das definições (a semântica), porque chuva e ontem não 
se flexionam pelo conjunto de variações formais típico dos verbos. Choveu é um verbo, pois refere o 
significado semântico de fenômeno natural, representado no tempo que está flexionado dentro da 
própria palavra por meio do conjunto variacional número‑pessoal e modo‑temporal.
Outros casos, porém, deixam os estudiosos em maiores dificuldades. Veja‑se o caso de “Gato 
come rato”. Come é sem dúvida um verbo, refere uma ação representada no tempo pela estrutura 
morfológica variacional; porém, ao contrário de referir o tempo presente, conforme indica a sua 
variação, ele indica uma atemporalidade, assim como nos exemplos “A água ferve a cem graus” 
e “O homem é mortal” o que se tem é uma informação atemporal, ou seja, não implica uma 
ação realizada no passado, no presente e/ou no futuro, mas é atemporal. Isso não está contido 
na definição semântico‑formal da classe dos verbos. “O tempo gramatical não é simplesmente 
uma representação formal do tempo cronológico” (PERINI, 2002, p. 25). A mesma designação para 
ambos não nos deve enganar quanto às suas naturezas distintas. Algo semelhante acontece com o 
exemplo: “Pode deixar que eu frito os bolinhos” – em que uma ação é referida morfologicamente 
no presente, mas na verdade indica uma ação a ser realizada no futuro; ou ainda na célebre frase: 
“Nesse momento, D. Pedro tira a espada e grita: Independência ou Morte!” – em que a ação é 
referida no presente, mas indica uma ação realizada no passado (PERINI, 2002, p. 25). São exemplos 
da complexidade na relação forma‑conteúdo.
Assim, o autor destaca que, embora a definição semântica seja muito importante para a explicitação 
da classe dos verbos, a definição morfológica é mais fácil de elaborar e de testar, portanto é possível 
definir formalmente a classe: verbo “é a palavra que pertence a um paradigma cujos membros se opõem 
quanto a número, pessoa e tempo” (PERINI, 2002, p. 25). Conforme o autor, tal critério permite que 
se identifique claramente correu como um verbo e corrida como um não verbo. Correu pertence ao 
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mesmo paradigma formal de corremos, correrei, corro (verbo); já corrida pertence a outro paradigma 
formal que também abrange corridas, corridinha (substantivo).
2.2.1.2 A noção de paradigma gramatical
Sobre o conceito de palavra, Perini (2002) destaca que a GT fala em várias formas da mesma palavra 
(singular/ plural; masculino/feminino). Isso significa que correr, corrida, corridinha, corridas são várias 
formas da mesma palavra. O autor, porém, discorda dessa afirmação: na opinião de Perini (2002, p. 27, 
destaque nosso), “Homem e homens são duas palavras distintas, ainda que membros de um mesmo 
paradigma, e não duas formas da mesma palavra”. O conjunto flexional de uma palavra é já um traço 
para constituir um paradigma (verbo/adjetivo). Mas essa caracterização tem seus problemas. “Uma 
classificação puramente morfológica é, estritamente falando, impossível” (Idem, p. 28). Nesse sentido, 
uma classificação sintática é fundamental, sustenta Perini (2002). Vejam‑se os exemplos, citados pelo 
autor, de diferentes palavras, com seus paradigmas variacionais diversos (PERINI, 2002, p. 28):
• adjetivos: branco, branca, branquíssimo;
• não adjetivos: brancura, branqueamos.
Uma classificação morfológica não dá conta de diferenciar essas palavras sem cair em circularidade, 
e uma classificação semântica produz confusões entre palavras de uma classe e de outra. Perini (2002) 
retoma o exemplo “os topázios brilham muito”, questionando o critério morfológico/semântico de 
classificação. Ele argumenta que brilham funciona morfologicamente como um verbo (pelas variações 
flexionais que assume brilhou, brilharam), mas semanticamente também poderia ser definido como 
um adjetivo – brilhar é uma característica/qualidade dos topázios, e não ação, estado ou fenômeno 
da natureza. Mesmo assim, a descrição morfológica das palavras é muito importante, e o autor tenta 
chegar a uma definição morfológica que seja clara e que abranja essa classe de forma menos confusa.
