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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE - FAVENI FINANÇAS II VENDA NOVA DO IMIGRANTE – ES 2 SUMÁRIO 1 NOÇÕES GERAIS DE ORÇAMENTO ............................................................ 5 1.1 Desenvolvimento orçamentário .................................................................... 6 1.2. Controle orçamentário .................................................................................. 6 1.3. Objetivos do controle orçamentário ........................................................... 11 2 RISCOS X RETORNO ................................................................................... 13 3 RISCO ........................................................................................................... 16 4 TIPOS DE RISCO .......................................................................................... 17 4.1 Risco de mercado ....................................................................................... 17 4.2 Percebendo o risco de mercado ................................................................. 17 4.3 Riscos Políticos .......................................................................................... 19 4.4 Tipos de Riscos Políticos existentes ........................................................... 20 4.5 Interdependência entre Risco Político e demais riscos .............................. 22 4.6 Como os riscos políticos afetam os mercados?.......................................... 22 4.7 Como os riscos políticos podem afetar empresas? .................................... 23 4.8 Risco de taxa de Juros .............................................................................................................. 26 4.9 Risco de câmbio externo ............................................................................ 34 4.10 Curiosidades ............................................................................................. 36 4.11 Risco de País ........................................................................................... 39 4.12 Risco de Crédito ....................................................................................... 42 5 INVESTIMENTO ............................................................................................ 45 6 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS ................................................................... 46 6.1 Payback ...................................................................................................... 47 6.2 Valor Presente Líquido ............................................................................... 56 6.3 Taxa Interna de Retorno ............................................................................. 59 7 RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO ........................................................ 66 8 MARGEM X GIRO ......................................................................................... 68 2 4 9 RENTABILIDADE E RAMOS DE ATIVIDADES ........................ 71 10 TAXA DE RETORNO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO (TRPL) 73 11 RENTABILIDADE DA EMPRESA X RENTABILIDADE DO EMPRESÁRIO 73 12 LIQUIDEZ CORRENTE OU LIQUIDEZ COMUM (LC)............ 75 13 RENTABILIDADE ........................................................................................ 75 14 TECNICAS TRADICIONAIS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS 79 15 PROJETOS ÚNICOS E PROJETOS CONCORRENTES ...... 81 16 ANALISE E COMPARAÇÃO DO VPL E DO PAYBACK ......... 83 17 ANALISE E COMPARAÇÃO DO VPL, PAYBACK E A TIR. ... 83 18 DECISÃO DE INVESTIMENTO ................................................................... 86 19 DEFINIÇÃO E IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTABEIS..................................................................................................... 87 19.1 A importância dos indicadores de rentabilidade ....................................... 89 ANÁLISE DE INDICADORES FINANCEIROS ....................... 91 19.2 Índices de liquidez .................................................................................... 91 19.3 Índices de endividamento ......................................................................... 93 19.4 Índices de rentabilidade ............................................................................ 94 19.5 Análise de atividade .................................................................................. 96 19.6 Análise Vertical e Horizontal ..................................................................... 97 20 GESTÃO DE INVESTIMENTOS .................................................................. 99 20.1 Decisão de Investimento......................................................................... 102 20.2 Investimento ........................................................................................... 103 20.3 Capital Circulante Líquido ....................................................................... 104 20.4 Necessidade de Capital de Giro ............................................................. 105 20.5 Investimento em ESTOQUE ................................................................... 106 20.6 Investimento em CLIENTES ................................................................... 108 20.7 Financiamento de Fornecedores ............................................................ 109 20.8 Saldo de Tesouraria ............................................................................... 110 2 20.9 Capital de Giro ........................................................................................ 110 20.10 Ativos Fixos .......................................................................................... 111 20.11 Importância Estratégica ........................................................................ 111 20.12 Eficiência dos Ativos Permanentes ....................................................... 112 20.13 Modelo de Sensibilidade: Estrutura Enxuta dos Ativos ......................... 114 21 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 118 5 1 NOÇÕES GERAIS DE ORÇAMENTO Fonte: centrodeestudoseformacao.com.br Fazer um orçamento é uma atividade comum e cotidiana para todos. Qualquer serviço demanda um planejamento antes de sua realização, para verificar as perspectivas e alcançar os resultados previstos. E, se do ponto de vista pessoal já é difícil colocar boas estratégias em prática e tomar decisões, imagine para uma grande corporação? Nesse caso, o setor financeiro e a gestão de uma empresa precisam trabalhar juntos para manter os recursos equilibrados e ter o controle total dos mesmos, visando a maximização dos lucros e o crescimento de toda a organização. Essas noções são aprimoradas tanto com a experiência, na prática diária e com materiais auxiliares. É nesse contexto que se destaca a administração financeira e orçamentária e sua importância para o cotidiano. Além de garantir estabilidade frente às adversidades, é necessário também pensar na concorrência, na posição no mercado, na responsabilidade social, ou seja, em toda uma evolução que só acontece com um planejamento estratégico eficiente. 6 1.1 DESENVOLVIMENTO ORÇAMENTÁRIO Desenvolver um orçamento é parte ideal de um planejamento estratégico. Inerente a qualquer empresa, pode incluir um ou vários tipos, seja de modo isolado ou conjunto. Com base em um objetivo simples ou global, obedecer a etapas torna- se essencial para que o resultado apareça – avaliando hipóteses, executando as ações e verificando os efeitos. Tal processo não é totalmente linear, ainda mais quando se trata de economia. Um mês nunca será igual ao outro, os períodos mudam conforme vários cenários, e essa oscilação pode tanto auxiliar quantoatrapalhar um cronograma orçamentário empresarial. Mas, independentemente de como será o retorno, o controle total dos procedimentos evita grandes contratempos e abre margem para boas soluções. Além disso, ele deve estar sempre acompanhado de muitos materiais auxiliares, como relatórios detalhados e as métricas referentes ao setor que deseja trabalhar: vendas, produção, custos, gestão de capital, entre outros. Se a ideia é reduzir um gasto, por exemplo, é essencial fazer um amplo estudo acerca desse fator e a partir daí avaliar as alternativas necessárias para colocar em prática. Pode parecer simples, mas o impacto pode ser negativo e afetar outras áreas e atividades caso não haja profundidade na análise – por isso que o desenvolvimento orçamentário depende de uma equipe tanto financeira quanto dos gestores responsáveis. O setor financeiro, considerado o "combustível" de uma empresa, só deve agir perante as decisões das lideranças. Já estas devem apresentar os pontos fortes e fracos de tal cenário, mostrando o que é mais indicado baseado em sua análise técnica e qualificação. Por mais que um gestor tenha conhecimento do ramo, somente aqueles que vivenciam no dia a dia e lidam com os processos podem dizer o que é ou não funcional, aquilo que atrapalha e o que agrega. 