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BARRIGUDINHA SELEIDA - Copia

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CIVEL DA COMARCA DE _______________.
BARRIGUDINHA SELEIDA, brasileira, estado civil, profissão, inscrito no CPF sob nº 000.000.000-00 e portador da RG. n.º 0.000.000-0, e-mail, residente e domiciliado à Rua x, nº 00, na cidade de x, município, Estado, vem por meio de seu advogado, (Nome), regularmente inscrito na OAB/UF sob nº__, com escritório profissional sito à (endereço), e-mail, onde recebe intimações, conforme procuração anexa, doc. 01, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos art. 6; 8; 12; 13; 14; 18 e 27 do Código de Defesa do Consumidor, art. 186 e 927 do Código Civil e art. 319 e 322, propor a presente:
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO DE DANO MORAL
Em face de,
DOCE GOSTOSO LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ: 00.00.000.0/00-00, com sede na Av. x, nº. 00, cidade, bairro, Estado, e-mail, doravante denominada 1ª Ré, bem como em face de SUPERMERCADO COMIDA LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ: 00.000.000.00/00, com sede na rua x nº 00, bairro, cidade, Estado, e-mail, doravante denominada 2ª Ré, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir aduzidos:
I – DOS FATOS
A Autora adquiriu, do dia 01/09/2020, junto ao estabelecimento da 2ª Ré, um pacote de biscoito bombom doce, produzidos pela 1ª Ré, lote nº 0000000000, com nota fiscal nº 000, da compra, doc. 02.  
Esse produto foi consumido no período de 01/09 a 10/09. No último dia, já ao final do consumo do produto, percebeu, na parte inferior do pacote, fragmentos de coloração escura, compatíveis com partes de inseto.
Viu-se, em seguida, tratar-se de asas de barata. Isso foi documentado por meio de fotos.
Demais disso, dois dias após o consumo do último biscoito, a Autora passou a sentir efeitos colaterais, de ordem estomacal e intestinal. Chegou, até mesmo, a ser internada no Hospital Geral Tantas. Em verdade, estava com infecção intestinal severa.
Diante de tais fatos, a Autora sentiu-se lesada, uma vez que houve a ruptura da relação de confiança, aspecto fundamental que leva um consumidor a utilizar os produtos de determinado fabricante e ou fornecedor, o que resultou na sensação inquietante de medo e receio, sem mencionar o extremo mal estar e constrangimento causado a Autora ao ingerir produto impróprio ao consumo.
II – DOS FUNDAMENTOS
Dos fatos narrados restou satisfatoriamente demonstrado o fato constitutivo do direito da Autora em obter uma justa compensação por danos morais.
O Código de Defesa do Consumidor dispõe: 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; [...]. VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; [...].
 
Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.
 
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
 
Art. 18 [...]§ 6° São impróprios ao uso e consumo: [...] II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação; III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:[...] III – não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
 
O estabelecimento que oferece à venda alimento impróprio para o consumo, não observa seu dever de garantir a qualidade e segurança do produto, e responde objetivamente pelos danos advindos de sua conduta.
A Autora foi seriamente constrangida, o que está transparente no fato de ter adquirido um pacote do produto de fabricação da 1ª Ré e, enquanto ingeria, percebeu que o produto estava com asas de barata, o que lhe causou extremo mal estar.
Dos fatos narrados é certo afirmar que houve a concretização dos danos morais, uma vez que a presença de larvas no produto causou constrangimentos para a Autor.
Resta comprovado que a Autora ingeriu substância imprópria para consumo, contaminada asas de barata, o que causa grande repugnância e dá ensejo ao pagamento de indenização por danos morais pelas Rés.
Outrossim, a confiança nos fornecedores é um aspecto fundamental na utilização de seus produtos, uma vez que, em geral, os consumidores não dispõem de conhecimento técnico ou científico que lhes permita avaliar a qualidade dos produtos que adquirem. A partir da ruptura dessa relação de confiança, advém a sensação inquietante de medo e impotência, porque se tornou impossível, principalmente nos centros urbanos, a manutenção das pessoas sem o uso constante de produtos industrializados, o que também dá ensejo à indenização por danos morais.
Danos morais são lesões sofridas pelas pessoas em certos aspectos de sua personalidade que, em razão de investidas injustas de outrem, atingem, pois, a esfera íntima e valorativa do lesado e são suscetíveis de gerar reparação, na órbita civil, dentro da teoria da responsabilidade civil.
O dano moral restou configurado em razão do mal-estar sofrido pela Autor ao encontrar asas de barata no alimento que estava consumindo, fornecido pela empresa da 1ª Ré e comercializado pela 2ª Ré.
Os danos morais sofridos estão representados pela repugnância, falsa expectativa, constrangimento e insegurança que a Autor sofreu ao encontrar asas de barata em um produto de uma marca extremamente conhecida no mercado.
Assim, é patente a ocorrência de dano moral a ensejar indenização frente o visível desgaste emocional a que a Autora foi submetido:
 
