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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO X JOÃO , nacionalidade, estado civil, profissão, RG n..., CPF n...., residente e domiciliado à ..., bairro..., cidade..., estado..., com endereço eletrônico..., vem respeitosamente, por meio de seu advogado, inscrito na OAB sob o número..., com endereço para comunicações judiciais na..., com endereço eletrônico…, conforme procuração anexa nos termos do artigo 287 do Código de Processo Civil, perante Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, inciso LXIX da Constituição Federal de 1988, artigos 1º e seguintes da Lei 12.016/09 e artigo 319 do Código de Processo Civil, propor MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE MEDIDA LIMINAR em face da autoridade coatora NOME..., Estado Civil..., Governador do Estado X, com endereço..., endereço eletrônico..., inscrito no CPF sob o n. ..., e RG sob o n. ...., pela violação ao direito líquido e certo, a ser demonstrado a seguir: I – DOS FATOS O Impetrante (40 anos), ao candidatar-se para cargo vago constante do edital do concurso público de seu interesse, organizado pelo Estado X, de responsabilidade do Governador, ora Impetrado, tendo, inclusive, se matriculado em escola preparatória, fora surpreendido com a limitação de idade imposta pelo certame, que limitou em 25 anos a condição para participação no mesmo. Trata-se de ato ilegal da autoridade coatora, consubstanciada na exigência abusiva, visto que o cargo pretendido não possui limitação legal de idade, de modo que não há qualquer pertinência ao cargo licitado e sem qualquer amparo legal, conforme passa a demonstrar. II– DO FORO COMPETENTE O artigo 102, inciso I, alínea d da Constituição Federal prevê que o Supremo Tribunal Federal é o órgão competente para processar e julgar o Mandado de Segurança contra ato do Presidente da República. Assim, baseando-se no princípio da simetria constitucional, resta aos Tribunais de Justiça julgar os chefes do poder executivo em âmbito estadual, quando estes forem autoridades coatoras, violadora do direito líquido e certo. No caso em questão, o direito líquido e certo foi violado pelo Governador do Estado X, de forma que a competência do presente Mandado de Segurança pertence ao Tribunal do Estado X. III – DO CABIMENTO E DA TEMPESTIVIDADE Inicialmente, cumpre destacar que o artigo 5º, inciso LXIX da Constituição Federal define que: “conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por “habeas corpus” ou “habeas data”, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”. Neste mesmo sentido, também têm-se o artigo 1º da Lei 12.1016 de 2009. No presente caso, o direito líquido e certo violado não pode ser amparado por Habeas Corpus ou Habeas Data, assim, o instrumento cabível é o Mandado de Segurança, garantia constitucional com caráter residual. Impera ressaltar que, conforme o previsto no artigo 23 da Lei 12.016/09, é estabelecido o prazo de 120 dias para requerer a segurança do direito líquido e certo violado, de forma que a presente demanda é tempestiva. IV – DA LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA O Impetrante foi lesado em seu direito líquido e certo de participar do concurso público para provimento de cargos, o qual não possui restrição legal de idade, e, assim, figura-se com perfeição ao polo ativo da presente ação. Têm-se como autoridade coatora o Governador do Estado X, responsável pelo certame, que violou direito líquido e certo do Impetrante ao determinar limite de idade para o cargo do concurso público em tela. De forma que se enquadra como o legitimado passivo da presente ação, em obediência ao artigo 5º, inciso LXIX da Constituição Federal e artigo 1º da Lei 12.016 /09. V – DA VIOLAÇÃO AO DIREITO LÍQUIDO E CERTO Conforme apresentado acima, ficou evidenciado o direito líquido e certo do Impetrante, tendo em vista que trata-se de edital publicado em clara inobsrevância legal ao artigo 7º, inciso XXX, da Constituição Federal, que estabelece proibição de diferença de salário, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade , cor ou estado civil. Dessa forma, ao definir critérios diferenciados de idade, o Impetrado excedeu aos limites de seu poder e feriu o referido artigo, culminando no impedimento do Impetrante de participar do certame por possuir 40 anos de idade. Ao elaborar um concurso público, a Administração Pública objetiva a seleção do candidato mais apto a assumir o cargo, conforme leciona Marçal Justen Filho: “O concurso público visa a selecionar os indivíduos titulares de maior capacidade para o desempenho das funções públicas inerentes aos cargos ou empregos públicos, Isso impõe um vínculo de pertinência e adequação entre as provas realizadas e as qualidades reputadas indispensáveis para o exercício das funções inerentes ao cargo ou emprego. (...) ( in Curso de Direito Administrativo, 8ª ed. pg.860)” Ao analisar a matéria, o Supremo Tribunal Federal estabeleceu na Súmula 683 que “o limite de idade para inscrição em concurso público só se legitima em face do artigo 7º, inciso XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. O posicionamento do STF é o de que “é vedado à Administração estabelecer requisitos diferenciados de admissão em cargos públicos que tenham por motivos: o sexo, a idade, a cor ou o estado civil” (ARE 678.112 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX). Nesse sentido, tem-se a jurisprudência abaixo: APELAÇÃO CÍVEL - MANDADO DE SEGURANÇA - CONCURSO PÚBLICO - POLÍCIA MILITAR - QUADRO DA SAÚDE - LIMITAÇÃO ETÁRIA - DESRAZOABILIDADE E DESPROPORCIONALIDADE - LIMITE DE IDADE DEVE GUARDAR RELAÇÃO COM AS FUNÇÕES - INADMISSIBILIDADE DE RESTRIÇÕES PELA IDADE - OFENSA AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA E VEDAÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO. 1- A Constituição Federal consagrou, como regra,a ampla acessibilidade aos cargos, funções e empregos públicos, mediante a realização de concurso público (CF, art. 37); 2- Salvo atividade especiais que exijam condições físicas diferenciadas, não tem amparo constitucional impor restrições físicas diferenciadas, não tem amparo constitucional impor restrições de acesso a cargo público em razão de idade sob pena de ofensa ao princípio da isonomia e veda de discriminação; 3- O edital do concurso é norma que rege todas as suas etapas, de modo que o candidato se sujeita às exigências nele contidas. Somente se pode questioná-lo em havendo vícios de legalidade e constitucionalidade; 4- De acordo com precedentes jurisprudenciais do STF e STJ, a exigência de idade máxima para ingresso nos quadros da saúde da Polícia Militar não se mostra razoável ou proporcional, por não guardar relação com as funções desempenhadas. (TJMG - Apelação Cível 1.0000.17.041960-0/002, Relator(a): Des.