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Isabela Matos – T5 – UFMS CPTL 1 EMBRIOLOGIA – BBPM III Desenvolvimento do Sistema Respiratório O sistema respiratório é composto por superior e inferior. O superior composto por cavidade nasal e nasofaringe nós não vamos estudar hoje, porque essa parte é bem complexa e envolve desenvolvimento da face. Nessa aula vamos focar no desenvolvimento das vias áreas inferiores: laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos e alvéolos pulmonares. BROTO PULMONAR O desenvolvimento embrionário do pulmão é muito intimo ao desenvolvimento do sistema digestório. Então, nas aulas mais antigas nós vimos que o embrião tinha pregas cefálica, caudal e lateral. E isso determinada dentro do embrião um tubo, que nos chamamos de intestino primitivo. Esse intestino primitivo é derivado de endoderma e nós podíamos distinguir 3 regiões desse tubo/intestino primitivo. A porção desse intestino que ficava mais próxima de cabeça, nós chamamos de intestino anterior. A porção que tinha comunicação com o saco vitelínico chamamos de intestino médio. E a parte mais caudal, nós chamamos de intestino posterior. O pulmão, o inicio da sua origem é da região do intestino primitivo anterior. Nessa região do intestino primitivo anterior, logo depois da 4ª semana do desenvolvimento, vai surgir um broto ou uma evaginação do intestino anterior que nós chamamos de broto pulmonar ou divertículo respiratório. Alguns livros chamam de broto pulmonar e outros chamam de divertículo pulmonar. Essa evaginação aparece na porção ventral da parte caudal do intestino primitivo. Então, onde mostra a seta amarela, essa região em azul é o broto pulmonar ou divertículo respiratório. Então, é uma evaginação ventral do intestino anterior. O intestino anterior também vai formar estruturas como esôfago e estomago. Para que aconteça a formação desse broto pulmonar é necessário que nessa região as células que envolvem o intestino anterior expressem altas concentrações de ácido retinóico, proveniente da vitamina A. Então, é importante que altas doses desse ácido retinóico esteja presente nessa região para induzir a formação desse broto pulmonar. Nessa figura podemos ver que tudo que está pintado de amarelo é região de intestino anterior. Na região mais caudal do intestino anterior, na parede anterior vamos ter uma evaginação chamada divertículo respiratório que a seta amarela está apontando. A seta verde aponta para a parede dorsal do intestino anterior, mostrando que a evaginação ocorre na parede ventral do intestino e não na dorsal. A seta laranja mostra uma região chamada orifício laringotraqueal, que é um orifício de comunicação do broto pulmonar com o intestino anterior , que por enquanto vai ser temporária e depois vai sofrer remodelação. Nessa próxima figura dá para ver bem em amarelo as regiões do intestino anterior. Temos o saco vitelínico fazendo comunicação com intestino médio, o alantoide na região de intestino posterior e o broto pulmonar. O broto pulmonar é uma evaginação da parede do intestino anterior. Esse epitélio que reveste a parede do intestino é endoderma. Então, podemos dizer que Isabela Matos – T5 – UFMS CPTL 2 EMBRIOLOGIA – BBPM III é endoderma é um folheto embrionário que tem participação na formação do pulmão. O endoderma vai originar o epitélio pulmonar, epitélio da laringe, epitélio da traqueia, epitélio dos brônquios, epitélio dos bronquíolos e o epitélio dos alvéolos. Tudo o que for epitélio, é de origem endodérmica. Sempre que encontrar glândulas associadas no sistema respiratório, a origem também é endodérmica. Envolvendo o broto pulmonar, não está na figura, mas imagine que envolvendo todo o amarelo temos mesoderma esplâncnico que envolve intimamente o broto pulmonar e o intestino primitivo. Esse mesoderma esplâncnico vai formar todo