Ele iniciaapontando que “todos os membros de um paradigma devem ter pelo menos um morfema 
em comum” (p. 29). Tal concepção deixa claro por que casa e sempre pertencem a paradigmas 
diferentes. Contudo, o autor reflete que, apesar de necessária, esta condição não é suficiente. Ela difere 
bem os diferentes paradigmas de casa e sempre, mas não esclarece o porquê de correm (verbo) e 
corrida (substantivo) pertencerem a paradigmas diferentes (já que eles têm o mesmo morfema lexical 
em comum), ou ainda se falei e comprei seriam variações da mesma palavra por terem em comum o 
mesmo morfema gramatical ‑ei. É preciso refinar a definição.
O autor reflete sobre outra possibilidade de definição morfológica: “todos os membros de um 
paradigma devem pertencer à mesma classe de palavras” (Idem, p. 29). Tal definição ajuda a separar 
correm de corrida, mas há o perigo da circularidade nas definições de classes e paradigmas. “Será 
necessário definir as classes em termos não morfológicos” (Idem, p. 29), ou seja, sintaticamente.
As classes de palavras [...] serão definidas [melhor] segundo critérios 
sintáticos: pertencem a uma mesma classe as palavras que ocorrem no 
mesmo conjunto característico de ambientes sintáticos. Por exemplo, 
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branco, branca e branquíssima pertencem à mesma classe por ocorrerem 
nos mesmos ambientes sintáticos. Um desses ambientes pode ser expresso 
assim: ocorrência logo após uma sequência de artigo + substantivo, formando 
(os três) um sintagma nominal: (17) comprei um cachorro branco/a galinha 
branca/uma camisa branquíssima (PERINI, 2002, p. 29).
Já brancura/branqueiam não partilham o mesmo ambiente sintático que branco/branca/branquíssima, 
conforme ilustra o autor. O que se pode verificar é que “a condição de que os membros de um paradigma 
pertençam à mesma classe de palavras ainda nos poderá trazer problemas” (PERINI, 2002, p. 30).
Até aqui as definições morfológicas não impediram falei/comprei de estarem no mesmo paradigma 
por trazerem o mesmo morfema gramatical ‑ei em comum. A tradição da GT não autoriza que falei e 
comprei sejam formas da mesma palavra. Portanto, ainda falta algo na definição. Nesse sentido, Perini 
(2002, p. 31) dá mais um passo na definição de paradigma morfológico: “Paradigma é um conjunto de 
palavras que pertencem à mesma classe e que diferem apenas quanto a morfemas flexionais”. Com essa 
definição é possível separar as palavras com morfemas lexicais e derivacionais em comum daquelas 
que possuem apenas morfemas flexionais comuns, como falei e comprei, que agora podem ficar mais 
nitidamente separadas no paradigma dos verbos.
Porém, conforme Perini (2002), o problema dessa definição anterior é que até hoje nos estudos 
linguísticos não se tem uma definição totalmente clara acerca da diferença entre morfemas 
derivacionais e morfemas flexionais. Tal distinção às vezes pode ser fugidia. Em princípio, a regularidade 
é própria dos morfemas flexionais (todos os verbos se flexionam com os mesmos morfemas flexionais 
número‑pessoais e modo‑temporais ‑r, ‑ei, ‑ríamos, ‑ria etc.) e se opõe a uma não regularidade dos 
morfemas derivacionais (é possível opor fazer a desfazer, atar a desatar, montar a desmontar, mas 
essa regra não se aplica a todos os verbos – não existe desacender, desfalar, descomprar etc.). Isso 
oporia (pela falta de regularidade) os morfemas derivacionais aos morfemas flexionais nos verbos. 
