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A AUTOCRACIA COMO ESTILO DE LIDERANÇA NAS ENTIDADES MILITARES TAINAN CAETANO BARBOSA1 PATRÍCIA CRISTINA DE LIMA2 Resumo: Sabemos que a liderança é uma das ferramentas essenciais de gestão dentro das organizações, e por isso, há uma enorme necessidade de que haja nos quadros da organização uma pessoa capacitada para ocupar tal cargo. Nas instituições militares, organizações responsáveis pela segurança nacional, tal necessidade é ainda mais relevante. Por conta dos princípios da hierarquia e da disciplina, um amplo poder é dado aos superiores, em relação aos subordinados. Essa amplitude de poderes torna necessário a aplicação de um estilo de liderança adequado, de forma a conjugar os objetivos da instituição, sem que ocorram excessos ou atos nocivos. O presente artigo tem por objetivo analisar os principais estilos de lideranças, com enfoque para o estilo autocrático, muito utilizado nas instituições e seus efeitos negativos dentro das organizações militares. Palavras-chave: Segurança nacional; Militarismo; Defesa nacional; Liderança. 1 Aluno concluinte do curso Bacharel em Administração da Universidade Estácio de Sá; 2 Professora Orientadora do artigo da Universidade Estácio de Sá 1 INTRODUÇÃO Podemos definir liderança como o processo de influenciar indivíduos de maneira intencional a fim de atingir um objetivo. Sem dúvidas, liderança é um tema importantíssimo dentro de qualquer organização, já que pode conduzir a organização ao sucesso, bem como, ao fundo do poço. Há algum tempo, o tema liderança vem sendo fortemente estudado. Tal ciência passou a ser objeto de estudo e desenvolvimento, pois tornou-se claro a importância desse instrumento para o desempenho e rendimento nas tarefas, o que leva ao êxito nas instituições. A liderança tem papel importante não somente nas instituições privadas, mas também nas públicas, bem como nas militares. O papel do líder nas instituições militares tem enorme destaque no sucesso das operações e todos os trabalhos em equipe, concorrendo, dessa forma, para a segurança nacional. Daí vemos a importância das competências dos líderes. A liderança militar é o instrumento de comando para o sucesso das ações daqueles que estão investidos em cargos militares, sendo um dos instrumentos para o alcance das missões propostas. Liderança, como veremos adiante, não trata-se somente do cumprimento de ordens, mas sim, como os subordinados são conduzidos e motivados a atingir o sucesso nas missões. Assim, o presente artigo tem como desígnio analisar os aspectos sobre o assunto, estudando os principais estilos de liderança e o papel do líder nas instituições militares. Todo esse estudo faz-se necessário para que seja possível compreender o objetivo central deste artigo, que é o de discutir de forma crítica, os efeitos da aplicabilidde da autocracia nas instituições militares. A justificativa para a escolha de tal tema, se dá a partir da vivência em determinada instituição militar, onde fora possível presenciar diariamente a aplicação do estilo de liderança autocrático e os efeitos negativos dessa aplicação, muito embora seja negado que este é um estilo utilizado nas instituições militares nacionais. A metodologia utilizada foi a de pesquisa bibliográfica, com consulta aos mais renomados doutrinadores do assunto e a busca por casos concretos relacionados ao estilo autocrático nas instituições militares . 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 CONCEITO DE LIDERANÇA Os cenários atuais demonstram que as organizações precisam de soluções para aumentar sua eficácia, alcançar bons resultados e sucesso. Para isto, a organização precisa gerir inúmeros fatores. Dentre estes temos a liderança como uma das principais ferramentas para o êxito da missão das organizações, diante do papel que exerce sobre o desenvolvimento profissional, para alcançar as metas e os objetivos almejados pela organização. As organizações são constituídas por pessoas, com distintos sentimentos e motivações, submetidas ao estímulo do ambiente, que influencia no comportamento humano. Até algum tempo, bastava ao chefe dar ordens e exercer pressão sobre os funcionários, já que a intenção era que estes cumprissem suas tarefas somente. Contudo, com o passar do tempo, percebeu-se que realizar suas tarefas não era somente o que se esperava do funcionário, mas sim, as organizações desejavam ter funcionários motivados, dedicados, que acreditavam na missão da empresa e lutavam por estas como se fossem donos delas. Para isso, dentre outras ferramentas, começou uma busca por excelência na liderança. Essa pessoa que se buscava era alguém sensível, humano, orientador, que não deixaria de exercer o seu poder, mas somente se valeria deste quando