o tecido conjuntivo, a vascularização, as cartilagens e o músculo liso que está presente no sistema respiratório. SEPTO TRAQUEOESOFÁGICO No início do desenvolvimento, quando forma o broto pulmonar, nós temos uma comunicação entre o broto pulmonar e o esôfago. Nesse desenho, o A mostra a faringe primitiva que é o intestino primitivo que está se formando, temos o broto pulmonar e orifício laringotraqueal comunicando os dois. Em D, é um corte transversal, temos o intestino anterior representado pela faringe em comunicação com o broto pulmonar. Sabemos que existe uma comunicação ainda, quando engasgamos o que ia ser deglutido vai parar na parte respiratória. Para que essa comunicação seja a mínima possível temos o desenvolvimento do septo traqueoesofágico. É o septo que separa a futura traqueia do esôfago. Então em B, temos o início da formação do septo, é uma prega de tecido conjuntivo, a setinha amarela está mostrando. Em E, temos as pregas do septo traqueoesofágico vão se fundindo e vão fechando a luz que tinha em D. No final, temos o septo traqueoesofágico que é importante para separar a futura região do esôfago da futura região da traqueia, para que não tenha comunicação entre essas duas. Nesse desenho fica fácil observar o septo traqueoesofágico, o divertículo respiratório/broto pulmonar em azul e o intestino anterior em amarelo. Em B, a progressão do septo traqueoesofágico. Em C, já está separado o intestino anterior, que vai originar o esôfago e da futura região da traqueia que foi originada do divertículo respiratório. Então as pregas/septos traqueoesofágicas vão separar o broto pulmonar do intestino anterior para que eles não tenham comunicação e nem problemas após o nascimento. Essa imagem mostra uma vista do assolho, do chão, da região do intestino anterior. A seta aponta o orifício laríngeo. O sistema respiratório mantém sua comunicação com a faringe por esse orifício. Então, sabemos que a faringe e laringe tem uma comunicação própria, através do orifício laríngeo. Mesmo com o septo traqueoesofágico, esse orifício permanece porque é a comunicação da faringe com a laringe. Isabela Matos – T5 – UFMS CPTL 3 EMBRIOLOGIA – BBPM III ORIFÍCIO LARÍNGEO Temos o corte lateral do embrião, a estrutura em amarelo representa o intestino anterior. Tirando a parte de cima, vamos olhar por onde a seta verde está: enxergamos o assoalho do intestino anterior, a parte ventral. Então, o orifício laríngeo é a abertura do broto respiratório na região de comunicação da laringe com a faringe. Nessa primeira figura ainda temos a região de comunicação entre do broto respiratório com a futura região do esôfago. E ali mostrando onde vai se desenvolver as pregas traqueoesofágicas. Na segunda figura, as pregas já se fundiram, formando o septo traqueoesofágico que vai separar o primórdio do esôfago do tubo laringotraqueal, que vai formar laringe e traqueia. A formação das pregas traqueoesofágicas ou do septo traqueoesofágico precisa de uma regulação detalhada para que possa acontecer. Na região do futuro esôfago, em cima, e na região da futura traqueia, embaixo, temos a expressão de diferentes genes e proteínas. Essa diferença de localização e concentração que determina o que é esôfago, o que é traqueia e onde vai se desenvolver o septo traqueoesofágico. como a regulação é muito detalhada e tem que ser muito orquestrada, existe chance de acontecer erro na formação desse septo traqueoesofágico para separar o futuro esôfago da futura traqueia. OBS: figura para demonstrar os diferentes genes Quando temos erros na separação da traqueia e do esôfago, temos a formação de fístulas traqueoesofágicas. Elas ocorrem devido a anormalidade na divisão da traqueia e esôfago, pelo septo traqueoesofágico. Nesse exemplo A, a traqueia esta representada na frente e o esôfago atrás, e quando foi formado