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GFP101 2020 1 Apostila INTRODUÇÃO À FITOPATOLOGIA E HISTÓRICO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS	
 DEPARTAMENTO DE FITOPATOLOGIA
GFP 101 FITOPATOLOGIA 1: INTRODUÇÃO À FITOPATOLOGIA, HISTÓRICO E CONCEITOS
Ricardo Magela de Souza
INTRODUÇÃO E HISTÓRICO
 A palavra Fitopatologia tem origem grega (phyton = planta, pathos = doença e logus = estudo) e indica a Ciência que Estuda as Doenças de Plantas em todos os seus aspectos, desde a Diagnose e Sintomatologia, passando pela Etiologia e Epidemiologia, até chegar ao Manejo.
	Embora a Fitopatologia seja uma ciência nova, as doenças de plantas são conhecidas desde que o homem passou a viver em sociedade, tendo a base de sua alimentação nos produtos agrícolas. 
Nos primeiros tempos da humanidade, quando o homem ainda era nômade e vivia basicamente do extrativismo em ambientes naturais (hoje encontrado nas matas nativas), em busca de alimentos, as epidemias de doenças de plantas não eram observadas, embora os sintomas de doenças já existissem em praticamente todas as plantas, porém sem causar prejuízos marcantes. Na natureza a Resistência a Doenças é Regra e a Suscetibilidade Exceção. Normalmente o que ocorre é a Resistência de Não Hospedeiro, ou seja, a diversidade dos ambientes naturais, onde plantas de diferentes famílias crescem próximas uma das outras impedem a disseminação das estruturas do patógeno e a sua multiplicação logarítmica, não ocorrendo portanto epidemias. Este fato não ocorre nos atuais plantios comerciais, onde imensas áreas cultivadas com o mesmo hospedeiro, como observado nas regiões produtoras de café, citros, soja, milho e tantas outras culturas, a uniformidade genética, o ambiente modificado artificialmente, com adubações e irrigações, corroboram para a ocorrência de epidemias, que podem ter grande impacto econômico para o produtor rural ou mesmo o município ou região em questão.
Os livros históricos, como por exemplo, a Bíblia, trazem referências antigas sobre a ocorrência de doenças de plantas e tais referências compõe os fatos iniciais da nossa ciência a Fitopatologia.
Didaticamente fazemos a diferenciação dos fatos históricos em Períodos de acordo com o enfoque dado à relação causa-efeito. Cinco Períodos são conhecidos:
1 PERÍODO MÍSTICO.
		2 PERÍODO DA PREDISPOSIÇÃO. 
		3 PERÍODO ETIOLÓGICO.
		4 PERÍODO ECOLÓGICO.
 		5 PERÍODO ATUAL OU BIOTECNOLÓGICO.
1 PERÍODO MÍSTICO
Inicia-se na Antiguidade e vai até o início do Século XIX.
Características
		Na falta de uma explicação racional para as Doenças de Plantas, atribuía-se o fato a causas sobrenaturais, como Castigos Divinos.
			Nesse período prevalecia a tese da Geração Espontânea e da Perpetuidade das Espécies proposta por Lineu ao apresentar o Sistema Binomial de Classificação Botânica – Gênero e Espécie, como Lycopersicon esculentum Mill. A diferenciação das doenças era portanto baseada na sintomatologia e a classificação no sistema de Lineu.
			As referências mais antigas sobre doenças de plantas são quase sempre atribuídas a causas místicas, geralmente castigos divinos e são encontradas em HOMERO (1000 a.C.) e no VELHO TESTAMENTO (750 a.C.), como na citação abaixo:
Amós (4:9)
			“Eu vos feri com um vento abrasador e com ferrugem a multidão de vossas hortas e de vossas vinhas. Aos vossos olivais e vossos figueirais comeu a lagarta; e vós não voltastes para Mim, diz o Senhor.” 
