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GINÁSTICA PROFESSORES Dr. Antonio Carlos Monteiro de Miranda Me. Fernanda Soares Nakashima GINÁSTICA 2 DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva de Ensino Janes Fidélis Tomelin Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho, Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha, Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Polos Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento Alessandra Baron, Gerência de projetos especiais Daniel F. Hey, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecilia Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Humberto Garcia da Silva, Designer Educacional Ana Claudia Salvadego, Qualidade Textual Hellyery Agda, Revisão Textual Danielle Loddi e Daniela Ferreira dos Santos, Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock. C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; MIRANDA, Antonio Carlos Monteiro de; NAKASHIMA, Fernanda Soares. Ginástica. Antonio Carlos Monteiro de Miranda. Fernanda Soares Nakashima. Maringá - PR.:UniCesumar, 2018 (Reimpressão). 250 p. “Graduação em Educação Física - EaD”. 1. Ginástica. 2. Elementos Corporais. 3. Educação Física. I. Título. ISBN 978-85-459-0483-0 CDD - 22ª Ed. 613.7 CIP - NBR 12899 - AACR/2 NEAD Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! boas-vindas Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Willian V. K. de Matos Silva Pró-Reitor da Unicesumar EaD boas-vindas Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. Janes Fidélis Tomelin Diretoria Executiva de Ensino Kátia Solange Coelho Diretoria Operacional de Ensino Professor Doutor Antonio Carlos Monteiro de Miranda Doutor e Mestre em Educação Física pelo Programa de pós-graduação em Educação Física UEM/UEL na área de Concentração de Práticas Sociais em Educação Física. Graduação em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá. É professor adjunto da Universi- dade Estadual de Maringá na área da Ginástica, atuando nos cursos de Educação Física e Artes Cênicas. Pesquisador nas áreas de ginástica, escola, teatro, atividades circenses e cultura. Autor do livro “Clown e corpo sensível: diálogos com aEducação Física”, lançado em 2016 pela editora Appris. Professora Mestre Fernanda Soares Nakashima Mestre em Educação Física pelo Programa de pós-graduação associado UEM/UEL na linha Fatores Psicossociais e Comportamentais Relacionados ao Exercício Físico e ao Esporte. Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá (2004), especialização em ginástica rítmica pela Universidade do Norte do Paraná (2006). Tem experiência na área de Educação Física, atuando principalmente nos seguintes temas: iniciação desportiva, ginástica geral, ginástica rítmica e tecido acrobático. Professora do Departamento de Educação Física do Unicesumar na disciplina Estágio Supervisionado. Atuou como professora assistente do Departamento de Educação Física na Universidade Estadual de Maringá nas disciplinas: Ginástica, Ginástica Escolar e Fundamentos de Rítmica e Dança e, no curso de Artes Cênicas, na disciplina Técnicas Circenses. autores apresentação do material Ginástica Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Preparamos esse material com o intuito de levar a ginástica até você. Talvez nesse momento você conheça ou se lembre apenas das gi- násticas de academia ou daquelas que passam na televisão nas competições de jogos olímpicos ou eventos nacionais ou internacionais. Isso já é um começo, porém a partir dos estudos sobre essa modalidade você perceberá que existem muitas outras formas de ginástica e muitas características específicas em cada uma delas. Nosso papel é levar você a aprender sobre essa área de conhecimento para que depois possa compartilhar toda essa aprendizagem com seus futuros alunos. Veja que interessante, você terá a possibilidade de ensinar algo novo para seus alunos e ainda transformar suas vidas, fazendo com que eles se desenvolvam como sujeitos, aprendam a trabalhar coletivamente, respeitem as diferenças e, acima de tudo, conhe- çam e valorizem o seu trabalho como professor(a). Vamos encarar esse desafio juntos? Para isso é importante que você observe ao máximo todo conhecimento que adquirimos com nossas experiências e estamos dividindo com você. Aproveite esse momento de formação para aprender o quanto pode e, depois, seu papel será passar isso adiante. Muito bem! Recados dados, vamos falar sobre como esse livro está dividido. Para facilitar a sua aprendizagem, ele contém cinco unidades: A unidade I, intitulada “Gi- nástica: da sua origem ao cenário atual”, retrata o trajeto histórico da ginástica desde sua origem, seus altos e baixos até os dias de hoje; na unidade II, “Elementos corpo- rais da ginástica”, aprenderemos os princípios básicos da ginástica, os mais simples, além de informações sobre como desenvolver as aulas práticas junto aos seus alunos nos diferentes espaços de atuação; depois disso, vamos para a unidade III, na qual estudaremos as ginásticas que são competitivas e olímpicas, seus aspectos históricos e suas características; na unidade IV, conheceremos a ginástica acrobática, que se caracteriza por ser competitiva e não olímpica, e aprenderemos como fazer e como ensinar as diferentes acrobacias existentes na ginástica. É nessa unidade que vamos aprender a fazer estrelinha (roda) e a cambalhota (rolamento). E, por fim, mas não menos importante, temos a unidade V, na qual vamos estudar sobre a “Ginástica para Todos, as Atividades Circenses e a construção de materiais alternativos”. Ufa! Vê quanta coisa vamos aprender juntos? Por isso, prepare-se e vamos a uma viagem no universo da ginástica. Um grande abraço e um ótimo curso! sumário UNIDADE I GINÁSTICA: DA SUA ORIGEM AO CENÁRIO ATUAL 14 Abordagens Históricas e Culturais da Ginástica 25 O Universo da Ginástica e os Campos de Atuação 30 A Organização da Ginástica na Atualidade UNIDADE II ELEMENTOS CORPORAIS DA GINÁSTICA 46 Princípios Básicos Para a Realização das Aulas de Ginástica 55 Elementos Constitutivos da Ginástica 57 Elementos Corporais com Deslocamento 69 Elementos Corporais sem Deslocamento UNIDADE III GINÁSTICAS COMPETITIVAS (OLÍMPICAS) 86 Evolução Histórica da Ginástica Artística 90 Características da Ginástica Artística 91 Aparelhos da Ginástica Artística 100 Evolução Histórica da Ginástica Rítmica 106 Características da Ginástica Rítmica 109 Elementos Corporais e Manejo de Aparelhos da Ginástica Rítmica UNIDADE IV A GINÁSTICA ACROBÁTICA E OS ELEMENTOS TÉCNICOS E PEDAGÓGICOS DOS MOVIMENTOS GÍMNICOS 170 Ginástica Acrobática: Evolução Histórica 173 Características da Ginástica Acrobática 180 Elementos Técnicos e Pedagógicos dos Movi- mentos Gímnicos UNIDADE V GINÁSTICA PARA TODOS; ATIVIDADES CIRCENSES E MATERIAIS ALTERNATIVOS 202 Características e Princípios Filosófi cos da Ginástica para Todos 208 Aspectos Históricos Sobre o Circo Como Man- ifestação Artística 213 os conteúdos de circo e sua aplicação nos diferentes contextos 225 Possibilidades de Confecção de Materiais Al- ternativos na Ginástica e Atividades Circenses 250 Conclusão Geral Prof. Dr. Antonio Carlos Monteiro de Miranda Prof.ª Me. Fernanda Soares Nakashima Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Abordagens históricas e culturais da Ginástica • A sistematização da Ginástica: Escolas Francesa, Alemã, Inglesa e Nórdica (ou Sueca) • O Universo da Ginástica e os campos de atuação • A organização da Ginástica na atualidade Objetivos de Aprendizagem • Conhecer a história da Ginástica por meio de um resgate às origens do exercício físico. • Compreender a evolução desta manifestação de acordo com as diferentes culturas e sociedades, da Pré-história ao Renascimento. • Identifi car a sistematização da Ginástica a partir do século XIX por meio das Escolas Ginásticas europeias. • Localizar o Universo da Ginástica e seus diferentes campos de atuação na atualidade. • Descrever a organização da Ginástica por meio das diferentes instituições internacionais e nacionais que a regulamentam. GINÁSTICA: DA SUA ORIGEM AO CENÁRIO ATUAL I unidade INTRODUÇÃO Olá, seja bem-vindo(a)! Quando falamos de Ginástica o que vem em sua mente? As atividades que vemos nas academias, como a Ginás-tica Localizada, a Musculação, o Step o Jumping? Ou então, pode ser que você se lembre de modalidades olímpicas, como a Ginástica Artística ou a Rítmica. Pode ser até que você pense em Pilates ou Yoga. Você não estaria errado em relacionar qualquer uma dessas atividades com ginástica, mas já refletiu sobre como surgiram essas práticas? Como elas passaram a acontecer com mais frequência em diferentes espaços? Será que estas atividades sempre tiveram as características e objetivos que apresentam hoje? Você conseguirá res- ponder a estas questões ao final desta unidade, constituída de 4 tópicos. No primeiro tópico, vamos conhecer a origem da ginástica e sua evolução, considerando os aspectos culturais que permearam esta manifestação corporal e que a fizeram se desenvolver. No segundo tópico, vamos compreender o pro- cesso de sistematização da Ginástica a partir das chamadas Escolas Ginásticas do século XIX, que foram precursoras das diversas modalidades e atividades que conhecemos atualmente. No terceiro tópico, vamos identificar o universo da ginástica e seus diferentes campos de atuação na atualidade, com o intuito de perceber quais são os espaços nos quais as práticas ginásticas acontecem. No quarto tópico, vamos identificar a sistematização da Ginástica pelas diferentes instituições internacionais e nacionais, almejando compreender como a mes- ma é organizada mundialmente. Os assuntos abordados nesta unidade permitirão uma aproximação com o contexto ginástico, no sentido de proporcionar a você, futuro(a) professor(a), uma aprendizagem que lhe dê subsídios para trabalhar este conteúdo nos diferentesespaços com consistência e capacidade crítica, de forma que esta manifestação da cultura corporal de movimento faça parte das suas aulas não apenas como uma atividade prática sem refle- xão, ou nos inícios das aulas como alongamento, mas sim como um co- nhecimento construído historicamente pelo homem que merece fazer parte da formação de seus alunos. GINÁSTICA 14 Neste tópico, vamos examinar o contexto histó- rico da Ginástica, compreendendo sua evolução por meio dos exercícios físicos da Pré-História até o Renascimento. Se entendermos a Ginástica como uma ativida- de em que o homem se movimenta realizando dife- rentes ações como correr, saltar, agachar-se, levan- tar-se, arremessar, pendurar-se, rolar, entre outras, poderemos perceber que desde os primórdios da humanidade esta atividade física acompanha o vi- ver do ser humano. No caso dos nossos ancestrais, Abordagens Históricas e Culturais da Ginástica Figura 1 - Registros das atividades físicas do homem primitivo a sobrevivência por meio da caça, da capacidade de fugir dos predadores, o seu nomadismo por entre as florestas, causavam a necessidade de se movimentar de diversas formas, fazendo com que estes se desen- volvessem corporalmente. Conforme afirmam Lan- glade e Langlade (1970) e também Souza (1997), por meio de jogos, rituais e festividades pré-históricas, acontecia a transmissão deste repertório motor de uma geração a outra que, mesmo rudimentar, tinha caráter utilitário. EDUCAÇÃO FÍSICA 15 Dessa forma, ao longo da história, veremos que a Ginástica, aqui entendida como todo e qualquer exercício físico praticado pelo homem, assume dife- rentes formas de ser realizada e desenvolve caracte- rísticas de acordo com os objetivos do homem e da sociedade na qual este estava inserido. Segundo Ramos (1982), na Antiguidade pode- mos observar que, no oriente, os exercícios físicos se manifestavam por meio de diferentes atividades. Os egípcios praticavam a luta livre, o boxe, esgrima, na- tação e remo; os assírios e babilônicos desenvolviam práticas de caráter utilitário focadas em força, agili- dade e resistência. Ainda de acordo com o mesmo autor, os hititas priorizavam o treinamento hípico, tornando-se exímios cavaleiros. As atividades físicas como meio de preparação para a vida e de cunho ritualístico eram priorizadas na Pérsia, Índia, Chi- na e no Japão. Jogos, cultos, recreação e preparação guerreira eram as práticas corporais dos indígenas do novo mundo. Figura 2 - Registros - exercício físico no Egito Antigo Figura 3 - Indígenas e o exercício físico Fonte: Wikimedia (2014, on-line)1. GINÁSTICA 16 Ainda na Antiguidade, no período Clássico da ci- vilização ocidental, na Grécia, o exercício físico se estabelecia em práticas esportivas, com a realização dos Jogos Olímpicos, com grande influência mitoló- gica e do ideal de beleza. Neste contexto destacam- -se duas vertentes: Atenas e Esparta. Confome afir- ma Ramos (1982), em Atenas os exercícios físicos buscavam a formação do cidadão integral, dotado de educação corporal, composta pela eficiência edu- cacional, fisiológica, moral e estética. Já em Esparta focavam a preparação militar, disciplina cívica, en- durecimento do corpo, energia física e espiritual. importantes para a preparação militar, objetivando a defesa e conquista de territórios no período mo- nárquico. As práticas de atividades desportivas (cor- ridas de bigas e combates de gladiadores) e higiêni- cas eram também valorizadas. No tempo do Império houve uma decadência do caráter bélico, fazendo com que os combates de gladiadores e corridas de biga emergissem juntamente com os espetáculos cir- censes, como forma de entretenimento. Figura 4 - Exercícios físicos na Grécia Ainda de acordo com Ramos (1982) e também de Souza (1997), em Roma o espírito prático e utilitário fundamentava os exercícios corporais, sendo estes Figura 5 - Corridas de biga - Roma Antiga Na Idade Média, com o domínio da Igreja, a pre- paração militar tinha como foco as Cruzadas. Práticas como esgrima, equitação, manejo de arco e flecha, luta, escalada, marcha, corrida e salto fa- ziam parte do repertório de treinamento dos sol- dados. Os nobres participavam de competições de esgrima e equitação nos torneios e justas, bus- cando “enobrecer o homem e fazê-lo forte e apto” (RAMOS, 1982, p. 23). Exercícios naturais, como jogos simples e de caça e pesca, também eram praticados nesse período. EDUCAÇÃO FÍSICA 17 res relatam que as escolas renascentistas fizeram surgir uma nova tendência para a educação física, considerando-a como parte da educação, incluin- do nos seus programas atividades como equitação, corridas, saltos, esgrimas, jogos com bola entre outros, as quais eram praticadas todos os dias pe- los alunos ao ar livre. Os renascentistas foram influenciados pelos ide- ais gregos. Na Grécia Antiga, todas as formas de exe- cício físico eram chamadas de Ginástica. Na Idade Moderna, então, o exercício físico se afirma como componente da educação. Tal cenário é evidenciado por Souza (1997), ao tratar que: O exercício físico na Idade Moderna, conside- rada simbolicamente a partir de 1453, quando da tomada de Constantinopla pelos turcos, pas- sou a ser altamente valorizado como agente de educação. Vários estudiosos da época, entre eles inúmeros pedagogos, contribuíram para a evo- lução do conhecimento da Educação Física com a publicação de obras relacionadas à pedagogia, à fisiologia e à técnica (SOUZA, 1997, p. 22). Mas quando foi então que a Ginástica passou a ter as características que a tornaram tal qual a conhecemos hoje? Para entender esse processo, remetemos-nos ao século XIX, o qual será abordado no tópico dois. Figura 6 - Idade média - preparação para as Cruzadas Conforme afirmam Langlade e Langlade (1970), o período do Renascimento foi marcado por uma nova forma de pensar os exercícios físicos, fazen- do ascender uma nova filosofia com respeito ao corpo e seus cuidados. Ainda, os mesmos auto- Vimos que ao longo da história a ginástica e os exercícios físicos foram praticados com diferentes objetivos. E hoje? O que você pensa ser o fator motivador dos praticantes? REFLITA GINÁSTICA 18 A Sistematização da Ginástica: Escolas Francesa, Alemã, Inglesa e Nórdica (ou Sueca) Olá, prezado(a) aluno(a)! Esperamos que, por meio do primeiro tópico, você tenha conhecido um pouco sobre como a Ginástica se desenvolveu em diferen- tes momentos históricos da humanidade. Neste se- gundo tópico, trabalharemos com a sistematização da Ginástica a partir do século XIX por meio das Escolas Ginásticas Europeias, as quais nos ajudarão a entender como a Ginástica que conhecemos hoje se constituiu. Langlade & Langlade (1970) relatam que o iní- cio do século XIX é o período considerado como data da origem da atual Ginástica. De 1800 a 1900 surge o Movimento Ginástico Europeu, compos- to por quatro Escolas: Inglesa, Alemã, Francesa e Nórdica (ou Sueca). Os mesmos autores descrevem que o método ou escola inglesa, também denomina- do de movimento esportivo inglês, pelo seu caráter competitivo, é um dos métodos mais conhecidos e difundidos mundialmente. Ele não tem influência direta no campo da ginástica, mas apresenta con- tribuições, sobretudo, quanto à universalização de conceitos e na promoção da ginástica como esporte olímpico. Suas bases estão assentadas nos jogos, na atividade atlética e no esporte. Afirmam Langlade e Langlade (1970) e também Soares (2002) que é por meio das Escolas Alemã, Francesa e Nórdica que podemos entender a siste- matização da ginástica, as quais serão tratadas a se- guir. De acordo com Soares (2002), este movimento tinha como princípios instituir ordem e disciplina, e contribuiupara afirmar a Ginástica como parte da educação dos indivíduos, sendo esta baseada na ci- ência, técnica e condições políticas que se consolida- vam na Europa do século XIX. A ESCOLA ALEMÃ Soares (2007) destaca que, por volta do ano de 1800, a Alemanha vivia um momento de busca pela união de seu território, e é nesse contexto político que surge a Escola Ginástica Alemã, inspirada nas ideias de Johann Bernard Basedow (1723-1790) e outros pedagogos como Johann Heinrich Pestalo- zzi (1746-1827) e Jean-Jacques Rousseau (1712- 1778). Soares (2007) ressalta que, a partir do qua- dro instaurado, a ideologia presente era a de que a unicidade territorial e a defesa da pátria só seriam garantidas a partir da criação de indivíduos de EDUCAÇÃO FÍSICA 19 espírito nacionalista, ou seja, homens e mulheres fortes, saudáveis e vigorosos. É nesse território de intensas lutas políticas carregadas de sentimento nacional que os pedagogos da Educação Física do século XIX viveram, em especial: Johann Christoph Friedrich Guts Muths (1759-1839), Friedrich Lu- dwig Jahn (1778-1852) e Adolf Spiess (1810-1858). O autor aponta também que, além de contribuírem para a formação de um Estado alemão, as lutas po- líticas, sociais e econômicas da Alemanha infl uen- ciaram para que também deixassem uma herança para o mundo da Educação Física, por meio de suas formas especiais de exercitação. Figura 7 - O Turner - a ginástica alemã Fonte: Wikipedia (2008, on-line)2. Basedow, ao criar seu Philanthropinum em 1774, es- cola fundada nas ideias de Rousseau, criou o primei- ro programa moderno de Educação Física a partir de exercícios de corrida, marcha, jogos, bola, pete- ca, natação, arco e fl echa etc. Em 1874, surge uma outra escola semelhante a essa, na qual Guts Muths assume aulas de ginástica, desenvolvendo, conforme afi rma Betti (1991), um novo método conhecido por “ginástica natural” ou “método natural”. Figura 8 - Praticantes de ginástica natural Fonte: Wikimedia (2014, on-line)3. Sendo assim, sob a infl uência de Guts Muths (1759- 1839), o “pai da ginástica pedagógica”, surge no iní- cio do século XIX a Escola Alemã, a qual marca, até os dias de hoje, importantes transformações na área da Educação Física e contribuições no campo da Ginástica. Soares (2007) afi rma que, para Guths Muths, a importância da fi siologia e da prática voltada à cons- tituição de cada indivíduo era um fator fundamental GINÁSTICA 20 na constituição da Ginástica na Alemanha. De acor- do com Tesche (2001), o trabalho de Guts Muths no ensino da Educação Física e da Ginástica fez dele um nome importante para a área. Seu conhecimento na área da filosofia, artes e ciências, além de suas habili- dades em trabalhos manuais e em ginástica, fez com que ele percebesse a importância e a necessidade da educação física ser praticada de acordo com as leis fisiológicas e conhecimentos de anatomia. O pedagogo Friederich Ludwing Jahn, conside- rado como a figura mais representativa da Escola Alemã, trouxe contribuições significativas. Afirmam os autores Marinho (1958) e Ramos (1982) que sua atividade política expressiva e seu destaque no con- texto social e educacional fizeram com que o siste- ma de Jahn se tornasse o preferido por mais de cem anos na Alemanha e em países influenciados por sua cultura. Nascido em Lanz, ele fundou uma ginástica patriótica, que tinha objetivo político nacionalista. De acordo com Soares (2007), a ginástica de Jahn ultrapassava o caráter da saúde e da moral, sendo o caráter militar bastante reforçado. Esta ginástica pre- conizava a preparação dos jovens para guerra e tam- bém carregava fortemente a ideologia higienista. Du- rante os exercícios físicos, Jahn utilizava obstáculos, os quais mais tarde foram chamados de “aparelhos de ginástica”. Com intuito de reforçar o patriotismo, Jahn substituiu a palavra gymnastik (ginástica) pela palavra alemã turnkunst, que significa “a arte da ginástica”. O turnkunst era praticado em local aberto e ar- borizado chamado Volkspark Hasenheide (parque do povo). O lugar contava com instalações para a prática dos exercícios e uma praça que servia de local para reuniões. Afirma Ramos (1982) que esse tipo de orga- nização foi construído em outros pontos do país, com intuito de incutir nos jovens o amor à Pátria, e sua preparação para o dissabor de uma possível guerra. Além do turnkunst, Jahn criou outros termos como: turnen (praticar ginástica), turner (prati- cante de ginástica ou ginasta), turnplatz (local de prática de ginástica), voltigieren (balançar, voltear), torner (lutar, brigar) e turntag (dia da ginástica). Fonte: os autores, baseados em Publio (2005). SAIBA MAIS Figura 9 - Ilustração da prática ginástica proposta por Jahn Fonte: Wikimedia (2015, on-line)4 e 5. De acordo com Ramos (1982) e Borrmann (1980), o Turnkunst foi considerado, mais tarde, como pe- rigoso ao Estado, devido à atitude revolucionária dos praticantes, sendo assim, interditado na Prús- sia e em outros países alemães, constituindo o que ficou conhecido como “bloqueio ginástico”. Jahn foi condenado à prisão em 1819, e quando absolvi- do teve de viver confinado em casa, sem poder es- tabelecer-se em nenhuma cidade universitária. Só mais tarde foi libertado e honrado pela atuação pa- EDUCAÇÃO FÍSICA 21 triótica. A interdição do método alemão aconteceu entre 1820-1942, contudo sua prática ainda acon- tecia de forma clandestina, em espaços fechados, permitindo que novos aparelhos e técnicas surgis- sem, contribuindo para a constituição da atual Gi- nástica Artística. Outro nome importante de ser citado em se tra- tando da Escola Alemã é o de Adolf Spiess que estu- dou em uma escola infl uenciado por Pestalozzi e lá entrou em contato com o sistema ginástico de Guts Muths. Afi rma Ramos (1982) que ele foi considera- do um continuador da obra de Muths e denominado “pai da ginástica escolar alemã”. Marinho (1958) destaca que Spiess foi considera- do um inovador e suas ideias trouxeram novos ares para a escola da época, sem falar do interesse dos es- tudantes pela prática da Educação Física. Os apare- lhos nas praças trouxeram um colorido para as esco- las da época, garantindo um lugar de destaque entre os educadores como um dos líderes da pedagogia na Educação Física por meio do ensino da Ginástica. Exaltou a ginástica de exibição, como importante re- curso no despertar pela prática pelos leigos e na aten- ção das autoridades. O autor ainda aponta que Spiess lutou pelo emprego de professores especialistas em número sufi ciente para as turmas, criando cursos destinados à formação de professores. No Brasil, o método alemão de ginástica foi considerado ofi cial do exército brasileiro de 1860 até 1912, quando foi substituído pelo método da Escola Francesa. ESCOLA NÓRDICA/SUECA A Escola Nórdica/Sueca abrange um estudo das ati- vidades físicas na Suécia, Dinamarca, Finlândia, Noruega, Islândia e Estônia-Letônia. O proponente desse método é Pehr Henrik Ling (1776-1839), que desenvolveu uma ginástica impregnada de naciona- lismo e destinada a regenerar o povo, tornando os ho- mens capazes de preservar a paz na Suécia. Esta havia sido arrasada pelo imperialismo russo e guerras na- poleônicas, além de ter sofrido com a tuberculose e raquitismo. Afi rmam os autores Langlade e Langlade (1970) e Ramos (1982) que se buscava por meio da Ginástica extirpar os vícios da sociedade, dentre os quais o alcoolismo, a fi m de criar indivíduos fortes e saudáveis, necessários à produção da pátria. Figura 10 - Aula de ginástica sueca Fonte: Gymnastik (MALMO, on-line)6. GINÁSTICA 22 Sendo assim, conforme afi rma Ramos (1982), o método de Ling se baseava na ciência, a partir de uma análise anatômica do corpo, e a práticada Gi- nástica deveria ser dividida em 4 partes: Ginástica Pedagógica ou Educativa; Ginástica Militar; Gi- nástica Médica e Ortopédica; e Ginástica Estética, tornado evidente o caráter médico-higiênico e a anatomofi siológico. Como princípios fundamentais da proposta de Ling, podemos especifi car: 1. Os movimentos ginásticos devem se base- ar nas necessidades e nas leis do organismo humano, escolhendo as formas mais efi cazes, segundo certas regras, sem esquecer as exi- gências da beleza. 2. A ginástica deve desenvolver harmonica- mente o corpo, atuando sobre as suas dife- rentes partes, dentro das possibilidades de cada praticante. 3. Para efeito de controle, todo movimento ne- cessita ter uma forma determinada, isto é, uma posição de partida, certo desenvolvi- mento e uma posição fi nal. 4. Os exercícios empregados na ginástica peda- gógica devem ser convenientemente selecio- nados, tendo em vista exercer o efeito corre- tivo sobre a atitude. Além do mais, precisam ser simples e atraentes. 5. A ginástica deve desenvolver gradualmente o corpo por meio de exercícios de intensidade e difi culdade crescentes, levando em conta a capacidade do praticante. 6. A ginástica visa tanto ao corpo como ao espí- rito, de tal maneira que sua prática seja sem- pre acompanhada de prazer. 7. A ginástica precisa sempre combinar a teoria com a prática. 8. A saúde é necessária aos dois sexos, possivel- mente mais à mulher, porque sua vida dará origem à outra. Segundo Ramos (1982): Em 1808, sob a infl uência de Ling, deu a Suécia os primeiros passos para o estabelecimento da gi- nástica escolar. O regulamento da época determi- nou que em todos os centros de educação, fossem criadas condições favoráveis para a prática de exercícios de escalada, saltos, acrobacias, natação e etc., sob a direção de um monitor e durante as horas de liberdade (RAMOS, 1982, p. 198). A partir daí, a Ginástica tornou-se obrigatória nas escolas, e o jovem somente poderia ser dispensado caso este demonstrasse ser inapto para a prática de atividades físicas. Figura 11 - Apresentação de ginástica sueca Fonte: Wikimedia (2014, on-line)7. Ling buscava, por meio dos seus princípios, criar diferentes exercícios concebendo-os dentro de uma base anatômica e fi siológica. Sua proposta preco- nizava ordem militar, cantos alegres e disciplina, priorizando exercícios livres, sem aparelhos, cuja execução era em conjunto de maneira fácil e esté- tica que permitia uma prática generalizada. Afi rma Ramos (1982) que alguns exercícios mais dinâmicos também foram desenvolvidos, como natação, jogos ginásticos, patinação e esgrima. EDUCAÇÃO FÍSICA 23 De acordo com Langlade e Langlade (1970) e Soares (2007), no Brasil este método foi divulgado por Rui Barbosa (1849-1923), por se relacionar com a medicina e com a ciência. A ESCOLA FRANCESA Na França a Ginástica integra a ideia de uma edu- cação voltada para o desenvolvimento social, sen- do necessários homens completos, sendo orientada tanto para militares quanto para toda a população no intuito de criar o “homem universal”. Desenvolvida na metade do século XIX, a Ginás- tica Francesa, baseada nas ideias dos alemães Jahn e Guts Muths, tinha forte traço moral e patriótico, preocupando-se com o corpo anatomofi siológico. Seu fundador foi o espanhol Francisco de Amorós y Ondeano (1770-1848), e para ele a Ginástica de- senvolveria homens mais corajosos, intrépidos, in- teligentes, sensíveis, fortes, habilidosos, adestrados, velozes, fl exíveis e ágeis, características necessárias para enfrentar todas as difi culdades assinaladas pelo Estado e pela sociedade. Para isso, Amorós criou um método de ginástica próximo ao de Ling, na Suécia (1776-1839). O método de Amorós, a partir de 1850, integra todas as escolas da França. Por valorizar o caráter científi co, seu trabalho auxiliou no desenvolvimento de estudos no ramo da biologia, fi siologia e médicos envolvidos com discussões sobre os exercícios físi- cos. De acordo com Ramos, este método “admitia três tipos de ginástica: civil, militar e médica (RA- MOS, 1982, p. 219). A ginástica amorosiana era composta por um conjunto de dezessete séries: exercícios de marchar, trepar (inclusive trabalho no trapézio), equilibrar, saltar, levantar e transportar, correr, lançar, nadar, mergulhar, escorregar, patinar, esgrimar, dançar, utilizar o cavalo, praticar o tiro, jogar bola, boxear com os punhos e com os pés, entre outros movimen- tos. Ramos (1982) afi rma que a forma de desenvol- vimento destas atividades tinha semelhança com o atual Circuit training. Figura 12 - Livro escrito por Amóros - Ginástica e moral Fonte: Wikipedia (2014, on-line)8. A fi gura do pedagogo e cientista Georges Demenÿ (1850-1917) é de destaque quando se trata da Edu- cação Física que primava pela ciência e não pelo em- pirismo. Para ele, a Educação Física era o conjunto de meios voltados a ensinar o homem a executar qualquer trabalho físico com o máximo de econo- mia de esforço no emprego de força. Afi rmam os autores Langlade e Langlade (1970), Ramos (1982) e Soares (2007) que Demenÿ preocupou-se com os exercícios destinados à mulher, desenvolvendo estu- dos sobre movimento arredondado, contínuo e com ritmo, e que foi a infl uência da dança que o levou a trabalhar com a ginástica feminina. Outro precursor da Escola Francesa foi Georges Hébert (1875-1957), ofi cial da Marinha que criou o chamado Método Natural que foi desenvolvido a partir das viagens feitas por Hébert a lugares pouco GINÁSTICA 24 civilizados, principalmente na região de Orenoco e nos mares do Sul (Oceania). Por meio de observação dos nativos, Hébert percebeu que estes desfrutavam de excelente saúde, postura e elevado grau de robus- tês. Além disso, ao estudar civilizações primitivas, verificou que a vida ao ar livre e a relação com a na- tureza proporcionavam ao homem perfeitas condi- ções físicas mediante as constantes atividades na luta pela existência. De acordo com Ramos (1982), os exercícios naturais propostos por Hébert baseavam- -se em marchar, correr, saltar, quadrupedar, trepar, equilibrar, levantar, lançar, defender-se e nadar. MOVIMENTOS DO SÉCULO XX Cem anos depois do advento das Escolas Ginás- ticas, ou seja, a partir do século XX, surgem três grandes movimentos como resposta a um fenô- meno social e uma urgente necessidade de modi- ficações e significações das primeiras formas gi- násticas, em especial das Escolas Alemã, Sueca e Francesa. Conforme afirmam Langlade e Langlade (1970), esses movimentos são: Quadro 01 - Sistematização dos movimentos do Sé- culo XX Movimento do Centro Movimento do Norte Movimento do Oeste Escola Alemã Escola Sueca Escola Francesa Manifestação artístico-rítmi- co-pedagógica Manifestação científica e téc- nico-pedagógica Manifestação científica e téc- nico-pedagógica Fonte: adaptado de Langlade e Langlade (1970). O Movimento do Centro teve uma grande influên- cia de Émile Jaques Dalcroze (1865-1950), que criou em seu conservatório musical, em Genebra, uma metodologia de educação musical por meio dos movimentos corporais, que desenvolvia o ritmo, os sentidos e a expressividade. Seu método sempre se relacionou com os procedimento técnicos-metodo- lógicos da cultura rítmico-musical e influenciou o surgimento da chamada ginástica moderna, voltada para as mulheres, criada por Rudolf Bode (1881- 1970), com contribuições de Jean Georges Noverre (1727-1810) e François Delsarte (1811-1881). Conforme afirmam Langlade e Langlade (1970), o movimento do norte é composto pela Escola Sueca (ou Nórdica) e se deu no período de 1914 a 1918, momento que começa a ter como foco as ideias de Ling a partir de outras perspectivas. De maneirage- ral, as contribuições ao campo prático se referiam mais à técnica de construção e execução dos movi- mentos em si do que desenvolvê-los em uma pers- pectiva doutrinária. Os mesmos autores ressaltam que o movimento do oeste teve características seme- lhantes ao do norte, manifestando-se nos campos da ciência e no foco técnico-pedagógico. Esses movimentos, ao geraram um repensar so- bre os conceitos das Escolas europeias, foram im- portantes para a evolução e aparecimento das dife- rentes manifestações gímnicas que se constituem na atualidade. A partir destes é que foram surgindo as primeiras regulamentações das ginásticas e subdivi- sões das diferentes modalidades. Hoje, assistimos à excelência da Ginástica nos campeonatos nacionais e internacionais e, quando fazemos uma retrospectiva dessa manifestação, con- seguimos perceber como as mudanças sociais, cultu- rais e históricas ao longo dos tempos têm contribuído para que esta adquirisse significado na história do homem. É nesse sentido que as reflexões devem se encaminhar, para que se entenda de forma dialética a ação do homem sobre seu meio e sua transformação. EDUCAÇÃO FÍSICA 25 Prezado(a) aluno(a), neste tópico iremos esclarecer como o Universo da Ginás- tica e seus diferentes campos de atuação se estruturam na atualidade. Por isso, perguntamos a você: caso tenha que classificar as diferentes ginásticas que já viu, seja na televisão, na academia, na escola, em centros de treinamento ou até em espaços públicos, que elementos você levaria em consideração para realizar esta tarefa? Saberia reconhecer nas manifestações gímnicas aspectos que pudessem estabelecer classes distintas? Pensando sobre isto, Souza (1997) estabeleceu uma organização para as áreas de atuação da Ginástica, sistematizando-as em cinco campos, conforme mostra a Figura 14. Figura 14: Campos de atuação da Ginástica GINÁSTICA DE CONDICIONAMENTO FÍSICO DE CONSCIENTIZAÇÃO CORPORAL DE COMPETIÇÃO FISIOTERÁPICAS DE DEMONSTRAÇÃO Musculação Localizada Aeróbica Treinamento funcional Step Zumba etc. Eutonia Feldenkrais Yoga Bioenergética Anti-ginástica Tai Chi Chuan etc. Ginástica Artística (Masculina e Feminina) Ginástica Rítmica Ginástica Aeróbica Ginástica Acrobática Trampolim Roda Ginástica Tumbling Rope Skipping etc. Redução Postural Global (RPG) Cinesioterapia Isostretching etc. Ginástica para todos Fonte: Adaptado de: Souza (1997). O Universo da Ginástica e os Campos de Atuação GINÁSTICA 26 GINÁSTICA Conforme afi rma Souza (1997), as ginásticas de con- dicionamento físico são as modalidades mais conheci- das. São vistas normalmente nas academias por meio das atividades que visam ao desenvolvimento das di- ferentes capacidades físicas (força, fl exibilidade, resis- tência e velocidade). Sendo assim, estão relacionadas à manutenção da boa forma e do bom desempenho das funções orgânicas. Abrangem todas as modalidades que têm por objetivo a aquisição ou a manutenção da aptidão física do indivíduo normal e/ou atleta. Como exemplo podemos citar a localizada, aeróbica, body pump, body combat, musculação, step entre outras. EDUCAÇÃO FÍSICA 27 EDUCAÇÃO FÍSICA As ginásticas de competição reúnem todas as mo- dalidades competitivas, as quais vemos em eventos pela televisão, em campeonatos como os jogos pa- namericanos e jogos olímpicos, como a artística, a rítmica, a acrobática, a aeróbica, a de trampolim, entre outras. Estas sofreram infl uências das Escolas Ginásticas, surgidas no continente Europeu no sé- culo XIX, e sistematizaram-se de formas diferentes, como vimos nos tópicos anteriores. GINÁSTICA 28 As ginásticas fisioterápicas são as responsáveis pela uti- lização do exercício físico na prevenção ou tratamento de doenças. Dentre elas, podemos citar isostretching, re- educação postural global, cinesioterapia, entre outras. Essas modalidades possuem grande vínculo com o caráter médico que a ginástica ganhou a partir do século XIX. Para alguns autores como Fiorin (2002), as ginásticas fisioterápicas possuem vínculo com as técnicas orientais. Mesmo que nos séculos XIX e XX a Europa tenha servido como grande influência na ginástica, não podemos negar a forte aproximação existente entre esse tipo de ginástica e o oriente. De acordo com Souza (1992), as ginásticas de conscientização corporal reúnem as novas propostas de abordagem do corpo, também conhecidas por téc- nicas alternativas, ou ginásticas suaves. A grande maio- ria desses trabalhos teve origem na busca da solução de problemas físicos e posturais. Afirma Barbosa-Rinaldi (2010) que a chegada desse tipo de ginástica no Brasil é recente, por volta da década de 1970, inspirada em práticas milenares como yoga e tai-chi-chuan. Como exemplos temos a eutonia, o método feldenkrais, a bioenergética e a antiginástica - essa última se opõe ao corpo belo das ginásticas de academia, buscando a liberação dos padrões estabelecidos pela sociedade e priorizando a saúde relacionada ao bem-estar. O pilates poderia se enquadrar tanto como uma ginástica fisioterápica quanto de cons- cientização corporal, pois sua prática tem objetivos relacionados aos fins destes dois segmentos. Hoje, o pilates é uma área comum de atuação de fisioterapeutas e profissionais da educação física, cada um atuando de acor- do com as especificidades da sua formação. Fonte: os autores. SAIBA MAIS EDUCAÇÃO FÍSICA 29 Já a ginástica de demonstração tem como represen- tante a Ginástica Para Todos (GPT), antiga Ginásti- ca Geral (GG), cuja principal característica é a não competitividade, tendo como função a interação social, isto é, a formação integral do indivíduo nos Fonte: Maringá News (2015, on-line)9. A Ginástica para Todos (GPT), segundo Barbosa- -Rinaldi e Paoliello (2008), é um elemento da cul- tura corporal de movimento, podendo participar do processo de formação de indivíduos críticos e assumindo sua