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CCDD — Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Elaboração e Análise de Projetos Internacionais Aula 2 Prof. João Alfredo Lopes Nyegray CCDD — Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Conversa inicial Você já se perguntou de onde vem a riqueza das nações? Países prósperos como os da América do Norte ou da Europa, ou ainda os que vêm crescendo intensamente, como a China e a Índia: qual será o motor que impulsiona o avanço econômico desses países todos? Obviamente que esta não é uma pergunta de fácil resposta. Educação de qualidade, facilidade para empreender e fazer negócios e capacidade das empresas para inovar e gerar novos produtos e oportunidades sem dúvida são elementos que pesam bastante para elucidar essa questão. No entanto, há outro ponto importante: o comércio. Não o comércio de rua ou dos grandes shopping centers, mas sim o comércio internacional, que é, sem dúvida, um dos grandes motores do desenvolvimento econômico de países como China e Índia. Nesses locais, fabricam-se os mais diversos bens, alguns com matéria-prima importada, que depois são exportados para todo o mundo. Figura 1 – Nova York, Cingapura e Londres: exemplos de desenvolvimento Fontes: World Study, 2016; Lucas, 2016; Casa Mirian London, 2016. CCDD — Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Quando se analisa a questão proposta acima, percebe-se que o comércio internacional é um dos fortes motores do crescimento e do desenvolvimento das nações. E não são só mercadorias que podem ser comercializadas: há também os serviços! Seja como for, porém, todas essas trocas são compreendidas pelas relações econômicas internacionais, as quais veremos adiante. Contextualizando Se as relações econômicas internacionais são responsáveis por uma parcela importante do desenvolvimento das nações, isso quer dizer também que as empresas e governos — participantes que fazem essas relações acontecerem, seja através de operações de comércio, seja por meio de incentivos — têm papel fundamental. Mas, afinal, por que motivo as nações comercializam? Será que é apenas para vender e lucrar? Leia o trecho citado abaixo: O comércio permite aos países usar seus recursos nacionais de modo mais eficiente por meio da especialização. O comércio permite a indústrias e operários serem mais produtivos. O comércio também permite às nações atingirem padrões de vida mais elevados e manterem baixo o custo de muitos produtos de uso cotidiano. Sem o comércio internacional, a maioria delas ficaria impossibilitada de alimentar, vestir e abrigar seus cidadãos nos níveis atuais. Até as economias ricas em recursos como os Estados Unidos sofreriam sem comércio. Alguns tipos de alimento ficariam indisponíveis ou só poderiam ser obtidos a preços exorbitantes. Café e açúcar passariam a ser artigos de luxo. As fontes de energia derivadas de petróleo escasseariam. Os veículos parariam de rodar, as cargas deixariam de ser entregues, e as pessoas não poderiam aquecer seus lares no inverno. Em suma, não se trata somente de nações, empresas e cidadãos beneficiarem-se do comércio internacional; a vida moderna é praticamente impossível sem ele. (Cavusgil, Knight, Riesenberger, 2010) Você já havia pensado por essa perspectiva? Considere as imagens a seguir: Figura 2 – Xangai, 1990-2010 CCDD — Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Fonte: Adaptado de San Diego Reader, 2010, citado por Helm, 2016. Essa imagem mostra a cidade chinesa de Xangai em 1990 e depois em 2010. Que mudança radical, não é mesmo? E o que houve nesse curto intervalo de tempo? Houve o advento de relações econômicas: facilitação das atividades dos empreendedores e dedicação às relações econômicas internacionais, não só no que diz respeito a exportações de produtos ou serviços, mas também a serviços financeiros e à atração de investimentos e inovações. Espantoso, não é? Problematizando Considere o texto a seguir: Comércio Exterior é fundamental para desenvolvimento do País Durante abertura do Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), promovido pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), [...] o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Alessandro Teixeira, disse que “o comércio exterior é fundamental no projeto de desenvolvimento do governo”. “Não existem reduções das desigualdades e da miséria e desenvolvimento econômico e social do nosso País sem comércio exterior. A economia brasileira é hoje globalizada, em que as exportações de bens e serviços são determinantes dentro de nossas estratégias. Portanto, todo o desenvolvimento de nossa economia passa pelo setor externo”, complementou Teixeira. O secretário-executivo do MDIC avaliou ainda que deve haver no próximo ano, uma mudança na hegemonia econômica mundial, quando espera-se que os países emergentes passem a ser responsáveis por mais de 50% do PIB mundial. A formação de uma nova classe média de consumidores nos países emergentes CCDD — Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico continuará sendo um dos principais impulsionadores do crescimento econômico. (Brasil. 