fosse necessário, pois sempre que possível daria preferência à orientação, aconselhamento e não disparos de ordens, já que as ordens podem até trazer a obediência, mas por outro lado, afasta a motivação, que faz com que o funcionário faça mais, melhor e com prazer. Conforme ensina Hunter (2004, p. 105), a liderança representa a sua capacidade de influenciar pessoas a agir. Assim, a liderança eficiente consiste em dar aos colaboradores o que eles ainda não tem por si só, é permitir que estes se dirijam de forma mais autônoma e motivada. O líder deve servir de exemplo para as pessoas sob a sua subordinação, sempre com objetivos claros, a fim de dirigir a equipe aos resultados organizacionais. Inúmeras são as definições sobre liderança de consagrados doutrinadores, como passaremos a analisar. Para Chiavenato (2003, p. 17), liderança é o processo de conduzir um grupo de pessoas. É a habilidade de motivar e influenciar os liderados para que contribuam da melhor forma com os objetivos do grupo e da organização. Segundo o autor, a liderança se caracteriza por um método de influência entre as pessoas. Ramos (1989, p. 146), apresenta o líder como um agente capaz de facilitar o desenvolvimento de iniciativa, livremente gerado pelos indivíduos, passíveis de se amalgamarem sob a forma de configurações reais. Podemos conceituar a liderança, ainda, como a capacidade de acionar e manter a motivação dos trabalhadores para o alcance dos objetivos propostos pela organização. O líder é um administrador empenhado em promover o crescimento de seus subordinados rumo à participação e à criatividade (Max de Pree, 1998, p.46). Londero (2009, p.80), afirma que liderança é considerada uma forma especial de poder, apoiada principalmente nas características pessoais do líder e sem relação alguma com o cargo ou posição que o mesmo ocupa dentro da organização. Nascimento (2012, p.10), afirma que, a liderança é um papel-chave no novo cenário, sem apego em ideologia, mas com preocupação central no processo de desenvolvimento e na busca por resultados práticos. Conforme ensina Hunter, líder, chefe, comandante, autoridade, são algumas das primeiras palavras que nos ocorre quando pensamos em liderança. Contudo, observa-se que atualmente, liderança representa a sua capacidade de influenciar pessoas a agir. Segundo ensina Tourinho (1981, p.58), chefe é alguém que exerce o poder de mando, em virtude de uma autoridade oficial ou oficiosa. Líder é uma pessoa que, graças à própria personalidade e não a qualquer injunção administrativa, dirige um grupo com a colaboração dos seus membros. Conforme ensina Bennis (2010, p. 176), liderança é um processo mútuo, ou seja, um líder nãoé líder se estiver sozinho. A liderança só ocorre quando há cooperação de ambas as partes e o sucesso dos objetivos cumpridos só ocorre quando há essa parceria entre líder e subordinados. A partir de todas essas concepções de liderança, podemos verificar a importância do líder dentro da organização. Embora muitas vezes incompreendido, cabe ao líder a tarefa de conduzir a equipe ao êxito esperado. Cabe ainda ressaltar que, existe uma linha tenuê entre líder e chefe. O chefe é que aquele que manda, que impõe, que comanda exercendo o autoritarismo; o líder, por sua vez, é aquele que influencia, desperta desejos, aconselha e ouve. Assim, liderança representa um papel fundamental nas organizações, pois direciona estratégias e formas de desempenhar trabalhos necessários para se atingir metas previamente definidas. É possível depreender que a liderança é a capacidade de acionar e manter a motivação dos colaboradores para o alcance dos objetivos propostos pela organização. A seguir, estudaremos os estilos de liderança. 2.2 ESTILOS DE LIDERANÇA Segundo ensina Chiavenato (2003, p.124), o estudo dos estilos de liderança se dá em termos de comportamento do líder em relação aos seus subordinados. Assim, a abordagem dos estilos de liderança se refere àquilo que o líder faz, isto é, o seu comportamento de liderar. Vários autores se dedicaram ao estudo dos estilos de liderança, contudo, Whit e Lippitt (1939), apresentaram a teoria que ganhou maior destaque. Nessa teoria, existem 3 estilos principais de liderança, que são: autoritária, democrática e liberal. A partir dessa teoria, diversos doutrinadores se debruçaram sobre tal estudo, contudo, ainda é insociável afirmar se há um estilo certo ou errado, já que é difícil definir uma liderança ideal, visto que, em determinados momentos uma liderança pode ser melhor aplicada do que a outra, porém podemos analisar os resultados alcançados pela aplicação de cada estilo. 