função educacional. A GPT é uma atividade gímnica inclusiva, da qual as pessoas po- dem participar independentemente de idade, gêne- ro, condição física ou técnica. Engloba várias mani- festações da ginástica, assim como outras formas de expressão corporal, como o teatro, o circo, a dan- ça etc. Sua prática, de caráter participativo, livre e seus aspectos motor, cognitivo, afetivo e social. A GPT engloba todas as modalidades gímnicas, desde que tenha somente caráter demonstrativo. A GPT é a única modalidade não competitiva reconhecida pela Federação Internacional de Ginástica (FIG). criativo, pode ser desenvolvida tanto na educação formal como na informal, abrindo possibilidade de novas e enriquecedoras experiências de movimento e expressão para aqueles que a ela tem acesso. Mediante essas classifi cações gímnicas apresenta- das e seus diferentes campos de atuação, é possível per- ceber o quanto é rico e amplo esse universo da ginástica na atualidade. Todavia, o mais importante é promover que esses conhecimentos cheguem até os alunos e que desafi os sejam postos, viabilizando novas abordagens gímnicas nos mais diversos espaços de intervenção. GINÁSTICA 30 Olá, aluno(a)! Chegamos ao último tópico dessa primeira unidade, e nele iremos descrever a or- ganização da Ginástica por meio das diferentes instituições internacionais e nacionais que a re- gulamentam. Se você já assistiu a uma ginástica de competição, seja ao vivo ou pela televisão, deve ter percebido que os atletas recebem notas pelo seu desempenho. Estas notas são dadas pelos árbitros que, baseados em um re- gulamento, atribuem valores aos exercícios apresenta- dos pelos ginastas. Mas quem, então, é responsável por formular estas regras que são válidas no mundo todo? Assim como em outrosesportes, por exemplo, o futebol, que possui a Fédération Internacionale de Football Association, mais conhecida por FIFA, ou o voleibol, que tem a Fédération Internacionale de Vol- leyball, a FIVB, a área da Ginástica possui também uma organização denominada Fédération Interna- cionale de Gymnastique, ou FIG. A Organização da Ginástica na Atualidade Em português, a Federação Internacional de Ginástica (FIG) tem como objetivo orientar, regu- lamentar, controlar, difundir e promover eventos na área. Segundo Souza (1997, p. 29), a FIG tem “[...] sua origem nas Federações Europeias de Gi- nástica (Fédérations Européennes de Gymnastique - FEG), estabelecidas em 23 de julho de 1881 em Bruxelas - Bélgica, com a participação da França, Bélgica e Holanda”. Em 1921 outros países passam a fazer parte da FEG, que passou então a se cha- mar FIG, com a participação de dezesseis federa- ções (países). Atualmente, a FIG regulamenta 6 modalidades competitivas (Ginástica Artística Masculina, Ginás- tica Artística Feminina, Ginástica Rítmica, Ginástica Aeróbica, Ginástica Acrobática e Trampolim, e uma modalidade não competitiva, somente demonstrati- va, que é a Ginástica Para Todos (antiga Ginástica Geral), conforme mostrado na Figura 14. EDUCAÇÃO FÍSICA 31 Dentre as modalidades competitivas, apenas qua- tro são olímpicas: a Ginástica Artística Masculina, a Ginástica Artística Feminina, a Ginástica Rítmica e o Trampolim. Para que uma modalidade seja in- cluída nos Jogos Olímpicos deve haver aprovação do Comitê Olímpico Internacional (COI), que analisa determinados requisitos para tal fim. Para controle da Ginástica em âmbito continental, existem a União Asiática de Ginástica, a União Pana- mericana de Ginástica, a União Europeia de Ginásti- ca e a União Africana de Ginástica. Estas Federações facilitam as relações entre as Confederações de cada país, a exemplo da Confederação Brasileira de Ginás- tica (CBG), responsável pela organização de competi- ções e eventos da ginástica no nosso país. Além disso, cada estado brasileiro possui a sua Federação, que se torna responsável pelo desenvolvimento das modali- dades gímnicas dentro da sua área de abrangência. Figura 14: Estrutura da Federação Internacional de Ginástica Fonte: Figura estruturada a partir do site da Federação Internacional de Ginástica (FIG, on-line)10. ESTRUTURA DA FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE GINÁSTICA Competitivas Ginástica Artística Masculina Ginástica Acrobática Trampolim Ginástica Rítmica Ginástica Aeróbica Ginástica Artística Feminina Demonstrativa Ginástica para todos ESTRUTURA DA FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE GINÁSTICA Competitivas Ginástica Artística Masculina Ginástica Acrobática Trampolim Ginástica Rítmica Ginástica Aeróbica Ginástica Artística Feminina Demonstrativa Ginástica para todos 32 considerações finais Nesta unidade, estudamos a origem da Ginástica, que surgiu atre-lada à história dos exercícios físicos. Vimos que, a cada momento histórico e em determinadas sociedades, a prática corporal estava relacionada ao contexto vivido pelos diferentes povos, possuindo assim objetivos distintos. No percurso de estudo fomos da Pré-história ao Re- nascimento para então chegarmos ao período do século XIX em que a ginástica é sistematizada pelas Escolas Europeias, as quais permitiram e contribuíram para que esta evoluísse e chegasse às modalidades que conhecemos hoje. A fim de compreender como os campos de atuação da área da Ginástica se apresentam hoje, tratamos sobre o Universo da Ginástica, que define 5 campos distintos, os quais foram brevemente descritos. Para complementar o entendi- mento de como a Ginástica se organiza na atualidade, falamos sobre a Federação Internacional de Ginástica (FIG), órgão máximo responsável pela área e as de- mais instituições continentais, nacionais e estaduais, bem como cada um desses elementos regulamentam e organizam a Ginástica de acordo com o seu contexto. Os tópicos abordados permitiram uma aproximação com o contexto da Gi- nástica de forma a possibilitar uma visualização abrangente desta área de conhe- cimento no sentido de que esses elementos sirvam como base para que você, fu- turo(a) professor(a), possa compartillhar com seus alunos o conteúdo discutido nesta unidade. Por meio dos temas desenvolvidos, você poderá organizar atividades que le- vem seus alunos a conhecerem o contexto histórico da Ginástica, para que eles compreendam como as modalidades de hoje receberam influências de diferentes momentos históricos, fazendo com que essas tenham características próprias a partir da influência e das características que receberam. Além disso, você poderá apresentar quais os campos de atuação da Ginástica e como essa modalidade se organiza mundialmente, temas que possibilitarão fazer com que conheçam a Gi- nástica para além daquela vinculada pela mídia. 33 atividades de estudo 1. Mediante os seguintes trechos: I. Nos primórdios da humanidade o homem praticava exercícios físicos com o objetivo de tornar-se mais forte e com o corpo belo. II. O homem da pré-história, mesmo com seus movimentos rudimentares, transmitia suas habilidades de uma geração a outra e essas práticas corporais eram bastante utilitárias. III. Na Antiguidade, os egípcios praticavam a luta livre, o boxe, esgrima, natação e remo, e os assírios e babilônios desenvolviam práticas de caráter utilitário que focavam força, agilidade e resistência. IV. Na Antiguidade, no período clássico da civiliza- ção ocidental, os gregos praticavam atividade física com o objetivo de divertimento e liberda- de, focando o simples prazer destas práticas. Assinale o que for correto: a. Somente as alternativas I, II e III estão corretas. b. Somente as alternativas I, III e IV estão corretas. c. Somente as alternativas I e II estão corretas. d. Somente as alternativas II e III estão corretas. e. Nenhuma das alternativas estão corretas. 2. Relacione os períodos históricos e as práticas corporais daquele momento. I. Nova forma de pensar os exercícios físicos, fazendo ascender uma nova filosofia com res- peito ao corpo e seus cuidados. II. O exercício físico se afirma como componen- te da educação. Vários estudiosos da época, entre eles inúmeros pedagogos, contribuíram para a evolução do conhecimento da Educa- ção Física com a publicação de obras relacio- nadas à pedagogia, à fisiologia e à técnica. III. A preparação militar tinha como foco as Cru- zadas. Práticas como esgrima, equitação, ma- nejo de arco e flecha, luta, escalada, marcha, corrida e salto faziam parte do repertório de treinamento dos soldados. IV. Na Grécia o exercício físico se estabelecia em práticas esportivas, com a realização dos jo- gos olímpicos, com grande influência mitológi- ca e do ideal de beleza. ( ) Antiguidade. ( ) Idade Média. ( ) Idade Moderna. ( ) Renascimento. A sequência correta é: a. C - A - D - B. b. A - C - B - D. c. D - B - A - C. d. B - A - C - D. e. D - C - B - A. 3. O início do século XIX é o período considera- do como data da origem da atual Ginástica. De 1800 a 1900 surge o Movimento Ginástico Europeu composto por quatro Escolas: Inglesa, Alemã, Francesa e Nórdica (ou Sueca). Sobre esse assunto, relacione as colunas. I. A interdição desse método aconteceu entre 1820-1942, contudo sua prática ainda acon- tecia de forma clandestina, constituindo o que ficou conhecido de “bloqueio ginástico”. Em contrapartida, novos aparelhos e técnicas re- quintadas surgiram, como a ginástica de sala, a qual com o tempo veio constituir a atual gi- nástica artística. 34 atividades de estudo II. Pelo seu caráter competitivo, é um dos mé- todos mais conhecidos e difundidos mun- dialmente. Ele nãotem influência direta no campo da ginástica, mas apresenta contribui- ções, sobretudo, quanto à universalização de conceitos e na promoção da ginástica como esporte olímpico. III. Baseava-se na ciência, a partir de uma análise anatômica do corpo, e a prática da Ginástica deveria ser dividida em 4 partes: ginástica pe- dagógica ou educativa; ginástica militar; ginás- tica médica e ortopédica; e ginástica estética, tornado evidente o caráter médico-higiênico e a anatomofisiológico. IV. Essa Escola Ginástica integra a ideia de uma educação voltada para o desenvolvimento so- cial, sendo necessários homens completos, orientada tanto para militares quanto para toda a população no intuito de criar o “ho- mem universal”. ( ) Escola Inglesa. ( ) Escola Alemã. ( ) Escola Francesa. ( ) Escola Nórdica ou Sueca. A sequência correta é: a. B - A - D - C. b. D - C - A - B. c. A - C - B - D. d. A - B - C - D. e. B - D - A - C. 4. Relacione os campos de atuação com as moda- lidades ginásticas. I. Ginástica Para Todos. II. Rpg, Cinesioterapia, Isostretching… III. Ginástica Artística, Ginástica Rítmica, Ginástica Aeróbica, Ginástica Acrobática… IV. Musculação, Localizada, Aeróbica, Treinamen- to Funcional, Step, Zumba… V. Eutonia, Yoga, Bioenergética, Tai Chi Chuan… ( ) De Condicionamento Físico. ( ) De Conscientização Corporal. ( ) De Competição. ( ) Fisioterápicas. ( ) De Demonstração. 35 atividades de estudo A sequência correta é: a. I - II - IV - V - III. b. II - IV - V - III - I. c. IV - V - III - II - I. d. IV - V - I - II - III. e. V - IV - II - I - III. 5. Sobre as modalidades ginásticas: I. As ginásticas Artística, Acrobática e Localizada são ginásticas competitivas. II. As ginásticas de condicionamento físico são aquelas presentes nas academias e na prepa- ração de atletas. III. A Roda Ginástica, o Tumbling e o Rope Ski- pping são modalidades competitivas, mas não fazem parte da FIG. IV. As ginásticas Artística Masculina, Artística Fe- minina, Rítmica, Aeróbica, Acrobática e Tram- polim são as modalidades competitivas regu- lamentadas pela FIG. Assinale o que for correto: a. Somente as alternativas I, II e III estão corretas. b. Somente as alternativas II, III e IV estão corretas. c. Somente as alternativas I e II estão corretas. d. Somente as alternativas I, III e IV estão corretas. e. Todas as alternativas estão corretas. 6. Mundialmente existem diferentes órgãos res- ponsáveis pela ginástica. Escolha a opção cor- reta que organiza o quadro a seguir, de forma que o primeiro nome seja o mais representati- vo mundialmente e assim por diante. I. Confederações (nacionais). II. Uniões (continentes). III. Federações (estaduais). IV. FIG. A ordem correta é: a. II - III - IV - I. b. IV - I - II - III. c. IV - II - I - III. d. IV - III - II - I. e. III - I - II - IV. 36 LEITURA COMPLEMENTAR Leia o excerto do artigo a seguir que trata sobre o corpo no século XIX. O movimento humano decomposto leva sua mecânica a concorrer com uma mecânica mais ampla; o esforço é se- parado da habilidade para ser submetido a muitos outros empreendimentos: “Esta vantagem pode ir muito além nos grandes estabelecimentos [...] onde é necessário for- necer uma atenção escrupulosa no cálculo da duração de cada tipo de ocupação, para proporcioná-los ao número determinado de operários que lhe são destinados, nin- guém jamais permanece ocioso e o conjunto atinge o má- ximo de velocidade” (DUPIN, 1826, p. 128-129). A ginástica concorre com esse projeto explícito, desenvol- vendo a “destreza” por meio de uma “disposição precisa das forças” (CLIAS, 1843, p. 14). Esse fato é percebido logo no início do século por Pestalozzi, ao propor a aprendiza- gem de “movimentos simples” para favorecer “a aptidão ao trabalho” (apud SOÉTARD, 1987, p. 70), chegando mes- mo a pensar em até “1.000 exercícios diferentes para os braços” (LATY, p. 209). Impõem-se igualmente a esse pro- jeto explícito as comparações, sempre mais frequentes, entre a efi cácia dos movimentos orgânicos e a efi cácia dos movimentos maquínicos: por exemplo, a considera- ção paralela e a hierarquia realizada entre a efi ciência do serrador e a efi ciência da serra mecânica (DICTIONNAIRE DE L´INDUSTRIE MANUFACTURIÈRE, 1843, p. 101). As gravuras das enciclopédias, por meio das suas re- composições após algumas décadas, ilustram essas re- novações. As mãos do operário ou do artesão, bastante presentes nas pranchas da “Encyclopédie” de Diderot na metade do século XVIII, os dedos ágeis que ocupam uma parte do quadro para acentuar a habilidade dos gestos, apagam-se na Encyclopédie moderne (Enciclopédia mo- derna) de Courtin, em 1823. O trabalho mecânico come- ça a prevalecer em relação ao trabalho de habilidade. A física prevalece em relação à agilidade, a medida ao tato. O conjunto dos registros corporais oscila, favore- cendo movimentos geométricos explicitamente orques- trados, rigorosamente medidos e precisos. O programa da ginástica dos anos de 1820 compreende, em paralelo, tanto conteúdos militares ou medicinais, quanto uma “gi- nástica civil e industrial” (AMOROS, 1834, p. 10). Fonte: Vigarello (2003, p. 14-15). Por meio deste trecho do texto, podemos observar que a prática de exercícios físicos/ginásticos não estavam voltados apenas para objetivos ligados ao prazer, prepa- ração do corpo para guerra ou práticas esportivas das mais diversas. Ela também tinha uma forte infl uência na busca de um corpo preparado para o trabalho, que cada vez produzisse mais e desse bons resultados ao cenário laboral. Além disso, essa busca pela técnica, perfeição e exatidão nos movimentos também refl ete nas competi- ções das ginásticas competitivas em que cada vez mais os atletas precisam dedicar-se ao treinamento para al- cançar os resultados que os regulamentos das modali- dades lhe exigem. 37 EDUCAÇÃO FÍSICA Os exercícios físicos na história e na arte Jair Jordão Ramos EDITORA: Ibrasa SINOPSE: As pesquisas do professor Jayr Ramos estenderam-se até os tempos pré-históricos, estudando os ritos, cultos, pre- paração guerreira, ações competitivas e práticas recreativas. Aborda a Arte Desportiva, assinalando desde a Grécia antiga a ligação entre corpo e espírito. Traz informações sobre as antigas civilizações do Mediterrâneo e suas práticas esportivas. Traça um esboço histórico-cultural-desportivo da velha Grécia, mos- trando a ligação entre Arte e desporto: os Grandes Jogos Olímpi- cos. Descreve os exercícios físicos na Roma antiga, na Idade Mé- dia, passando depois para a Era Moderna: a Educação Física e os desportos em vários países. Traça o perfi l de alguns líderes do pensamento em Educação Física, discorre sobre os Jogos Olím- picos contemporâneos e a Ideologia Olímpica. Faz um estudo sobre a Educação Física no Brasil. Traça um panorama mundial da Educação Física e dos desportos. APRESENTAÇÃO: Para conhecer mais sobre a ginástica mundialmente, acesse o link a seguir, no qual você poderá conhecer todas as regras, eventos e assistir a vídeos das diferentes mo- dalidades ginásticas. Disponível em: <www.fi g-gymnastics.com>. APRESENTAÇÃO: Para conhecer a organização da ginástica em nosso país, o calendário de competições nacionais e as regras das competições, acesse o link a seguir. Disponível em: <www.cbginastica.com.br>. 38 referências BARBOSA-RINALDI, I. P. A Ginástica no ensino su- perior: conhecimento e intervenção. In: LARA, L. M. (Org). As abordagens socioculturais em Educação Física. Maringá-PR: Eduem, 2010, p. 194. BARBOSA-RINALDI, I. P. ; PAOLIELLO, E. Sa- beres ginásticos necessários à formaçãoprofissio- nal em educação física: encaminhamentos para uma estruturação curricular. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas-SP, v. 29, n. 2, p. 227-243, jan. 2008. BETTI, M. Educação Física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991. BORRMANN, G. Ginástica de Aparelhos. Lisboa: Editorial Estampa, 1980. FIORIN, C. M. A ginástica em Campinas: suas for- mas de expressão da década de 20 a década de 70. 2002. 173 f. Dissertação (Mestrado em Educação Fí- sica) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas-SP, 2002. LANGLADE, A., LANGLADE, N. R de. Teoria ge- neral de la gimnasia. Buenos Aires: Stadium, 1970. MARINHO I. P. Sistemas e Métodos da Educa- ção Física: recreação e jogos. 4 ed. São Paulo: Cia Brasil, 1958. PUBLIO, N. S. Origem da ginástica artística. 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Fernanda Soares Nakashima Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Princípios básicos para a realização das aulas de ginástica • Elementos constitutivos da Ginástica • Elementos corporais com deslocamento • Elementos corporais sem deslocamento Objetivos de Aprendizagem • Apreender os elementos básicos para a preparação das aulas e do corpo para os encontros práticos de Ginástica. • Reconhecer os aspectos que constituem a Ginástica tendo como foco os elementos corporais. • Conhecer os elementos corporais com deslocamento: formas de andar, correr, saltitar, saltar e girar. • Conhecer os elementos corporais sem deslocamento: equilíbrios, ondas, balanceamentos e circunduções. ELEMENTOS CORPORAIS DA GINÁSTICA II unidade INTRODUÇÃO Olá, seja bem-vindo(a)! Nesta unidade, conheceremos um pouco mais dos elementos que constituem a prática da Ginástica. São esses elementos que caracterizam uma prática corporal como um tipo de Ginástica. Para que você compreenda o que estamos falando, gos- taríamos que pensasse em um ginasta executando uma série. Pode ser que o que venha a sua mente seja as acrobacias com um elevado nível de dificuldade, em que o executante esteja enfrentando as leis da gravidade e demonstrando todo seu domínio técnico. Entretanto, gostaríamos de ressaltar os demais movimentos que ele realiza na sua coreografia, os quais muitas vezes parecem ser simples, mas são importantes para caracterizar a prática ginástica. Se você prestar aten- ção em um ginasta durante a execução da série perceberá que ele realiza outros movimentos, deslocando-se ou não pelo espaço. Salta de diversas maneiras, faz rotações dos braços, flexiona e estende as pernas, equilibra-se em partes distintas do corpo etc. Podemos chamar esses movimentos de elementos corporais, que vão estar presentes nas diversas práticas e modalidades ginásticas. Esta unidade tem como foco apresentar os elementos corporais da ginás- tica, os quais são considerados como conhecimento fundamental para o de- senvolvimento de qualquer prática gímnica (a palavra “gímnica” significa o mesmo que ginástica). No entanto, trataremos também sobre alguns assuntos de cunho preparatório e pedagógico tanto para a realização das aulas quanto para a aprendizagem de elementos corporais. Sendo assim, no primeiro tópico, falaremos sobre princípios básicos para a realização das aulas de ginástica; no segundo serão abordados os elementos corporais presentes na ginástica com deslocamento e no tercei- ro os elementos corporais executados na ginástica sem deslocamento do corpo. Salientamos que todos os exemplos trazidos aqui fazem parte das diferentes modalidades da ginástica e se caracterizam como base para a aprendizagem de outros elementos existentes no universo gímnico. GINÁSTICA 46 Prezado(a) aluno(a), antes de conhecermos as for- mas básicas de movimento no contexto da ginástica, é importante salientarmos que eles são um dos pri- meiros elementos aprendidos ao iniciar as aulas prá- ticas, tendo em vista que sua vivência não irá apenas contribuir com a execução dos elementos ginásticos das modalidades em si, mas também ajudar o desen- volvimento das crianças e alunos nos mais diversos aspectos de sua vida motora. Por isso é importante que, ao iniciar qualquer atividade prática em suas aulas, você promova primeiramente um aquecimen- to e um alongamento visando à preparação do corpo para o que será feito na aula. Com relação ao aquecimento, Alter (1999) destaca que: [...] o aquecimento consiste de exercícios rea- lizados imediatamente antes de uma ativida- de para aumentar a circulação e a frequência cardíaca. É uma parte essencial do programa de condicionamento. Os exercícios de aqueci- mento dão tempo para que o atleta se adapte do repouso ao exercício. Esses exercícios des- tinam-se a melhorar o desempenho e a redu- zir a probabilidade de lesão, preparando-o mentalmente e fisicamente para a atividade esportiva. Em termos fisiológicos, o aqueci- mento eleva a temperatura do corpo e aumen- ta o fluxo sanguíneo. Nesse sentido, as atividades de aquecimento aplica- das podem ser atividades lúdicas, como brincadeiras que coloquem os alunos em situação de movimento. Como exemplo podemos citar: pega-pega, ativida- des com bola, arcos, cordas etc. Com relação ao alongamento e às aulas práti- cas, é importante que o(a) professor(a) tome al- guns cuidados: • Verifique se o local da práticaé adequado, se é possível utilizar colchões, se o piso não é es- corregadio nem muito áspero e se o espaço não oferece riscos de quedas ou lesões. • Sempre esteja atento(a) a todos os alunos, evitando ficar de costas para eles e observan- do sempre seus rostos e comportamentos. • Observe como os movimentos estão sendo executados, a posição do corpo, a postura. • Verifique se estão com vestimentas adequa- das para a prática e se não estão fazendo uso de pulseiras, brincos, relógios, cabelos sol- tos, ou outros elementos que podem atrapa- lhar a execução dos movimentos. Um exem- plo: sempre que forem executar elementos de inversão de eixo, peça para que coloquem a camiseta por dentro do shorts/calça para que, ao virar, a camiseta não tampe o rosto do praticante. Princípios Básicos Para a Realização das Aulas de Ginástica EDUCAÇÃO FÍSICA 47 • Respeite os limites de cada aluno, lembrando que seu papel como professor(a) não é trans- formá-los em atletas. Por isso, respeite sua fle- xibilidade, força, resistência, de maneira que eles conquistem essas habilidades progressi- vamente e não de uma hora pra outra. Além disso, não esqueça dos cuidados básicos com relação a cansaço e períodos para hidratação. Esses são alguns dos princípios que merecem a aten- ção do(a) professor(a). Grande parte desses apon- tamentos foram retirados do texto de Nunomura e Nista-Piccolo (2008), e existem outros que possivel- mente apresentaremos no decorrer de nosso percur- so de formação. Vale destacar que o alongamento, além de preparar o aluno para as atividades daquele dia, também mostrará resultados a longo prazo que contribuirão para o desenvolvimento de sua prática dentro da Ginástica. bém maximizar o aprendizado dos alunos, além de ampliar o relaxamento físico e mental, promover o desenvolvimento da consciência do próprio corpo, reduzir o risco de entorse articular ou lesão muscu- lar, reduzir os riscos de problemas na coluna, dimi- nuir a irritabilidade e a tensão muscular. Além disso, o autor aponta que: [...] a flexibilidade desenvolve-se quando os te- cidos conjuntivos e os músculos são alongados por meio de exercícios regulares e adequados de alongamento. Ao contrário, a flexibilidade diminui com o tempo, quando esses tecidos não são exercitados (ALTER, 1999, p. 02). Por isso é muito importante que você, professor(a), além de realizar o alongamento junto com seus alu- nos para que eles aprendam, também diga a eles a importância do alongamento antes de qualquer atividade física que forem executar, seja dentro ou fora da escola. Neste momento, você irá conhecer alguns alongamentos que pode passar aos seus alunos, logo, após a atividade de aquecimento, no início de suas aulas. Destacamos que esses são apenas alguns exemplos de exercícios, tendo o(a) profes- sor(a) a possibilidade de adequar de acordo com seus conhecimentos e possibilidades de traba- lho. O importante é que o alongamento seja feito abrangendo os diferentes grupos musculares e de articulações. Você precisa fazer com que seu aluno se sinta bem praticando Ginástica, pois muitas vezes ele pode se sentir desmotivado por não con- seguir fazer determinados movimentos. Por isso, esteja sempre atento(a) e os estimulan- do, respeitando os limites de cada um. REFLITA Sobre o alongamento, Alter (1999) destaca que este tem como função desenvolver a flexibilidade e tam- 48 GINÁSTICA Figura 1- Exemplos de alongamentos CADA POSIÇÃO DESTA DEVE SER MANTIDA POR APROXIMADAMENTE 15 SEGUNDOS 49 EDUCAÇÃO FÍSICA GINÁSTICA 50 EDUCAÇÃO FÍSICA 51 GINÁSTICA 52 Figura 2 - Nesse alongamento, colocamos as solas dos pés juntas, balançamos as pernas para cima e para baixo durante 15 segundos e depois inclina- mos o tronco para a frente e mantemos ele nessa posição por mais 15 segundos EDUCAÇÃO FÍSICA 53 Figura 3 - Variar a posição do pé em flex e ponta, repetindo 15 vezes, depois segurar por 15 segundos em flex e ponta GINÁSTICA 54 54 Lembre-se de que cada aluno tem um nível de fl exibilidade, força e de aprendizagem. Por isso, respeite os limites e sempre estimule o desenvolvi- mento progressivo. Ao fi nalizar o processo de alongamento, inicie sua aula procurando ser claro(a) em suas explica- ções e atento(a) a tudo o que acontece durante o encontro. Não se esqueça que você também pode trabalhar nas aulas teóricas o conteúdo de alonga- mento e a importância deste no momento da prática de atividade física. Tente sempre fazer com que os alunos se interessem pelo que está sendo trabalhado, lembrando sempre que o seu aluno talvez nunca tenha tido contato com a Ginástica. Por isso, tente ser o mais didático(a) possível. REFLITA 55 EDUCAÇÃO FÍSICA Neste tópico, aprenderemos os movimentos corporais básicos presentes na Gi- nástica. Entretanto, você já se perguntou como os diferentes movimentos dentro da Ginástica ou das outras modalidades esportivas surgiram? O que aconteceu na verdade foi que todos os movimentos naturais do ser humano foram evoluin- do mediante os avanços e a busca por melhores resultados dessa prática. Souza (1997, p. 27, grifo do autor) destaca que: Estes movimentos naturais ou habilidades específi cas do ser humano, quan- do analisados e transformados, visando o aprimoramento da performance do movimento, entendida aqui de acordo com vários objetivos como: economia de energia, melhoria do resultado, prevenção de lesões, beleza do movimento entre outros, passam a ser considerados como movimentos construídos (exer- cícios) ou habilidades culturalmente determinadas. Por exemplo, um movi- mento próprio do homem como o saltar, foi sendo estudado, transformado e aperfeiçoado através dos tempos, para alcançar os objetivos de cada um dos esportes onde ele aparece: salto em altura, em distância e triplo no atletismo, cortada e bloqueio no voleibol [...]. E isso não foi diferente com a Ginástica. Tudo que vemos ao assistir a uma apre- sentação nada mais é do que a evolução dos movimentos já feitos pelo homem, porém agora construídos historicamente e aprimorados para que cada vez mais as modalidades fi quem mais belas e chamem mais a atenção por sua beleza e características próprias. Elementos Constitutivos da Ginástica GINÁSTICA 56 A partir da Figura 4, podemos observar que a Ginástica contempla os elementos corporais, os exercícios acrobáticos, os exercícios de condicio- namento físico e o manejo de aparelhos. Os ele- mentos corporais, os exercícios acrobáticos e os exercícios de condicionamento físico podem ser realizados com, sem ou em aparelhos. Todos esses elementos devem ser trabalhados nas aulas de Gi- nástica, lembrando que os de condicionamento fí- sico são os exercícios normalmente feitos ao início e ao final das aulas (aquecimento, alongamento e exercícios que desenvolvam as habilidades de for- ça, flexibilidade e resistência) como preparatórios para a realização dos elementos corporais, acrobá- ticos e de manejo, bem como forma de relaxamento na conclusão da aula. Neste tópico, abordaremos os conteúdos presen- tes no primeiro tema: elementos corporais. Como foi dito no início desta unidade, os ele- mentos corporais se caracterizaram por tudo aquilo que o ginasta faz durante a sua série e que não se caracteriza nem como acrobático nem como condi- cionamento físico ou manejo de aparelhos. Por exemplo, se pedirmos para que você pense quais são as formas que você tem para se deslocar de um ponto a outro, você talvez diga: andando, correndo, pulando, saltando, de costas, em quatro apoios e por aí vai. No entanto, no contexto da Gi- nástica, existem outras formas de realizar esses des- locamentos com características específicas. Veremosa seguir sobre estas formas de deslocamento. Para darmos início, de antemão já anunciamos que teremos que aprender a andar de diferentes formas e, talvez, você nos diga: “Mas, professor, eu já aprendi a andar faz muito tempo!”. Contudo, você aprenderá, no decorrer dessa unidade, a andar de forma ginástica. Fonte: Souza (1997, p. 28). Figura 4 - Elementos constitutivos da Ginástica Assim, os movimentos (exercícios) presentes na Ginástica constituem o conteúdo específico e po- dem ser classificados da seguinte maneira: ELEMENTOS CORPORAIS PASSOS CORRIDAS SALTOS SALTITOS GIROS EQUILÍBRIOS ONDAS POSES MARCAÇÕES BALANCEAMENTOS CIRCUNDUÇÕES ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA GINÁSTICA ROTAÇÕES: no solo, no ar em aparelhos APOIOS: no solo, em aparelhos REVERSÕES: no solo, em aparelhos SUSPENSÕES: em aparelhos PRÉ-ACROBÁTICOS COM APARELHOS SEM APARELHOS EM APARELHOS PARA O DESENVIMENTO DA FORÇA, RESISTÊNCIA FLEXIBILIDADE, etc. (exercícios localizados) TRADICIONAIS: bola, corda, arco, �ta botão, etc ADAPTADOS: panos, pneus, caixas, etc. EXERCÍCIOS ACROBÁTICOS EXERCÍCIOS DE CONDIC. FÍSICO MANEJO DE APARELHOS EDUCAÇÃO FÍSICA 57 Elementos Corporais com Deslocamento FORMAS DE ANDAR E DE CORRER As formas de andar se caracterizam pelas diferentes maneiras existentes para se deslocar de um ponto a outro. Segundo Peuker (1973), andar é a execução de um deslocamento, com transferência do peso do corpo de um pé para outro, sem perda de contato com o solo. Já correr é a execução de um desloca- mento, com transferência do peso do corpo de um pé para o outro, com a perda momentânea de conta- to dos pés com o solo. Existem inúmeras formas de andar e correr. Para nossas aulas escolhemos quatro formas de andar e quatro de correr. • Andar em meia ponta ou relevé - desloca- mento realizado com o corpo todo ereto, olhar para frente, dando passos normais, mas com o pé em meia ponta. Figura 6 - Exemplo de andar alongado ou estendidoFigura 5 - Exemplo de deslocamento em meia ponta • Andar alongado ou estendido - a ponta do pé toca o solo, descendo para o restante do pé. Enquanto isso, o outro pé já vem em pon- ta para dar continuidade. GINÁSTICA 58 • Andar cruzado - mesma posição dos pés, corpo virado de lado para a direção em que se vai. A cada passo cruza-se um pé na frente do outro, depois voltar do outro lado. • Andar Valseado - esse andar é muito pareci- do com o dançar da valsa. Você dará um pas- so grande em deslocamento e dois pequenos no mesmo lugar. Figura 7 - Exemplo de andar cruzado É muito importante que você, professor(a), trabalhe os dois lados do corpo do aluno. Não importa que ele seja destro ou canhoto, ambos os lados precisam ser desenvolvidos. Um lado sempre será dominante, mas é im- portante que ele tente e pratique os movi- mentos com ambos os lados. REFLITA Figura 8 - Andar Valseado 59 EDUCAÇÃO FÍSICA • Corrida natural - essa corrida se caracteriza pelo deslocamento alternando braços e pernas ligeiramente flexionados. Existem diferentes formas de andar e correr. Cabe a você, professor(a), criar pos- sibilidades para que outras formas sejam exploradas junto aos seus alunos. • Corrida Alongada - os passos devem ser dados com maior amplitude, mas não devem chegar ao salto. Braços ao lado do corpo. • Corrida com pernas flexionadas para frente e trás - corrida com os joelhos elevados e flexionados tanto para frente, como os joelhos altos, e para trás, com os joelhos flexionados. • Corrida lateral cruzada (plano frontal) - corrida para o lado, cruzando as pernas. 60 GINÁSTICA SALTITOS Os saltitos são pequenos saltos em que a fase de permanência no ar é curta. Para Peuker (1973, p. 51) “a primeira fase, a saída do chão, recebe menos im- pulso; e a chegada, o molejo, também mais suave”. • Primeiro saltito - Impulsionar o chão com um pé, descendo para o mes- mo pé. Dar um passo para o pé que foi levantado na direção do saltito. Figura 9 - Primeiro Saltito • Segundo saltito ou galope - saltitar saindo do chão com um pé, descendo para o outro, dando um passo com o joelho levantado na direção do salto (a execução será demonstrada na aula conceitual). • Chassé ou saltito unido - dar um passo longo e na sequência impulsionar o chão juntando os dois pés durante a fase de voo (a execução será de- monstrada na aula conceitual). Figura 10 - Chassé 61 EDUCAÇÃO FÍSICA • Chassé lateral - dar um passo longo ao lado e na sequência impulsionar o chão, juntando os dois pés durante a fase de voo. Figura 11 - Chassé Lateral SALTOS Saltar é um movimento no qual os pés perdem o contato com o chão e a perma- nência no ar é destacada. Sobre isso, Peuker (1973) destaca que o salto é compos- to por 3 fases: 1. Saída do chão (impulso). 2. Permanência no ar (caráter do salto). 3. Descida ao solo. Do ponto de vista da primeira à terceira fase do saltar, podemos executá-lo impul- sionando o chão com um pé, descendo para o mesmo, para o outro, para os dois, ou largando o chão com dois pés, descendo para os mesmos ou para um pé só. Existem inúmeras formas de saltar, principalmente a partir da particula- ridade de cada modalidade ginástica. Nesse momento, conheceremos alguns saltos básicos e comuns em diferentes modalidades ginásticas, mas antes disso é importante aprendermos as diferentes posições que o corpo pode assumir não apenas em alguns saltos, mas em outros movimentos que aprenderemos na Ginástica. • Posição Estendida: posição em que os segmentos corporais estão alinhados. • Posição Carpada: posição em que se tem a flexão do tronco a frente apro- ximando as duas pernas estendidas. 62 GINÁSTICA • Posição Grupada: flexão do quadril de forma simultânea com os joelhos, com a aproximação destes ao tronco. • Posição Afastada: postura em que ocorre o afastamento das pernas esten- didas, de forma lateral ou longitudinal. Pode ou não ter flexão do quadril. Nesse sentido, conheceremos alguns saltos bem comuns na Ginástica, no entanto destacamos que os saltos devem ser executados com segurança, lembrando que o amortecimento deve sempre se dar pela parte da frente dos pés e flexionando os joelhos na aterrissagem, para que não ocorram lesões durante a execução. Importante: O aluno nunca deve aterrissar dos saltos com os joelhos estendi- dos. Deve estender durante a execução e flexionar na chegada ao solo, conforme o modelo. • Salto com deslocamento vertical do corpo: nesses saltos, o corpo é impul- sionado para cima e aterrissa praticamente sobre o mesmo ponto de onde saiu, sem haver deslocamento. • Salto estendido ou vertical: impulso com os dois pés, e o executante salta com o corpo todo estendido. Figura 12 - Salto Vertical 63 EDUCAÇÃO FÍSICA Figura 13 - Salto Grupado Figura 14 - Afastamento lateral • Salto Grupado: saltar pegando impulso com os dois pés e subindo os dois joelhos na altura do peito. Tronco ereto. • Salto Afastado: impulso com os dois pés e afastamento das pernas du- rante a fase de voo. Este afastamento das pernas tem duas variações: lateralmente ou anteroposterior. 64 GINÁSTICA Os saltos recebem diferentes nomes de acordo com as modalidades ginás- ticas ou dançantes. Por exemplo, esse mesmo salto receberá o nome de “afastado” na ginástica artística, “ejambeé” na ginástica rítmica e no ballet recebe o nome de “grand jeté”. Fonte: os autores. SAIBA MAIS Figura 15 - Afastamento anteroposterior • Salto Carpado: durante o salto o ginasta estende as duas pernas a frente e inclina o tronco em direção a elas. Figura 16 - Salto Carpado EDUCAÇÃO FÍSICA 65 Salto Tesoura: Impulsionar o chão com um pé, des- cendo para o outro. • Saltoscom deslocamento do corpo: os saltos com deslocamento do corpo para frente ou lateralmente iniciam-se sempre com um pas- so, fazendo com que uma das pernas inicie a fase de voo. A aterrissagem também é realiza- da primeiramente com a perna que iniciou a fase de voo retomando o apoio no solo. • Salto ejambé: após o passo que antecede o salto, a perna de trás é lançada para frente e a outra para trás, realizando um afastamento anteroposterior das pernas (uma para frente e outra para trás). • Salto Afastado: diferentemente do salto afas- tado visto na seção de saltos verticais, este tem impulso inicial de uma perna e desloca- mento lateral do corpo no ar. Figura 17 - Salto Ejambé • Salto Corsa: a perna que inicia o movimento de voo flexiona-se e a perna de trás mantém- -se estendida. Figura 18 - Salto Corsa É importante salientar que tudo que formos apren- dendo na Ginástica será ligado para a execução dos movimentos com mais harmonia. Por isso, para a execução dos saltos, podemos executar uma prepa- ração deles fazendo um saltito. Por exemplo: executar o saltito chassé e, quando terminar, dar um passo e saltar com a outra perna. Comece um saltito com a perna direita, ao finalizar o elemento a perna direita estará na frente e a es- querda atrás, porém a perna que você usará para o salto, será a direita. Como fazer isso? Você dará um passo com a perna esquerda para que tome impulso e lance a perna direita durante o salto. Veja o exemplo. A ginasta precisa saltar com a per- na direita. Ela faz o chassé com a perna direita a frente. Ao fim, dá um passo com a esquerda e depois salta. É importante que você estimule e permita que seus alunos repitam várias vezes esse movimento a fim de que o compreendam. Se necessário, faça bem lentamente junto com eles, primeiro o chassé, depois o passo e depois o salto, até que eles se apropriem e consigam fazer automaticamente. Figura 19 - Salto Afastado 66 GINÁSTICA Alguns desses saltos recebem variações ao girar o tronco no próprio eixo. Como exemplo, podemos ter um salto vertical com giro. Figura 20 - Salto Vertical Existem muitos outros saltos na Ginástica, porém esses são a base para todos os outros. GIRAR É um movimento de rotação com a mesma intensidade executado no mesmo lugar ou com deslocamentos. Ele acontece em torno de um mesmo eixo. Os giros podem ser executados sobre um pé, dois pés, quadril, nas posições em pé, deita- do, ajoelhado etc. Os giros são compostos por preparação, execução e fi nalização. 