			Outras passagens bíblicas também falam sobre as culturas da época e as suas doenças e pragas, como ferrugens dos cereais, doenças em videira, figueira e oliveira, e podem se encontradas em Deuteronômio 28:22 (O SENHOR mandará sobre ti maldições, confusão e repreensão em tudo o que fizeres, até que sejas destruído e sofras repentina ruína por causa da malignidade das tuas ações, pelas quais me abandonaste. 21 O SENHOR te encherá de doenças até banir-te da boa terra em que estás entrando para dela tomares posse. 22 O SENHOR te ferirá com doenças devastadoras, febre e inflamação, com calor abrasador e seca, com ferrugem e mofo, que te infestarão até que morras.…) ; Gêneses 11: 22-23; Ageu 2:7-18; Crônicas II 6:28. 
			Os gregos também deram a sua contribuição. Teofrasto (372 – 287 a.C.) – Pai da Botânica escreveu: “The Nature of Plants”, em que aborda a morfologia e anatomia tanto de plantas cultivadas como também selvagens, e “Reasons of Vegetable growth” sobre a propagação por sementes e mudas e também sobre as influencias das mudanças do ambiente sobre as plantas, mostrando que esse tema não é tão atual assim. Teofrasto abordou ainda o fato das doenças ocorrerem em função da altitude e do clima, observando que as terras baixas eram mais favoráveis à sua ocorrência, e que a Severidade das Ferrugens era maior no trigo do que em leguminosas. Contudo, de acordo com a mentalidade prevalente na época, manteve a crença de que as doenças eram Castigos Divinos.
			Os Romanos comemoraram a ROBIGALIA (25 de abril). Nesta festa fazia-se o sacrifício de cães e vacas de cor avermelhada aos deuses Robigus (♂ ) e Robigo (♀) com o intuito de aplacar suas iras em função da morte em tempo longínquo de uma estimada Raposa vermelha que foi queimada por caçadores humanos. Acredita-se que a origem das pústulas formadas na ferrugem do trigo era o sangue dessa raposa jogado sobre a cultura. O auge da festa era o dia 25 de abril, hoje consta dos calendários Romanos como dia da Rogação, época de enchimento dos grãos e portanto ideal para o pedido de proteção do trigo contra a ação da ferrugem.
			Novas citações surgiram no Sec. XII quando o árabe na ocupação moura da Espanha Ibu al Awam publicou em Sevilha o livro “Kitab al Felahah” (“Livro da Agricultura”) com relatos de doenças e seu controle em fruteiras.
			O Período Místico começa a se aproximar do fim quando ocorre a descoberta do mundo microscópico por Anthonie Van Leeuwenhoek (1663), na Holanda, e Robert Hooke (1665), na Inglaterra, que publica a primeira figura de uma estrutura fúngica: o Phragmidium um fungo causador da ferrugem da roseira.
			Na seqüência dos Avanços o Pe. Pier A. Micheli (1729), na Itália, transferiu partículas de “pó preto”, (provavelmente Aspergillus ou Mucor), de material infectado para fatias de melão e houve reprodução do pó. Mathie Tillet (1755), na França, transmitiu esporos pretos da cárie do trigo de sementes infectadas para sementes sadias e concluiu: “Há toxina ou substância venenosa nesse pó preto” (esporos). Felice Fontana e Giovanni Tardioni Tozzetti (1767), na Itália, estudaram a ferrugem do trigo e estavam seguros da natureza parasitária da doença. Isaac-Bénédict Prévost (1807), na Suíça, deu continuidade aos trabalhos de Tillet. Observou a reprodução e a germinação dos esporos do fungo e controle da doença por imersão das sementes contaminadas em solução de sulfato de cobre. Provou assim que a cárie do trigo era causada por um fungo e em homenagem a Tillet, quem primeiro levantou a hipótese, porém errou ao considerar que os esporos eram apenas uma substância venenosa, deu o nome de Tilletia carie ao fungo. A partir então da descoberta do mundo dos micróbios encerra-se o Período Místico.