o septo, uma região não se formou corretamente, mantendo a conexão entre esôfago e traqueia, formando uma fístula traqueoesofágica.Tem associado uma atrésia esofágica (não tem continuidade do esôfago). Isso é prejudicial porque o bebê depois que nasce o leite é desviado para a traqueia, acaba nos pulmões e tem um afogamento. Nessa situação B também tem atrésia e fístula mas essa criança se alimenta mas não consegue deglutir. Nessa situação C tem duas fístulas comunicando esôfago com traqueia. E nessa última D, o esôfago se desenvolveu normal mas tem a fístula comunicando esôfago com traqueia. Isabela Matos – T5 – UFMS CPTL 4 EMBRIOLOGIA – BBPM III Nessa imagem com uso de contraste, temos E mostrando o esôfago, T é a traqueia e a setinha mostra a fistula traqueoesofágica. No esôfago tem um estreitamento que é o estreitamento esofágico, uma malformação do esôfago. RETOMANDO O sistema respiratório tem origem dupla. Como mostra o desenho, temos o broto pulmonar na parte da frente e o esôfago, em amarelo, na parte de trás. No broto pulmonar ele é forrado internamente pelo endoderma, que vai formam todo o epitélio e eventuais glândulas. Em vermelho, ao redor do broto pulmonar, é o mesoderma esplâncnico que vai originar todo o tecido conjuntivo, cartilagem, vascularização e musculatura lisa do sistema respiratório. LARINGE A laringe vai se originar da porção mais cranial do broto pulmonar. Vai se comunicar com a parte inicial do esôfago pelo orifício laríngeo. Esse orifício é a porta de entrada da laringe e através desse orifício laríngeo que a laringe mantem contato entre esôfago e traqueia. Em A, temos o assoalho do intestino anterior da região da boca. Em B, ta formando a língua. Essa aberturinha que parece um T é o orifício laríngeo. Se pudesse entrar nesse orifício, ia cair na laringe e depois ia em direção a traqueia. Na região desse orifício laríngeo, vão formar a epiglote e tumefações/elevações aritenoides em volta desse orifício porque nessa região vão formar especializações. São estruturas que vão se formar em volta desse orifício por proliferação de mesênquima ou mesoderma associado, que vão formar estruturas importantes como a epiglote (impede a passagem de alimento para a laringe durante a deglutição) e essas tumefações que vão formar posteriormente peças cartilaginosas da laringe. Epitélio de revestimento da laringe e glândulas são derivados da endoderma. Cartilagens, musculo, tecido conjuntivo e vasos sanguíneos são derivados de mesênquima do 4º e 6º pares de arcos faríngeos. É o único local do sistema respiratório que é a cartilagem, musculatura e todas essas estruturas NÃO são derivadas do mesoderma esplâncnico. Como a laringe está associada ainda na região da cabeça, nessa região da cabeça temos o mesoderma cefálico e principalmente nessas regiões que envolvem a laringe temos os arcos faríngeos, vai ter mesênquima e não mesoderma esplâncnico. Essa laringe da imagem esta totalmente formada e tem peças ósseas, cartilaginosas e ligamentos. E todas essas partes são derivadas do mesênquima dos 4º e 6º pares dos arcos faríngeo e o epitélio que reveste sua luz é derivado da endoderma. O broto pulmonar é cilíndrico, tem uma luz que vai ser obliterado porque o mesênquima e a endoderma se proliferam. Depois ocorre recanalização, a laringe primeiro perde a sua luz e depois, sofre um ganho novamente da sua luz. As células que estavam obliterando sobre apoptose e temos o restabelecimento da luz da laringe. Durante esse processo de recanalização que vamos ter a formação das pregas que tem na laringe: par de pregas vocais (tem musculo associado) e par de pregas vestibulares/pregas falsas (tecido conjuntivo, mesênquima que proliferou, revestido de endoderma). Durante a recanalização pode ocorrer erros, por exemplo a luz que vai se formar de novo não é ampla o suficiente