2.2.1 Estilo de liderança democrático O estilo de liderança democrático, também chamado de transformacional, é aquele em que o líder compartilha suas decisões, promove o diálogo, acredita que todos na equipe podem agir com autonomia e responsabilidade, sua intenção é de que todo o grupo participe. Sua gestão é voltada para as relações interpessoais, sempre visando o vínculo de segurança e confiança. Segundo ensina Chiavenato (2005, p. 187), os grupos que recebem a aplicação do estilo democrático são aqueles que apresentam um nível quantitativo de produção tão elevado como quando submetidos à liderança autocrática, porém a qualidade do trabalho foi surpreendentemente melhor, acompanhada de um clima de satisfação grupal e comprometimento das pessoas. Segundo Fachada (2003, p.78), este tipo de liderança promove o bom relacionamento e a amizade entre o grupo, tendo como consequência um ritmo de trabalho suave, seguro e de qualidade, mesmo na ausência do líder. Assim, pode ser considerado o estilo que produz maior qualidade de trabalho. O líder democrático possui uma visão diferenciada do ser humano, não se entende como o dono da verdade. Eles estão empenhados em criar um ambiente organizacional que promova a mudança dos valores dos liderados, para dar suporte à visão e aos objetivos da organização. Isso fomenta um clima de confiança, no qual a visão pode ser compartilhada (Brant, 2012, p. 17). Segundo Bass e Bass (2008, p. 78), esta é a única modalidade de liderança que proporciona aos seguidores um desempenho extraordinário. Ela procura elevar a consciência do grupo e da empresa, favorecendo a evolução das pessoas e alinhando as expectativas individuais e organizacionais. 2.2.2 Estilo de liderança permissivo ou liberal O estilo de liderança permissivo ou liberal, também chamado de LaissezFaire, é aquele em que o líder deixa todas as decisões serem tomadas pelo grupo, intervindo somente quando solicitado. É um líder que tem pouco controle em relação ao grupo. Segundo Chavienato (2005, p. 187), os grupos que são submetidos a este tipo de liderança não se saíram bem quanto à quantidade, nem quanto à qualidade. Possuem sinais de forte individualismo, insatisfação, agressividade, desagregação em relação ao grupo e pouco respeito ao líder Ainda conforme ensina Fachada (2003, p.79), neste estilo de liderança, o líder não regula, não avalia e faz poucas orientações e somente quando solicitado, assim, a produção não é satisfatória, visto que, se perde muito tempo com discussões pessoais. Ou seja, deixa o grupo a seu próprio cargo. Esse estilo de liderança é caracterizada pelo comportamente neutro e despreocupado, assim, o líder não se envolve com o desenvolvimento do liderado e nem com suas necessidades e realizações. Podemos afirmar que, existe uma ausência de liderança, havendo um nível de negligência do desenvolvimento com a equipe. 2.2.3 Estilo de liderança autocrático Por último, temos o estilo de liderança autocrático, que é aquele em que o líder define o que e como deve ser feito. Na verdade, é mais conhecido como chefe e não como líder. Este tipo de líder acredita que sua opinião é sempre a mais correta e a única a ser considerada, atribuindo pouca ou nenhuma confiança aos subordinados. O líder autocrático é autoritário, dominador e ditatorial. Sua gestão é voltada para tarefas e não para as relações humanas. Segundo ensina Chiavenato (2005, p.187), a liderança autocrática apresenta maior volume de trabalho produzido, com evidentes sinais de tensão, frustração e agressividade. Segundo Fachada (2003, p. 79), neste tipo de liderança há pouco desenvolvimento das tarefas na ausência do líder, o grupo produz pouco e tende a indisciplinar-se. O ambiente existente no local de trabalho do líder autocrático, é o de insatisfação, de desânimo, onde as tarefas são realizadas com má vontade, o que pode trazer inúmeros prejuízos para a organização. Nesses ambiente de trabalho, os colaboradores já deixam suas residências desmotivados e se dirigem a este local sem uma razão de ser, mas somente uma razão de fazer, por conta de suas necessidades financeiras. Completamente desistimulados produzem pouco e mal feito, gerando prejuízo e não fidelização de seus clientes, é o que ensina Bergamini: Chefes conhecidos como inflexíveis, autoritários e insensíveis mostram pouca capacidade em conseguir um ambiente de trabalho no qual as pessoas se sintam normalmente propensas a utilizar seu potencial de criatividade, passando a ser simplesmente eficientes, conseguindo cumprir apenas aquilo que foi descrito para o cargo que ocupa. Quando a condição de trabalho não oferece Satisfação àqueles que precisam dele, é feito apenas o suficiente para não perdê-lo, pois precisam dele e procurarão a felicidade fora, já que o trabalho não é para essas pessoas fonte de Satisfação motivacional. (BERGAMINI, 2008, p. 36-37). Embora existam pontos positivos, e situações adequadas a esse estilo, a liderança autocrática pode marcar negativamente a vida dos subordinados, trazendo medo, insurgência e desmotivação. Assim, cabe a cada líder analisar seu ambiente organizacional e concluir qual o estilo de liderança mais adequado. 