Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Disciplina: Instalações de Baixa Tensão Aula 8: Dispositivos de Proteção utilizados em uma IBT Apresentação Nesta aula definiremos os dispositivos de proteção e as noções sobre seletividade. Apresentaremos os conceitos básicos de sobrecarga e curto-circuito e conheceremos as curvas tempo x corrente de um dispositivo de proteção. Faremos uma introdução ao estudo dos disjuntores termomagnéticos: princípio de funcionamento, parâmetros elétricos (corrente, capacidade de interrupção, tipo de curva), tipos de disjuntores (minidisjuntores, disjuntores em caixa moldada e disjuntores abertos) e os principais fabricantes. Apresentaremos também o dispositivo diferencial residual de corrente (DR) e o dispositivo protetor contra surto (DPS). Objetivos Identificar o que é um dispositivo de proteção e a sua importância nas Instalações Elétricas de Baixa Tensão; Reconhecer os principais dispositivos de proteção utilizados nas IBTs; Analisar catálogos técnicos dos principais fabricantes de dispositivos de proteção em baixa tensão. Os dispositivos de proteção e a seletividade Leia esta reportagem <https://noticias.r7.com/sao-paulo/prefeitura- de-sp-avisou-mp-que-predio-tinha-risco-de- incendio-02052018> , publicada no site do R7.com, em 02 de maio de 2018. Toda instalação elétrica está sujeita a distúrbios na energia oriundos internamente ou externamente a ela. Tais distúrbios, como sobrecargas (geram correntes que ultrapassam o valor nominal dos componentes da instalação) e curto circuitos (geram correntes elevadas devido a falhas na isolação de equipamentos da instalação), são imprevisíveis e podem ocorrer a qualquer momento e com duração que vai de uns poucos segundos até algumas horas. Os dispositivos de proteção atuam de forma seletiva para evitar que um defeito em um circuito isolado não afete toda a instalação, e que se possa efetuar o reparo somente no circuito atingido pelo defeito. A NBR 5410 estabelece que todos os circuitos de uma instalação elétrica devem ser protegidos contra sobretensão e curto-circuito. Os mais importantes são: Fusível Disjuntor termomagnético Fusível https://noticias.r7.com/sao-paulo/prefeitura-de-sp-avisou-mp-que-predio-tinha-risco-de-incendio-02052018 Dispositivo que possui um fio condutor (filamento ou lâmina) sensível à passagem de corrente superior ao seu valor nominal. Ao exceder este valor durante um tempo especificado, o condutor se funde, interrompendo a passagem da corrente, protegendo o circuito. Dispositivos fusíveis Os fusíveis: São de operação simples e segura Apresentam baixo custo Não permitem manobras São usados em chaves seccionadoras de corrente elétrica Devem ser utilizados em cada fase Não podem ser reutilizados após sua atuação Só protegem os circuitos, quando neles circulam, correntes de curto-circuito e não as sobrecorrentes Característica tempo-corrente de fusíveis Fornece o tempo de interrupção (fusão) em corrente presumida, em condições específicas de operação. A imagem abaixo ilustra a curva característica de atuação de fusíveis padrões de 2 a 90ª. Curva característica Tempo x Corrente de fusíveis de 2 a 90A Você pode observar na curva característica tempo-corrente de fusíveis, que no eixo horizontal estão os valores da corrente presumida no fusível e no eixo vertical está o tempo de interrupção (fusão) deste. Quanto maior o tempo de fusão, maior é o valor da corrente que o fusível pode conduzir em situações extremas de carregamento, sem se fundir. Quando um fusível se funde, ele interrompe a passagem da corrente elétrica, devendo ser substituído imediatamente. Disjuntor termomagnético Dispositivo mecânico capaz de conduzir corrente nominal por longo período. Quando a corrente ultrapassa o valor nominal do dispositivo ele atua (dispara) interrompendo a passagem da corrente. Para que ele volte à condição normal precisa ser rearmado. Protege os circuitos contra sobrecorrentes (dispositivo térmico) e correntes de curto-circuito (dispositivo magnético). Pode ser monopolar ou multipolar. Disjuntor bipolar Curva característica tempo- corrente Por meio dela pode-se escolher o disjuntor mais adequado em função do tipo de circuito a ser protegido. A imagem a seguir ilustra a curva de característica de um disjuntor padrão. Curva tempo x Corrente de um disjuntor padrão. Você pode observar na curva característica tempo-corrente do disjuntor mostrado que no eixo horizontal estão os valores da corrente de operação (em múltiplos da corrente nominal In) e no eixo vertical está o tempo de atuação (tempo de desarme do disjuntor). Quanto maior o tempo de atuação, maior é a capacidade de condução do disjuntor, ou seja, maiores valores de corrente podem circular no circuito que ele protege. Após o desarme do disjuntor, ele deve ser rearmado manualmente pelo usuário, a fim de que o dispositivo volte a entrar em operação normal de serviço. Atenção É importante você lembrar que os disjuntores protegem os equipamentos da instalação, como cabos, conexões e aparelhos. Princípio de funcionamento dos disjuntores Vamos ver o funcionamento tipos de disjuntores listados abaixo: Disjuntor térmico Este tipo de disjuntor funciona pelo princípio da deformação de uma lâmina bimetálica. A lâmina se deforma com a passagem de uma corrente de sobrecarga, provocando a abertura do contato mecânico que interrompe a passagem da corrente, protegendo os equipamentos conectados ao circuito. Como vantagens, você deve ter em mente: Simplicidade; Robustez; Preço baixo. Como desvantagens, você deve observar: Baixa precisão; Tempo de ação lento. Observe que este tipo de disjuntor não deve ser utilizado para proteção de curtos-circuitos. Disjuntor magnético O princípio de funcionamento deste tipo de disjuntor é o eletromagnetismo. Uma variação de corrente elétrica que atravessa as espiras de uma bobina, gera o campo magnético nela fazendo com que a chapa metálica do contato seja atraída, abrindo o contato, protegendo o circuito a ele conectado. Disjuntor termomagnético Este tipo é uma junção do disjuntor térmico e magnético. É muito utilizado em instalações comerciais e residenciais. Possui funções de: Manobra: abertura e fechamento voluntário do circuito; Proteção contra sobrecarga: atua como disjuntor térmico; Proteção contra curto-circuito: atua como disjuntor magnético. Você deve então saber que o disjuntor termomagnético pode ser usado para a proteção contra curto-circuito e sobreaquecimento gerados por sobrecarga. Tipos de curva dos disjuntores Dependendo dos tipos de equipamentos (cargas) que se deseja proteger, existe uma faixa de corrente de ruptura e tempo de ruptura do disjuntor. Desta forma os disjuntores são classificados em categorias. Então existe uma categoria adequada de disjuntor a ser utilizado, essas categorias apresentam curvas de ruptura específicas, que determinam o período de tempo e a faixa dos limites de corrente que o dispositivo suporta. Curva característica tipo B Para disjuntores aplicados em circuitos que possuem cargas resistivas (fornos, chuveiros e aquecedores elétricos, e circuitos de tomada de uso geral para estes fins). Neles a corrente de ruptura é de 3 a 5 vezes maior que a sua corrente nominal (In). Curva característica tipo C Para disjuntores aplicados em circuitos que possuem cargas indutivas (equipamentos de refrigeração, bombas, motores e circuitos de iluminação com reatores de partida). Neles a corrente de ruptura é de 5 a 10 vezes maior que a corrente nominal. Curva característica tipo D Para disjuntores aplicados em circuitos industriais, que possuem motores de grande porte, grandes transformadores, máquinas de solda etc. Neles a corrente de ruptura é de 10 a 20 vezes maior que a corrente nominal. Principais tipos de disjuntores Minidisjuntores São equipamentos que protegem os condutores da instalação contra curtos-circuitos e sobrecargas de energia, proporcionando aplicações seguras e econômicas em instalações elétricas residenciais, comerciais