2016) Analise as seguintes afirmações: 1) O crescimento do comércio internacional, somado à totalidade das relações econômicas internacionais, é um dos fortes motores do crescimento e do desenvolvimento das nações. 2) Para alcançar um melhor nível de desenvolvimento econômico, o governo e o setor privado podem investir em iniciativas de desenvolvimento de relações econômicas internacionais. 3) O comércio internacional e as relações econômicas internacionais até se relacionam, de alguma forma, com o desenvolvimento, mas as nações podem, por conta própria, produzir tudo aquilo de que necessitam para sua vida diária. 4) É inviável que os países tentem, por conta própria, fabricar ou plantar tudo aquilo de que precisam; se isso acontecesse, produtos de uso diário escasseariam e os preços subiriam demais. Tendo em vista o texto transcrito acima, assinale a alternativa verdadeira: a) ( ) As afirmações 1 e 2 são falsas b) ( ) As afirmações 1 e 3 são falsas c) ( ) As afirmações 2 e 4 são falsas d) (X ) Somente a afirmação 3 é falsa e) ( ) Somente a afirmação 2 é falsa Comentário: Neste início de aula, percebemos como o comércio internacional e as relações econômicas estão plenamente conectados com o desenvolvimento econômico das nações. A transformação da cidade chinesa de Xangai é um exemplo flagrante disso: exportações de produtos e serviços, investimentos diversos em inovação e tecnologia, prestação de serviços financeiros de classe mundial, e vários outros fatores ligados às relações econômicas internacionais CCDD — Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico contribuiram para esse avanço. O comércio internacional, uma das expressões das relações econômicas, permite maior eficiência de nações e trabalhadores, o que causa uma redução de preços dos produtos de uso diário, visto que se amplia a oferta. Com isso nós, consumidores, saímos ganhando, pois aumenta o nosso acesso a uma série de bens. Tema 1: Comércio e Transações Internacionais Se o comércio internacional possibilita a existência de nações, trabalhadores e empresas mais eficientes, será que isso tudo acontece apenas em consequência das exportações? Não! Existe uma série de outras atividades que podem ser desempenhadas pelas empresas, além das exportações. Cada uma dessasatividades ou operações implica um risco, que pode ser maior ou menor. É devido à existência do risco que as exportações são vistas como um primeiro passo na caminhada internacional das empresas. Considera-se que elas oferecem um risco baixo para a empresa exportadora, além de proporcionar uma aprendizagem paulatina sobre os mercados nos quais a organização está entrando. Aos poucos, a empresa exportadora adquire conhecimentos a respeito das preferências e hábitos dos consumidores de uma determinada localidade, o que permite que ela passe a oferecer produtos especialmente projetados para esse público. O mesmo vale para as importações: aos poucos, uma determinada organização pode importar produtos para comercializá-los em seu país. Se o produto for aprovado pelo mercado interno, as importações podem ser aumentadas, tanto em termos de frequência quanto de quantidade. Por permitirem um envolvimento gradual das empresas, considera-se as exportações e importações a forma mais básica de comércio ou transação internacional. E há vida além das exportações? Sem dúvida! O licenciamento de propriedade intelectual é um possível exemplo. Uma empresa brasileira que fabrica produtos infantis pode, por exemplo, querer aumentar suas vendas pela atuação em mercados internacionais. Para tornar isso possível, essa empresa CCDD — Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico pode obter o licenciamento da imagem de algum personagem da cultura popular, o que tornará seu produto mais atrativo. Outra possibilidade: a Disney, a Warner Brothers, a Pixar ou qualquer outro grande estúdio cinematográfico pode licenciar a produção de itens associados aos seus personagens para empresas situadas fora dos Estados Unidos, seu país de origem. Com isso, os produtos finais ficam mais baratos e elas lucram com uma porcentagem das vendas da empresa licenciada. E isso não vale apenas para personagens de filmes: vale também para times de futebol ou marcas de roupa, que podem licenciar a fabricação de seus itens para empresas de outros países. Figura 3 – O fenômeno Harry Potter: produtos licenciados renderam mais de um bilhão de dólares para a Warner Fonte: Onari, 2016. Outra forma de envolvimento internacional são as parcerias, como as