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FARMACOLOGIA 1

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qqq-Quando estudamos a história dos medicamentos, nós nos confrontamos com um único profissional que era capaz de compreender os sintomas, diagnosticar as enfermidades e preparar formulações medicamentosas a fim de tratar o doente. Este profissional era médico e farmacêutico ao mesmo tempo.
A história da farmácia e dos medicamentos é bem descrita por Cláudio Galeno, médico e filósofo nascido em Pérgamo, antiga cidade grega, hoje território da Turquia
egundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o conceito de saúde é amplo, pois não está ligado apenas à ausência de doença, e simGaleno criou uma coletânea (Corpus Galenus), na qual abrange o campo da Medicina, Filosofia, Matemática, Gramática e do Direito. Uma de suas principais obras é o De methodo medendi, escritos em 14 volumes, abordando a parte terapêutica. O médico ressaltava que a doença se iniciava a partir de uma desordem humoral ou até mesmo a partir de lesões do corpo. Ao compreender os sintomas do paciente, seria possível traçar um prognóstico e iniciar a terapêutica adequada para o quadro, objetivando o equilíbrio humoral.
A base terapêutica de Galeno era pautada em alguns fatores, como: personalidade do paciente, idade, raça e até mesmo o clima em que ele vivia. Ele acreditava que esse conjunto de fatores interferiam de alguma forma nos humores no corpo. Diante dessas respostas, era traçado qual medicamento seria ministrado ao paciente.
No começo do século XIX, boa parte dos medicamentos eram de origem natural, independentemente de ser extraído de um vegetal, mineral ou animal, e, muitas vezes, de estrutura química e natureza desconhecidas, como a obtenção de morfina, derivada do ópio retirado do leite da papoula. Anos depois, com a descoberta da química orgânica, muitas drogas foram isoladas e identificadas, favorecendo a evolução da farmacologia moderna. a uma relação perfeita entre o bem-estar físico, mental e social. Esta definição, descrita em 1947, foi bastante criticada, já que apNo século XX, novos fármacos foram desenvolvidos, muitos de origem sintética, e introduzidos no mercado, proporcionando aos pacientes uma possibilidade de cura para doenças ditas fatais e, frequentemente, de natureza infecciosa, como tuberculose, varíola e gripe espanhola.
Atualmente, boa parte dos medicamentos são produzidos em escala industrial, respeitando as boas práticas de fabricação e, desta forma, conseguiram alcançar um papel central na terapêutica. Fontes históricas relatam que, em 1549, partindo de Portugal, chegou ao Brasil o primeiro governador geral, Tomé de Souza, acompanhado de uma comitiva de, aproximadamente, mil pessoas. Nesse grupo, estava Diogo de Castro, um boticário, profissional responsável por manipular e produzir medicamentos na frente dos pacientes, de acordo com a farmacopeia e prescrição médica.
Ao chegar ao Brasil, Diogo de Castro encontrou uma comunidade indígena que utilizava raízes, folhas, flores e sementes para tratar seus doentes. Os portugueses vieram com o intuito de criar missões junto aos índios, mas, através desse trabalho, acabaram se dedicando ao aprendizado da manipulação de matérias-primas extraídas da natureza para a produção de remédios
A partir da primeira metade do século XIX, devido à necessidade crescente de medicamentos para os enfermos, a botica – onde eram pesquisadas e manipuladas fórmulas extemporâneas – deu lugar a outros dois novos tipos de estabelecimentos: a Farmácia e o Laboratório Industrial Farmacêutico. A partir daí, as preparações passaram a ser manipuladas em maiores quantidades e com melhores critérios de qualidade, já que as boticas não conseguiam abastecer os hospitais com regularidade.
Remédios são todos os métodos ou cuidados terapêuticos que ajudam a aliviar desconfortos. Um remédio para a fadiga, por exemplo, é o repouso. Outros recursos terapêuticos, como fisioterapia, acupuntura, psicoterapia, massagens e compressas locais, também são considerados remédios.
Já o termo medicamento se refere a um produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico, na qual são produzidos com rigoroso controle técnico para atender às especificações determinadas pelos órgãos reguladores (ANVISA, 2010).