e então vai formar a estenose da laringe, a laringe fica com a luz mais estreita do que deveria. Quando a criança nasce com estenose da laringe é corrigido com dilatação endoscópia. Em alguns casos muito raros, a laringe tem um erro tão grave na recanalização que não consegue ganhar sua luz novamente, e aí chamamos de atresia laríngea, não se forma a laringe, fica como tubo maciço. Com isso, Isabela Matos – T5 – UFMS CPTL 5 EMBRIOLOGIA – BBPM III forma a síndrome da obstrução congênita respiratória que é fatal já que não tem passagem de ar. Estenose → correção com dilatação endoscópia Atresia → síndrome da obstrução congênita respiratória TRAQUÉIA A traqueia vai se formar pelo alongamento da porção média do broto pulmonar. Em A, temos um corte transversal da porção mais caudal do broto pulmonar, endoderma revestindo sua luz e mesoderma esplâncnico associado do lado de fora. A traqueia tem um epitélio especializado e ela vai adquirir uma luz. As células do mesoderma esplâncnico vão se diferenciar em peças de cartilagem que dão sustentação e função a traqueia. Então, o epitélio e eventuais glândulas são derivados de endoderma. Cartilagens, músculos, vasos e tecido conjuntivo são derivados do mesoderma esplâncnico. Nessa outra imagem já temos uma diferenciação maior da traqueia: musculo liso, tecido conjuntivo, cartilagem, glândulas e epitélio. BRÔNQUIOS E PULMÕES A porção inicial do broto pulmonar formou a laringe, a porção média formou a traqueia e a porção mais caudal vai formar brônquios que vão sofrer sucessivas ramificações para formar bronquíolos e alvéolos pulmonares. Então primeiro a porção caudal do broto respiratório vai se dividir em 2, formando brotos brônquicos primitivos/primários direito e esquerdo. Isso acontece em torno da 5ª semana do desenvolvimento e vai originar pulmão direito e pulmão esquerdo. Se ocorrer algum defeito nessa ramificação inicial, só vai formar um lobo do pulmão. Posteriormente, os brotos primários primitivos direito e esquerdo vão sofrer uma ramificação secundária. O boto direito vai formar 3 ramificações e o esquerdo vai formar 2 ramificações. Essas ramificações vão formar os lobos pulmonares direitos e esquerdos. O pulmão direito vai ter 3 lobos e o pulmão esquerdo 2 lobos por conta desse padrão de ramificação. Essas imagens mostram o broto pulmonar se ramificando com o mesoderma esplâncnico envolvendo. Primeira ramificação formando brotos brônquios primários. Segunda ramificação formando brotos brônquios secundários. E aqui uma terceira ramificação que forma brotos brônquios terciários ou também chamados de segmentos broncopulmonares. Essa terceira segmentação geralmente acontece 10 cada lado. Assim, vemos que ocorrem ramificações sucessivas que tornam a luz cada vez menor. Nessa próxima imagem temos em A, a formação do broto pulmonar no final do intestino primitivo próximo do esôfago. Em C, a primeira bifurcação que ele sofre. Em D, a segunda bifurcação. Em E, a terceira bifurcação. Em todas essas bifurcações temos o acompanhamento revestimento de mesoderma esplâncnico. Essas bifurcações acontecem até que toda a cavidade pleural seja preenchida. Isabela Matos – T5 – UFMS CPTL 6 EMBRIOLOGIA – BBPM III As ramificações dos brônquios terciários dão origem aos pulmões porque vai formar bronquíolos terminais que vão se ramificar formando bronquíolos respiratórios, que se ramificam formando ductos alveolares, sacos alveolares e posteriormente, alvéolos. Em amarelo temos o endoderma e em rosa, o mesoderma esplâncnico que reveste. É um registro de desenvolvimento de pulmão de camundongo realizado em laboratório ao longo de alguns dias. As fotos vão mostrando as ramificações ate que se ramifique bastante sucessivamente. Em azul, na próxima imagem, temos o broto pulmonar que vai seramificar em traqueia e em brotos pulmonares que