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Faculdade CNEC Varginha Portaria nº 1.143 – D.O.U 13/09/2012 (Recredenciamento da IES) Portaria nº 265 – D.O.U. 04/04/2017 (Reconhecimento do Curso de Direito da IES) Rua Professor Felipe Tiago Gomes, 173, Vila Bueno, Varginha (MG), CEP 37006-020 (35) 3690-8900 TRABALHO ACADÊMICO AV-2 Direito Processual Penal I Professor: Ms. Gustavo Adolfo Valente Brandão Aluna: Samanta Luz Lemes VARGINHA 2020 – 2º Semestre Trabalho AV-2 1. Conceitue Jurisdição. No nosso sistema jurídico atual, o juiz além de julgar (dizer o direito) detém de mecanismos para tornar factível o teor de sua sentença, isto é, nosso sistema não só diz o direito como também o executa. Segundo Marcelo Abelha, a jurisdição é a “função do Estado de, quando provocado, substituindo a vontade das partes, e mediante um processo democrático e justo, reconhecer e efetivar a tutela jurisdicional realizando assim a paz social”. Simplificando a definição do Marcelo Abelha, poderíamos dizer que a jurisdição é a função do Estado de dizer quem tem razão em um conflito, para que isso ocorra é preciso que uma das partes vá até o Juiz solicitar a proteção de seu direito, dessa forma instaurar-se-á um processo, que nada mais é do que uma concatenação de atos na finalidade de verificar quem tem razão. 2. Quais os princípios de regência da jurisdição e em que consistem? Princípio do Juiz Natural: O Princípio do juiz natural veda a criação de tribunal de exceção, bem como, determina que o juiz deve ser competente para julgar, ou seja, ele deve ter a atribuição legal para julgar aquela matéria e pessoa naquele local. Princípio da investidura: Para a jurisdição ser exercida é necessário que alguém seja investido na função. A investidura ocorre através de concurso público de provas e títulos, em observância a CF/88.Contudo essa regra não é absoluta tendo algumas exceções, por exemplo, a escolha dos Ministros do STF ou ingresso nos tribunais pelo quinto constitucional, feitos que independem de concurso público. Princípio da indelegabilidade: A atividade jurisdicional é indelegável, somente podendo ser exercida, pelo órgão que CF/88 estabeleceu como competente. Assim sendo, após o processo ser recebido por um Juiz, ele não poderá delegar o julgamento a terceiro ou outro juiz. Princípio da inevitabilidade: A lide, uma vez levada ao judiciário, não poderá às partes impedir a decisão do juiz. Existindo uma decisão as partes devem cumpri-la, independente da satisfação das partes sobre ela. Princípio da inafastabilidade: Esse princípio aduz que toda lesão ou ameaça de direito não poderá ser afastada do conhecimento do Poder Judiciário. Entretanto existe uma exceção a qual se refere às questões da justiça desportivas, onde há a necessidade do esgotamento das vias administrativas desportivas para a lide seja levada ao Judiciário. Princípio da inércia: As partes devem provocar a jurisdição, pois ela não age de ofício. Exceção: inventário. Esse princípio é considerado também uma característica da jurisdição. Princípio da aderência ao território: A jurisdição adotará uma base territorial e será aplicada nessa base. Atenção, existem tribunais que sua aderência será em todo o território nacional como o STF. 3. Arrole as características da jurisdição, detalhando cada uma delas. Substitutividade: O magistrado, substituirá as vontades das partes, aplicando o bom direito, ou seja, a vontade Estatal que foi positivado, através da lei que emana do povo. Imparcialidade: O poder jurisdicional e decorrente da lei e não de critérios subjetivos, assim sendo, para a perfeita aplicação do direito é necessário que os membros pertencentes do Poder Judiciário atuem com imparcialidade, desprovidos de qualquer interesse particular sobre a lide. Lide: Trata-se do conflito de interesse. Uma das partes tem uma pretensão, ou seja, um desejo, que é resistido por outra parte, nascendo um conflito de interesse. Monopólio: Somente, um órgão no Brasil possui o poder jurisdicional, o Poder Judiciário. Essa regra não é absoluta, existem várias exceções como a arbitragem. Inércia: A jurisdição deve ser provocada pelas partes para que ela se manifeste, ou seja, não se move por si só, de ofício. Unidade: Apesar do amplo território brasileiro, a jurisdição é una. Isso quer dizer que o mesmo direito é aplicado de forma uniforme em todo o Brasil. As divisões específicas por matéria ou território, são separações administrativas, feitas de cunho organizacional. Definitividade: As decisões que surgem em decorrência do poder jurisdicional, tem uma capacidade tornarem imutáveis, o que é chamado de coisa julgada. Tal fato, ocorre somente após o transcurso de toda fase recursal respeitando o princípio do duplo grau de jurisdição. 4. Em que consiste a competência? Em que ela se distingue da Jurisdição e qual a sua relação com esta última? Há uma diferença entre Jurisdição e Competência. A primeira é função do Estado, decorrente de sua soberania encarregada de resolver os conflitos, na medida que estes se lhes são apresentados. A jurisdição é uma das formas de exercício do poder do Estado: a jurisdição é una. A atividade jurisdicional pressupõe a necessidade de organização e de divisão de trabalho entre os membros que integram o Poder Judiciário, fazendo com a que aquela atividade seja distribuída entre diversos órgãos, a partir de alguns critérios. E, por competência, entendemos o instituto que define o âmbito de exercício da atividade jurisdicional de cada órgão desta função encarregado. Nesse entender, quando se atribui através de normas de competência, que a determinado órgão do Judiciário cabe exercer a jurisdição, este o faz integralmente, plenamente, enquanto órgão jurisdicional e não como agente. A norma de competência é atribuída ao órgão e não a pessoa do juiz. Em realidade, todos os agentes têm jurisdição: o que as normas de competência fazem é determinar em que momento e sob que circunstâncias devem praticá-la. 5. Quais são os critérios legais de fixação da competência no processo penal? Resposta justificada. O Código de Processo Penal (CPP), discrimina nos incisos de seu artigo 69 os critérios para fixação de competência, sendo eles: I – o lugar da infração; II – o domicílio ou residência do réu; III – a natureza da infração; IV – a distribuição; V – a conexão ou a continência; VI – a prevenção e a VII – prerrogativa de função. 