1.2. CONTROLE ORÇAMENTÁRIO Controle orçamentário é um sistema de planejamento econômico-financeiro das operações de uma empresa, e de fiscalização da execução do programa https://www.centrodeestudoseformacao.com.br/blog/lideranca-curso-online 7 preestabelecido. Nos tempos atuais não há lugar para organismos que não saibam planejar o progresso. Em face da viva e agressiva concorrência e das frequentes e violentas variações nas estruturas econômicas do mundo, qualquer organização que deseje progredir, ou, pelo menos, sobreviver, tem de planejar suas atividades e cuidar para que prossigam no sentido previsto pelo plano. Acima de tudo a empresa precisa diligenciar para que os resultados de seus esforços sejam efetivos, o que se demonstra pela obtenção do lucro projetado. Fonte: www.citisystems.com.br Uma empresa industrial mantém sua existência por sua eficiência na conversão dos diversos elementos para produzir melhor e mais barato o produto final; basicamente, porém, qualquer empresa se inicia e se mantém em operação graças ao seu poder aquisitivo. Deste modo, para adquirir as necessárias máquinas, dependências, mãos-de-obra, materiais etc., uma empresa industrial tem de possuir, inicialmente, poder aquisitivo à altura necessária, seja em forma de dinheiro, seja em forma de crédito. O dinheiro e o crédito representam valores que devem ser submetidos a uma série de transformações para assegurar a existência da empresa. Desde a formação da empresa e durante todas as fases de sua operação ocorre um fluxo de transformação de valores. Esse fluxo é concepção econômica que pode ser representada esquematicamente, de modo semelhante à representação das concepções http://www.citisystems.com.br/ 8 eletrônicas ou mecânicas. Da mesma forma pela qual o engenheiro industrial esquematiza e generaliza as diversas fases técnicas de sua operação fabril, ao economista cumpre esquematizar as funções econômicas inerentes à vida de uma empresa. Em nosso caso estamos interessados no fluxo de transformação de valores. A empresa começa pela aquisição do capital, o que vai ser feito através da venda de ações ou cotas. Estas são adquiridas pelo público em geral ou por um grupo limitado de pessoas que hajam por bem constituir a sociedade. Dá-se início, assim, ao fluxo da transformação de valores. Emitem-se, preliminarmente, certificados ou títulos provisórios de ações, cotas e debêntures, cambiáveis e negociáveis por dinheiro ou crédito. Esta é, aliás, a primeira conversão de valores, a primeira das etapas principais do fluxo econômico: o financiamento. De posse do dinheiro ou do crédito, a empresa passa a adquirir prédios, máquinas, materiais etc., e a contratar diversos serviços, telefone, direção, mão-de- obra etc. Essa operação, claro está, altera de imediato, a situação financeira da empresa e o seu grau de solvência, porquanto faz com que o capital líquido se transforme, parcialmente, em ativo fixo e inventário. É a segunda conversão de valores, a conversão pela compra, que constitui a segunda das etapas principais do fluxo econômico. Utilizando máquinas, materiais e serviços, a empresa industrial enceta a fabricação de seus produtos. Parte do valor do ativo fixo é incorporado nos produtos pela depreciação. Os materiais transformam-se em produto através do esforço da equipe de fábrica. Nesse ponto os valores que representam o uso do ativo fixo, dos materiais e de parte dos serviços estão sendo convertidos em valor do produto a ser colocado no mercado. Dá-se, então, pela operação fabril, a terceira das etapas principais do fluxo econômico: a transformação da matéria-prima em produto. A quarta e última etapa desse esquema geral de fluxos econômicos de uma empresa industrial é a conversão pelas "Vendas" é um dos serviços mais importantes para a vida do negócio. Tem por objetivo suscitar e manter no público o desejo de possuir o produto fabricado pela empresa, mesmo em casos onde o preço do produto exceda seu valor utilitário real. Esse serviço requer pessoal e equipamento; o valor do uso do equipamento e dos esforços do pessoal de vendas 9 adiciona-se ao custo do produto. Adiciona-se, também, a esse custo o valor dos serviços da administração da empresa. Por outro lado, o uso do capital que se permite converter em produto não pode ser gratuito. Assim, ao custo do produto adiciona-se agora o valor do custo de uso do capital necessário para sua fabricação. Esse custo é pela empresa considerado lucro. Na verdade, porém, o lucro é o custo do uso do capital empregado pela empresa em suas operações. O valor desse custo é muito flexível, variando de acordo com as condições do mercado e as regras gerais do comércio. Deste modo, a conversão pelas vendas é a última etapa principal, onde o valor de todos os elementos convertidos em produto é transformado, de novo, em dinheiro ou em crédito, e se fecha o ciclo das transformações. Compreende-se que muitas funções das diversas etapas supracitadas não se desenvolvem simultaneamente, e que o grau de deslocamento das fases pode ter qualquer magnitude, a administração ou a gerência. É possível, também, que uma empresa possa ter vários fluxos econômicos independentes, cada um fora de fase com os outros. Todos, porém, devem obedecer a uma ordem de sequência funcional, começando e terminando da mesma maneira, mesmo que em nível e tempo diferentes. As variações nas intensidades dos fluxos, as diferenças em nível ou fase e os demais aspectos de cada fluxo devem ser cuidadosamente estudados e atentamente observados durante seu percurso. Aqui, como em qualquer ramo da ciência ou da tecnologia, para se obterem bons resultados dos fenômenos usados e operados é necessário compreender bem as bases da existência desses fenômenos, suas origens e as razões de seu comportamento, sem o que não se poderá tirar proveito deles. O dirigente de uma empresa, portanto, não pode ignorar o funcionamento e a interdependência de todos os fatores presentes, internos e externos, que atuem por dentro e por fora de cada um dos fluxos econômicos e que possam influir em suas diversas etapas. A direção de qualquer atividade - especialmente daqueles cujos elementos, complexos e interdependentes, estejam, na maioria, sujeitos a influências externas - há de sempre ser considerada sob os prismas estudo, planejamento e controle. Esses três pontos são essenciais e constituem o único esquema básico para a formação de qualquer sistema de controle orçamentário. Ao redor deles o sistema 10 pode assumirqualquer forma, de acordo com as necessidades específicas da empresa e características às suas operações. É claro que as grandes empresas são sempre beneficiadas pelos sistemas completos. As operações das pequenas empresas não justificam tais despesas, nem exigem sistemas rígida e pormenorizadamente elaborados. Contudo, tanto no caso das grandes quanto no das pequenas empresas o estudo das situações e o consequente planejamento das atividades, de conformidade com as perspectivas, são, inegavelmente, indispensáveis. Mesmo para a pequena empresa é altamente vantajoso o exame de suas possibilidades futuras, sejam elas a curto ou em longo prazo. Como resultado de tal exame, o ajuste das operações para as situações encontradas torna-se mais fácil e seguro; sua principal utilidade é a de facultar decisões claras, bem definidas, evitando dúvidas e hesitações nas consequentes ordens que devam ser dadas. Decisões e ordens firmes e bem definidas criam um clima de segurança, que se propaga tanto para dentro como para fora da empresa. A Figura apresenta um esquema das funções básicas do planejamento. Fonte: dx.doi.org Cerca de 50%, ou talvez mais, dos administradores que não usam o controle orçamentário organizado apresentam, como causa de sua atitude negativa, a 11 instabilidade das condições econômicas existentes no mundo inteiro, especialmente no Brasil. Alegam que a amplitude das variações das condições econômicas, bem como a grande frequência e imprevisibilidade das ocorrências desses fenômenos, anula os resultados de qualquer trabalho de programação econômico-financeira. À luz dos acontecimentos ocorridos no Brasil desde 1961, o argumento parece-nos, à primeira vista, muito justo. Não cremos, com efeito, exista empresa que, durante os anos de 1961, 1962 e 1963, haja seguido, até ao fim, o programa orçamentário estabelecido no começo de cada um desses períodos anuais. A propósito, assistindo uma empresa no preparo de seu orçamento para 24 meses. O programa orçamentário original e os resultados dos estudos econômicos constituíram excelente ponto de partida para novas considerações. Cada vez que se tornava necessário um reajustamento, era ele estudado e executado com rapidez, em tempo muito mais curto que o que tinha sido necessário para o estudo original. Referido programa orçamentário, embora tenha ficado obsoleto em pouco tempo, permitiu medirmos a grandeza das variações que se estavam verificando, o que, por sua vez, nos possibilitou o cálculo das grandezas das reflexões sobre todos os aspectos da operação, inclusive o cálculo exato dos novos custos e do financiamento necessário, tanto a curto como em longo prazo. Se a empresa não tivesse suas operações financeiras bem planejadas, o estudo dos ajustes não poderia ser feito em tempo suficiente para evitar o prejuízo certo e a situação embaraçosa que ameaçavam o bom nome da organização. Ela seria virtualmente surpreendida pela súbita falta de meios para liquidação dos compromissos assumidos. 