67 EDUCAÇÃO FÍSICA • Giro de joelho: com apenas um joelho no solo e a outra perna em 90º graus apoian- do o pé no solo, fazer a troca de posição das pernas, virando o tronco e quadril para a outra direção. • Giro sobre os dois pés (chainê): dar um pas- so, subir na meia ponta dos dois pés e girar em torno do próprio eixo. • Giro de quadril: dar um passo ao lado, fl exio- nando a perna. Quando no chão, apoiar a mão da perna que foi fl exionada, sentar no chão fi - cando de costas para a frente, passar girando o corpo apenas no apoio do quadril. Ao chegar do outro lado, apoiar a perna que iniciou o movimento e voltar para a posição de pé. • Pivots: os pivots são os giros que acontecem sobre apenas uma perna. Como de regra, deve existir uma preparação, a execução e a fi nalização. GINÁSTICA 68 Como giros sobre um pé só, temos: Figura 21 - Pivot no passet Figura 22 - Pivot no arabesque Existem inúmeras formas de girar na Ginástica. Estas apresentadas aqui são apenas algumas das diferentes possibilidades existentes. EDUCAÇÃO FÍSICA 69 Os elementos corporais sem deslocamentos são aqueles realizados com o corpo parado, entretanto alguns deles podem ser executados com um peque- no deslocamento ou transferência do peso de corpo de um segmento a outro, como é o caso das ondas. Além disso, alguns também podem ser executados em consonância com outros elementos corporais, por exemplo: realizar uma circundução de braços durante um saltito. Vamos conhecer um pouco sobre esses ele- mentos para facilitar o entendimento do que esta- mos tratando. EQUILÍBRIOS: O equilíbrio é uma posição estática que, segundo Barbosa-Rinaldi et al., “deve ser executada duran- te um curto período de tempo sobre um ou mais apoios [...]. Diferentemente da maioria dos elemen- tos corporais, possui uma característica fundamen- tal - o estatismo.” (BARBOSA-RINALDI et al., 2009, p. 35). Estes podem ser executados sobre a meia ponta ou pé inteiro (de um pé) ou sobre joelhos, de- vendo manter um tempo e forma fixa. Elementos Corporais sem Deslocamento Exemplos de equilíbrios: Figura 23 - Equilíbrio no passet 70 GINÁSTICA Figura 24 - Equilíbrio arabesque Figura 25 - Equilíbrio avião ou prancha facial Figura 26 - Equilíbrio no cosaco 71 EDUCAÇÃO FÍSICA ONDAS As ondas são movimentos específicos que partem do centro do corpo e irradiam para as extremidades. Figura 27 - Equilíbrios de Joelho Figura 28 - Onda anteroposterior Figura 29 - Onda posterior-anterior GINÁSTICA 72 BALANCEAMENTOS Os balanceamentos, como o próprio nome diz, reme- tem-se a movimentos de balanço, pendulares de um ou mais segmentos corporais. Segundo Barbosa-Ri- naldi et al. (2009), o balanceamentos possui três fases: o impulso, que é onde se dá o início da trajetória do movimento, energia que impulsiona o movimento; o acento, que é a fase de evidência do movimento; e o relaxamento, que é a fase final do movimento. Esses movimentos podem ser feitos com ape- nas um segmento corporal, (mão, braço e perna) com dois segmentos ao mesmo tempo e para o mesmo sentido ou de forma assimétrica. Estes podem estar totalmente relaxados ou contraídos (em extensão ou flexão), ou até mesmo em movi- mento ondulatório. Figura 30 - Onda lateral Figura 31 - Balanceio de Braços 73 EDUCAÇÃO FÍSICA CIRCUNDUÇÕES O movimento de circundução se caracteriza pela rotação de um segmento cor- poral, o qual tem que executar uma volta de 360 graus, tendo como ponto fixo uma articulação, assim como os balanceios podem ser realizados em vários planos de forma simétrica e assimétrica (braços e pernas) e os segmentos po- dem estar de diferentes maneiras (extensão, tensão etc.), conforme afirmam Barbosa-Rinaldi et al. (2009). Diferente dos balanceios, a circundução precisa necessariamente dar uma volta de 360 graus. A circundução é um elemento que está presente em todos os manejos de apa- relhos de ginástica rítmica, conteúdo que aprenderemos na próxima unidade. Além disso, todos os movimentos que aprendemos nesta unidade, sendo eles com deslocamento ou não, deverão fazer parte do contexto de formação dos seus alunos e também das montagens coreográficas futuras. Como os elementos corporais são fundamentais a qualquer prática ginástica, é muito importante que você, professor(a), não trabalhe esses elementos em uma ou duas aulas, mas sim que sempre que possível os retome, para que os alunos pratiquem e possam aprender a execução de cada um deles. Assim como tudo na Ginástica, é preciso muita atenção, concentração e repetição para que os dife- rentes conteúdos sejam aprendidos e realizados com maestria por nossos alunos, sempre de forma prazerosa e divertida. Figura 32 - Circunduções de Braços 74 considerações finais Nesta unidade, estudamos os elementos corporais da Ginástica. No entanto, no primeiro tópico, descrevemos os aspectos necessários para o bom desenvolvimento das aulas, não apenas de Ginástica, mas em todos os outros conteúdos práticos da Educação Física. Também conhecemos alguns tipos de alongamentos que podem ser usados ao início das suas aulas, visando preparar os alunos para as atividades que aconte- cerão.Não esqueça de sempre estar atento(a) a tudo que acontece, sempre obser- vando os alunos e seus comportamentos. A partir da segunda unidade, aprendemos sobre o elementos constitutivos da Ginástica, dividido-os em elementos corporais, elementos acrobáticos, de con- dicionamento físico e manejo de aparelhos. Na sequência, trabalhamos com os elementos corporais, dividindo-os em: com deslocamento e sem deslocamento. Nos elementos corporais com deslocamentos, vimos as diferentes formas de an- dar, correr, saltitar, saltar e girar. Já nos elementos corporais sem deslocamentos aprendemos sobre os equílibrios, os balanceamentos e as circunduções. Foi evi- denciado que existem várias possibilidades desses elementos corporais acontece- rem, principalmente quando observados na prática realizada pelos atletas. O que aprendemos nessa unidade é suficiente para que seus alunos tenham acesso aos diferentes elementos corporais presente na Ginástica. É muito impor- tante que você, futuro(a) professor(a), vivencie e aprenda esses movimentos, pois assim, percebendo quais são as dificuldades de execução, você poderá ajudar seus alunos com mais facilidade. Sempre que possível, leve imagens e vídeos em suas aulas para que os alunos possam aprender visualmente como é feita a execução destes movimentos. Caso leve vídeos de atletas, lembre-se de problematizar junto a eles a questão da técnica, do treinamento e preparação para aquela execução, assim como eles, na condição de alunos e aprendizes, devem se esforçar para aprender o possível dentro de suas individualidades e características próprias. 75 atividades de estudo 1. Com relação aos princípios básicos para as au- las de Ginástica, assinale a alternativa correta: a. É importante exigir ao máximo dos seus alu- nos, fazendo com que aprendam os elemen- tos propostos de forma rápida independente da idade com que se trabalha e o contexto no qual eles estão inseridos. b. Para o início da aula, os alunos devem se orga- nizar de forma com que já comecem pratican- do os exercícios, sem nenhuma preparação prévia. c. É importante que o(a) professor(a) foque ape- nas o lado dominante do aluno, afinal não pre- cisa trabalhar o outro lado que o aluno não tem tanta habilidade. d. O(a) professor(a) deve se atentar se o local da prática é adequado, se possível com colchões, em um piso que não seja escorregadio nem muito áspero, em um espaço que não ofereça riscos de quedas ou lesões. e. O aluno, caso já tenha feito outra modalidade esportiva, não precisará fazer alongamentos, pois seu corpo já está desenvolvido para ativi- dades práticas. 2. Sobre os elementos constitutivos da Ginástica, relacione as colunas: I. Elementos Corporais. II. Elementos Acrobáticos. III. Condicionamento Físico. IV. Manejo de Aparelhos. ( ) Rotações, apoios e inversões. ( ) Passos, corridas, saltos e saltitos. ( ) Tradicionais e adaptados. ( ) Desenvolvimento de força, flexibilidade e resistência. Assinale a sequência correta: a. IV - III - II - I. b. II - I - IV - III. c. III - II - IV - I. d. IV - II - I - III. e. II - IV - I - III. 3. Sobre os elementos corporais: I. Os elementos corporais com deslocamento são aqueles realizados para que o ginasta per- corra uma distância curta e se prepare para outros movimentos. II. Os elementos sem deslocamento podem ter um pequeno deslocamento ou trans- ferência de peso, de acordo com o que é realizado. III. Os saltitos são feitos a partir de uma forte impulsão em que o praticante precisa ter um boa altura para que seja considerado saltito. IV. O que diferencia salto de saltito é a fase de voo, já que no primeiro a fase é maior, e no segundo, menor. 76 atividades de estudo Assinale a alternativa correta: a. As alternativas A, B, C estão corretas. b. As alternativas B, C, D estão corretas. c. Apenas as alternativas A e D estão corretas. d. As alternativas A, B, D estão corretas. e. Todas as alternativas estão corretas. 4. Sobre as posições do corpo, relacione as colunas: I. Posição Carpada. II. Pisição Afastada. III. Posição Grupada. IV. Posição Estendida. ( ) Posição em que os segmentos corporais estão alinhados. ( ) Posição em que se tem a flexão do tronco a frente, aproximando as duas pernas estendidas. ( ) Flexão do quadril de forma simultânea com os joelhos, com a aproximação destes ao tronco. ( ) Postura em que ocorre o afastamento das pernas estendidas, de forma lateral ou longitu- dinal. Pode ou não ter flexão do quadril. Assinale a sequência correta: a. IV - I - III - II. b. II - I - IV - III. c. III - II - IV - I. d. IV - II - I - III. e. II - IV - I - III. 5. Considere as afirmações a seguir: I. As circunduções se caracterizam pela rotação de um segmento corporal, o qual tem que executar uma volta de 360 graus, tendo como ponto fixo uma articulação. II. Os balanceamentos remetem-se a movimen- tos de balanço, pendulares de um ou mais segmentos corporais. III. A circundução é o movimento realizado em torno do próprio eixo, por exemplo, na execu- ção de um pivot. IV. O balanceamento é o movimento realizado ao fim dos saltos para que se evite lesões. Assinale o que for correto: a. I e II estão corretas. b. I e III estão corretas. c. I e IV estão corretas. d. I, II e III estão corretas. e. Todas estão corretas. 77 LEITURA COMPLEMENTAR Leia o excerto do artigo a seguir que trata sobre o aquecimento nas aulas de Edu- cação Física. Os conteúdos a serem ensinados nas aulas de Educação Física devem ter uma práxis transformadora, sob a égide do paradigma da unidade e da complexidade, em que cor- po/sensível e alma/inteligível, assim como teoria e prática, estejam conectados, visando aos processos educativos e formativos do ser humano, perspectivando um sujeito cul- to, crítico e ético. É viável a edifi cação de uma autêntica práxis transformadora conecta- da à concepção da motricidade humana, pois por meio desta, podemos contribuir para o ato educativo, como defende Pereira (2007). Ao iniciarmos as discussões sobre os conteúdos a serem contemplados no ensino da Educação Física, cabe elucidar que con- teúdo é a seleção de formas ou saberes culturais, conceitos, explicações, raciocínios, habilidades, linguagens, valores, crenças, sentimentos, atitudes, modos de conduta e de procedimentos, entre outros, cuja apropriação é primordial para a educação e a for- mação da pessoa (COLL et al., 2000). Torna-se necessário ampliar a concepção de con- teúdo e considerar o que é relevante apreender nas aulas de Educação Física da. Enten- de-se que todos os conteúdos estruturantes da Educação Física devem ser ensinados na mesma proporção. Conteúdos estruturantes são “[...] os conhecimentos de grande amplitude, conceitos, teoria ou práticas, que identifi cam e organizam os campos de estudos de uma disciplina escolar, considerados fundamentais para a compreensão de seu objeto de estudo/ensino” (PARANÁ, 2008, p. 25). A disciplina escolar Educação Física terá como seus conteúdos estruturantes os campos de estudos traduzidos nos espor- tes, jogos e brincadeiras, ginástica, lutas e danças, além de conhecimentos históricos produzidos pela área ao longo dos tempos. A partir dos conteúdos estruturantes orga- nizam-se os conteúdos básicos a serem trabalhados por série ou ciclos de escolariza- ção, bimestres ou semestres letivos, compostos pelos temas/assuntos mais específi cos. [...] É necessário estarmos atentos à questão da população que ensinamos. Em aulas de 78 LEITURA COMPLEMENTAR Educação Infantil, talvez não se precise intensifi car a preparação prévia do organismo, do aquecimento corporal no momento de aula, entretanto o aquecimento corporal para as criançaspode ser realizado em dias de temperaturas baixas, em que o ensino de determinado conteúdo relacionado à prática de movimentos exige uma preparação prévia, contrariamente ao que acontece em dias de temperaturas elevadas. Em aulas para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio recomendam-se o aquecimento objetivando melhores condições motoras e psicológicas. Weineck (1991) explica que a intensidade do exercício e o tempo de duração do aquecimento devem se alterar com o aumento da idade. O autor ainda elucida que no âmbito escolar o tempo do aquecimento acaba sendo reduzido devido a outros objetivos específi cos do ensino do esporte. É relevante ressaltar que a criança e o jovem um dia serão adultos e terão que aprender na escola as questões que envolvem a preparação prévia do organismo, as quais deverão auxiliá-los no desempenho das tarefas motoras. Fonte: Pereira e Cesário (2011, p. 637-640). A discussão trazida neste excerto leva-nos a pensar em vários aspectos sobre o traba- lho como professor(a). Entretanto, além do tema aquecimento nas aulas de Educação Física, as autoras abordam a necessidade de respeitar o processo formativo de cada momento da vida do aluno, respeitando suas individualidades e trabalhando os conte- údos de acordo com as faixas etárias, com o intuito de formar sujeitos críticos e éticos. Ao ensinar Ginástica ou qualquer outro tema da cultura corporal de movimento, não devemos pensar apenas no conteúdo que está sendo desenvolvido, mas também quais são os desdobramentos que a aprendizagem desse conteúdo pode ter para a formação humana desse sujeito. EDUCAÇÃO FÍSICA 79 Fundamentos das Ginásticas Myrian Nunomura e Mariana Harumi Cruz Tsukamoto EDITORA: Fontoura SINOPSE: “Fundamentos das Ginásticas” é uma obra que pre- tende apoiar os profi ssionais de Educação Física e de Esporte no aprimoramento de suas práticas e conhecimento sobre algumas manifestações ginásticas. Os capítulos foram elaborados por professores e técnicos que estão ativamente envolvidos no ensi- no e estudo das respectivas modalidades, mas que não preten- dem constituir-se em “receitas” de atividades. Ao contrário, espe- ramos que o presente material oriente o desenvolvimento dos fundamentos básicos que caracterizam e alicerçam cada ginásti- ca. A partir de então, esperamos que os profi ssionais ampliem as propostas de atividades apresentadas, identifi quem as oportuni- dades de aplicação desses fundamentos e possam criar experi- ências cada vez mais enriquecedoras e desafi antes aos pratican- tes. Ginástica Geral, Volteio, Ginástica de Trampolim, Ginástica Aeróbica, Ginástica Rítmica, Ginástica Acrobática e Ginástica Ar- tística procuram despertar um novo olhar sobre as possibilida- des que as ginásticas têm de atender à diversidade populacional e de contextos e somar ao conteúdo da cultura corporal. APRESENTAÇÃO: Por meio do site da FIG você poderá conhecer as regras e como as modalidades se organizam mundialmente. A cada quatro anos, em virtude dos Jogos Olímpicos, essas re- gras acabam sofrendo alterações. Disponível em: <www.fi g-gymnastics.com>. APRESENTAÇÃO: Ao acessar o site da Confederação Brasilei- ra de Ginástica você terá acesso às competições e eventos que acontecem em nosso país, além dos regulamentos que organi- zam as modalidades ginásticas e as federações de cada estado. Disponível em: <www.cbginastica.com.br>. 80 referências ALTER, M. J. Alongamento para os esportes. 2. ed. São Paulo: Manole, 1999. BARBOSA-RINALDI, I. P.; PACÍFICO, T. A.; TEIXEIRA, R. T. S. Ginástica Rítmica: História, características, elementos corporais e música. Maringá-PR: Eduem, 2009. NUNOMURA, M. e NISTA-PICCOLO, V. L. Compreendendo a ginástica artís- tica. São Paulo: Phorte, 2008. PEUKER, I. Ginástica moderna sem aparelhos. Rio de Janeiro: Fórum, 1973. PEREIRA, A. M; CESÁRIO, M. A ginástica nas aulas de Educação Física: o “aque- cimento corporal” em questão. Revista da Educação Física/UEM Maringá-PR, v. 22, n. 4, p. 637-649, out./dez. 2011. SOUZA, E. P. M. de. Ginástica Geral: uma área do conhecimento da Educação Física. 1997. 163 f. Tese (Doutorado em Educação Física) – Faculdade de Educa- ção Física, UNICAMP, Campinas-SP, 1997. 81 gabarito 1. D. 2. B. 3. D. 4. A. 5. A. Prof. Dr. Antonio Carlos Monteiro de Miranda Prof.ª Me. Fernanda Soares Nakashima Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Evolução histórica da Ginástica Artística • Característícas da Ginástica Artística • Aparelhos da Ginástica Artística • Evolução histórica da Ginástica Rítmica • Características da Ginástica Rítmica • Elementos corporais e manejo de aparelhos na Ginástica Rítmica Objetivos de Aprendizagem • Compreender o desenvolvimento histórico da Ginástica Artística. • Identifi car as características da Ginástica Artística na atualidade. • Conhecer os diferentes aparelhos da Ginástica Artística. • Aproximar-se dos aspectos históricos da Ginástica Rítmica. • Apreender as características que fazem parte da Ginástica Rítmica. • Conhecer os elementos corporais e o manejo de aparelhos da Ginástica Rítmica. GINÁSTICAS COMPETITIVAS (OLÍMPICAS) III unidade INTRODUÇÃO Olá, seja bem-vindo(a)! Nesta unidade, conheceremos sobre as mo-dalidades competitivas olímpicas. Escolhemos as modalidades de Ginástica Artística e Ginástica Rítmica como as mais conhecidas e que recebem destaques por suas características, já que a Artística, além de ser masculina e feminina, possui aparelhos de grande porte, e a Ginásti- ca Rítmica se caracteriza pelo uso de aparelhos de pequeno porte. Ambas fazem parte da FIG e estão nos Jogos Olímpicos. A unidade está organizada da seguinte forma: a primeira parte trata sobre a Ginástica Artística, sua história e sistematização, e na sequência discutimos sobre os aparelhos e as caraterísticas da modalidade. Separamos os aparelhos em masculinos (solo, barra fixa, cavalo com alças, salto sobre a mesa, argolas e paralelas) e femininos (solo, mesa de salto, trave de equilíbrio e barras assimétri- cas). A segunda parte trata sobre a Ginástica Rítmica, sua evolução histórica, as características da modalidade, os aparelhos (corda, bola, arco, maças e fita) e suas possibilidades de manejo. Além disso, ao trazer cada aparelho dessa, sinalizamos quais são suas especificações técnicas e como devem ser para as competições oficias, fazendo uso de imagens para facilitar sua compreensão e conhecimento de cada aparelho. É importante que você, futuro(a) professor(a), consiga reconhecer e identificar cada modalidade a partir de suas características para que possa trabalhar com cada uma delas em suas aulas, lembrando que, mesmo sen- do modalidades competitivas e que muitas vezes pareçam ser apenas para atletas de alto nível e com uma controle corporal de dar inveja, o nosso papel como professor(a) é fazer com que nossos alunos conheçam essas diferentes modalidades e possam evoluir cada um diante de sua carac- terística própria. 86 GINÁSTICA Prezado(a) aluno(a), bem-vindo(a)! Falaremos neste tópico sobre a Ginástica Artística (GA). Para que você compreenda como esta modalidade se estruturou, trataremos sobre a sua história e evolução, trazendo o contexto e os nomes que contribuíram com suas ideias e resultaram em uma prática gímnica com carac- terísticas próprias. Em seguida, abordaremos as características da GA, falando sobre seus aparelhos e elementos corporais presentes na modalidade. Evolução Histórica da Ginástica Artística EDUCAÇÃO FÍSICA 87 CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E EVOLU- ÇÃO DA GINÁSTICA ARTÍSTICA A Ginástica Artística (GA) é conhecida pela presen- ça de força, agilidade, movimentos de rotação no ar e realização de diferentesexercícios em aparelhos de grande porte. Essas características se dão pela forma com que essa modalidade surgiu, mediante a situa- ção de conflito entre nações e a necessidade de reer- guer um país derrotado. Segundo Publio (2005), a Batalha de Jena foi o principal acontecimento para o surgimento dessa modalidade, já que, depois de muito evitar um con- fronto entre França e Prússia, o rei Frederico Gui- lherme III percebeu que a guerra seria inevitável e enviou um ultimatum a Paris em 26 de setembro de 1806. Nesse comunicado, ele exigia a imediata reti- rada das tropas francesas do território da Prússia, no entanto esse recado só foi recebido por Napoleão em 7 de outubro, já em Bamberg, na Prússia. O que foi tarde demais, porém mesmo assim os oficiais prussianos não acreditavam que os franceses tives- sem condições de enfrentá-los em campo aberto e tinham a certeza de vitória. Como o planejamento prussiano foi inadequado e a desorganização foi grande, quando perceberam a Prússia já havia sido derrotada e, para agravar ainda mais a situação, a Corte de Berlim não tinha tomado nenhuma pre- caução para prevenir as consequências de um fra- casso. Nas palavras de Publio, “o que deveria ser uma ofensiva prussiana transformou-se em uma derrota vergonhosa” (PUBLIO, 2005, p. 15). Com essa derrota, Johann Friedrich Ludwig Cristoph Jahn, conhecido como o “Pai da Ginástica”, buscou incitar a mocidade prussiana a se preparar fisicamente a fim de expulsar o exercito invasor. Se- gundo Publio, “o trabalho de Jahn foi sem dúvida a ‘célula mater’ da Ginástica Olímpica (gymnastique artistique), também denominada Ginástica Artísti- ca, Ginástica Desportiva ou Ginástica de solo e de aparelhos” (PUBLIO, 2005, p. 16). Publio (2005) destaca que Jahn lecionava em um instituto e era o responsável pelas saídas bissemanais dos alunos para uma área sem cultivo e arborizada chamada Hasenheide (Paradeiro das Lebres), local em que ocorriam batalhas simuladas. Para Jahn, caminhar, saltar, lançar, sustentar-se são exercícios gratuitos como o ar e podem ser praticados em qual- quer lugar, além do que, isso o Estado pode oferecer a todos - pobres, ricos, classe media, - tendo cada um sua necessidade. Com essa proposta, Jahn inaugura em julho de 1811 o primeiro local de prática ginástica ao ar livre, o hoje denominado Volkspark Hasenhei- de (Parque do Povo). Nesse local eram praticados movimentos de preparação do corpo utilizando ga- lhos de árvores, troncos para suspensões, volteios e movimentos que naquela época já indicavam o que seria a Ginástica Artística de hoje. O movimento criado por Jahn era tão forte e buscava tanto um caráter nacional que a palavra gimnasia foi subs- tituída por turnkunst, por considerá-la de origem alemã. Publio (2005) afirma que palavras como: turnen = praticar ginástica; turnplatz = local de Ginástica; turner = ginasta; voltigieren = balançar, voltear; torner = lutar, brigar; turntag = dia da gi- nástica; e turnkunst = arte ginástica, foram inven- tadas por Jahn e se tornaram verdadeiros termos técnicos da ginástica em aparelhos na Alemanha . GINÁSTICA 88 O turnen era pautado por um objetivo moral: como alcançar a autoconfiança, autodisciplina, in- dependência, lealdade e obediência. Metas essas que deveriam ser atingidas por meio de atividades com- pletas e informais. Era indiscutível o perfil de lide- rança de Jahn e as qualidades de um bom professor. Para Publio (2005, p.17), “a finalidade de sua obra era incentivar a união desmembrada Alemanha e despertar o sentimento patriótico do homem ale- mão, preparando-o para a revanche.” O movimento criado por Jahn cresceu muito, e em 1815 a Prússia é reerguida e a prática do Turnen amplia-se, abrangendo cada vez mais jovens e adul- tos. Os alunos foram divididos em idade, categoria e capacidade, estabelecendo-se uma hierarquia. Jahn introduziu inúmeros aparelhos, alguns já conhecidos e outros de sua própria invenção e adap- tação. Segundo Publio (2005), a barra horizontal (embora já conhecida) foi introduzida e tornou-se popular no playground de Jahn. As paralelas surgi- ram lá, mas não se sabe quem as inventou. O que se sabe é que foram criadas para desenvolver a força dos braços e do corpo em exercícios de volteio (giros no cavalo). Publio (2005) salienta que, após as guerras na- poleônicas, Jahn mantinha-se fiel à sua raça, de- senvolvendo as sociedades de ginastica alemãs. A Alemanha inovava e tomava gosto pelas demons- trações de massa (destacou-se a presença de seis mil ginastas no primeiro festival, organizado em Berlim, em 1861). No entanto, todo esse sucesso sofreu um grande abalo visto que, como nos sinaliza Publio: (2005, p. 19) Os grandes mestres firmavam-se muitas vezes na oposição. O exemplo de Jahn e dos aconte- cimentos considerados como revolucionários tiveram influência muito grande em vários pa- íses da Europa. Aplicando, de início, os princí- pios de Pestalozzi, ele convence a juventude a praticar a Ginástica; fortalecendo-lhes um ideal heroico, o gosto pelo esforço e pelo risco, o há- bito da obediência voluntária e o senso das an- tigas tradições da nação. Com a guerra ganha, passa a ser malvisto. Todavia, o impulso que ele havia imprimido a sua organização foi tal que nenhum obstáculo conseguiu diminuir-lhe o ímpeto. Seu dinamismo era tão extraordinário que não se esgotou, mesmo com a queda do Im- pério napoleônico, mas seu trabalho em favor da unidade alemã o leva a situações delicadas. As ligas políticas foram interditadas e a censura, na Imprensa, orientada para que não agitasse a questão (1816). Em 1818, o Turnen foi conside- rado revolucionário e demagógico: tratava-se do ‘abcesso’ maligno que era preciso extirpar. Outubro de 1818 foi o último mês em que foi permitido praticar Ginástica, tendo seu reinício, em 1819, sido proibido pelo governo prussiano (bloqueio ginástico) (PUBLIO, 2005, p. 19). Como toda essa situação, muitos ginastas e instru- tores foram perseguidos, e Jahn foi vítima de ‘per- seguição pedagógica’, sendo detido em 1819 por cinco anos pela acusação de conspirar como revo- lucionário de direita e de fazer propaganda subver- siva à nação. EDUCAÇÃO FÍSICA 89 Porém, a presença do bloqueio ginástico, ao in- vés de fazer esquecer a Ginástica, fez com que ela fosse ainda mais divulgada no mundo todo, pois a proibição da prática ginástica na Alemanha levou à emigração de diversos ginastas alemães, que difun- diram a Ginástica em todo o mundo. Em 1842, quando terminou o bloqueio ginástico na Alemanha, a Educação Física passou a ser reali- zada em recintos fechados, cujo hábito é mantido até os dias de hoje. A partir desse momento, a Ginástica Turnen de Jahn propagou-se rapidamente por toda a Alemanha, acontecendo na escola e sociedade, ani- mada por uma nova e crescente vida. Jahn faleceu em 1852, mas não demorou para ser reconhecido e, atualmente, para alguns alemães, Jahn permanece como um herói confiável e legen- dário do passado. Publio, baseando-se nas palavras de Barney (1979), destaca que “a memória de Jahn sobrevive até hoje, por mais de dois séculos, e como o tal, qualifica-o como ‘Pai da Ginástica’ para ser admirado em proporções realmente heroicas” (PU- BLIO, 2005, p. 21). A influencia de Guts Muths, pai da ginástica pe- dagógica alemã, foi importante para a estruturação dos exercícios propostos por Jahn, uma vez que ele se baseou na obra de Muths, Gimnastik fur die Ju- gend (Ginástica para a Juventude), de 1973. Segundo Publio (2005), é incontestável a glória de Guts Mu- ths em ser o introdutor da ginástica pedagógico-di- dática, constituindo-a como a base sistemática que serve de fundamento à ginástica educativa. Todavia, cabe a Jahn o mérito da propagação da Ginástica em aparelhos pelomundo inteiro. Com relação ao reconhecimento da modali- dade mundialmente, esse momento deu-se em 1952, ano no qual, por ocasião dos Jogos Olím- picos daquele ano, a Ginástica Olímpica passou a ser valorizada como modalidade esportiva. Se- gundo Publio (2005), foi nesse momento que a gi- nástica foi reconhecida como esporte, no conceito atual de fenômeno social, com regras previamen- te definidas quanto ao julgamento, aparelhagem, avaliação dos resultados, número de ginastas por equipes e a Federação Internacional de Ginástica trabalhando lado a lado com o Comitê Olímpico Internacional. No Brasil, a Ginástica Artística chegou por meio da colonização alemã no Rio Grande do Sul em 1824, lembrando que no período de 1820-1842 ocorreu o “Bloqueio Ginástico” e o Brasil também foi um dos países que recebeu alemães e, consequen- temente, a Ginástica. Entre 1895 e 1942 são criadas sociedades, fun- dações e federações de ginástica no Rio Grande do Sul, e em 1948 iniciam-se as práticas ginásticas em São Paulo, por meio da Federação Paulista de Ginás- tica e Halterofilismo. No Rio de Janeiro foi em 1950, na Federação Metropolitana de Ginástica (atual Fe- deração de Ginástica do Rio de Janeiro). Em 1951 iniciaram-se os campeonatos oficiais de Ginástica, organizados e dirigidos pelo Conselho de Assessores de Ginástica da Confederação Brasileira de Desportos (CAG-CBD), e em 1978 o Estatuto da Confederação Brasileira de Ginástica é aprovado e a Ginástica Artística passa a receber orientações desse órgão, o que ocorre até os dias de hoje. 90 GINÁSTICA Durante nosso estudo sobre a história da Ginástica Artística, vimos que ela recebeu uma forte influência do momento no qual surgiu. A pro- posta daquela época era preparar os jovens para os duelos, priorizando atividades de batalhas simuladas e a utilização da natureza para a prá- tica dos movimentos e desenvolvimento de força. Hoje, na modalida- de, conseguimos visualizar a presença dos aparelhos de grande porte, semelhantes aos utilizados por Jahn e o desenvolvimento de força dos atletas, fator esse necessário para a execução dos movimentos que são próprios da Ginástica Artística. A modalidade chama a atenção pela característica de colocar os corpos em voo. As acrobacias e coreografias destacam-se pelo nível de dificuldade e precisão de movimentos. Força, equilíbrio, concentração, agilidade são elementos básicos e que, em qualquer apresentação de Ginástica Artística, estarão presentes. A modalidade é dividida em masculina e feminina, e segundo Nuno- mura e Tsukamoto (2009), a GA feminina possui quatro tipos de apare- lhos: mesa de salto, que substituiu o cavalo em 2001, paralelas assimétricas, trave de equilíbrio e solo, sendo que este último possui acompanhamento musical. Já na masculina são seis aparelhos: solo (sem acompanhamento musical), cavalo com alças, argolas, mesa de salto, paralelas simétricas e barra fixa. Cada aparelho da modalidade possui uma medida específica oficial, e essas medidas são usados para as competições e treinamentos dos atletas de alto nível. No entanto, para a iniciação ou vivência dessa modalidade, todos esses aparelhos poderão ser substituídos. Falaremos sobre essa adaptação nas próximas unidades. Características da Ginástica Artística 91 EDUCAÇÃO FÍSICA Cada aparelho da Ginástica Artística tem sua especificidade com movimentos característicos de cada um e em alguns até temos aproximações. No entanto, o fato dos aparelhos serem diversos e ainda executados tanto por homens quanto por mulheres faz com que essa modalidade se torne rica e diversa. Aparelhos da Ginástica Artística MASCULINO Figura 1- Cavalo com Alças Figura 2 - Barras paralelas simétricas Figura 3 - Argolas Figura 4 - Barra Fixa GINÁSTICA 92 FEMININO Figura 5 - Barras paralelas assimétricas Figura 6 - Trave de Equilíbrio MASCULINO E FEMININO Figura 7 - Mesa de Salto Figura 8 - Solo Como é possível o corpo humano executar movimen- tos tão belos e que rompem com o que estamos acos- tumados a ver, a exemplo de um ginasta que consegue realizar rotações no ar com toda segurança e ainda retornar na posição de pé? Como conseguem girar várias vezes em uma barra, sustentar-se com a força dos braços nas argolas ou ainda executar saltos mor- tais sobre uma trave de equilíbrio de apenas 10cm? Uma coisa nós podemos ter certeza, não é de uma hora para a outra que um atleta consegue executar es- ses e muitos outros movimentos. Não são dias, sema- nas ou meses de treinamento, mas sim anos, muitos anos para que desenvolvam a habilidade de realizar os exercícios nos diferentes aparelhos da modalidade. EDUCAÇÃO FÍSICA 93 Por isso, nesse momento, para que entendamos um pouco mais como esses atletas iniciam suas car- reiras, aprenderemos sobre os padrões básicos de movimento, ou seja, o que o futuro ginasta precisa aprender como base na iniciação para depois ter su- cesso em sua carreira como ginasta. Existem várias denominações sobre os padrões de movimento a partir de diferentes autores. No en- tanto, utilizaremos a proposta de Russel e Kinsman (1986), trazida por Nunomura e Tsukamoto (2005). Para os autores, todos os movimentos realizados na Ginástica partem dos Padrões Básicos de Movimen- to (PBM’s). Nesse sentido, o domínio desses padrões permite a evolução de qualquer habilidade na Gi- nástica Artística. Cada PBM foi agrupado de acordo com os prin- cípios mecânicos de sua execução. O quadro a seguir apresenta seis padrões de movimento. Lembre-se sempre: a ginástica deve fazer parte da formação dos alunos que para que eles tenham acesso a essa manifestação corporal e conheça tudo que é possível, de forma prazerosa e instigante. REFLITA Quadro 1 - Padrões básicos de movimento na Ginástica Artística Fonte: Russell e Kinsman (1986). PBM Tipos Príncipio Mecânico 1. Aterrissagens • sobre os pés • sobre as mãos • com rotação • sobre as costas Utilizar mais tempo e mais partes do corpo para absorver o momento de qualquer aterrissagem. 2. Posições estáticas • apoios • suspensões • equilíbrios Relação entre o Centro de Gravidade (CG) e a Base de Apoio (BA): • Quanto mais próximo o CG da BA, maior a estabilidade; • O CG deve estar dentro da BA; • Quanto maior a BA, maior a estabilidade; • Para um corpo segmentado, a estabilidade será maior quando o CG de cada segmento estiver situado verticalmente sobre o CG do segmento imediatamente abaixo. 3. Deslocamentos • sobre os pés • em apoio • em suspensão Aplicação de força interna (contração muscular) para mover o CG. 4. Rotações • no eixo longitudinal • no eixo transversal • no eixo ântero-posterior Para iniciar uma rotação, aplicar uma força que não passe pelo CG. Quando mais longe a força for aplicada do CG, maior o efeito de rota- ção. 5. Saltos • com as duas pernas • com uma perna • com as mãos Aplicação de força interna ou externa para produzir um deslocamento rápido do CG. Essa força deverá ser de magnitude suficiente, na direção desejada e aplicada a um corpo rígido. 