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trabalho processual penal

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ROTEIRO DOS ATOS TRIBUNAL DO JÚRI - 2 ° FASE
1 - CONFERÊNCIA DAS 25 CÉDULAS. Para constar na ATA, sua conferência.
Art. 462. Realizadas as diligências referidas nos arts. 454 a 461 deste Código, o juiz presidente verificará se a urna contém as cédulas dos 25 (vinte e cinco) jurados sorteados, mandando que o escrivão proceda à chamada deles.
2 - CHAMADA DOS JURADOS
Chamada realizada pelo escrivão. À medida que forem chamados, os jurados devem responder “presente."
3 – INSTALAÇÃO DA SESSÃO 
Verificado número mínimo legal de jurados (15) e sorteados os suplentes, o juiz determina colocar as cédulas dos jurados sorteados em urna separada, e declara-se aberta a sessão:
4 – JURADOS FALTOSOS SEM JUSTIFICATIVA 
É aplicado uma multa, na qual o valor da será de um a dez salários-mínimos, a critério do juiz e de acordo com a situação econômica do jurado.
5 - ANÚNCIO DO PROCESSO
Anúncio feito pelo próprio juiz sobre o processo que será submetido a julgamento (art. 463, caput).
6 – PREGÃO
Pregão realizado por funcionário investido, preferencialmente oficial de justiça (art. 463, § 1º).
Art. 463, § 1º. O oficial de justiça fará o pregão, certificando a diligência nos autos.
7 - RECOLHIMENTO DAS TESTEMUNHAS
Art. 460. Antes de constituído o Conselho de Sentença, as testemunhas serão recolhidas a lugar onde umas não possam ouvir os depoimentos das outras
08 - ADVERTÊNCIA AOS JURADOS
Antes de sortear os 7 jurados, o juiz faz advertência aos jurados, alegando os casos em que não poderão servir no mesmo conselho de sentença. (Arts 448 e 449 – CPP. 
09 – ADVERTÊNCIA AOS JURADOS SOBRE INCOMUNICABILIDADE
O juiz presidente adverte ainda, sobre a incomunicabilidade, alegando que os jurados não poderão comunicar-se com outras pessoas nem manifestar sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do conselho e pena de multa de 1 a 10 salários-mínimos.
Art. 466, § 2º A incomunicabilidade será certificada nos autos pelo oficial de justiça.
E que os jurados, conforme art. 466, § 1º, poderão sempre dirigir a palavra ao juiz.
10 – CONFERIR AS CÉDULAS REFERENTES AOS JURADOS PRESENTES.
11 - CONSTITUIÇÃO DO CONSELHO DE SENTENÇA
· Realizar-se-á, o sorteio feito pelo próprio juiz (art. 467).
· Ler o nome de cada jurado e perguntar às partes, primeiro à defesa depois à acusação, se aceitam e, se não dispensado, (art. 468).
· Cada parte poderá recusar até 3 imotivadamente.
· Se forem dois ou mais acusados, as recusas poderão ser feitas por um só defensor (art. 469, caput).
12 - COMPROMISSO DO CONSELHO DE SENTENÇA (JURAMENTO)
· Chamar os jurados pelo nome cada um de uma vez e perguntar se prometem. Os jurados respondem: "Assim o prometo!". (art. 472)
· Logo depois, dispensam os jurados não sorteados para o conselho de sentença. 
13 – ENTREGA DE CÓPIA DE RELATÓRIO E DOCUMENTOS AOS JURADOS
Entregar aos jurados, nesse momento, cópias da decisão de pronúncia e de posteriores decisões que julgaram admissível a acusação, assim como cópia escrita do relatório a respeito do processo. (art. 472, parágrafo único).
14 - INSTRUÇÃO
Obs.1: Ordem: testemunhas de acusação e defesa, e ofendido
14. 1 – OITIVA DAS TESTEMUNHAS
Se as partes quiserem ouvir testemunhas, os jurados são avisados de que poderão fazer perguntas ao ofendido e às testemunhas por intermédio do juiz-presidente. O juiz pergunta ao promotor, à defesa e aos jurados se desejam alguma acareação, reconhecimento de pessoas e coisas, e esclarecimento de peritos. (art. 473, § 3º),
15 – LEITURA DE PEÇAS PROCESSUAIS
Somente as que se refiram a provas colhidas por carta precatória e às provas cautelares, antecipadas ou não repetíveis (art. 473, § 3º).