1.3. OBJETIVOS DO CONTROLE ORÇAMENTÁRIO O objetivo principal do controle orçamentário é proporcionar à administração a possibilidade de controlar, por subordinação, as duas relações gerais básicas: • As despesas com relação à receita; • Os custos, por unidade, do produto acabado com relação ao lucro. A comparação das despesas a serem desembolsadas com as que forem planejadas dá-se o nome de controle de despesas. Tal controle implica a observação das despesas já efetuadas e do comportamento das variações, e requer 12 sejam determinadas as razões das diferenças e a tomada de decisão para os ajustes no plano das despesas. Chama-se controle de custos por unidade de produto acabado a permanente observação dos valores a serem convertidos no produto final. E mister que os dados atinentes ao fluxo econômico - que se desenvolve dentro da empresa - sejam colhidos, relacionados e comparados. As relações são feitas por unidade ou por parte de produto e demonstram o grau de rentabilidade das operações e os valores dos diversos esforços que constituem parte do produto. Enquanto o objetivo acima exposto esclarece a função do controle orçamentário, o seu caráter geral esconde alguns aspectos importantes que devemos esclarecer agora para a perfeita compreensão do assunto, muito embora tenhamos de aludir às ações posteriores cujo trato pertence à esfera da metodologia. Como desejamos conferir a esta exposição um sentido, não somente de subordinação (já expresso no objetivo principal), mas, também, de planejamento, passaremos a especificar, desde já, quatro outros objetivos nos quais se escoram os esquemas de qualquer tipo de controle orçamentário: Planos para o funcionamento e direção das futuras operações; Controle dos meios e despesas de acordo com o plano preestabelecido; Planos para otimizar os lucros e eliminar os desperdícios; Eliminação das possibilidades de erro e fraude. Essa reformulação do objetivo principal demonstra, primeiramente, que o controle orçamentário é um instrumento inerentemente ligado ao planejamento do futuro da empresa a longo e a curto prazo e que não podemos garantir a boa execução dos planos sem ter estabelecido um sistema de controle. Por sua própria natureza o controle é, definitivamente, instrumento da alta administração; instrumento que permite reconhecer onde haja riscos nas decisões a serem tomadas e calcular sua grandeza. Não podendo os riscos serem evitados, as informações sobre estes, obtidas através de estudos e cálculos, permitem estimar as possibilidades de êxito numa situação perigosa, ou tirar proveito da má situação. Usando um sistema bem formulado e elaborado, o trabalho da administração deixa de ser um tatear na escuridão; passa a desenvolver-se como experiência planejada, onde algumas das dificuldades naturais ao ambiente podem ser previstas e 13 contornadas de antemão, reduzindo-se ao mínimo o efeito dos obstáculos que permanecem no caminho. 2 RISCOS X RETORNO Uma das coisas mais importantes que um investidor deve saber é que não existe retorno sem risco, ou seja, quanto maior ou menor o risco de um determinado investimento, maior ou menor o retorno esperado. A relação risco versus retorno pode ser considerada “o teste da noite bem dormida”. Dizemos isso porque a mais importante decisão de investimentos que você faz é escolher o nível de risco que você está disposto a correr estando confortável com as flutuações de curto prazo deste investimento. O risco está associado ao grau de incerteza sobre o investimento no futuro. Quanto maior o grau de incerteza, maior o risco e maior o retorno esperado e vice- versa. Todo investidor deve escolher suas aplicações entre o menor risco possível e o maior retorno possível. Esta possibilidade de escolhas está representada no gráfico abaixo. Fonte: queroficarrico.com De acordo com Assaf Neto (2007), existem alguns fatores que podem ser determinantes para aferir o risco em relação ao retorno, são eles: 14 Volatilidade: Os mercados estão sempre analisando o que pode ou não acontecer no futuro e a expectativa causada por essa análise pode fazer com que os preços subam ou desçam. Também é importante conhecer vários tipos de risco: Em qualquer tipo de investimento, existem diferentes tipos de riscos, entre eles estão: • Risco de mercado - os riscos que provêm dos movimentos positivos e negativos que ocorrem sempre no mercado bolsista. • Risco político - o risco de determinado país mudar políticas que afetam aquilo em que se investiu. • Risco de taxas de juro - o valor do investimento pode ser afetado pela variação das taxas de juro. • Risco de crédito - quando determinada empresa ou indivíduo consegue pagar o que lhe foi emprestado ou os juros desse valor. • Risco de país - o risco associadoao facto de determinado país não ser capaz de pagar as suas obrigações financeiras. • Risco de câmbio externo - quando as variações das taxas de câmbio determinado país afetam o investimento. Usar a pirâmide de risco: A pirâmide de risco mostra os diferentes tipos de investimentos, desde o menos arriscado ao mais arriscado. E por último, compreender a relação entre risco e retorno: O investidor deverá ser capaz de avaliar os diferentes tipos de risco associados a cada tipo de investimento. Para Gitman (2004), risco é a possibilidade de perda financeira. Os ativos considerados mais arriscados são os que oferecem maiores possibilidades deperda financeira. Risco é usado como sinônimo de incerteza e refere-se à variabilidade dos retornos associados a um ativo. Retorno pode ser visto como tudo aquilo que um determinado investimento rendeu durante determinado período, pode se calcular um retorno de um ativo isoladamente ou o retorno de uma carteira de ativos, em que nesse último o retorno esperado é definido pela média ponderada do retorno de cada ativo em relação a sua participação no total da carteira. Com relação à avaliação do retorno de investimento existem também várias ferramentas, as mais comuns são: Payback ou Período de Recuperação: “ O período de payback, definido como o número esperado de anos necessários para recuperar o investimento original, foi o 15 primeiro método formal utilizado para avaliar projetos de orçamento de capital.”Brigham et. al, (2001, p.424). Payback Descontado: O conceito é parecido com o original. “O período de payback descontado é definido como o número de anos necessário para recuperar o investimento dos fluxos líquidos de caixa descontados.”Brigham et. al, (2001, p.424). Valor Presente Líquido – VPL: É um método mais completo que o payback, pois “é uma técnica de orçamento de capital sofisticada; encontrada ao se subtrair o investimento inicial de um projeto de valor presente de seus fluxos de entrada de caixa, descontados a uma taxa igual ao custo de capital da empresa.” Segundo Gitman (2001). E por fim, a Taxa Interna de Retorno – TIR: “A taxa interna de retorno (TIR) é a taxa de desconto que iguala o valor presente de fluxos de entradas de caixa com o investimento inicial associado a um projeto, por conseguinte tornando o VPL = $ 0” Gitman (2001, p.303). Fonte: metaconsultoria.com Os conceitos de risco e retorno são de grande importância para a área financeira e administrativa. A ideia de que o retorno deve crescer à medida que o risco aumenta é fundamental para a economia e administração modernas. Devido ao fato de pessoas racionais assumirem riscos; algumas questões relevantes devem ser colocadas. Qual o nível de risco relativo associado a cada possível decisão? Qual é a compensação de se optar por uma alternativa de maior risco? Tais questões exigem que os analistas definam, identifiquem, 16 analisem e meça o risco, decidindo desta forma qual é o retorno necessário para que determinada aplicação ou investimento, seja compensatório. 3 RISCO As decisões financeiras quase nunca são tomadas em ambiente de total certeza em relação a seus resultados. Como estas decisões estão em grande parte voltadas para o futuro, a variável incerteza obrigatoriamente deve ser considerada como um aspecto significativo nas operações do mercado financeiro. Sempre que a incerteza associada à verificação de um evento possa ser quantificada por meio de uma distribuição de probabilidades dos diversos resultados previstos, diz-se que a decisão está sendo tomada sob uma situação de risco. Desta forma, o risco pode ser entendido pela capacidade de mensurar o estado de incerteza de uma decisão mediante o conhecimento das probabilidades associadas à ocorrência de determinados resultados ou valores. A ideia do risco, de forma mais específica, está diretamente associada às probabilidades de ocorrência de determinados resultados em relação a um valor médio esperado (retorno esperado, conceito que será visto mais adiante). É um conceito voltado para o futuro, revelando possibilidade de perdas financeiras. O risco é na maioria das vezes representado pela medida estatística do desvio padrão, indicando variabilidade de retornos associada a um determinado retorno esperado de um ativo. Os ativos que possuem grandes possibilidades de prejuízos são vistos como mais arriscados que aqueles com menos possibilidades de perdas. Exemplo: Um título da dívida americana que garante ao seu portador uma taxa de juros de 5% ao ano não possui riscos, pois não há uma variabilidade associada ao seu retorno. Porém um investimento em ações possui características completamente diferentes; o investidor pode ou não ganhar dividendos, além de poder existir uma grande variação dos preços destes ativos nos mercados secundários. Portanto, os títulos de dívida americana são, seguramente, os títulos de maior confiabilidade, além de apresentarem um mercado com extrema liquidez. Geralmente, em épocas de crise os investidores internacionais fogem das 17 aplicações de risco, muito mais rentáveis, para os títulos do governo dos EUA “fenômeno” conhecido como fuga para a qualidade. Quanto mais certo for o retorno esperado de um ativo, o que implica dizer que ele terá uma menor variabilidade (menor desvio padrão) menor será o risco ativo. Entretanto, em geral, ativos menos arriscados possuem baixos retornos. 