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rendo a rescisão na compra e venda feita diretamente com a construtora, o comprador receberá de volta parte do que pagou, cabendo a ele ficar atento para as complexas condições do contrato de promessa de compra e venda, de forma a lhe propiciar maior segurança. V. RECURSOS /MATERIAIS UTILIZADOS Leitura obrigatória: LORENZETTI, Ricardo. Fundamentos de Direito Privado. São Paulo: Re- vista dos Tribunais, 1998, pp. 85-115 (Capítulo 2: o direito privado como garantia de acesso a bens). Leitura complementar: LEAL, Rogério Gesta. Função Social da Propriedade e da Cidade. Porto Ale- gre: Livraria do Advogado, 1998, pp. 29-60. PIPES, Richard. Propriedade e Liberdade. Rio de Janeiro: Record, 2001, pp. 331-342. VI. AVALIAÇÃO Caso gerador: 1) Leia o texto abaixo: Sistema de tempo compartilhado em meios de hospedagem e turismo: o desen- volvimento do time sharing no Brasil. 4 História O Time Sharing surgiu logo após a 2ª Grande Guerra Mundial, como uma solução para o turismo na Europa do pós-guerra, tanto para os proprietários de hotéis e agências de viagem, quanto para as famílias, que já não podiam comprar uma propriedade de férias, reuniam-se então os grupos familiares e juntos adquiriam e compartilhavam um imóvel de férias; ao mesmo tempo em que os hotéis turísticos também promoviam o compartilhamento de seus 4. JACOB, Caio Sério Calfat. Siste- ma de tempo compartilhado em meios de hospedagem e turismo: o desenvolvimen- to do time sharing no Bra- sil. Disponível em <http://www. e t u r. co m . b r / co nte u d o co m p l e to. asp?idconteudo=160> Acesso em 5 dez. 2013. DIREITO DE PROPRIEDADE FGV DIREITO RIO 14 apartamentos, dividindo os períodos de utilização em três a quatro meses, conforme o aporte de cada família. Os norte-americanos adotaram e aprimoraram esta filosofia, estabelecen- do a divisão dos períodos em semanas, mais fáceis de se comercializar e de se utilizar; o sistema foi se desenvolvendo até 1.976, com o surgimento da In- terval International, que criou o serviço de intercâmbio, permitindo ao pro- prietário trocar a sua semana de férias em um determinado hotel, por outra semana em outro hotel em qualquer parte do mundo. Os hotéis afiliados passaram a ser sempre resorts estruturados para lazer, em destinos potencial- mente turísticos e as novas regras abrangiam adequações de projetos, como apartamentos grandes com estrutura de cozinha, procedimentos específicos quanto a reservas de intercâmbios, etc. Determinados destinos turísticos foram viabilizados, em grande parte, elas vendas de Time Sharing, como Cancún — México, outros em que este sistema é intensamente desenvolvido, como em Miami, Orlando e Disney World, na Flórida — EUA; além das principais atrações turísticas em todos os continentes. Há no mundo duas grandes operadoras de intercâmbio de Time Sharing: a própria Interval International e a RCI, ambas com escritórios e cerca de 120 resorts afiliados no Brasil. A RCI pertence a HFS — Hospitality Franchise Sistems, conglomerado americano que reúne 13 companhias, em sua maioria cadeias de hotéis como Days Inn e Howard Johnson e tem entre os resorts afiliados, redes como Ra- mada, Knights Inn, Wingate Inn, etc., totalizando 2,3 milhões de famílias associadas. A Interval International pertence a uma holding composta por algumas redes de hotéis como Marriott, Hyatt, Disney e Carlson e conta com cerca de 1.600 empreendimentos em mais de 60 países, envolvendo as maiores cadeias hoteleiras mundiais, como Sheraton, Hilton, Holiday Inn, Ramada, Meliá, além das inicialmente citadas e 1 milhão de famílias são proprietárias de semanas de Tempo Compartilhado, movimentando cerca de US$ 4,3 bi- lhões por ano. Time sharing para brasileiros O Ministério da Indústria e Comércio, através da Embratur — Instituto Brasileiro de Turismo, na sua Deliberação Normativa nº 378 de 12/08/97 re- gulamentou