2.3 A IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA NAS INSTITUIÇÕES MILITARES Desde a antiguidade, a liderança é uma das ferramentas mais essenciais utilizadas nas instituições militares.Tais organizações têm como elementos inerentes a hierarquia e a disciplina, tais fundamentos são impostos por líderes, que exercem o comando dos subordinados. Carvalho filho (2010, p.84), ensina que o princípio da hierarquia, é o escalonamento, em plano vertical dos órgãos e dos agentes da administração que tem como objetivo a organização da função administrativa. Ainda quanto à disciplina, o autor aponta que, é a situação de respeito que os agentes administrativos devem ter para com as normas que os regem, em cumprimento aos deveres e obrigações que a eles são impostos. A carreira militar caracteriza-se, eminentemente, pelo espírito de sacrifício, uma vez que os militares fazem o juramento de renúncia até da própria vida em prol do bem comum. Se, por um lado, a Constituição garante, legalmente, aos chefes militares prerrogativas excepcionais sobre os militares; por outro, ressalta Nobre (2008, p. 145) que “[...] cabe aos líderes, em contrapartida, empregar com sabedoria essas prerrogativas legais, exigindo dos seus subordinados somente aqueles sacrifícios necessários ao cumprimento da missão”. Segundo Nobre (2008), pesquisas psicossociais sobre o nível de satisfação profissional realizadas pela Diretoria de Assistência Social da Marinha (DASM) apontaram a liderança como um fator crítico para a determinação dos níveis de satisfação dos militares, evidenciando a importância do papel do líder. Cabe destacar que o papel do líder se revela, ainda, estreitamente relacionado ao “clima” das Organizações Militares (OM), entendido como a forma como os militares se sentem em seu ambiente de trabalho. As atitudes do líder, consideradas como exemplo, espelham suas emoções, tornando-o grande decodificador dos acontecimentos, fornecendo aos subordinados uma maneira de interpretar e reagir a cada situação. Cabe, portanto, ao líder gerenciar significados para o grupo de seus subordinados (NOBRE, 2008). Observa-se o que o líder deve saber, ser e fazer, além de interagir com o grupo e com a situação. São os fatores que criam e sustentam a credibilidade do líder militar”. (BRASIL, 2011, p.3-3). O conceito está atrelado aos fatores de senso moral, atitude adequada e proficiência profissional os quais dão credibilidade e alicercearão a confiança do subordinado na figura do líder, independente das dificuldades encontradas nesse ambiente incerto das operações urbanas. Como é sabido, as instituições militares são responsáveis pela segurança externa e interna do País, extraindo suas atribuições da própria Constituição Federal, que prevê: Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pela Aeronaútica e pelo Exército, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes-constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. Assim, para manter a unidade de seu povo e de seu território sob uma ordem pacífica e justa, tal a sua relevante missão constitucional, há a necessidade de hierarquizá-la, formando uma pirâmide quanto ao comando, regendo o escalão superior todos os inferiores, observando os princípios basilares da hierarquia e da disciplina. Insta salientar que, desses princípios decorrem os seguintes efeitos: poder de comando dos agentes superiores em relação aos seus subordinados; dever de obediência do subordinado para com o superior, cabendo-lhes executar as tarefas em conformodidade com as determinações. Tais ocorrências são pressupostos para que ocorram condutas autoritárias por parte dos superiores, após o longo estudo sobre a importância da liderança nas instituições militares, veremos como esse poder é aplicado e seus efeitos junto aos subordinados. 