4 TIPOS DE RISCO 4.1 Risco de mercado O risco de mercado em investimentos refere-se às oscilações que um determinado investimento pode ter ao longo do tempo. Imagine que você faça um investimento e aplique 100 mil reais e esse investimento possa oscilar e até ficar negativo em alguns momentos. Esse risco é medido pela volatilidade dos ativos escolhidos. A forma mais fácil de entender esse tipo de risco é olhando o mercado de ações, que pode ter desempenho completamente aleatório no comportamento de suas cotações. Essas oscilações são chamadas de risco de mercado justamente porque as condições do mercado se modificam e nessa modificação os títulos possuem variações em seus preços. 4.2 Percebendo o risco de mercado Para mostrar de maneira simples como ocorre na prática o risco de mercado, vamos primeiro olhar um investimento que rende 100% do CDI, cujo risco de mercado é desprezível, pois ele vai simplesmente acompanhar o CDI diariamente sem qualquer tipo de variação adicional. Ou seja: primeiro vamos ver como se comporta um investimento com risco de mercado zero. 18 Veja que no caso acima, a aplicação que rende 100% do CDI possui uma curva suave, simplesmente acompanhando dia a dia a variação do CDI, que é o indicador já definido no momento do investimento. Agora, vamos observar uma outra aplicação que acompanhe por exemplo o Índice Bovespa. Veja que nesse gráfico nós temos um comportamento com grandes variações. Essas variações ocorrem justamente pelas oscilações que ocorrem no mercado de ações fazendo com que um determinado investimento possua desempenho completamente diferente ao longo do tempo. Se no risco de crédito, que expliquei num artigo anterior, quanto maior o risco maior a taxa de remuneração do investimento, no caso do risco de mercado, quanto maior o seu risco, maior também a expectativa de ganhos futuros. Porém, no caso do risco de mercado das ações, não há garantia de que essa rentabilidade obrigatoriamente será mais elevada, mas sim uma expectativa e, por isso, é recomendável que o investidor invista para prazos mais longos, quanto maior for o risco de mercado de um determinado investimento. 19 No caso das ações, é importante entender que elas não possuem risco de crédito pois, ao investir em ações, o investidor não está emprestando dinheiro para a empresa, mas sim tornando-se sócio. Portantonão é uma relação de credor e devedor, mas sim uma relação de sociedade, onde os frutos serão partilhados entre os acionistas na forma de dividendos e valorização da ação. 4.3 Riscos Políticos Mudanças repentinas na política brasileira estão impactando cada vez mais o ambiente de negócios e, portanto, nas estratégias das empresas. Pesquisas recentes realizadas pelas consultorias McKinsey e PwC, apontam um aumento expressivo no número de executivos que acreditam que a instabilidade política dentro e fora do país é o fator de maior preocupação para os seus negócios no curto, médio e longo prazo. Nesse contexto, investidores e líderes empresariais necessitam conhecer os fatores que movem os riscos políticos e as ferramentas necessárias para lidar com eles. Risco político é a capacidade de uma determinada ação política impactar a economia e os mercados. Não diferente de nenhuma outra forma de risco – como os já conhecidos riscos econômicos, de crédito ou até de desastres naturais – riscos políticos são geralmente mais difíceis de quantificar e prever, razão pela qual muitas vezes são desconsiderados. Como mercados e empresas têm lidado com o risco político? De uma forma geral, investidores e empresários costumam lidar com riscos políticos de 4 formas: I. Mais comum, é simplesmente ignorá-los, já que se trata de um campo complexo e, portanto, os tomadores de decisão acabam ignorando os fatores políticos na esperança de que o problema desapareça. II. Através do ‘band-wagon’, ou seja, seguir as mesmas políticas ou decisões tomadas pelos grandes players. A estratégia adotada por uma grande multinacional acaba se tornando a estratégia universal de todos os players do mercado. Certamente esse não é o melhor caminho, visto que cada investidor tem realidades e objetivos distintos, criando necessidades diferentes. 20 III. A confiança no ‘expert interno’ – normalmente um executivo com algum conhecimento sobre o país em questão (seja por ter vivido no local ou algo do gênero), que atua como uma espécie de conselheiro. IV. Refere-se à prática de ‘tentativa-e-erro’. Como variáveis políticas são consideradas parte integrante de um grupo macro, que envolve economia, tecnologia e sociedade – e não como uma variável sensível e específica – as decisões são tomadas e, em caso de haver problemas, são implementadas medidas de correção. Num momento futuro, o padrão de resposta para o evento X anterior é reutilizado, com pouca ou nenhuma eficácia. Porque investidores e executivos costumam desconsiderar o risco político na tomada de decisão? Primeiramente, as variáveis políticas são complexas e difíceis de serem incorporadas nos modelos tradicionais de risco. Da mesma forma, gestores de risco tendem a incluir somente dados quantificáveis em suas análises. Diferentemente de variações cambiais ou de juros, que dispõem de base de dados histórica e permitem o estabelecimento de padrões, os riscos políticos envolvem uma gama de fatores não necessariamente quantificável e tabulada. Essencialmente, variáveis não-exatas são difíceis de serem incorporadas por métodos puramente econômicos e financeiros. Não há meios de se ‘quantificar’ instabilidade política, tampouco suas reverberações. Porém, isso não significa que é impossível entender e mensurar os riscos políticos. A análise de risco político possibilita estudar as diversas variáveis políticas tais como; regimes/culturas/instituições/ideologia e trazer à luz os possíveis impactos e consequências para os negócios em questão. 4.4 Tipos de Riscos Políticos existentes Na tabela abaixo estão listados os tipos mais decorrentes de riscos políticos. Embora seja possível pensar numa série maior de possibilidades de riscos inerentes a determinado país, estes subgrupos abrangem a maioria dos riscos em questão. 21 Geopolítico 1. Tensões com vizinhos 2. Guerras 3. Mudanças na distribuição de poder 4. Sanções econômicas/embargos Energia 1. Decisões políticas que afetam a organização de fornecimento e demanda Terrorismo 1. Danos/destruição da propriedade 2. Sequestros Tensão política doméstica 1. Reorganização política (dissolução de coalizões, queda de liderança, etc.) 2. Nacionalismo 3. Instabilidade social 4. Revolução 5. Guerra civil 6. Golpe de Estado Expropriação 1. Propriedade confiscada 2. Nacionalização de setor Quebra de contrato 1. Quebra de contrato pelo governo 2. 17. ‘Wrongful calling of letters of credit’ Risco para o mercado financeiro / Riscos cambiais / Repatriação de lucros 1. Regulação de mercado 2. Calote na dívida e variações de mercado 3. Repatriação de lucros Discriminação/Favorecimento 1. Tributação de cunho discriminatório 2. Corrupção Incertezas 1. Efeitos do aquecimento global 22 2. Efeitos de mudanças demográficas 3. Eventos políticos incertos 4.5 Interdependência entre Risco Político e demais riscos Embora riscos políticos sejam essencialmente diferentes de outros tipos de risco, ambos podem estar interligados, dependendo da evolução de determinado evento. Uma mudança de governo pode gerar alterações ideológicas capazes de priorizar um papel maior para o Estado na condução da economia. Por exemplo, a recente expropriação da petrolífera YPF pelo Governo da Argentina (evento político) criou um alto nível de incertezas sobre a estabilidade para os investimentos que, num futuro próximo, é improvável que alguma empresa do setor se arrisque a investir naquele país (impacto econômico negativo decorrente do evento político). Acontecimentos desta natureza são específicos e podem indicar imprevisibilidade, entretanto o monitoramento dos ambientes nos quais se faz negócios é uma ferramenta que pode ajudar o investidor e empresa a se prepararem para tal possibilidade. 4.6 Como os riscos políticos afetam os mercados? Risco político pode afetar diretamente os valores de títulos de dívidas, ações, moedas e commodities. A forma pela qual se dá tal impacto vai depender de variáveis específicas. Eventos políticos domésticos, como a deterioração de uma coalizão ou troca de ministros de Estado, podem gerar incertezas nos mercados e, não obstante, governos também podem impor medidas regulatórias ou novos sistemas tributários que podem atingir, diretamente, investidores e empresários de determinados setores. O conhecimento da dinâmica política de determinado país não se traduzirá em uma previsão sobre a subida ou descida nos preços de determinado ativo, mas possibilitara o investidor a compreender forças que poderão atingir seu investimento e, em tempo, elaborar estratégias alternativas. 23 A tabela abaixo apresenta um grupo geral de possíveis eventos e consequências – diretas e indiretas – nos mercados; Ações Governamentais Ações não-governamentais Impacto direto – Desvalorização de moeda- Controles monetários – Calote na dívida – Mudanças de regulação – Ativos de bancos confiscados – Boicotes- Greves – Terrorismo – Guerra civil Impacto indireto (geram incertezas nos mercados) – Declarações de guerra- Mudanças na composição do governo – Declarações públicas – Eleições 4.7 Como os riscos políticos podem afetar empresas? Através da análise dos efeitos da globalização, é possível ter uma boa compreensão de como os riscos políticos podem decisivos na criação de uma estratégia de sucesso ou fracasso. 