alianças e as joint ventures. Trata-se de casos nos quais duas ou mais empresas se unem para reduzir os custos e os riscos de entrar num mercado diferente do seu. Por exemplo: a Portugal Telecom uniu-se à empresa espanhola Telefónica para atingir o mercado brasileiro com a operadora Vivo. Perceba, porém, que a cada transação como essa corresponde um risco: os riscos das exportações e importações são menores, se comparados aos das alianças e joint ventures. No entanto, o maior risco encontra-se no chamado Investimento Estrangeiro Direto ou Investimento Direto Estrangeiro. É o caso de uma empresa CCDD — Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico que envia certa quantidade de dinheiro para um país no exterior, a fim de abrir uma fábrica, comprar uma empresa local, adquirir uma companhia concorrente ou iniciar operações no local de destino. Um exemplo frequente é o das montadoras de automóveis: essas organizações transferem dinheiro de seus países de origem para adquirir terreno, construir fábricas, importar máquinas e contratar pessoas aqui no Brasil. É por isso que essa modalidade chama-se Investimento Estrangeiro Direto Figura 4 – Construção de fábrica no Maranhão Fonte: www.suzanoblog.com.br Tema 2: Comércio Exterior e Competitividade Anteriormente, vimos como a riqueza das nações está ligada, entre vários fatores, à sua participação nas transações financeiras internacionais. Mas, então, qualquer nação altamente exportadora terá boa qualidade de vida? Qualquer nação exportadora oferecerá oportunidades para os estudantes de relações internacionais? Infelizmente, não! Vamos tomar como exemplo um país qualquer do Oriente Médio: esse país, de pequena população, pode ter exportações altíssimas, importações comparativamente pequenas, e ainda assim oferecer uma baixa qualidade de vida aos seus habitantes. Normalmente, isso acontece porque essa nação pode exportar muito petróleo, e importar todo o resto numa quantidade razoavelmente pequena, para atender sua população reduzida. Nesse caso, apenas alguns poucos cidadãos se beneficiam das exportações, e não a nação como um todo. CCDD — Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico É por isso que precisamos falar sobre competitividade! A competitividade liga-se, geralmente, a vários fatores, dentre os quais a capacidade de produzir e vender com mais eficiência. Nesse sentido, “Um país com maior competitividade é um país que consegue com maior facilidade, [sic] colocar os bens e serviços que produz, [sic] nos mercados externos, aumentando por isso as suas exportações” (Competitividade, 2016). Essas exportações acabam retornando em benefícios para a população, decorrentes de empregos, investimentos, crescimento econômico e desenvolvimento, de forma geral. Anualmente, são divulgados diversos índices de competitividade mundial. Infelizmente, ano a ano, o Brasil vem perdendo posições, e atualmente está atrás até mesmo do Cazaquistão e do Peru. O mesmo vale para o ranking dos maiores exportadores elaborado pela Organização Mundial do Comércio. Quando consideramos a posição brasileira, no 25º lugar, constatamos que há muitos países com territórios mais reduzidos e menores parques industriais, como a Espanha e a Arábia Saudita, que ocupam posições mais favoráveis. Em outras palavras, apesar de suas limitações, essas nações estão na nossa frente. Veja o Quadro 1, abaixo, e compare os maiores exportadores com os países mais competitivos. Você consegue perceber como esses dados se relacionam? CCDD — Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Quadro 1 – Comparação entre os maiores exportadores e os países mais competitivos Maiores Exportadores Mais Competitivos China Suíça Estados Unidos Estados Unidos Alemanha Cingapura Japão Alemanha Holanda Holanda França Japão Coreia do Sul Hong Kong Reino Unido Finlândia Hong Kong Suécia Itália Reino Unido Fonte: Elaboração própria com base em dados da OMC e Fórum Econômico Mundial. Quanto mais livre é o ambiente de um país, quanto mais suas empresas importam, mais opções de escolha têm seus consumidores. Como consequência, suas empresas nacionais buscam criar produtos melhores, mais inovadores e de maior tecnologia, para permanecerem no mercado. Por outro lado, quando o governo trava as importações, cria empecilhos ao comércio exterior — através de leis e procedimentos burocráticos e sem sincronia, com a existência de muitos órgãos intervenientes —,as empresas se engajam menos em atividades internacionais. Consequentemente, esse país perde oportunidades de crescimento, desenvolvimento e exportação. Um exemplo de país que evoluiu e cresceu graças à sua dedicação às relações econômicas internacionais foi Cingapura. Esse país asiático, na década de 1960, era pobre, sem recursos naturais ou terras férteis. Mediante incentivos governamentais, solidificação