6. Há alguma ordem lógica a ser seguida para a fixação da competência, considerando-se a existência de várias espécies de competência? Esclareça. Sim. A fixação legal da competência atravessa três etapas, cuja ordem lógica implica uma gradativa especialização: em primeiro lugar, a definição da Justiça competente; em segundo lugar a fixação do foro competente e, por fim, a indicação do juízo competente. 7. Em que consiste a competência ex ratione loci? Trata-se de competência absoluta ou relativa? Esclareça. É relativa. É a competência em razão do domicílio das partes, do lugar da coisa, da prática do ato jurídico, da realização do negócio ou de sua execução. 8. Em que consiste a competência ex rationepersonae? Trata-se de competência absoluta ou relativa? Esclareça. É absoluta. Se um cidadão comum praticar um ou mais crimes, em conluio com um parlamentar, o foro competente para o processamento e julgamento da ação será o foro privilegiado, definido em razão da prerrogativa de função. 9. Em que consiste a competência ex ratione materiae? Trata-se de competência absoluta ou relativa? Esclareça. É absoluta. É determinada em razão da matéria, ou seja, de acordo com a natureza da infração penal praticada. 10. Quando verifica-se a competência especial por prerrogativa de função? Por que não se deve usar a expressão “foro privilegiado”? Cometido o crime durante o exercício funcional, prevalece a competência especial por prerrogativa de função, ainda que o inquérito ou a ação penal sejam iniciados após a cessação daquele exercício. 11. Qual é o critério prevalente, no processo penal, para a fixação de competência territorial? Uma vez fixada, o que ela indica: a Justiça, o Órgão Jurisdicional, ou a Comarca/Foro? O art. 1º do Código Processual Penal rege que a lei no espaço se orienta pelo princípio da territorialidade, a modo que a lei pátria nesse âmbito aplica-se apenas aos crimes praticados dentro do território brasileiro. Esta aplicação tem por finalidade fixar a comarca ou foro competente, uma vez que atuam como critério para a fixação da competência ex ratione loci, ou territorial. 12. Como é fixada, em regra, a competência territorial para infrações consumadas? Consoante artigo 70, caput, 1ª parte, do Código de Processo Penal determina que o foro competente será firmado pelo local da consumação do crime. É válido ressaltar que o art. 14, I, do Código Penal, por sua vez, diz que um crime se considera consumado quando nele se reúnem todos os elementos de sua descrição legal. 13. A que juízo compete processar e julgar o crime de estelionato praticado mediante emissão de cheque sem suficiente provisão de fundos? Dispõem sobre este tema as súmulas nº521 do STF e 244 do STJ. Rege a primeira que: “O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado”. E a segunda que: “Compete ao foro local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de fundos” 14. A que juízo compete processar e julgar o crime de estelionato via falsificação de cheque? A jurisprudência consolidada pelo STJ na súmula 48 preconiza que compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque. Considerando que a consumação deste crime se dá no momento da obtenção da vantagem ilícita, o foro competente será, portanto, o local em que o cheque foi passado e o agente recebeu os bens. 15. A que juízo compete processar e julgar o crime de estelionato mediante remessa de valores de uma cidade para outra? Este crime está disposto no artigo 171 caput do Código Penal, e, considerando o pacífico entendimento sobre o tema, o foro competente é o do local onde se situa o estabelecimento bancário do criminoso, uma vez que o estelionatário convence a vítima a depositar um valor como forma de sinal, dando a falsa impressão de validar um bom negócio. 16. A que juízo compete processar e julgar o crime de subtração eletrônica de valores? Neste crime a consumação se dá com a subtração, ou seja, no instante em que o dinheiro é retirado da conta bancária da vítima. Contudo, como é de pacífico entendimento, o foro competente é o do local do banco da vítima, situação diversa à do estelionato. 17. A que juízo compete processar e julgar o falso testemunho em carta precatória? O julgamento cabe ao juízo deprecado onde foi prestado o depoimento fraudulento, uma vez que este pouco importa o local onde produzirá seus efeitos. 18. A que juízo compete processar e julgar o uso de passaporte falso? De acordo com a súmula 200 do STF: “o juízo federal competente para processar e julgar acusado de crime de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou". Portanto, a competência se dará no local onde apresentado o passaporte fraudado, seja ele para embarque ou desembarque. 19. A que juízo compete processar e julgar o crime de moeda falsa? Abordar as duas possibilidades apontadas na doutrina. A doutrina aponta cerca de três modalidades do crime de moeda falsa, e são elas a de falsificação grosseira, falsificação idônea e inexistência de consumação. A primeira possibilidade é considerada majoritariamente como crime de estelionato, que se consuma no local onde obtida a vantagem com o uso do dinheiro falsificado. Portanto a competência é da Justiça Comum Estadual do local de obtenção da vantagem. Em contrapartida, a segunda possibilidade configura a hipótese encontrada no artigo 289 do CP, que se consuma no local do crime de falsificação. O juízo competente para processar e julgar este crime é o da Justiça Comum Federal do referido local. Por fim, a terceira modalidade mencionada de inexistência de consumação aplica-se quando não há a consumação do delito, bem como quando o delito não ocorre em território brasileiro. Neste sentido, aplicam-se as seguintes normas: i) No crime tentado, será competente o local em que foi praticado o último ato de execução (art. 70, caput, 2ªparte, do CPP); ii) Se a execução do delito iniciou-se no território brasileiro, e a consumação ocorreu no exterior, será competente o lugar onde, no Brasil, foi praticado o último ato de execução (art. 70, §1º, do CPP); ii) Se o último ato de execução foi praticado no