24 Fonte: brasilsoberanoelivre. blogspot.com Um dos principais efeitos deste processo foi a ascensão dos mercados emergentes. Nas últimas duas décadas, o crescimento dos emergentes expôs um elevado grau de riscos até então deixados de lado. O desconhecimento sobre as dinâmicas domésticas de tais mercados pode ser crucial para o sucesso de um investimento. Em mercados emergentes, o cenário político influenciatanto, ou mais, a evolução de um empreendimento do que os próprios fatores econômicos. De uma forma geral, dado o baixo grau de institucionalização destes países, uma decisão política tem maior impacto sobre o desempenho da empresa do que uma variação cambial, por exemplo. Porém, é importante ressaltar que o cenário atual de crise nos países desenvolvidos demonstrou o quão relevante ainda é o papel das questões políticas nesses mercados. Por exemplo, embora na crise da dívida europeia o gatilho tenha sido de cunho econômico, a natureza, a estratégia de contenção e solução da mesma é de ordem puramente política. Ou seja, mitigar riscos políticos não é apenas um fator crítico de sucesso para empresas atuantes em economias emergentes, mas também em desenvolvidas. Qual a importância da análise do risco político para os investidores e empresas brasileiras? 25 Com o final da Guerra Fria e a expansão da globalização, mercados e fluxos de capitais tornaram-se interconectados como nunca antes na história. As últimas crises econômicas — México (1994), Ásia (1997), Rússia (1998), EUA (2008) e Europa (2009) — e suas repercussões no resto do mundo são prova disso. Logo após a queda da União Soviética, o papel do Estado como ator econômico central perdeu espaço e políticas de privatização se tornaram prioridade na ordem político-econômica mundial. Hoje, principalmente com a ascensão dos mercados emergentes, o Estado vem novamente se posicionando como o principal player; entretanto, inserido num contexto global diferente de 20 anos atrás. De forma similar, as ações tomadas pelos governos para conter os efeitos da crise deixam claro o papel central que governos ainda detém no contexto atual. Ou seja, na economia global, atores locais, por menores ou mais coadjuvantes que sejam, são partes essenciais do todo, fazendo com que suas decisões internas tenham ainda maior impacto. O cenário econômico brasileiro contribui para relevância dos assuntos políticos internacionais. Com o aumento da internacionalização de empresas brasileiras e o status do país de 6a maior economia do globo, a análise e gestão de riscos políticos é essencial para evitar uma exposição desnecessária a riscos e aproveitar oportunidades únicas. Em 2010, o aumento de receitas das empresas brasileiras no exterior foi de 27%, com ativos no exterior ultrapassando a casa dos USD 100 bilhões. Consequentemente, é crucial que investidores e executivos brasileiros tenham um conhecimento maior sobre as dinâmicas que movem o mundo e os países nos quais tem investimentos. Fica claro que os rumos da economia mundial são ditados por acontecimentos globais, e o Brasil está totalmente inserido nesse contexto. Portanto, mais do que nunca, os tomadores de decisão brasileiros precisam de ferramentas e análises que os auxiliem no entendimento da infinidade de acontecimentos no cenário internacional e, principalmente, suas inferências na cadeia econômica. Como mitigar riscos políticos? Uma série de medidas podem ser tomadas para mitigar riscos políticos. Embora sejam muito específicos e heterogêneos por natureza, vejamos algumas ações básicas capazes de minimizar a exposição aos mesmos; 26 Diversificação: levando em conta a impossibilidade de completa mitigação, qualquer estratégia de investimento deve buscar diversificar seus riscos. Análise e Monitoramento: Um alto nível de conhecimento do país é fundamental para uma estratégia bem-sucedida de mitigação de riscos políticos. O entendimento de tradições políticas, culturais, econômicas e sociais é essencial para tanto. O analista de risco político existe para este fim. Estratégias de entrada e saída. Identificar os países mais propensos a crises, como guerras civis ou revoltas populares, pode contribuir para uma elaboração previa de planos de mitigação de riscos. Três estratégias principais devem ser levadas em consideração: entrada, contenção e saída. Analisar e entender bem a realidade política e histórica do país antes de investir é condição básica para mitigar riscos futuros. Contenção de riscos pode diminuir perdas e planejar uma saída sem solavancos é importante para evitar grandes perdas. Responsabilidade Social e Relações Públicas. Desenvolver políticas e práticas que satisfaçam os interesses de diversos stakeholders da sociedade. Tais estratégias facilitam a condução dos negócios do país, além de contribuir para fortalecer os laços políticos. Seguro de Risco Político: apesar da existência de apólices de seguro contra risco político, sua eficácia é limitada e custosa. 4.8 Risco de taxa de Juros A taxa de juros é um índice utilizado em economia e finanças para registrar a rentabilidade de uma poupança ou o custo de um crédito. Chama-se taxa de juros aos diferentes tipos de índice que se empregam na medida de rentabilidade das poupanças ou que se incorporam ao valor de um crédito. A taxa de juros é uma relação entre dinheiro e o tempo dado que podem beneficiar a um poupador que decide investir seu dinheiro em um fundo bancário, ou seja, que se soma ao custo final de uma pessoa ou entidade que decide obter um empréstimo ou crédito. A taxa de juros é calculada em porcentagem e com frequência aplica-se de forma mensal ou anual. Isto é, que os juros permitem que uma pessoa que quer gerar rendimentos a partir de suas poupanças, coloque suas rendas em uma conta no banco, e este lhe dará um ganho mensal estipulado de acordo com a quantidade de dinheiro investida e o tempo durante o qual se 27 comprometa a deixar esse montante num prazo fixo, por exemplo. Por outro lado, se uma empresa ou indivíduo tem a necessidade ou desejo de obter dinheiro por empréstimo, o prestamista aplicará uma taxa de juros sobre o dinheiro emprestado que dependerá do tempo em que se compromete em devolver e da quantidade de efetivo que se estenda ao interessado. Existem dois tipos de indicadores que permitem medir a taxa de juros. A taxa de juros nominal ou TIN, que é a porcentagem aplicada na hora de realizar o pagamento dos juros. E a taxa anual equivalente ou TAE, que mede qual é o ganho ao final de um dado ano, de forma padrão. A taxa de juros é aplicada em todos os tipos de operações financeiras e são uns dos valores mais considerados na hora de realizar transações econômicas a curto, médio e longo prazo. No Brasil, a otimização da margem financeira 1 num contexto mais amplo nunca foi muito explorada, pois os bancos têm sua rentabilidade determinada significativamente em função da inflação. Mas, à medida que economia se desenvolver e o processo inflacionário declinar, administrar a margem financeira será de vital importância, tanto no que se refere a maximização de resultados quanto à própria continuidade da entidade. Em outras palavras, quando as taxas flutuam, em economias de baixa inflação, em função de oscilações econômicas ou por competitividade de rendimentos bancários se tornam voláteis e sensíveis, necessitando o acompanhamento e as atuações da administração se tornem mais efetivos. Portanto, um banco em uma economia mais desenvolvida atua com uma maior sensibilidade às taxas de juros, em função de fatores endógenos ou exógenos. Endógenos são os fatores associados à composição dos ativos passivos, á qualidade e maturidade dos empréstimos e à maturidade dos fundos captados. Fatores exógenos incluem condições econômicas e o nível das taxas de juros. Um banco deve tentar gerenciar os fatores endógenos. mas ele somente pode tentar antecipar os fatores exógenos. 1Margem Financeira consiste na diferença entre as receitas de juros, geradas pelas aplicações, e as despesas de juros, geradas pelas captações. Em outras palavras. Margem Financeira é o resultado da receita financeira deduzida da despesa financeira de um determinado produto financeiro. Fonte: Silvio Aparecido de CarvalhoAdministrando risco de taxas de juros em instituições financeiras Doutor em Ciências Contábeis pela FEA/USP. 28 Atendo-se à perspectiva dos bancos, o cenário econômico gera profundas implicações. A aceleração nos negócios durante a expansão econômica, de maneira conjunta com acréscimos nas taxas de juros, deve ter efeitos anormais na margem financeira. Esses efeitos se traduzem na taxa de juros, no volume e no mix das operações. Lembramos que, em mercados competitivos, tanto as fontes de fundos como os usos desses fundos restringem a habilidade do banco em operar com a mais alta margem financeira, ou seja, com "spread"2 . Fonte:exame.abril.com.br Os efeitos no volume ocorrem, simplesmente, devido à intensa demanda de crédito durante os períodos de rápido crescimento econômico, forçando para taxas mais altas e, portanto, gerando maiores níveis de ativos e passivos. Os efeitos de mix são sentidos na mudança dos "portfólios' em direção a ativos de maior rentabilidade (exemplo: empréstimos), afastando-se de ativos com baixas taxas (exemplo: títulos governamentais). O efeito das taxas de juros em situação de 2 "Spread" - financeiramente, significa uma taxa bruta que a instituição financeira cobra do tomador de empréstimos, além do seu custo de captação para obtenção de recursos. Esta taxa bruta visa cobrir as despesas em que a instituição financeira incorre para captar recursos (inclusive o risco da aplicação), e ainda proporcionar resultados para remunerar os acionistas. Fonte: Silvio Aparecido de Carvalho Administrando risco de taxas de juros em instituições financeiras Doutor em Ciências Contábeis pela FEA/USP. 29 expansão da economia tende a melhorar a margem financeira, em função do acréscimo dos rendimentos do ativo, que podem ser reduzidos ou neutralizados pelo efeito negativo do aumento marginal das taxas nos custos dos fundos