Entretanto, há casos de irregularidades também nos morfemas flexionais: os verbos anômalos (ser – 
sou, fui e ir – vou, fui) e os defectivos (chover, falir, abolir – que não podem ser flexionados em 
todas as pessoas). Isso acaba fragilizando a generalização da diferença entre os morfemas flexionais 
(regulares) e os morfemas derivacionais (irregulares). Ainda assim, por se tratarem de “irregularidades” 
excepcionais nos morfemas flexionais, o autor mantém essa condição como um fator importante na 
definição de paradigma (trazerem os mesmos morfemas flexionais).
Assim, ficam definidas quatro possibilidades de relação entre as palavras, segundo Perini (2002, p. 32‑3):
• mesma classe, com identidade de morfemas não flexionais (ex.: branco/branca – adjetivos);
• classes diferentes, com diferença de morfemas não flexionais (ex.: branco/brancura – adjetivo, substantivo);
• mesma classe, com diferença de morfemas não flexionais (fazer/desfazer – verbos);
• classes diferentes, com identidade de morfemas não flexionais (corrida/corro/correr – substantivos, 
verbos).
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Importante! A GT coloca no mesmo paradigma corro e correr e as considera como formas da mesma 
palavra, porém estas palavras são idênticas quanto aos morfemas não flexionais, mas pertencem a classes 
distintas. Corro é verbo, mas correr é infinitivo, ou seja, é uma forma nominal do verbo, corresponde 
a um nome, assim como correndo (gerúndio) e corrido (particípio passado), que também são formas 
nominais: não são flectíveis no paradigma número‑pessoal‑modo‑temporal dos verbos. Conforme vários 
estudiosos, essas formas nominais, especialmente o infinitivo, não funcionam sintaticamente na classe 
dos verbos. Seu comportamento é predominantemente nominal. Considerando essa reflexão, temos que 
corro e correr possuem identidade de morfemas não flexionais, mas pertencem a classes diferentes 
– verbo e nome. Contudo, tal reflexão não está prevista nas concepções da GT que consideram corro 
e correr como variações da mesma palavra na mesma classe. (PERINI, 2002, p. 34). A nomenclatura 
tradicional não costuma tratar de paradigmas, mas de palavras e de formas da mesma palavra: corro, 
correr, corríamos. Perini (2002), pela discussão exposta, prefere referir‑se a corro e correr como palavras 
distintas, pois estas palavras pertencem a classes distintas e, principalmente, exercem comportamentos 
sintáticos distintos.
Por fim, o autor argumenta que o problema é da definição de paradigma e que ela é morfológica, 
e não sintática. Qual é a utilidade da noção de paradigma na descrição gramatical? Ela permite a 
formulação de definições morfológicas, como a de verbo, permite uma apresentação compacta das 
palavras flexionalmente relacionadas, o que é uma vantagem, e tem sua importância quanto à descrição 
semântica da língua, mas não define/descreve bem, nem distingue os papéis sintáticos, pois uma mesma 
palavra pode ter diferentes comportamentos sintáticos e consequentemente pode pertencer a diferentes 
classes de palavras.
2.2.1.3 Classes e funções
Quanto à relação entre classes e funções, o autor esclarece que a GT se utiliza de algumas noções 
que nunca são devidamente explicitadas e, em decorrência disso, acaba abrigando incoerências nessas 
noções. Embora as noções de classe e função sejam próprias da nomenclatura da GT, não há uma 
distinção satisfatória dessas noções, que poderiam ser mais bem‑aproveitadas.
A noção de “classe” encontra‑se reconhecida, ainda que não bem‑definida, 
nas gramáticas, mas seu uso é pouco sistemático. Admite‑se sempre a 
necessidade de classificar as palavras, e a doutrina fornece nomes para 
essas classes (“verbos”, “advérbios”, “pronomes” etc.). Além dessas classes, 
existem outras que não são explicitamente reconhecidas como tais, mas 
que também recebem nomes: termos como “oração”, “frase”, “oração 
subordinada” se referem a classes de formas, ou a suas subclasses. E, como 
quaisquer outras classes, podem ser definidas pela sua distribuição sintática, 
sua estrutura interna, ou (com as limitações que conhecemos) suas 
propriedades semânticas. No entanto, nem todas as classes são explicitadas 
(PERINI, 2002, p. 36).