Todo medicamento possui valores agregados, são eles:
· Valor terapêutico;
· Valor preventivo;
· Ganhos em saúde, como melhoria da qualidade de vida; e
· Redução dos custos da doença.
Os medicamentos são produtos acabados que contêm o componente responsável pelo principal efeito, conhecido como princípio ativo ou fármaco, e seus adjuvantes farmacêuticos necessários para facilitar a administração. Podem ser manipulados no intuito de atender a um indivíduo. Seu preparado ocorre de maneira personalizada, para atender suas necessidades em formulações nas mais variadas formas farmacêuticas. Esses medicamentos são classificados em oficinais ou magistrais.
Embora os significados sejam bem próximos, os termos medicamento oficinal e magistral possuem definições distintas. Veja os conceitos:
Classificação dos medicamentos
Todos os medicamentos têm como garantia a segurança, eficácia e qualidade, colaborando com o acesso da população àqueles considerados essenciais. Os medicamentos que são produzidos pelas indústrias farmacêuticas apresentam distintas classificações de acordo com a RESOLUÇÃO-RDC Nº 16, de 2 de março de 2007:
MEDICAMENTO INOVADOR
São medicamentos comercializados em âmbito nacional, que apresentam como princípio ativo pelo menos um fármaco patenteado, caracterizando, desta forma, uma nova molécula que agregue ganhos terapêuticos. De modo geral, os medicamentos inovadores podem ser reconhecidos como medicamentos de referência. 
MEDICAMENTO DE REFERÊNCIA
mmA indústria farmacêutica, muitas vezes, investe em pesquisas clínicas no intuito de descobrir novos fármacos. A partir dessas substâncias, são elaborados medicamentos inovadores, que podem ser chamados de medicamentos de referência, ou seja, o produto inovador com marca registrada.
Um medicamento de referência não precisa, necessariamente, conter uma molécula nova. Por exemplo, o Buscopan é um medicamento de referência e tem como princípio ativo a escopolamina. O Buscopan Composto tem, em sua fórmula, a associação da escopolamina com dipirona e faz parte do rol de medicamentos de referência.
É importante frisar que o medicamento de referência precisa ter qualidade, eficácia e segurança, o que só pode ser comprovadas depois de muitos investimentos em anos de pesquisa. Esses medicamentos, como já discutimos anteriormente, poder ser patenteados; desta forma, a indústria terá a exclusividade na comercialização da fórmula durante o período de patente, que varia entre 10 e 20 anos. Cabe ressaltar que esta comercialização só ocorrerá mediante autorização concedida por órgãos fiscalizadores, como a Anvisa. Após a expiração da patente, outras indústrias poderão produzir e comercializar o produto.
es.M
No início do século XX, a indústria brasileira de medicamentos tinha total domínio sobre o comércio nacional, sem competição, exercendo, assim, preços elevados e, por vezes, baixo investimento em tecnologia. Na década de 1990, com a abertura do comércio pela diminuição das tarifas de importação e a assinatura do governo do Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights (TRIPS), muitas indústrias nacionais saíram do mercado, gerando um aumento exponencial das importações e, consequentemente, queda da indústria de medicamentos no Brasil.
Diante do exposto, o governo pretendia reequilibrar este setor, e logo veio a criação da Lei nº. 9.787, de 1999, também conhecida como “Lei dos Genéricos”. Esta lei leva ao término da concessão das patentes por mais de 20 anos, além de autorizar a produção de medicamentos genéricos.
Os medicamentos genéricos têm como características o mesmo princípio ativo, na mesma dose e forma farmacêutica do medicamento de referência, além de compartilhar a mesma via, com a mesma posologia e indicação terapêutica. Para ganhar essa denominação,necessita passar por testes que comprovem sua eficácia e segurança.
Os medicamentos são intercambiáveis, ou seja, após realização dos testes, é possível assegurar a substituição do medicamento de referência pelo medicamento genérico. Essa possibilidade é certificada por meio de ensaios que avaliam a bioequivalência entre eles.
