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Os lisossomos são organelas com características morfológicas e dimensões variáveis, delimitados por membranas de fosfolipídios, glicolipídios, colesterol e proteínas altamente glicosiladas (camada de açúcar grande fornece proteção). Possui hidrolases ácidas, que são enzimas que irão realizar a quebra do material que se adentrar na célula. Existem cerca de 40 tipos de hidrolases, como as nucleases (digestão de proteínas), proteases, glicosilases, lipases, fosfolipases, fosfatases, sulfatases, sendo, portanto, tecido-específicas. Além disso, possuem atividade ótima em pH ácido (4,5 – 5,0) como outro fator de proteção (se há extravasamento para o citosol, que tem o pH em torno de 7,0, as enzimas não agem). Estão presentes em todas as células animais, exceto em hemácias e ausentes em células vegetais. Nessas, o vacúolo substitui os lisossomos na digestão intracelular. FUNÇÃO Digestão intracelular (principal); o Eliminação de organelas (autofagia)/moléculas citoplasmáticas; o Degradação de material oriundo de endocitose. Na chamada via biossintética, hidrolases lisossômicas com oligossacarídeos N ligados (no RE) sofrem posterior adição de fosfato no resíduo de manose (no CG). Em seguida, esse produto de manose-6-fosfato, que é formado na rede cis do Complexo de Golgi é reconhecido por receptores de M6P na rede trans e é encaminhado aos endossomos. Para que isso aconteça, na membrana do Golgi existe o revestimento de clatrina para brotamento de uma vesícula. Sabe-se que o pH no CG é cerca de 6,5 – 6,7 e o do endossomo é cerca de 6,0 (menos ácido que o lisossomo ainda). Ao se fundir ao endossomo, a vesícula encontra um ambiente mais ácido e, por isso, ocorre a dissociação entre o receptor e a carga de M6P, havendo nesse endossomo primário a remoção do fosfato da proteína. Por que essa remoção é importante? Esse receptor, agora livre, brota uma vesícula que é transportada de volta para o CG, no transporte retrógrado por meio da COP1. Isso só é possível porque a acidez “segura” a enzima, permitindo que o receptor deixe a organela. LISOSSOMOS Figura 1: as proteínas transmembrana com açúcares (glicosiladas) na face luminal para proteção contra a ação enzimática; [H+] intralisossomal se deve às bombas de H+ transmembrana, que mantêm o pH ótimo para atividade enzimática bombeando prótons para dentro do lisossomo (mantém a diferença de Ph entre o lisossomo ácido e o citosol neutro). Obs. 1: Algumas enzimas (hidrolases), ao invés de se fundirem ao endossomo, se fundem à membrana plasmática, sendo, então, liberadas no meio extracelular. Isso não causa dano ao meio porque a enzima não se encontra em pH ótimo para sua atividade, no entanto, pode fazer falta dentro do endossomo que irá para o lisossomo (poucas enzimas podem causar algumas doenças). Quando isso acontece, a enzima pode ser captada de volta. O receptor pode se desviar para a MP ao invés de retornar ao CG, deixando sua porção reconhecedora da M6P voltada para o meio extracelular. Se há reconhecimento, acontece endocitose: formação de vesículas por meio de clatrina. Obs. 2: Algumas células possuem lisossomos que liberam seu conteúdo para o meio extracelular: a. Melanócitos produzem lisossomos (melanossomos) contendo pigmento melanina, os quais sofrem exocitose e liberam o pigmento que é captado pelos queratinócitos. O albinismo consiste em uma condição clínica na qual os lisossomos são incapazes de produzir o pigmento. b. Espermatozoides possuem a vesícula acrossomal, a qual contém muitas enzimas que precisam ser liberadas para digerir a zona pelúcida. c. Osteoclastos possuem lisossomos que liberam as enzimas para o meio extracelular para realizar a digestão da matriz óssea (remodelação óssea). Defeitos lisossomais são geralmente causados por defeitos nas hidrolases lisossomais. Esses defeitos, como a ausência de enzimas, gera um acúmulo de material dentro do lisossomo que não é digerido, o que perturba a organela, levando ao desenvolvimento de algumas doenças, conhecidas como doenças de armazenamento. Doença de Hurler: ∟ Deformações esqueléticas e um atraso no