Perini (2002) aponta como exemplo uma classe importante que em geral não é reconhecida pela GT: 
a dos sintagmas nominais. Vejam‑se as formas que o autor ilustra:
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Carminha
a Carminha
aquela moça do terceiro andar
uma funcionária da Universidade que eu conhecia (PERINI, 2002, p. 37).
É claro que estas formas são estruturalmente bem diferentes, mas elas possuem importantes papéis 
sintáticos comuns. Todas elas podem ocupar a posição sintática de sujeito, objeto direto, ser precedidas 
por preposição, podem atuar como adjunto adnominal ou objeto indireto. Em contrapartida, “nenhuma 
dessas formas pode ser o núcleo de um predicado verbal, nem aparecer coordenada com a conjunção e 
mais um adjetivo” (PERINI, 2002, p. 37). Em outras palavras, estas quatro formas têm um comportamento 
sintático semelhante. Se a função das classes de palavras é justamente descrever de forma compacta 
e generalizada o comportamento sintático das formas, as quatro formas citadas (dentre tantas outras 
possíveis) deveriam ser colocadas em uma mesma classe, a de sintagma nominal. Mas isso a GT não faz.
A inexistência desse termo na GT a obriga a descrever “o comportamento sintático dessa classe de 
maneira desnecessariamente complicada e sem unidade, em outras palavras, de maneira não sistemática” 
(Idem, p. 37). Perini (2002) exemplifica que o gramático tradicional Celso Cunha (1975) lista ao menos 
quinze possibilidades principais, dentre outras, do que pode ser o núcleo da categoria de sujeito (um 
pronome pessoal, um substantivo, um pronome interrogativo etc.), quando poderia sintetizar essa 
descrição dizendo que o núcleo do sujeito sempre vai ser um sintagma nominal. Essa maneira pouco 
compacta de descrever os fatos linguísticos tem dois problemas:
• deixa de descrever a estrutura formal do sujeito, mostrando apenas uma lista dos possíveis núcleos 
do sujeito;
• obriga‑nos a repetir a mesma lista de possibilidades toda vez que precisamos referir o que é o 
núcleo do objeto direto, objeto indireto e adjunto adnominal (que também são estruturados a 
partir de um sintagma nominal).
Isso poderia ser sanado e descomplicado simplesmente com a noção da classe do sintagma nominal. 
“O sintagma nominal se compõe de um substantivo, ou de artigo seguido de substantivo, ou de pronome 
pessoal etc. (a composição do sintagma nominal é bem complexa)” (Idem, p. 38). Porém, uma vez descrita 
a classe do sintagma nominal, podemos dizer que o sujeito é sempre composto por um sintagma nominal, 
assim como o objeto direto e o objeto indireto, que se compõe de preposição + sintagma nominal também 
(excetuando‑se o caso dos pronomes clíticos, como lhe, que precisam ser tratados à parte).
Com esse exemplo, o autor quer deixar clara a distinção entre classe e função. Acompanhe: “‘Sujeito’ 
é uma função, isto é, um dos aspectos da organização formal da oração. Uma função sintática se define 
através das relações sintagmáticas entre os diversos termos da oração” (Idem, p. 39). A partir da função 
de sujeito é possível definir uma classe de formas diferentes com a função de sujeito. Considerando 
que a classe de formas que funcionam como sujeito é igual à classe de formas que podem ser objeto 
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Unidade II
direto, indireto (quando precedidas de preposição), adjunto etc., podemos concluir que a classe não se 
identifica com a função, pois sujeito, objeto direto e objeto indireto são funções diferentes que podem 
ser formadas por estruturas da mesma classe. Veja:
• Carminha montou o quebra‑cabeça (Carminha pertence à classe de substantivo e tem função de 
sujeito aqui);
• Paulo gosta de Carminha (Carminha pertence à classe de substantivo e tem função de objeto indireto);
• José cutucou Carminha (Carminha pertence à classe de substantivo e tem função de objeto direto).