Os testes de bioequivalência são avaliações comparativas entre medicamentos de referência e genéricos, onde se busca comprovar que os genéricos e os de referência apresentam biodisponibilidade igual no organismo. O teste de biodisponibilidade evidencia a quantidade de fármaco que é absorvido e a velocidade deste processo por unidade de tempo. Desta forma, quando dois fármacos apresentam a mesma biodisponibilidade, poderemos dizer que são compatíveis e, portanto, intercambiáveis.
A fim de identificar os medicamentos genéricos, os fabricantes devem seguir algumas normas pré-estabelecidas. Estes não possuem marca, e sim o princípio ativo indicado na caixa. Apresenta uma tarja amarela com o termo Medicamento Genérico descrito, além do número e nome da lei impressos na embalagem: “Medicamento Genérico Lei nº 9.787, de 1999”.
Os genéricos chegaram com o intuito de trazer mais acesso aos medicamentos de qualidade, a fim de minimizar o domínio da produção por parte das grandes multinacionais. O preço dos medicamentos genéricos geralmente é menor do que os medicamentos de referência.
Os medicamentos similares contêm mesmo princípio ativo, mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica dos medicamentos de referência, mas podem ser diferentes no tamanho e na forma do produto, no prazo de validade, na embalagem, rotulagem, em excipientes e no veículo e devem sempre ser identificados pelo nome comercial (marca). Testes de eficácia e segurança se fazem necessários para qualquer medicamento. Porém, os estudos de biodisponibilidade relativa e bioequivalência são obrigatórios no caso dos medicamentos classificados como tarjados.
O teste de bioequivalência para os similares tarjados só veio a ser obrigatório a partir de 2003, com a Resolução RDC 134/2003, ou seja, são exigidos os mesmos testes que os genéricos para a comprovação de que estes medicamentos apresentam o mesmo comportamento no organismo quando comparado aos de referência. Essa modificação foi importante para garantir a utilização dos medicamentos similares de forma segura.
Contudo, com os medicamentos de referência, os similares tarjados acabaram se tornando intercambiáveis. Como base para este tipo de substituição, a Anvisa disponibiliza, em seu portal, uma lista para consulta chamada Lista de medicamentos similares e seus respectivos medicamentos de referência, conforme RDC 58/2014. 
 MEDICAMENTOS BIOSSIMILARES/PRODUTOS BIOLOGICOS
Esse tipo de medicamentos engloba aqueles que foram obtidos a partir de um processo biológico, diferentemente das outras classes de medicamentos, que são obtidas por síntese, extração ou purificação basicamente.
Estas moléculas são geralmente maiores e mais complexas, o que dificulta sua obtenção e purificação, uma vez que são produtos do metabolismo de um organismo. Seu registro também não segue aquele fundamentado na lei dos genéricos e é regulado pela Resolução RDC nº 55, de 16 de dezembro de 2010. Nela, estão descritos alguns conceitos importantes, como:
· Produto biológico: é o medicamento biológico que não é novo ou conhecido que contém molécula com atividade biológica conhecida, já registrado no Brasil e que tenha passado por todas as etapas de fabricação (formulação, envase, liofilização, rotulagem, embalagem, armazenamento, controle de qualidade e liberação do lote do produto para uso);
· Produto biológico novo: é o medicamento biológico que contém molécula com atividade biológica conhecida, ainda não registrado no Brasil, e que tenha passado por todas as etapas de fabricação (formulação, envase, liofilização, rotulagem, embalagem, armazenamento, controle de qualidade e liberação do lote de medicamento biológico novo para uso);
· Produto biológico comparador: é o produto biológico já registrado na Anvisa com base na submissão de um dossiê completo e que já tenha sido comercializado no país;
· Medicamento biológico similar: os produtos biossimilares são os produtos biológicos registrados pela via de desenvolvimento por comparabilidade, que é a via regulatória utilizada por um produto biológico para obtenção de registro, em que foi utilizado o exercício de comparabilidade em termos de qualidade, eficácia e segurança entre o produto desenvolvido para ser comparável e o produto biológico comparador;
· Via de desenvolvimento por comparabilidade: é a via regulatória que poderá ser utilizada por um produto biológico para obtenção de registro junto à autoridade regulatória, em que foi utilizado o exercício de comparabilidade em termos de qualidade, eficácia e segurança entre o produto desenvolvido para ser comparável e o produto biológico comparador;
· Via de desenvolvimento individual: é a via regulatória que poderá ser utilizada por um produto biológico para obtenção de registro junto à autoridade regulatória, em que é preciso apresentar dados totais sobre desenvolvimento, produção, controle de qualidade e dados não clínicos e clínicos para demonstração da qualidade, eficácia e segurança do produto.