e industriais.Possuem disparo livre, isto é, podem disparar mesmo com a alavanca de acionamento travada na posição “on”. A imagem a seguir ilustra um minidisjuntor de fabricante conhecido. Minidisjuntor de fabricante conhecido. Disjuntores em caixa moldada Utilizados principalmente em circuitos AC/60Hz, podem ser utilizados como disjuntor, proteção para equipamentos que possam ser danificados por sobrecarga e curtos-circuitos, disjuntor seccionador ou chave principal. São divididos em duas versões: Disparadores térmico e magnético fixo; e Disparadores térmico ajustável e magnético fixo, tripolares, com tensão de trabalho nominal até 690V. A imagem a seguir ilustra um disjuntor em caixa moldada de fabricante conhecido. Disjuntor em caixa moldada de fabricante conhecido. Disjuntores abertos São ideais para aplicações de corrente entre 800 até 6300A. Pode fornecer informações para o monitoramento e o controle da instalação elétrica. A imagem a seguir ilustra um disjuntor aberto de fabricante conhecido. Disjuntor aberto de fabricante conhecido. Dispositivo Residual de Corrente (DR) É um dispositivo que atua como um sensor desarmando o disjuntor de circuito na presença de uma fuga de corrente , pela comparação diferencial de seus valores de entrada e saída da carga. O DR é o meio mais eficaz na proteção de pessoas (e animais domésticos) contra choques elétricos e também serve de proteção contra incêndio e melhora a qualidade da instalação. DR tetrapolar de um fabricante conhecido. 1 file:///W:/2018.2/instalacoes_de_baixa_tensao__GON997/aula8.html Princípio de funcionamento do DR O DR funciona como um sensor, medindo permanentemente a soma vetorial das correntes que circulam os condutores fase e neutro de um circuito. Em operação normal a soma fasorial deve ser nula. Na presença de correntes de fuga esta soma se torna diferente de zero, indicando falha de isolamento em um equipamento alimentado por esse circuito. Neste momento, o DR atuará no disjuntor ao qual ele está conectado e a passagem da corrente será interrompida. Exemplo Uma pessoa tocando acidentalmente em um condutor vivo do circuito protegido, a corrente irá circular pelo corpo dela, provocando imediatamente um diferencial na soma vetorial das correntes. Este diferencial será também detectado pelo DR tal como se fosse uma corrente de fuga. Princípio de funcionamento do DR. No DR, a corrente nominal de atuação IΔn indica sua sensibilidade. Observa- se que os DRs com IΔn ≤ 30 mA são de alta sensibilidade e com IΔn > 30 mA são de baixa sensibilidade. Tabela de especificações de um DR de um fabricante conhecido. Aplicação do DR Como você deve dimensionar o dispositivo DR em uma instalação elétrica? Primeiramente, você deve levar em conta a função do DR na instalação elétrica. Por exemplo, se a sua sensibilidade for maior que 30mA, será provida somente proteção da instalação elétrica (contra incêndios e outros possíveis danos causados por correntes de fuga à terra). Se a sensibilidade for igual ou menor que 30mA, será provida proteção contra risco de morte e também da instalação elétrica (mais apropriado para instalações domésticas e similares). Neste caso, quando a pessoa receber um choque o circuito será desligado instantaneamente, minimizando os danos a sua saúde. Dispositivos de proteção contra surtos (DPS) Equipamentos desenvolvidos com o objetivo de detectar sobretensões transitórias na rede elétrica e desviar as correntes de surto. Saiba mais Esses distúrbios são mais comuns do que muitos imaginam, ocorrendo diariamente em ambientes residenciais, comerciais e industriais. Princípio de funcionamento do DPS O DPS possui uma impedância interna que modifica com a alta da tensão em seus terminais. Essa impedância tende a diminuir com a elevação da tensão, proporcionando um caminho para o desvio da corrente de surto para o sistema de aterramento projetado para a instalação. Isto é fundamental, pois, sem o DPS a corrente iria fluir pela instalação destruindo máquinas e equipamentos causando sérios prejuízos. Existem três classes de DPS: Classe I Capaz de drenar correntes parciais de um raio. É a proteção primária, utilizada em ambientes expostos a descargas atmosféricas diretas, como áreas urbanas periféricas ou áreas rurais. Instalados nos quadros primários (QGBT) de distribuição. Classe II Capaz de drenar correntes parciais de um raio. É a proteção primária, utilizada em ambientes expostos a descargas atmosféricas diretas, como áreas urbanas periféricas ou áreas rurais. Instalados nos quadros primários (QGBT) de distribuição. 