Art. 473, § 3º As partes e os jurados poderão requerer acareações, reconhecimento de pessoas e coisas e esclarecimento dos peritos, bem como a leitura de peças que se refiram, exclusivamente, às provas colhidas por carta precatória e às provas cautelares, antecipadas ou não repetíveis.
16 – INTERROGATÓRIO DO RÉU
Advertência ao réu de que tem o direito constitucional de permanecer calado, mas se trata do momento próprio de dar a sua versão dos fatos às pessoas que irão proferir o julgamento. O juiz faz as perguntas diretamente ao réu, e indaga, indaga ao promotor, à defesa e aos jurados se querem fazer alguma pergunta ao réu.
17 – DEBATES
Com a palavra, o promotor terá uma hora e meia para a acusação.
Em seguida, é dada a palavra ao defensor que terá uma hora e meia para a defesa. 
Réplica - Terminados os debates iniciais, o juiz perguntará à acusação se vai usar a faculdade da réplica. Se afirmativo, o prazo será de uma hora (ou duas horas, sendo mais de um réu).
Tréplica - Finda a réplica, o juiz indagará à defesa se vai usar da faculdade da tréplica. (uma hora, ou duas, sendo mais de um acusado)
18 - QUESITOS
O juiz passa a ler os quesitos que serão postos em votação. (Art.483 -CPP).
O promotor, o defensor e os jurados recebem uma cópia dos quesitos. 
Após ler os quesitos, o juiz indagará à acusação e à defesa se há algum requerimento ou reclamação a fazer, e se os jurados querem alguma explicação sobre os quesitos. 
Se não houver nenhum pedido de explicação, o juiz convida os jurados, o escrivão, o promotor de justiça e o defensor a se dirigirem com ele à sala secreta.
19 - SALA SECRETA
O juiz adverte as partes de que não será permitida qualquer intervenção que possa perturbar a livre manifestação do Conselho, sob pena de ser retirada da sala a pessoa que se comportar inconvenientemente. Após a votação, o juiz diz aos jurados que está encerrada a incomunicabilidade e que vai proferir a sentença.
20 - SENTENÇA
Após o encerramento da votação na sala secreta, o juiz lavrará a sentença. 
Os jurados tomarão seus lugares, e, com todos os presentes, o juiz, após pedir a todos que fiquem de pé, lerá a sentença. 
Terminada a leitura da sentença, o juiz encerra a sessão com as seguintes palavras: “Agradeço aos senhores jurados a presença e o cumprimento do dever. Os senhores jurados estão dispensados. Agradeço também ao Dr. Promotor de Justiça, ao Dr. Defensor e aos serventuários da Justiça aqui presentes”. 
Finalmente o juiz dirá: “Declaro encerrada a sessão”.
RELATÓRIO DA AUDIÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI – AÇÃO PENAL - HOMICÍDIO SIMPLES NA FORMA TENTADA
	A sessão aconteceu na 1ª Vara do Tribunal do Júri da comarca de Campo Grande, na Sala do Tribunal do Júri do Fórum local, pelo Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso do Sul, na presença do Juiz de Direito, Presidente da sessão: José de Andrade Neto, Promotor de Justiça: Bolivar Luis da Costa Vieira, Advogado de defesa: Carlos Olímpio de Oliveira Neto, Réu: Thiago Augusto Garcia Watanabe, Vítima: Márcio Ferreira dos Santos.
	O juiz que presidiu a sessão, José de Andrade Neto, iniciou a sessão, solicitando ao oficial de justiça a realização da chamada dos jurados presentes, com o comparecimento do número mínimo de jurados exigido, o juiz então declarou instalada a sessão do Tribunal do Júri, e aplicou multa no valor de uma salário-mínimo aos jurados que faltaram, posteriormente o anúncio feito pelo próprio juiz sobre o processo que seria submetido a julgamento, mencionando Thiago Augusto Garcia Watanabe, como o acusado, pela prática de Tentativa de Homicídio Simples, tipificado no artigo 121 “Caput” c/c, artigo 14, Inciso, II do CP, o próximo ato do juiz foi determinar o recolhimento das testemunhas em salas diferentes, para garantir a incomunicabilidade. Logo após, o juiz advertiu os jurados, deixando expresso casos em que não poderão servir no mesmo conselho de sentença. (Arts 448 e 449 – CPP) e prosseguiu com o sorteio para constituição do conselho, os nomes sorteados o juiz leu em voz alta, perguntando às partes, primeiro à defesa depois à acusação, se aceitavam a pessoa no conselho, após formado o conselho o juiz chamou os jurados pelo nome cada um de uma vez e realizando o juramento, os jurados estenderam a mão direita e responderam: "Assim o prometo!". (art. 472), e seguidamente foram dispensam os jurados não sorteados, distribuindo ao conselho cópia dos autos.