Como são obtidos por processos distintos dos demais tipos de medicamento, não é possível comparar os processos produtivos, e, portanto, a comparação (via da comparabilidade) se dá pelos resultados clínicos que não podem ser inferiores àqueles esperados pelo medicamento que perdeu sua patente.
A incorporação de medicamentos biológicos é, hoje, a maior estratégia para dar acesso a produtos de biotecnologia aos pacientes e garantir a saúde financeira das instituições. Estima-se que o uso desses medicamentos pode levar à redução de 80% do custo total do tratamento. Foi essa tecnologia a responsável, por exemplo, pela incorporação do anticorpo monoclonal Trastuzumabe no SUS, o que mudou o panorama do tratamento de câncer de mama no Brasil.
Assista ao vídeo a seguir para assistir a simulação de um caso clínico referente a classificação dos medicamentos.
 	
	Conceitos de farmacologia
Para melhor compreensão da Farmacologia, precisamos conhecer conceitos que são de extrema importância no estudo dos fármacos. A Farmacologia pode ser dividida em dois grandes grupos: Farmacocinética e Farmacodinâmica.
A farmacocinética estuda o destino do fármaco ao atingir o organismo, fornece parâmetros fundamentais para a posologia ideal,ajuda a compreender qual a dose de medicamento vai atingir o efeito/ ação terapêutica desejado, também trazer resposta da ação entre diferente grupos de indivíduos.
A farmacodinâmica estuda o efeito dos fármacos no organismo, descrevendo seus mecanismos de ação bem como entre a dose e seus e seus efeitos obtidos.
A Farmacologia pode, ainda, ser dividida quanto ao tipo de estudo: Farmacognosia, Farmacotécnica, Farmacogenética e Toxicologia. Conheça cada um desses ramos da Farmacologia:
Farmacognosia: É o ramo da Farmacologia que tem como alvo de estudo os princípios ativos naturais sob todos os aspectos.
Farmacotécnica: É considerada uma ciência de aplicação, ou seja, é o estudo das formas farmacêuticas sob os aspectos relacionados à constituição, ao planejamento, à formulação e preparação, bem como ao acondicionamento, à conservação e correção de sabor, odor e cor. Sua grande importância é garantir uma forma farmacêutica ideal para maior absorção do princípio ativo, conforme tratamento.
Farmacogenética: É o ramo da Farmacologia que tem por objetivo estudar a variabilidade genética dos pacientes com relação a um tratamento específico. Muitas vezes, a genética ditará o desempenho ou até mesmo a tolerância de um medicamento.
Toxicologia: É a ciência que estuda tanto a composição de substâncias químicas quanto suas respostas no organismo, observando seus danos e benefícios a curto e longo prazos. Essa ciência ajuda a estabelecero uso seguro dessas substâncias, já que nem todos os organismos respondem da mesma maneira na presença de um composto químico. Apresenta como o principal objetivo evitar que efeitos nocivos afetem a saúde de um ser.
Outro conceito de fundamental importância na Farmacologia é o perfil farmacoterapêutico.
Destaca-se por ser um registro cronológico das informações diretamente relacionadas ao consumo de medicamentos por um paciente. Essa informação auxilia o profissional de saúde a acompanhar o tratamento do paciente, objetivando ganhos terapêuticos.
Princípios gerais de ação dos fármacos:
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, fármaco é a principal substância encontrada dentro de uma formulação farmacêutica. Ele é responsável pela ação farmacológica, trazendo como resultados ações profiláticas, curativas, paliativas ou para fins de diagnóstico. Os fármacos podem ser classificados de acordo com sua origem: natural, animal, vegetal ou sintética.