2 file:///W:/2018.2/instalacoes_de_baixa_tensao__GON997/aula8.html DPS Classe II com corrente nominal de 5 kiloamperes. Classe III Dispositivos destinados à proteção fina de equipamentos, instalados próximos aos equipamentos. São utilizados para proteção de equipamentos ligados à rede elétrica, à linha de dados e às linhas telefônicas. A tabela a seguir ilustra as características do DPS Classe II com corrente nominal de 5 kiloamperes: Número de polos 01 Tempo de atuação < 25ns Tipo de Fixação Em trilho DIN (35mm) Tipo de Terminais Bornes com parafusos Capacidade 4 a 25mm dos terminais Características Técnicas do DPS Classe II com corrente nominal de 5 kiloamperes. Dimensionamento de DPS Para o dimensionamento correto de um DPS deve-se atentar aos seguintes fatores: Nível de proteção Máxima tensão de operação contínua Suportabilidade a sobretensões temporárias Corrente nominal de descarga Aplicação do DPS Quais as características de seleção de um dispositivo de proteção contra surtos e onde devem ser instalados? As características são: Nível de proteção Máxima tensão de operação contínua Suportabilidade a sobretensões temporárias Corrente nominal de descarga Os DPS devem ser instalados na entrada de energia da instalação elétrica, no interior do quadro, conectado ao disjuntor de entrada, ao barramento de neutro e terra. Atividades 1. Se um disjuntor com curva de atuação tipo B, dada pela Figura 4, possui corrente nominal de 200A e for percorrido por uma corrente de 600A, calcule o tempo de disparo (desligamento do circuito) e marque a alternativa que apresenta a resposta correta. a) 1s b) 3s c) 10s d) 5s e) 12s 2. Se um disjuntor com curva de atuação tipo C, dada pela Figura 4, possui corrente nominal de 200A e for percorrido por uma corrente de 3000A, calcule o tempo de disparo (desligamento do circuito) e marque a alternativa que apresenta a resposta correta. a) 0,1s b) 0,03s c) 10s d) 0,005s e) 0,002s 3. Se um disjuntor com curva de atuação tipo D, dada pela Curva tempo x Corrente de um disjuntor padrão, possui corrente nominal de 200A e for percorrido por uma corrente de 4000A, calcule o tempo de disparo (desligamento do circuito) e marque a alternativa que apresenta a resposta correta. a) 0,01s b) 0,03s c) 10s d) 0,005s e) 0,002s Notas Fuga de corrente 1 Correntes que não retornam para a fonte pelo condutor neutro. Impedância Oposição à passagem da corrente elétrica em circuitos de corrente alternada. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Disponível em: Acesso em: 17 abr. 2018. CAVALIN, Geraldo, CERVELIN, Severino. Instalações elétricas prediais. Teoria e prática. Curitiba: Editora Base Livros Didáticos, 2008. COTRIM, A. A. M. B. Instalações elétricas. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. CREDER, H. Instalações elétricas. 14. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2004. MAMEDE FILHO, João. Instalações elétricas industriais. 7. ed. São Paulo: LTC, 2007. Próximos Passos • Um elo fusível e as suas principais características de funcionamento; • Os dispositivos de proteção para os circuitos de uma IBT; • Análise dos catálogos dos principais fabricantes de dispositivos de proteção em Baixa Tensão. Explore mais • Acesse: Portal do Eletricista: Dispositivos de proteção: disjuntores DPS e DR <http://www.portaleletricista.com.br/disjuntores-dps-e-dr> . 2 http://www.portaleletricista.com.br/disjuntores-dps-e-dr
Compartilhar