vão sofrer sucessivas ramificações. As ramificações acontecem para preencher esse espaço representado pela seta amarela. Esse espaço é cavidade pleural. O celoma ,que vimos nas primeiras aulas, é a cavidade intraembrionária, o espaço onde vai se desenvolver o coração, pulmão e os órgãos intra-abdominais. Na parte onde vai se desenvolver pulmão, temos o celoma que forma a cavidade pleural. Então, os brotos dos pulmões vão se expandir para essa cavidade. No início do desenvolvimento embrionário, a cavidade onde está se desenvolvendo o pulmão é a mesma que a cavidade onde está se desenvolvendo o coração e ela chama pericardioperitoneal, que é o celoma que posteriormente pela presença de estruturas importantes vai se separar. O mesoderma esplâncnico na cavidade pleural é o que reveste os brotos que estão se dividindo e vai formar a pleura visceral. O mesoderma somático vai formar a pleura parietal que reveste internamente a parede da cavidade pleural. E o espaço entre esses mesodermas é a cavidade pleural. Mesoderma esplâncnico → pleura visceral Mesoderma somático → pleura parietal Esse corte transversal do embrião mostra os 2 brotos pulmonares que estão se desenvolvendo. A seta verde mostra a comunicação da cavidade que está se desenvolvendo o pulmão com a cavidade que está se Isabela Matos – T5 – UFMS CPTL 7 EMBRIOLOGIA – BBPM III desenvolvendo o coração, que é chamada de cavidade pericardioperitoneal. Já nessa outra imagem, a seta amarela de cima mostra o broto pulmonar se desenvolvendo e em vermelho, o coração. Eles se desenvolvem numa cavidade única e posteriormente vai se separar em cavidade pleural e pericárdica Nesse desenho, temos as bolinhas amarelas em cima: a do meio representa o intestino anterior e as 2 laterais representa a bifurcação dos brônquios pulmonares (apontada pela seta amarela). Elas crescem em direção a cavidade pleural. E embaixo temos o coração. Já na figura debaixo, já foi separado o espaço onde cresce o coração que é a cavidade pericárdica definitiva, do espaço onde está acontecendo as ramificações do pulmão que é a cavidade pleural. Então, eles iniciam seu desenvolvimento numa cavidade comum e depois temos a separação. Então temos o pulmão se desenvolvendo, a traqueia, as ramificações brônquicas. A parte em vermelho que está em intima associação com os brônquios pulmonares é mesoderma lateral esplâncnico que vai formar a pleura visceral. A seta debaixo é o mesoderma lateral somático que forma a pleura parietal. E o espaço é a cavidade pleural. Todo o processo de ramificação só acontece porque é dependente da interação do endoderma, que forma o epitélio do broto, com o mesoderma esplâncnico que o cerca. Então, o mesoderma que está em intimo contato com o tubo da endoderma vai secreta fatores que vão estimula a ramificação. PARA ILUSTRAR O mesoderma esplâncnico produz um fator de crescimento fibroblástico chamado FGF-10 que é uma proteína, que quando expressa estimula a proliferação do epitélio do endoderma. Em A, temos o FGF-10 sendo produzido, e vai estimular a célula com * para se proliferar. Quando a célula cresce, ela vai produzir a proteína morfogenética óssea (BMP-4) que inibe o FGF-10 e por isso, para de crescer (local inibido em azul em C). O FGF-10 passa a ser expresso em outros locais e depois é inibido. Assim, pontualmente vai mudando a localização de produção do FGF e vai estimulando a ramificação dos brotos pulmonares. MATURAÇÃO DOS PULMÕES O processo de desenvolvimento pulmonar pode ser dividido em 4 fases (período pseudoglandular, período canalicular, período do saco terminal e período alveolar) que são histologicamente distintas, ou seja, que os componentes nos pulmões durante essas diferentes fases são bem específicos. Então, tivemos a formação da laringe e da traqueia, a bifurcação dos brotos brônquicos até esses brotos