		
PERÍODO DA PRÉ-DISPOSIÇÃO
Inicio do Sec. XIX
Características e Fatos Históricos relevantes do período
			A associação entre fungos e plantas doentes já era evidente, mas acreditava-se que as próprias plantas produziam os tecidos doentes por Geração Espontânea.
			Conforme descrito acima, com a publicação do “Mémoire sur la cause immédiate de la carie ou carbon de blés (Nota sobre a causa do carvão do trigo) Prevost (1807) demonstrou a etiologia da cárie do trigo (Tilletia tritici), porém essa foi aceita como válida somente para esse caso, sendo que nos demais casos, os fungos, acreditava-se, surgiam por Geração Espontânea.
 	Botânico respeitável e defensor ferrenho da Teoria da Pré-Disposição o alemão Franz Unger (1833) publicou “Die Exantheme der Pflanzen” (As lesões das plantas). Nessa publicação ele escreve categoricamente que “As Doenças seriam o resultado de Desordens Nutricionais, que predispunham os tecidos das plantas a produzirem fungos, estes como excrescências que cresciam sobGeração Espontânea. Sob determinadas condições qualquer planta poderia produzir fungos”
			Entre os adeptos de sua teoria estavam Philipo Ré (Itália), Frans Julius e Ferdinand Meyen (Alemanha).
			Neste período se destacavam outras correntes com a descrição de vários fungos, como o Reverendo MJ Berkeley (Inglaterra), os irmãos Tulasne (França) e Anton de Bary (Alemanha).
A MELA OU REQUEIMA DA BATATA: um fato marcante na história
			 A ocorrência de uma doença inicialmente em junho de 1845 na Bélgica e que em outubro já estava disseminada por todo o norte da Europa: França, Alemanha, Inglaterra, Irlanda, Espanha, Itália, Polônia e Escandinávia iria mudar o rumo da história. A descoberta marcante feita ao final dos trabalhos do grupo liderado por ANTON DE BARY (1853) foi de que o fungo Phytophthora infestans era o agente causal da MELA OU REQUEIMA DA BATATA. Pela primeira vez comprovou-se de forma cabal que os fungos eram os responsáveis pela ocorrência da doença e não conseqüência dela. Em função disso ANTON DE BARY é considerado o PAI DA FITOPATOLOGIA. A doença MELA OU REQUEIMA DA BATATA passou para a história como a responsável por uma das mais devastadoras tragédias da humanidade em que mais de um Milhão de Pessoas morreram de fome na Irlanda e mais de um Milhão Pessoas migraram do país mais prejudicado pela crise, para o novo mundo, particularmente Estados Unidos. Embora a Teoria da Geração Espontânea ainda predominasse, a partir desse fato tem se início o Período Etiológico.
			
OUTRAS EPIDEMIAS DE DOENÇAS DE PLANTAS QUE MARCARAM A HISTÓRIA DA HUMANIDADE EM DIFERENTES PERÍODOS:
DO CAFÉ AO FIVE O’CLOCK TEA… A HISTÓRIA DA FERRUGEM DO CAFEEIRO
 	Em 1769 Iman Willem Falck introduziu no Ceilão, hoje Sri Lanka, a produção de Camomila. Porém, a redução dos preços da camomila implicou na sua troca pelo plantio do café, que passou de insignificantes 200 ha em 1835 para quase 200.000 ha em 1870, quando atingiiu o seu pico (“Coffee rush”) com o desmatamento de 100 mil ha para o seu plantio. Em 1870 o Ceilão era o maior produtor de café da Ásia, exportando cerca de 100 milhões de libras em café por ano, a maior parte para a Inglaterra. A população vivia em fartura. 