6. Balanços • da suspensão• do apoio Na fase Ascendente, o momento será diminuído. Na fase Descendente, o momento será aumentado. A retomada das mãos deverá ser realizada no topo ou ponto morto. A barra deverá ser segurada em forma de gancho. GINÁSTICA 94 A partir do quadro 1, podemos compreender que o atleta, na execução dos diferentes elemen- tos ginásticos, terá que aterrissar de diferentes formas, buscando sempre uma região de maior contato com o solo e que lhe dê segurança. Nas posições estáticas, focar o centro de gravidade e a base de apoio do corpo, seja em apoio, suspen- são ou equilíbrio, assim como nos deslocamentos, indo de um ponto a outro e focando o centro de gravidade.Nas rotações, sempre aplicando força o mais distante possível do centro de gravidade. Nos saltos, dirigir a força nas direções desejadas, e nos balanços deixar o corpo reagir ao estímulo de impulso e que gere o balanço. Para que fique mais fácil sua compreensão so- bre esses padrões de movimento, a partir de agora falaremos de cada aparelho e traremos exemplos de como esses padrões acontecem efetivamente na exe- cução dos movimentos. Antes disso, é importante conhecermos quais são os elementos corporais da Ginástica Artística: • Passos de Dança – caracterizam-se pelos saltos, pivots e movimentos que remetam ao processo coreográfico, dando qualidade ar- tística à série. • Pré- Acrobáticos – movimentos de inversão de eixo que muitas vezes preparam para um elemento acrobático. Exemplo: a Roda (estre- la), rodante, rolamentos etc. • Acrobáticos – movimentos de inversão de eixo que apresentam um grau de dificuldade maior, como os mortais, flic-flacs, reversão sem mãos etc. • Não Acrobáticos – são os movimentos reali- zados para demonstrar força ou flexibilidade. Muitas vezes são estáticos, como as paradas de mãos, esquadros, parada de cabeça etc. GAF – GINÁSTICA ARTÍSTICA FEMININA Trave de Equilíbrio – o aparelho trave de equilí- brio exige que a ginasta execute movimentos que demonstrem sua habilidade de equilíbrio. A trave é feita de madeira, forrada com espuma e coberta com couro. Ela mede 5 metros de comprimento, tem 10cm de largura e fica a 1,20m do solo. A ginasta precisa utilizar toda a extensão do aparelho e tem o tempo de 70 a 90 segundos para executar sua série. Neste aparelho, a ginasta executará movimentos de aterrissagens durante as acrobacias e na entrada e saída da trave, além de posições estáticas, desloca- mentos, rotações, saltos e balanços. EDUCAÇÃO FÍSICA 95 Barras Assimétricas – neste aparelho a ginasta deve executar movimentos de suspensões, balanços, sal- tos, rotações, deslocamentos e aterrissagens ao sair do aparelho. A ginasta deve, obrigatoriamente, usar as duas barras, tanto a superior quanto a inferior, executando movimentos de passagens entre uma e outra. A largura das barras assimétricas é de 2,40m. A barra menor tem de 1,40m a 1,60m e a maior de 2,20m a 2,30m, e a distância entre uma barra e outra é de 1 metro. A partir de estudos e pesquisas foi desenvolvida a mesa de salto que possui a altura de 1,20m e uma superfície de contato bem maior para os atletas, o que oferece mais segurança e controle para os pra- ticantes. A ginasta executa uma corrida de aproxi- mação e, com o uso de um trampolim Reuther, faz a entrada no aparelho de frente ou de costas para a mesa, e utilizando-se das mãos para o apoio reali- za o salto, variando em formas e possibilidades. Os padrões de movimentos usados neste aparelho são: aterrissagens, deslocamentos, rotações e saltos. Salto sobre a mesa – este aparelho surgiu em substi- tuição ao cavalo, que antes era usado para os saltos, colocado na forma longitudinal para os saltos mas- culinos e transversal para os saltos femininos. Figura 9 - Cavalo no qual os saltos eram feitos Figura 10 - Trampolim GINÁSTICA 96 Solo – o solo é um dos aparelhos mais clássicos da Ginástica Artística. Ele chama a atenção pelas diferentes possibilidades de execução realizadas pelos atletas. Neste aparelho que mede 12x12, o atleta realiza movimentos de aterrissagens, mo- vimentos estáticos, deslocamentos, rotações e saltos. O solo é onde normalmente tudo começa, onde os atletas aprendem os movimentos básicos que depois serão utilizados nos demais aparelhos. É muito importante que o atleta use todo o espaço do tablado, o uso das diagonais acontece para que o atleta tenha mais espaços de corrida, preparação e execução dos movimentos. A ginasta tem acom- panhamento musical e o tempo de 70 a 90 segun- dos para a execução da série. Figura 11 - O trampolim mais comum é este, com molas EDUCAÇÃO FÍSICA 97 GINÁSTICA ARTÍSTICA MASCULINA (GAM) Barra Fixa – é um aparelho que exige de seu prati- cante força e consciência corporal. O atleta precisa girar seu corpo diversas vezes para diferentes senti- dos e com diferentes formas. A maneira de segurar a barra também deve alterar, além de realizar trocas e retomadas na barra. O material da barra é de aço polido e ela possui 2,40m de comprimento, 2,8mm de diâmetro e fica a 2,5m do solo, altura que permite a rotação do atleta (giro gigante) com o corpo esten- dido. Nesse aparelho o atleta realizará aterrissagens, deslocamentos, rotações, saltos e balanços. Barras Paralelas – este aparelho exige bastante força dos praticantes, principalmente dos mem- bros superiores, pois o atleta utilizará a força des- de grupo muscular em maior parte do tempo. Ele se caracteriza por um aparelho com duas barras de madeira ou de fibra com 3,5m de comprimen- to e a distância entre uma barra e outra é de 42 a 52cm. Já a altura do aparelho é de 1,95m do solo, altura que permite ao atleta executar seus movi- mentos tanto com o apoio das mãos quanto dos braços (apoio braquial). Os padrões de movimen- to realizados neste aparelho são as aterrissagens, as posições estáticas, deslocamentos, rotações, saltos e balanços. GINÁSTICA 98 GINÁSTICA Salto sobre a mesa – o salto sobre a mesa masculino é semelhante ao feminino, com corrida de aproxi- mação, utilização do trampolim e entrada na mesa usando as mãos para o salto. No entanto, a altura da mesa de salto masculina será de 1,30m. Cavalo com Alças – este aparelho também exige bastante força dos membros superiores e a execu- ção dos movimentos caracteriza-se pelo controle do corpo em relação com o aparelho. Ele tem 1,60m de comprimento e de 35 a 37cm de largura. É coberto de couro e fi ca a 1,10m de altura, além disso possui duas alças de madeira de 12cm de altura com uma distância de 40 a 45cm uma da outra. Os padrões de movimento executados são aterrissagens, deslo- camentos, rotações e balanços. EDUCAÇÃO FÍSICA 99 EDUCAÇÃO FÍSICA Argolas – os movimentos executados neste apare- lho chamam muito a atenção pela difi culdade que eles apresentam. O atleta deve executar movimen- tos estáticos e dinâmicos, realizando diferentes po- sições com o corpo. As argolas são dois anéis feitos de madeira ou fi bra de vidro com a medida de 18cm de diâmetro externo e que fi cam suspensas por cor- reias que estão presas a 5,5m do solo. Já as argolas fi cam a 2,5m do solo e com uma distância de 50cm entre uma e outra. Os padrões de movimento deste aparelho englobam aterrissagens, posições estáticas, rotações e balanços. Solo – o solo masculino tem a mesma medida do solo feminino, entretanto o tempo de coreografi a é de 50 a 70 segundos e não tem acompanhamen- to musical. A série masculina apresenta bem mais elementos de força, e por não ter música não possui movimentos que remetam à dança ou expressão cor- poral. O atleta realiza movimentos de aterrisagens, estáticos, deslocamentos, rotações e saltos. GINÁSTICA 100 Evolução Histórica da Ginástica Rítmica Caro(a) aluno(a), nesta parte da unidade, vamos fa- lar sobre a Ginástica Rítmica (GR). Para que você melhor compreenda como foi que esta modalidade se estruturou para se apresentar como é hoje, fala- remos sobre a sua história e evolução, trazendo os pensadores que contribuíram com suas ideias que somadas resultaram em uma prática gímnica única. Em seguida, abordaremos as características específi - cas da GR, que fazem dela uma modalidade que se diferencia das demais disciplinas ginásticas. EDUCAÇÃO FÍSICA 101 CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E EVOLUÇÃO DA GINÁSTICA RÍTMICA A Ginástica Rítmica (GR) é conhecida pela sua graciosidade, elegância, expressividade, movimen-tos de grande flexibilidade e manejo de aparelhos. Essas características têm a ver com o objetivo que motivou o surgimento desta modalidade: a valori- zação da mulher. De acordo com Marinho (1979), apesar de hoje ser praticada também por homens, de forma não oficial, a GR teve origem como uma possibilidade de atividade para as mulheres, até então impedidas de praticarem ginástica e outras manifestações esportivas. Mas para compreendermos melhor como acon- teceu esse processo é preciso que retomemos algu- mas informações discutidas no tópico 2 da unidade 1, que relata a sistematização da Ginástica. Vimos que no século XIX a Ginástica teve um grande de- senvolvimento gerado pelas Escolas de Ginástica (alemã, nórdica e francesa), certo? Vimos também que as ideias destas Escolas sofreram transforma- ções no século XX, quando emergiram os chama- dos Movimento do Centro (Escola Alemã), Mo- vimento do Norte (Escola Nórdica) e Movimento do Oeste (Escola Francesa). Afirmam Langlede e Langlade (1970) que foi justamente o Movimento do Centro que deu fundamentos ao surgimento da Ginástica Rítmica. O Movimento do Centro era composto por duas manifestações: a artístico-rítmico-pedagógi- ca e a técnico-pedagógica. De acordo com Oliveira et al. (1988), a manifestação artístico-rítmico-pe- dagógica, também chamada de tendência musical, é que deu base para a consolidação da Ginástica Rítmica, ao proporcionar a integração das artes na Educação Física. A criação deste método ginástico recebeu con- tribuições de diversos estudiosos de diferentes pa- íses, que estavam ligados a quatro diferentes cor- rentes, conforme afirma Peuker (1974): a corrente pedagógica, a corrente da arte cênica, a corrente da dança e a corrente da música. Falaremos brevemen- te sobre os pensadores que mais se destacaram em cada corrente. De acordo com os autores Peuker (1974) e Barbosa-Rinaldi et al.(2009), na corrente pedagó- gica podemos evidenciar: Jean-Jacques Rousseau (1712- 1778), filósofo e pedagogo alemão que con- siderava a educação do corpo como parte da edu- cação total do indivíduo; Basedow (1723-1790), alemão que inspirava-se em Rousseau, interessa- va-se pelos aspectos educacionais da Educação Física e que deu início à ginástica natural; Salz- man (1744-1811), também alemão e seguidor das ideias de Basedow, fundador de uma escola onde se priorizava a Educação Física; Pestalozzi (1746- 1827), o primeiro a considerar corpo, espírito e alma como um todo inseparável e indivisível; Guts Muths (1959-1839), austríaco, considerado o pai da ginástica pedagógica e que criou um sistema de Ginástica inspirado na filosofia e nos exercícios da Grécia Antiga; Per Henrik Ling (1776-1839), criador do método da ginástica sueca, em que a verdadeira educação ginástica deveria atender às necessidades morais e corporais, e que dedicava atenção à correção postural, à flexibilidade da ar- ticulações e relaxamento neuromuscular; Hilma Jalnaken (1889-1964), professora finlandesa que contribuiu para a difusão das ideias da ginástica feminina na Finlândia. GINÁSTICA 102 Na corrente da arte cênica temos como princi- pais representantes: François Delsart (1811-1871), francês, autor da teoria que diz que há uma influ- ência mútua entre espírito e atividade física, criador da ginástica expressionista, que influenciou a ex- pressividade da Ginástica atual; Genevieve Stebbins (1857-1934), americana, difundiu as ideias de Del- sart em seu país, criadora da ginástica respiratória europeia que implica em três elementos básicos: res- piração, tensão e relaxamento; Hedwig Kallmeyer (1864-1960), alemã, aluna de Genevieve que intro- duziu na Alemanha os conhecimentos adquiridos com a professora. Na corrente da dança, foram importantes: Jean-George Noverre (1727-1810), autor das “Car- tas sobre a Dança e os ballets”, que se apresenta contrário aos excessos de rigidez do ballet clássico; Isadora Duncan (1878-1927), americana conhecida como a “dançarina dos pés descalços”, buscou a li- bertação do formalismo da dança clássica, expres- sando-se com movimentos naturais, expressivos e inspirados nas linhas gregas, trazendo uma nova concepção à dança; Rudolf Laban (1879-1958), aus- tro-húngaro, objetivou reconstruir o estudo da co- reografia em linguagem especial do espírito, corpo e alma, que até então era limitado a uma linguagem simplesmente corporal, trouxe uma nova forma de expressão para a Ginástica enquanto arte; Mary Wigman (1886-1973), professora de dança na Ale- manha que criou uma forma de dança com movi- mentos naturais e simples. Figura 12 - Laban Fonte: Educação Musical (BLOGSPOT, 2012, on-line)1. Figura 13 - Isadora Duncan Fonte: The Linosaurus (BLOGSPOT, 2014, on-line)2. EDUCAÇÃO FÍSICA 103 Na corrente da música evidenciamos, de acordo com Peuker (1974) e Barbosa-Rinaldi et al. (2009): Jacques Dalcroze (1865-1950), professor de música e compositor alemão, criador da euritimia, trouxe valiosas contribuições à Ginástica com suas ideias de relacionamento entre ritmo ginástico, ritmo mu- sical e suas possibilidades de alternância. Desenvol- veu o instinto ritmo e métrico musical, em um mé- todo que buscava fazer do corpo um instrumento de expressão estética. Influenciou não só o ensino da música, mas também a formação de escolas de dan- ça e o desenvolvimento da Educação Física; Rudolf Bode (1881-1971), alemão considerado o fundador dos princípios básicos da GR, entre eles a ideia de movimento ôrganico, o trabalho de contração e re- laxamento, a totalidade do movimento consideran- do o corporal e o espiritual. Deu mais importância ao exercício corporal, colocando a música a serviço deste e utilizando ações em grupos; Heinrich Medau (1890-1974), que foi estudante na escola de Bode, estabeleceu a diferença entre exercícios rítmicos e métricos, deu importância aos exercícios respirató- rios e boa formação postural. Introduziu aparelhos manuais como bolas, arcos e maças para aprimorar o sentido rítmico, com ênfase no acompanhamen- to musical; Elli Björkestén (1870-1947), finlandesa, professora de Ginástica na faculdade de Helsinki, apresentou movimentos de caráter rítmico, estéti- co e expressivo, influenciando a ginástica neosueca, que era rígida e mecânica; Elin Falk (1872-1942), também influenciou a ginástica neosueca levando movimentos mais livres e naturais para a ginástica infantil, aliando ritmo, naturalidade e relaxamen- to; Maja Carlquist (1884-1968), finlandesa que deu continuidade às ideias de Falk e que contribuiu para o caráter interpretativo da Ginástica. Fonte: Dalcroze K-6 (on-line)3. Fonte: Wikimedia (2016, on-line)4. GINÁSTICA 104 Conforme afirma Peuker (1974), foi a partir da con- tribuição destes pensadores de diferentes correntes que algumas manifestações gímnicas se desenvolve- ram, assim como a Ginástica Rítmica, um sistema ginástico destinado à mulher, baseado em movi- mentos orgânicos, rítmicos e dinâmicos e, de acordo com Paoliello e Toledo (2010, p.25): [...] não possuía caráter competitivo, assim como os demais métodos europeus de ginásti- ca, mas de prática de atividade física sistemati- zada, visando não à comparação de performan- ce, mas ao condicionamento, à disciplina e à estética do corpo, entre outros objetivos. Quando falamos em movimentos orgânicos estamos nos referindo a um sistema em que há a participação do corpo em sua totalidade. De acordo com Peuker (1974), a realização destes movimentos deve acon- tecer de forma fluida, ou seja, sem fragmentações, e dessa maneira a sua dinâmica deve ser rítmica e não orientada por uma contagem métrica e rígida. O processo para que a GR se tornasse uma mo- dalidade reconhecida e única foi marcado por alguns acontecimentos. O seu processo de sistematização se iniciouem 1948, na primeira competição organiza- da pela antiga União Soviética. Em 1951 foi criada a Liga Internacional de Ginástica Moderna (LIGIM) por Heinrich Medau, em Viena, a fim de difundir a prática. Assim, a GR (na época Ginástica Moderna) estava sendo inserida por meio de apresentações em eventos de Ginástica e fazendo parte das competi- ções de Ginástica Artística, como aconteceu nos Jo- gos Olímpicos de Londres e nos Jogos Olímpicos de Helsinki, em 1952, até ser abolida nos Jogos de Mel- bourne, em 1956. Entretanto, encontros internacio- nais continuaram a ser realizados, até que, em 1962, no Campeonato Mundial de Ginástica Artística em Praga, foram feitas demonstrações que chamaram a atenção a ponto da Federação Internacional de Ginástica (FIG), em 1962, a reconhecer como uma modalidade independente. De acordo com os autores Barbosa-Rinaldi et al. (2009), Langlade (1970) e Llobet (1998), o primeiro Campeonato Mundial de Ginástica Moderna acon- teceu em dezembro de 1963, na Hungria. O código de pontuação, no entanto (ou seja, as regras da mo- dalidade), foi publicado apenas em 1970 pela FIG. Vale ressaltar que quando a GR surgiu foi ini- cialmente denominada Ginástica Moderna (1963), e passou por outras nomenclaturas como Ginás- tica Rítmica Moderna (1972) e Ginástica Rítmica Desportiva (1975). Afirmam Barbosa-Rinaldi et al. (2009) que foi a partir de 1997 que a Federação In- ternacional de Ginástica (FIG) tornou oficial o nome Ginástica Rítmica, ao considerar redundante a men- ção desportiva, por se tratar de uma modalidade competitiva de qualquer forma, além de criar uma padronização com outras denominações gímnicas, como a Ginástica Artística, com apenas dois nomes. A Ginástica Rítmica (GR) começou a ser difun- dida no Brasil por cursos ministrados pela professora austríaca Margareth Fröhlich, em 1953 e 1954, pro- movidos pelo Departamento de Esportes do Estado de São Paulo, com assistência da professora da Uni- versidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Erica Saur. No entanto, a principal divulgadora da modali- dade foi a húngara Ilona Peuker, por meio de cursos e demonstrações em diversas cidades. De acordo com Publio (1998), foi a partir daí que a Ginástica Mo- derna passou a ser desenvolvida na área estudantil, incentivando a formação de grupos de elite, como o pioneiro Grupo Unido de Ginastas (GUG) e a realiza- ção da primeira competição em 1968, pela Federação Carioca de Ginástica. EDUCAÇÃO FÍSICA 105 Figura 14 - GUG Fonte: Entre Arcos e Fitas (BLOGSPOT, 2011, on-line)5. Afirmam os autores Santos et al. (2010) que a criação da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), em 1978, permitiu que a modalidade evo- luísse no país. Em 1984, o Brasil foi representa- do pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, ano em que a GR se tornou modalidade olímpica, na categoria individual, pela ginasta Ro- sane Favilla Ferreira, do Rio de Janeiro. O Brasil teve até o presente quatro participações em Jogos Olímpicos na categoria de conjuntos: em Sydney, 2000, Atenas, 2004 , Beijing, 2008 e Rio de Janeiro, 2016. Como país sede, será representado também na categoria individual. Fonte: Portal Bragança (2015, on-line)6. GINÁSTICA 106 Vimos que o desenvolvimento da Ginástica Rítmica foi resultante de um processo de inserção das artes (dança, música e artes cênicas) e da pedagogia no campo da Educação Física. Como resultado desta interação, a Ginástica Rítmica se consolidou como uma modalidade que une a elegância do ballet e o drama do teatro acompanhada da interpretação da música que orienta o ritmo e a intensidade dos mo- vimentos que compõem a série, que é como é cha- mada a coreografi a (FIG, on-line)7. Durante a sua apresentação, a ginasta deve demonstrar aos árbitros (juízes que a avaliam) e ao público a polidez de movimentos com grau elevado de fl exibilidade, além de força e agilida- de, aliados ao domínio de um dos seus aparelhos manuais: arco, bola, maças e fi ta (a corda é con- siderada um aparelho ofi cial apenas para as ca- tegorias iniciantes). Os movimentos arriscados realizados com estes aparelhos, manuseados de diversas formas, sendo lançados ao ar enquanto Características da Ginástica Rítmica a ginasta realiza saltos e movimentos acrobáticos sem deixar de recuperá-los de formas inusitadas, tornam esta modalidade dinâmica e desafi adora (FIG, on-line)7. Atualmente, a GR tem competições conside- radas ofi ciais pela FIG e demais órgãos a ela su- bordinados, apenas femininas. Alguns países asi- áticos e europeus já apresentam a manifestação de GR masculina, com competições há mais de 10 anos, porém não ofi ciais. Em se tratando das competições ofi ciais, portanto, femininas, existem provas individuais e em conjunto. Na categoria individual a ginasta deve apresentar quatro séries diferentes, uma com cada aparelho. Para os con- juntos, formados por 5 ginastas, devem ser apre- sentadas duas séries, uma com as ginastas usando 5 aparelhos iguais (por exemplo: 5 fi tas) e outra série mista, em que dois tipos de aparelhos são usados, na proporção 2 e 3 (por exemplo: 2 bolas e 3 arcos) (FIG, on-line)7. EDUCAÇÃO FÍSICA 107 Figura 15 - Conjunto Figura 16 - Conjunto Misto Figura 17 - Individual 108 GINÁSTICA Podemos destacar como os principais pilares que caracterizam a GR: os elemen- tos corporais, a manipulação de aparelhos e o acompanhamento musical. Para melhor visualizar estes aspectos apresentamos o quadro desenvolvido por Bar- bosa-Rinaldi et al. (2009). Quadro 2 - Características da Ginástica Rítmica Fonte: Barbosa-Rinaldi et al. (2009, p. 25). O Quadro 2 apresenta os elementos que em conjunto tornam a GR uma manifes- tação com inúmeras possibilidades, permitindo o uso da criatividade na compo- sição das séries, além de poder ser trabalhada de forma lúdica, sendo adequada a ambientes educacionais. De acordo com Barros e Nedialcova (1999), esta ativi- dade contribui para o desenvolvimento da locomoção, manipulação, tônus cor- poral, organização espaço-temporal, coordenação óculo-segmentar, equilíbrio, coordenação da dinâmica geral e ritmo. Para compreendermos com mais profundidades cada um destes elementos, iremos abordá-los nos itens a seguir. CARACTERÍSTICAS DE GINÁSTICA RÍTMICA MANIPULAÇÃO DE APARELHOS ELEMENTOS CORPORAIS Manifestação com possibilidades de dinâmica, de criatividade, de ludicidade com características próprias ACOMPANHAMENTO MUSICAL 109 EDUCAÇÃO FÍSICA Conforme mencionado anteriormente, a Ginástica Rítmica possui oficialmen- te 5 aparelhos: a corda, o arco, as maças, a bola e a fita. Nas competições inter- nacionais são utilizados quatro: o arco, a bola, as maças e a fita, pois a corda há algum tempo tornou-se apenas obrigatória às categorias de base. No processo de iniciação ou escola, devemos explorar ao máximo todos os aparelhos, além de utilizar aparelhos não oficiais, é muito interessante para as aulas por sua grande contribuição para o desenvolvimento dos alunos. Elementos Corporais e Manejo de Aparelhos da Ginástica Rítmica 110 GINÁSTICA Cada um dos aparelhos da GR permite a realização de uma variedade de mo- vimentos de acordo com suas formas e especificidades, conforme apresenta a Tabela 1. Tabela 1- Movimentos técnicos dos aparelhos Fonte: baseado no Código de Pontuação de Ginástica Rítmica da Federação Internacional de Ginástica (CBG, versão 2013-2016, on-line)8. EDUCAÇÃO FÍSICA 111 EDUCAÇÃO FÍSICA Podemos perceber pela Tabela 1 que alguns movi- mentos são comuns entre todos os aparelhos, assim como há alguns outros que são comuns a dois ou mais aparelhos, como por exemplo as passagens por dentro, que são realizadas com a corda, o arco e tam- bémcom a fi ta, ou então as escapadas (échappes) que são feitas com a corda e com a fi ta. Trataremos a se- guir sobre os movimentos técnicos que são comuns aos 5 aparelhos: Lançamentos: São movimentos em que o apa- relho é lançado ao ar podendo fazer uma trajetória vertical ou de parábola, sendo impulsionado em diferentes planos e direções (se a forma do apa- relho permitir). É possível lançar com uma das mãos iniciando o movimento com um balanceio, direcionando o aparelho para frente, assim como se pode impulsioná-lo lateralmente ou por trás das costas. No caso do arco e das maças, ainda podem ser lançados no plano longitudinal (como se esti- vesse deitado). Outras partes do corpo podem re- alizar o lançamento, como por exemplo, o pé. No caso das maças, por se tratarem de dois aparelhos idênticos usados simultaneamente, pode-se lançar apenas uma ou as duas. Recuperações: São movimentos que dependem dos lançamentos. Após lançado ao ar, a ginasta deve recuperar o aparelho de alguma forma. Pode ser com a mão, com as pernas, com mais de uma parte do cor- po ao mesmo tempo, além de ser possível recuperá- -lo em rotação, seja nas mãos, no pés, no pescoço se a forma do aparelho permitir (ex. arco) e por preensão (ex. bola recuperada entre os dois pés). Os aparelhos ainda podem ser recuperados passando-se através de seu centro, deixando que ele caia sobre o corpo ou en- tão buscando-o durante a sua trajetória realizando um salto, por exemplo (no caso do arco). Pode ser utiliza- da muita criatividade em relação às formas de se recu- perar o aparelho, tornando o movimento desafi ador. 112 GINÁSTICA Circunduções: São movimentos em que o aparelho realiza a trajetória de um grande círculo como consequência da circundução do braço (movimento tem como eixo central o ombro). Esta circundução pode ser realizada em diferentes planos e direções. Movimento em oito: São movimentos em que o aparelho, seguro pela mão, percorre uma trajetória que realiza um “8” no ar. Semelhante à circundução, po- rém realizando dois círculos de tamanho iguais em níveis diferentes, ou lados diferentes do corpo. Como cada aparelho possui suas especifi cidades quanto à forma, tamanho e possibilidades de movimentações, falaremos agora de cada um separadamente: Balanceios: São movimentos em que o aparelho é seguro por uma mão ou por ambas, realizando um balanço que realiza uma trajetória de “U” imaginário no ar. Podem ser realizados em diferente planos. Figura 18 - Balanceios 113 EDUCAÇÃO FÍSICA A CORDAA CORDA Figura 20 - Medida da Corda Conforme afi rmam Barbosa-Rinaldi et al. (2009), a corda deve ser leve e fl exível, normalmente feita de polipropileno ou nylon, mas para efeito de aprendi- zagem pode-se utilizar as de cânhamo. O seu diâme- tro deve ser uniforme e não deve haver empunhadu- ra nas pontas. O ideal é que o tamanho da corda seja adequado à altura do aluno (pisando-se com os dois pés no centro da corda, segura-se uma ponta com cada mão e estas pontas devem alcançar os ombros). A corda é utilizada com um nó em cada extremida- de, para impedir que escape facilmente das mãos. É por estas extremidades que deve ser segura durante o seu manuseio para a maior parte dos movimentos que podem ser executados. GINÁSTICA 114 Figura 21 - Empunhadura Correta Figura 22 - Empunhadura Incorreta Além dos movimentos já citados como possibilida- de de todos os aparelhos, com a corda ainda é pos- sível realizar: Rotações: são movimentos em que a corda des- creve círculo no ar, tendo como eixo a mão que está segurando uma ponta, ou as duas pontas juntas (corda dobrada ao meio, por exemplo), bem como pode ser segura com a mão em seu centro. EDUCAÇÃO FÍSICA 115 Figura 23 - Rotação da Corda - Frente Figura 24 - Rotação da Corda - Acima Figura 25 - Rotação da Corda - Lateral GINÁSTICA 116 Passagens por dentro: é o movimento em que a cor- da, sendo segura com cada mão em uma extremida- de, forma um desenho de “U” e a ginasta passa por dentro, realizando uma forma de andar, um saltito, um salto, entre outras posições corporais que per- mitem este movimento da corda. Pode-se utilizar também corda dobrada em mais partes, diminuindo o espaço de passagem do corpo. Figura 26 - Passagem por dentro da corda EDUCAÇÃO FÍSICA 117 Escapadas (échappes): é o movimento em que uma das pontas da corda é solta propositalmente, des- crevendo uma trajetória no ar e retornando para a mão da ginasta. Figura 27 - Escapada Corda GINÁSTICA 118 Espirais: são movimentos em que a corda desenha mais de um círculo no ar com toda a sua extensão, sendo segura por uma das mãos. Pode iniciar como uma escapada, porém antes de retornar à mão são descritos movimentos de espirais. Além destes movimentos, é possível utilizar a corda de outras maneiras, por exemplo, reali- zando enrolamentos ao redor do corpo, batidas Figura 28 - Véu da ponta no solo e demais possibilidades que a criatividade permitir. Véus: com uma ponta da corda em cada mão, serão realizados movimentos de rotação com a corda passando bilateralmente, realizando uma trajetória em 8 no ar. É importante o movimento de cruzar e descruzar os braços para a realização correta. Figura 29 - Véu Lateral EDUCAÇÃO FÍSICA 119 GINÁSTICA 120 O ARCO O arco é um aparelho que tem familiaridade com o universo infantil. Chamado popularmente de bam- bolê, é um objeto que faz parte das brincadeiras das crianças, sendo lúdico e possibilitando a exploração de diferentes movimentos. Assim também, como aparelho ofi cial da GR, o arco é um aparelho com uma grande variedade de formas de manuseio. Conforme afi rmam Barbosa-Rinaldi et al. (2009), o seu formato é redondo, com tamanho va- riado, uma vez que depende da altura do praticante para ser adequado. Ofi cialmente deve possuir o di- âmetro entre 80 e 90cm, mas para as crianças pode ser de 60 a 75cm. Antigamente era feito de madeira, e hoje o material mais comum é o plástico PVC com resistência que não permita a sua deformação du- rante a utilização. 121 EDUCAÇÃO FÍSICA Rotações: são movimentos em que o arco realiza giros que podem ser ao redor de um eixo corporal: ao redor de uma mão ou das duas mãos unidas, da cintura, das pernas, dos pés, do pescoço, entre outras partes do corpo; ou ao redor do seu próprio eixo: no solo ou sobre uma parte do corpo (palma da mão, peitoral, bar- riga e costas). Ao iniciar a aprendizagem da rotação, esta deve ser realizada com o arco apoiado na mão, jamais no punho. Figura 30 - Rotações do Arco - Apoio Correto Figura 31 - Rotações do Arco - Apoio Incorreto GINÁSTICA 122 Figura 32 - Rotação do Arco - Frontal Figura 33 - Rotação do Arco - Acima Figura 34 - Rotação do Arco - Lateral EDUCAÇÃO FÍSICA 123 Figura 35 - Rotação do Arco a Frente - Plano Horizontal Figura 36 - Rotação do Arco - Pescoço Figura 37 - Rotação do Arco - Cotovelo 124 GINÁSTICA Passagens por dentro ou por cima: são movimentos em que o corpo passa por meio do arco, podendo ser durante um passo, um saltito, um salto, uma rotação ou um movimento corporal expressivo. A passagem por cima é a passagem do corpo sobre o arco, o que pode ser realizado durante um saltito ou um salto, por exemplo. Figura 38 - Rotação do Arco - Cintura Figura 40 - Passagem por Cima do Arco Figura 39 - Passagem por Dentro do Arco 125 EDUCAÇÃO FÍSICA Rolamentos: são movimentos em que o arco rola sobre uma superfície, realizan- do uma trajetória, sustentando seu próprio peso. Estas superfícies podem ser o solo ou o corpo. Sobre o corpo o arco pode percorrer de uma mão à outra, pas- sando sobre os braços, ir dos pés às mãos passando sobreas pernas e o peitoral, rolar sobre as costas, entre outras possibilidades. Figura 41 - Rolamento do Arco - Início GINÁSTICA 126 Figura 42 - Rolamento do Arco - Frente EDUCAÇÃO FÍSICA 127 Figura 43 - Rolamento do Arco - Atrás GINÁSTICA 128 APARELHO BOLA A bola para uso na GR pode ser de borracha e seu diâmetro pode variar conforme a idade dos alunos. De acordo com Barbosa-Rinaldi et al. (2009), ofi - cialmente ela deve ter entre 18 e 20cm de diâmetro com o peso de 400 gramas, mas para as crianças o ideal é 14 a 16cm, sendo portanto mais leve. Deve-se tomar o cuidado para segurar a bola apenas susten- tando-a sobre a mão, sem pressioná-la com os dedos ou contra o punho. 129 EDUCAÇÃO FÍSICA Figura 45 - Apoio da Bola - Incorreto Figura 44 - Apoio da Bola - Correto 130 GINÁSTICA Figura 46 - Rolamento de Bola - Dois Braços Figura 47 - Rolamento de Bola - Um Braço - Frente Figura 48 - Rolamento de Bola - Um Braço - Lateral Figura 49 - Rolamento de Bola - Costas Rolamentos: assim como no arco, são os movimentos em que a bola percorre uma trajetória sobre uma ou mais partes do corpo da ginasta, por exemplo, de uma mão à outra passando pelos braços. O importante dos rolamentos é que não podem haver quicadas durante a sua trajetória, pois a bola deve de fato rolar até chegar ao seu destino. EDUCAÇÃO FÍSICA 131 Figura 54 - Rolamento de Bola - Solo Figura 50 - Rolamento de Bola Total - Frente Figura 51 - Rolamento de Bola Total - Ombros Figura 52 - Rolamento de Bola Sobre o Corpo no Solo Figura 53 - Rolamento de Bola Sobre o Corpo no Solo - Costas GINÁSTICA 132 Quicadas: um dos movimentos mais típicos da bola é quando, impulsionada pela mão, pelas mãos ou outras partes do corpo, ela vai ao solo e retorna para a ginasta. É possível com as quicadas executar as chamadas “quicadas rítmi- cas”, quando o movimento de quicar a bola acompanha a batida da música, produzindo som. Figura 55 - Quicadas de Bola EDUCAÇÃO FÍSICA 133 Figura 56 - Quicada com as Duas Mãos GINÁSTICA 134 Figura 57 - Quicada de Joelho 135 EDUCAÇÃO FÍSICA Rotações: as rotações da bola são realizadas com um impulso de uma ou das duas mãos, provocando um movimento de giro ao redor do próprio eixo da bola. Esta rotação pode ser feita, por exemplo, sobre a palma da mão ou sobre o peito Figura 59 - Rotação de Bola - Solo Figura 58 - Rotação de Bola na Mão 136 GINÁSTICA Outros movimentos que são típi- cos da bola são o equilíbrio instável, quando se apoia a bola sobre uma parte do corpo em uma posição em que ela seja mantida sem a ajuda das mãos ou sendo segura de forma arris- cada, por exemplo, com a coluna. E a transmissão, que é realizada quando a bola é passada de uma mão para a outra, com elementos que difi cultem essa passagem, por exemplo: por trás das costas, por baixo da perna durante um salto ou quando esta transmissão é feita de uma parte do corpo a outra, sem uso das mãos. Figura 60 - Equilíbrio Instável EDUCAÇÃO FÍSICA 137 GINÁSTICA 138 As maças são os únicos aparelhos que são usados em par na GR. São dois bastões com um formato espe- cífi co que medem de 40 a 50cm e pesam 150g apro- ximadamente cada um. Podem ser de plástico ou, como antigamente, de madeira. A forma correta de segurar a maça é pela bolinha que fi ca na sua extre- midade, chamada de “cabeça”. A outra extremidade, mais larga é o “corpo”. APARELHO MAÇAS 139 EDUCAÇÃO FÍSICA Figura 62 - Segurando a Maça - IncorretoFigura 61 - Segurando a Maça - Correto Alguns outros movimentos específicos possíveis de se realizar com as maças são: Pequenos círculos: são movimentos em que a maça realiza a trajetória de pequenos círculos no ar, sendo segura pela cabeça. Pode-se executar esta rotação em diferentes planos, com uma maça apenas ou com ambas (sendo segura uma em cada mão). Figura 63- Pequenos Círculos com Maças - Frontal 140 GINÁSTICA Figura 67 - Pequenos Círculos com Maças - Lateral Figura 64 - Pequenos Círculos com Duas Maças - Frontal Figura 65 - Pequenos Círculos com Maças - Plano Horizontal Figura 66 - Pequenos Círculos com Duas Maças - Plano Horizontal EDUCAÇÃO FÍSICA 141 Molinetes: nos molinetes são realizadas rotações em trajetória de movimentos em oito com as duas maças simultaneamente, trabalhando-as de forma coorde- nada, de maneira que formem uma movimentação dinâmica e sem que as maças batam uma na outra. Podem ser realizados em diferentes planos. Movimentos assimétricos: acontecem quando cada maça realiza diferentes movimentos ao mes- mo tempo, em planos, direções e níveis diferentes. Ex.: uma maça, na mão direita, realiza rotações, enquanto a mão esquerda faz um pequeno lança- mento. É possível realizar lançamentos assimétricos com as maças, ou seja, uma maça é lançada sendo solta pela cabeça, descrevendo círculos no ar, e a ou- tra é lançada, sendo impulsionada pelo seu centro, indo ao ar em posição horizontal. Pequenos lançamentos: são movimentos em que as maças são lançadas ao ar, sendo impulsiona- das por uma das extremidades e recuperadas a se- guir. O impulso também pode ser feito pelo centro da massa, lançando-a na posição horizontal. Figura 68 - Pequenos Lançamentos GINÁSTICA 142 Além dos movimentos técnicos vistos, as maças ain- da podem realizar deslizamentos - quando ela escor- rega sobre uma parte do corpo, e batidas - quando batemos uma maça na outra, produzindo som. Figura 69 - Pequenos Lançamentos - Duas Maças EDUCAÇÃO FÍSICA 143 GINÁSTICA 144 A fi ta é o aparelho mais relacionado à Ginástica Rít- mica pelas pessoas, pois ela tem uma movimentação marcante e vistoso que descreve diferentes desenhos no ar. A fi ta é composta de duas partes: o estilete, que é por onde a seguramos, e a própria fi ta de ce- tim. O estilete pode ser feito de fi bra de vidro ou de madeira, tem 1cm de diâmetro e 50 a 60cm de comprimento. Ofi cialmente, a fi ta possui 6 metros de extensão, mas para iniciantes e crianças aconse- lha-se usar em tamanhos menores (2 a 5 metros), para facilitar o manuseio. Alguns dos movimentos típicos da fi ta são: APARELHO FITA EDUCAÇÃO FÍSICA 145 Passagem por dentro do desenho da fi ta: movimen- to em que a ginasta desenha grandes círculos no ar e passa por dentro deste desenho, seja em um passo, em um saltito ou em um salto. Figura 70 - Passagem por Dentro da Fita GINÁSTICA 146 EDUCAÇÃO FÍSICA 147 Escapadas (Échappes): são os movimentos de soltu- ra do estilete ao ar. A fita, como consequência deste movimento, segue a trajetória do estilete, formando desenhos no ar. O impulso é dado pelo dedão pres- sionando a extremidade do estilete, junto com um grande balanceio do braço. Figura 71 - Escapada GINÁSTICA 148 Espirais: são os movimentos em que são dese- nhados vários círculos simultâneos nos ar. Estes podem ser feitos em diferentes direções, planos e níveis. Figura 72 - Imagem Espirais Figura 73 - Serpentina Serpentinas: é quando são desenhados movimen- tos de zigue-zague com a fita no ar. Deve-se movi- mentar bem rapidamente para que se formem várias pontas no ar. EDUCAÇÃO FÍSICA 149 ELEMENTOS CORPORAIS DA GR Como vimos na unidade 2, as modalidades gímni- cas apresentam elementos básicos que são comuns a todas elas. Porém, existem particularidades em cada uma destas modalidades que fazem com que tenham características próprias e, por isso, sejam re- conhecidas como uma disciplina particular. Sendo assim, a Ginástica Rítmica tem as suas especificida- des que, além de se apresentarem pelo uso de apare- lhosmanuais, também são demonstradas nos seus elementos corporais específicos. Os elementos corporais fundamentais da Gi- nástica Rítmica são divididos em três grupos de movimentos que são chamados de dificuldades: os saltos, os equilíbrios e as rotações (FIG, on-line)7. Em uma série, as dificuldades estarão presentes juntamente com outros movimentos que farão a ligação entre elas, complementando e incremen- tando a coreografia. Estes outros movimentos são os elementos básicos, vistos na unidade 2, que são: os saltitos, os passos, as corridas, os giros, as po- ses, as marcações, os balanceamentos e as circun- duções. Ainda podem ser realizados movimentos pré-acrobáticos e os passos de dança, tudo isso aliado ao manejo de um aparelho, tornando o mo- vimento completo. Para iniciar o trabalho com a GR, assim como para qualquer outra modalidade gímnica, é impor- tante que o aluno tenha aprendido os elementos corporais básicos tratados na unidade 2, para que forme um repertório motor que permita realizar movimentos mais complexos, como alguns que ve- remos a seguir. Os saltos Os saltos são elementos em que o corpo assume uma posição no ar, após o impulso de uma ou das duas pernas. Normalmente, a realização do salto acontece após a execução de um saltito chassé. Sendo assim, realiza-se o chassé, um passo intermediário e o salto, que possui três fases: a impulsão, a fase de voo e a aterrissagem. A GR possui uma diversidade de sal- tos com diferentes níveis de dificuldade. As formas mais básicas são: GINÁSTICA 150 Os saltos verticais: realizados com giros de 90 ou 180 graus, com ou sem pernas flexionadas. Os saltos cabriole: realizados com impulso inicial de um dos pés e buscando tocar ambos os pés no ar, seja frontalmente com as pernas estendidas ou late- ralmente com as pernas semiflexionadas. Os saltos tesoura: realizados com impulso inicial de uma perna lançada para frente e, no ar, faz-se a troca de perna, retornando ao solo com a segunda perna. Pode ser realizado lançando-se as pernas para trás. Figura 74 - Salto Vertical O salto cossaco: realizado com impulso inicial da perna que é lançada à frente estendida e logo em se- guida a segunda perna é elevada flexionada ao lado da primeira perna. O retorno ao solo é feito primei- ramente pela perna que foi lançada por último (a que estava flexionada). Os saltos aberto e carpado: os saltos aberto e carpado se caracterizam pelo afastamento lateral da pernas. O salto aberto tem impulso inicial de uma EDUCAÇÃO FÍSICA 151 das pernas, que