As noções de classe e função são distintas e exprimem aspectos bem diferentes do funcionamento 
da língua: “uma classe é um conjunto (não necessariamente finito) de formas linguísticas; uma função 
é um princípio organizacional da linguagem” (Idem, p. 40).
A partir das reflexões expostas, ficam evidentes as deficiências da nomenclatura gramatical 
tradicional. Evidencia‑se também a necessidade do esforço entre os diferentes estudos linguísticos 
para ampliar as descrições da linguagem e melhorar as possibilidades de trabalho com a gramática na 
pesquisa e na escola.
No próximo tópico, serão apresentadas algumas possibilidades de trabalho com a gramática 
no ambiente escolar, com uma abordagem mais produtiva e frutífera para os alunos em relação ao 
conhecimento da língua e de seu uso.
2.3 alternativas para o ensino de gramática: uso, reflexão e análise
Nessa discussão, pretendemos apresentar algumas sugestões alternativas à GT de diferentes autores, 
como Travaglia, Possenti, Geraldi e Antunes, em relação ao trabalho com a gramática em sala de aula. 
Também faremos uma apresentação da proposta de ensino de Língua Portuguesa veiculada oficialmente 
pelos PCN, sobre os quais teceremos alguns comentários.
Em sua obra, Gramática e Interação: Uma Proposta para o Ensino de Gramática, Travaglia reúne 
contribuições de diversos teóricos da linguagem no sentido de perseguir caminhos para uma melhor 
compreensão e uma prática mais efetiva e produtiva do ensino de gramática na escola.
O autor retoma a consensual opinião de que “o ensino de gramática em nossas escolas tem sido 
primordialmente prescritivo, apegando‑se a regras de gramática normativa”, exemplificada com o cânone 
literário clássico, cujas regras são repetidas por décadas e décadas como formas corretas de expressão. 
(TRAVAGLIA, 2006, p. 101). Não há ênfase em atividades de produção e compreensão de textos, há um 
excesso na abordagem da metalinguagem gramatical com vistas à classificação das categorias e funções 
que gasta o tempo da maioria das aulas e impede um avanço no alcance de um domínio linguístico mais 
desenvolvido, no sentido de que a prática de produção textual não é encorajada, a não ser como pretexto 
para a abordagem gramatical. O que se vê é ano a ano a repetição dos mesmos tópicos gramaticais:
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Ensino dE Gramática na PErsPEctiva Enunciativa
classificação de palavras e sua flexão, análise sintática do período simples 
e composto a que se acrescentam ainda noções de processos de formação 
de palavras e regras de regência e concordância, bem como regras de 
acentuação e pontuação. Alguns professores ainda realizam estudos de 
figuras de linguagem e bem menos frequentemente de versificação. Como 
bem registra Neder (1992, p. 56), a gramática é dada “para se cumprir um 
programa previamente estabelecido sem se levar em conta as dificuldades 
ou não dos alunos no emprego que fazem efetivamente da linguagem” 
(TRAVALGIA, 2006, p. 102).
O autor refere um estudo de Neves (1990 apud TRAVAGLIA, 2006) especificamente a respeito dos 
objetivos de ensino de gramática nas escolas e sobre o que é ensinado. Em resumo, o estudo aponta 
que a maioria dos professores entende como objetivo do ensino de gramática o bom desempenho na 
expressão, comunicação e compreensão no domínio da língua, bem como o conhecimento das regras 
do padrão culto e maior correção linguística, sucesso profissional e social, e poucos, que as aulas servem 
apenas para cumprir um programa. Mas o ensino de gramática é denotado como algo desconectado 
de qualquer utilidade prática, o que traduz um pensamento, para alguns, de que o ensino de gramática 
seja desnecessário.
Quanto ao que é ensinado na escola, Neves (1990, p. 12‑4 apud TRAVAGLIA, 2006, p. 103) descreve 
os tópicos do programa de Língua Portuguesa trabalhados com mais frequência nas escolas:
1. Classes de palavras .................................................................. 39,71%
2. Sintaxe ..........................................................................................35,85%
3. Morfologia ..................................................................................10,93%

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