(a) Ângela de Lourdes Rodrigues, julgamento em 19/04/2018, publicação da súmula em 23/04/2018). No entanto, no presente caso está sendo discutido um edital para preenchimento de vagas que evidentemente não exigem maior vigor físico para atender as demandas inerentes ao cargo. Tal afirmação é possível de ser justificada pelas descrições das atividades que serão desenvolvidas, apresentadas pelo edital do concurso. A restrição de idade máxima presente no edital se apresenta como uma ofensa também ao artigo 37, incisos I e II da Constituição Federal. Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; É possível notar que o Impetrante preenche todos os requisitos para o cargo pretendido no concurso público promovido pelo Estado X. Ademais, não existe qualquer limitação de idade para o referido cargo pretendido, o que torna possível a participação do impetrante no certame. Dessa forma, ao definir tal limitação etária e não permitir a participação do Impetrante no concurso, ocorre uma violação ao artigo apresentado acima. Faz-se necessário ressaltar que também há violação ao princípio da isonomia, presente no artigo 5º da Constituição Federal, e portanto, não deve prevalecer tal restrição no edital. Também é importante afirmar que as justificativas do Impetrado não coadunam com a Razoabilidade e, tampouco, com a Legalidade, reconhecidos princípios constitucionais, de forma que a segurança pretendida deve ser concedida. VI – DA PROVA PRÉ-CONSTITUIDA A prova pré-constituída é requisito da ação de Mandado de Segurança. O ato coator pode ser provado de plano através das cópias do edital, do requerimento administrativo feito pelo Impetrante, bem como da motivação da Administração Pública. VII – DA MEDIDA LIMINAR No tocante ao Mandado de Segurança, o artigo 7º, inciso III da Lei 12.016/09 determina que a medida liminar pode ser concedida quando “houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica”. Nessas situações, o juiz deverá suspender o ato que deu motivo ao pedido de segurança, quando houver fundamento relevante. No presente caso, os referidos requisitos foram perfeitamente demonstrados, vejamos: A não concessão da medida liminar fará prosseguir o concurso público sem a participação do mesmo, tendo em vista que a limitação de idade prejudica o Impetrado de participar do concurso público. Ademais, insta ressaltar que o deferimento da medida não confere qualquer risco ou possui qualquer reflexo irreversível. Em relação ao fato de aguardar o final do processo, tal circunstância confere grave risco de perecimento do resultado útil do processo. Isso se deve ao fato de que esperar o julgamento final da presente ação poderá trazer dano irreversível ao Impetrante, pois como todo concurso público, há prazos para inscrição, datas previstas para provas, etc. Luiz Guilherme Marinoni, ao lecionar sobre a tutela de evidência destaca: “Se o fato constitutivo é incontroverso não há racionalidade em obrigar o autor a esperar o tempo necessário à produção da prova dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos, uma vez que o autor já se desincumbiu do ônus da prova e a demora inerente à prova dos fatos cuja prova incumbe ao réu certamente o beneficia”. ( in Tutela de Urgência e Tutela de Evidência. Editora RT, 2017. p.284) Diante do apresentado, é inegável a existência de fundado receio de dano irreparável, sendo urgente a necessidade da concessão da liminar pretendida, nos termos do art. 7º, inciso III da Lei 12.016/09. VIII – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Diante do exposto, requer deste Egrégio Tribunal, que: a) Conceda a medida liminar para suspender o ato lesivo que deu motivo ao pedido, assegurando ao Impetrante o direito de participar do concurso público, sem discriminação de sua idade, até o julgamento final, nos termos do artigo 7º, inciso III, da Lei 12.016/09, determinando ao Impetrado que proceda a correção do ato impugnado; b) Determine a notificação da autoridade coatora, o Governador do Estado X, para prestar as informações no prazo de 10 dias, nos termos do artigo 7º, inciso I, da Lei 12.016/09. c) Seja dada ciência ao Órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, na pessoa do Procurador doEstado X, enviando-lhe cópias da Inicial, para querendo, apresente defesa, nos termos do artigo 7º , inciso I da Lei 12.016/09. d) Sejam recebidas as provas pré-constituídas, cópia do Edital de Publicação do Concurso Público e do Requerimento Administrativo e resposta da Administração Pública. e) Realize intimação do Ministério Público, para apresentar o seu parecer, no prazo de 10 dias, nos termos do artigo 12 da Lei 12.016/09. f) Conceda a ordem Definitiva da Segurança, tornando efetiva a Medida Liminar, declarando a ilegalidade do requisito de idade mínima no concurso público, promovido pelo Estado X, anulando o ato lesivo da autoridade coatora. g) Seja o Impetrado condenado à sucumbência, em fase de cumprimento de sentença, se favorável, nos termos do art. 85, §11, do NCPC, aplicado, subsidiariamente, à Lei 12.016/09. Valor da Causa: R$ 1.000,00 (mil reais) Termos em que, espera deferimento. Local e data... Advogado.... OAB....
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