formarem a estrutura mais delicada que é o alvéolo. Então cada uma das fases vai representar características histológicas de estruturas que estão presentes ou não do pulmão e isso vai nos dizer se esse pulmão é capaz de desenvolver ou promover trocas respiratórias. Isabela Matos – T5 – UFMS CPTL 8 EMBRIOLOGIA – BBPM III PERÍODO PSEUDOGLANDULAR → Vai da 5ª até a 16ª semana do desenvolvimento Feto chega nesse período depois de sucessivas ramificações dos brônquios que resultam na formação de bronquíolos terminais. O bronquíolo terminal tem a parede espessa e é circundado por um tecido mesodérmico muito espesso, muito desenvolvido, muito denso. Histologicamente, vamos encontrar somente a presença de bronquíolos terminais. Então, os principais elementos estão formados, EXCETO aqueles envolvidos nas trocas gasosas que são os bronquíolos respiratórios e alvéolos. Como não tem os elementos responsáveis pelas trocas gasosas formados no pulmão, a respiração NÃO é possível e fetos nascidos durante esse período são incapazes de sobreviver. Em amarelo, o epitélio do bronquíolo terminal e em rosa, é tudo células do tecido conjuntivo derivado do mesoderma esplâncnico que o envolvem. Essa fase recebeu esse nome de pseudoglandular porque quando observada no microscópio, o pulmão parece tecido glandular. Em azul, o epitélio pulmonar bem desenvolvido, as células são cubicas bem gordinhas e os vasos sanguíneos estão longe do bronquíolo terminal. Então, não tem nenhuma estrutura relacionada com trocas gasosas ainda. PERÍODO CANALICULAR → Esse período engloba da 16ª até 26ª semana desenvolvimento Nesse período, aumenta muito a vascularização do mesoderma esplâncnico que envolve os brotos pulmonares então o tecido pulmonar é altamente vascularizado. No outro período tínhamos só bronquíolo terminal, nessa fase nos temos o desenvolvimento de bronquíolos respiratórios. Vamos ver na histologia que bronquíolos terminais possuem sacos terminais (são alvéolos primitivos porque não sofreram expansão) associados a ele. Esses sacos terminais conseguem fazer trocas gasosas então, a partir da 16ª semana a respiração é possível. Só que fetos nascidos nesse período podem sobreviver se tiverem tratamento extremamente intensivo. Entretanto sabe-se que prematuros nascidos entre 22ª e 23ª semana de desenvolvimento, somente de 10- 15% deles sobrevivem porque embora no pulmão tenha algumas estruturas que fazem trocas gasosas, como um todo esse feto é muito imaturo, tem sistemas que ainda precisam de mais tempo para se desenvolver. Desses 10-15% que sobrevive, cerca de 50% deles desenvolve-se com comprometimento severo no sistema respiratório. Em azul, temos bronquíolo terminal com bronquíolo respiratório. A porção mais terminal desse bronquíolo as células são mais achatadinhas e isso é característico de saco alveolar e de alvéolos. Então já temos um achatamento das células epiteliais e elas estão mais pertinho dos vasos sanguíneos para a realização de trocas. Nessa fase só tem alguns sacos terminais mas eles já fazem associação bem intima com o vaso sanguíneo. Não acontece troca gasosa porque quem está fazendo isso é a placenta. Isabela Matos – T5 – UFMS CPTL 9 EMBRIOLOGIA – BBPM III PERÍODO DO SACO TERMINAL Nesse período, temos o aumento dos sacos terminais, no número de sacos terminais do pulmão. → Da 26ª semana até o nascimento Temos a formação de muitos sacos terminais: de 20 a 70 milhões de sacos terminais por pulmão. E as células desses sacos terminais são extremamente delgadas e isso é bem importante paraque aconteça as trocas gasosas. E elas fazem uma intima associação com os vasos sanguíneos, estabelecendo a barreira hematoaérea que é a barreira que separa a luz do saco terminal da luz do capilar sanguíneo. Quanto mais perto o vaso sanguíneo tiver da parede do saco terminal, mais fina é essa