é lançada ao ar lateralmente, e logo em seguida a segunda perna é lançada no lado opos- to. O salto carpado-se inicia com impulso dos dois pés simultaneamente e as pernas são lançadas ao ar lateralmente, juntas. Figura 75 - Salto Carpado O salto à boucle: realizado com uma das pernas sen- do lançada posteriormente em direção à cabeça. A outra perna permanece apontando para o solo, es- tendida, realizando impulso vertical. O salto de biche: realizado com impulso de uma perna que é lançada à frente, flexionada, e em segui- da lança-se a outra para trás, estendida. A retomada de apoio no solo inicia-se com a perna da frente. O salto enjambeé: realizado com impulso de uma perna que é lançada à frente estendida e em seguida lança-se a outra para trás, também estendida, buscando criar um ângulo de 180 graus de abertura no ar. A reto- mada de apoio no solo inicia-se com a perna da frente. Figura 76 - Salto de Biche Existem outras variações mais complexas de sal- tos na GR geradas por uma flexão do tronco para trás, rotações no ar, trocas de posição das pernas no ar que podem ser exploradas quando o aluno já domina as formas mais básicas apresentadas (FIG, on-line)7. Os equilíbrios Os equilíbrios na Ginástica Rítmica são elementos que devem mostrar uma posição corporal bem defi- nida apoiada sobre o pé em meia-ponta, sobre um pé inteiro no chão, sobre os dois pés ou outras partes do corpo. Podemos considerar três fases na sua execu- ção: a preparação, a posição em equilíbrio e a finaliza- ção. Existem também equilíbrios dinâmicos, em que o corpo passa por várias posições antes da finalização. As formas mais básicas de equilíbrio na GR são: Figura 77 - Salto Enjambeé GINÁSTICA 152 Equilíbrio em passé: uma das pernas é elevada de forma flexionada. A perna em posição de passé pode ser elevada lateralmente ou frontalmente. Figura 78 - Equilíbrio em Passé Figura 79 - Equilíbrio a 90 Graus Figura 80 - Equilíbrio em Arabesque Equilíbrio a 90 graus: uma das pernas é elevada até formar o ângulo de 90 graus em relação à perna de apoio. Esta elevação pode ser realizada lateralmen- te ou frontalmente. Quando o aluno ainda não tem força suficiente para manter a perna a 90 graus, po- de-se realizar a 45 graus. Equilíbrio em arabesque: uma das pernas é elevada posteriormente de forma a criar um ângulo de 90 graus com a perna de apoio. A perna deve ser mantida estendida e o tronco não deve se projetar para frente. Equilíbrio em atittude: semelhante ao equilíbrio em arabesque, porém a perna fica flexionada com o joe- lho no mesmo nível de altura que o pé. Equilíbrio em perna alta: neste equilíbrio uma das pernas deve ser segurada pelas mãos, estendida, lateralmente ou frontalmente, de forma que o pé fi- que em um nível acima da cabeça. Figura 81 - Equilíbrio em Perna Alta EDUCAÇÃO FÍSICA 153 Equilíbrio em puxada: neste equilíbrio a perna é ele- vada posteriormente e segura pelas mãos. Pode ser realizado com a perna flexionada, levando o pé em direção à cabeça. Equilíbrio em cossaco: no equilíbrio cossaco a perna de apoio fica flexionada, e a outra perna se estende à frente, mantendo o joelho acima ou na mesma altura da perna de apoio. Figura 82 - Equilíbrio em Cossaco Equilíbrio em couché: como um exemplo de equilí- brio com apoio de outras partes do corpo que não os pés, o couché é uma sustentação da coluna elevada com apoio sobre os quadris e as pernas. Figura 83 - Equilíbrio sobre o Joelho Equilíbrios sobre o joelho: são equilíbrios em que o apoio é o joelho no solo, enquanto a outra perna se coloca em uma posição elevada a 90 graus, 180 graus, lateralmente, frontalmente ou posteriormente. GINÁSTICA 154 Equilíbrio em onda anteroposterior: Considerada um tipo de equilíbrio, esta onda pode iniciar com o tronco descendo à frente, passando para a posição de flexão da coluna para trás, de forma fluente, ou se iniciando ao contrário: o tronco flexiona para trás e passa para a posição de flexão para frente, voltando à posição ereta. As rotações As rotações na Ginástica Rítmica são giros do corpo em torno do seu próprio eixo. As rotações mais co- muns são os pivots, que são giros em que o apoio é sobre um dos pés em meia ponta, mas existem tam- bém rotações com o apoio de outras partes do corpo sobre o solo. As posições assumidas durante as rota- ções em pivots são as mesmas dos equilíbrios, porém é realizado o giro de no mínimo 360 graus. As três fases das rotações são: a preparação, a rotação e a finalização. As formas mais básicas de rotações são: Pivot em passé: uma das pernas é elevada de for- ma flexionada. A perna em posição de passé pode ser elevada lateralmente ou frontalmente. Nessa po- sição realiza-se o giro. Pivot a 90 graus: uma das pernas é elevada até formar o ângulo de 90 graus em relação à perna de apoio. Esta elevação pode ser realizada late- ralmente ou frontalmente. Quando o aluno ainda não tem força suficiente para manter a perna a 90 graus, pode-se realizar a 45 graus. Nessa posição realiza-se o giro. Pivot em arabesque: uma das pernas é elevada posteriormente de forma a criar um ângulo de 90 graus com a perna de apoio. A perna deveser man- tida estendida e o tronco não deve se projetar para frente. Nessa posição realiza-se o giro. Pivot em attitude: semelhante à posição em ara- besque, porém a perna fica flexionada com o joelho no mesmo nível de altura que o pé. Nessa posição realiza-se o giro. Pivot em cossaco: no equilíbrio cossaco a perna de apoio fica flexionada, e a outra perna se estende à frente mantendo o joelho acima ou na mesma altura da perna de apoio. Nessa posição realiza-se o giro. Tounneau: é realizado com apoio sobre um dos pés, mas para iniciação pode ser feito com o apoio de ambos os pés. A rotação deve ser realizada com o tronco inclinado para frente e os braços afastados la- teralmente percorrendo, uma trajetória circular no ar. Os pré-acrobáticos Na ginástica rítmica podem ser realizados os ele- mentos pré-acrobáticos. São movimentos em que o corpo realiza uma inversão (passa pela posição com a cabeça para baixo), ocorrendo uma troca de apoios. Este apoio momentâneo pode ser as mãos, os antebraços e o tronco. O que diferencia os pré-acrobáticos dos acrobáticos (que não são realizados na GR) é que no primeiro não pode ha- ver fase de voo. Figura 84 - Pivot em Passé EDUCAÇÃO FÍSICA 155 Outros exemplos pré-acrobáticos são: os ro- lamentos (para frente, para trás), a reversão pra trás, as reversões com apoio dos antebraços (para frente e para trás), a roda com apoio dos antebra- ços, entre outros. ACOMPANHAMENTO MUSICAL chegar às canções em que há emissão de voz e as mú- sicas cantadas, que hoje são permitidas oficialmente de forma limitada (FIG, on-line)7. Ao longo da aprendizagem da GR, a educação do ritmo é fundamental e, para isso, o(a) professor(a) deve ter conhecimentos básicos de teoria musical, sendo capaz de criar coreografias que aliem música e movimento. De acordo com Barbosa-Rinaldi et al. (2009), dentre as noções musicais que o(a) profes- sor(a) deve possuir estão: tempo de contagem, rit- mo, pulso, periodização da música, encadeamento das frases musicais, frequência, contra-tempo, pe- ríodo e harmonia. As atividades rítmicas, portanto, devem estar presentes nas aulas de Ginástica Rítmi- ca, estimulando a sensibilidade sonora, a expressivi- dade e a criatividade. Na Ginástica Rítmica a música é parte funda- mental. Conforme afirmam Peregort e Delgado (1998), as séries devem sempre ser realizadas com acompanhamento musical, atuando não somente como suporte do movimento, mas como seu po- tencializador e provocador. Sendo assim, o ritmo, a intensidade e a expressividade apresentada pela ginasta são ditados pela música escolhida, for- mando uma unidade. Inicialmente na GR, a música era apenas instru- mental e executada ao som de piano. Aos poucos mais liberdade foi dada à questão do acompanha- mento musical, permitindo outros instrumentos, até A IMPORTÂNCIA DE SE TRABALHAR O RÍTMO O ser humano necessita desenvolver o rit- mo, pois ele está presente em grande parte do seu dia a dia. Por exemplo: lavar a louça ou a roupa, datilografar, cortar, ler, escrever, correr, andar de bicicleta, andar, dirigir, falar, entre outras. A importância de trabalhar o ritmo na faixa etária de 3 a 6 anos está no fato de preparar a criança para melhor realizar as atividades escolares e as atividades do dia a dia. As ati- vidades rítmicas estimulam, nas crianças, a coordenação, o equilíbrio, a flexibilidade e o freio inibitório concentram a atenção; eco- nomizam esforços; dão segurança rítmica e educação sensorial; levam à obtenção do rela- xamento muscular, da postura e da percepção auditiva e visual; despertam a criatividade e a expressão do corpo. Fonte: Muller e Tafner (2007, p. 102). SAIBA MAIS 156 considerações finais Acreditamos que após estudarmos essa unidade tenha ficado mais fácil para que você compreenda e consiga reconhecer cada modalidade a partir de suas especificidades. Aprendemos que cada uma teve seu surgimento de forma bas- tante especifíca. Ao aprendermos sobre os aparelhos da Ginástica Artística, na primeira parte, conhecemos que eles se caracterizam por serem de grande porte e exigir bastante força de seus praticantes. Vimos que se demora muito tempo para se tornar um atleta de alto nível, e que apenas duas provas são comuns tanto para homens quanto para mulheres - o salto sobre a mesa e o solo, mas que mesmo assim pos- suem alguns diferentes, como a altura da mesa ou o tempo de série no solo. Na segunda parte, aprendemos que a Ginástica Rítmica é uma modalida- de graciosa e que requer flexibilidade, força e movimentos trabalhados em consonância com a música. Os aparelhos, diferentemente da artística, são de pequeno porte e a ginasta deve executar movimentos que demonstrem seu con- trole sobre o corpo e aparelho. Lembre-se que no início da aprendizagem dos elementos da Ginástica Rítmica os fatores importantes são a exploração dos movimentos e dos aparelhos. Dessa forma, esta unidade nos mostrou como o conteúdo da Ginástica é amplo e diverso, que é possível realizar figuras com o corpo das mais diferen- tes maneiras. Seu exercício agora, como futuro(a) professor(a) de Educação Física, é buscar a adaptação destes conteúdos para trabalhar com a ginástica nos diferentes contextos. Orientamos que atue em parceria com os alunos para tendê-los de forma diferenciada, na busca de novos caminhos de aprendiza- gem, desta forma oportunizando aos alunos a vivência da variedade dos movi- mentos gímmicos, de forma democrática e para todos. Não deixe de ensinar e compartilhar com seus alunos tudo que aprendemos até aqui. Um grande abraço! 157 atividades de estudo 1. Quais são os aparelhos da Ginástica Artística exclusivamente masculinos? a. Barra fixa, barras paralelas, argolas e barras assimétricas. b. Barras paralelas, barra fixa, argolas, solo e tra- ve de equilíbrio. c. Barra fixa, argolas, solo, barras paralelas e sal- to sobre a mesa. d. Barra fixa, argolas, barras paralelas e cavalo com alças. e. Barra fixa, trave, assimétricas e solo. 2. Com relação à história da Ginástica Artística, assinale o que for correto. a. O duelo que resultou na derrota da Prússia foi entre a Prússia e a Inglaterra. b. Jahn tinha como proposta desenvolver uma ginástica voltada para os jovens para extirpar os vícios da sociedade. c. A prática da ginástica proposta por Jahn era voltada aos jovens e tinha como objetivo re- erguer a Prússia e promover o resgate moral da nação. d. Guts Muths foi o grande criador da ginástica de aparelhos. e. Jahn não tinha nenhum interesse político ou patriótico com a prática desenvolvida por ele. 3. Sobre a Ginástica Rítmica, quais foram as cor- rentes que influenciaram seu surgimento? a. Corrente da dança, da música e da saúde. b. Corrente da dança, música, filosofia e artes cênicas. c. Corrente da manipulação de aparelhos e ex- pressão corporal. d. Corrente da dança, das artes cênicas, pedagó- gica e da música. e. Corrente da dança, da expressividade, da hi- giene e dos cuidados com o corpo feminino. 4. Com relação aos aparelhos da Ginástica Rítmi- ca, relacione as colunas: a. BOLA. b. ARCO. c. CORDA. d. MAÇAS. e. FITAS. ( ) SERPENTINAS. ( ) MOLINETES. ( ) QUICADAS. ( ) ROTAÇÕES NO PRÓPRIO EIXO. ( ) SOLTURAS E ESCAPADAS. 5. As atividades rítmicas devem estar presentes nas aulas de Ginástica Rítmica, estimulando a sensibilidade sonora, a expressividade e a cria- tividade. Nesse sentido, quais noções musicais o(a) professor(a) precisa trabalhar com os alu- nos? I. Ritmo. II. Contra-tempo e harmonia. III. Frases musicais. IV. Frequência. Assinale a alternativa correta: a. Apenas as alternativas I e II. b. Apenas as alternativas II. c. Apenas as alternativas III e IV. d. Apenasas alternativas IV. e. Todas as alternativas estão corretas. 158 LEITURA COMPLEMENTAR O crescimento do esporte é um fenô meno mundial (MCCULLICK, BELCHER, SCHEMPP, 2005) que vem repercutindo em todas as esferas da sociedade. Devido à diversidade de opç õ es de prá ticas esportivas, pais e seus fi lhos podem fi car indecisos sobre o que pra- ticar, quando iniciar e quando competir. Há armaç õ es de que quanto mais cedo iniciar no esporte, melhor. Mas, melhor para quem ou em que sentido? Crianç as e jovens sã o atraí dos para o esporte e, provavelmente, há aqueles que sonham em chegar ao pó dio ou participar dos Jogos Olí mpicos, ainda que nã o conheç am o caminho que deverã o percorrer até merecer uma medalha no peito. O processo de preparaç ã o esportiva visa consolidar a funcionalidade do atleta em lon- go prazo e atingir a excelê ncia na modalidade escolhida em idades superiores. Há su- gestõ es de modelos de formaç ã o esportiva na literatura, por exemplo, Balyi (2003), Bompa (2000), Weineck (1999), Chaurra, Zuluag e Peñ a (1998) e Zakharov (1992). A es- pecializaç ã o é parte natural desse processo quando os esforç os e tempo sã o canaliza- dos para uma ú nica modalidade, apó s um perí odo de prá tica variada. Contrariamente, a especializaç ã o precoce refere-se à especializaç ã o antes do perí odo considerado ideal, quando fases do processo de formaç ã o sã o antecipadas ou anuladas (BOMPA, 2000; MARQUES, 1991; WEINECK, 1999). A idade de iní cio do treinamento especializado varia de acordo com a cultura e a mo- dalidade esportiva (BOMPA, 2000; ZAKHAROV, 1992), o gê nero, a vida ú til de prestaç ã o esportiva e o á pice esportivo (Carazzato, 1995). Na Giná stica Artí stica (GA), em particu- lar, muita atenç ã o é necessá ria, pois, acredita-se que a especializaç ã o esportiva seja re- almente precoce. O perí odo ó timo de desenvolvimento de capacidades coordenativas e da exibilidade (ARKAEV & SUCHILIN, 2004) e as vantagens biomecâ nicas de proporç õ es corporais menores (DAMSGAARD, 2001) sã o os argumentos mais utilizados na GA com- petitiva, mas, ainda assim, levantam crí ticas e debates, seja na Pedagogia do Esporte ou nas demais á reas. Bompa (2000), Gonç alves (1999) e Coelho (1988) associam a especializaç ã o precoce ao fato de muitas pessoas acreditarem que, quanto mais cedo a crianç a iniciar na moda- lidade esportiva, mais chances de sucesso ela terá . E, apesar da literatura atual tentar esclarecer essa visã o equivocada de especializaç ã o e esta associaç ã o nã o encontrar 159 LEITURA COMPLEMENTAR apoio na ciê ncia, a especializaç ã o precoce é explorada amplamente no esporte con- temporâ neo. A especializaç ã o precoce é desaconselhada, pois acarreta uma sé rie de consequê ncias negativas aos praticantes como reduç ã o do repertó rio motor; aumento da incidê ncia de lesõ es (BOMPA, 2000; GALDINO & MACHADO, 2008; MARQUES, 1991); prejuí zos gerais ao desenvolvimento da crianç a (SEABRA & CATELA, 1998); manifesta- ç ã o de efeitos psicoló gicos negativos como o “burnout” (Watts, 2002); desmotivaç ã o (COELHO, 1988) e prejuí zos à formaç ã o escolar (WEINECK, 1999). O treino sistemá tico inicia-se antes da puberdade nas modalidades artí sticas (BALYI, 2003; DAMSGAARD, 2001). Mas, nã o podemos inferir que seja consenso entre os té cni- cos de GA que a especializaç ã o na modalidade deva ocorrer bem cedo. Entretanto, nã o raras vezes, té cnicos argumentam a “necessidade” e a “obrigatoriedade” de se iniciar os treinamentos sistemá ticos e intensivos ainda em tenra idade. Nã o há problemas com o treinamento sistematizado quando os ginastas atravessaram todo o processo de preparaç ã o e adaptaç ã o, até demonstrarem condiç õ es de suportar as cargas de treinamento da modalidade. Mas, quando crianç as e jovens competem segundo as regras ofi ciais, surgem questionamentos como: quanto tempo eles treina- ram até atingir esse padrã o té cnico e com que idade iniciaram os treinos? Ainda que as crianç as demonstrem talento para a GA, o treinamento intensivo e unidirecionado pode comprometer a saú de e o envolvimento em longo prazo. E, talvez, o seu potencial para o alto rendimento na modalidade jamais seja desenvolvido. O esporte competitivo tem sua pró pria caracterí stica e a crí tica nã o se reporta à exigê ncia do alto rendimento para adultos, mas, quando estas mesmas exigê ncias sã o feitas à s crianç as. A GA pode contribuir para a formaç ã o esportiva geral, pois estimula as capacidades fí sicas e mo- toras, que també m sã o importantes para a prá tica de outras modalidades esportivas. Fonte: Nunomura, Carrara e Tsukamoto (2010, p. 305-306). Mediante esse trecho, podemos conhecer um pouco das discussões sobre a iniciação esportiva precoce, para conhecer mais sobre essa assunto procure o texto de onde esse trecho foi retirado. GINÁSTICA 160 Ginástica Rítmica: ensinando corda, arco e bola Luciane Maria de Oliveira Bernardi e Márcia Regina Aversani Lou- renço EDITORA: Fontoura ANO: 2014 Sinopse: A realização de elementos corporais aliados ao manejo dos aparelhos e ao acompanhamento musical exige um traba- lho harmonioso desde a iniciação. Possibilitar a compreensão das técnicas de manejo para seu desenvolvimento de forma cor- reta e efi caz é um grande desafi o. Assim, na iniciação esportiva de manejos dos aparelhos ofi ciais da Ginástica Rítmica, relacio- nados ou não à exigência do código, necessitamos da organi- zação de processos pedagógicos para que as ginastas possam ter um aprendizado facilitado e efi caz na prática dos manejos e, posteriormente, uma correta execução destes mesmos elemen- tos nas fases de treinamento e competição. Esta obra apresenta informações quanto às características dos aparelhos corda, arco e bola e, na sequência, a metodologia de ensino com cada aparelho, com o objetivo de ensinar o manu- seio técnico com diversas ilustrações que acompanham as expli- cações, auxiliando no entendimento dos movimentos. EDUCAÇÃO FÍSICA 161 Composição Coreográfi ca em Ginástica Rítmica Eliana Virgínia Nobre dos Santos, Márcia Aversani Lourenço e Ro- berta Gaio ANO: 2010 Sinopse: Após anos de experiências na área de Educação Física, em especial trabalhando com o ensino-aprendizagem da moda- lidade esportiva Ginástica Rítmica em clubes, escolas, universi- dades e em outros espaços de exploração de teoria e de prática da Motricidade Humana e, após o encontro com as pesquisado- ras Eliana Virgínia Nobre dos Santos e Márcia Regina Aversani Lourenço, no curso de Mestrado em Educação Física da Univer- sidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), desafi aram a produ- ção de uma obra que, além de ser referencial para especialis- tas, pode também auxiliar profi ssionais em início de carreira, compromissados com a educação de crianças, jovens, adultos e idosos. Obra essa que pode contribuir para a formação desses profi s- sionais no que tange à aplicação da Ginástica Rítmica, com o ob- jetivo de estimular o desenvolvimento dos seres humanos a par- tir de vivências expressivas de movimentos ritmados com e sem aparelhos, independentemente de gênero, classe social, etnia ou outras possíveis diferenças existentes entre e nesses seres. Assim, as autoras uniram seus conhecimentos e produziram o livro “Composição Coreográfi ca em Ginástica Rítmica: do com- preender ao fazer”, que apresentam, para todos os profi ssionais da Educação Física e áreas afi ns, convidando-os a saborearem o saber que emana de experiências e vivências com movimentos ritmados e expressivos. GINÁSTICA 162 Possibilidades da Ginástica Rítmica Elizabeth Paoliello Machado de Souza , Eliana de Toledo Ishibashi EDITORA: Phorte Sinopse: Este livro tem o grande mérito dereunir expoentes da Gi- nástica Rítmica Brasileira que, ao logo de muitos anos de atividades como técnicas, árbitras, professoras universitárias e pesquisadoras têm contribuído para desenvolver esse esporte, ampliando o núme- ro de adeptos à prática e a quantidade e a qualidade das ginastas e das publicações. Com diferentes formas de linguagem e narrativas, as autoras retratam aspectos da Ginástica Rítmica em uma perspec- tiva informativa, refl exiva e/ou propositiva. Apresentam algumas das inúmeras possibilidades de vivência, prática e treinamento em dife- rentes contextos de intervenção. Assim, esta obra pretende preen- cher uma lacuna existente na área de conhecimento da Ginástica, oferecendo uma publicação específi ca de Ginástica Rítmica, que pos- sa subsidiar diferentes pesquisas, trabalhos e saberes, contribuindo, dessa forma, para a formação do graduando e do profi ssional da área da Ginástica, da Ginástica Rítmica e de outras áreas afi ns. Compreendendo a Ginástica Artística Myrian Nunomura e Vilma Leni Nista-Piccolo EDITORA: Phorte ANO: 2004 Sinopse: Em muitos momentos, aqueles que vivenciam o cotidiano da Ginástica Artística, seja na qualidade de praticante, técnico ou es- pectador devem ter se deparado com uma série de questionamen- tos como: se ela ajuda no crescimento? As capacidades necessárias ao bom desempenho da modalidade? Como prevenir acidentes? O melhor método de instrução para ensinar as habilidades da GA? Enfi m, cada um deve ter suas indagações. Mas, certamente, não é pretensão esgotar o conhecimento sobre GA. O conteúdo do livro é fruto de experiências na modalidade, seja na posição de praticantes, árbitros, treinadoras ou docentes universitárias. Essa trajetória reve- lou que o corpo de informações que apresentamos é essencial para compreendermos um pouco mais essa modalidade desafi adora. 163 referências BARBOSA-RINALDI et al. Ginástica Rítmica: as- pectos históricos-culturais e técnico-metodológicos dos aparelhos. Maringá: Eduem, 2009. ______. Ginástica Rítmica: história, caracterís- ticas, elementos corporais e música. Maringá: Eduem, 2009. BARNEY, R. K. Friedrich Ludwig Jahn Revisited. A report on the international Jahn Symposium. Jour- nal of Physical Education and Recreation, v. 50, n. 3, p. 58. 1979. BARROS, D. e NEDIALCOVA, G. T. Os principais passos da Ginástica Rítmica. Rio de Janeiro: Grupo Palestra Sports. 1999. LANGLADE, A., LANGLADE, N. R de. Teoria ge- neral de la gimnasia. Buenos Aires: Stadium, 1970. LLOBLET, A. C. Gimnasia rítmica desportiva: teo- ria y prática. 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Acesso em: 10 de jul. de 2016. 2 Em: <http://gerrie-thefriendlyghost.blogspot.com.br/2014/09/isadora-dun- can-taste-for-life.html>. Acesso em: 10 de jul. de 2016. 3 Em: <https://sites.google.com/site/eurhythmicfritz/>. Acesso em: 10 de jul. de 2016. 4 Em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bundesarchiv_Bild_146- 1979-099-21A,_Ballgymnastik.jpg>. Acesso em: 10 de jul. de 2016. 5 Em: <http://entrearcosefitas.blogspot.com.br/2011/03/brasil-na-ginastica-rit- mica.html>. Acesso em: 10 de jul. de 2016. 6 Em: <http://news.portalbraganca.com.br/esporte/ginastica-ritmica-em-pre- paracao-para-o-mundial-brasil-embarca-para-copa-do-mundo.html>. Acesso em: 10 de jul. de 2016. 7 Em: <http://www.fig-gymnastics.com/site/>. Acesso em: 10 de jul. de 2016. 8 Em: <http://www.cbginastica.com.br/sgc/uploads/download/2cea33eef- 74014967d6329dc6ba41b61.pdf>. Acesso em: 10 de jul. de 2016. Referências On-Line 165 gabarito 1. D. 2. C. 3. D. 4. E, D, A, B, C. 5. E. Prof. Dr. Antonio Carlos Monteiro de Miranda Prof.ª Me. Fernanda Soares Nakashima fessor Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Ginástica Acrobática: Evolução Histórica • Características da Ginástica Acrobática • Elementos técnicos e pedagógicos dos movimentos gímnicos Objetivos de Aprendizagem • Estudar os conhecimentos históricos da Ginástica Acrobática. • Conhecer as características da Ginástica Acrobática. • Apresentar os elementos técnicos de movimentos gímnicos que são realizados no solo e que são comuns às diferentes modalidades ginásticas. • Apontar os principais erros que podem ser cometidos pelo aluno na realização dos movimentos gímnicos para que o(a) professor(a) fi que atento(a) para realizar correções. • Mostrar por meio de imagens e vídeos como acontece a execução dos movimentos gímnicos, bem como as formas de como o(a) professor(a) pode auxiliar o aluno durante a aprendizagem. A GINÁSTICA ACROBÁTICA E OS ELEMENTOS TÉCNICOS E PEDAGÓGICOS DOS MOVIMENTOS GÍMNICOS IV unidade INTRODUÇÃO Olá, seja bem-vindo(a)! Nesta unidade, conheceremos sobre a competitiva e não olímpica Ginástica Acrobática, uma modalidade que não faz uso de aparelhos. Além disso, aprenderemos quais são os elementos básicos de solo realizados em diferentes modalidades ginásticas, para que facilite o seu entendimento. Primei- ro, descreveremos como o movimento é executado, depois apresentaremos os aspectos técnicos que devem ser levados em conta durante a execução e, por fim, destacaremos quais são os possíveis erros que o executante deve evitar no mo- mento em que realizará o movimento. A partir desse conteúdo, pretendemos que você, futuro(a) professor(a), conheça os elementos básicos de solo. Por isso, para facilitar sua compreensão, cada movimento que apresentarmos, identificaremos se ele é elemento característico da Ginástica Artística, Rítmica, Acrobática, da Ginástica para Todos ou das Atividades Circenses. Pedimos mais uma vez que você não se esqueça de sempre respeitar os limites de seus alunos e ensine os movimentos de forma gradativa, indo dos elementos mais simples para os mais complexos, de forma que o aluno sinta-se motivado e encorajado a aprender cada vez mais os elementos ginásticos. Lembre-se sem- pre de dar um retorno positivo aos avançosde seus alunos e corrigi-los sempre de maneira sutil para que não se sintam mal, acreditando que “não levam jeito para a Ginástica”. Você, professor(a), deve ser o principal motivador para que os alunos criem o hábito de praticar, conhecer e aprender sobre a Ginástica. Assim, o primeiro tópico tratará sobre a Ginástica Acrobática, sua história, características e diferentes sugestões de figuras acrobáticas. O segundo tó- pico abordará os elementos básicos da Ginástica, elementos que servem de base para a aprendizagem de acrobacias mais complexas. E, por fim, no terceiro tópico, apresentaremos como conjugar alguns movimentos bá- sicos, transformando-os em elementos com um grau de dificuldade um pouquinho maior. GINÁSTICA 170 Olá! Neste primeiro tópico da unidade falaremos sobre uma outra modalidade competitiva, reco- nhecida pela FIG, mas que ainda não está nos Jogos Olímpicos: a Ginástica Acrobática (GA- CRO). Assim como nas outras duas modalidades já tratadas (Ginástica Artística e Rítmica), pri- meiramente, conheceremos o contexto histórico da modalidade da Ginástica Acrobática e depois suas características. CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E EVOLU- ÇÃO DA GINÁSTICA ACROBÁTICA A Ginástica Acrobática é uma modalidade que inte- gra dança, Ginástica Artística e elementos acrobáti- cos, sendo que a presença dos movimentos acrobáti- cos (ou seja, montagem de figuras com o corpo) é a sua principal característica. Segundo Gallardo e Azevedo (2007), o surgi- mento desses elementos corporais estão relaciona- dos a China e Grécia antiga. Os autores afirmam que na China essa prática tem uma forte conotação regional e já acontece há mais de dois mil anos. Em alguns momentos não teve muito valorização, no entanto hoje está presente em todas as regiões da China, apresentando-se em diferentes lugares do Ginástica Acrobática: Evolução Histórica mundo. A China, o Japão e a Índia tiveram acroba- tas de destaque indiscutível e conservam até hoje a tradição acrobática que tem raízes mais profundas do que a do mundo ocidental. Gallardo e Azevedo (2007) sinalizam que, em outros locais como Rússia e Bulgária, a prática dos movimentos acrobáticos surge por meio do circo, em apresentações que foram bastante populares en- tre os séculos XIX e XX, principalmente por chine- ses que eram reprimidos em seu país de origem, e não demorou muito para que essas práticas come- çassem a ser praticadas como esporte. Em 1939, a antiga URSS aceitou as acrobacias como esporte, e logo em seguida países socialistas como Alemanha oriental, China, Polônia e Bulgária também acaba- ram fazendo o mesmo, levando a concretizar em 1957 o primeiro torneio internacional com atletas da URSS, Polônia e Bulgária. Já os países ocidentais só perceberam os bene- fícios das acrobacias após ela se tornar competiti- va. No início, a usavam como atividade recreativa, sendo sugerido que aqueles que não tinham biotipo para a Ginástica Artística podiam equilibrar outra pessoa, e assim perceberam que essa era uma práti- ca importante para ensinar o trabalho em equipe e confiança nas outras pessoas. 171 EDUCAÇÃO FÍSICA No que tange ao processo de sistematização da Ginástica Acrobática no mundo, Gallardo e Azevedo (2007) destacam que: Em 1973, foi fundada a International Federation of Sports Acrobatics (IFSA), constituída por dez países e com sede em Moscou. Essa instituição organizou as regras e regulamentos, competições e a estrutura de arbitragem. Em 1998, havia 54 países filiados à IFSA e, como os esportes acrobáticos, desde de 1984, têm tentado entrar no programa olímpico. Para isso, fez-se necessário a dis- solução da IFSA e a vinculação da ginástica acrobática à FIG, esta sim com força política de fazer com ela se torne um esporte olímpico (GALLARDO; AZEVEDO, 2007, p. 4). GINÁSTICA 172 A GACRO é uma modalidade esportiva relativa- mente nova, visto que as primeiras competições aconteceram a partir de 1973 e hoje, mesmo fazendo parte do programa dos Jogos Mundiais, ainda não está no programa Olímpico. Mediante o processo histórico, a presença forte de Rússia e China nesse contexto fez com que es- ses países e alguns do leste europeu se tornassem as referências nesta modalidade. Entretanto, de trinta anos para cá, outros países começaram a galgar es- paços nessa modalidade, como Alemanha, Inglater- ra, Estados Unidos, Portugal e outros que tentaram conseguir seu destaque mediante as grandes potên- cias mundiais da Ginástica Acrobática. No Brasil, o surgimento das acrobacias está liga- do ao campo das artes, as quais no início recebiam o nome de exercícios de força combinados. Segun- do Gallardo e Azevedo (2007), entre 1940 e 1960 a Escola de Aeronáutica do Rio de Janeiro começou a tornar popular esse esporte e a introduzi-lo no en- sino da Ginástica Artística, sendo que o principal responsável pela divulgação e projeção da modalida- de foi o professor, escritor, acrobata e paraquedista Charles Astor, que realizava cursos sobre ela. Já entre os anos de 1946-1947, a Associação de Professores de Educação Física de São Paulo e região (SINPE- FESP)promoveu cursos de capacitação para os pro- fessores, e em seu currículo havia a presença de Gi- nástica Acrobática de duplas e em pequenos grupos. Segundo os mesmos autores, a Escola de Educa- ção Física Militar de São Paulo também foi um gran- de divulgador dessa modalidade, que até meados de 1980 tinha caráter apenas demonstrativo em apre- sentações de Ginástica Geral. Foi o professor Ricieri Pastori quem desenvolveu a Ginástica Competitiva em nosso país, por meio de grupos de acrobacias em instituições militares e clubes e depois trabalhando também com circos nacionais e internacionais que trouxe da Europa. Em 1989, com a criação da Federação de Tram- polim e Ginástica Acrobática do Estado do Rio de Janeiro (RioTramp), inicia-se o reconhecimento das regras e regulamentos técnicos da modalidade. No entanto, após problemas como falta de apoio de fe- derações e confederações nacionais a uma modali- dade não olímpica, Ricieri, junto de outros colegas, funda a Liga Nacional de Desportos Acrobáticos e Ginástica Geral (LINDAGG) em 2000, o que per- mitiu o desenvolvimento paralelo e produtivo dessa modalidade em nosso país. EDUCAÇÃO FÍSICA 173 Para entendermos melhor o que diferencia a Ginás- tica Acrobática (GACRO) das demais modalidades gímnicas, é preciso entender quais são as suas carac- terísticas fundamentais. Conforme afirmam os auto- res Merida et al. (2008), a GACRO une os elementos de salto, equilíbrio e rotação, as acrobacias de solo que vemos também na Ginástica Artística com o seu principal diferencial que é a formação de figuras ou pirâmides. Sendo assim, esta modalidade necessita ser realizada no mínimo em duplas, podendo ofi- cialmente ser praticada também em trio e quartetos, mas, para fins educativos e demonstrativos, sem li- mite de participantes na coreografia, que pode ter muitos ginastas formando as figuras. Como modalidade competitiva, a GACRO pos- sui as seguintes formações de grupo: dupla mascu- lina, dupla feminina, dupla mista, trio feminino e quarteto masculino (FIG on-line)1. Durante a sé- rie, os ginastas desempenham diferentes papéis que são definidos de acordo com a sua estrutura cor- poral (peso e altura). Conforme afirmam Gallardo e Azevedo (2007), os praticantes maiores e mais pesados normalmente levantam e sustentam os co- legas sobre os seus braços, pernas ou outras partes do corpo. Estes são chamados de “base”. Os mais leves e menores, por sua vez, são os que ficam no topo das figuras, em uma posição de equilíbrio so- bre o(s) outro(s) ginasta(s). Estes são os “volantes”. E existem ainda os “intermediários”, que podem ser sustentados pelos bases e podem sustentar osvo- lantes, simultaneamente ou não, apresentando um perfil de força e flexibilidade. Características da Ginástica Acrobática GINÁSTICA 174 Figura 1 - Sistematização das diferentes funções na ginástica acrobática Fonte: os autores. Base Volante Intermediário Sustenta a figura acrobática Executa os elemen- tos acrobáticos sobre a base ou intermediário Sustenta e é susten- tado Aparece nos trios e quartetos Geralmente é forte, não muito alto, mas com grande noção de responsabilidade equilíbrio, liderança. Deve ter muito equilíbrio, ser leve, bastante flexível, ágil e corajoso. Geralemente são versáteis (base e volante, fortes e flexíveis. EDUCAÇÃO FÍSICA 175 POSIÇÕES FUNDAMENTAIS DAS BASES O ginasta que realiza a função de base sempre estará em contato com o solo. Conforme afirmam Gallardo e Azevedo (2007), as principais posições que poderá assumir são: Em pé: posição ereta com as pernas levemente afastadas e os braços livres para oferecer apoio ao volante. Nesta posição é fácil de manter o equilíbrio e ela pode ser utilizada para sustentar o volante so- bre os ombros, por exemplo. Afundo: uma das pernas se posiciona semifle- xionada à frente da outra enquanto a perna de trás se mantém estendida. O peso deve estar bem dis- tribuído sobre as duas pernas. Esta posição permite que o volante fique apoiado sobre os ombros ou so- bre a coxa da base. Apoio dorsal em L: deitado em decúbito dorsal, a base deve elevar as pernas estendidas a um ângu- lo de 90 graus do solo e os braços também poderão oferecer sustentação ao volante. Esta posição pode ser usada também por intermediários. Apoio dorsal com auxílio dos pés: semelhante à posição anterior, porém com os pés apoiados no solo. Nesta posição, o volante poderá se apoiar sobre os joelhos, sobre os braços do volante ou ambos. Quatro apoios em decúbito dorsal (“mesa”): com os pés e uma ou duas mãos apoiadas no solo, a base pode sustentar o volante sobre os joelhos, co- xas, quadril ou ombros nesta posição. Quatro apoios (“gatinho”): nesta posição deve se manter as costas firmes a fim de oferecer apoio para o volante, que pode estar apoiado sobre o qua- dril, ombros ou escápulas. Apoio dos pés em agachamento: nesta posição a base necessita ter força nos membros inferiores para manter a posição. Além disso, o volante deve fazer o contrapeso, facilitando o posicionamento e equilí- brio do ginasta da base. Em arco (ponte): posição que exige flexibilidade da base. O volante poderá se apoiar sobre as coxas ou abdomen. Espacate: esta posição exige flexibilidade da base, mas pode ser realizada em uma variação com a perna da frente flexionada. O apoio pode ser ofere- cido pelas mãos ou pela perna. Ajoelhado: na posição ajoelhada, a base poderá sustentar o volante sobre os ombros. Deitado: em decúbito dorsal, a base poderá ofe- recer apoio das mãos e das pernas ao volante. GINÁSTICA 176 POSIÇÕES FUNDAMENTAIS DOS VOLANTES Do volante é exigido muito equilíbrio para se man- ter nas posições sobre a base ou intermediário. Conforme afirmam Gallardo e Azevedo (2007), as principais posições que poderá assumir são: Em pé: posição muito usada na iniciação que permite ganhar segurança para futuras poses de maior dificuldade. O volante deve se manter firme para não causar desequilíbrios. Em pé com um apoio: posição simples, mas que pode ser dificultada de acordo com o local do apoio sobre a base. O peso do corpo deve ser passado para a perna de apoio, sempre mantendo o tônus mus- cular para conseguir se equilibrar. É possível variar a posição da perna livre, elevando-a em posição de arabesque, por exemplo, e outras formas que tornam a figura mais interessante. Sentado: posição simples em que o tônus mus- cular do abdômen e dorsal devem ser mantidos. Deitado: posição também simples, mas que exi- ge a manutenção do equilíbrio sobre a base. É pos- sível usar os braços para melhorar o apoio e estabi- lização da figura. Prancha: posição que exige força de membros superiores e tônus muscular. É preciso manter o alinhamento corporal, sem permitir que o quadril fique abaixo do nível dos ombros. Apoio invertido: Posição em que é necessário o controle corporal para manter o corpo alinhado. É pre- paratório para poses mais difíceis em parada de mãos. Parada de mãos: posição que exige técnica e con- trole muscular. Em níveis elevados de dificuldade é realizada sobre as mãos da base e em outras variações de apoio em que o volante fica a alturas elevadas. Esquadro: posição que exige força e que exige dos punhos e dos ombros. Pode haver variação da posição das pernas, por exemplo, mantê-las afasta- das com as mãos no centro. EDUCAÇÃO FÍSICA 177 VARIAÇÕES DE FIGURAS ACROBÁTICAS A