O próximo passo foi a instruçãodo processo que começou com a oitiva das testemunhas, a primeira testemunha a ser ouvida foi Marcos André de Lima, amigo de infância do acusado, que relatou em seu depoimento que no dia do acontecido ele encontrou o acusado na esquina da casa deste, com um aspecto de nervoso e que preocupado com o falecimento recente da mãe de Thiago, parou para conversar perguntando o que tinha acontecido, o acusado então disse que havia brigado com ex marido de sua namorada e que acertou um banco em sua cabeça, mesmo com um aspecto nervoso Marcos não viu nenhuma arma de fogo com o acusado, e que não ouvi disparos pois teria ouvido se tivesse tido. A segunda testemunha foi a atual esposa do Acusado chamada Valquíria Mendes que relatou que o acusado contou a ela que possuía um relacionamento com Cecília Renata Gomes e que brigou com o ex marido Márcio, e acertou um banco na cabeça dele para se defender. Valquíria disse que solicitou medidas contra o atual marido, porque estava com raiva dele porque não aceitava a gravidez e não por atos de violências, pois o relacionamento do casal sempre foi tranquilo e o acusado é um homem trabalhador e que possui uma filha com ele. A terceira testemunha foi Cecília a ex namorada do acusado Cecília Renata, relatou que no dia do acontecido ela mais Thiago estava em uma lanchonete próximo a sua casa, quando a vítima passou pela rua ameaçando o casal de morte, e que saíram da lanchonete passaram em sua casa para avisar o pai que iria para casa da mãe do acusado passar a noite por causa das ameaças da vítima, ao descer da moto e entrar em casa Cecília viu Márcio, saindo pra fora viu que os dois estavam discutindo, então pegou suas filhas que ali estava devido o barulho, quando olhou viu que a vítima tinha colocado a mão na cintura, e então o acusado arremessou um banco na cabeça da vítima, Cecília então saiu correndo para dentro com as crianças, e ao sair para fora não viu mais ninguém, pois Thiago havia saído de moto e Márcio correndo em sentido sua casa. Cecília ainda relatou que Márcio sempre foi usuário de drogas e que depois da separação ele sempre a ameaçava e que ao saber que ela estava com Thiago, Márcio começou a ligar no telefone de Cecília de dentro do presídio fazendo ameaças, e que seu relacionamento com o acusado sempre foi tranquilo, e que na delegacia disse que ouviu disparos porque estava com medo de ficar presa e perder a guarda de suas filhas.
Encerrada a oitiva das testemunhas o Juiz presidente do Tribunal do Júri, chamou o acusado, advertiu sobre o direito constitucional de permanecer calado, afirmando que se trata do momento próprio de dar a sua versão dos fatos às pessoas que irão proferir o julgamento e então deu início ao seu interrogatório.
Em seu interrogatório o acusado relatou que apesar de ter um relacionamento tranquilo com Cecília, o seu ex marido Márcio atrapalhava muito o relacionamento com ameaças, como ele já havia feito em todos os outros relacionamentos dela, que no dia do acontecido o casal estava em um lanchonete entre as 22:30 e 23:00 horas, quando a vítima passou gritando seu nome e o ameaçando, o casal então decidiram termina o lanche, passar na casa de Cecília e ir para a casa da mãe de Thiago, ao chegar na casa de Cecília, a vítima estava chegando com seu amigo Vagner, com voz alterada dizendo que queria ver as filhas, o acusado então pediu a vítima para ir embora pois não queria nenhuma confusão, a vítima alterada disse que Thiago havia tomado sua família e que queria sim confusão levando a mão na cintura, o acusado então pegou um banco e acertou na cabeça da vítima, que saiu correndo mais seu amigo Vagner e dizendo que ia se vingar, Thiago então com medo da ameaça da família da vítima, saiu de moto para casa de um amigo, ligando depois para Cecilia dizendo que estaria bem. O acusado ainda relatou que o único problema com a polícia foi o tráfico de drogas em 2010, que era usuário mais hoje não faz mais uso, e que no dia não tinha usado droga. Relatou ainda, disse ainda que a procura dos policiais por uma arma de fogo, foi por conta das invenções da própria família da vítima, e após o ocorrido não ia mais na casa de sua ex namorada porque não a amava mais, justamente por isso devido à falta de contato não fez um BO contra as ameaças 