exterior, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir resultado no território nacional (art. 70, §2º, do CPP); iv) Se um crime foi cometido integralmente no exterior, normalmente não será julgado no Brasil. Ocorre, entretanto, que o art. 7º do Código Penal estabelece algumas hipóteses de extraterritorialidade da lei penal brasileira, ou seja, algumas hipóteses em que o agente será julgado no Brasil, apesar de o crime ter-se verificado fora do país. Quando isso ocorre, o art. 88 do Código de Processo Penal determina que o réu será julgado na capital do Estado onde por último tenha residido o acusado no território nacional, e, caso nunca tenha tido residência no país, será julgado na Capital da República. v) Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela Justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do país, pela do último em que houver tocado (art. 89, do CPP); vi) Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro de espaço aéreo correspondenteao território nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso após o crime, ou pela comarca de onde houver partido a aeronave (art. 90 do CPP). 20. A que juízo compete processar e julgar a desobediência na modalidade omissiva? Imagina-se que o perito de uma localidade (a) tenha uma diligência a cumprir nesta cidade, determinada por um juiz de outra localidade (b). Contudo, o perito não o faz. O foro competente é o do local onde a determinação deveria ter sido cumprida e não foi. 21. A que juízo compete processar e julgar o contrabando e o descaminho? O Juízo competente para julgar os processos dos crimes de contrabando e o descaminho, de acordo com a súmula 151 do STJ, é o da Justiça Federal do foro em que for procedida a busca e apreensão, em vista de que são crimes que ferem os interesses da União, pois cabe a esta a fiscalização aduaneira e das fronteiras. 22. A que juízo compete processar e julgar os crimes contra a ordem tributária? Os crimes contra a ordem tributária são aqueles previstos na Lei 8.137/90, o Juízo competente dependerá do sujeito passivo da ação, ferindo os interesses e bens da União será competente a Justiça Federal, quando lesados os interesses dos Estados e Municípios competência da Justiça Estadual. O foro competente será aquele em que ocorreu o fato gerador, sendo este, o fato que gera a obrigação de pagar o imposto, como por exemplo ao adquirir um imóvel deve este pagar o ITBI. 23. A que juízo compete processar e julgar os crimes falimentares? Os crimes falimentares conforme o disposto no art. 183 da Lei nº 11.101/05 estes serão julgados pela Justiça Estadual no Foro do local em que foi decretada a falência, ou em que foi homologado o plano de recuperação extrajudicial e ainda no Foro em que foi concedida a recuperação judicial, sendo esse no local onde está localizada a sede da empresa. 24. A que juízo compete processar e julgar as infrações de menor potencial ofensivo? As infrações de menor potencial ofensivo são aquelas em que a pena máxima não ultrapassa 2 anos ou aquelas punidas com multa e as contravenções penais, sendo estas julgadas nos Juizados Especiais do local onde foi cometida a ação ou omissão, ou ainda no local onde ocorreu o resultado, de acordo com o previsto no art. 63 da Lei 9.099/95. 25. A que juízo compete processar e julgar os crimes qualificados pelo resultado? Os crimes qualificados pelo resultado são aqueles em que a lei descreve uma conduta típica e elenca também resultados que agravam o crime, um exemplo seria o roubo que da lesão ou grave ameaça ocasiona a morte da vítima, o foro competente de acordo com os doutrinadores Edilson Mougenot e Tourinho Filho é o do lugar onde ocorreu o resultado qualificador do crime, visto que nesse local estão presentes todos os elementos da infração. 26. A que juízo compete processar e julgar os crimes de homicídio dolosos? E os culposos? Os homicídios dolosos são de competência do Tribunal do Júri, segundo o disposto no art. 5º, inciso XXXVIII, alínea d, da Constituição Federal, julgados no Foro do local em que ocorreu o resultado. Porém, existe exceção quando o crime é praticado em uma Comarca e vem a produzir o resultado morte em outra, neste caso a jurisprudência e a doutrina defendem que deve ser este julgado no local onde foi executado o crime, tendo em vista que foi naquela cidade em que a infração afetou a sociedade, além de que a maior facilidade para buscar a verdade real dos fatos e produzir provas. Os homicídios culposos não são julgados pelo Tribunal do Júri e sim por um juiz singular, o Foro competente é do local da ocorrência do resultado, seguindo a regra do art. 70 do Código de Processo Penal. 27. A que juízo compete processar e julgar os crimes de extorsão mediante sequestro? Este é um crime no qual a sua consumação perdura no tempo, vez que inicia-se a com o sequestro e termina com o fim deste, portanto pode ocorrer de a pessoa ser sequestrada em uma comarca e ser levada para outra, neste caso as duas Comarcas possuem competência para julgar o crime, visto que esse possui caráter permanente vindo a consumar nos dois locais. No entanto, possuindo o Juízo das duas Comarcas competência, o Foro será decidido pelo critério da prevenção, sendo aquele em que o magistrado tomar conhecimento primeiro da ocorrência do delito, conforme a regra do art. 71 do Código de Processo Penal. 28. Como é fixada, em regra, a competência territorial para infrações tentadas? Crimes tentados são aqueles em que o agente inicia os atos de execução, porém por circunstâncias alheias a sua vontade não consegue alcançar o resultado almejado, previstos no art. 14, inciso II do Código Penal a competência territorial é do local onde foi realizado o último ato de execução, regra disposta na segunda parte do caput do art. 70 do Código de Processo Penal. 