seguir, apresentaremos algumas variação de fi gu- ras acrobáticas: Figura 2 - Variação de fi guras acrobáticas Fonte: O Sorriso do bem-estar (BLOGSPOT, 2014)2. Com quatro Com cinco Com três Com seis GINÁSTICA 178 PEGADAS As pegadas são as diferentes formas como um atleta ou praticante acaba segu- rando seu parceiro de figura. Não existe um nome oficial para elas, mas as mais comuns trazidas por Gallardo e Azevedo (2007) são: Figura 3 - Pegadas EDUCAÇÃO FÍSICA 179 GINÁSTICA 180 Prezado(a) aluno(a), as descrições feitas aqui re- presentam os diferentes movimentos propostos como básicos para a Ginástica de Solo. Essa foi a forma que encontramos para que você se aproxi- me da maneira mais adequada para a execução, por isso, pedimos bastante atenção na forma com que os movimentos são apresentados e nos aspectos técnicos e possíveis erros que devem ser evitados na hora de fazer o exercício. Destacamos que os as- pectos técnicos e os erros a evitar foram escritos a partir do referencial teórico de Araújo (2012), obra sugerida nas Leituras Complementares. A partir disso, vamos ao trabalho! ELEMENTOS DE BASE Vela (GA, Gacro, GPT, Atividades Circenses) A vela é um elemento estático que se enquadra nos movimentos não acrobáticos. Sua execução é reali- zada com o apoio de todo o corpo, apenas sobre os ombros/escápulas e a parte de trás do pescoço e ca- beça. Na iniciação o praticante pode apoiar as mãos nas costas para dar suporte a todo o corpo, e com a prática pode estender os braços paralelamente e em contato com o solo. Aspectos técnicos importantes: contrair o corpo todo durante a execução; tentar projetar a ponta dos pés o mais alto possível; manter as pernas fechadas durante a execução. Erros a evitar: não contrair o quadril durante a execução; não controlar o cor- po na mesma posição durante a execução; não apoiar as costas com as mãos no pro- cesso de aprendizagem. Rolamento para Frente Grupado (GA, Gacro, GR, GPT, Atividades Circenses) O rolamento para frente grupado pode ser iniciado na posição em pé. Em seguida realiza-se um agachamento, flexionando-se as duas pernas unidas. As mãos devem ser apoiadas no solo à frente do corpo. As pernas ini- ciam o impulso para rolar ao estenderem-se, e fazendo com que o peso do corpo fique sobre as mãos. A cabeça deve ficar encolhida, ou seja, o queixo deve ficar próxi- mo ao esterno, de forma que possibilite que o próximo apoio seja dos ombros sobre solo e não da cabeça, que não pode em momento algum tocar o chão. Após retirar o apoio das pernas do solo, deve-se encolhê-las de forma que os joelhos fiquem próximos ao peito (posição gru- pada). Passa-se então pela posição sentada e, com a ex- tensão das pernas, fica-se na posição em pé novamente. Aspectos técnicos importantes: mãos no solo na largura dos ombros e viradas para frente; forte impul- são dos membros inferiores; manutenção do corpo bem fechadosobre si próprio durante o rolamento; elevação do quadril; repulsão efetiva das mãos no solo na parte final. Elementos Técnicos e Pedagógicos dos Movimentos Gímnicos EDUCAÇÃO FÍSICA 181 Erros a evitar: não apoiar as mãos viradas para frente; não juntar o queixo ao peito; dar pouca impulsão com os membros inferio- res; abrir o ângulo tronco/membros infe- riores demasiado cedo; fazer pouca repul- são de mãos no solo. dos membros superiores efetuada “por dentro” dos membros inferiores afastados. Erros a evitar: má colocação e orientação das mãos no solo; fraca impulsão dos membros infe- riores; rolamento deficiente (“bater com as costas no solo”); não aproximar bem o tronco sobre os membros inferiores, o que dificulta a manutenção da velocidade de execução e a chegada à posição em pé. Rolamento para Frente Carpado (GA, Gacro, GPT, Atividades Circenses) Neste rolamento, após o início do movimento de rotação e a partir do momento em que as pernas deixam o chão, estas devem se manter totalmente estendidas e unidas até o final. No momento do ro- lamento em que se chega à posição sentada, as mãos devem posicionar-se ao lado das pernas para em- purrarem o quadril para cima, de forma a retirá-lo do chão e permitindo retornar à posição em pé. Aspectos técnicos importantes: mãos no solo na largura dos ombros e viradas para frente; forte impulsão dos membros inferiores; apoio das mãos longe do apoio dos pés; membros inferiores estendi- dos e sempre unidos e os pés em flexão plantar; boa flexão de tronco para frente para permitir a repul- são de membros superiores efetuada “por fora” dos membros inferiores. Erros a evitar: má colocação e orientação das mãos no solo; fraca impulsão dos membros infe- riores; rolamento deficiente (“bater” com as costas no solo), o que dificulta ficar em pé; não manter o tronco próximo dos membros inferiores até ficar na posição em pé. É muito importante que, para avançar para os outros tipos de rolamento, que veremos, a seguir, afastado e carpado, o aluno já saiba executar o rolamento grupado. Fonte: os autores. SAIBA MAIS Rolamento para Frente Afastado (GA, Gacro, GR, GPT, Atividades Circenses) A diferença desse rolamento para o rolamento gru- pado é que, após o início do movimento de rotação e no momento em que as pernas deixam o chão, estas devem se afastar, mantendo-se estendidas. As mãos devem posicionar-se à frente do corpo (entre as per- nas) para que, no momento em que os pés tocarem o solo, estas impulsionem o quadril para cima, de forma a retirá-lo do chão, permitindo retornar à po- sição em pé. Como variação, é possível já iniciar o movimento com as pernas afastadas, mantendo-as dessa forma até o final do rolamento. Aspectos técnicos importantes: mãos no solo na largura dos ombros e viradas para frente; forte impulsão dos membros inferiores; apoio das mãos longe do apoio dos pés; membros inferiores estendi- dos e se afastam só na fase final do rolamento; boa flexão do tronco para frente para permitir a repulsão GINÁSTICA 182 Rolamento para Trás Grupado (GA, Gacro, GR, GPT, Atividades Circenses) O rolamento para trás grupado é o movimento re- alizado a partir de uma posição parada e agachada sobre os dois pés paralelos. É importante que o exe- cutante esteja em posição grupada (agachado com os joelhos próximos ao peito). No momento do dese- quilíbrio para trás, o aluno deverá colocar o queixo no peito e passar sobre as costas. Nesse momento ele deverá colocar as duas mãos abertas e viradas para o solo sobre as orelhas, de maneira que as mãos te- nham contato com o solo durante a passagem da ca- beça e do corpo de um lado para o outro. Ao realizar essa passagem, o executante deverá colocar os pés no solo e voltar à posição de início para depois levantar. Aspectos técnicos: fechar bem os membros infe- riores flexionados sobre o tronco (joelhos ao peito); flexionar a cabeça para frente de forma a encostar o queixo no peito; manter o corpo fechado sobre si durante todo a execução do movimento; fazer a re- pulsão das mãos no solo na parte final com vigor, de forma a elevar a cabeça e não bater com ela no solo. Erros a evitar: não fechar completamente os mem- bros inferiores sobre o tronco; não juntar o queixo ao peito; não apoiar bem as mãos (por baixo dos ombros e viradas para frente); abrir o ângulo tron- co/membros inferiores cedo demais; fazer pouca repulsão dos membros superiores no solo que leva à falta de amplitude e, eventu- almente, a bater com a cabeça no solo. Rolamento para Trás Afastado (GA, Gacro, GPT, Atividades Circenses) O rolamento para trás afastado deverá ser inicia- do da posição de pé e com as pernas afastadas. No momento de desequilíbrio para trás, o executante deverá colocar as duas mãos nos meios das per- nas para amortecer a chegada ao solo. Ao chegar ao solo, o movimento deve continuar no mesmo sentido até que as costas toquem o solo e nesse momento o aluno coloque as mãos sobre as ore- lhas para impulsionar o solo durante a passagem e consiga finalizar o rolamento com as pernas afastadas. O executante deverá manter as pernas afastadas do começo ao fim, sem flexionar em ne- nhum momento. Aspectos técnicos: flexão do tronco sobre os membros inferiores e o queixo sobre o tronco; ma- nutenção do corpo bem fechado sobre si próprio durante o rolamento; repulsão efetiva das mãos no solo de forma a passar a cabeça sem bater, manu- tenção das pernas afastadas e estendidas durante toda a execução. Erros a evitar: não fechar completamente o tronco sobre os membros inferiores; não juntar o queixo ao peito; não “empurrar” com força su- ficiente o solo, o que provoca falta de amplitude e pode provocar o batimen- to da cabeça no chão; fraca impulsão; flexionar ou fechar as pernas durante a execução. EDUCAÇÃO FÍSICA 183 Rolamento para Trás Carpado (GA, Gacro, GPT, Atividades Circenses) O rolamento para trás carpado deverá ser iniciado da posição de pé e com as pernas unidas. No momento de desequilíbrio para trás, o executante deverá des- cer as duas mãos atrás das pernas para amortecer a chegada ao solo. É importante que ele vá descendo as mãos até ter contato com o chão. Ao chegar ao solo, o movimento deve continuar no mesmo senti- do até que as costas toquem o solo e nesse momento o aluno coloque as mãos sobre as orelhas para im- pulsionar o solo durante a passagem e consiga fina- lizar o rolamento com as pernas unidas e estendidas. O executante deverá manter as pernas unidas e es- tendidas (carpadas) do começo ao fim, sem flexio- nar em nenhum momento. Aspectos técnicos: flexão do tronco sobre os membros inferiores e o queixo sobre o tronco; ma- nutenção do corpo bem fechado sobre si próprio durante o rolamento; repulsão efetiva das mãos no solo de forma a passar a cabeça sem bater, ma- nutenção das pernas unidas e estendidas durante toda a execução. Erros a evitar: não fechar completamente o tron- co sobre os membros inferiores; não juntar o queixo ao peito; não “empurrar” com força sufi- ciente o solo, o que provoca falta de am- plitude e pode provocar o batimento da cabeça no chão; fraca impulsão; flexionar ou abrir as pernas durante a execução. Roda (GA, Gacro, GR, GPT, Atividades Cir- censes) A roda é o movimento popularmente conhecido como “estrelinha”. A posição inicial é em pé, em seguida dá-se um passo para frente e se flexiona o tronco em direção ao solo de forma a apoiar as mãos no chão lateralmente à frente do pé. Des- ta posição, a perna que deu o passo deve dar um impulso de forma que o quadril e as pernas se elevem, passando pelo apoio apenas nos braços (posição de parada de mãos, porém com as pernas afastadas). Os membros inferiores, então, deverão retomaro apoio no solo, posicionando-se primei- ramente um pé depois o outro. Após apoiar o pri- meiro pé no solo, os membros superiores se ele- vam, permitindo que o corpo retome a posição em pé. O movimento deve ser fluente, sem paradas, para que a execução seja correta. É interessante utilizar uma linha no chão para dar referência à realização do movimento, que deve ser realizado com todos os apoios alinhados e seguindo para a mesma direção. Aspectos técnicos importantes: lançamento enérgico da perna livre; apoio das mãos no solo na mesma linha em que o movimento acontece; pas- sagem do corpo estendido durante a fase de apoio invertido (parada de mãos); grande afastamento dos membros inferiores durante a fase de passagem pelo apoio invertido; tonicidade geral do corpo e encaixe adequado dos quadris. GINÁSTICA 184 Erros a evitar: colocação das mãos muito perto do pé do membro inferior de impulsão; colocação das mãos fora da linha de movimento; colocação das duas mãos em apoio simultâneo; o corpo não pas- sa pela vertical e/ou os ombros avançam para fora do alinhamento corporal; falta de amplitude no afastamento dos mem- bros inferiores; falta de ritmo e/ou inter- rupção do movimento. Aspectos técnicos importantes: buscar apoiar as mãos o mais longe possível do apoio dos pés; a primeira mão a apoiar o solo deve ser posicionada virada para o lado, enquanto que a segunda mão é apoiada com os dedos apontados para o local de onde se iniciou o movimento; forte impulsão dos membros superiores; ao final, os pés devem ser “puxados” para perto do local onde as mãos estão apoiadas; a rodante deve terminar com um salto para cima e para trás, mantendo-se o peito para dentro e olhando para frente com os membros su- periores bem elevados. Erros a evitar: não virar a segunda mão para trás; apoiar as duas mãos ao mesmo tempo (uma deve ser apoiada an- tes da outra); não terminar com forte im- pulsão de membros inferiores (não saltar para cima ao final). Parada de Cabeça (GA, Gacro, GPT, Ativida- des Circenses) A parada de cabeça ou parada de três apoios é um movimento estático, com o executante em uma posição invertida, tendo como apoio a cabeça e as mãos. Primeiramente é importante que o alu- no aprenda a posição chamada de “elefantinho”. Para isso é importante que ele fique de joelhos e faça um triangulo com as mãos em contato com o solo. Na sequência, ele deverá ir afastando as mãos e colocando-as próximas dos joelhos, depois colo- car a cabeça no solo, formando um novo triangulo, composto agora pela cabeça e as duas mãos. Com os braços flexionados, apoiar os joelhos sobre os cotovelos e manter nessa posição, semelhante a um É importante que você sempre esteja aten- to(a) ao rosto do aluno e à sua movimenta- ção. Caso perceba algo errado, intervenha e converse com ele para iniciar novamente. REFLITA Rodante (GA, Gacro, GPT, Atividades Circenses) Iniciando na posição em pé, com pernas levemen- te afastadas na posição anteroposterior, a perna da frente vai flexionar ligeiramente ao mesmo instante em que os braços são projetados para frente em di- reção ao solo. No momento em que a primeira mão toca o solo, ocorrerá a impulsão das pernas. O corpo então ficará na posição invertida. O tronco, junta- mente com as pernas, fará uma rotação de 180°. Os braços realizarão uma repulsão, iniciando a fase em que se perde o contato com o solo, finalizando em pé. Na rodante, deve-se finalizar com o corpo virado para o lado oposto ao do início do movimento. Este movimento é facilitado quando se inicia com uma pequena corrida. EDUCAÇÃO FÍSICA 185 elefantinho. Ao se sentir seguro, o executante deve- rá contrair o abdome e, aos poucos, ir estendendo as pernas até que fique na posição invertida e com as pernas estendidas. Aspectos técnicos: apoiar a cabeça um pouco acima da testa (cujo ponto de apoio no solo faça um triângulo com os apoios das mãos); subir o quadril e, quando estiverem por cima dos apoios, subir os membros inferiores para a vertical; toni- cidade, membros inferiores e pés bem estendidos. Erros a evitar: subir os membros superiores cedo demais, antes da elevação dos quadris; deixar a cabeça muito longe ou próxima demais das mãos; não contrair o corpo em toda a execução. Parada de Mãos (GA, Gacro, GPT, Atividades Circenses) A parada de mãos é um elemento estático em que o executante fica na posição invertida, sustentando todo o corpo estendido sobre as mãos e os braços es- tendidos. Ele é conhecido popularmente como “ba- naneira”. Para a sua execução, o aluno deverá estender os braços na linha dos ombros, colocar as mãos no chão e lançar as pernas para cima, de maneira que o corpo fique na posição invertida, sendo sustentado pelos braços. Na iniciação, é importante que o aluno aprenda a fazer o lançamento das pernas, primeiro lançando-as e dando “pedaladas no ar”, depois ten- tando bater palmas com os pés. Ao sentir-se seguro, poderá fazer a parada de mãos com o auxílio do(a) professor(a) (que deverá segurar no quadril), ou rea- lizar o movimento usando a parede como apoio. Aspectos técnicos: mãos no solo na largura dos ombros, dedos afastados e virados para frente; cabe- ça com o olhar dirigido para frente; membro supe- riores em extensão completa (ombros encaixados) pernas estendidas com o corpo em completo alinha- mento e tonicidade. Erros a evitar: não apoiar as mãos viradas para frente; flexionar a cabeça (queixo ao peito); não fa- zer alinhamento dos seguimentos corpo- rais; não efetuar a contração em todos os grupos musculares (tonicidade), especial- mente nos glúteos e nos pés (devem posi- cionar-se em flexão plantar máxima). Os elementos que exigem inversão de eixo ou contato da cabeça com o solo devem re- ceber atenção redobrada. Por isso, sempre faça os auxílios e esteja em contato direto com os alunos. Fonte: os autores. SAIBA MAIS GINÁSTICA 186 ACROBACIAS DE SOLO Olá, prezado(a) aluno(a)! Nesse tópico, aprendere- mos alguns elementos que apresentam um grau de dificuldade um pouco maior do que os anteriores, uma vez que a partir de agora alguns deles serão a junção ou adaptação de um movimento básico que aprendemos no tópico anterior. Por isso é muito importante que, ao trabalhar com esses movimen- tos que conheceremos a partir de agora, o aluno já tenha uma vivência e um conhecimento prévio dos movimentos básicos que vimos no tópico I. Além disso, é importante que o aluno também já tenha desenvolvido algumas habilidades como força, co- ordenação e flexibilidade para a execução de alguns desses movimentos. Parada de Mãos com Rolamento para frente (GA, Gacro, GPT, Atividades Circenses) A parada de mão com rolamento tem início com a entrada do executante na parada de mão, confor- me descrito anteriormente. É importante que, para que o aluno execute a parada com rolamento, ele já tenha domínio e controle sobre a parada de mãos. Para a execução em posição de parada de mãos, o aluno deverá colocar o queixo no peito e ir flexio- nando os braços de maneira que tenha uma condu- ção das costas (escápulas) em contato com o solo. A partir desse contato, os membros inferiores (joelhos e pernas) são flexionados e trazidos junto ao peito, de forma semelhante ao rolamento grupado. O exe- cutante deverá finalizar o rolamento sobre os pés da mesma maneira que se finaliza o rolamento grupado para frente. Aspectos técnicos: flexão controlada dos membros superiores na fase do rolamento; encaixe do queixo no peito ao início da flexão dos braços; arredondar as costas para melhor descida do rola- mento no solo. Erros a evitar: fazer uma queda descontrola- da na fase do rolamento (queixo não está junto ao peito); costas pouco arredondadas, o que levaa bater no solo por descer na vertical em vez de ligeiramente para frente; não coordenar flexão dos braços com aproxi- mação dos membros inferiores e o tronco. Não passar dos elementos mais simples para os mais complexos sem que os primeiros este- jam perfeitamente assimilados (não queimar etapas de aprendizagem) (Carlos Araújo). REFLITA Oitava (GA, Gacro, GPT, Atividades Circenses) A oitava é um movimento que exige bastante for- ça dos executantes, principalmente dos membros inferiores, uma vez que ele junta dois movimen- tos: o rolamento para trás carpado e a parada de mãos. Sua execução inicia-se de forma semelhan- te ao rolamento para trás carpado, e no momento que for passar a cabeça pelo solo o aluno deverá fazer um impulso com as mãos e braços de forma que consiga ficar na posição de parada de mãos (apoio invertido). EDUCAÇÃO FÍSICA 187 Aspectos técnicos: fase inicial com extensão com- pleta dos membros inferiores e com os membros supe- riores no prolongamento do corpo; flexionar o tronco para frente para ajudar a descer/sentar; abertura enér- gica dos membros inferiores em relação ao tronco para facilitar a subida para a parada de mãos; repulsão forte dos membros superiores no solo em coordenação com a abertura do corpo; encaixe dos ombros para facilitar o equilíbrio do apoio invertido; tonicidade geral. Erros a evitar: abertura demasiada, “cedo” ou “tarde” demais; descoordenação temporal entre a repulsão de membros superiores e a abertura de membros inferiores sobre o tronco; falta de tonicidade geral; falta de equilíbrio no apoio invertido. Ponte (GA, Gacro, GPT, Atividades Circenses) A ponte é um elemento que demonstra flexibilidade. O aluno iniciante deve começar na posição deitado, com as pernas flexionadas e os pés apoiado no solo. As mãos são apoiadas no solo de forma invertida ao lado das orelhas. Para se colocar na posição de pon- te, os braços devem empurrar o chão, buscando se estender, e o quadril deve ser elevado em direção ao teto, formando assim um arco com a coluna. Para alunos mais avançados é possível iniciar na posição em pé, com os braços estendidos elevados aci- ma da cabeça. Levando-se a cabeça e os braços para trás, o corpo começa a formar um arco até que as mãos alcancem o solo, fazendo a posição de ponte. Deve-se buscar estender não apenas os membros superiores, mas também os inferiores, sem mudar os pés de lugar. Aspectos técnicos importantes: membros su- periores e inferiores em extensão completa; pal- mas das mãos completamente apoiadas no solo; elevação significativa dos quadris; empurrar com os pés tentando estender completamente os mem- bros inferiores e forçar com isso a colocação dos ombros numa linha perpendicular ao apoio das mãos no solo. Erros a evitar: membros superiores e/ou in- feriores flexionados; flexão da cabeça (queixo ao peito); palmas das mãos não apoiam completa- mente no solo; quadris pouco elevados; pés muito longe das mãos. Reversão para Frente ou Arco para Frente (GA, Gacro, GPT, Atividades Circenses) O início deste movimento é na posição de pé com os membros superiores estendidos acima da cabeça. Deve-se dar um passo à frente e depois flexionar o tronco de forma a apoiar as mãos no solo. A perna de trás eleva-se e a perna da frente impulsiona a elevação do quadril, fazendo com que o único apoio seja as mãos. Os membros in- feriores devem se manter afastados (afastamento ântero-posterior). Um dos pés, então, deverá to- car o solo (colocando o corpo em posição de pon- te, apenas com um pé no chão). O peso do corpo deve ser projetado para os quadris, liberando as mãos e permitindo que o tronco se eleve, voltan- do à posição de pé. GINÁSTICA 188 Aspectos técnicos importantes: apoiar as mãos no solo, mantendo os membros superiores em ex- tensão completa; é importante não perder o ritmo do movimento (uma parada no meio pode significar a perda do equilíbrio e uma queda); a passagem por apoio invertido deve ser feita com os membros infe- riores bem afastados (em espacato); na fase final (ao retomar a posição de pé), não deverá deixar a cabeça para trás, nem baixar imediatamente os membros superiores (por questões não só de equilíbrio, mas também de estética). Erros a evitar: flexionar os membros inferiores no apoio; falta de amplitude no afastamento dos membros inferiores na passagem pela vertical; falta de impulsão de membros superiores na fase final, o que impedirá de alcançar a posição de pé em equilíbrio. Reversão para Trás ou Arco para Trás (GA, Ga- cro, GPT, Atividades Circenses) A reversão para trás inicia-se na posição de pé. Uma das pernas fica posicionada à frente, porém sem apoiar no solo, e os membros superiores devem estar estendidos acima da cabeça. O início do movimento acontece com a elevação da perna que está à frente e, logo em seguida, os braços e a cabeça são leva- dos para trás iniciando a flexão do tronco. As mãos irão apoiar-se no solo e o quadril e as pernas serão elevados. As pernas devem se manter afastadas e estendidas (afastamento anteroposterior) durante a passagem pelo apoio das mãos. Em seguida, um dos pés será apoiado no solo e o tronco e os membros inferiores se elevarão, retornando à posição em pé. Aspectos técnicos importantes: elevar um mem- bro inferior antes de iniciar a flexão do tronco para trás; olhar em frente; passar pelo apoio invertido com membros inferiores bem afastados; impulsio- nar-se fortemente no solo com as mãos na passagem (impulsão de membros superiores). Erros a evitar: falta de flexibilidade na flexão do tronco e/ou na antepulsão de membros superio- res; falta de tonicidade geral e/ou força dinâmica, o que resulta na perda do equilíbrio; falta de flexibilidade no afastamento antero- posterior de membros inferiores; troca dos membros inferiores na passagem por apoio invertido. A ginástica nos últimos anos tem se caracteri- zado pela execução de movimentos precisos e com grande rigor técnico, o que dá a sensa- ção para os leigos de que é tudo muito fácil. (Carlos Araújo). REFLITA EDUCAÇÃO FÍSICA 189 EDUCAÇÃO FÍSICA Flick-Flack (GA, Gacro, GPT, Atividades Circenses) O fl ick-fl ack é um movimento que chama bastante atenção pela sua característica de execução. Para que ele seja feito, o executante precisa ter força, co- ordenação e controle corporal. O movimento se dá a partir de um impulso realizado com os dois pés, me- diante uma pequena fl exão das pernas. Ao realizar este impulso para trás, o executante deverá colocar as mãos no solo (de forma rápida e passageira) para já fi nalizar na posição de pé. Aspectos técnicos: ligeira inclinação do corpo para trás no momento do salto e da ação dos mem- bros superiores (procurar um pequeno desequilí- brio antes de saltar); ação dos membros superiores no sentido de antepulsão deve ser muito rápida e enérgica; impulsão completa dos membros infe- riores que fi cam em extensão durante o restante do salto; elevar ligeiramente a cabeça, mas não fazer uma extensão completa para trás; colocar os quadris para frente na fase de voo (posição de retroversão que ajuda a “selar” o corpo); procurar o solo com as mãos viradas para frente e fazer recepção sem fl exio- nar os membros superiores. Erros a evitar: iniciar o salto com os membros in- feriores demasiadamente fl exionados; iniciar o salto sem desequilíbrio para trás; velocidade insufi ciente dos membros superiores no lançamento (o que se traduz na transferência de pouca energia cinética ao resto do corpo); angu- lar na fase de voo (encolher-se); fl exionar os membros superiores na chegada ao solo. 190 considerações finais Nesta unidade estudamos a modalidade de Ginástica Acrobática, seu processo histórico e suas característicasa partir dos participantes e das diferentes formas em que podemos construir diferentes figu-ras acrobáticas. Abordamos os elementos técnicos de movimentos gímnicos que são realizados no solo e que são comuns às diferentes modalidades ginásticas. Foi possível aprender diferentes movimentos, os quais muitas vezes ví- amos na televisão em apresentações de Ginástica e não conhecíamos, bem como movimentos que muitas vezes conhecíamos mas não sabíamos como ensinar ou executar da maneira correta e de forma segura. Lembre-se sempre que a nossa proposta de trabalho com a Ginástica na não é a de que os alunos se tornem atletas e executem os movimentos mais perfeitos, com um nível técnico de dar inveja, mas que eles aprendam esses movimentos para que se desenvolvam corporalmente, socialmente e psico- logicamente, vencendo seus obstáculos e superando suas limitações. Nosso trabalho como professor(a) é fazer com que os alunos pratiquem ginástica, conheçam a modalidade e possam desfrutar de todos os benefícios que essa prática pode proporcionar. Por meio dessa unidade, conhecemos os aspectos técnicos e pedagógicos de diversos movimentos ginásticos, movimentos que dão bases para inúmeras varia- ções que surgirão com o tempo, prática e pesquisa. Você, futuro(a) professor(a), deve sempre buscar atualizações para que consiga trabalhar com a modalidade de forma segura, e, caso surjam dúvidas, recorra a esse material ou a referenciais que o(a) ajudem a ensinar de uma maneira que contemple as necessidades de seus alunos. Não esqueça que sua turma será diversificada com alunos que muitas vezes aprenderão num primeiro momento e outros que demorarão ou pouco mais para aprender. Por isso, busque sempre observar e permitir que os alunos se desenvol- vam cada um no seu tempo, de maneira que todos fiquem satisfeitos por apren- derem a fazer ginástica de uma maneira saudável e prazerosa. 191 atividades de estudo 1. Assinale o que for correto: a. A vela é um elemento de rotação executado no mesmo eixo do corpo. b. Para a execução dos rolamentos afastado e carpado para frente, é importante que o apren- diz tenha domínio do rolamento grupado. c. A parada de mãos é conhecida popularmente como estrelinha. d. A rodante é um elemento estático. e. No rolamento afastado para trás, o execu- tante não precisa usar as mãos para amor- tecer a queda. 2. Relacione a coluna um com a coluna dois: a. VELA. b. ROLAMENTO PARA FRENTE CARPADO. c. RODA. d. PARADA COM ROLAMENTO. e. REVERSÃO PARA TRÁS. ( ) Elemento de rotação para frente no plano sagital com as duas pernas estendidas à frente. ( ) Elemento realizado no plano frontal, conhe- cido popularmente como estrelinha. ( ) Elemento estático, em que deve-se manter o peso do corpo sobre os ombros, pescoço e ca- beça. ( ) Movimento que se inicia de forma estática e com inversão de eixo, depois se deve colocar o queixo no peito e ir flexionando os braços de maneira que o corpo vá formando a posição gru- pada, para depois levantar. ( ) Movimento de rotação para trás no plano sagital. Inicia-se com a flexão do tronco para trás até tocar o solo e fazer a passagem do corpo com apoio dos braços. 3. Assinale o movimento que, para sua execução, é importante que o aluno aprenda o elemento conhecido popularmente como “elefantinho”: a. Rodante. b. Roda. c. Parada de mãos. d. Parada de cabeça. e. Reversão para trás. 4. Sobre o rolamento para frente grupado, assi- nale o que for correto. a. Durante a execução é importante que o exe- cutante mantenha o corpo estendido e com- pletamente aberto. b. É importante que, ao executar, o aluno mante- nha o queixo no peito do começo ao fim e não encoste a cabeça no solo. c. O aluno deve executar o rolamento completo com as pernas estendidas. d. No início o aluno deve ter um desequilíbrio para trás de forma que o ajude a rolar para trás. e. A posição inicial deste movimento é com as pernas estendidas e afastadas. 5. Sobre o elemento corporal roda, assinale o que for correto: a. No momento da execução, o aluno deve colo- car o queixo no peito. b. O aluno deve, no momento inicial da execu- ção, lançar de forma enérgica a perna livre e apoiar as mãos no solo na mesma linha em que o movimento acontece. c. Durante o movimento, o aluno deve ter pe- quenas paradas. d. Na aterrissagem, o aluno deve chegar com as pernas unidas. e. O aluno deve ter boa flexibilidade de coluna, pois precisa fazer um arco com as costas, se- melhante a uma ponte. 192 LEITURA COMPLEMENTAR A GACRO tem três princípios fundamentais que a carac- terizam: a formação de fi guras ou pirâmides humanas; a execução de acrobacias, elementos de força, fl exibili- dade e equilíbrio para transitar de uma fi gura à outra; a execução de elementos de dança, saltos e piruetas ginás- ticas como componente coreográfi co. A diferença entre praticar a GACRO e outras modalida- des gímnicas está no fato de as propostas estarem mais voltadas aos trabalhos entre os grupos de ginastas do que em performance com aparelhos, embora existam muitos elementos em comum, como o tumbling (sequ- ência de exercícios acrobáticos), a força, a fl exibilidade, o equilíbrio e a presença de uma coreografi a (CRILEY, 1984; BOELSEMS, 1982; NISSEN, 1991). A GACRO necessita de poucos materiais e tem baixo cus- to, se comparada às demais modalidades ginásticas (AL- MEIDA, 1994; CRILEY, 1984; NISSEN, 1991). Em situações competitivas, são utilizados somente o tablado e os col- chões de segurança ou de lançamento; nos treinamen- tos, colchões simples, cintos de auxílio, pedestais, medi- cine balls e simuladores de parceiros, além de materiais de apoio como plintos, espaldares, cavalos, entre outros. Outro diferencial é que a modalidade pode ser desenvol- vida com ginastas de diferentes estruturas físicas. Esta característica particular permite a longevidade da parti- cipação esportiva e pode desencorajar a especialização precoce que, não raras vezes, ocorre em certas modali- dades esportivas. Quanto aos seus benefícios, os praticantes desta mo- dalidade podem ser favorecidos pela aquisição de no- ções espaço-temporais, da esquematização corporal, do controle motor, da fl exibilidade, da coordenação estática, da coordenação coletiva, do equilíbrio, da for- ça e da resistência muscular localizada, da cooperação, da autonomia, do prazer e da autoconfi ança (ALMEIDA, 1994; ASTOR, 1954). Além disso, experiências corporais valiosas e enriquecedoras para a cultura corporal do ho- mem são conseguidas por meio da prática das atividades ginásticas (LEGUET, 1987; SOARES, 1998; SOUZA, 1997; GALLAHUE; OZMUN, 2005). Nissen (1991, p. 36-37) aponta vinte vantagens da GA- CRO com relação às demais modalidades ginásticas com- petitivas. As mais relevantes estão explanadas a seguir: • Idade: não há limite de idade e muitos atletas de alto rendimento têm sua carreira estendida até os 30 anos. • Peso corporal e biótipo: não há pressão para manter o peso baixo, pois os bases, atletas que sustentam as pirâmides, podem ter um peso cor- poral maior. Além disso, não há um padrão de corpo (biótipo) exigido, o que torna a carreira em GACRO mais longa. • Cooperação: por ser uma modalidade realizada em grupos e necessitar de interação entre os par- ticipantes, a rivalidade pessoal é diminuída. 193 LEITURA COMPLEMENTAR • Sociabilização: não há divisão entre sexos nos treinamentos. Sendo assim, a co-educação dimi- nui os preconceitos de gêneros e de diferenças individuais. • Sincronismo: por todas as provas serem reali- zadas em duas ou mais pessoas, a preocupação com o sincronismo das ações é frequente, melho-rando o trabalho em equipe. • Atratividade dos espectadores e da mídia: devido ao trabalho de grupos, maiores alturas, variedades de movimentos e posições são de- monstradas, atraindo os espectadores e, conse- quentemente, a mídia. • Oportunidades: por ser uma modalidade jovem, o mercado ainda não está saturado e chegar ao alto nível parece ser mais acessível. Além disso, o mercado de trabalho para técnicos, árbitros e dirigentes está em expansão. • Ambientes: por não necessitar de aparelhagem, apenas dos parceiros, a GACRO pode ser pratica- da em praias e gramados, por exemplo. • Imagem: não há o preconceito social de que não é uma atividade para homens e muitos deles se fascinam pela ideia de levantar meninas ao invés de pesos. • Programas: muitos ginastas aposentados de ou- tras modalidades podem ser inseridos no progra- ma de GACRO, ampliando as possibilidades para clubes, escolas e associações. • Equipes: o número de participantes das equipes é grande (13 atletas), ampliando as possibilida- des para os ginastas. Por estes fatores, a Ginástica Acrobática tem se legiti- mado como uma modalidade esportiva relevante para o universo ginástico e esportivo, preenchendo algumas lacunas importantes, deixadas por outras modalidades ginásticas competitivas. Além disso, alguns autores apontam as contribuições da GACRO para a dança e para as líderes de torcida, mais presentes na cultura americana (DOUGLAS, 1982; FRIEND, 1990b). Acrescentamos ainda as contribuições para as outras modalidades ginásticas, especialmente para a Ginástica para todos e para a Ginástica Aeróbica. Fonte: Merida, Nista-Piccolo e Merida (2008, p. 160-162). Por meio da leitura desse trecho retirado do artigo “Re- descobrindo a ginástica acrobática”, podemos observar que os autores nos indicam os pontos positivos para o desenvolvimento da modalidade Ginástica Acrobática, valorizando-a como uma prática ginástica que deve ser promovida e disseminada nos diferentes espaços. GINÁSTICA 194 Fundamentos Básicos da ginástica acrobática com- petitiva Jorge Sergio Perez-Gallardo e Lucio Henrique Rezende Azevedo. EDITORA: Autores Associados ANO: 2007 SINOPSE: A Ginástica Acrobática, derivada de manifestações ar- tísticas de culturas asiáticas, é uma das mais antigas práticas es- portivas, que com o passar dos anos se foi transformando numa modalidade esportiva de grande impacto e aceitação no âmbito mundial. Na obra encontram-se todas as metodologias para a aquisição das formas básicas da Ginástica Acrobática, com fun- damentos teóricos necessários para iniciar esta modalidade de forma competitiva ou como base para as modalidades artísticas que se utilizam de acrobacias, tais como o circo, a ginástica geral e a dança. Esta obra está destinada a professores de Educação Física que atuam no âmbito escolar e em academias, interessa- dos no desenvolvimento da Ginástica Acrobática tanto no meio educativo quanto na prática esportiva. Manual de ajudas em ginástica Carlos Araújo EDITORA: Fontoura ANO: 2012 SINOPSE: Este livro aborda as ajudas em Ginástica, com foco na Ginástica Artística, passando por diferentes aparelhos (solo, saltos de cavalo, barra fi xa e paralelas assimétricas, cavalo com alças, argolas, paralelas e trave). Há também um capítulo fi nal com exercícios para preparação física (fl exibilidade, força e ve- locidade). Cada fi cha está estruturada conjugando texto com ilustrações e sempre apresenta os aspectos técnicos mais im- portantes, os erros mais frequentes, as ações motoras predomi- nantes, a ajuda e várias situações de aprendizagem. 195 referências 1 Em: <http://www.fig-gymnastics.com/site/>. Acesso em: 10 de jul. de 2016. 2 Em: <http://osorrisodobem-estar.blogspot.com.br/2014_02_01_archive.html>. Acesso em: 10 de jul. de 2016. ARAÚJO, C. Manual de ajudas em ginástica. 2. ed. Jundiaí-SP: Fontoura, 2012 GALLARDO, J. S. P.; AZEVEDO, L. H. R. Fundamentos Básicos da Ginástica Acrobática Competitiva. Campinas-SP: Autores Associados, 2007. MERIDA, F.; NISTA-PICCOLO, V. L.; MERIDA, M. Redescobrindo a ginás- tica acrobática. Revista Movimento, Porto Alegre, v. 14, n. 2, p. 155-180, maio/ago. 2008. Referências On-Line 196 gabarito 1. B. 2. B, C, A, D, E. 3. D. 4. B. 5. B. UNIDADEUNIDADE V Prof. Dr. Antonio Carlos Monteiro de Miranda Prof.