barreira hematoaérea e mais fácil acontece as trocas gasosas. Então, da 26ª semana em diante, os sacos terminais são formados por células epiteliais delgadas que são chamadas de células alveolares tipo I ou pneumócitos tipo I. Os pneumócitos do tipo I são células epiteliais extremamente pavimentosas e é por onde acontece as trocas gasosas. Além disso, temos nesse saco terminal células alveolares tipo II que também são chamadas de pneumócitos tipo II, são células arredondadas que secretam um liquido extremamente importante para a maturação pulmonar que é chamado de surfactante pulmonar. Esse surfactante reduz a tensão superficial, possibilitando então movimentos respiratórios sem o colabamento dos alvéolos quando essa criança nascer. Esse pulmão está muito mais preparado para estabelecer uma respiração pulmonar do que os períodos anteriores. Pneumócitos tipo I → pavimentosas → trocas gasosas Pneumócitos tipo II → arredondadas → secretam surfactante Então, temos vários sacos terminais ou alvéolos primitivos com uma associação intima com capilares sanguíneos, formando então uma barreira hematoaérea bem característica. Além disso, temos a produção de surfactante que é importante para preparar o pulmão para uma respiração pulmonar. PERÍODO ALVEOLAR → Esse período compreende ao final da gestação, mais ou menos no 9º mês (32 semanas) e vai até os 8 anos de idade. O pulmão tem sua principal janela de desenvolvimento intrauterina mas ele continua se desenvolvendo após o nascimento. Nesse período, temos alvéolos presentes com revestimento epitelial pavimentoso extremamente fino. Os pneumócitos tipo I que já eram finos no outro período, agora são mais pavimentosos ainda. E a membrana respiratória é funcional, é a mais adequada possível para a realização das trocas. Então, temos alvéolos maduros característicos que vão se formar somente após o nascimento quando tiverem a expansão pela inspiração. E novos alvéolos podem se desenvolver até os 8 anos de idade através de septações que vão dividir alvéolos já existentes. Estima-se que no pulmão maduro tenhamos cerca de 300-400 milhões de alvéolos. No período alveolar já consegue ver nessas imagens que tem a estrutura saco terminal que é no período momentos antes do nascimento quando o epitélio é extremamente pavimentoso. Então aqui temos bronquíolo terminal, posteriormente a formação de bronquíolos respiratórios, sacos terminais e alvéolos que fazem a troca gasosa mais eficiente para o nascimento. Isabela Matos – T5 – UFMS CPTL 10 EMBRIOLOGIA – BBPM III LINHA DO TEMPO → Em torno do 22º dia temos o aparecimento do broto pulmonar. → De 26 a 28 dias temos brotos brônquicos primários, a primeira bifurcação. → 5 semanas temos os brotos brônquicos secundários. → 28 semanas temos o aparecimento de bronquíolos terminais e posteriormente, bronquíolos respiratórios → 36 semanas temos o aparecimento de sacos terminais → E do nascimento até os 8 anos temos os alvéolos maduros e a formação de novos alvéolos É basicamente esse o desenvolvimento ate chegar no pulmão maduro. A produção de surfactante a partir da presença de sacos terminais, que temos a diferenciação de pneumócitos tipo I e tipo II, é extremamente importante para garantir a sobrevida dessa criança que nasce. SISTEMA RESPIRATÓRIO E ÂMNIO Quando falamos de anexos embrionários, falamos um pouquinho de âmnio e falamos de um exame chamado amniocentese que é a coleta de líquido amniótico para análise em laboratório. Através da amniocentese, pode se determinar a maturidade do pulmão. O feto aspira e expira o líquido amniótico e esse movimento é chamado de movimentos respiratórios fetais. Feto faz esses movimentos mas ele NÃO respira porque ele ainda tem a placenta fazendo as trocas gasosas. Quando o feto faz aspiração do líquido amniótico, o liquido vai para a região dos alvéolos