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Página 1 de 7 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL, a quem couber por distribuição. PAULO VICTOR NUNES DE MELO, brasileiro, casado, advogado, inscrito na OAB-DF sob nº. 25.561 e portador do CPF n°. 715.688.161-20, nascido em 08/03/1983, filho de Francisco Nunes Dourado Neto e Maria Fátima Rodrigues de Melo, profissionalmente domiciliado no SIG Quadra 04, Lote 25, Centro Empresarial Barão de Mauá, Sala 15, Brasília – DF, CEP 70.610-440, telefone: (61) 3341-2521, vem à presença deste M.D. Juízo apresentar AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE MULTA E LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO c/c REPETIÇÃO DE INDÉBITO em face de DISTRITO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público inscrita no CNPJ sob o nº 00.394.601/0001-26, podendo ser citada na pessoa de seu Procurador Geral no endereço de SAM, Bloco I, Edifício Sede da Procuradoria Geral do Distrito Federal, CEP: 70620-000 I – DOS FATOS No dia 25 de novembro de 2010 o Autor celebrou contrato de compra e venda do imóvel situado na QI 17, Conjunto 03, Casa 20, Lago Sul – DF, com número de inscrição do IPTU 30121167, com a empresa TOYOLEX AUTOS LTDA, inscrita no CNPJ de nº 07.234.453/0001-21, com imóvel no valor de R$ 1.213.000,00 (um milhão duzentos e treze mil reais). Desta forma, deu-se cobrança do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis – ITBI a partir da data da celebração do contrato de promessa de compra e venda, pois a partir deste contrato o Autor passou a possuir a posse direta e indireta sobre o bem imóvel, conforme contrato firmado, ou seja, 25/11/2010. Ademais, após o pagamento total do imóvel o vendedor não transferiu, de forma definitiva, o imóvel em questão, restando registrar na matrícula do imóvel o nome do comprador que já possuía a posse direta e indireta do bem imóvel sem qualquer oposição ou Página 2 de 7 embaraço. Não só isso como já executava, desde a época da compra do imóvel, diversas benfeitorias. Somente mais de 6 (seis) anos do fato gerador, a Secretaria de Estado de Fazenda e Planejamento do Distrito Federal notificou o Requerente a pagar o referido Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI). Ocorre que, no caso em tela, o prazo para lançamento do imposto citado decaiu, ademais, há frontal desrespeito à Constituição Federal de 1988 e ao princípio da irretroatividade que incide sobre o direito tributário. Por fim, ao levar a Carta de Adjudicação expedida nos autos do processo nº 2015.01.1.073344-0, por ordem do juízo da 15ª Vara Cível da Circunscrição Judiciaria de Brasília- Distrito Federal, que adjudicou o imóvel de propriedade de TOYOLEX AUTOS LTDA para o autor, PAULO VICTOR NUNES DE MELO, para lançamento do ITBI - Imposto de Transmissão de Bens Imóveis, obteve ciência do lançamento no dia 09/10/2017, conforme termo constante dos autos do lançamento, mas com aplicação de multa por atraso. Esse é o resumo do necessário. II – DO DIREITO II.b) DA VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE No mesmo sentido, verifica-se que, ao gerar o tributo, o Réu deixou de considerar, e aplicar, o princípio basilar da irretroatividade, aplicando percentual a maior do que o devido e sobre outra base de cálculo, pois vejamos. O fato gerador do ITBI ocorreu, conforme narrado, no momento em que houve a celebração do contrato de promessa de compra e venda, em 2010, com a entrega das chaves do imóvel, e a consequente transmissão mansa e pacífica da posse, conforme se depreende da cláusula 4ª do referido contrato ora celebrado. Veja, desta forma, o fato gerador ocorreu no final do ano de 2010, momento em que estava vigente Decreto Nº 3.830/2006 que trazia em seu artigo 9º a seguinte redação: Art. 9º A alíquota do ITBI é de 2% (dois por cento). No entanto, no ano de 2015 a redação do artigo acima foi alterada nos moldes do Decreto Nº 5.452/2015, com efeitos a partir de 1º/01/2016, trazendo outra redação para o artigo 9º, in verbis: Página 3 de 7 Art. 9º A alíquota do ITBI é de 3%. No entanto, o ilustre auditor-fiscal da Secretaria de Estado da Fazendo aplicou a alíquota de 3% (três por cento) sobre o valor arbitrado pela própria secretaria, ao calcular o valor do imposto, desta forma contrariando a Constituição Federal de 1988. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; Nesse sentido, o art. 38 do Código Tributário Nacional, resta evidente, ipsis litteris: Art. 38. A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos. Assim, ainda que fosse desconsiderada a questão da ilegalidade da cobrança, o que só se admite a fins de enriquecimento processual, deve-se ser recalculado o imposto, de forma indubitável, considerando-se a alíquota de 2% (dois por cento) sobre o valor venal do imóvel e não o absurdo praticado pelo Réu. II.c) DO VALOR DO IMÓVEL Conforme narrado, ao calcular o Imposto sobre a Transmissão Inter Vivos de Bens e de Direitos a Eles Relativos – ITBI foi considerando o valor de R$ 1.494.218,70 (um milhão quatrocentos e noventa e quatro mil duzentos e dezoito reais e setenta centavos) como base de cálculo. No entanto, resta evidente que o valor utilizado como base de cálculo é desarrazoado. O imóvel foi adquirido pelo valor de R$ 1.213.000,00 (um milhão duzentos e treze mil reais) no ano de 2010. Não é crível que, cinco anos depois, se utilize, para base do cálculo do referido imposto, um valor aleatório sem qualquer nexo com a realidade