ª. Me. Fernanda Soares Nakashima Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Características e princípios fi losófi cos da Ginástica para Todos • Aspectos históricos sobre o circo como manifestação artística • Os conteúdos do circo e sua aplicação nos diferentes contextos • Possibilidades de confecção de materiais alternativos na Ginástica e atividades circenses Objetivos de Aprendizagem • Conhecer a Ginástica para Todos (GPT), seus princípios fi losófi cos e as possibilidades metodológicas de construção coreográfi ca. • Refl etir sobre a história do circo e seus desdobramentos na sociedade. • Aproximar-se dos conteúdos presentes no circo e das possibilidades de trabalho nos diferentes espaços. • Conhecer as possibilidades de confecção de materiais alternativos para as práticas gímnicas e circenses. GINÁSTICA PARA TODOS; ATIVIDADES CIRCENSES E MATERIAIS ALTERNATIVOS V unidade INTRODUÇÃO Olá, aluno(a). Seja bem-vindo(a)! Nesta unidade, conheceremos modalidades que contêm elementos ginásticos e se caracterizam por não serem competi- tivas, além de aprender a confeccionar materiais alternativos no contexto da Ginástica e Circo. Primeiro vamos conhecer a Ginástica para Todos (GPT), que até 2007 rece- bia o nome de Ginástica Geral. Ela é reconhecida pela FIG e tem como proposta a interação entre os sujeitos e uma prática voltada para o prazer/lazer. Seu foco está no processo e não no produto final. Em seguida vamos estudar as atividades circenses. É um conteúdo que faz parte das aulas tanto de Arte quanto de Educação Física, uma vez que são con- teúdos que se aproximam e possuem elementos que podem ser trabalhados de diferentes formas, sejam por seus aspectos históricos ou acontecimentos que fo- ram estruturando essa prática e a tornaram uma manifestação artístico-cultural que deve ser valorizada, reconhecida como uma produção humana. Será possível a partir dos estudos desse tópico conhecer o processo histórico do circo, apro- ximar-se dos diferentes conteúdos que podem ser trabalhados nos diferentes contextos, dividindo-os em quatro partes didático-pedagógicas: acrobacias, manipulações, equilíbrios e encenação. O trabalho com esses elementos pro- porcionará, além da melhora nas habilidades coordenativas, conhecimentos e controle do corpo, além da capacidade comunicativa e expressiva do aluno. Por fim, apresentaremos diferentes possibilidades de construções de ma- teriais alternativos para a Ginástica Rítmica, Ginástica Artística e atividades circenses. Essas sugestões vêm no sentido de suprir a carência de materiais presentes em muitas realidades. Sendo assim, vamos ao trabalho! GINÁSTICA 202 Caro(a) aluno(a), neste tópico falaremos sobre a Ginástica para Todos (GPT). Como o nome já diz, esta é a modalidade gímnica (a palavra “gímnica” é o mesmo que ginástica) que busca ser inclusiva ao permitir que qualquer pessoa possa ser ginasta, in- dependente de idade, sexo, limitações motoras ou habilidades. Primeiramente, apresentaremos as ca- racterísticas desta prática, diferenciando-a das de- mais, bem como os princípios fi losófi cos que nor- teiam o trato com a GPT. A Ginástica para Todos nem sempre recebeu este nome. Inicialmente, conhecida e difundida como Ginástica Geral (General Gymnastics- GG), teve seu nome alterado parao atual Gymnastics for all ou Gi- nástica para Todos (GPT) recentemente, pela Fede- ração Internacional de Ginástica (FIG), em 2007, a fi m de trazer o entendimento de que esta modali- dade é voltada para todos, sem restrição de idade, sexo, classe social, limitações de qualquer natureza ou experiências prévias (FIG, 2009, p. 8, on-line)2. O antigo nome (Ginástica Geral) permitia a confusão de que se tratava de ginástica em geral, fazendo com que qualquer tipo de atividade, sem características gímnicas, fossem confundidas com GG. Sendo as- sim, o nome Ginástica para Todos foi considerado mais esclarecedor e adequado para expressar o que esta prática visa oferecer. Fiorin-Fuglsang e Paoliello (2008) consideram a GPT uma modalidade que resgata a Ginástica do passado, praticada em busca de prazer, alegria e sem a preocupação com desempenhos ou recordes. O fato de ser uma modalidade não competitiva permite que esta seja mais abrangente em relação aos seus prati- cantes, que buscam na ginástica viver com melhor qualidade de vida e aumentar o convívio social. A GPT é a única modalidade de caráter demonstrativo (não competitivo, somente para apresentações) ofi - cializada pela Federação Internacional de Ginástica. Características e Princípios Filosófi cos da Ginástica Para Todos EDUCAÇÃO FÍSICA 203 Dessa forma, temos uma modalidade ginástica que engloba diferentes praticantes e diferentes manifes- tações artísticas, expressivas, esportivas e corporais. PRINCÍPIOS FILOSÓFICOS DA GINÁSTI- CA PARA TODOS Por sua característica não competitiva, a Ginástica para Todos é uma das modalidades ginásticas mais adequadas para o contexto escolar, uma vez que é inclusiva e, de certa forma, engloba todas as outras modalidades ginásticas. A definição dada pela FIG sobre a GPT, presente no Gymnastics for all regulations manual (2009, p. 3, on-line)2 diz que a Ginástica para Todos oferece uma variedade de atividades adequadas a todos os gêneros, faixas etárias, habilidades e origens cultu- rais. A Ginástica para Todos contribui para a saú- de, boa forma e bem-estar físico, social, intelectual e psicológico, com foco no divertimento, na atividade física e na amizade. Suas atividades englobam todas as modalidades do campo da Ginástica, com ou sem aparelhos, da dança, dos jogos, considerando as ca- racterísticas nacionais e culturais. Outra definição a ser considerada é a do Grupo de Pesquisa em Ginástica Geral da FEF/Unicamp, que a entende como: [...] uma manifestação da Cultura Corporal que reúne as diferentes interpretações da Ginástica (Natural, Construída, Artística, Rítmica, Aeró- bica etc.) integrando-as com outras formas de expressão corporal (Dança, Folclore, Jogos, Te- atro, Mímica etc.) de forma livre e criativa, de acordo com as características do grupo social e contribuindo para o aumento da interação so- cial entre os participantes (PÉREZ-GALLAR- DO; SOUZA, 1997, p. 35). Ainda, podemos encontrar a definição de Barbosa- -Rinaldi e Teixeira (2011) , p.19), que afirmam que: [...] esta que é uma modalidade não competiti- va congrega um vasto campo de manifestações da cultura corporal, tais como ginástica, dança, artes circenses, entre outras, o que lhe conferem um significado inusitado na contemporaneida- de, visto que em tempo de especializações a ginástica geral caminha na direção de amplia- ção de possibilidade corporais (BARBOSA-RI- NALDI; TEIXEIRA, 2011, p. 19). É importante lembrar que mesmo sendo a Ginástica para Todos a mais adequada para o contexto escolar, as demais modalidades devem ser trabalhadas junto aos estudantes . REFLITA Além disso, a proposta de trabalhar com a Gi- nástica para Todos não se dá apenas no sentido do aluno conhecer ou praticar ginástica, mas sim que esse processo tenha transformação na cons- tituição desse aluno como sujeito. Parra-Rinaldi e Paoliello (2008) ao falarem sobre o Grupo de Ginástica Unicamp baseando-se nos estudo de Ayoub (1998) destacam que trata-se de uma pro- posta que “enfatiza o ser humano, o educando, que tem como preocupação a preparação de in- divíduos criadores de suas próprias ações, e não simples reprodutores, e para qual o professor é de orientador/facilitador” (PARRA-RINALDI e PA- OLIELLO, 2008, p. 25). Nesse sentido, o(a) pro- GINÁSTICA 204 fessor(a) deve proporcionar ao aluno situações que o levem a criar, de maneira que ele não tenha apenas uma autonomia corporal, mas também te- nha uma autonomia de vida, de maneira que ele seja capaz de escolher e gerenciar as atividades que mais lhe agradem. Segundo as autoras, baseando-se na pesquisa de Souza (1997), o(a) professor(a) deve ter um papel relevante no desenvolvimento de valores humanos, respeito às normas e leis do grupo e da sociedade, criatividade, espirito crítico, honradez, afetividade, liberdade, disponibilidade para estar a serviço do grupo e não o grupo a seu serviço. Nesse sentido, a Ginástica para Todos deve proporcionar um diá- logo do ser humano com o mundo, ressignifican- do seus movimentos gímnicos. Isso pode se dar a partir da valorização das experiências do sujeito no processo de ensino-aprendizagem e da valorização das relações sociais dentro do grupo por meio de um trabalho coletivo. Dessa forma, deve-se valorizar todos os co- nhecimentos prévios desses alunos de maneira que possam, a partir de suas características indi- viduais e pessoais, contribuir com o coletivo. Por exemplo, se eu tenho estudantes que já possuem experiências corporais com dança, futebol, que tenham um conhecimento aprendido em sua an- tiga cidade, ou algo que os demais não saibam, isso deve ser compartilhado para que, a partir dessa relação, todos aprendam e possam conhe- cer as individualidades de cada um. Além disso, a exploração de materiais diferentes permite que se tenha a interação social entre eles e a socialização de movimentos. Outra maneira que promove uma interação social e o despertar da criatividade é a escolha ou confecção dos materiais alternativos e montagem coreográfica. A ideia é que todos contribuam e colaborem com esse processo, de forma que ele se dê de maneira co- letiva e com a participação de todos. Parra-Rinaldi e Paoliello (2008) destacam que: Entendemos que, por meio da socialização de movimentos, o ser humano estará intera- gindo com o grupo de forma a aumentar sua vivência de inúmeras possibilidades de mo- vimentos, além da interação social, estabele- cendo códigos de convivência mútua. Outra possibilidade interessante nessa metodologia é que a adaptação de materiais proporciona a criatividade, em um desafio constante para experiências novas. A utilização de materiais não tradicionais também se transforma num fator propício para que a Ginástica Geral seja desenvolvida na escola, haja vista a facilidade em se trabalhar, pois o material está na escolha do possível, podendo ser buscado até mesmo na natureza [...] (PARRA-RINALDI e PAO- LIELLO, 2008, p. 27). Como a Ginástica para Todos permite o uso de diferentes materiais (oficiais ou alternati- vos), quando falamos em “explorar” queremos dizer que esse material deve ser usado de diversas formas, criando e descobrindo for- mas de usá-lo de maneira ginástica ou não. Fonte: os autores. SAIBA MAIS EDUCAÇÃO FÍSICA 205 Nesse sentido, temos inúmeras possibilidades de criação, adaptação e desenvolvimento da Ginástica para Todos de forma que seus principíos filosóficos sejam desenvolvidos e não tenhamos apenas alunos que praticam ginástica, mas sim possamos contri- buir com seu desenvolvimento humano, social e psicológico por meio de uma prática ginástica in- clusiva e não competitiva, feita pelo lazer/prazer, que não vise ao produto final, mas sim ao processo. Por isso, no próximoitem falaremos sobre o processo de construção coreográfica, valorizando o processo e reconhecendo a coreografia como um desdobramento desse percurso. POSSIBILIDADES METODOLÓGICAS DE CONSTRUÇÃO COREOGRÁFICA Como dito anteriormente, o processo de construção coreográfica se dá de maneira coletiva na Ginástica para Todos, diferente às vezes de coreografias com- petitivas em que o técnico monta a série com a/(as) atleta(s) visando ao código de pontuação, ou uma coreografia feita por diretores de companhias de dança que montam a coreografia para os dançari- nos. Na Ginástica para Todos isso se dá uma manei- ra diferente - o(a) professor(a) não é visto(a) como coreógrafo(a), mas sim como um(a) orientador(a) que irá contribuir para uma construção coletiva jun- to aos participantes. Por isso, antes de iniciar o processo de monta- gem coreográfica, é preciso que seus alunos se co- nheçam, a partir de encontros prévios, para que compartilhem conhecimentos individuais, sua his- tória de vida, e que tragam elementos que posterior- mente até possam ser incluídos no processo de cons- trução coreografica. Sborquia (2008), destaca que: O termo “construção coreográfica” é intencio- nal, pois a coreografia é elaborada a partir des- sa perspectiva, em que o sujeito, agindo sobre a natureza, vai construíndo o mundo históri- co, o mundo da cultura, o mundo humano. E a construção se faz partindo dessa relação. Os movimentos acontecem provenientes de uma intencionalidade, a qual expressa por meio desses movimentos em forma de linguagem (SBORQUIA, 2008, p. 148). Nesse sentido, a ideia é que cada um possa contri- buir com sua história, sua cultura, experiência, de maneira que a coreografia seja quase que um mo- saico, contendo a participação de todos. Por isso após as vivências, as trocas e a aproximação entre os participantes, deve-se decidir pela escolha do tema, aparelhos e música. Essa escolha deve se dar de maneira coletiva e refle- xiva, uma vez que, como nos sinaliza Sborquia (2008): A utilização de temas na construção coreográfi- ca possibilita ao sujeito a expressão de suas refle- xões e sentimentos, por meio de gestos e ações, em torno dessa temática. A escolha de um tema propicia o levantamento de uma série de ideias a ele relacionadas. A discussão dessa temática pode levar a reflexões e abstrações as quais pos- sibilitam a tomada de consciência e a efetivação da estética (SBORQUIA, 2008, p. 149). Dessa maneira, tem-se a possibilidade de criar dife- rentes temas para o processo coreográfico. A escolha de um bom tema permite a facilidade de pensar nos materiais e nas músicas. Essa ordem pode se dar de uma outra forma, também - às vezes o coletivo deci- de por um material, e esse pode determinar o tema e música dessa coreografia. GINÁSTICA 206 Algumas das possibilidades apontadas pelo Ma- nual Group Performances (1997, p. 24) que podem ser exploradas para a criação de coreografias na GPT são: Grandes aparelhos: • Aparelhos utilizados ao ar livre. • Trampolim (“cama elástica”). • Mini e duplo trampolim. • Diferentes aparelhos para saltos. • Circuito de aparelhos. • Pista de Tumbling. • Roda alemã. • Diferentes aparelhos experimentais. Aparelhos tradicionais da ginástica artística: • Tablado de solo. • Assimétricas. • Trave. • Cavalo com alças. • Paralelas. • Cavalo para saltos. • Barra. Tipos de ginástica: • Ginástica jazz. • Ginástica acrobática. • Ginástica rítmica com aparelhos manuais. • Ginástica aeróbica. • Diferentes ginásticas de condicionamento físico. • Ginásticas com ênfase especial. • Ginástica para pessoas com deficiência. • Ginástica experimental. • Outros. Estilos de dança: • Folclore; • Dança jazz; • Rock and Roll; • Dança moderna; • Danças experimentais; • Outros. Tipos de jogos: • Pequenos jogos (bolas de ar, paraquedas, cor- das, diferentes bolas etc.). • Ideias gerais para jogos (sem competição). • Formas de jogos experimentais. Nesse sentido, após a escolha do material, tema e música, é importante a exploração do mesmo. Por exemplo, caso o grupo escolha como material uma cadeira, a exploração se dará a partir de todas as EDUCAÇÃO FÍSICA 207 possibilidades de usar essa cadeira, como sentar, fi- car de pé sobre ela, saltar por cima, passar por baixo, executar movimentos ginásticos sobre ela, como por exemplo fazer uma roda, uma parada de mãos, tudo de maneira segura e com o auxílio de um colega, caso seja necessário. Usar a cadeira com os pés vira- dos para cima, com a cadeira de lado, empilhar mais de uma cadeira, e assim por diante, além de poder usar essa cadeira no meio de uma figura acrobática e realizar movimentos dançantes em que todos se mo- vimentam juntos, separados e no rítmo da música. É muito importante que se tenha uma variação de movimentos ginásticos, dançantes e de coreo- grafia. Além disso, podemos pensar em uma core- ografia que não tenha aparelho, mas que apenas os efeitos provocados pelos braços, pernas e coletivo criem um efeito, a exemplo das ginásticas de gran- de área, aquelas em que as apresentações aconte- cem em campos de futebol de grandes estádios. Muitas vezes os participantes não possuem ne- nhum material, porém o efeito de cores das roupas, dos movimentos de braços causa um efeito visual muito bonito e que chama a atenção. Cabe a você, professor(a), conduzir junto aos seus alunos o que é mais viável de acordo com a realidade na qual vo- cês se encontram. Além disso, a questão do figurino também deve ser pensada, de forma que enriqueça ainda mais seu trabalho, seja ele feito por costureiras, mães/pais dos alunos ou até mesmo por eles mesmos. Professor(a), não esqueça que esse processo de criar/fazer o material, figurino, faz parte da formação do seu aluno. As relações sociais que esse momento proporciona contribuem para seu desenvolvimento humano. REFLITA Assim, tendo escolhido um tema, uma música, com ou sem material, um figurino ou até mesmo o uniforme dos alunos, seus alunos e você estarão prontos para mostrar para os demais alunos e pro- fessores, pais e comunidade o trabalho coletivo fei- to na Ginástica para Todos. É importante que cada aluno se veja no processo coreográfico e que eles sintam-se parte do todo, motivando-os a refletirem sobre suas práticas, valorizando o respeito, o com- panheirismo, a afetividade, a liberdade e a criati- vidade - elementos esses que contribuirão na sua formação de sujeito. GINÁSTICA 208 Respeitável público! Neste tópico, aprenderemos sobre como o circo tornou-se essa manifestação que conhecemos hoje. No entanto, antes disso devemos nos perguntar como ele surgiu e onde começou. Talvez ao falarmos sobre esse assunto você pense que ele tenha surgido em Roma com a demonstração das habilidades incomuns, ou na Grécia com as práticas atléticas, ou até mesmo na China pelo seu domínio com acrobacias e prepara- ção de guerreiros. Caso você tenha pensando nis- so, você não está errado. O erro talvez esteja em tentarmos definir quando exatamente o circo foi criado. O circo, por ser uma manifestação artísti- ca, impede que tenhamos uma data ou local em que ele tenha iniciado. O que podemos afirmar é que esses diferentes locais tinham manifestações corporais que se aproximam dos elementos que conhecemos hoje no circo. O que devemos evitar é uma comparação dos dias de hoje com os de ou- tras épocas, a exemplo do que é trazido por Miran- da (2016) ao tratar que: Associar a história do circo à Roma antiga, pautando-se no senso comum que se prende ao sadismo e crueldade dos espetáculos da- quela época, reforça a ideia de que os tempos atuais são “civilizados”, adiantados e superiores, levando a uma noção de superioridadeque é problemática na comparação de tempos histó- ricos (MIRANDA, 2016, p. 26). No entanto, elementos como a religião, combates, sa- crifícios, festas e a reconciliação com os deuses, tal como eram os objetivos de Roma, são fatores que se fazem presentes no desenrolar do processo histórico do circo. Por isso, independente do local ou data em que esse circo tenha iniciado, em todos esses espaços tínha- mos a presença desses elementos nos quais o aspecto ritualístico era o fator determinante dessas práticas. Com o passar do tempo e muitas transforma- ções, o circo que conhecemos hoje começa a ser desenvolvido no século XVIII, na Inglaterra, onde havia a presença de apresentações ao ar livre sobre o dorso de cavalos, apresentações essas conhecidas como apresentações equestres. Aspectos Históricos Sobre o Circo Como Manifestação Artística EDUCAÇÃO FÍSICA 209 Foi então que Philip Astley, em 1768, teve a proe- za de se apropriar dessas apresentações e colocá-las em um local fechado. Miranda (2016) sinaliza que “ele usou a medida de 13 metros de circunferência em recinto fechado, tamanho exato para que a força centrífuga ajudasse o cavaleiro a ficar de pé sobre o cavalo.” (MIRANDA, 2016, p. 29). Com essa ideia, Astley começa a tornar o circo comercial. Antes, os espectadores assistiam a apre- sentações de forma livre, e a partir desse tempo precisam pagar ingressos para assistirem aos espe- táculos. Além disso, com o intuito de deixar o circo ainda mais atrativo, ele acaba contratando os artistas que se apresentavam nas ruas, praças e feiras para fazerem parte do seu espetáculo, fazendo assim com que o circo começasse a ter a variedade de números que conhecemos hoje. Mesmo com essa interação, o cavalo era o elemento principal das apresentações. Até mesmo os palhaços faziam sátiras dos números utilizando o cavalo como elemento articulador. O sucesso do circo criado por Astley fez Luiz XV convidá-lo para se apresentar em Paris, o que fez com que essa manifestação ganhasse ainda mais espaço, disseminando-a em diferentes países como Alemanha, Espanha e Rússia. Segundo Bolognesi (2003, p. 34): [...] diferentemente dos espetáculos das feiras ambulantes, os primeiros circos eram perma- nentes e se instalaram apenas nas grandes cida- des. O espetáculo circense, em seus primórdios, não se destinava ao público das ruas e praças, frequentador das feiras apreciador da cultura popular. Dirigia-se a aristocratas e à crescente burguesia. No entanto, mesmo esse circo sendo voltado a essa classe, todos tinham contato com a arte equestre. Porém, como o cavalo representava um status social naquela época, era visto como símbolo de poder, o que não durou muito. Com o fim das guerras na- poleônicas, muitos cavalos e soldados se tornarem inúteis e aquela figura de todos os artistas usando o cavalo foi se perdendo. Com o circo atingindo um público mais amplo, aquelas apresentações que antes eram novidade foram caindo e se tornando tediosas. Figura 1 - Apresentação equestre GINÁSTICA 210 Os cavalos, que antes eram usados apenas nos es- petáculos, começaram a servir também como meio de transporte para apresentações itinerantes, o que fez com que novos artistas e novos números fossem incluídos nos espetáculos. Assim, o circo passou a ter uma organização tal como conhecemos hoje, com artistas vivendo dessa prática e com um circo nômade que busca levar essa forma de arte para os diferentes cantos do mundo. O CIRCO NO BRASIL O circo em terras brasileiras já existe há bastante tem- po, uma vez que desde o século XVIII tem-se o regis- tro de artistas ambulantes que já executavam números circenses, sendo apontadas referências a essas mani- festações dos ciganos. Segundo Miranda (2016), já no século XIX os ciclos econômicos, principalmente do café e da borracha, estimularam a chegada ao Brasil de grandes circos estrangeiros que passavam pela re- gião litorânea do país, estendendo-se muitas vezes até Buenos Aires. Com isso, muitas famílias decidiram fi- car por aqui e foram se organizando, criando relações e fortalecendo laços de sociabilidade. Todos faziam tudo: vendiam pipoca, se apresentavam, cuidavam para que todos contribuíssem para o desenvolvimen- to do circo, e esse circo em que a própria família gera- va o circo ficou conhecido como circo-família. Até hoje, em circo menores nós temos essa características de que o artista assume dife- rentes funções. No momento em que não está em cena, está executando outras atividades para ajudar. Fonte: os autores. SAIBA MAIS Sobre esse assunto, Silva (1996, p. 13) destaca que: A organização do trabalho circense e o pro- cesso de socialização/formação/aprendizagem formam um conjunto, são articulados e mutu- amente dependentes. Seu papel como elemento constituinte do circo-família só pode ser ade- quadamente avaliado se este conjunto for con- siderado como a mais perfeita modalidade de adaptação entre um modo de vida e suas neces- sidades de manutenção. Não se tratava de orga- nizar o trabalho de modo a produzir apenas o espetáculo – tratava-se de produzir, reproduzir o circo-família. Assim, podemos reconhecer que esse formato de circo, buscou garantir e reproduzir sua forma de tra- balho. Mesmo com a inclusão de outros artistas (que não fossem da família) nesse universo, a perspectiva do trabalho buscava uma manutenção dos meios em que essa forma de circo se estruturava. Com essa forma de atuação, o circo serviu como um elemento que suprisse as vontades das diferentes populações com relação a arte e cultura. Uma vez que: O circo brasileiro também tem sua contribui- ção na disseminação de diferentes manifesta- ções artísticas. As relações que aconteceram entre o circo e o teatro no desenrolar histó- rico permitiram que aquelas cidades brasi- leiras, principalmente do interior do país, que ansiavam por representações artísticas, suprissem suas vontades com o circo ou com uma modalidade diferenciada de espetáculo, como o circo-teatro. Este passa a se inserir nas comunidades, nos bairros e nas peque- nas cidades como uma casa de espetáculos diversos que apresenta arte circense, shows musicais, shows humorísticos, peças teatrais (especialmente comédias), show com habi- tantes locais, entre outras formas (MIRAN- DA, 2016, p. 34-35). EDUCAÇÃO FÍSICA 211 Esse assunto deve ser tratado em suas aulas de Edu- cação Física para que o aluno tenha acesso a esse co- nhecimento de forma crítica e reflexiva, uma vez que ele poderá conhecer e ver o circo de outra maneira a partir de suas aulas. Duprat e Gallardo (2010) des- tacam que foi dessa forma que o circo foi ganhan- do espaço até chegar aos dias de hoje da maneira na qual o conhecemos. Todavia, vale destacar que vive- mos em um momento com diferentes tipos de cir- co, ou seja, de um lado o circo tradicional que ainda tenta manter-se mediante todas as adversidades e dificuldades encontradas, e os grandes circos que a cada vez investem mais no espetáculo, no visual, no trabalho específico de artistas que muitas vezes ad- vêm de modalidades ginásticas competitivas, fazen- do com que o espetáculo seja cada vez mais belo e inesquecível. Porém, o próprio contexto faz com que os valores para o acesso a esses circos sejam altos, impossibilitando as participações de todas as classes. Já os demais circos acabam tendo que se manter com aquilo que ganham para se auto gerarem e pagarem todos os custos de manutenção de um circo. O circo é considerado um fenômeno multidisci- plinar, e muitos profissionais o observam e ana- lisam a partir de um particular ponto de vista. O artista busca uma performance com um maior impacto, uma maior espetacularidade. O biome- cânico analisa os princípios físicos que envolvem as habilidades circenses.O técnico/treinador es- tuda as melhores estratégias e diferentes formas para dominar as habilidades. Já o professor ob- serva quais e como estas manifestações desen- volvem-se e dentre elas as que podem ser socia- lizadas no âmbito escolar, criando metodologias adequadas a cada um dos diferentes contextos escolares (DUPRAT; GALLARDO, 2010, p. 51). Assim, cabe a nós, professores, proporcionarmos aos nossos alunos o acesso a essas manifestações histori- camente construídas, principalmente porque o circo não acontece mais apenas dentro do próprio circo. Hoje existem diferentes locais que oferecem aulas de circo em academias, escolas, espaços de lazer, e isso se deu pela necessidade de perpetuar os conte- údos de circo e teve início na década de 70 com a primeira Escola de Circo (Academia Piolin de Artes circenses) criada em 1977 no estádio do Pacaembu, em São Paulo. Segundo Castro (2005), a iniciativa se deu a partir dos próprios artistas circenses. Já em 1982 surgiu a Escola Nacional de Circo no Rio de Ja- neiro, que também tinha como proposta perpetuar a arte circense no país ao longo do tempo, que pessoas de família circense ou não tivessem a oportunida- de de aprimoramento e que o processo de ensino- -aprendizagem sobre o circo fosse uma extensão das famílias circenses, promovendo esses conhecimen- tos de forma democrática e ampliada. Perceba que estamos falando de dois forma- tos de circo na atualidade. Por isso, proble- matize esse assunto junto aos seus alunos, não classificando-os como melhor ou pior, mas como diferentes, e que ambos devem ser valorizados, pois, senão, corremos o risco de perder o circo tradicional. REFLITA 212 GINÁSTICA GINÁSTICA Nesse sentido, temos então o circo sendo disseminado e praticado em diferentes espaços, porém ainda carente no contexto escolar, uma vez que os professores não trabalham esse conteúdo por falta de conhecimento ou por não reconhece- rem os elementos positivos de se trabalhar com o circo. Duprat e Gallardo (2010) trazem uma discussão sobre a importância de se trabalhar com circo. Para eles “o circo constitui-se como parte integrante da produção cultural e artística. Ao longo dos séculos ele infl uenciou modos de produzir, modos de agir e fazer arte, caracterizando-se como um fenômeno sociocultural” (DUPRAT e GALLARDO, 2010, p. 55). Só esse motivo já justifi caria a presença do conteúdo de circo na es- cola, no entanto eles ainda citam os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) ao sinalizar que a Educação Física está organizada em três blocos: Esportes, jo- gos, lutas e ginástica; Atividades rítmicas e expressivas; e Conhecimento sobre o Corpo. Para os autores, todo o contexto histórico do circo, a presença de ele- mentos como teatro, dança, arte dos saltimbancos, música, cavaleiros e militares, entre outros elementos, integraria o grupo das atividades rítmicas e expressivas: [...] que devem incluir as manifestações da cultura corporal que tem como ca- racterística comum a intenção explícita de expressão e comunicação por meio de gestos, da presença de ritmos, sons e da música na construção corporal (DUPRAT; GALLARDO, 2010, p. 56). 213 EDUCAÇÃO FÍSICA Com relação ao que deve ser trabalhado nas au- las de Educação Física, como conteúdo de circo, existem inúmeros elementos que fazem parte desse universo, e muitas vezes o(a) professor(a) pode não saber o que trabalhar ou como traba- Os Conteúdos do Circo e sua Aplicação nos diferentes contextos Fonte: Duprat e Bortoleto (2007, p. 178). Quadro 1 - Classificação das modalidades circenses de acordo com as ações motoras gerais lhar. Para facilitar esse acesso e compreensão do que faz parte do universo do circo e uma adapta- ção ao contexto escolar, Duprat e Bortoleto (2007) organizaram um quadro a partir de unidades didá- tico-pedagógicas. Acrobacias Aéreas Diferentes modalidades de trapézio, tecido, lira, quadrante, corda. Trampolim acrobático; mini-tramp; báscula russa; maca russa. Claves, bastões, antipodismo. Perna-de-pau, monociclo, arame, corda bamba, bicicleta, rolo americano (rola-rola). Paradismo (chão e mão-jotas), mão a mão (duplas,trios e grupos), jogos icários. Arte cênica, dança, música. Diferentes técnicas e estilos Malabares (bolas, claves, devil stick, diábolo, caixa, com fogo), swing (claves e bastões), tranca, contato, ilusionismo, prestidigitação,mágica, faquinismo, fantoches e ventriloquia. De chão (solo), duplas, trios e grupos, banquinas, mastro chinês, contorcionismo, jogos icários. Corpóreas Trampolim de objetos de objetos sobre objetos Acrobáticos Artes corporais Palhaço Manipulações Equilíbrios Encenação QUADRO I - CLASSIFICAÇÃO DAS MODALIDADES CIRCENSES DE ACORDO COM AS AÇÕES MOTORAS GERAIS GINÁSTICA 214 Mediante o quadro, podemos ver inúmeras ativi- dades. Algumas exigem materiais de grande por- te, outras de médio ou pequeno e outras que nem precisam de material. Duprat e Gallardo (2010) destacam que: De forma geral entendemos que o papel funda- mental da Educação Física escolar é proporcio- nar o contato das crianças com as manifestações culturais existentes no circo, em um grau de exigência elementar, destacando as potenciali- dades expressivas e criativas, além dos aspectos lúdicos desta prática. Assim sendo, as modali- dades que necessitam de pouca infraestrutura, como as que utilizam materiais de pequeno e as que não utilizam nenhum tipo de material, são consideradas as de mais fácil aplicabilidade na escola (DUPRAT e GALLARDO, 2010, p. 63). Por isso, a partir de agora trabalharemos com cada elemento do quadro proposto pelos autores, de for- ma que você conheça as modalidades circenses para apresentá-las aos seus alunos para que, diante dos materiais e espaços disponíveis, você possa traba- lhar, adaptar ou apresentar esses conteúdos para sua turma, de acordo com a realidade na qual você esta- rá atuando. ACROBACIAS As acrobacias são os movimentos executados por aqueles que buscam mostrar domínio, controle em determinados elementos realizados com o corpo. Duprat e Gallardo (2010) baseando-se nas palavras de Bolognesi (2003), destacam que: Existem numerosas definições para o termo “acrobacia”, ainda que indiquem que se trata de ações motoras não naturais, normalmente complexas, que tentam competir com as leis da Física que regem o movimento dos corpos, em sua maioria aprendidas pelo homem com um objetivo específico e com características distin- tas das ações naturais (caminhar, sentar, correr etc). São ações motoras que incluem inversões e rotações em um ou mais eixos do corpo (DU- PRAT e GALLARDO, 2010, p. 71). Por essa característica, a presença das acrobacias sempre fez parte do universo circense, já que sem- pre buscaram se diferenciar dos elementos executa- dos por todos e de forma comum. Nesse sentido, as acrobacias são divididas em três blocos temáticos: acrobacias aéreas, de solo e de trampolim. Acrobacias Aéreas Nas acrobacias aéreas, como o próprio nome diz, o executante faz acrobacias sem contato com o solo. O artista/praticante está a todo o momento no ar, vencendo a gravidade e sustentando seu corpo com a sua força. Como exemplos das acrobacias aéreas, segundo Duprat e Gallardo (2010), nós temos: O tecido circense: trata-se de um grande pano, dobrado ao meio e fixado a uma estrutura de altu- ra variada, deixando duas pontas soltas ao solo, pe- las quais o acrobata sobe e realiza sua performance amarrando-se, enrolando-se, girando, por meio de travas e nós. Essas travas e nós são ao mesmo tempo os truques e as seguranças presentes na atividade. EDUCAÇÃO FÍSICA 215 Trapézio: consiste em uma barra de madeira ou me- tal ligada a duas cordas, um aparelho extremamen- te simples.Existem diferentes modalidades de tra- pézio, fixo, oscilante, duplo, de equilíbrio e de voo. Cada um deles tem uma especificidade, pois existem diferentes técnicas e equipamentos envolvidos. Lira: é um arco circular e de metal, uma variação do trapézio, no qual também podem ser executadas va- riadas coreografias enquanto o aparelho gira em seu próprio eixo longitudinal. A lira também pode ter outras formas além da circular, como gota, estrela, quadrado, entre outras. Figura 2 - Acrobacia em Tecido Figura 3 - Acrobacia em Trapézio Figura 4 - Acrobacia em Lira GINÁSTICA 216 Corda indiana: uma grande corda suspensa. O exe- cutante fica pendurado no alto dessa corda, preso pelas mãos, pés ou pescoço. A corda é girada sobre si mesma por uma pessoa no solo, e o artista, pendu- rado, executa diversas coreografias. Acrobacias em duplas ou Double: duas pessoas fa- zem uma coreografia em um único aparelho, que pode ser o trapézio, tecido ou um quadrante fixo. O portô é o que fica em contato com o aparelho e faz a sustentação para o volante pelas mãos ou pelos pés. Figura 5 - Acrobacia em Corda Indiana Figura 6 - Acrobacia em Dupla EDUCAÇÃO FÍSICA 217 Acrobacias de solo As acrobacias de solo envolvem todos os elementos corporais (acrobáticos) que aprendemos nas dife- rentes modalidades ginástica. Segundo Duprat e Gallardo (2010, p. 73), as acrobacias são: [...] movimentos extremamente elegantes e revelam força, agilidade, flexibilidade, co- ordenação, equilíbrio e controle do corpo. Desenvolvem coragem, força, coordenação, flexibilidade, habilidades de saltos, destreza e agilidade. São apresentações de valoriza- ção pessoal. Existem inúmeras manifestações acrobáticas, desde as individuais, passando pelas duplas, trios, quartetos e até grandes grupos. Nesse sentido, todos os elementos que vimos nas modalidades competitivas, Ginástica Artística, Rít- mica, Acrobática e na Ginástica para Todos que são executados no solo caracterizam-se como modali- dades de acrobacias de solo. Acrobacias de Trampolismo As acrobacias de trampolinismo são os elementos executados em diferentes estruturas, como cama elástica, maca russa, báscula russa entre outras. Se- gundo Duprat e Gallardo (2010), as acrobacias re- alizadas nos trampolins se diferem das acrobacias de solo pela fase de voo, na qual o executante acaba conseguindo, a partir do impulso dos diferentes apa- relhos, atingir altura de 3 até 8 metros, executando assim saltos mortais, duplos, quádruplos mortais e piruetas das mais variadas. Figura 7 - Acrobacia em Trampolim Manipulações: a classificação dos elementos de manipulação se dá de acordo com movimentos que são feitos a partir do controle das ações motrizes que estão envolvidas com a manipulação de objetos no ar (lançamento e recuperação) ou na possibili- dade de ludibriar, “enganar” os espectadores a par- tir de truques. Temos, dessa maneira, os malabaris- mos e a prestidigitação (mágica) como elementos de manipulação. GINÁSTICA 218 O malabarismo: o malabarismo pode ser defini- do como a habilidade de executar um desafio com- plexo, desafio que muita gente não saberia realizar. Porém não existe manipulação ou mistério na exe- cução. Ao assistir, é possível perceber que para sua prática é necessário muito treino, concentração e coordenação motora. Segundo Duprat e Bortoleto (2007), os diferen- tes tipos de malabarismo podem ser agrupados em quatro diferentes categorias: 1. Malabarismo de lançamento: Ação em que os malabares são lançados e logo em seguida recepcionados. É o tipo de malabarismo mais conhecido, muitas vezes, confundido como único, podendo ser feito com inúmeros materiais, principalmente lenços, bolas, bolas de rebote, cla- ves, aros etc. 2. Malabarismo de equilíbrio dinâmico: Esse tipo de malabarismo é feito a partir de dois pontos de contato: instável e marginal. • O instável possui apenas um ponto de conta- to, por exemplo, uma clave sendo equilibrada na ponta do dedo. • O equilíbrio marginal tem uma linha reta como contato, por exemplo, uma bola que descansa entre a testa e o nariz. Figura 8 - Malabares com Aros Figura 9 - Equilíbrio EDUCAÇÃO FÍSICA 219 3. Malabarismo giroscópicos: Os malabarismos giroscópicos são aqueles que giram com uma elevada velocidade sobre si mesmos, de ma- neira que se mantenham em rotação sobre um ponto de contato. Por exemplo, os pratos, o diabolô e o iô-iô. Figura 10 - Malabarismo com Diabolô Prestidigitação: a prestidigitação é o termo que se dá para a realização de diferentes números que envolvem a manipulação de objetos e situações, de forma que o público não consiga saber como es- sas “mágicas” foram realizadas. A exemplo, temos o desaparecimento de objetos, criação de outros, ilusionismos, entre outras formas que se destacam pela presença de truques que aparentemente se tor- nam impossíveis. 