Entretanto, surgiu uma nova doença, a grande Epidemia da Ferrugem do Cafeeiro causada pelo fungo Hemilea vastatrix (Berk. & Broome) Identificada pelo Rev. Miles Joseph BERKELEY, e seu assistente Broome, em 1869, na Inglaterra. O nome do fungo “Hemilea” se refere ao esporo, metade lisa, e "vastatrix", que descreveu a devastação que ele antecipou a partir dos relatórios precoce da doença. Entre 1869 e 1889 as vistosas plantações do Ceilão foram definhando lentamente no princípio para assustadoramente alguns anos depois, com a produção de café caindo de 50.000 toneladas para virtualmente zero. A “Coffee rust” provocou a falência de 417 plantadores de café e com eles a quebra do até então sólido banco do Oriente. Milhares de trabalhadores indianos foram devolvidos a pátria sem pagamentos e os nativos passaram fome, pois sem dinheiro como importar o arroz para a sua alimentação? Houve fome e morte de centenas de pessoas no Ceilão. Enquanto isso os ingleses procuravam outra bebida quente que os ajudassem a enfrentar o seu terrível inverno e o chá foi a solução. O Ceilão também se recuperou com a produção do chá, passando de 500 ha ocupados com a cultura no final do ciclo do café para 140.000 ha em 1880. 
A CATÁSTROFE DE BENGALA
			Em 1942 no apogeu da guerra na Ásia, com o exército Japonês até então vitorioso, ocupando a Birmânia e bloqueando o mar do oriente para o recebimento de qualquer suprimento, em Bengala (hoje dividido entre a Índia e Bangladesh) ocorreu essa trágica história. A base da alimentação da população era o arroz, que ficou escasso nos anos de guerra. A ocorrência de um longo período chuvoso e encoberto em 1942, como havia ocorrido na Irlanda há um século atrás com a batata, altamente favorável a ocorrência de forma generalizada da Mancha Parda do Arroz, provocada pelo fungo Helminthosporium oryzae (hoje Cochliobolus miyabeanus), causou a perda de 50% da produção nas variedades precoces, que conseguiram produzir antes de parte das chuvas. As tardias, no entanto, foram atingidas de forma drástica pelas chuvas, com queda na produção variando de 75 a 90%. A forte queda na produção, devido à epidemia da doença, associada aos interesses militares que levaram à suspensão da importação do arroz, causou a morte de 2 milhões de pessoas por fome, principalmente em Bengala. 
FOGO DE SANTO ANTÔNIO - Claviceps purpurea EM TRIGO E CENTEIO
			O fungo Claviceps purpurea quando infecta as sementes de centeio, produz uma estrutura de resistência, semelhante a uma espora de galo, chamada Escleródios, a qual é conhecida como Esporão ou Ergot, entre os franceses ou cockspur, entre os ingleses. Essa estrutura contém em seu interior grande quantidade de micotoxinas, termoestáveis, composta por alcalóides de muitos tipos, incluindo o LSD. Além do centeio, o trigo e a cevada também são afetados pelo patógeno. A ingestão de pães contaminados com esses alcalóides vasoconstritores, provoca uma série de terríveis sintomas, como: aborto em mulheres grávidas e fêmeas de animais, formigamento nos dedos dos pés e das mãos e a temperatura do corpo começa a subir e sobe a tal ponto de causar problemas mentais irreversíveis e até a morte. As Epidemias foram comuns e esporádicas na idade média: vale do Reno 857, França 994 e 1089. Na Suíça era conhecida como “Sacer ignis” fogo sagrado. Em 1095 o Papa Urbano II delegou à ordem de Santo Antônio para cuidar dos doentes. Em 1951 ocorreu a última grande epidemia da doença na cidade de Pont-Sanit-Esprit, na França, onde o “pain maudit” (pão maldito) foi consumido, por falta de farinha no pós-guerra. Trezentas pessoas adoeceram, 5 morreram e várias enlouqueceram.