desenvolvimento motor e intelectual; ∟ Acumulação lisossomal de sulfato dermatano e sulfato de heparano principalmente em células relacionadas ao sistema cardiovascular e respiratório, prejudicando o desenvolvimento; ∟ Morte antes da adolescência. Doenças de inclusão: ∟ Formam corpos de inclusão dentro dos lisossomos que não são digeridos devido à ausência de enzimas; ∟ Deficiência na enzima N-acetilglicosamina- fosfotransferase (ausência de fosforilação da manose): se encontra na fase cis do CG, se não são marcadas com fosfato, as enzimas são secretadas ao invés de serem encaminhadas ao lisossomo; ∟ Enzimas lisossomais sofrem secreção constitutiva (altas concentrações no plasma); ∟ Acúmulo de partículas no lisossomo devido à ausência de enzimas formam corpos de inclusão → lesão tecidual; ∟ Anormalidades neurológicas e fisiológicas. Doença de Gaucher: ∟ Ausência de beta-glicosidade (digere o esfingolipídeo) leva ao acúmulo de esfigolipídeo ∟ Acomete principalmente o baço, fígado, pulmão, medula óssea, rins, SNC; ∟ Bem característico: a criança apresenta um abdome bem inchadinho, pois causa esplenomegalia; ∟ Terapia de reposição enzimática (TER): reposição da enzima para minimizar os efeitos. Doença de Tay-Sachs: ∟ Ausência de beta-hexosaminidase leva ao acumulo de gangliosídeo ∟ FATAL ainda na infância: perda progressiva das funções neuronais no SNC. Cistinose ou Síndrome de Fanconi: ∟ Doença autossômica recessiva: 1:100000 ou 200000; ∟ Acúmulo de cistina intralisossomal que causa a formação de cristais e consequentes lesões/ danos teciduais; ∟ Perda excessiva de sais, água e glicose (disfunção nos túbulos proximais); ∟ Insuficiência renal (2 a 10 anos de idade); Silicose: ∟ Característica de pessoas que trabalham em minas e em lugares com muita areia e pedras; ∟ Partículas de sílica aspiradas e acumuladas no lisossomo nos macrófagos pulmonares; ∟ Lisossomos não conseguem digerir toda a sílica, formando corpos de acúmulo, que levam à morte celular e lesão tecidual. Processo pelo qual as células eucariontes capturam fluidos, moléculas e até outras células (interiorização de material extracelular) por meio de invaginações ou evaginações da membrana plasmática e levam à formação de vesículas citoplasmáticas. Por esses motivos há sempre “consumo de MP”. Por que a membrana não encolhe? Existem vesículas de reciclagem, as quais voltam para a superfície após englobarem e entregarem o que foi endocitado e, além disso, existe a exocitose. O material endocitado não vai direto para o lisossomo, pois ele passa pela via endossomal: endossoma precoce → endossoma tardio → lisossomo. Endossomos precoces (pH 6,5): o pH é suficiente para separar receptor da carga; Endossomos de reciclagem: devolução de membranas para a superfície celular; Vesículas endossômicas carreadoras (EVC) contêm moléculas endocitadas; Endossomos tardios (pH 6,0) onde há início da digestão hidrolítica; Lisossomo (pH 5,0) possui enzimas hidrolíticas + material endocitado, mas não possui receptores de receptores M6P. Obs. 3: Algumas moléculas podem não seguir a via endocítica (aquela que termina nos lisossomos) e, portanto, não sofrem degradação, como na regulação do número de receptores na membrana (ex.: GLUT4). Existem receptores para a glicose, que fazem com que a glicose entre na célula, guardados dentro das células em vesículas endocíticas. A insulina, então, faz eles se fundirem na MP e, na ausência dessa insulina eles voltam para vesículas Compartimento endossômico: conjunto de túbulos de diferentes tamanho e formas que se estende desde a periferiado citoplasma até proximidades do CG e núcleo; bombas de H+ causam acidificação progressiva das cisternas. DESTINOS POSSÍVEIS DE ESTRUTURAS RECEPTORAS ENDOCITADAS I. Reciclagem: devolvidos ao mesmo domínio de membrana; II. Degradação: lisossomos (regulação de número de receptores celulares); III. Transcitose: transportados para outro domínio de membrana, como na absorção de anticorpos por recém-nascidos: no processo de amamentação, no leite materno tem anticorpos. Em resumo, “vem de um lugar e é transportado para outro”. Obs. 4: Transferência de membranas endocitadas