2.4 EFEITOS DA LIDERANÇA AUTOCRÁTICA NAS ENTIDADES MILITARES Confome visto anteriormente, observa-se que a liderança é fator primordial para a condução dos militares para consecução dos objetivos comuns. O sucesso de um exército está diretamente atrelado ao cumprimento de suas missões por seus quadros. Assim, os líderes têm papel de extrema importância, tendo em vista que, além de serem objeto das maiores responsabilidades e expectativas, representam a organização frente aos liderados e os direcionam com vistas aos objetivos organizacionais. Vale ressaltar que a motivação, entendida como disposição para assumir responsabilidades, envolvimento, entrega e paixão por aquilo que se faz, é um requisito do perfil do líder que perpassa por todos os tempos e situações. Como destaca Nobre (2006, p. 15), “Principalmente em tempos de crise, torna-se fundamental contar com líderes que tenham uma visão de futuro e energia suficiente para persegui-la, arrastando por contágio seus subordinados”. Portanto, para um desempenho eficaz, o líder necessita conhecer suas capacidades, características e limitações, com a finalidade de evitar julgamentos imprecisos em relação aos seus subordinados. Deve, também, ter o conhecimento das necessidades, emoções e motivações de seus liderados, considerado fator essencial para o exercício da liderança. Diante de tamanha responsabilidade, cabe ao líder identificar a melhor forma de conduzir sua equipe, através dos diversos estilos de liderança. Embora não seja o único estilo de liderança aplicado nas instituições militares, em diversos momentos, a liderança autocrática se manifesta. A partir da vivência em estágio profissional, tornou-se possível verificar que este é o principal estilo de liderança utilizado nas instituições militares. Verifica-se que, em determinados momentos tal estilo de liderança é adequado, principalmente diante das responsabilidades inerentes a tais instituições. Porém, um dos principais problemas desse estilo de liderança encontra-se no sentimento que é desenvolvido no subordinado e nas consequências trazidas para a sua vivência profissional. Enquanto deveria ser desenvolvido o respeito e a admiração, surgem medo e desmotivação. O EMA-137 (BRASIL, 2013) destaca que o líder deve saber empregar estilos diferentes em situações distintas. De acordo com a referida Doutrina, o estilo de liderança transformacional seria o estilo indicado para situações de pressão, crise e mudança. Nesse sentido, constitui-se instrumento adequado para o líder empregar no atual cenário. Ressalta-se que, na liderança transformacional, há um engajamento entre líderes e seguidores, que se comprometem com ideais e objetivos de elevado nível, alcançando, mutuamente, altos níveis de motivação e moral. O líder transformacional não só reconhece as necessidades dos seus subordinados, mas também procura desenvolvê-las, objetivando um maior grau de maturidade (NOBRE, 2006). A destinação constitucional e a cultura organizacional das Forças Armadas, a natureza e as especificidades da profissão militar sugerem que certos traços de personalidade se tornem desejáveis nos líderes militares. Além disso, o grande cerne da questão é a linha tênue entre a autocracia e o abuso de poder. Por diversas vezes, em decorrência dos efeitos tratados anteriormente, tal estilo de liderança se materializa em atos totalmente nocivos, com o emprego de hostilidade, desrespeito moral e até físico, atos agressivos, coerção, situações vexatórias e humilhantes. Como bem observou Hely Lopes Meirelles, o uso do poder é prerrogativa da autoridade. Mas o poder há de ser usado normalmente, sem abuso. Usar normalmente do poder é empregá-lo segundo as normas legais, a moral da instituição,a finalidade do ato e as exigências do interesse público. Abusar do poder é empregá-lo fora da lei, sem utilidade pública . Podemos analisar inúmeros casos em que restou comprovado o abuso de poder e o autoritarismo por parte de superiores. Em um caso no Estado do Rio de Janeiro, um aspirante da Marinha perdeu sua vida, após ser submetido mais de uma vez a um treinamento excessivo, sem o uso de máscara em um ambiente com gás tóxico. Um dos colegas de turma disse que o aspirante não encontrava a saída, por estar escuro e foi obrigado a retornar por três vezes. Jean Caleb faleceu por intoxicação.1 Outro caso de enorme repercussão, ocorreu em 2017, onde em claro exercício da autocracia, militares submeteram um grupo de sargentos recém chegados na instituição a inúmeros abusos e maus tratos, sob a égide da necessidade de adequação ao corpo militar2. Desta forma, tem-se a necessidade de reflexão quanto ao estilo de liderança utilizado, sua adequação e necessidade. Tal reflexão deve resultar na censura de tais comportamentos, deflagrados por práticas deletérias nas instituições militares. O estilo de liderança a ser aplicado deve ser o mais eficiente e o que melhor reflita os objetivos da instiuição sem perversão, desmotivação ou qualquer outro sentimento que não corrobore a missão institucional. 1 Disponível em <http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/05/aspirante-da-marinha-morre-apospassar- mal-em-treinamento-no-rio.html >. Consulta em 20/06/2020. 2 Disponível em <https://www.stm.jus.br/informacao/agencia-de-noticias/item/7499-militares-sao-condena- dos-por-maus-tratos-em-exercicio-de-treinamento> Acesso em 09/11/2020
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