29. Como é fixada a competência territorial nos crimes à distância quando o último ato de execução for praticado no Brasil? E quando praticado no estrangeiro? Os crimes à distância são aqueles em que o crime inicia-se em um país e vem a produzir resultado em outro, quando o último ato de execução for realizado no Brasil é competente o Foro da Comarca brasileira onde foi praticado esse último ato, segundo o disposto no art. 70, §1º do CPP. Quando praticado o último ato em outro país, mas o resultado ocorreu no Brasil, será competente o Foro em que o delito produziu seus efeitos ou deveria ter produzido, previsto no art. 70, § 2º do CPP. 30. Quando incerto o momento e o local de consumação, como deve ser fixada a competência territorial? E quando desconhecido o momento e local de consumação? Sendo incerto o momento e local de consumação, havendo dúvidas em qual comarca ou a quem pertence o território onde foi praticada ou consumada a infração, utiliza-se o art. 70, § 3º do CPP, que estabelece que a competência será do Juízo prevento, ou seja, aquele que obtiver ciência primeiro do fato. Na hipótese em que é totalmente desconhecido o momento e o local da infração aplica-se a regra subsidiária do art. 72 do Código de Processo Penal, sendo o Foro Competente o do domicílio do réu. 31. Tratando-se de infração continuada ou permanente, qual é o critério de fixação da competência? Segue a regra do art. 71, CPP, ou seja, a competência se define pela prevenção, ou seja, pelo juízo que primeiro der conhecimento ou atuar perante a infração. 32. Nos casos de ação privada exclusiva, fala-se em competência concorrente? Esclareça. É a regra de exceção prevista no art. 73, CPP, em que o querelante poderá escolher como competente o foro do domicílio ou da residência do réu, ainda que conhecido o local da infração. 33. A fixação da competência pela natureza da infração define a competência ex ratione materiae. Com isso, saber-se-á se compete à Justiça Comum ou à Especial processar e julgar a causa. Esclareça esta afirmação. É a fixação da competência em razão da matéria, ou seja, que depende da naturezada infração penal cometida que é atribuída em lei, dividindo-se inicialmente em Justiça Comum (subdividida em Estadual e Federal) ou Justiça Especial (Militar, Eleitoral). 34. A quem compete processar e julgar os crimes militares? Em que eles consistem? Conforme previsão constitucional do art. 124 a competência para processar e julgar os crimes militares é da Justiça Militar, sendo os crimes militares aqueles descritos no Código Penal Militar praticados por militares em serviço. 35. Que três requisitos devem fazer-se presentes, em regra, para a fixação da competência da justiça militar? Se o crime está previsto no Código Penal Militar, se foi praticar por militares e se foi praticado em serviço. 36. A que juízo compete processar e julgar os crimes eleitorais? Em que eles consistem? Conforme previsão constitucional do art. 121 a competência para processar e julgar crimes eleitorais é da Justiça Eleitoral, eles consistem naqueles descritos no Código Eleitoral (Lei nº 4.737/65) e os descritos em legislação extravagante como aqueles descritos na Lei de Eleições (Lei nº 9.504/97). 37. Quem, no Brasil, julga crimes políticos? Conforme art. 109, IV, 1ª parte, CF, a competência para processar e julgar crimes políticos é da Justiça Federal. 38. E crimes previstos em tratados ratificados pelo Brasil, que nosso Estado se obrigou, internacionalmente, a reprimir? Conforme art. 109, V, da CF, é de competência da Justiça Federal quando o crime em questão tiver iniciada sua execução em território nacional, o resultado tenha ou devesse ocorrer no estrangeiro, ou reciprocamente. 39. O que dizer, acerca da competência, nos casos de grave violação de direitos humanos? Também compete à Justiça Federal processar e julgar estes casos, conforme art. 109, V-A, da CF. 40. E de crimes onde figurem indígenas? Compete à Justiça Comum estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou vítima (Súmula 140, STJ). 41. A que justiça compete o julgamento de crimes contra a organização do trabalho? Compete a Justiça Federal, os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, os crimes contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira. 42. E crimes cometidos a bordo de navios e aeronaves? Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela Justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do país, pela do último em que houver tocado (art. 89, do CPP); Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro de espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso após o crime, ou pela comarca de onde houver partido a aeronave (art. 90 do CPP). Nas hipóteses dos arts. 89 e 90 do Código de Processo Penal, a competência será da Justiça Federal. 43. A natureza da infração pode operar como fator de divisão da competência dentro da mesma justiça? Esclareça. Sim, é possível a divisão de competência na mesma esfera jurisdicional, como Juizados de Violência Doméstica ou familiar contra a mulher, os Juizados Especiais Criminais, o Tribunal do Júri, juizados do torcedor, as varas criminais comuns. A Lei de Organização Judiciária também pode estabelecer divisão em razão da matéria dentro de uma mesma comarca, visando com isso sistematizar o serviço por meio da especialização. 44. O que é prevenção? Ocorre a prevenção quando um dos juízes anteceder aos outros na prática de algum ato do processo ou medida referente a esse, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou queixa. 45. O que é distribuição? Se for constatado que não houve prevenção, a fixação do juízo competente se dará por distribuição, que é o sorteio para a fixação do juiz para a causa. 46. Distinga conexão e continência. A conexão e a continência (artigo 69, inciso V, do Código de Processo Penal) são critérios de modificação, de prorrogação da competência e não de fixação. O artigo 76 do Código de Processo Penal estabelece quando a competência será determinada pela conexão. A conexão existe quando duas ou mais infrações estiverem entrelaçadas por um vínculo, um nexo, um liame que aconselha a junção dos processos. Infrações conexas, destarte, indicam conexão. O artigo 77 do Código de Processo Penal estabelece quando a competência será determinada pela continência, que se configura quando uma demanda, em face de seus elementos, esteja contida em outra. Aqui, ou o crime é um só, praticado em concurso de agentes, ou a conduta é uma só, ou deve ser tida, por uma ficção jurídica, como uma só, com mais de um resultado. 