MÍLDIO DA VIDEIRA - Plasmopora viticola em videira
			A ocorrência do Oidio, Uncinula necator, em videiras na França por volta de 1840 fez com que a produção caísse em cerca de 80%. Várias videiras de outros países foram importadas na tentativa de se encontrar variedades resistentes ao fungo. Entretanto verificou-se na Inglaterra que a mistura de cálcio e enxofre resolvia o problema do Oidio. Entretanto, as importações de material vegetal trouxeram o afídeo Phylloxera vastatrix que sugava as raízes das plantas e provocava a seca das folhas e morte das plantas, problema então mais grave que o oidio. Soube-se que na América havia variedades resistentes ao afídeo, as quais foram importadas para servirem como porta-enxerto. Porém, junto com essas variedades foram trazidas também estruturas de resistência do fungo Plasmopora viticola, agente do Míldio da Videira, uma doença com grande poder de destruição que passou a devastar a viticultura na França e afetar a rentável produção do vinho. Coube ao francês Pierre Alexis Millardet observar que plantas tratadas com a mistura de Sulfato de cobre com calcário, usada para inibir a população de roubar a fruta produzida nas divisas das propriedades por acreditar que a mistura era venenosa, não apresentavam a doença. A partir dessa observação, Millardet conduziu vários experimentos com a mistura e produziu em 1885 comercialmente a “mistura Bordeaux”, sendo esse o primeiro fungicida produzido, o qual ainda hoje é utilizado no controle de doenças fúngicas e bacterianas de plantas, sendo conhecido por nós como a Calda Bordalesa, por ter sido desenvolvido nessa região francesa. 
Obs: Voltamos a falar de nossos Períodos históricos!
PERÍODO ETIOLÓGICO 
Características do período 
			Inicia a partir de 1853 com descoberta liderada por ANTON DE BARY que o fungo o fungo Phytophthora infestans era o agente causal da MELA OU REQUEIMA DA BATATA. A partir desse fato houve uma série de descrição de novos agentes causais de doenças em plantas caracterizando este como o Período Etiológico, ou seja, o período em que foram feitas as várias descrições dos agentes etiológicos.
			O Período se caracteriza também pelo Fim da Teoria da GeraçãoEspontânea por Louis Pasteur (1861) e também pelo ordenamento das descrições de microrganismos associados a plantas doentes (etiologia) proposto pelo Dr. Robert Koch (1876). O Dr. Koch trabalhou na elucidação da etiologia do Carbúnculo causado por Bacillus antracis e estabeleceu os “Postulaos de Koch”:
1) Associação Constante - O microrganismo patogênico suspeito (bactéria, fungo...) deve estar sempre presente nas lesões do tecido doente do hospedeiro (planta) em questão e ausente no hospedeiro (planta) sadio.
2) O microrganismo suspeito deve ser isolado do tecido doente do hospedeiro e cultivado em Cultura Pura.
3) Quando a cultura pura do microrganismo for inoculada no hospedeiro sadio (planta), ela deve Reproduzir os mesmos Sintomas nesse hospedeiro. 
4) O mesmo microrganismo, com todas as suas características, deve ser encontrado e reisolado do hospedeiro (planta) inoculado artificialmente no qual a doença se desenvolveu.
PERÍODO ECOLÓGICO 
Características 
			Determina a importância dos fatores do Ambiente na ocorrência de doenças de plantas.
			Nesse período ocorreu também o Aprimoramento das Técnicas de Controle e o Desenvolvimento dos diferentes tipos de fungicidas.
Eventos importantes 
Whetzel (1929) lança os Princípios de Controle de Doenças de Plantas:
1 Exclusão 
2 Erradicação 
3 Proteção 
4 Imunização 
5 Terapia
São desenvolvidos também os primeiros grupos de Fungicidas 
Rihem (1913): Fungicidas Mercuriais orgânicos para tratamento de sementes. Hoje esses fungicidas foram banidos, sendo proibidos de serem usados na agricultura devido ao mercúrio. 
Tisdalle e Willians (1934): fungicidas orgânicos (thiram, tiocarbamato, maneb). São utilizados amplamente ainda nos dias de hoje.