e que onere o Autor em R$ 281.218,70 (duzentos e oitenta e um mil e duzentos e dezoito reais e setenta centavos) a mais do valor venal do imóvel. Ainda que se considerasse que o Autor é devedor do imposto, o que novamente só é trazido para esclarecimento da demanda, o valor a ser utilizado para Página 4 de 7 base de cálculo deve ser o mesmo do contrato de promessa de compra e venda, ou seja R$ 1.213.000,00, Como já restou comprovado que o ITBI deve ser calculado incidindo a alíquota de 2% (dois por cento) sobre o valor de venda do imóvel, o valor devido não pode ser maior que R$ 24.260,00 (vinte quatro mil e duzentos e sessenta reais) e não os exorbitantes R$ 44.826,56 (quarenta e quatro mil oitocentos e vinte e seis reais e cinquenta e seis centavos). RATIFICA-SE: CONFORME O JÁ TRANSCRITO, ARTIGO 38 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL É CATEGÓRICO EM INFORMAR QUE A BASE DE CÁLCULO DO ITBI É O VALOR VENAL DOS BENS OU DIREITOS TRANSMITIDOS. Ademais, o Decreto Nº 3.380/2006, que regula o ITBI, caminha em consonância com o art. 38 do CTN. Observa-se que não se utilizou do valor venal do imóvel que é elaborado em conformidade dos bens e direitos transmitidos ou cedidos, qual seja o do negócio jurídico firmado entre o Autor e a Empresa Toyolex Autos LTDA; Assim, a base de cálculo utilizada pela Secretaria de Estado de Fazenda e Planejamento do Distrito Federal é arbitrária e não há parâmetros de cientificidade ou qualquer laudo que informe/comprove o aumento do bem imóvel, carecendo, assim de dados que ilustrem tal valor. Desta forma, conforme exaustivamente demonstrado, o valor para base de cálculo do Imposto Sobre Transmissão de Bens Imóveis deve ser fixado sob o montante pago pelo imóvel à época da celebração do contrato de promessa de compra e venda e não um valor diferente, determinado arbitrariamente pelo Réu, sem qualquer fundamentação e/ou respaldo jurídico, e que implica em um acréscimo de 23,18% (vinte e três vírgula dezoito por cento) ao valor pago inicialmente. DA ANULAÇÃO DA MULTA POR ATRASO – Em Agosto de 2017, o autor deu entrada no lançamento do ITBI, como preconizou o cartório de registro na exigência.Todavia, sem qualquer comunicação prévia, voltou a secretaria e obteve ciência do lançamento no dia 09/10/2017, conforme termo constante dos autos do lançamento, mas segundo a atendente da SEFAZ teria que ter acompanhado o andamento do processo administrativo, pois o lançamento foi feito em outro setor, em agosto de 2017. Página 5 de 7 Ora, o próprio TERMO DE CIÊNCIA assinado pelo impugnante remete ao art. 17, §4° do Decreto 34.982/2013, que estabelece que o prazo para pagamento é de 30 (trinta) dias a contar da ciência do lançamento. Por isso, a guia anexa, onde contêm multa por atraso é nula, razão pela qual deve-se reconhecer com indevida a multa por atraso cobrada no valor de R$ 4.516,77 (quatro mil quinhentos e dezesseis reais e setenta e sete centavos). DA REPETIÇÃO DE INDÉBITO Deve-se reconhecer o tributário refere-se à possibilidade do direito do contribuinte pleitear a devolução de tributo pago indevidamente ou nas demais hipóteses listadas pela Lei. Nos termos do artigo 165 do CTN, os contribuintes têm o direito de, independentemente de prévio protesto, solicitar, junto ao ente tributante, a restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, nos seguintes casos: Página 6 de 7 — reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória, seja esta administrativa ou judicial. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la (artigo 166 do CTN). A restituição total ou parcial do tributo dá lugar à restituição, na mesma proporção, dos juros de mora e das penalidades pecuniárias, salvo as referentes a infrações de caráter formal não prejudicadas pela causa da restituição (artigo 167 do CTN). III – DOS PEDIDOS Ante o exposto requer: a) A citação do requerido, através de seu procurador legal, para, querendo contestar a presente ação sob pena de confissão ficta dos fatos b) que seja reconhecida a decadência do direito ao lançamento do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis; c) que seja declarado extinto o direito do Réu de lançar e, consequentemente, cobrar qualquer valor referente ao Imposto sobre a Transmissão Inter Vivos de Bens e de Direitos a Eles Relativos – ITBI, do imóvel de inscrição nº 30121167, d) não entendendo pela prejudicialidade do lançamento tributário realizado, requer que seja utilizada a alíquota de 2% (dois por cento) sobre o valor venal do imóvel, por ser medida de direito e sob o crivo de possível violação às normas constitucionais; e) não entendendo pela prejudicialidade do lançamento que ocorreu, requer que seja retificada a base de cálculo para a incidência do ITBI o valor venal do imóvel, qual seja o montante de R$ 1.210.000,00 (um milhão duzentos e dez mil reais); f) Por fim, o reconhecimento da nulidade da multa por atraso no pagamento do ITBI lançado, uma vez que a ciência do lançamento se deu no dia 09/10/2017. g) Que todas as publicações se deem em nome do Dr. PAULO VICTOR NUNES DE MELO, OAB/DF 25.561 sob pena de nulidade absoluta; Página 7 de 7 h) Protesta provar o alegado por todos os meios admitidos no direito. Dá-se a causa, para todos os efeitos fiscais, o valor de R$ 24.200,00 (vinte e quatro mil e duzentos reais). Nestes termos pede deferimento. Brasília, 09 de novembro de 2017. PAULO VICTOR NUNES DE MELO OAB-DF 25.561
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