	Com o término do interrogatório deu-se início aos debates, com o Ministério Público que procedeu com à leitura de algumas partes de depoimentos realizados na delegacia e na própria instrução. O promotor então conta a versão dos fatos aos olhos do MP e da Polícia, dizendo que vítima era um cidadão que incomodava muito a ex esposa e mãe de suas duas filhas, ameaçando-a e seus companheiros. No dia do acontecido o acusado estava em uma lanchonete com Cecília, quando a vítima passou pela rua e o ameaçou, mais tarde com pretexto de ver as crianças passou na porta de seu vizinho Vagner e o chamou para ir até a casa de Cecilia, ao chegar na porta, houve uma discussão, e que então Thiago entrou dentro de casa pegou uma arma e disparou contra a vítima, pegando um tiro na cabeça de Márcio, um no portão do vizinho e outro no boné de Vagner. Márcio e seu amigo então, saíram correndo e o acusado fugiu sumindo a arma utilizada no crime. O MP, debateu acerca do depoimento da vizinha que ouviu um barulho no portão e saiu para fora, e com isso percebeu uma movimentação na porta da casa de Cecília, e que na manhã seguinte soube por comentários que o acusado havia efetuado disparos de arma de fogo contra Márcio e seu amigo e que seu portão ainda está danificado. O MP relatou que no depoimento da tia da vítima, ela ouviu disparos sai para ver o que era e viu seu sobrinho caído no chão e que o pai da vítima pegou e o levou, realizando os curativos. O MP leu ainda o depoimento do amigo da vítima Vagner, que afirmou que Thiago disparou a arma de fogo contra Márcio e que um dos tiros atingiu seu boné e um atingiu o portão do vizinho, além de confirmado pelo Policia Militar em seu depoimento uma ocorrência de tentativa de homicídio no endereço da casa de Cecília, no dia do ocorrido. A leitura do depoimento do senhor Domingos Pai da vítima afirma que ele ouvido 4 disparos de arma de fogo e logo foi ao local e encontrou seu filho caído no chão próximo aos trilhos, mostrando aos jurados 
fotos do portão da vizinha, as fichas criminais da vítima e do acusado conclui que Márcio não é um cidadão exemplo, mas que Tiago também tem problemas com a lei. Indagando aos jurados sobre acreditarem em ter havido ou não disparos de arma de fogo e se Márcio iria agredir a vida de Tiago na casa de Cecília logo na frente de suas filhas, e conclui seu debate dizendo que o MP requer que o júri condene o acusado nas penas do artigo 121 c/c art. 14, II do CP. 
	Após o ministério público debater, começa o debate da defesa, que começa dizendo se tratar de um caso de legítima defesa, pois Márcio teria chamado o amigo Vagner para intimidar e provavelmente bater em Thiago. Dizendo que os laudos apresentados não materializam disparo de arma de fogo, alegando que Cecilia só mentiu que ouviu os disparos por medo de perder a guarda das filhas. Além disso a intenção a vítima não era de ver suas filas, uma vez que chamou Vagner que não teria motivo para ir com ele, e que não ouve disparos pois não havia sangue humano no boné da vítima, dessa forma, o promotor toma a palavra e acusação e defesa debatem acerca do assunto. A defesa então alega que não há como provar que as marcas no portão foram devido aos disparos, visto que não houve realização de perícia, dizendo que vai trabalhar apenas com a prova técnica, fática e por último com a desclassificação alegando ser apenas uma lesão corporal, pois não a prova técnica que demonstre o crime de homicídio tentado, e que se não é possível provar a materialidade e autoria do crime na dúvida absolve o acusado e a defesa ainda entende que o acusado está acobertado pela legítima defesa e que se o júri não entender assim, desqualificar o homicídio tentado pela lesão corporal leve. Encerra dizendo que sua tese é da absolvição oudesqualificação e diz acreditar em sua inocência.
O juiz então dá o direito a réplica ao MP, porém ele nega e assim se encerra a fase dos debates.
Terminado os debates, se realizou a leitura dos quesitos aos jurados pelo juiz, ouve a votação e o juiz então faz a leitura da sentença, do caso submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri, onde os jurados acolheu a tese defensiva de ausência de materialidade de tentativa de homicídio de modo que o acusado foi absolvido.

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