Selman Waksman (1943): Sulfato de estreptomicina (1953) o primeiro antibiótico usado na agricultura. Os antibióticos para a agricultura ainda são restritos, sendo apenas 3 os grupos liberados para uso nos dias atuais: Oxitetraciclina, Sulfato de estreptomicina e Cloridrato de kasugamicina.
Schmeling e Marshal Kuka (1966): O primeiro Fungicida sistêmico (Carboxin). Os sistêmicos penetram e translocam na planta e são seletivos quanto a ação nos patógenos.
Métraux (1991): Desenvolve o primeiro indutor de resistência químico, o qual não tem efeito tóxico direto aos microrganismos, mas induz a planta a reação contra a infecção. São produtos de amplo espectro induzindo resistência a diferentes patógenos como fungos, bactérias e vírus. 
 PERÍODO ATUAL OU BIOTECNOLÓGICO
Características do período 
			Estudo das Interações Patógeno/Hospedeiro: papel das toxinas, enzimas e hormônios na patogênese; Avanços no estudo das Epidemias e na Biologia Molecular dos Patógenos, das Plantas Hospedeiras e nas Interações no Processo de Doenças de Plantas.
Eventos importantes 
			Gaumann (1950): lança a publicação “Principles of plant infection”.
			Watson e Crick (1953): descoberta da molécula de DNA 
			
			Os avanços na Fitopatologia Molecular são aplicados nos estudos de:
Taxonomia de fitopatógenos; 
Diagnose de doenças de plantas, detecção e controle de fitopatógenos; 
Melhoramento genético assistido por marcadores e transgênicos.
CONCEITOS EM FITOPATOLOGIA
FITOPATOLOGIA
 		Etimologia: phyton = planta; pathos = doença; logos = estudo
	Definição: é a Ciência que Estuda as Doenças de Plantas, abrangendo todos os seus aspectos desde a Diagnose (Sintomatologia - Sintomas, que são as alterações observadas na planta infectada, e Sinais, que são as estruturas do patógeno encontradas nos tecidos doentes), Etiologia (estudo do agente causal da doença), Epidemiologia (Estudo dos fatores que afetam o desenvolvimento da doença - Como os fatores produzem doenças? Inóculo inicial? Condições Ambientais Favoráveis à Doença, Taxa de Progresso), Interação entre os Agentes Causais de Doenças e a Planta Doente (Patogênese, Resistência), Prevenção e Controle.
DOENÇA: DEFINIÇÕES
	Definição clássica - Gauman, 1846
			É um processo dinâmico no qual hospedeiro e patógeno em íntima relação com o ambiente se influenciam mutuamente do que resultam modificações morfológicas e/ou fisiológicas 
Definição mais completa – Agrios, 2005 
			Doença é o mal funcionamento de células e tecidos do hospedeiro que resulta de sua contínua irritação por um agente patogênico ou fator ambiental e que conduz ao desenvolvimento de sintomas. Doença é uma condição envolvendo mudanças anormais na forma, fisiologia, integridade ou comportamento da planta. Tais mudanças podem resultar em dano parcial ou morte da planta ou de suas partes.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
1) Doença não é injúria. 
	Injúrias são causadas por ações momentâneas, como picada de insetos, chuvas de granizo, geadas e outas.
2) Doença não é patógeno. 
	Como exemplos podem ocorrer em bananeira:
	 O “Mal do Panamá”, uma doença causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. cubense. 
	O “Moko da Bananeira”, uma doença causada pela bactéria Ralstonia solanacearum Raça 2. 
Parasitismo e desenvolvimento de doenças
TERMOS LIGADOS à CLASSIFICAÇÃO DE PATÓGENOS
Parasitismo: é a remoção de nutrientes (alimento) pelo parasita de seu hospedeiro.
Patogenicidade: é a habilidade do parasita em causar doença, ou seja, de interferir em uma ou mais função essencial da planta, causando doença. O parasitismo tem um importante papel, mas nem sempre o mais importante papel na patogenicidade.
Simbiose: quando ambos, parasita e planta hospedeira, se beneficiam da associação. Ex: bactérias noduladoras de leguminosas (Rhizobium). 