EMENTA: INDENIZAÇÃO DANOS MORAIS. FORNECEIMENTO ALIMENTO IMPRÓPRIO PARA CONSUMO- INSETOS EMENTA: INDENIZAÇÃO DANOS MORAIS. FORNECEIMENTO ALIMENTO IMPRÓPRIO PARA CONSUMO- INSETOS EMENTA: INDENIZAÇÃO DANOS MORAIS. FORNECEIMENTO ALIMENTO IMPRÓPRIO PARA CONSUMO- INSETOS EMENTA: INDENIZAÇÃO DANOS MORAIS.- FORNECEIMENTO ALIMENTO IMPRÓPRIO PARA CONSUMO- INSETOS- DANO MORAL EXISTENTE A aquisição de produto impróprio para o consumo, contaminado por insetos, tem a potencialidade necessária para lesionar a subjetividade da pessoa humana e configurar o dano moral, tendo em vista a quebra de confiança em marca no ramo de comestíveis, e do sentimento de vulnerabilidade e impotência do consumidor que se vê diante da possibilidade de ter-se utilizado de produto inadequado
(TJ-MG - AC: 10672072658285001 Sete Lagoas, Relator: Selma Marques, Data de Julgamento: 29/06/2011, Câmaras Cíveis Isoladas / 11ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 08/07/2011).[1]
No mesmo sentido:
 
APELAÇÃO. REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS. RELAÇÃO DE CONSUMO. AQUISIÇÃO DE PRODUTO ALIMENTÍCIO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. INSETO NO PÃO.
De acordo com o art. 12, caput, do Código de Defesa do Consumidor o fabricante, o produtor, o construtor e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. Ademais, o art. 13 do mesmo Diploma prescreve que o comerciante será igualmente responsável, o que demonstra que nãohaveria responsabilidade exclusiva;. Indenização pelos danos morais sofridos em quantia equivalente a R$ 10.000,00 (dez mil reais), suficiente para reparar os danos causados e impingir ao fornecedor o dever de aprimorar a prestação de seus serviços. RECURSO PROVIDO. (TJSP; APL 1007586-65.2014.8.26.0007; Ac. 11113292; São Paulo; Trigésima Sétima Câmara Extraordinária de Direito Privado; Relª Desª Maria Lúcia Pizzotti; Julg. 23/01/2018; DJESP 01/03/2018; Pág. 2898).[2]
EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL. Dano moral. Autora que encontrou corpo estranho em lanche fabricado pela fornecedora. Revelia. Incontroversa existência de ato ilícito. Art. 12, § 3º, II e III, do CDC. Estimativa. Hipótese em que é possível elevar a reparação moral à R$ 8.000,00, segundo os critérios regularmente adotados nesta Câmara e no STJ. Correção monetária a partir de quando o valor foi primeiramente definido. Mera adequação numérica do decreto condenatório nesta instância. Juros de mora (1% a.m.) da citação. Art. 405 do CC. Honorários de 10% sobre a condenação. Recurso provido em parte. [3]
 