da moeda, respeito à propriedade privada e incentivos ao empreendedorismo e ao setor industrial, Cingapura hoje tem uma renda per capita maior que a dos Estados Unidos e a da União Europeia. Esse país possui poucas regulamentações que travem a internacionalização de suas empresas, impostos baixos e zero tributos sobre as operações de importação ou exportação. CCDD — Centro de Criação e Desenvolvimento DialógicoE você, acha que o Brasil poderia seguir esse exemplo? Tema 3: Comércio Exterior de Serviços Até aqui entendemos como o comércio e as transações econômicas internacionais são parte importante da riqueza das nações. Vimos, também, que muitos dos países mais competitivos, são também grandes exportadores. Essa semelhança é natural, uma vez que, ao comprometer-se com o comércio exterior e com as transações internacionais, uma determinada nação deve sempre se preocupar com inovação e aprimoramento, para sempre estar um passo à frente de seus concorrentes. Aqui, é necessário fazer um questionamento: as transações internacionais compreendem apenas as trocas de bens físicos? Não! O setor de serviços é parte importante não só das economias, mas também das trocas internacionais! Vamos pensar nos transportes, que carregam cargas por todo o mundo. O transporte, em si, é um bem? Não, um serviço! O mesmo vale para as transações financeiras. São serviços, e não bens que podem ser encaixotados, colocados num container, depois num navio, e por fim enviados ao exterior. E não são só os serviços financeiros ou de transporte que importam aqui: Serviços como hospedagem e varejo tornam-se cada vez mais internacionais. Nas economias mais avançadas, as empresas prestadoras de serviços respondem por uma participação maior do investimento direto estrangeiro (IDE) do que as manufatureiras. Os serviços face a face colocam seus fornecedores em contato direto com clientes estrangeiros por meio de transações além das fronteiras nacionais. Entre esses provedores estão arquitetos, consultores e advogados. Os serviços baseados em ativos são aqueles em que alguém se oferece para estabelecer uma instalação física no exterior, tais como bancos, restaurantes e lojas. (Cavusgil, Knight, Riesenberger, 2010) Temos, então, dois tipos de serviços: os com base em ativos e os com base em determinado atendimento. E qual a principal diferença entre o comércio de serviços e o de bens? É a imaterialidade que caracteriza os serviços. Na esmagadora maioria das vezes, os serviços são “consumidos” no momento de sua prestação, visto que são imateriais. Por isso, frequentemente é difícil CCDD — Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico quantificá-los. E existe outra questão crítica em relação aos serviços: muitas vezes, um produtor do país consumidor pode produzi-lo: Há, ainda, a situação em que o produtor internacional do serviço permite que algum produtor do país consumidor produza o serviço em questão. Para que isso ocorra é necessário que o produtor nacional adquira ativos específicos à propriedade do produtor internacional, ativos estes que são necessários para a produção do serviço. Um exemplo evidente é o caso das franquias (por exemplo, fast food, vestuário). Neste caso, a transferência de ativos ocorre por meio de relações contratuais. (GONÇALVES, 2005) Você sem dúvida já consumiu algo oriundo de uma transferência internacional de serviços, em qualquer uma das franquias existentes. É importante que os profissionais de relações internacionais tenham em mente que o comércio internacional de serviços pode ser uma fonte de oportunidades. O fato de o serviço ser imaterial facilita sua transação e prestação, uma vez que não é necessário se preocupar com trâmites aduaneiros ou logísticos. Sabendo dessas possibilidades, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior criou o Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços e Intangíveis (Siscoserv), que permite registrar as operações internacionais desse tipo. Tema 4: Comércio Exterior e Projetos Internacionais Anteriormente, vimos algumas modalidades de transações internacionais, as quais variam conforme o risco e os recursos comprometidos. A mais simples das transações internacionais são as exportações. Por outro lado, a transação mais arriscada e que compromete mais recursos é o Investimento Estrangeiro Direto ou Investimento Direto no Exterior. Independentemente de qual seja a modalidade escolhida por uma determinada empresa, essa organização dificilmente começará sua transação sem um plano de ação ou uma estratégia. As empresas normalmente iniciam suas atividades internacionais com uma visão de futuro, ou seja, buscando entender aonde elas desejam chegar. A visão pode ser: obter um percentual do faturamento do exterior, tornar-se líder de mercado num outro país ou tornar-se CCDD — Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico menos dependente do mercado interno em x por cento. A partir do momento em que a empresa assume uma visão de futuro, pode-se traçar uma estratégia para alcançá-la. É justamente por isso que se diz que uma boa parte dos projetos internacionais — se não todos — partiu de uma visão, a qual resultou em determinada estratégia. Ainda que a empresa esteja iniciando suas atividades internacionais pela forma mais básica, a exportação, esse início de atividade parte de um projeto, ou seja, a definição do que fazer primeiro: Figura 5 – Estratégias de atuação internacional Mas, afinal, como uma empresa inicia sua atuação internacional? Isso depende de uma série de fatores! Às vezes, a empresa busca importar algum insumo para baratear o custo do produto final. Outras vezes, ela quer exportar para, por exemplo, depender menos do mercado interno. Tudo depende da empresa e do seu produto ou serviço. Apenas depois de entender a motivação da empresa é que se pode partir para a seleção do mercado de atuação: A seleção dos mercados para onde expandir as operações é determinada por fatores internos e externos à empresa. A nível interno, são aspectos como a capacidade de adaptar o produto (se necessário), a disponibilidade de recursos financeiros e técnicos, a experiência prévia nesses mercados, a existência de contatos com clientes ou distribuidores locais e mesmo eventuais vantagens competitivas de que a empresa dispõe e lhe permitem competir melhor, quer com • Buscar clientes? • Buscar fornecedores? • Participar de eventos internacionais? Atuação Internacional CCDD — Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico as empresas locais quer com outras empresas estrangeiras já instaladas. No plano dos fatores externos, é indispensável analisar questões como a dimensão atual (e potencial) do mercado, as condições econômicas, as políticas governamentais, as barreiras ao comércio e ao investimento, as evoluções socioculturais, as políticas de incentivos governamentais ao investimento estrangeiro, entre outras. (Ferreira, Reis, Serra, 2011) É o entendimento de todos esses fatores que permite delinear a estratégia para iniciar o projeto internacional. Digamos que determinada empresa queira efetuar sua primeira exportação. Nesse caso, o indicado é buscar onde há demanda para o produto que ela fabrica ou o serviço que ela presta. Pode-se, também, procurar feiras internacionais que os diretores e gerentes possam visitar. Outra possibilidade é participar de rodadas de negócios promovidas pelas federações da indústria de cada um dos estados. E se a empresa quiser, por outro lado, importar algum insumo para baratear o produto final? Nesse caso, ela deve recorrer a fornecedores desse insumo. Novamente, existe a possibilidade de visitar feiras internacionais ou entrar em contato direto com fábricas no exterior. Perceba: não há uma resposta pronta sobre como as organizações devem iniciar suas atividades internacionais: as estratégias variam caso a caso. Os projetos servem, portanto, para ajudar as empresas a selecionar um mercado e uma forma de ingressar neste. NaPrática Leia atentamente a notícia a seguir: Fiep realiza rodada de negócios internacionais para setor do vestuário Encontro vai trazer importadores do Uruguai, República Dominicana, Paraguai, Panamá e Colômbia. Fabricantes do setor do vestuário do Paraná que têm interesse no mercado externo terão a oportunidade de ampliar contatos comerciais e negociar com compradores da América do Sul e América Central, no Encontro Internacional de Negócios do CCDD — Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Setor do Vestuário, que será realizado no Campus da Indústria do Sistema Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). O encontro, promovido pelo Centro Internacional de Negócios (CIN) da Fiep vai trazer oito importadores de vestuário do Uruguai, República Dominicana, Paraguai, Panamá e Colômbia. Eles vêm ao Brasil em busca de produtos relacionados ao vestuário para adultos, jovens e crianças, esportivo e fitness, roupa íntima, moda praia, uniformes, bonés e sapatos. (Fiep, 2016) Depois de analisar a notícia acima, responda: qual a importância desse tipo de iniciativa para a competitividade de um país? Como você, enquanto profissional de relações internacionais, pode auxiliar sua empresa a iniciar atividades internacionais? Eventos de rodadas internacionais de negócios, como a relatada na notícia acima, são importantes pois atraem a atenção de empresários e investidores para a possibilidade de atuar internacionalmente. Esses empresários e investidores podem, por sua vez, fechar negócios que gerarão mais empregos e vendas. Esse tipo de iniciativa, quando se torna frequente, pode fazer com que cada vez mais empresas de uma localidade interessem-se por atuar