Sua ação no organismo poderá ser discutida em três fases:
Fase Farmacêutica
Responsável pela desintegração, ou seja, liberação da forma de dosagem, seguida da dissolução da substância ativa. Esta etapa agrega valor à formulação, pois determina a liberação do fármaco a partir da forma farmacêutica. Estuda o modo como as propriedades físico-químicas do fármaco, a forma farmacêutica e a via de administração afetam a velocidade e a extensão de absorção do princípio ativo.
Fase Farmacocinética
Está relacionada ao movimento dos fármacos, ou seja, discute desde o momento em que o fármaco é absorvido até sua excreção. Consiste na identificação e quantificação da passagem do fármaco pelo sistema biológico.
Fase Farmacodinâmica
Estuda a interação dos fármacos diretamente com o local de ação, ou seja, sua afinidade com seu receptor, que podem ser proteínas, enzimas ou receptores-alvo, e, consequentemente, a sua ação farmacológica.
O alvo terapêutico ou farmacológico permite interação entre o fármaco e o receptor, formando um complexo estável capaz de permitir determinado efeito. Ainda neste contexto, podemos discutir seletividade, que traduz a afinidade do fármaco com determinado sítio de ação, em vez de outros locais. Desta forma, podemos dizer que, quanto mais seletivo for o fármaco, mais seguro este será para o paciente. Considera-se um fármaco seguro quando conhecemos todos os efeitos colaterais por ele apresentados, já que todos os medicamentos podem acarretar efeitos não farmacológicos em decorrência do seu mecanismo de ação.
Apesar de muitas pessoas confundirem ou acharem que são sinônimos, ou o mesmo fenômeno, efeito colateral e efeito adverso são fenômenos diferentes.
O efeito colateral é a decorrência causada pelo uso do medicamento em doses habituais, gerando efeitos não intencionais. Esses efeitos geram uma resposta adversa ao medicamento previsível.
Já o efeito adverso corresponde ao evento indesejado causado pelo uso do medicamento, e, muitas vezes, não possui relação causal com o tratamento.
A ação farmacológica estará diretamente relacionada à dose que se é administrada de um medicamento para o paciente, independentemente da via de administração escolhida. A dose é a quantidade de medicamento capaz de gerar uma resposta terapêutica no organismo de um paciente, preferencialmente sem gerar efeitos colaterais.
Após administração do fármaco, sua concentração plasmática aumenta à medida que o fármaco é absorvido. A concentração máxima é alcançada e, em seguida, esse valor decai de acordo com a eliminação do fármaco no organismo. A duração do efeito do fármaco está diretamente relacionada à dose
Quando administramos um medicamento a um paciente, devemos respeitar a janela terapêutica e a posologia. Veja os conceitos:
· O termo janela terapêutica, também conhecido como índice terapêutico, é utilizado para determinar as concentrações mínima e máxima de um fármaco que poderá ser administrado a um paciente. Essa faixa de valores determinará o equilíbrio entre a eficácia e a toxicidade do fármaco no organismo. A compreensão dessas faixas agrega valores ao tratamento, já que podem ser evitados os quadros de submedicação e de toxicidade.
· Posologia é o estudo das doses. Ela determinará como o medicamento será administrado com relação ao espaço de tempo e a concentração ideal, sempre respeitando a janela terapêutica. Pode haver variação da posologia de paciente para paciente, da doença que está sendo tratada e do tipo de medicamento administrado.
Agora que você já compreende esses conceitos, vamos entender um ramo da Farmacologia importantíssimo na Farmacoterapia, a Farmacocinética Clínica. Este ramo da Farmacologia estuda os processos cinéticos dos fármacos e possui uma relação direta com a Farmacodinâmica, analisando de forma quantitativa e cronológica os processos de administração, absorção, distribuição, biotransformação e eliminação das drogas no organismo do paciente.
A abordagem da Farmacocinética Clínica auxilia na determinação da posologia e de seus possíveis ajustes, na interpretação de respostas inesperadas aos medicamentos, na compreensão da ação das drogas e na pesquisa de novos medicamentos.
PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DOS FÁRMACOS
O desenvolvimento de novos fármacos, desde a descoberta até sua real comercialização, requer fases cruciais que devem ser cumpridas. Muitas vezes, essas etapas são realizadas em parcerias das indústrias com centros de pesquisa de universidade. Existem ainda empresas especializadas no planejamento e na síntese de novos fármacos que trabalham por demanda das grandes corporações para inclusão de novos produtos no mercado, uma vez que estas etapas podem levar mais de dez anos de pesquisa e investimento.
A primeira etapa de desenvolvimento de novos fármacos está diretamente relacionada à pesquisa. Essa etapa consiste na busca de moléculas promissoras que sejam candidatas a uma nova droga. Neste momento, são feitos ensaios de otimização química visando sua efetividade e segurança.
Para agilizar esse processo, a indústria passou a utilizar os recursos da química combinatória e a realizar testes totalmente controlados por robôs de alta capacidade, capazes de testar mais de 1 milhão de amostras a cada ano. Esse fato, ao mesmo tempo em que reduziu, em parte, o tempo da descoberta de novas drogas, fez com que os custos de desenvolvimento de um novo medicamento aumentassem expressivamente (DIMASI et al., 2003).
Assim, de cada 30.000 moléculas sintetizadas:
· 20.000 (66,7%) entram na fase de estudos pré-clínicos;
· 200 (0,67%) entram na fase I de estudos clínicos;
· 40 (0,13%) passam para a fase II;
· 12 (0,04%) entram na fase III;
· Somente 9 (0,027%) são aprovadas pelos órgãos regulatórios.
Atenção
É importante mencionar ainda que apenas um medicamento aprovado (0,003%) satisfaz o mercado, e, em função disso, traz retorno para a indústria que o desenvolveu.
A compreensão do receptor farmacológico é fundamental quando se estuda ou se desenvolve uma nova molécula candidata a fármaco. Quando pesquisamos uma molécula, ela pode ter afinidade com o receptor de forma a aumentar ou diminuir uma função celular.
Uma mesma molécula poderá agir em vários receptores simultaneamente, gerando respostas distintas. Dizemos, nestes casos, que a molécula possui pouca seletividade. A resposta farmacológica pode ser determinada pelo tempo de permanência do complexo fármaco-receptor.
Atenção
Processos farmacodinâmicos e farmacocinéticos podem alterar o tempo de vida deste complexo, ou seja, quanto maior o tempo de ligação, mais prolongado será o efeito farmacológico exercido. É importante destacar que o período de ocupação pode levar tanto a efeitos desejados quanto a efeitos tóxicos.
CONCEITO DE PESQUISA/ESTUDO CLÍNICO
A pesquisa pode ser classificada como:
EXPLORATÓRIA: objetiva a caracterização do problema a ser estudado, essa etapa constitui a primeira etapa de toda a pesquisa científica.
TEÓRICA: em como objetivo a ampliação de todos fundamentos teóricos, estruturação de modelos de pesquisa.
APLICADA: tem como objetivo investigar, confirmar, recusar hipóteses apontadas pela pesquisa teórica.
DE CAMPO: pesquisa observacional dos fatos, nesse tipo de pesquisa não consegue-se controlar as variáveis.
EXPERIMENTAL: tem por objetivo determinar objeto de estudo, é possível controlar as variáveis que poderão influenciar na pesquisa.
BIBLIOGRÁFICA: compila todo conhecimento científico sobre o tema abordado.
Atenção
Existem várias formas de classificar uma pesquisa, porém a maioria destes estudos apresentam em comum o método aplicado. Exemplo: na área da saúde, é muito comum que as pesquisas sejam divididas em experimental e epidemiológica.
A pesquisa experimental é mais cautelosa, pois, muitas vezes, são utilizados animais. A vantagem desse tipo de pesquisa é que conseguimos controlar as variáveis, reduzindo os graus de subjetividade.
A pesquisa epidemiológica investiga a saúde da população e os fatores diretamente relacionados para agravo da saúde pública. Esse estudo se baseia na observação dos fatos e em suas variações.

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