Parasita: organismo ou vírus vivendo sobre ou dentro de outro organismo (o hospedeiro) do qual retira o material que requer para seu crescimento sem conferir qualquer benefício em retorno. O parasita é parcial ou totalmente dependente de tecidos vivos para sua sobrevivência. O parasita de planta é um organismo que tornou-se intimamente associado com a planta e se multiplica ou cresce às expensas da planta.
	Principais parasitas de Plantas: fungos, bactérias, virus, nematóides. 
	Organismos biotróficos: obtém seus nutrientes e se reproduzem unicamente em células vivas, sendo portanto Parasitas Obrigatórios, crescem e sobrevivem somente em tecidos vivos e não em matéria orgânica. Ex: fungos causadores de míldios, oídios, ferrugens, a bactéria fastidiosa Candidatus Liberibacter agente do Huanlongbing. 
	Parasitas não obrigatórios: podem viver e se multiplicar em hospedeiros vivos ou mortos e em vários meios de cultura. Ex: a maioria dos fungos e bactérias 
Patógeno: é um parasita causador de doença. Os patógenos mais comuns são os fungos, vírus e nematóides e as bactérias
Patógeno biotrófico: as fontes de nutriente são os tecidos vivos de seus hospedeiros 
Patógeno necrotrófico: as fontes de nutriente são os tecidos mortos de seus hospedeiros 
Patógenos hemibiotrófico: inciam a infecção como biotróficos, mas colonizam o hospedeiros como necrotróficos. 
Formae speciales: espécie morfológica com parasitismo diferente para espécie hospedeira. Termo usado para fungos 
Patovar: espécie morfológica com parasitismo diferente para espécie hospedeira. Termo usao para bactérias 
Raças Fisiológicas: variantes de formae speciales ou patovar capazes de infectar uma gama de cultivares diferentes 
Termos importantes 
Patogênese: corresponde ao período de desenvolvimento da doença, que se inicia com a infecção e termina com a reação final na planta hospedeira.
Infecção: processo que tem início na pré-penetração e termina no estabelecimento de uma relação parasítica estável entre patógeno e hospedeiro 
Patogenicidade: capacidade de um patógeno em causar doença, sendo portanto um termo qualitativo 
 Virulência: caracterizada por genes que permitem ao patógeno (isolado, raça) infectar uma determinada cultivar – é a quantidade de danos causada ao hospedeiro, mensurável portanto 
CLASSIFICAÇÃO DE PATÓGENOS EM NÍVEL SUB-ESPECÍFICO
FORMAE SPECIALES (f.sp.)
			Espécie morfológica com parasitismo diferente para espécie hospedeira. Termo usado para fungos. Ex: Fusarium oxysporum f.sp. cubense
PATOVAR (pv.)	
			Espécie morfológicacom parasitismo diferente para espécie hospedeira. Termo usado para bactérias: Pseudomonas syringae pv. tomato, agente da pinta bacteriana do tomateiro e 
Pseudomonas syringae pv. garcae, agente da mancha aureolada do cafeeiro. Espécies iguais, mas com patogenicidade em diferentes hospedeiros.
RAÇAS FISIOLÓGICAS
 	São divisões subspecíficas ou ainda variantes de formae speciales ou patovar capazes de infectar uma gama de cultivares diferentes. Ex: Xanthomonas axonopodis pv malvacearum raça 20. 
TERMOS IMPORTANTES
PATOGÊNESE
			Corresponde ao período de desenvolvimento da doença, que se inicia com a infecção e termina com a reação final na planta hospedeira.
INFECÇÃO
			Processo que tem início na pré-penetração e termina no estabelecimento de uma relação parasítica estável entre o patógeno e o hospedeiro. 
PATOGENICIDADE
			Capacidade de um patógeno em causar doença, sendo portanto um termo qualitativo.
VIRULÊNCIA
			Caracterizada por genes que permitem ao patógeno (isolado, raça) infectar uma determinada cultivar.