e de aumento de risco de inadimplência nos empréstimos". A grande disparidade na sensibilidade aos juros entre os bancos e o prognóstico de que as taxas de juros possam flutuar significativa e rapidamente nos anos vindouros leva-nos a crer que os bancos necessitarão de técnicas para gerenciar a sensibilidade ás taxas de juros. Este artigo apresenta as técnicas "gap"3 e "duration, abordadas em profundidade em minha tese de doutoramento 'Desenvolvimento de Novas Técnicas rara a Gestão Bancária no Brasil". Definição de Taxa de Juros Uma taxa de juros, ou taxa de crescimento do capital, é a taxa de lucratividade recebida num investimento. De uma forma geral, é apresentada em bases anuais, podendo também ser utilizada em bases semestrais, trimestrais, mensais ou diárias, e representa o percentual de ganho realizado na aplicação do capital em algum empreendimento. Por exemplo, uma taxa de juros de 12% ao ano indica que para cada unidade monetária aplicada, um adicional de R$ 0,12 deve ser retornado após um ano, como remuneração pelo uso daquele capital. (Thuesen, 1977) A taxa de juros, simbolicamente representada pela letra i, pode ser também apresentada sob a forma unitária, ou seja, 0,12, que significa que para cada unidade de capital são pagos doze centésimos de unidades de juros. Esta é a forma utilizada em todas as expressões de cálculo. A taxa de juros também pode ser definida como as razões entre os juros, cobráveis ou pagáveis, no fim de um período de tempo e o dinheiro devido no início do período. Usualmente, utiliza-se o conceito de taxa de juros quando se paga por um empréstimo, e taxa de retorno quando se recebe pelo capital emprestado. Portanto, pode-se definir o juro como o preço pago pela utilização temporária do capital alheio, ou seja, é o aluguel pago pela obtenção de um dinheiro 3No Brasil, nos meios bancários, a palavra "gap' tem sido traduzida como desbalanço entre ativos e passivos sensíveis à taxa de juros". Fonte: CARVALHO. Silvio de. up.cit. nota 9. 30 emprestado ou, mais amplamente, é o retorno obtido pelo investimento produtivo do capital. Genericamente, todas as formas de remuneração do capital, sejam elas lucros, dividendos ou quaisquer outras, podem ser considerados como um juro. Quando uma instituição financeira decide emprestar dinheiro, existe, obviamente, uma expectativa de retorno do capital emprestado acrescido de uma parcela de juro. Além disso, deve- se considerar embutido na taxa de juros os seguintes fatores: Risco - grau de incerteza de pagamento da dívida, de acordo, por exemplo, com os antecedentes do cliente e sua saúde financeira; Custos Administrativos - custos correspondentes aos levantamentos cadastrais, pessoal, administração e outros; Análise de Projetos de Investimentos. Lucro - parte compensatória pela não aplicação do capital em outras oportunidades do mercado, podendo, ainda, ser definido como ganho líquido efetivo; Expectativas Inflacionárias - em economias estáveis, com inflação anual baixa, é a parte que atua como proteção para as possíveis perdas do poder aquisitivo da moeda. O Valor do Dinheiro no Tempo O conceito do valor do dinheiro no tempo surge da relação entre juro e tempo, porque o dinheiro pode ser remunerado por certa taxa de juros num investimento, por um período de tempo, sendo importante o reconhecimento de que uma unidade monetária recebida no futuro não tem o mesmo valor que uma unidade monetária disponível no presente. Para que este conceito possa ser compreendido, torna-se necessário a eliminação da ideia de inflação. Para isso, supõe-se que a inflação tecnicamente atinge todos os preços da mesma forma, sendo, portanto, anulada no período considerado. Assim, um dólar hoje vale mais que um dólar amanhã. Analogamente, um real hoje tem mais valor do que um real no futuro, independentemente da inflação apurada no período. 31 Esta assertiva decorre de existir no presente a oportunidade de investimento deste dólar ou real pelo prazo de, por exemplo, 2 anos, que renderá ao final deste período um juro, tendo, consequentemente, maior valor que este mesmo dólar ou real recebido daqui a 2 anos. Conclui-se, pelo fato do dinheiro ter um valor no tempo, que a mesma quantia em real ou dólares, em diferentes épocas, tem outro valor, tão maior quanto a taxa de juros exceda zero. Por outro lado, pode-se dizer que este dinheiro varia no tempo em razão do poder de compra de um real ou dólar ao longo dos anos, dependendo da inflação da economia, como será visto adiante. Utilizando da representação gráfica denominada Diagrama dos Fluxos de Caixa (Cash-Flow). Este diagrama é traçado a partir de um eixo horizontal que indica a escala dos períodos de tempo. O número de períodos considerado no diagrama é definido como o horizonte de planejamento correspondente à alternativa analisada. (Oliveira, 1982). Cabe ressaltar que é muito importante a identificação do ponto de vista que está sendo traçado o diagrama de fluxos de caixa. Um diagrama sob a ótica de uma instituição financeira que concede um empréstimo, por exemplo, é diferente do diagrama sob a ótica do indivíduo beneficiado por tal transação (Thuesen, 1977). A figura mostra um exemplo de um diagrama genérico de um fluxo de caixa. Convencionou-se que os vetores orientados para cima representam os valores positivos de caixa, ou seja, os benefícios, recebimentos ou receitas. Já os vetores orientados para baixo indicam os valores negativos, ou seja, os custos, desembolsos ou despesas. Representação de um Diagrama de Fluxo de Caixa Considerando: 32 i - taxa de juros para determinado período, expressa em percentagem e utilizada nos cálculos na forma unitária. Ex.: rendimento de dez por cento ao ano i = 0,10 ou 10 % a.a. n - número de períodos de capitalização. Ex.: aplicação de um capital por 5 meses - n = 5 P - valor equivalente ao momento presente, denominadode Principal, Valor Presente ou Valor Atual. Ex.: aplicação de R$ 10.000 efetuada hoje - P = 10.000 J - juros produzidos ou pagos numa operação financeira. Ex.: um capital de R$ 5.000 rendeu R$ 300 ao final de 1 ano -J = 300 M - valor situado num momento futuro em relação à P, ou seja, daqui a n períodos, a uma taxa de juros i, denominado Montante ou Valor Futuro. Ex.: uma aplicação de R$ 15.000, feita hoje, corresponderá a R$ 19.000 daqui a n períodos, a uma taxa de juros i - M = 19.000. R - valor de cada parcela periódica de uma série uniforme, podendo ser parcelas anuais, trimestrais, mensais etc. Ex.: R$ 5.000 aplicados mensalmente numa caderneta de poupança produzirá um montante de R$ 34.000 ao fim de n meses - R = 5.000 Por convenção, todas as movimentações financeiras, representadas em cada período dos diagramas de fluxo de caixa, estão ocorrendo no final do período. Por exemplo, um pagamento efetuado no segundo ano de um diagrama de fluxo de caixa significa que esta saída de dinheiro ocorreu no final do ano 2. Tipos de Formação de Juros Os juros são formados através do processo denominado regime de capitalização, que pode ocorrer de modo simples ou composto, conforme apresentado a seguir: Juros Simples No regime de capitalização a juros simples, somente o capital inicial, também conhecido como principal P, rende juros. Assim, o total dos juros J resultante da 33 aplicação de um capital por um determinado período n, a uma taxa de juros dada, será calculado pela fórmula: A taxa de juros deverá estar na mesma unidade de tempo do período de aplicação, ou seja, para um período de n anos, a taxa será anual. Logo, pode-se calcular o total conseguido ao final do período, ou seja, o montante M, através da soma do capital inicial aplicado com o juro gerado. O montante pode ser expresso, para este caso, por: M = P + J, originando a fórmula M = P (l + i.n). Nos meios econômicos e financeiros, o emprego de juros simples é pouco frequente. O reinvestimento dos juros é prática usual e a sua consideração na consecução de estudos econômico-financeiros deve ser levada em conta, até mesmo por uma questão de realismo. (Oliveira, 1982) Um desafio para você! Um capital de R$ 10.000,00 foi aplicado por 3 meses, a juros simples. Calcule o valor a ser resgatado no final deste período à taxa de 4 % a.m. Resolução Juros acumulados: J3 = 10.000. 3. 0,04 = 1.200 Como M = J + P, o valor resgatado será: M = 1.200 + 10.000 = 11.200 Juros Compostos No regime de capitalização a juros compostos, os juros formados a cada período são incorporados ao capital inicial, passando também a produzir juros. A expressão que permite quantificar o total de juros resultante da aplicação de um principal P, a uma taxa de juros i, durante n períodos, é mostrada a seguir: 34 2,5 % Um desafio para você! Calcule os juros pagos numa aplicação de R$ 5.000 por 6 meses, à taxa de a.m., sob o regime de juros compostos. Resolução: Juros em 6 meses: J6 = 5.000. [(1+ 0,025)6 -1] = 798,47 4.9 Risco de câmbio externo Pode-se entender por risco cambial a possibilidade das taxas de câmbio entre moedas dos países exportadores e importadores se moverem adversamente entre a data da cotação e a data da liquidação de um negócio. Ou a possibilidade de uma perda ou de um ganho resultante de uma variação nas taxas de câmbio entre moedas. A seguir veremos alguns tipos de Riscos Cambiais: Aprenda mais! A partir das definições acima, pode-se perceber que os resultados de uma mesma operação sob o regime de juros simples, que evolui de forma linear, e sob o regime de juros compostos, que segue a forma exponencial, sempre sofrerão uma defasagem crescente em função do aumento dos períodos de tempo. 