para o interior do lisossomo: formação de CORPOS MULTIVESICULARES (essencial para a completa digestão das proteínas de membranas endocitadas, pois os domínios citosólicos das proteínas transmembrana não seriam hidrolisados. PINOCITOSE A pinocitose é basicamente definida como o “beber celular”, que se constitui na ingestão de fluidos e sólidos de pequeno diâmetro, formando vesículas pinocíticas de até 100nm de diâmetro. Trata-se de um processo constitutivo e inespecífico, com formação de fossas revestidas por clatrina. Quando há ausência dessa proteína, proteínas estruturais chamadas calveolinas são as responsáveis pelo processo de invaginação, formando os calvéolos. Em vasos sanguíneos, por exemplo, as vesículas de pinocitose estão presentes porque as moléculas precisam ser absorvidas e encontram dificuldade para atravessar as paredes dos vasos (acontece a transcitose). Obs. 5: Macropinocitose se trata da internalização de patógenos, bactérias, vírus e protozoários, receptação de neurotransmissores/receptores, nutrição de células cancerosas. Nela há emissão de partes da membrana. Essas protusões servem para capturar partículas, orientadas por filamentos de actina. ENDOCITOSE MEDIADA POR RECEPTOR Na endocitose mediada por receptores existe uma captação eficiente de macromoléculas do fluido extracelular, pois existem proteínas receptoras transmembrana localizadas em fossas revestidas de clatrina. Existem vários exemplos dessa via, como a internalização do LDL, a hipercolesteromia familiar (HF), a absorção de ferro pelo organismo e a entrada do vírus HIV na célula. Na hipercolesteromia familiar, mutações no gene do LDLR (receptor de LDL) podem levar à ausência do receptor, redução da afinidade com LDL, enovelamento não adequado e a defeitos no processo de endocitose. Esse problema leva ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares precocemente e pode, também, levar ao ataque cardíaco fatal antes dos 20 anos. FAGOCITOSE Fagocitose se trata, basicamente, do “comer celular”. Nesse processo há ingestão de grandes partículas e formação de um vacúolo ou de vesículas chamadas fagossomos (>250nm de diâmetro). Para isso, existem células especializadas, diferentemente da pinocitose, que são as células de defesa do organismo, como macrófagos e neutrófilos. Na fagocitose há a internalização de organismos invasores, células em apoptose ou até mesmo outras células, formando o fagossomo (depende da reorganização dos filamentos de actina). Único mecanismo apropriado que remove organelas inteiras ou grandes agregados proteicos dentro das células. A dupla membrana que envolve a organela tem origem, provavelmente, no RE. Organelas obsoletas ou senescentes Estresse celular Proteínas citosólicas solúveis Baixa disponibilidade de nutrientes Desenvolvimento embrionário Protozoários: alimentação; Macrófagos e leucócitos: microorganismos invasores, remoção de células mortas ou defeituosas. Exocitose consiste na fusão de vesículas com a MP, liberando seu conteúdo para o meio extracelular. As vesículas deixam a TGN (rede trans do Golgi) e partem por duas vias: VIA CONSTITUTIVA Proteínas e lipídeos de membrana: novos componentes para a MP (receptores, transportadores, canais iônicos) ajudam no crescimento das células. Proteínas solúveis: secreção no ambiente aquoso extracelular (enzimas digestivas, hormônios, proteínas séricas, colágeno). VIA REGULADA Células secretoras produzem e armazenam seu produto em vesículas de secreção, mas há necessidade de sinal extracelular para a exocitose. Participam dessa via alguns hormônios e enzimas. No processo de exocitose, principalmente a controlada, acontece uma concentração da carga. Vesículas secretoras imaturas sofrem remoção de membranas e acidificação do lúmen vesicular para formação de vesículas secretoras maduras, onde há concentração de carga para que o processo seja mais efetivo. Por que a exocitose é importante? Além da função secretora: processos que envolvam a modificação do tamanho da membrana plasmática, fagocitose por emissão dos pseudópodes, processos de lesão e celularização.
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