47. Classifique a conexão, detalhando suas espécies. Na conexão as ações serão reunidas e julgadas em conjunto, tendo lugar o assim chamado simultaneus processus, a fim de se evitar o inconveniente de decisões conflitantes na área penal, bem como possibilitar ao juiz uma visão mais ampla do quadro probatório. A conexão tem classificação bipartite. Apresenta-se como intersubjetiva (que se subdivide em intersubjetiva por simultaneidade, por concurso e por reciprocidade), objetiva (que se subdivide em teleológica e consequencial e instrumental). a) conexão intersubjetiva por simultaneidade: quando as infrações houverem sido praticadas por várias pessoas, sem que haja prévio ajuste entre elas, ao mesmo tempo, residindo o elo entre os delitos na simultaneidade do impulso criminoso que moveu os agentes (exemplo: um caminhão carregado de sacos de arroz tomba, e vários moradores de local próximo ao acidente subtraem a mercadoria; b) conexão intersubjetiva por concurso: ocorre a conexão intersubjetiva por concurso quando as infrações houverem sido praticadas por várias pessoas em concurso, pouco importando sejam diversos o tempo e o lugar de prática das condutas criminosas (exemplo: integrantes de uma facção criminosa, conluiados, fazem diversos assaltos durante meses, em diferentes localidades; c) conexão intersubjetiva por reciprocidade: quando as infrações houverem sido praticadas por várias pessoas, umas contra as outras, como no caso de lesões corporais recíprocas (exemplo: uma pessoa agride outra, provocando-lhe lesões, e é contida por amigos, sendo que, dessa circunstância aproveita-se a então vítima para desferir violento soco no seu agressor, também provocando-lhe lesões) 2. Objetiva A conexão objetiva subdivide-se em teleológica, consequencial e instrumental. a) teleológica: quando as infrações houverem sido praticadas, uma (infração meio) para assegurar a execução de outra (inicialmente visada – infração fim) (exemplos: mata-se o segurança para sequestrar o empresário; b) consequencial: quando a infração houver sido praticada para garantir a ocultação de outra [garantir que a existência da infraçãopermaneça desconhecida – homicídio (CP, art. 121) e ocultação de cadáver (CP, art. 211) – após matar uma pessoa, o agente joga o corpo em alto-mar, amarrado em uma grande pedra], ou para garantir a impunidade de outra [garantir que a autoria da infração permaneça desconhecida – roubo (CP, art. 157) e coação no curso do processo (CP, art. 344) – autor de roubo ameaça testemunha, para que a mesma não a reconheça em juízo], ou para assegurar a vantagem de outra (garantir o proveito do crime – furto (art. 155) e homicídio (art. 121) – consumado um crime de furto a automotor, o agente o estaciona em local proibido e, percebendo que o fiscal de trânsito está guinchando o veículo, o mata – vínculo ou relação de causa e efeito/consequência). c) instrumental: se refere a existência de dois ou mais crimes, sendo que um destes, para que exista, necessariamente dependerá da prova da existência do outro 48. Classifique a continência, detalhando suas espécies. Aqui, ou o crime é um só, praticado em concurso de agentes, ou a conduta é uma só, ou deve ser tida, por uma ficção jurídica, como uma só, com mais de um resultado. A continência pode se dar por cumulação subjetiva e por cumulação objetiva. Por cumulação subjetiva: quando duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração, configurando-se concurso de agentes – crime único. Na conexão intersubjetiva são duas ou mais pessoas e duas ou mais infrações; na continência por cumulação subjetiva há apenas uma infração, contudo, praticada por duas ou mais pessoas. Por cumulação objetiva: Por outro lado, a continência por cumulação objetiva se verifica quando percebida, no mundo das coisas, a existência de diversos fatos ou eventos, que, no entanto, do ponto de vista do jurídico-penal, são examinados em um mesmo continente, dada sua origem comum, o que deve ser observado, também, na esfera processual penal. A cumulação objetiva apresenta as seguintes possibilidades: a) crime continuado, em que, para o mundo fático, temos diversas condutas, mas que o Direito Penal agrupa em um só continente, entendendo ter havido um só crime ocorrido de forma compartimentada, parcelar, dividida, merecendo o réu punição por um só crime, mas com a exasperação da pena (art. 71 do Código Penal); b) concurso formal, nas modalidades própria e imprópria (artigo 70 do Código Penal – exemplos: atropelamento duplo, por imprudência; incêndio em casa, para o assassínio de duas pessoas); c) aberratio ictus com unidade complexa – erro na execução com resultado duplo ou unidade complexa (artigo 73, parte final, do Código Penal – exemplo: tencionando atingir seu desafeto com múltiplos tiros, o agente acerta o alvo, mas acaba atingindo um terceiro); d) aberratio delicti com unidade complexa – resultado diverso do pretendido com resultado duplo ou unidade complexa (artigo 74, parte final, do Código Penal – exemplo: tencionando atingir o veículo, o agente acaba atingindo também o motorista, danificando o automotor e ferindo o condutor). 49. Por que razão costuma-se afirmar que conexão e continência não são critérios de fixação, mas de modificação ou prorrogação da competência? A conexão e a continência (artigo 69, inciso V, do Código de Processo Penal) não são propriamente ditas como fixação de competência, mas sim de alteração da competência, pois a depender da matéria dos crimes ou dos agentes envolvidos, a competência pode ser modificada para determinada justiça especial, tribunal colegiado, tribunal do júri, justiça federal ou justiça comum. Assim são critérios de modificação e de prorrogação da competência. 50. O que é foro prevalente? O artigo 78 do Código de Processo Penal determina qual o foro deve prevalecer em caso de conexão e continência: I – Competência do Júri e de outro órgão da jurisdição comum: prevalecerá a competência do Júri, que exercerá nova vis atractiva sobre o outro feito. Se conexos um crime eleitoral e um doloso contra a vida, os processos serão julgados separadamente, não havendo sua reunião, porquanto a competência de ambos é fixada na Constituição Federal/88. II – Concurso de jurisdições de mesma categoria (ordem de prelação sucessiva): prepondera o local da infração mais grave, isto é, à qual for cominada pena mais grave (pena máxima abstratamente cominada); sendo iguais as penas (máxima e mínima), prevalece o local onde foi praticado o maior número de infrações penais; se nenhum desses casos possibilitar a fixação da competência, utiliza-se o critério da prevenção. III – Concurso entre jurisdições de categorias diversas (instâncias diferentes) - prevalece a mais graduada. IV – Concurso entre Jurisdição Comum e Jurisdição Especial: prevalecerá a Especial. V – Concurso entre Jurisdição Eleitoral e Jurisdição Comum: prevalecerá a Jurisdição Eleitoral. 