4. Malabarismo de contato: Essa forma de malabarismo se dá a partir da ma- nipulação de um ou mais objetos em contato com o corpo, normalmente com giros e poucos ou pe- quenos lançamentos. Por exemplo, bolas de contato, agrupamento de bolas (rolling) e chapéus. Figura 11 - Malabarismo com bola de contato GINÁSTICA 220 Equilíbrios Corporais (corpo em movimento e superfícies instáveis): o equilíbrio corporal se dá a partir da capacidade de manter o corpo e/ou cor- po-objeto em uma posição de controle, em que o executante deverá ter concentração, coordenação e consciência corporal. Segundo Duprat e Gallardo (2010, p.114), [...] o equilíbrio corporal relaciona-se com as leis físicas que intervêm na execução de uma tarefa motora, ou seja, tem relação com as superfícies de apoio, com a localização do centro de gravidade do corpo, com a forma com que o peso do corpo está distribuído na superfície de apoio e com a qualidade das es- truturas orgânicas. O equilíbrio, no entanto, deve ser entendido como um estado psicoe- mocional, influenciando a execução de tare- fas motoras que requerem controle postural e demandam certo grau de atenção no controle do corpo e/ou no transporte de objetos. As atividades de equilíbrio corporal devem conside- rar diferentes formas de equilíbrio, como os estáti- cos e dinâmicos. Segundo os autores, existem quatro tipos de equilíbrios: [...] equilíbrio do corpo em movimento (pés de lata e perna de pau), equilíbrio do corpo em superfícies instáveis (rola-rola e corda bamba), equilíbrio de objetos no corpo (malabarismo) e a junção destes diferentes tipos de equilíbrio: perna de pau com malabarismo, rola-rola com malabarismos e etc (DUPRAT; GALLARDO, 2010, p. 114). Figura 12 - Equilíbrio (perna de pau, pé de lata, rola-rola, corda bamba, slack line) EDUCAÇÃO FÍSICA 221 Encenação: a proposta da encenação nas atividades circenses engloba o despertar de elementos ligados a criatividade, expressão corporal e comunicação. Nela, o aluno pode criar situações, interpretar e dar asas à sua imaginação. Segundo os autores, essas atividades devem ter como foco central a interação social, uma vez que o objetivo é comunicar algo (pensamentos, ideias, emoções) a alguém. Nesse tra- balho, deve-se explorar junto aos alunos elementos das artes cênicas, dança, mímica e música. O(A) professor(a) pode criar situações que le- vem o aluno a vivenciar e criar algo novo, estimu- lando o processo criativo e imaginativo, trazendo elementos do cotidiano ou que sejam inovados pelos alunos a partir de sua criatividade. Palhaços: o trabalho com palhaço na escola com as crianças deve ser realizado no sentido de que o aluno conheça essa fi gura e possa valorizar o traba- lho desse personagem. O palhaço surgiu no circo como um elemento articulador das cenase depois foi ganhando o seu espaço, até se tornar uma fi gura essencial para o universo circense. Os palhaços normalmente trabalham em duplas ou trios, de forma que um tem o papel de palha- ço “branco” e o outro de “augusto” (excêntrico). O “branco” é o palhaço que prepara a piada, normal- mente aparenta ser mais esperto, sua roupa é mais discreta, tem domínio de conhecimento e uma au- toridade absoluta. Já o “augusto” é mais ingênuo, cai nas piadas preparadas pelo branco, seus movimen- tos e roupas são mais exagerados e ele usa e abusa de quedas, saltos e pantomimas. GINÁSTICA 222 Tornar-se palhaço é algo complexo. Muitas pesso- as imaginam que colocar um nariz e uma roupa é tornar-se palhaço, no entanto existe toda uma pre- paração e um trabalho que nunca tem fim, pois o palhaço sempre tem algo a melhorar e aprimorar. Segundo Monteiro-Junior (2008, p. 58), [...] a feitura do palhaço é um ritual de inicia- ção, e como todo ritual de iniciação requer uma orientação consistente sobre o processo de des- coberta, criação e encenação do palhaço no pi- cadeiro. Através desse ritual de descoberta é que o aprendiz vai compreender o estado de ser ne- cessário para a iniciação, percebendo a comple- xidade que tem uma criação de um palhaço. Para dar iniciação à feitura é necessário compreender e assimilar os principais conceitos e procedimen- to ligados à linguagem e à representação cômica dos palhaços de picadeiro, como também fazer uma relação desses conceitos com a vida cotidia- na e pessoal. Nesse sentido, devemos refletir sobre o papel do pa- lhaço, uma vez que ele tem como função mostrar que todos somos humanos, temos defeitos e nos fa- zer pensar a partir da sua lógica, ingênua mas que desperta os mais diferentes sentimentos em nós. Por isso devemos respeitar esse ofício como uma profis- são, e não usar nem permitir que usem o termo pa- lhaço de forma pejorativa, como forma de insultos, ou uso de nariz de palhaço em manifestações. Os termos “branco” e “augusto” foram criados a partir das características desses palhaços, e existem diferentes histórias sobre essa origem. Talvez o uso do termo “excêntrico” ao invés de “augusto” facilite a diferenciação entre eles. Fonte: os autores. SAIBA MAIS EDUCAÇÃO FÍSICA 223 Existem alguns termos que são próprio do uni- verso do palhaço. Monteiro-Junior (2008, p. 59) a partir do Roger Avanzi (Palhaço Picolino) destaca quatro deles: • Cascata: é quando o palhaço cai. Vem do nome da queda d’água - cascata, pois é uma queda fajuta, forjada, mas que deve parecer real. Tem que saber cair, fazer o barulho sem machucar. • Clack: uma bofetada, um tapa, que faz ba- rulho de “clack”, pois bate uma mão na ou- tra, simulando um tapa, tem que transmitir verdade. • Reprise: a reprise é quando se repete uma en- trada. Não é para fazer o mesmo, mas para fazer palhaçadas novamente, enquanto des- montam um aparelho. • Esquete: não é propriamente circense. É te- atral, como uma peça com pouco tempo, rá- pida. Uma história geralmente com desfecho engraçado. • Piléia: é uma piada que é preparada. O públi- co sabe até a resposta, mas a forma, o rítmo em que é empregada faz com que o público dê risada. Ser palhaço é uma profissão que deve ser respeitada e valorizada como todas as outras. (Os autores) REFLITA Como vimos, tornar-se palhaço não é uma tarefa simples. Leva tempo, precisa de um mestre para iniciar e o sujeito deve prioritariamente querer ser palhaço para aceitar-se e depois deixar que esse palhaço surja. No entanto, nosso papel aqui não é formar palhaços, mas sim fazer com que nossos alunos conheçam essa figura e sintam-se à vontade com eles. O termo clown também significa palhaço, po- rém a construção dessa forma de palhaço está mais ligada ao teatro do que ao circo. O clown não é um personagem, mas surge como uma dilatação do próprio indivíduo. Fonte: os autores . SAIBA MAIS GINÁSTICA 224 Assim, devemos promover o conhecimento dos nos- sos alunos sobre o palhaço, a valorização dessa lin- guagem e até mesmo realizar junto a eles atividades que explorem a criatividade, criação de um figuri- no, maquiagem e jogos que estimulem a expressão corporal e de encenação, bem como a vivência de esquetes de palhaços. Nesse sentido, mediante os diferentes elementos que conhecemos sobre o universo do circo, podemos criar situações e atividades que aproximem nossos alunos desse contexto, de forma que eles possam re- conhecer o circo como uma manifestação artístico- -cultural que já existe há muito tempo e que tenta de todas as formas se manter, não perdendo seu espaço para a tecnologia ou outras demandas que acabam chamando mais a atenção na atualidade. Devemos fazer com que nossos alunos conheçam o circo, sua história, suas características, as diferentes modalida- des e como é rico aprender todos os elementos que compõem esse universo. EDUCAÇÃO FÍSICA 225 Olá! Nos tópicos e unidades anteriores, vimos que podemos praticar Ginástica e elementos do circo sem aparelhos, porém também falamos sobre uma infinidade de aparelhos (oficiais ou não) que muitas vezes não estão disponiveis com tanta facilidade, onde trabalhamos. Seria um sonho se todas as es- colas brasileiras tivessem a quantidade e qualidade de materiais necessários para o desenvolvimento de nossas aulas. Sabendo disso e também reconhecen- do a importância de construção de materiais alter- nativos, visando a aprendizagem que a confecção de um material pode proporcionar, além da valoriza- ção que muitas vezes se tem mais para o que é feito e não comprado, decidimos fazer esse tópico para auxiliá-lo(a) na confecção dos diferentes materiais usados no circo e na ginástica. Reconhecemos que nem tudo podemos fazer e que, em alguns casos, a confecção ficaria num valor muito alto. Por isso, elegemos alguns materiais para ensinarmos, e que, a partir desses outros, possam surgir e novas adaptações possam ser feitas. Enten- demos que o material alternativo, como o próprio nome diz, é uma alternativa, e que evidentemente os materiais originais se justificam pela qualida- de, durabilidade e até mesmo segurança. Todavia, a possibilidade de construção apresenta-se como baixo custo, muitas vezes com pouca diferença de um para o outro. Sobre esse assunto, Schiavon (2008, p. 169) des- taca que: [...] os profissionais buscam solucionar o pro- blema de falta de materiais específicos para as modalidades esportivas com as quais traba- lham. O material pode não estar disponível porque tem um custo alto, ou também por- que nos locais em que atuam não há espaço apropriado para a sua disposição. Dessa for- ma, os profissionais querem sempre conhecer algumas alternativas, que possibilitem a ini- ciação esportiva, principalmente quando tra- balham em escolas. Geralmente, nesse espaço de atuação, a aquisição de material esportivo é mais difícil e os profissionais procuram saber “como” poderiam oferecer experiências signi- ficativas no Esporte, utilizando-se de materiais alternativos. Partindo desses princípios é que organizamos a construção de materiais alternativos em três tópi- cos: aparelhos da Ginástica Rítmica, aparelhos da Ginástica Artística e materiais alternativos nas Ati- vidades Circenses. APARELHOS DA GINÁSTICA RÍTMICA Como vimos nas unidades anteriores, a Ginástica Rítmica possui cinco aparelhos: corda, bola, arco, maças e fita. Possibilidades de Confecção de Materiais Alternativos na Ginástica e Atividades Circenses GINÁSTICA 226 Corda O aparelho corda é um aparelho do universo infantil e de baixo custo, por isso, grande parte dos locais de atuação. Uma opção é adquirir um rolo de cor- da e cortar nos tamanhos dos aluno, dando umnó nas pontas, e uma outra opção mais em conta é fazer uma corda com jornais. Materiais: • 10 folhas de jorna.l • Fita adesiva. Como fazer: Vá fazendo rolinhos com todas as folhas, depois, junte-os fazendo com que fiquem com o formato e tamanho semelhante aos de uma corda. Depois, passe a fita por toda a extensão para que não solte e fique protegida. Com esse material, é possivel fazer os movimentos de saltar por dentro, circundução, rotação, lançamentos/recuperações, véus etc. Figura 13 - Corda EDUCAÇÃO FÍSICA 227 Bola O aparelho bola também é um aparelho bastante comum e nos diferentes espaços. Na Ginástica Rít- mica, qualquer bola de borracha pode ser usada, no entanto na ausência do material podemos confec- cionar uma de tecido. Materiais: • Retalhos de tecido diversos. • Meias de naylon (fina) ou meia de algodão. • Linha e agulha. Como fazer: Juntar os tecidos e colocar no fundo da meia de naylon (uma perna de meia). Depois de encher na quantidade que fique do tamanho de uma bola de GR, torça a meia para que feche o local em que você colocou o tecido, desvire a meia encapando a bola várias vezes, até que finalize. Costure sobre com a li- nha e a agulha. Essa bola permite fazer praticamente todos os movimentos tecnicos do aparelho, com ex- ceção apenas das quicadas. Figura 14 - Bola GINÁSTICA 228 Arco O Arco também é um aparelho de fácil acesso. Sua confecção pode se dar por meio de mangueiras, con- duítes e deve ter aproximadamente 50cm. Materiais: • Uma mangueira ou conduíte. • Um conector de mangueiras. • Fitas decorativas. Como fazer Deixe a mangueira de forma arrendonda e no tama- nho necessário. Una as pontas usando o conector, e caso seja necessário, queime as pontas para facilitar a entrada do conector e sua fixação. Depois, decore de acordo com seu gosto. Maças As maças são os aparelhos mais distintos e que nor- malmente nao sao tao fáceis de encontrar. Porém, é possível sua confecção e utilização de maneira bem semelhante. Materiais: • Duas garrafinhas pet de refrigerante (Pitchu- la) 250ml. • Dois cabos de vassoura com 45cm. • Fita adesiva. • Jornal. Como fazer: Lave as garrafinhas e tire o rotulo, coloque um pou- co de jornal (normalmente uma folha) dentro para dar um pouquinho peso. Depois, encaixe o cabo de vassoura no bocal da garrafa, colocando uns 4cm para dentro da garrafa. Caso o cabo não entre, você pode lixar ou, caso fique com folga, você pode pas- sar a fita ao redor dele para que fique firme. De- pois, é só decorar com fitas adesivas coloridas ou pintura. Todos os movimentos são possíveis com esse aparelho. Figura 15 - Arcos Figura 16 - Maças EDUCAÇÃO FÍSICA 229 Fita Por fim, há o aparelho fita, que encanta por sua be- leza, mas também não é tão fácil de se encontrar. A adapação da fita pode ser feita de duas formas: uma com a fita de cetim semelhante à oficial e outra com crepon ou TNT, sendo essas mais frágeis, podendo ser usadas poucas vezes. Por isso, a descrição que traremos aqui será da fita de cetim. Para fazer a de crepon ou TNT, deve-se cortar o papel de forma se- melhante a uma fita com 5 m e colar na ponta de uma vareta leve e fina, com 35cm. Materiais: • Uma fita de cetim ou seda com aproximada- mente 7cm de largura e cinco ou seis metros de comprimento (pode-se tentar improvisar com tiras de toalhas de mesa velhas ou len- çóis). • Um girador (ou clipes) e um gancho (encon- trado em casas de pesca). • Um parafuso com ponta em circulo. • Um ilhós. • Um bambu fino, ponta de uma vara de pesca ou vareta de madeira com 35cm. Modo de fazer: Dobrar um metro da ponta da fita e costurar para dar peso, depois, colocar um ilhós na ponta para en- caixar as outras peças. Pegar a vereta, bambu ou vara de pesca e encaixar o parafuso com ponta em cir- culo, depois, colocar o girador e o gancho, prender na fita e está pronto. Não esqueça de queimar um pouco a ponta da fita para que não fique desfiando. 230 GINÁSTICA Figura 17 - Fita Essas foram algumas sugestões para a confecção dos aparelhos da Gi- nástica Rítmica. Você, professor(a), pode ter outras ideias a partir des- sas, o importante é criar e trabalhar esse conteúdo com os alunos. Lem- bre-se: falta de material não pode ser um motivo para não trabalhar com a modalidade. EDUCAÇÃO FÍSICA 231 APARELHOS ALTERNATIVOS DA GINÁS- TICA ARTÍSTICA Como aprendemos na unidade 3, a Ginástica Ar- tística é uma modalidade que chama a atenção pela presença de aparelhos de grande porte e pelas difi- culdades dos movimentos corporais, por isso, trou- xemos aqui algumas das diferentes possibilidades de adaptação dos materiais. Solo: para aprendizagem dos elementos de solo, o que precisamos normalmente são os col- chões. Por isso, caso não os tenha em seu local de trabalho não tenha colchões, uma possibilidade é adaptá-los. Destacamos que os colchões oficiais possuem uma densidade diferente, o que aumen- ta o tempo de duração e eleva os custos. Assim, entendendo que, para a iniciação, um colchão co- mum é suficiente. A proposta trazida por Schiavon (2008) é que sejam comprados colchões de solteiro em lojas de móveis usados e que se coloque uma capa impermeavél. Outra opção é solicitar col- chões e até mesmo costureiras para ajudar na con- fecção das capas, ou os próprios alunos, fazendo assim com que se tenha um custo ainda menor e a participação da comunidade nas atividades. GINÁSTICA 232 Aparelhos de suspensão e equilíbrio: como apare- lhos de suspensão, temos as barras assimétricas, as argolas e a barra fixa; e como de equilíbrio, a trave de equilíbrio. Esses aparelhos são de custo bem elevado e de maior porte. Segundo Schiavon (2008), as op- ções trazidas aqui se caracterizam pelo baixo custo e pela facilidade de montar e desmontar. Exemplos: uma trave de equilibrio feita com dois cavaletes de madeira e um caibro de 5 m, no meio revestido de espuma e couro para dar seguran- ça ao aluno. O uso do cavelate permite ter duas al- turas: uma mais alta e outra mais baixa. Além disso, pode se usar bancos de madeira (banco sueco) que se assemelham à trave de equilíbrio. EDUCAÇÃO FÍSICA 233 Já para a barra fixa, pode-se usar uma estrutura de balanço sem os ganchos, de forma que o aluno possa se pendurar, balancear e girar. Lembre-se de colocar um colchão em baixo. Outra opção é usar a barra fixa e as argolas que existem em alguns par- quinhos infantis. GINÁSTICA 234 Trampolins: o trampolim é usado para dar impulsão e ajudar os alunos/atletas a pegar impulsão para saltar ou entrar em um aparelho. A forma adaptada pode ser feita com um pneu de caminhão usado e quatro câmaras de pneu de carro. Segundo Schiavon (2008), as câmaras devem ser cortadas de maneira que con- tinuem em círculos (longitudinalmente), apenas reti- rando o círculo interno (onde se localiza o bico). De- pois, essas câmaras são dispostas ao redor do pneu de caminhão, formando uma tela elástica para impulsão. Conseguimos, a partir destes exemplos, conhe- cer um pouco as possibilidades de materiais para uma modalidade que muitas vezes assusta por sua complexidade. No entanto, vimos que com um pou- co de empenho é possível desenvolver alguns apare- lhos de acordo com a realidade em que estivermos. MATERIAIS ALTERNATIVOS PARA AS ATIVIDADES CIRCENSES Alguns dos materiais que vimos anteriormente po- dem ser usados em uma apresentação de circo, como o trampolim ou até a barra fixa. No entanto, existem outros elementos presentes no circo que também podem ser adaptados. Malabares Grande parte pode ser confeccionada com materiais de baixo custo e de fácil acesso. BolinhasAs bolinhas são os malabares mais comuns e mais acessíveis à população, principalmente pela possibi- lidade de usar esse material por meio de bolas de tê- nis, de meia ou até mesmo frutas. Quem nunca ou- viu dizer de uma pessoa que faz malabarismos com limões? Os oficiais normalmente são de borracha e com um peso adequado para facilitar sua manipula- ção. Aqui, a sugestão será a de fazer bolinhas usando bexigas e painço. Materiais: • Nove bexigas número 7 (três para cada bo- linha). • Painço (comida de passarinho). • 3 saquinhos plásticos transparente 15x20. • Tesoura. Como fazer: Primeiro corte todas as bexigas na altura de seus pescoços, uns 5cm abaixo de onde se enche. Colo- car no saco plástico o painço (quantidade que dê para fazer uma bolinha que caiba na mão), depois, amarre o saquinho e corte a ponta. É importe que o saquinho esteja sem ar e fique bem firme. Em se- guida, coloque o saquinho sobre uma mesa com o nó virado para cima, pegue uma das bexigas e abra com os dedos de forma que encaixe na bolinha, deixando a abertura do lado contrário do nó. As outras duas bexigas devem ser colocadas da mes- ma maneira. Caso sobre uma ponta, corte as sobras com a tesoura. Tente deixar as três bolinhas com o mesmo tamanho e, se possível, com cores diferen- tes para facilitar o aprendizado. Outra opção que ajuda na aprendizagem devido ao tempo de voo e o tipo de material é tule, que também pode ser subs- tituído por saquinhos de plásticos. 235 EDUCAÇÃO FÍSICA Figura 18 - Bolinhas Figura 19 - Tule 236 GINÁSTICA Claves As claves podem ser feitas de jornal, facilitando a aprendizagem e não oferecendo riscos aos pratican- tes, ou de madeira e garrafa pet, semelhante à forma que vimos na construção das maças da GR. A úni- ca diferença é que a garrafa usada na clave pode ser de 600 ml. Para fazer com jornal, deve-se usar umas 10 folhas de jornal e fita adesiva. Use cinco folhas e dobre várias vezes, até que fique uma largura apro- ximada de 4 cm, depois acrescente as outras folhas dando formato à clave, deixando a parte do corpo mais pesado e fixando tudo com fita adesiva para não soltar no momento dos giros. Materiais: • Duas garrafas pet de refrigerante 600 ml. • Dois cabos de vassoura com 51cm. • Fita adesiva. • Jornal. Como fazer: Lave as garrafas e tire o rótulo, coloque um pouco de jornal (normalmente umas quatro folhas) dentro para dar um pouco de peso. Depois, encaixe o cabo de vassoura no bocal da garrafa, colocando uns 6 cm para dentro. Caso o cabo não entre você pode lixar, ou caso fique com folga, você pode passar a fita ao redor dele para que fique firme. Depois, é só decorar com fitas adesivas coloridas ou pintura. Figura 20 - Claves EDUCAÇÃO FÍSICA 237 Aros Os aros também são malabares de lançamentos e podem ser confeccionados com papelão. Materiais: • Três placas de papelão de 30x30. • Lápis ou caneta. • Tesoura. • Fita para decorar. Como fazer: Desenhar no papelão um círculo com 25cm de diâ- metro e outro concêntrico com 28cm de diâmetro. Recortar o aro descrito pelos círculos e revestir o papelão com fi ta adesiva, a fi m de dar mais fi rmeza, e decorar. A medida pode ser feita a partir de um prato ou tampa de panela e podem ser colados mais de um papelão para dar fi rmeza. Figura 21 - Aros 238 GINÁSTICA Swing O swing é um malabar que também é conhecido como carioca ou ba- rangandão. Ele se caracteriza como um malabar simples e que provoca bastante efeito visual. Pode ser feito de crepon ou com fitas de cetim. Materiais: • Papel crepom ou fitas de cetim com um metro cada. • Jornal. • Barbante ou cordinha de nylon fina. Como fazer: Dobre o jornal várias vezes em forma de sanfona, até que tenha cerca de 3 cm. Corte o rolo de crepom com uns três centímetros, abra as folhas de crepom colocando o meio da fita no meio do jor- nal, e caso esteja fazendo com a fita faça o mesmo. Dobre o jornal mais uma vez para prender a fita ou crepon, fixe o jornal com o barbante ou cordinha de naylon, deixando uma ponta de 70 cm. Na outra ponta, faça um nó para colocar o dedo e permitir o giro e manuseio. O jornal pode ser substituído por uma bolinha de tênis ou de painço. Com esse material, as fitas devem ser fixas com um barbante e o acabamento pode ser feito com bexigas. Figura 22 - Swing 239 EDUCAÇÃO FÍSICA GINÁSTICA 240 O Rola-Rola é um aparelho para trabalhar o equilí- brio. Nele, o artísta deve se manter sobre uma placa de madeira de um cilindro. Materiais: • Uma prancha ou tábua com tamanho de 30x60cm e espessura de 12 a 15 mm. • Duas lixas grossas. • Cola de contato. • 1 rolo (pode ser um cano de PVC, o mais fir- me que mede de 15 a 20 cm de diametro) ou um tubo metálico. • Serra ou serrote. • Freios para iniciantes: 2 sarrafos com tama- nho de 5x30 cm. Como fazer: Cortar a tábua com tamanho 30x60, pregar os freios (sarrafos) com recuo de 5cm das laterais, colar a lixa para aderência dos pés na parte de cima. Todas as opções trazidas aqui devem ser acompa- nhadas pelo(a) professor(a). Dependendo da idade dos seus alunos, você talvez tenha que ajudar grande parte deles, mas o importante é que eles aprendam e vivenciem a construção do material que será usado por eles. Os exemplos trazidos aqui são sugestões, ficando a critério do(a) professor(a) fazer adapações de acordo com sua realidade, desde que sejam feitos testes que permitam uma prática segura e possível para os alunos. Figura 23 - Rola Rola 241 considerações finais Por meio dessa unidade, foi possível conhecermos a Ginástica para To-dos, as atividades circenses e a adaptação dos materiais alternativos. Ao estudarmos a Ginástica para Todos, vimos que ela é uma modali-dade inclusiva que permite a participação dos mais diferentes grupos, desde crianças, jovens, pessoas com deficiência, idosos e qualquer um que tenha interesse em participar. Aprendemos também que seus princípios filosóficos se apresentam como uma modalidade que não está focada no produto final, mas sim no processo, valorizando as capacidades de cada sujeito no coletivo, suas relações sociais e sua formação humana. É uma modalidade que abrange todas as outras ginásticas, os elementos do teatro, da dança, das lutas, jogos e brincadeiras, entre outras mani- festações que são possíveis dentro dessa manifestação artística. No tópico dois, aprendemos como foi o surgimento do circo. Discutimos que é muito difícil determinar onde ele surgiu, isso porque o circo é uma manifesta- ção artística que foi surgindo, e ninguém sabe ao certo quando foi. Conhecemos o momento em que Philip Ashley teve a ideia de colocar todos os artistas num es- paço fechado e cobrar ingressos, característica que se mantém até os dias de hoje, seja nos grandes circos ou nos menores. Nesse tópico, também aprendemos quais são os conteúdos que existem e podem ser trabalhados nos diferentes espaços, dividindo-os em: acrobacias, manipulações, equilíbrios e encenações. E por fim, no tópico três, vimos que é possível adaptar os diferentes aparelhos das modalidades competitivas: Ginástica Rítmica e Ginástica Artística, além de aprendermos a construir bolinhas de malabares, claves, aros, que poderão ser feitos com os alunos, valorizando o desenvolvimento de suas habilidades e a pro- posta de construção coletiva, utilizando materiais de baixo custo e fácil acesso, facilitando a possibilidade dos alunos de conhecerem os conteúdos de circo. 242 atividades de estudo 1. Com relação à Ginástica para Todos (GPT), assinale o que for correto: I. A Ginástica para Todos não faz parte da FIG por ser uma modalidade não competitiva. II. O nome anterior da Ginásticapara Todos era Ginástica Geral (GG). III. Para praticar Ginástica para Todos, é necessário ter uma experiência ante- rior em Ginástica. IV. A Ginástica para Todos possui regras rígidas e aparelhos oficiais. V. A Ginástica para Todos valoriza as capacidades individuais e a formação do sujeito. Assim: a. I e II estão corretas. b. II, III e IV estão corretas. c. II e V estão corretas. d. II e IV estão corretas. e. I e III estão corretas. 2. Podemos afirmar, a partir da definição da FIG, que a GPT: a. Tem um número limitado de participantes. b. Contribui para a saúde, boa forma e bem-estar físico, social, intelectual e psicológico, com foco no divertimento, na atividade física e na amizade. c. Tem aparelhos específicos que seguem normas técnicas. d. É competitiva e está nos Jogos Olímpicos. e. É inclusiva, porém deve ser praticada apenas por crianças e jovens. 3. Com relação às Atividades Circenses, relacione as colunas: a. Acrobacias. b. Manipulação. c. Equilíbrios. d. Encenação. ( ) Atividades que exigem trabalho de expressão corporal, criatividade e imaginação. ( ) Atividades que exigem coordenação, alinhamento do corpo e concen- tração. 243 atividades de estudo ( ) Atividades que exigem coordenação bilateral e uso de objetos como claves, bolinhas etc. ( ) Atividades que colocam o corpo em inversão de eixo, executando mo- vimentos de rotação, ou figuras corporais com duas ou mais pessoas. 4. Com relação ao trabalho de palhaço, assinale o que for correto: I. O palhaço branco é um palhaço que se apresenta apenas em teatros e sua roupa e maquiagem é toda branca. II. O palhaço excêntrico apresenta uma ingênuidade que o faz cair nas pega- dinhas propostas pelo palhaço branco. III. O ideal é que as crianças conheçam a linguagem do palhaço por meio dos seus tipos e respeite o palhaço como uma profissão IV. O palhaço não precisa ser trabalhado com as crianças, pois algumas delas já possuem medo e não há necessidade de falar disso. V. O papel do palhaço é mostrar que somos humanos, iguais, e todos podem ter um lado imaginativo que não pode ser esquecido. Assim: a. I e II estão corretas. b. II, III e IV estão corretas. c. II e III estão corretas. d. II e IV estão corretas. e. II, III e V estão corretas. 5. Com relação aos malabarismos, relacione as colunas: a. MALABARISMOS DE LANÇAMENTO. b. MALABARISMOS DE CONTATO. c. MALABARISMO DE EQUILÍBRIO INSTÁVEL. d. MALABARISMO GIROSCÓPICO. ( ) Malabarismo em que se sustenta uma bola o tempo todo em contato com o corpo. ( ) Malabarismo em que se coloca apenas uma clave na testa e a man- tém parada. ( ) Malabarismo feito com o Diabolô ou iô-iô. ( ) Malabarismo em que se faz uso de bolinhas, claves e aros. 244 LEITURA COMPLEMENTAR Embora já no início do século XX se observe a confi gu- ração das primeiras escolas de circo, é somente a partir da década de 1970 que esse processo se expande ver- dadeiramente. Na França, o primeiro centro de forma- ção foi a Escola Nacional de Circo Annie Fratellini, criada em 1974. Já em 1984, iniciam-se as atividades do Centre National des Arts du Cirque (Cnac), inspirado no modelo soviético. No Brasil, a primeira escola de circo, Piolin, instalou-se em São Paulo, no estádio do Pacaembu em 1977. Em 1982, surgiu a Escola Nacional de Circo no Rio de Janei- ro. A partir desse momento, a multiplicação das escolas de circo foi um passo decisivo para a democratização do saber, seja para um uso profi ssional ou não. É por isso que a arte do circo pode, hoje em dia, ser aprendida e praticada por inúmeras pessoas que buscam na multi- disciplinaridade a criação de coisas novas e diferentes. Provavelmente o circo nunca foi tão popular nesse sen- tido, nunca tanta gente praticou, nunca se falou e se viu tanto circo. Como já aconteceu com outras atividades, como o espor- te, a pintura e a dança, o circo deixou de ser uma ativida- de unicamente profi ssional (corpo espetáculo – um meio de trabalho). Atualmente observamos muitas pessoas praticando as atividades circenses como forma de lazer- -recreação, com fi ns educativos e sociais (BORTOLETO; MACHADO, 2003). É por isso que nesse momento devemos discutir as ca- racterísticas da aplicação do circo em cada um dos âm- bitos mencionados (recreativo, educativo, social e profi s- sional), contextos tipicamente dirigidos aos profi ssionais de Educação Física. Compreender esse novo perfi l do pú- blico, seus objetivos, necessidades, possibilidades, será tarefa fundamental ao profi ssional responsável pelas ati- vidades. Consequentemente, temos de desenvolver uma pedagogia que dê conta dessas novas necessidades, des- se novo espaço de atuação. No presente artigo, interessa-nos destacar a inclusão das atividades circenses no contexto educacional. Nes- se sentido, entendendo que a escola é um dos prin- cipais meios de transmissão e produção de cultura e considerando o circo uma parte importante da cultura corporal, podemos justifi car a inclusão desse conhe- cimento no universo educativo como um conteúdo pertinente. Mais especifi camente, como um conteúdo particular ao professor de Educação Física, responsá- vel pela transmissão da cultura corporal (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Tendo em vista que a Educação Física tem como conte- údos clássicos da cultura corporal o jogo, o esporte, as lutas, as danças e a ginástica, a arte do circo ajudará a en- riquecer ainda mais esse legado cultural a ser ensinado e a formação humana de forma global, algo que defende Pérez Gallardo (2002). 245 LEITURA COMPLEMENTAR Dessa forma, entendemos que o circo é, como nos alerta Invernó (2003), uma atividade expressiva, que reúne toda uma série de conhecimentos de alto valor educativo, que lhe dão coerência e justifi cam sua presença no currícu- lo educativo. Uma atividade que requer uma pedagogia própria, ou ao menos preocupada com suas particula- ridades. Todo um desafi o aos professores de Educação Física que abrimos para debate nesta oportunidade. O espaço escolar Refl etindo sobre o processo de ensino-aprendizagem, Pé- rez Gallardo (2003) propõe uma “postura didática” do pro- fi ssional, que deve ser adotada pelo professor para viabi- lizar as trocas entre a cultura corporal entendida por ele e a cultura corporal própria do aluno, sendo fundamental considerar as experiências e vivências anteriores. Um po- sicionamento que abrirá as portas para o conhecimento de outras culturas, sempre de forma contextualizada. Em virtude das características do meio escolar e da maioria das atividades desenvolvidas com a comunida- de, esse mesmo autor relata a existência de três formas de aplicação dos conteúdos da Educação Física (vivência, prática e treinamento), sendo que cada um deles envolve interesses diferentes. Na escola, estaremos trabalhando com apenas os dois primeiros, já que não é dever da es- cola tratar do terceiro (PÉREZ GALLARDO, 2003). Assim sendo, a Educação Física escolar fi ca responsável pelo espaço de “vivência”, tendo como objetivo central colocar os alunos em contato com a cultura corporal. O interesse pe- dagógico não está centralizado no domínio técnico dos con- teúdos, mas sim no domínio conceitual deles, dentro de um espaço humano de convivência, no qual possam ser viven- ciados aqueles valores humanos que aumentem os graus de confi ança e de respeito entre os integrantes do grupo. Ainda na escola, no entanto, nas atividades extracurri- culares, podemos dar um maior refi namento no trato do conhecimento, dessa forma estaríamos trabalhando a “prática”, um espaço de livre organização dos alunos, em que eles escolhemos conteúdos e/ou elementos da cultura corporal que foram vistos na aula de Educação Física (em forma de vivência) e que despertaram maior interesse neles. O objetivo do professor de Educação Fí- sica para esse espaço é fazer com que os alunos apren- dam a dominar e estabilizar as técnicas de execução dos conteúdos escolhidos. Aqui se aumenta o tempo de experimentação e existe uma maior preocupação com a técnica (forma de execução). Cabe ressaltar que em to- dos os âmbitos de atuação o profi ssional de Educação Física deve estar preocupado com a formação humana, independente do nível de aprofundamento, capacitando seus alunos numa ampla esfera de conhecimento, e per- mitindo a todos aumentar suas possibilidades de intera- ção com seus companheiros, assim como fazendo deles pessoas importantes para seu grupo social. Fonte: Duprat e Bortoletto (2007, p. 171-189). GINÁSTICA 246 Ginástica Geral: experiências e refl exões Elizabeth Paoliello EDITORA: Phorte Editora ANO: 2008 SINOPSE: este livro surge como resultado de pesquisas realiza- das pelo Grupo de Pesquisa em Ginástica Geral da Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas (UNI- CAMP). Criado e cadastrado no CNPq, em 1993, esse grupo de pesquisadores, formado por doutores, mestres, mestrandos e doutorandos, além de alunos de graduação que desenvolvem projetos de iniciação científi ca, tem se dedicado a ampliar o campo de conhecimento dessa área que, nos últimos anos, en- contra-se em ampla expansão no Brasil. A Ginástica Geral, tema desta obra, caracteriza-se como uma atividade gímnica inclusi- va, da qual as pessoas podem participar independentemente de idade, gênero, condição física ou técnica. Engloba as várias ma- nifestações da ginástica, assim como outras formas de expres- são corporal, como o teatro, o circo, a dança etc. Sua prática, de caráter participativo, livre e criativo pode ser desenvolvida tanto na educação formal como na informal, abrindo a possibi- lidade de novas e enriquecedoras experiências de movimento e expressão para aqueles que a ela têm acesso. Introdução à Pedagogia das atividades circenses vol. 01 Marco Antonio Coelho Bortoleto et al. EDITORA: Editora Fontoura ANO: 2008 SINOPSE: esta obra apresenta os princípios elementares para o ensino de diferentes modalidades circenses, independen- temente do âmbito onde eles sejam tratadas (educativo, so- cial, recreativo ou artístico-profi ssional), assim como discute os fundamentos necessários para otimização do processo de formação corporal do artista circense (preparação corporal, segurança etc). EDUCAÇÃO FÍSICA 247 Clown e corpo sensível: dialógos com a educação fí- sica Antonio Carlos Monteiro de Miranda EDITORA: Appris ANO: 2016 SINOPSE: o livro aborda questões ligadas ao tornar-se clown, uma tarefa aparentemente simples, mas complexa! Encontrar- -se, aceitar-se, despir-se. Esses são alguns dos elementos neces- sários para a constituição do clown – um momento doloroso, mas de extremo prazer, que desperta o olhar para o corpo im- perfeito, ou seja, para aquele que expõe suas fraquezas e seus vícios, materializando-os na dimensão da arte. Percorrer esse caminho na Educação Física é ainda mais desafi ador, partindo de questões como: quais são as aproximações entre esses cam- pos de conhecimento? Que implicações tem essa proposta na formação inicial? Como desenvolver um trabalho de iniciação clownesca? Essas e outras questões são problematizadas e es- clarecidas no decorrer desta obra. Convido-o à montagem de seu fi gurino e de sua maleta de conhecimento com as refl exões que tocam o universo do clown e do corpo sensível. O Palhaço ANO: 2011 SINOPSE: Benjamim (Selton Mello) trabalha no Circo Esperança junto com seu pai Valdemar (Paulo José). Juntos, eles formam a dupla de palhaços Pangaré & Puro Sangue e fazem a alegria da plateia. Mas a vida anda sem graça para Benjamin, que passa por uma crise existencial e assim, volta e meia, pensa em aban- donar Lola (Giselle Mota), a mulher que cospe fogo, os irmãos Lorotta (Álamo Facó e Hossen Minussi), Dona Zaira (Teuda Bara) e o resto dos amigos da trupe. Seu pai e amigos lamentam o que está acontecendo com o companheiro, mas entendem que ele precisa encontrar seu caminho por conta própria. 248 referências AYOUB, E. A Ginástica geral na sociedade contem- porânea: perspectivas para a Educação Física Esco- lar. 1998. 186 f. 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Acesso em: 10 de jul. de 2016. 2 Em: <http://www.fig-gymnastics.com/publicdir/rules/files/gfa/2009%20 GFA%20manual-e.pdf>. Acesso em: 10 de jul. de 2016. 1. C. 2. B. 3. D, C, B, A. 4. E. 5. B, C, D, A. Referências On-Line 250 conclusão geral conclusão geral Esperamos que este livro tenha contribuído para uma boa compreensão do universo da Ginástica,que você possa olhar para essa área de conhecimento com outros olhos, entendendo que a Ginástica não está apenas na academia, mas está também no trei- namento, na preparação física de atletas, nos parques ao ar livre, nas aulas de yoga, tai-chi, nas ginásticas demonstrativas sem caráter competitivo, entre mui- tas outras possibilidades que talvez não reconhecerí- amos até estudarmos essa obra. No entanto, o local mais importante em que a Ginástica deve estar é nas escolas e onde tivermos a oportunidade de compartilhar esses conhecimen- tos. Por meio da vivência dos nossos alunos das dife- rentes práticas ginásticas existentes, é muito impor- tante eles saiam das aulas, ao fim de sua formação, sabendo diferenciar uma modalidade da outra. Que ao verem uma apresentação na televisão saibam di- zer aos seus familiares o que é a Ginástica Rítmica, o que é a Artística e o que a Ginástica para Todos tem como proposta. Além disso, que consigam ter con- trole corporal, coordenação e executem os diferentes movimentos existentes na Ginástica que os ajudarão no seu desenvolvimento não só motor, físico ou cor- poral, mas que contribuirão com sua formação como sujeitos, nas relações sociais, no respeito ao outro e na possibilidade de buscar uma formação cada vez melhor. Por isso, proporcione aos seus alunos a vivência não só da Ginástica, mas de todos os conteúdos da cultura corporal de movimento, as lutas, as danças, os esportes, a ginástica e os brinquedos e brincadei- ras, de forma que eles não aprendam apenas a técni- ca desses elementos, mas aprendam que eles podem ajudá-los em sua formação. Isso é o mais importan- te no seu papel como professor(a) e é um direito do aluno. Um até logo e sucesso em nossa linda profissão, que não educa apenas o físico, mas sim o sujeito em todas as suas instâncias.