35 Risco da Exposição: dada uma visão particular ou previsão, procura- se determinar em que medida o fluxo de caixa será afetado; Risco de Previsão: avalia a probabilidade de oscilação da taxa no período do negócio para que se possa ter uma noção da cobertura do mesmo; Risco de Mercado e de Transação: considera os riscos ligados a cada mercado em particular e a probabilidade de uma transação não decorrer como o esperado; Risco do Sistema: considera as lacunas ou fraquezas do sistema de gestão da exposição aos riscos na empresa. A quem afeta o risco cambial? As empresas que trabalham com divisas estrangeiras, deverão preocupar-se com a gestão eficiente do risco cambial. Essas empresas esperam do Governo - por meio da Política Cambial – esclarecimentos dos riscos que correm nesse mercado. A partir do momento em que a empresa está ciente, ela assume os riscos e sabe que estará vulnerável a fatores externos, os quais fogem ao controle da gestão interna da mesma. Também cabe à empresa um minucioso planejamento para alcançar a minimização dos custos, bem como a maximização dos ganhos, determinando qual margem do fluxo de caixa estará vinculado à taxa cambial. Risco cambial e as empresas Algumas medidas podem afetar diretamente as empresas que operam com o risco cambial, são elas: Decréscimo nas taxas de câmbio O decréscimo nas taxas de câmbio torna a moeda nacional mais barata face às restantes. A desvalorização da moeda tem um efeito benéfico sobre as exportações, que se tornam mais competitivas. Consequentemente tem um efeito nefasto sobre as importações. Funciona como instrumento corretor de desequilíbrios da balança de pagamentos. Se um Estado não produz um determinado bem essencial, a sua importação não diminui face às alterações das taxas de câmbio. É preciso ter em conta que, em longo prazo, em Estados com elevada dependência das importações, a descida das taxas de câmbio é geradora de inflação. Subida das taxas de câmbio 36 A subida das taxas de câmbio tem o efeito contrário. As exportações perdem competitividade no mercado concorrencial, tornando as importações mais baratas. Consequentemente, as empresas nacionais reduzem o seu volume de vendas, o que gera menos receitas fiscais e desemprego. Minimizando os efeitos do risco cambial nas empresas. Os caminhos para se evitar ou minimizar os riscos cambiais nos negócios empresariais passa por uma Gestão de responsabilidade, eficiência e eficácia. Mesmo o melhor administrador, não conseguirá conhecer tudo o que se passa na empresa em detalhes, mas o seu trabalho é assegurar que os sistemas de controles adequados dos riscos sejam implementados. Algumas formas de minimizar o risco cambial: Evitá-lo: a melhor forma de evitar o risco cambial é obter financiamento na moeda local; Estabelecer políticas sobre a exposição e a gestão cambial: determinar políticas e medidas específicas antes de aceitar a exposição cambial; Explorar instrumentos de cobertura cambial: é crescente o número de instituições que trabalham com este produto, disponíveis em algumas divisas, porém, com alto custo. 4.10 Curiosidades Por que os economistas erraram em prever o tombo da economia brasileira em 2015? Visto lá de janeiro, o ano parecia passar longe de um cenário tão recessivo como o atual. A economia brasileira deve fechar 2015 com um crescimento de 0,55% e uma inflação de 6,6%, bem próxima ao teto da meta. Já o dólar terminará o ano sem ultrapassar a barreira dos três reais. Não, você não leu errado. Essas eram as estimativas de dezenas de instituições financeiras levantadas pelo Banco Central e divulgadas no primeiro boletim do tipo, o semanal Focus, de 2015, com as previsões para o ano. Pena que faltou combinar a expectativa com a realidade. Visto lá de janeiro, o ano de 2015 parecia passar longe de um cenário tão recessivo como o de 37 hoje, porém a poucos dias do fim do ano já é mais fácil acertar a pontaria. Tanto o BancoCentral como os analistas de mercado coincidem que o tombo da economia brasileira será grande: um recuo do PIB de, no mínimo, 3,6% e a uma inflação encerrando 2015 acima dos 10%. A bola de cristal dos economistas do mercado financeiro, no entanto, costuma mesmo falhar. Nos últimos cinco anos, as previsões colhidas com um ano de antecedência se revelaram bastante mais otimistas do que o resultado real. Com exceção do ano 2010, todas as estimativas do crescimento do país foram superestimadas. Em 2012, por exemplo, os economistas falavam em um avanço de 3,3% da atividade econômica, mas ele acabou sendo bem menor: um pífio crescimento de 0,9%, que revelou uma diferença de 2,4 pontos percentuais entre a expectativa e a realidade. O mesmo aconteceu nas projeções do câmbio. Acertar a pontaria do valor do dólar foi difícil. Em 2013, por exemplo, a estimativa era de que a moeda norte-americana fechasse cotada a 2,08 reais, mas ela foi a 2,34. Fonte: brasil.elpais.com Dessa vez, a bola de cristal parece ter se esfumaçado ainda mais. As previsões para 2015 se revelaram particularmente mais erradas na opinião do economista Luis Eduardo Assis, ex-diretor de política monetária do Banco Central. “Acho que houve uma subestimação dos efeitos da Operação Lava Jato, uma dificuldade de antever os desdobramentos da crise política e uma espécie de superestimava da capacidade do ministro Joaquim Levy de fazer um ajuste fiscal. Tudo isso gerou um otimismo que acabou não prevalecendo. As incertezas fizeram o dólar subir muito mais e o câmbio pressionou a inflação”, explica. 38 Por que é tão difícil ter um bom palpite sobre o futuro econômico do país? A resposta é simples para Assis. “Não há uma metodologia que assegure esses valores e o que os economistas fazem sempre é arriscar e muitos tendem a seguir os palpites da maioria”. Dos indicadores, a inflação seja talvez a mais fácil de prever para o próximo ano, sugere Assis. “Neste ano, tivemos um choque de câmbio e de energia elétrica na faixa de 50% o que pressionou o IPCA. Dificilmente, vamos ter uma nova desvalorização cambial, com um dólar a 6 reais por exemplo. Nem um novo aumento na conta de luz vai ser anunciado. Por isso, acredito que as previsões estão certas quanto à queda da inflação em 2016, mas falar em um valor exato é impossível”, explica. O economista chefe do banco Santander, Mauricio Molan, acredita que os erros das previsões são comuns devido aos fatores surpresas ao longo do ano. “Em 2015 o erro veio particularmente da diferença entre a teoria e a prática”, diz. No fim do ano passado, a meta de superávit primário (economia para pagamento da dívida pública) era de 66,3 bilhões de reais e acabou sendo cortada pela metade, agora em dezembro, quando o Planalto fechou uma proposta 30,5 bilhões de reais. No papel, segundo o economista, Joaquim Levy entrou no Ministério da Fazenda para fazer um ajuste agressivo, colocar a dívida do país em uma trajetória estável e preparar o terreno para 2016 de retomada de crescimento. “Mas as dificuldades enfrentadas por Levy, a recessão mais profunda e a crise política instaurada que gerou uma falta de coalizão frustraram as expectativas deste ano. O próprio ajuste de câmbio foi decorrência desse impasse político”, explica. A divergência, maior que a habitual, entre as previsões entre o início e o fim do ano se deu em grande parte pela perda de credibilidade no rumo da economia brasileira e a queda de popularidade da presidenta Dilma Rousseff, opina Fernando Sampaio, economista da LCA. “O investidor perdeu a confiança, sabíamos que seria um ano ruim, mas acabou sendo catastrófico”, diz. Sampaio também avalia que os desdobramentos da Lava Jato pesaram na queda do PIB. “Ela travou o setor de construção e todos os principais players também ficaram travados, emperrando o crédito também”. “A operação foi um ingrediente a mais de um processo maior que é a crise política”, explica. Se não bastasse a maré de más notícias ao logo do ano, a cereja do bolo chegou no apagar das luzes de 2015 com a notícia do rebaixamento da nota 39 do Brasil pela agência Fitch. Ela foi a segunda das três grandes agências de risco a tirar o grau de investimento do Brasil, o que pode significar uma provável saída de recursos investidos no Brasil, já que alguns fundos de investimento exige o selo de pelo menos duas agências para manter suas aplicações. Poucos dias depois após o rebaixamento, Joaquim Levy, deixou o cargo de Ministro da Fazenda e no seu lugar assumiu Nelson Barbosa, criando ainda mais incerteza sobre o cenário econômico. Para 2016, as últimas projeções revelam que a economia brasileira ainda manterá uma trajetória bem negativa. O Banco Central, que costuma ter uma previsão mais otimista fala em uma queda de 1,9% da atividade econômica, enquanto os analistas de mercado financeiro desenham um tombo bem maior de 2,8% a 3% do PIB. Já os preços devem ceder um pouco e a inflação deve baixar para 6,2%, segundo o BC. O câmbio deve se manter acima dos quatros reais. No entanto, o que a história nos mostra é que todos esses valores são mera especulação. Se fizer previsões para o próximo mês, em meio às incertezas da crise política econômica e brasileira, já é tarefa árdua para os economistas, imagine para todo o ano. “Temos projeções muito mais pessimistas que as dos últimos tempos para 2016. Talvez, os economistas errem todos outra vez e o próximo ano seja melhor que o esperado”, diz Assis. Tomara.4 4.11 Risco de País Risco-país é um indicador utilizado para orientar os investidores estrangeiros a respeito da situação financeira de um mercado emergente. Precisamente, o risco- país é denominado EMBI+ (EmergingMarkets Bond Index Plus), sendo calculado por bancos de investimento e agências de classificação de risco. Tal termo foi criado pelo banco J.P.Morgan, em 1992, para poder orientar seus clientes sobre