internacionalmente. Muitas vezes, para iniciar a atuação internacional, é necessário que as empresas aprimorem seus produtos ou serviços, a fim de serem mais competitivas. Como consequência, o país todo acaba ganhando com isso. Nesse cenário, o papel do profissional de relações internacionais é auxiliar a empresa na qual trabalha a escolher um mercado e uma maneira de iniciar suas atividades internacionais. Isso, normalmente, ocorre por meio de um projeto internacional, que analisa múltiplas questões e propõe uma estratégia de atuação. Síntese O incremento do comércio internacional é um dos fortes motores do crescimento e do desenvolvimento das nações. O comércio internacional, uma das expressões das relações econômicas, permite maior eficiência de nações e trabalhadores, o que possibilita uma redução dos preços de produtos de uso CCDD — Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico diário, visto que amplia a sua oferta. Com isso, nós, consumidores, saímos ganhando, pois há um aumento do nosso acesso a uma série de bens. Por permitirem um envolvimento gradual dos empreendedores, considera- se as exportações e importações a forma mais básica de comércio ou transação internacional. O licenciamento de propriedade intelectual é outra possibilidade de envolvimento internacional, mas, nesse caso, há maior risco. Uma outra forma de atuação internacional são parcerias, como as alianças e as joint ventures. Nesses casos, duas ou mais empresas unem-se para reduzir os custos e riscos de entrar num mercado diferente do seu. No entanto, o maior risco manifesta-se através do chamado Investimento Estrangeiro Direto ou Investimento Direto Estrangeiro. É o caso de empresas que enviam certa quantidade de dinheiro para um país no exterior, a fim de abrir uma fábrica, comprar uma empresa local, adquirir um concorrente ou iniciar operações no local de destino. Quanto mais livre é o ambiente de um país, quanto mais suas empresas importam, mais opções de escolha têm seus consumidores. Consequentemente, as empresas nacionais esforçam-se para criar produtos melhores, mais inovadores e de maior tecnologia, para permanecerem no mercado. Por outro lado, quando o governo trava as importações, cria empecilhos ao comércio exterior — através de leis e procedimentos burocráticos e sem sincronia, com atuação de muitos órgãos intervenientes — menos as empresas se engajam em atividades internacionais. Consequentemente, esse país perde oportunidades de crescimento, desenvolvimento e exportação. Mas as transações internacionais compreendem apenas as trocas de bens físicos? Não! O setor de serviços é parte importante não só das economias, mas também das trocas internacionais! Existem dois tipos de serviços: os baseados em ativos e aqueles com base em um determinado atendimento. E qual a principal diferença entre o comércio de serviços e o de bens? É a imaterialidade dos serviços. Na esmagadora maioria das vezes, os serviços são “consumidos” no momento de sua prestação, visto que são imateriais. Por isso, muitas vezes é difícil quantificá-los. Independentemente de qual seja a forma escolhida uma empresa para iniciar seu envolvimento internacional, essa organização dificilmente começará CCDD — Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico a transação sem um plano de ação ou uma estratégia. As empresas normalmente iniciam suas atividades internacionais com uma visão de futuro, ou seja, buscando entender aonde elas desejam chegar. Essa visão pode ser: obter um percentual do faturamento do exterior, tornar-se líder de mercado num outro país ou tornar-se menos dependente do mercado interno em x por cento. A partir do momento em que uma determinada empresa tem uma visão de futuro, ela pode traçar uma estratégia para alcançar essa visão. É justamente por isso que se diz que uma boa parte os projetos internacionais — se não todos eles — partiu de uma visão, a qual resultou numa determinada estratégia. Os projetos servem, nesse caso, para ajudar as empresas a selecionar um mercado e uma forma de entrada. Referências AMATUCCI, M. Teorias de negócios internacionais e a economia brasileira — de 1850 a 2007. In: _____. Internacionalização de empresas. São Paulo: Atlas, 2009. BRASIL. Portal Brasil. Comércio Exterior é fundamental para desenvolvimento do País, diz Teixeira. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/governo/2011/08/comercio-exterior-e-fundamental- para-desenvolvimento-do-pais-diz-teixeira> Acesso em: 17 set. 2016. CASA MIRIAN LONDON. Disponível em: <http://www.casamirianlondon.com.br/> Acesso em: 18 set. 2016. CAVUSGIL, S. T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios internacionais — estratégia, gestão e novas realidades. São Paulo: Pearson, 2010. COMPETITIVIDADE. In: Wikipedia. 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