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Gravidez precoce

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1. José Saramago, em sua obra “Ensaio sobre a cegueira”, retrata uma sociedade despida de altruísmo, cega, 
2. não só fisicamente, como também moralmente. Análogo a isso, no Brasil, a questão da gravidez precoce é 
3. um problema social, uma vez que sociedade e governo fecham os próprios olhos e os das jovens, devido a 
4. informação e educação precária ou quase inexistente acerca do assunto. Diante desse contexto, é 
5. necessário analisar as consequências causadas por essa persistente negligência pública e propor soluções 
6. capazes de atenuá-las. 
7. Convém ressaltar, a princípio, que a má formação socioeducacional é um fator determinante para a 
8. permanente gravidez na adolescência. Nesse sentido, os tabus criados pelas famílias - como o de que falar 
9. sobre sexo influencia o ato – dificultam na absorção do conhecimento, além da crise de informação no setor 
10. da saúde pública, tendo em vista que não basta apenas distribuir contraceptivos, mas educar sobre sua 
11. utilização e importância para a saúde do cidadão. Isso, consoante ao pensamento de A. Schopenhauer de 
12. que os limites do campo da visão de uma pessoa determinam seu entendimento a respeito do mundo que 
13. a cerca, ocorre porque a educação básica é deficitária e pouco prepara cidadãos no que tange à educação 
14. sexual. Tal fato gera efeitos lastimáveis aos jovens que acabam sendo vítimas de tamanho desmazelo. 
15. Em consequência disso, essas meninas tendem a enfrentar riscos sob variados âmbitos de suas vidas. 
16. Nesse sentido, seja nos aspectos biológicos, como aborto espontâneo e depressão, seja nas condições 
17. socioeconômicas, como evasão escolar e abandono da criança, os impactos são inúmeros e podem 
18. ocasionar, até mesmo, suicídio da mãe devido ao julgamento sofrido pela sociedade, principalmente, 
19. quando a criança não tem reconhecimento do pai. Essa conjuntura vai de encontro ao Estatuto da Criança 
20. e do Adolescente (ECA), que prevê como dever público manter assegurada uma dupla proteção da vida 
21. humana: ao feto e a gestante, de modo que esta tenha atendimento e garantia de bem-estar. 
22. É fundamental, portanto, reconhecer a problemática da gravidez prematura na sociedade. Para tal, cabe 
23. ao Ministério da Educação, em parceria com a Secretaria de ensino e com os familiares, estabelecer a 
24. obrigatoriedade do ensino sobre educação sexual a partir do Ensino Fundamental II, de modo que, por meio 
25. de uma maior informação sobre os riscos da gravidez precoce, bem como sobre o uso de anticoncepcionais, 
26. possa garantir uma maior apreensão do assunto e, assim, diminuir a incidência de tais acontecimentos. 
27. Concomitante a isso, é papel do Ministério da Educação, promover, por intermédio de investimentos em 
28. ginecologistas e psicólogos, uma máxima atenção às jovens gestantes, a fim de evitar evasões escolares ou 
29. abandono familiar, cumprindo com o dever estipulado pelo ECA. Dessa forma, será possível aumentar o 
30. campo da visão de mundo dos jovens e, com isso, diminuir a precocidade nas gestações.

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