o direcionamento de seus investimentos, evitando aqueles países em que o risco de ocorrer uma crise financeira é maior. Para calcular o índice, os bancos levam em conta vários fatores, como o nível do déficit fiscal, o crescimento da economia, a relação entre arrecadação e a dívida de um país, as turbulências políticas, etc. Em outras palavras, o risco-país mostra a sobretaxa que um investidor está correndo o risco de pagar em relação ao 4 Extraído: El País Economia por: Heloísa Mendonça – Economia no Brasil brasil.elpais.com 40 rendimento dos papéis da economia americana, uma vez que esta é considerada a mais solvente do mundo. O índice é calculado em pontos básicos, onde cada ponto corresponde 0,01 ponto percentual de prêmio acima do rendimento dos papéis da dívida dos EUA. Se o risco-país do Brasil for 200, por exemplo, isso significa que os estrangeiros “merecem” um prêmio de 2 pontos percentuais de rendimento acima do que paga um igual papel americano. Ter um EMBI+ com altos pontos pode significar a repulsão de investimentos estrangeiros em um país, provocando grandes prejuízos na economia, uma vez que estes investimentos são essenciais para o desenvolvimento dos mercados emergentes. O investimento internacional é uma ótima maneira de diversificar qualquer carteira de ações. Mas investir na Itália ou na Nigéria não é o mesmo que investir nos Estados Unidos, por exemplo. O risco país é uma expressão criada para se referir aos riscos econômicos ou políticos de um país que possam afetar seus negócios e resultar em perdas nos investimentos feitos nas empresas deste país. Neste artigo, vamos dar uma olhada em quão rapidamente e facilmente medir e analisar o risco país. Medir o risco de um país pode ser um esforço complicado. Das leis fiscais à agitação política, os investidores têm de levar centenas, se não milhares, de diferentes fatores em consideração. Por exemplo, movimentos sólidos, comoum aumento das taxas de juros pode ajudar muito as empresas de um país e também o mercado de ações. Mas mesmo um comentário simples de um político proeminente insinuando planos para o futuro pode ter tão grande impacto. Analisando o Risco País Há muitas maneiras diferentes de analisar o risco de um país para se fazer investimentos. Desde o coeficiente beta para ratings soberanos, os investidores têm uma série de diferentes ferramentas à sua disposição para fazer esse tipo de análise. Os investidores internacionais geralmente utilizam uma combinação destas técnicas, a fim de determinar o risco de um país, bem como o risco associado ao investimento internacional e a segurança desses investimentos propriamente ditos. Existem alguns métodos que os especialistas utilizam para calcular e avaliar o risco de se fazer investimentos em um país: 41 Análise Quantitativa: O uso de estatísticas e cálculos para determinar o risco de investimentos em um país são dados como a relação da dívida com o PIB de um país, ou o coeficiente beta do índice MSCI para se determinar o índice de risco de um investimento em um determinado país. Os investidores internacionais podem encontrar essa informação em relatórios de agências de classificação, em revistas especializadas como a “The Economist”, e através de várias fontes online como a Wikipedia, por exemplo. Análise Qualitativa: O uso de análise subjetiva é também um meio de se determinar o risco, tais como notícias de última hora sobre o cenário político e as opiniões ou rumores de mercado que sejam realistas também são levados em conta para analisar o risco de investimentos em um determinado país. Os investidores internacionais podem encontrar este tipo de informação relevante em publicações financeiras especializadas, como “The Economist” e “The Wall Street Journal”, bem como pesquisando em agregadores de notícias internacionais, como o Google News. Entretanto, a maneira mais comum que os investidores utilizam o risco país é através dos chamados ratings soberanos. Ao levar em consideração esses fatores quantitativos e qualitativos, as agências de classificação para emissão de crédito de cada país e fazem para os investidores uma maneira fácil de analisar o risco de investimento em um país. As três agências de classificações mais consultadas e que têm a melhor reputação no mundo, conforme vemos frequentemente em nossos jornais são a Standard &Poors, Moody Investidores e Fitch Ratings. Os investidores internacionais podem determinar o risco-país usando um processo simples, composto de três passos simples, como se segue: Verificação dos Ratings Soberanos: Olhar, analisar e classificar os ratings soberanos do país, baseados nos dados emitidos pelas agências de maior reputação do mercado, como a S & P, Moody e Fitch para conseguir um olhar com bastante consistência e base teórica para fazer uma análise a nível de investimentos do risco país. Leia as últimas notícias: Mantenha-se informado, na melhor quantidade de fontes. Pesquise pelo Google News ou outros agregadores de notícias internacionais para qualquer notícia 42 econômica que se trata um país, como uma forma de pesquisa qualitativa e um agregador de informações. Analise o risco da ação a tomar: Baseado em todas as informações que você coletou, determine o risco do investimento que precisa ser feito em específico, analisando bem os fatores quantitativos, como o coeficiente beta – um maior coeficiente beta equivale a um risco maior de investir o dinheiro. Fonte:economia.culturamix.com Só porque um país não tem uma boa qualificação e apresenta riscos a mais do que o outro, não significa que os investidores devem ignorar esse local para investimentos. Às vezes, o risco maior equivale a maiores retornos potenciais do investimento. Por exemplo, um país, estando em plena reforma econômica, pode ser mais arriscado naquele momento, mas o seu futuro, a longo prazo, pode ser brilhante, apresentando resultados finais muito satisfatórios. Os investidores internacionais podem, portanto, ainda incorporar risco em uma carteira diversificada, a fim de melhorar os retornos potenciais. 4.12 Risco de Crédito Risco de Crédito é a possibilidade de ocorrência de perdas associadas ao não cumprimento pelo tomador ou contraparte de suas respectivas obrigações financeiras nos termos pactuados, à desvalorização de contrato de crédito decorrente da deterioração na classificação de risco do tomador, à redução de 43 ganhos ou remunerações, às vantagens concedidas na renegociação e aos custos de recuperação. A Gestão do Risco de Crédito é responsabilidade de todas as unidades de negócios. São elas que, em suas operações diárias, assumem risco tendo em vista a rentabilidade dos seus negócios. Cabe a estas áreas aplicar as políticas, procedimentos, sistemas e modelos para a identificação, avaliação, decisão, mitigação e mensuração do risco de crédito, em todo o ciclo de crédito (pré-concessão, concessão, monitoramento, cobrança, recuperação e renovação do crédito). As áreas de controle de risco, para desempenharem suas funções, têm acesso irrestrito às políticas, procedimentos, sistemas e modelos das unidades de negócio. Gestão de Crédito A gestão de crédito é composta pelas etapas de: decisão, formalização, monitoramento e cobrança, adaptados ao perfil dos clientes e segmentos. Esse processo é operacionalizado e controlado por sistemas que possibilitam o acompanhamento contínuo da qualidade da carteira de crédito. Fonte:cmo.adv.br 44 Um desafio para você! Surge a necessidade de um investimento na empresa onde você trabalha. Os motores elétricos Standard estão com sua vida útil encerrada e deverão ser substituídos por novos. A fábrica não está utilizando sua capacidade total, mas existem tratativas para a entrada de uma nova encomenda, quando serão necessárias novas máquinas. A substituição ocorrerá sem colocar o caixa da empresa no negativo, caso entre este novo serviço. Mas se isto não ocorrer? Como analisar esta necessidade de investimento? Riscos e incertezas O conceito de risco pode apresentar diferentes sentidos, dependendo do contexto em que estiver inserido. De forma simples, podemos dizer que existe uma situação de risco quando as probabilidades dos resultados das decisões são conhecidas. Mas existem casos em que não se conhecem as probabilidades dos resultados que poderão acontecer. É como “dar um tiro no escuro”. Este caso é conhecido como uma situação de incerteza. Uma incerteza permite definir várias possibilidades, mas não probabilidades. Um exemplo bem simples de risco e incerteza pode ser a construção de uma termelétrica para operar com gás natural, cujo preço esteja atrelado a uma moeda estrangeira, como o dólar. Se o valor do dólar sofrer mudanças muito rápidas e de Fique ligado! Risco – situação que permite conhecer as probabilidades quanto aos resultados das decisões. Incerteza – situação em que não se conhece as probabilidades quanto aos resultados das decisões. 45 forma imprevisível, ou seja, comportar-se com muita incerteza, maior será o risco deste projeto. Voltando ao desafio E o caso dos motores que necessitam ser substituídos? Veja que existe uma incerteza sobre a entrada ou não de um novo serviço. Com isto surge o risco de se fazer a substituição dos motores e não ter dinheiro para pagar a dívida gerada. Se for diminuída a incerteza de este negócio ser ou não realizado, menor será o risco para fazer este investimento. Risco e incerteza são dois conceitos diferentes. Define-se como situação de risco aquela em que as probabilidades dos resultados das decisões são conhecidas e como situação de incerteza, quando estas não são conhecidas. Quanto mais incertezas houver em um
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