INÓCULO: Propágulos do patógeno, ou seja, o conjunto de estruturas do patógeno, tanto reprodutivas quanto vegetativas, capazes de causar infecção (conídios, escleródios, células bacterianas, ovos de nematóides…) 
FONTE DE INÓCULO: Representa o local onde o inóculo é produzido ou o local onde ele se encontra, antes da infecção.
INÓCULO PRIMÁRIO: É o inóculo responsável pelo início da doença em cada ciclo da cultura.
INÓCULO SECUNDÁRIO: 	É o inóculo responsável pelos ciclos secundários da doença, ou seja, o inóculo produzido geralmente sobre o hospedeiro durante o ciclo da cultura
Termos ligados à Resistência
Resistência : capacidade da planta de suprimir, retardar ou previnir a entrada ou atividade do patogeno 
Tipos de Resistência
 	1. Resistência de Não Hopedeiro – grupo taxonômico imune ao patógeno 
			2. Resistencia verdadeira - controlada por genes
1) Resistência de Não Hospdeiro ou Imunidade, Imunidade Inata 
 	 As plantas possuem resistência à vasta maioria dos microrganismos, então a planta não hospedeira é isenta de infecção por este determinado patógeno 
2) Resistência verdadeira (Resistência de Hospedeiro) 
 	Controlada por genes
			A infecção se desenvolve incompleta ou lentamente
Classificação Epidemiológica: Resistência Vertical e Horizontal
1) RESISTÊNCIA VERTICAL: Resistência Qualitativa, mono ou oligogênica, especifica, completa, não-duravel. Independente das condições ambientais.
 Fenótipo: resistência total ou susceptibilidade
INÓCULO SECUNDÁRIO
			É o inóculo responsável pelos ciclos secundários da doença, ou seja, o inóculo produzido geralmente sobre o hospedeiro durante o ciclo da cultura.
2) RESITÊNCIA HORIZONTAL (RH): Resistência quantitativa, poligênica, não-específica, incompleta, durável. Cultivares apresentam diferentes níveis de RH; dependente das condições ambientais; diminui o progresso da doença
Fenotipo: Diferentes níveis de doenças
Tolerância
			É a capacidade da cultivar em relação a outra (ambas com o mesmo potencial produtivo) de produzir mais sobre a mesma intensidade de doença. 
			É algo como uma Compensação de danos causados pelo patógeno. 
				Ex.: tamanho de folhas, número de raízes etc. 
			Uma cultivar suscetível pode ser tolerante – não há relação com a resistência. 
			É um Conceito comparativo, difícil de medir e pode gerar confusão com a Resistência Horizontal. 
			A Genética da tolerância é pouco conhecida e estudos precisam ser intensificados. 
			A Tolerância também pode ser a fatores abióticos. 
CLASSIFICAÇÃO DE DOENÇA QUANTO AO TIPO DE INFECÇÃO
INFECÇÃO LOCAL
			 A infecção se desenvolve na parte da planta em que ocorreu a penetração do patógeno. Exemplos: na Antracnose da mangueira, causada por Colletotrichum gleosporioides, as lesões se desenvolvem próximas ao ponto de infecção, causando lesões locais deprimidas nas folhas ou frutos. 
INFECÇÃO SISTÊMICA
			A infecção se espalha pela planta a partir do ponto de penetração do patógeno. Ex: Ralstonia solanacearum penetra pelas raízes do tomateiro, atinge o sistema vascular e se espalha causando a murcha de toda a planta.
CLASSIFICAÇÃO DE DOENÇA QUANTO AOS DANOS CAUSADOS
ENDEMIA
			A doença está presente porém sem expansão. Ex: A Sigatoka Amarela da bananeira causada por Pseudocerospora musae.
EPIDEMIA
			Ocorre o aumento da doença numa população de plantas em intensidade e/ou extensão. Exemplo: Ferrugem do Café causada por Hemileia vastatrix.

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