APELAÇÃO CÍVEL. CONSUMIDOR. INGESTÃO DE PRODUTO ALIMENTÍCIO IMPRÓPRIO PARA O CONSUMO. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM COMPENSATÓRIO. VALOR MANTIDO.
1. O art. 18 do Código de Defesa do Consumidor dispõe que os fornecedores de produtos de consumo não duráveis respondem pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo a que se destinam. 2. A ingestão de alimento impróprio ao consumo, contendo larvas de inseto, provoca indubitável abalo psicológico decorrente da repugnância pelo ocorrido, da quebra de confiança no produto, do sentimento de vulnerabilidade, de impotência e desrespeito à sua condição de consumidor, ensejando a reparação por danos morais. 3. O reconhecimento do dever de compensar por danos morais decorre de violação de direitos da personalidade, caracterizada pela dor e sofrimento psíquico que atinjam a vítima, em especial, a sua dignidade. No entanto, cada situação deve ser analisada com acuidade, porquanto a demonstração da dor e do sofrimento suportados pela vítima situa-se dentro da esfera do subjetivismo, impondo-se a verificação detida em cada situação. 4. O quantum compensatório deve atender ao caráter compensatório, punitivo e pedagógico da condenação, evitando-se que se converta o sofrimento em instrumento de vantagem indevida pela parte, atendendo aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. 5. Recurso conhecido e parcialmente provido. (TJDF; APC 2016.09.1.011234-2; Ac. 105.0297; Sexta Turma Cível; Rel. Des. Carlos Rodrigues; Julg. 27/09/2017; DJDFTE 04/10/2017). [4]
 
 
Diante dos fatos apresentados, as Rés devem ser condenadas a compensar os danos morais experimentados pela Autora.
Por ser o abalo moral pessoal, a autora entende que um valor razoável a ser imputado a título de compensação para lhe satisfazer e punir as Rés seja uma quantia mínima de R$ 10,000 (Dez mil reais), tendo em vista que uma quantia inferior poderá se tornar irrisória diante das condições financeiras das Rés, que se tratam de uma grande fabricante, extremamente conhecida no mercado, e a outra uma grande rede de supermercados, sendo que uma condenação inferior à indicada pela Autora poderá ser insuficiente para atender a finalidade da responsabilização civil.
Entretanto, a autora confia na sensibilidade do(a) Magistrado(a) à determinação da quantia devida, uma vez que o contato com a realidade fática e processual lhe permite aferir o valor adequado à situação concreta.
III – DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Vige-se no processo comum o princípio segundo o qual o ônus da prova incumbe a quem alega. Todavia, nos casos previstos no Código de Defesa do Consumidor, o juiz deverá promover a inversão do ônus de provar, impondo-a ao fornecedor. 
Trata-se de mais um efeito da pretensão legislativa consistente em minimizar os ônus processuais do consumidor, que reputa vulnerável, e maximizar os deveres probatórios do fornecedor, como expediente necessário ao estabelecimento de uma equivalência real entre ambos. 
A inversão do ônus da prova, prevista no artigo 6º, inciso VIII, da Lei nº 8.078/1990, é aplicável ao caso em questão, já que a alegação autoral é verossímil, sobretudo diante do laudo de sanitarista, que confirmou, por escrito, a presença de intensa atividade de larvas no produto, senão vejamos:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: [...]VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
Dessa forma, o requerente faz jus à inversão do ônus probatório.
IV – DOS PEDIDOS
Diante do acima exposto é a presente para PEDIR digne-se Vossa Excelência à julgar totalmente procedente a ação para o fim de:
1 – Condenar as Rés ao pagamento dos danos morais experimentados pela Autora, em valor a ser arbitrado por este Juízo, conforme fundamentação apresentada;
2 – Por consequência, a condenação das Rés ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios de sucumbência;
V – DOS REQUERIMENTOS
1 - A citação das Rés para, querendo, responderem aos termos da presente demanda, sob pena de revelia e confissão;
2 – A inversão do ônus da prova.
VI – DAS PROVAS
Protesta provar o alegado pelas provas ora juntadas, quais sejam:
1 – Nota fiscal nº 00, emitida no estabelecimento da 2ª Ré (doc. 00);
2 – Fotografias do produto (doc. 00);
3 – Produto com a embalagem (doc. 00);
Bem como por todos os meios de prova em direito admitidos.
VII – DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (Dez mil reais).
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Local, Data.
	
(ASSINATURA)
__________________________________
Nome do Advogado – OAB/UF nº_____
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