51. Quando tem lugar a separação obrigatória de processos? A separação obrigatória de processos se dá na prejudicialidade obrigatória. 52. Quando a separação de feitos é facultativa? A remessa ou não depende da prevalência cível ou criminal sobre a questão, dessa forma, a separação dos feitos é facultativa quando a questão cível é prevalente. Caso contrário, o juiz do criminal julga a prejudicada e a prejudicial. 53. Em que consiste a perpetuatio jurisdictionis? Também chamado de perpetuação da competência, regra estabelecida no artigo 87 do Código de Processo Civil - CPC, princípio que visa resguardar a prorrogação da competência da ação quando ela é proposta conforme preceitua o artigo 263 do CPC. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato e de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta 54. O que é questão prejudicial? Questões prejudiciais são as que devem ser previamente decididas, porque se ligam ao mérito da questão principal como antecedente lógico necessário de seu julgamento, funcionando sua solução como pressuposto para dirimir, ao final, o litígio, cuja composição, assim, ficará postergada. 55. Em que a questão prejudicial difere da preliminar? As prejudiciais, diferem das preliminares, dentre outras coisas, porque poderão ou não tramitar perante o órgão jurisdicional competente para a causa principal. As preliminares tratam de matéria nitidamente processual as prejudiciais, diversamente, são tipicamente autônomas, e podem ou não ser apreciadas pelo Juízo Criminal, sendo que podem influenciar a análise meritória, mas nunca impede sua apreciação. 56. Classifique, detalhando, as questões prejudiciais? Homogêneas e Heterogêneas a) Prejudiciais homogêneas (comuns ou imperfeitas) as que somente abarcam matéria penal, podendo ser resolvidas na mesma jurisdição, ou no mesmo ramo do direito (como se expressa Távora). b) Prejudiciais Heterogêneas (jurisdicionais ou perfeitas) são as que extravasam os limites da jurisdição da questão prejudicada, indo produzir seus efeitos em outras esferas do Direito. Relacionadas com matéria extrapenal, podem ser obrigatórias oufacultativas. O CPP somente cuida das prejudiciais heterogêneas. As Prejudiciais Heterogêneas podem ser obrigatórias ou facultativas. b.1) Prejudicial Heterogênea Obrigatória é aquela em que o Juiz - sendo séria e fundada a prejudicial, apontando a lei para as ligadas ao estado civil das pessoas (CPP, art. 92) - vê-se obrigado a suspender o processo prejudicado até o deslinde da questão prejudicial. Também chamadas devolutivas absolutas. Como têm que ser solucionadas obrigatoriamente em esfera extrapenal, obrigam à suspensão do feito. b.2) Prejudicial Heterogênea Facultativa é a que possibilita análise, por parte do juiz, acerca da conveniência ou não em suspender o feito (CPP, art. 93), a exemplo da discussão acerca da titularidade do bem em delito de furto, onde vise a Defesa o reconhecimento da atipicidade do fato (elementar coisa alheia); ou ainda, discussão dobre a constitucionalidade do tributo sonegado, em crime da Lei n. 4.729/65 (elementar tributo). Também chamadas de devolutivas relativas. Como podem ser solucionadas na mesma seara da questão prejudicada, não implicam, necessariamente, a suspensão do feito respectivo. Totais e Parciais a) Prejudiciais Totais são aquelas cuja solução pode ter o condão de fulminar a existência do crime. b) Prejudiciais Parciais são as que se referem a circunstâncias legais (atenuantes, agravantes, causas de aumento e diminuição de pena, qualificadoras), as quais deixam inalterado na sua existência o crime. Devolutivas e Não-devolutivas a) Prejudiciais Devolutivas são as que devem ser enviadas para conhecimento e solução em esfera jurisdicional extrapenal. b) Prejudiciais Não-devolutivas são as conhecidas e solucionadas na mesma seara da questão prejudicada (causa principal) – Princípio da Suficiência da Ação Penal – aptidão da ação penal para prestação da tutela jurisdicional, sendo a regra. 57. Que são processos incidentes? Processos incidentes são questões que se ligam ao processo em si, não exatamente ao mérito, sendo decididos, invariavelmente, pelo juiz da causa, pois não têm autonomia. A eles ligam-se as exceções, que serão oportunamente estudadas. 58. Que são questões tipicamente preliminares? Preliminares são as questões, notadamente processuais, que impedem ou postergam a resolução do mérito. São elas exceções, incompatibilidades, impedimentos e conflito de jurisdição. 59. Quais as exceções processuais possíveis? Cinco são as espécies de exceções, a saber: I) Exceção de Suspeição; II) Exceção de Incompetência do Juízo; III) Exceção de Litispendência; IV) Exceção de Ilegitimidade de Parte; e V) Exceção de Coisa Julgada. 60. Distinga sequestro, arresto e hipoteca legal no processo penal? O sequestro – consiste na apropriação judicial do bem, móvel ou imóvel, adquirido pelo indiciado com os proventos da infração –, o arresto – consiste na apropriação judicial de quaisquer bens móveis do autor da conduta delituosa – e a hipoteca legal – direito real de garantia que recai sobre quaisquer bens imóveis do autor do ilícito penal – são as medidas cautelares previstas no Código de Processo Penal que possuem essa finalidade de assegurar os prejuízos patrimoniais advindos da conduta delituosa, sendo estudadas suas características e requisitos necessários à consecução dessa tutela jurisdicional. 