o Sistema de Tempo Compartilhado em Meios de Hospedagem e Turismo, estabelecendo os direitos e obrigações aos agentes intervenientes do sistema: empreendedor, comercializador, operador, administrador do in- tercâmbio e consumidor. DIREITO DE PROPRIEDADE FGV DIREITO RIO 15 Esta regulamentação transmitiu a credibilidade necessária aos brasileiros, que não confiavam no sistema, devido a pouca clareza na cobrança de taxas extras ou à falta de vagas nos hotéis localizados nos destinos preferidos por brasileiros; hoje se comprova que 99% das solicitações de reservas para inter- câmbio são atendidas. Há, na Flórida uma demanda muito grande para venda de semanas de Time Sharing para brasileiros, a ponto de alguns resorts em Orlando e Disney montarem estruturas de venda específicas para brasileiros, onde o idioma corrente é o português; estima-se que cerca de 50 brasileiros/dia comprem semanas de Time Sharing nos EUA e México, pagando em média US$15.000 por 20 anos de direito de uso de uma semana/ano; os valores praticados pe- los resorts brasileiros são inferiores e o comprador pode usufruir de todos os hotéis afiliados em sua rede de intercâmbio, pagando somente as taxas de afi- liação (uma vez por ano) e de intercâmbio (a cada troca de semana efetuada). As tabelas de vendas praticadas pelos resorts têm como parâmetros de dife- renciação de preços o número de hospedes/apartamento e o período do ano, dividido em 52 semanas. No litoral paulista, entre alguns empreendimentos, o Dana Inn Pousada Tabatinga, no Condomínio Costa Verde, entre Cara- guatatuba e Ubatuba, de frente ao mar em uma praia belíssima, está venden- do a R$ 4.000, o apartamento para quatro hóspedes em semanas de Média Temporada — entre Março e Outubro; sua tabela dispõe de preços ainda de apartamentos para 6 e 8 pessoas e para Alta Temporada. A grande vantagem de se comprar semanas no período de Média Temporada é a de se conseguir um intercâmbio de Alta Temporada na Europa e EUA, pagando um preço baixo, neste caso específico. Alguns bancos brasileiros já anunciaram que estão estudando alternati- vas de financiamento tanto para construção e reforma de resorts afiliados ao Sistema de Tempo Compartilhado, como para o consumidor final; o atual impeditivo são as altas taxas de juros, que tendem a cair. Tendências O Time Sharing é o segmento do turismo que mais cresce no mundo, oferecendo hospedagens em resorts de 4 e 5 estrelas a valores baixos. Com a chegada de marcas internacionalmente reconhecidas, aliado à nova tendên- cia, que é a adoção do sistema de pontos, substituindo a semana e permitindo maior flexibilidade de escolha: ao invés de serem obrigados a usufruir das mesmas férias nas mesmas semanas todos os anos, o comprador de Time Sha- ring será proprietário de um determinado número de pontos, que poderão ser usados em qualquer resort afiliado, da forma que entender e será beneficia- do com propostas de finais de semana mais baratos, voos e pacotes executivos nos resorts afiliados. DIREITO DE PROPRIEDADE FGV DIREITO RIO 16 Este fato será o responsável pela criação de uma ampla e leal base de clien- tes: ao mesmo tempo em que a medida da adoção do sistema de pontos, alia- do à entrada de redes internacionais no sistema concede a credibilidade e per- mite a flexibilidade de escolha ao comprador, eleva o padrão e a sofisticação do Time Sharing ficará por conta do ingresso de redes hoteleiras, principal- mente europeias, ofertando hotéis de luxo nos principais destinos turísticos do continente, vários servidos por campos de golfe e Spa. O proprietário de Time Sharing de um resort brasileiro poderá usufruir destes hotéis charmosos, onde as semanas são vendidas até por US$ 28.000, pagando, somente, as taxas da Interval, o transporte e alimentação. A tendência da indústria hoteleira internacional passa obrigatoriamente pela evolução do sistema de Time Sharing, passando para os