primitivos. Se nos alvéolos já tiver produção adequada de surfactante, quando ele aspirar o liquido vai estar “contaminado” com surfactante. Um dos componentes do surfactante é o fosfatidilglicerol, e detecção desse fosfatidilglicerol determina a idade pulmonar. Quanto mais desse composto encontrar no âmnio, quer dizer que o pulmão está mais maduro. Além disso, alguns estudos mais recentes determinaram que o surfactante pode estar relacionado com sinalizações de contrações uterinas para estimular a hora do parto. Depois de 34 semanas de desenvolvimento, encontra-se altas concentrações de surfactante pulmonar no âmnio. No âmnio, o surfactante faz ativação de macrófagos que estão presentes na membrana do âmnio. Esses macrófagos ativados migram para o útero, estimulam a produção de prostaglandinas que vão fazer contrações uterinas. PULMÕES Quando a criança nasce, os pulmões precisam passar por algumas modificações. Antes do nascimento, o pulmão era cheio de liquido com alta concentração de cloretos, tem poucas proteínas, tem muito muco ,surfactante e líquido amniótico. Os alvéolos não estão vazios, estão cheios de liquido. Antes do nascimento para depois do nascimento, precisa acontecer uma transição porque antes era a placenta que fazia as trocas gasosas e agora o pulmão que tem que adquirir essa capacidade. E isso vai requerer: • Produção de surfactante nos sacos alveolares em quantidade adequada; • Transformação dos pulmões: de órgãos secretores para órgãos capazes de realizar trocas gasosas – liquido precisa ser removido; • Estabelecimento das circulações sistêmicas e pulmonar em paralelo. Então precisa de um bom desenvolvimento do coração para fazer o estabelecimento correto das circulações sistêmica e pulmonar para garantir o funcionamento correto dos pulmões. MOVIMENTOS RESPIRATÓRIO FETAIS = MRFS Como foi falado, o feto faz movimentos respiratórios fetais que se iniciam antes do nascimento e leva a uma aspiração do líquido amniótico. A presença do líquido amniótico nas ramificações dos brotos pulmonares é muito importante, porque garante a estimulação do desenvolvimento pulmonar e faz o condicionamento dos músculos respiratórios. É como se ele tivesse já praticando a respiração mas sem respirar. Depois do nascimento, o líquido amniótico é absorvido pelos capilares sanguíneos e linfáticos, e pode ser removido também pela traqueia durante a passagem pelo canal do parto. Importância dos MRFS: • Condicionar os músculos respiratórios; • Presença do líquido amniótico estimula o desenvolvimento pulmonar e a ramificação dos brotos: existem estudos que falam que MRFS estão relacionados a diferenciação de pneumócitos, o que leva a maturação do pulmão e também com a cinética celular, garantindo a proliferação das células e com isso, o crescimento normal. Isabela Matos – T5 – UFMS CPTL 11 EMBRIOLOGIA – BBPM III SÍNDROME DA ANGÚSTIA RESPIRATÓRIA DO RECÉM- NASCIDO Essa síndrome acontece quando a criança tem produção insuficiente de surfactante. Com isso não tem redução da tensão superficial adequada, e pode ter o colabamento do alvéolos na expiração. Geralmente acontece com crianças prematuras, que nascem muito cedo, não tem ainda células produzindo a quantidade adequada de surfactante e essa é a principal causa de morte de prematuros. O que pode ser feito: crianças podem ser tratadas com surfactantes artificiais para induzir uma maturação pulmonar mais acelerada. Além disso, gestantes que tem risco de ter trabalho de parto prematuro são tratadas com glicocorticoides que estimulam a produção de surfactantepelo feto. Entretanto, no laboratório que essa deusa Prof trabalhou, foram feitos estudos com administração de glicocorticoides em ratas gestantes, e os ratinhos que nasciam tinham o sistema reprodutor cheio de problemas.
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