61. Defina prova. Juridicamente, provar significa demonstrar, no processo, a existência ou inexistência de um fato, a falsidade ou a veracidade de uma afirmação. Prova, portanto, como designado na Doutrina, é o mecanismo pelo qual se tenta estabelecer a verdade de uma alegação ou de um fato, é dizer, é tudo aquilo que contribui para a formação do convencimento do magistrado, demostrando os fatos, atos, ou até mesmo o próprio direito discutido no litígio 62. Como a prova pode ser classificada? A prova pode ser classificada quanto: à natureza: a) direta — diz direta a prova quando, por si só, demonstra o fato controvertido; b) indireta — é a prova que demonstra um fato do qual se deduz o fato que se quer provar. ao valor: a) plena (perfeita ou completa) — é aquela apta a conduzir o julgador a um juízo de certeza; b) não plena (imperfeita ou incompleta) — traz apenas uma probabilidade acerca da ocorrência do fato e de sua autoria. Ex.: prova indiciária. à origem: a) originária — quando não há intermediários entre o fato e a prova (testemunha presencial); b) derivada — quando existe intermediação entre o fato e a prova (testemunho do testemunho, p. ex.). à fonte: a) pessoal - tem como fonte alguma manifestação humana (testemunho, confissão, conclusões periciais, documento escrito pela parte etc.); b) real — tem como fonte a apreciação de elementos físicos distintos da pessoa humana (o cadáver, a arma do crime etc.). 63. Quais são as provas nominadas? As provas nominadas são aquelas provas previstas expressamente no ordenamento jurídico. 64. O que é prova pericial? É o exame realizado por pessoa com conhecimentos específicos sobre matéria técnica útil para o deslinde da causa, destinado a instruir o julgador. A perícia pode ter por objeto escritos, cadáveres, pessoas lesionadas, instrumentos do crime etc. 65. Distinga corpo de delito, exame de corpo de delito e laudo de corpo de delito? CORPO DE DELITO é o conjunto de elementos sensíveis (vestígios) deixados pelo crime, isto é, todas aquelas alterações perceptíveis no mundo das coisas e derivadas da ocorrência do delito que, de alguma forma, comprovam a existência desse fato. EXAME DE CORPO DE DELITO é a atividade voltada para a captação desses vestígios. LAUDO DE CORPO DE DELITO é a elaboração de documento que registre a existência de tais elementos (laudo). 66. O exame de corpo de delito é sempre obrigatório? Nos termos do disposto no art. 158 do Código de Processo Penal, é obrigatória a realização de exame de corpo de delito, direto ou indireto, nas infrações que deixam vestígios (delitos não transeuntes — ex.: homicídio, furto qualificado pelo arrombamento, incêndio, lesões corporais etc.), não podendo supri-lo a confissão do acusado. 67. O que é interrogatório? Interrogatório é um ato no qual o juiz ouve o acusado acerca da imputação que lhe é feita. Tem natureza mista, pois é meio de prova e meio de defesa. 68. O que é prova testemunhal? Testemunha é a pessoa diversa dos sujeitos processuais (juiz e partes), chamada a juízo para prestar informações sobre fatos relacionados à infração. A testemunha depõe tanto, sobre o fato, quanto sobre as circunstâncias ao mesmo relacionadas, não devendo manifestar suas apreciações pessoais acerca do que testemunhou. 69. Como se classificam as testemunhas? As testemunhas podem ser: a) Numerárias — são as arroladas de acordo com o número legal. Devem ser indicadas na denúncia (testemunhas de acusação) ou defesa preliminar (testemunhas de defesa), sob pena de preclusão. b) Extranumerárias (ou do juízo) — são as testemunhas referidas, ouvidas pelo juiz porque mencionadas no depoimento de outras testemunhas, ou aquelas que o juiz julgar importante ouvir para descobrir a verdade e que não foram arroladas pelas partes (art. 209, do CPP). c) Informantes — são as pessoas ouvidas independentementede compromisso. d) Próprias — as que prestam depoimento sobre o fato apurado no processo. e) Impróprias — as que prestam depoimento sobre um ato do processo. Ex.: testemunha instrumentária do flagrante. f) Diretas quando não há intermediação entre o fato e o testemunho (testemunhas que presenciaram o fato). g) Indiretas quando a prova é derivada (testemunho do testemunho, de quem “ouviu dizer”). 70. Quando tem lugar a contradita? Quando se tratar de caso previsto nos arts. 206, 207 e 208 do CPP e, haverá, de acordo com a hipótese, dispensa ou oitiva, independentemente de compromisso. 71. O que é prova documental? Conforme conceito doutrinário, a prova documental é qualquer suporte físico capaz de materializar um ato ou fato transeunte, isto é: um ato ou fato passageiro, que não deixa vestígios físicos. Portanto, a produção da prova documental significa o procedimento necessário para fazer com que o suporte fático do fato transeunte chegue ao processo, sendo que a mera juntada aos autos já faz com que se surta seus efeitos como prova produzida. 72. O que são indícios? De acordo com o art. 239, CPP, “O indício é a circunstância conhecida e provada que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias”. Entende-se, pois, que indício ou prova indiciária é prova que possibilita, por indução, chegar-se a uma conclusão sobre uma infração penal, no entanto, deve ser observada em conjunto com outras provas indiciais para justificar a atribuição de um fato delituoso a alguém. 73. Quando tem lugar a acareação? A acareação é um procedimento previsto no art. 229 do CPC e tem como finalidade a apuração da verdade, por meio do confronto entre partes, testemunhas ou outros participantes de processo judicial, que prestaram informações prévias divergentes. Ressalta-se, ainda, que é possível a aplicação desse procedimento tanto nos processos cíveis quanto nos criminais. 74. Classifique os sujeitos processuais? Conforme os artigos 8.º e seguintes do CPP, verifica-se que os sujeitos processuais, enquanto titulares da relação jurídica processual, têm um estatuto qualificado, sendo assim, são sujeitos processuais: tribunal (juiz); Ministério Público; arguido e defensor, assistente e partes civis. Ademais, insta salientar que o processo enquanto relação jurídica é composto necessariamente por três sujeitos essenciais: o sujeito imparcial (juiz), e dois sujeitos parciais, autor e réu. Os sujeitos acessórios podem vir a fazer parte da relação processual, como o Assistente de Acusação e o Perito 75. Sobre os seguintes sujeitos processuais, explicite o respectivo papel, requisitos de atuação, poderes, deveres, prerrogativas e vedações: Juiz; Promotor de Justiça. Juiz O juiz é como um condutor do processo, submetendo sua atuação à observação das normas correspondentes, adotando medidas destinadas a concretização de um processo justo, célere e efetivo, de acordo com Humberto Thedoro Júnior. Dentre as garantias estão especificamente afirmadas no art. 95, I a III e se consubstanciam na vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios. Lado outro, acerca das vedações da função, o art. 95 da Constituição Federal impede o juiz de exercer outra atividade laborativa, mesmo que esteja em disponibilidade, exceto uma de magistério. Também não pode o magistrado dedicar-se a atividade político-partidária, mas não está impedido de exercer direção de associação de classe. É vedado ao magistrado o recebimento de auxílios ou contribuições de pessoas físicas ou jurídicas e participação em custas processuais. Além disso, a Emenda Constitucional nº 45 acrescentou limitação que se estende a período posterior ao desligamento da carreira da magistratura. Ao se aposentar ou exonerar do cargo, o juiz deve cumprir uma “quarentena”, não podendo exercer a advocacia no Juízo ou Tribunal de que se afastou, antes de decorridos três anos. Promotor de Justiça O art. 127, § 1º, da Constituição Federal de 1988, elenca como princípios institucionais do Ministério Público: a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. Já o princípio da indivisibilidade estabelece que os membros do Ministério Público podem se substituir uns aos outros, sem qualquer prejuízo, desde que respeitadas as regras legais. As funções institucionais dos membros do MP estão elencadas no art. 129 da CF/88. Acerca das garantias, o art. 127, §§ 2º a 6º, dispõe das garantias institucionais do Ministério Público, quais sejam: a autonomia funcional, administrativa e orçamentária. Além das garantias institucionais, previstas pelo texto constitucional para o Ministério Público, a CF em seu art. 128, § 5º, I, também estabeleceu certas garantias para os membros do Ministério Público, quais sejam: a vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade de subsídio. Por fim, a Carta Política estabelece, no seu art. 127, § 5º, inciso II, as vedações aos membros do Ministério Público, que têm como principal objetivo garantir a atuação livre e imparcial dos membros do Ministério Público. 76. Que posição ocupa o acusado no processo? Ele tem direitos? Explicite-os, em caso positivo. À parte acusada é atribuída a prática de uma infração penal, sendo assim, a Constituição Federal prevê em seus art.5º, diversos direitos subjetivos do qual é titular o sujeito passivo da ação penal, sendo eles: Direito ao devido processo legal Direito ao contraditório e a ampla defesa Defensor Constituído pelo acusado ou Defensor Dativo nomeado pelo Juiz Direito a se manter em silêncio Direito a confissão do crime, de forma expressa (oral ou escrita). 77. Qual é o papel do Assistente de Acusação? Que requisitos ele deve preencher para a sua admissão? Conforme o art. 268 do CPP, “Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no Art. 31”. O Ministério Público é a parte acusadora principal, sendo apenas coadjuvada pelo assistente. O exercício da assistência é deferido ao ofendido devidamente representado por procurador. Nesse contexto, insta salientar que o assistente de acusação visa garantir seus interesses em relação à indenização civil dos danos causados no crime, como mencionado por Marcelo Fontes Barbosa [1]: A assistência de acusação, em nosso Direito Processual Penal não é um mero correlato direito à reparação do dano, eis que o ofendido intervém para reforçar a acusação pública, figurando em posição secundária o interesse mediato na reparação do dano causado pelo delito. Outrossim, ressalta-se que a atuação do assistente não é obrigatória, mas “pode ser de crucial importância para o esclarecimento da verdade e, por conseguinte, para a efetivação da justiça”, conforme ensina Marco Antonio de Barros[2]. [1] Considerações sobre a natureza jurídica da assistência de acusação no processo penal brasileiro, JTACrSP 15/35. [2] Barros, Marco Antonio de. A busca da verdade no processo penal- 2. Ed. Rev., atual. E. Ampl.- São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. 78. Qual é o papel do curador no processopenal? O curador tem o papel fundamental de defender os direitos do curatelado. É imprescindível a presença do curador nos processos em que a parte não possua qualquer defesa técnica, ou ainda, que seja menor de idade, como elenca os seguintes artigos do CPP: Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor. Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor público ou dativo, será sempre exercida através de manifestação fundamentada. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) (...) Art. 262. Ao acusado menor dar-se-á curador. (...) Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação. 79. Quais são os auxiliares da justiça e, resumidamente, que funções desempenham no feito? Os auxiliares da justiça são responsáveis pela realização de tarefas técnicas ou administrativas, sendo responsáveis pelo bom andamento dos processos judiciais. Entre eles encontram-se os escreventes, assessores, analistas, oficiais de justiça, peritos, intérpretes. Os escreventes são servidores efetivos e atuam no bom andamento da secretaria do Juízo, sendo encarregado dos ofícios, andamento processual e produtividade dos demais servidores. Os assessores possuem, na maioria das vezes, cargos comissionados, e sua função é auxiliar o magistrado nas funções de direito. Os analistas são servidores efetivos e sua função é auxiliar o promotor nas funções de direito. Os oficiais de justiça cumprem mandados judiciais, tais como citação, intimação, voz de prisão. Todos os auxiliares supramencionados estão sujeitos às normas disciplinares da Administração Pública. Por fim, os peritos e intérpretes são equiparados, devendo cumprir fielmente seu encargo, uma vez que estão sujeitos às disciplinas judiciárias mencionadas no art. 275 do CPP. 80. Qual é o papel do conciliador nos Juizados Especiais? O conciliador do Juizado Especial Criminal, como auxiliar da Justiça, tem como função presidir a tentativa de conciliação entre as partes, sob orientação do juiz e nos limites exatos da lei.
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